opcoes de tratamentos cirurgicos para displasia - TCC On-line

Propaganda
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
VANESSA CRISTINA RUY
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
OPÇÕES DE TRATAMENTOS CIRÚRGICOS PARA DISPLASIA
COXOFEMORAL EM CÃES
CURITIBA
2014
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
VANESSA CRISTINA RUY
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
OPÇÕES DE TRATAMENTOS CIRÚRGICOS PARA DISPLASIA
COXOFEMORAL EM CÃES
Trabalho
de
apresentado
conclusão
ao
curso
de
de
curso
Medicina
Veterinária como requisito parcial para
obtenção do título de Médica Veterinária.
Professor Orientador Milton M. Morishin
Filho.
CURITIBA
2014
TERMO DE APROVAÇÃO
VANESSA CRISTINA RUY
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
OPÇÕES DE TRATAMENTOS CIRÚRGICOS PARA DISPLASIA
COXOFEMORAL EM CÃES
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção
do título de Médica Veterinária, por uma banca examinadora do curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 02 de Junho de 2014.
__________________________________________
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador:
Milton M. Morishin Filho.
Universidade Tuiuti do Paraná
Professor:
Carlos Henrique do Amaral
Universidade Tuiuti do Paraná
Professor:
Diogo da Motta Ferreira
Universidade Tuiuti do Paraná
Ao meu pai Valdecir e minha mãe Marlene, por sempre me.
apoiarem em minhas decisões e me proporcionarem a
realização deste sonho. Muito obrigada!
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu o dom da vida, me
proporcionando viver estes momentos maravilhosos de minha graduação. A minha
família, meu pai Valdecir, e minha mãe Marlene, que fizeram de tudo para que eu
pudesse ter a oportunidade de estudar nesta instituição, e que mesmo em
momentos difíceis não se deixaram abalar, e não me deixaram desistir. Muito
obrigado por tudo. Essa vitória também é de vocês.
Agradeço aos meus amigos (Marcele, Zuma e Carolina) pela ajuda e
companheirismo até chegarmos ao fim desta etapa, e aos outros familiares que
sempre me deram força para trilhar este caminho. Ao meu namorado Gabriel, que
em tão pouco tempo sempre esteve ao meu lado, me apoiando em todas as
situações.
E agradeço por fim a todo o corpo docente da instituição, porque
definitivamente, sem vocês isso não seria possível, muito obrigada por cada
ensinamento, por cada orientação, por cada bronca, com certeza, tudo foi preciso.
Em especial ao meu Professor Orientador Milton, pelos ensinamentos e
direcionamento à Clínica Cirúrgica.
À Eliane Teixeira Mársico e Marina Teixeira, pelo acolhimento durante os três
meses de estágio, sou eternamente grata pela confiança depositada em mim e
agradeço pela amizade que o convívio desse tempo nos proporcionou, vou levar pra
sempre em minha vida.
Mas claro que não poderia faltar, agradeço aos meus amados, Bob e Belinha,
pois foram através de vocês que escolhi esta profissão, muito obrigada por me
entenderem em todos os momentos difíceis, onde eu ia chorar e pedir colo lá na
casinha de vocês. Esses momentos foram muito importantes. Só quem tem, quem
ama, quem cuida, sabe o amor inexplicável que essas criaturinhas podem nos
oferecer. Todos esses anos de luta e estudo, com certeza, dedico a vocês, meus
amores.
“Este planeta é o lar permanente da Natureza e dos Animais. Nós somos
apenas estrangeiros de passagem. Eles nunca precisaram de nós para existir, mas
nós não existiríamos sem eles.”
Shimada Coelho
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo relatar o estágio curricular
supervisionado realizado no período de 17 de Fevereiro a 25 de Abril de 2014, no
Hospital Universitário de Medicina Veterinária da UFF (Universidade Federal
Fluminense). Foram desenvolvidas atividades relacionadas à clínica cirúrgica como
acompanhamento de consultas, procedimentos cirúrgicos, exames complementares,
discussão terapêutica, entre outros, orientados e supervisionados pela Profª. Drª.
Maria de Lourdes G. Ferreira. Além de descrever uma revisão bibliográfica com o
tema de Displasia Coxofemoral, destacando a importância dos métodos de
diagnóstico, as opções de tratamentos tanto convencional quando as opções de
tratamentos cirúrgicos e, relatar um caso clínico de um Rottweiler com essa afecção,
acompanhado durante este período.
Palavras chave: estágio, ortopedia, articulação coxofemoral, Rottweiler.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
FACHADA HUVET-UFF...........................................................................
14
FIGURA 2
RECEPÇÃO HUVET-UFF........................................................................
16
FIGURA 3
AMB. 1 DE CLÍNICA MÉDICA DO HUVET-UFF....................................
16
FIGURA 4
AMB. 3 DE CLÍNICA CIRÚRGICA DO HUVET-UFF...............................
17
FIGURA 5
AMB. 4 DE DERMATOLOGIA DO HUVET-UFF......................................
17
FIGURA 6
AMB. 5 DE ONCOLOGIA DO HUVET-UFF.............................................
18
FIGURA 7
AMB. 6 DE FELINOS DO HUVET-UFF...................................................
18
FIGURA 8
AMB. 9 DE SELVAGENS DO HUVET-UFF.............................................
19
FIGURA 9
AMB. 10 DE D. INFECCIOSAS DO HUVET-UFF....................................
19
FIGURA 10
AMB. 2 DE EMERGÊNCIA DO HUVET-UFF..........................................
20
FIGURA 11
SALA 1 DE ULTRASSONOGRAFIA DO HUVET-UFF............................
20
FIGURA 12
SALA 2 DE ULTRASSONOGRAFIA DO HUVET-UFF............................
21
FIGURA 13
SALA DE RADIOLOGIA DO HUVET-UFF...............................................
21
FIGURA 14
LAVANDERIA DO HUVET-UFF...............................................................
22
FIGURA 15
SALA DE ESTERILIZAÇÃO DO HUVET-UFF.........................................
22
FIGURA 16
ENTRADA PARA O CENTRO CIRÚRGICO DO HUVET-UFF................
23
FIGURA 17
S. C. PROF. NELSON DOMINGUES PENA DO HUVET-UFF................
24
FIGURA 18
S. C. PROF. COSME WANDERLEI S. CAR VALHO DO HUVET-UFF....
24
FIGURA 19
S. C. PROF. FIRMINO MÁRSICO FILHO DO HUVET-UFF....................
25
FIGURA 20
SALA DE PRÉ-OPERATÓRIO DO HUVET-UFF.....................................
25
FIGURA 21
SALA DE PÓS-OPERATÓRIO DO HUVET-UFF....................................
26
FIGURA 22
SALA DE PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA DO HUVET-UFF..................
26
FIGURA 23
SALA DE FLUIDOTERAPIA DO HUVET-UFF.........................................
27
FIGURA 24
ILUSTRAÇÃO DOS ÂNGULOS DE REDUÇÃO E SUBLUXAÇÃO.........
37
FIGURA 25
ILUSTRAÇÃO DOS ÂNGULOS: A: INCLINAÇÃO B: ANTEVERSÃO.....
38
FIGURA 26
ILUSTRAÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES............
FIGURA 27
LOCALIZAÇÃO
DE
ALGUNS
MÚSCULOS
NA
ARTICULAÇÃO
COXOFEMORAL......................................................................................
FIGURA 28
39
40
APRESENTAÇÃO DE ALGUNS MÚSCULOS NA ARTICULAÇÃO
COXOFEMORAL......................................................................................
41
FIGURA 29
ILUSTRAÇÃO DO TESTE DE BARDENS...............................................
48
FIGURA 30
ILUSTRAÇÃO DO TESTE DE ORTOLANI..............................................
49
FIGURA 31
LISTRAÇÃO DO TESTE DE BARLOW....................................................
49
FIGURA 32
POSICIONAMENTO PARA A RADIOGRAFIA PADRÃO........................
52
FIGURA 33
POSICIONAMENTO
DO
ANIMAL PARA
A RELAIZAÇÃO
DO
MÉTODO RADIOGRÁFICO PENNHIP....................................................
53
FIGURA 34
ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA DE ESTRESSE.............
54
FIGURA 35
IMAGEM RADIOGRÁFICA COM O ÂNGULO DE NORBERG................
55
FIGURA 36
POSICIONAMENTO
PARA
REALIZAÇÃO
DO
EXAME
DE
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA....................................................
FIGURA 37
PACIENTE
DURANTE
A
REALIZAÇÃO
DE
EXAME
DE
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA....................................................
FIGURA 38
63
RADIOGRAFIA DE UM CÃO APÓS A CIRURGIA DE SUBSTITUIÇÃO
TOTAL DA AC..........................................................................................
FIGURA 40
58
ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA OSTEOTOMIA PÉLVICA
TRIPLA.....................................................................................................
FIGURA 39
58
66
ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA OSTECTOMIA DA CABEÇA
E COLO DO FÊMUR................................................................................
69
FIGURA 41
PACIENTE HANNA MONTANA...............................................................
72
FIGURA 42
RADIOGRAFIA
DE
MPE,
ARTICULAÇÃO
COXOFEMORAL
E
FÊMUR-TIBIO-PATELAR.........................................................................
FIGURA 43
RADIOGRAFIA MPE, ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL ESQUERDA..
73
74
FIGURA 44
IMAGEM DO RESULTADO DO HEMOGRAMA DA PACIENTE HANNA
MONTANA................................................................................................
FIGURA 45
IMAGEM DA ANTISSEPISIA REALIZADA PRA A C IRURGIA DE
COLOCEFALECTOMIA DA PACIENTE HANNA MONTANA..................
FIGURA 46
83
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 52
82
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 51
81
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 50
80
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 49
79
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 48
78
IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA D A PACIENTE
HANNA MONTANA..................................................................................
FIGURA 47
76
84
IMAGEM DA DEISCÊNCIA DA SUTURA INTRADÉRMIC A, DA
CIRURGIA DE
COLOCEFALECTOMIA DA PACIENTE
HANNA
MONTANA................................................................................................
85
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
TOTAL DE PROCEDIMENTOS ACOMPANHADOS DURANTE O
29
ESTÁGIO CURRICULAT NO HUVET-UFF.................................................
QUADRO 2
DESCRIÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS
33
DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF..........................
CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA DA DCF.................................
QUADRO 3
55
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1
RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS DURANTE O
ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE
FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.......................................................
GRÁFICO 2
PORCENTAGEM
DE
ATENDIMENTOS
POR
29
ESPÉCIE
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVETUFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014...
GRÁFICO 3
30
RELAÇÃO ENTRE MACHOS E FÊMEAS DA ESPÉCIE CANINA
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVETUFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014...
GRÁFICO 4
31
RELAÇÃO ENTRE MACHOS E FÊMEAS DA ESPÉCIE FELINA
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVETUFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014...
GRÁFICO 5
31
RELAÇÃO DAS ESPECIALIDADES MAIS ATENDIDAS NA CLÍNICA
CIRÚRGICA ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR
NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE
32
ABRIL DE 2014...........................................................................................
GRÁFICO 6
RELAÇÃO
DOS
PROCEDIMENTOS
CIRÚRGICOS
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVETUFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014...
GRÁFICO 7
RELAÇÃO
DOS
ACOMPANHADOS
ATENDIMENTOS
(COLHEITAS
DE
NA
CLÍNICA
MATERIAIS)
33
MÉDICA
DURANTE
O
ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE
FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.......................................................
35
LISTA DE TABELA
TABELA 1
DESCRIÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES ACOMPANHADOS
(COLETAS DE MATERIAIS) DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO
HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL
DE 2014...........................................................................................
34
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS
AMB
Ambulatório
AC
Articulação Coxofemoral
BID
Bis in die – A cada 12 horas
ºC
Celsius
C.C.
Centro Cirúrgico
%
Porcentagem
DAD
Doença Articular Degenerativa
DCF
Displasia Coxofemoral
et al
E colaboradores
FCI
Federação Cinológica
HUVET
Hospital Universitário de Medicina Veterinária
IM
Via intramuscular
IV
Via intravenosa
Kg
Quilograma
Lig
Ligamento
M
Músculo
MG
Miligramas
Ml
Milimetros
mg/Kg
Miligramas por quilograma
Ms
Mestrando
MP
Membro Pélvico
MPE
Membro Pélvico Esquerdo
MT
Membro Torácico
OFA
Orthopedic Foundation for Animals
PO
Per os – Via oral
SID
Semel in die – A cada 24 horas
S.C.
Sala de Cirurgia
TC
Tomografia Computadorizada
UFF
Universidade Federal Fluminense
SUMÁRIO
1.
Introdução ........................................................................................................ 13
2.
Descrição do local de estágio ....................................................................... 14
3.
2.1.
Atividades Desenvolvidas....................................................................... 28
2.2.
Casuística ................................................................................................. 28
Revisão de literatura....................................................................................... 36
3.1.
Displasia Coxofemoral em Cães ........................................................... 36
3.1.1. Anatomia e Fisiologia da Articulação Coxofemoral ........................... 36
3.1.2. Definição ................................................................................................... 41
3.1.3. Epidemiologia........................................................................................... 42
3.1.4. Fisiopatologia ........................................................................................... 43
3.1.5. Sinais Clínicos.......................................................................................... 45
3.1.6. Diagnóstico ............................................................................................... 46
3.1.6.1. Exame Físico – Exame Ortopédico ................................................... 47
3.1.6.2. Sinais Radiográficos ............................................................................ 50
3.1.6.3. Tomografia Computadorizada............................................................ 57
3.1.6.4. Ressonância Magnética ...................................................................... 59
3.1.6.5. Artroscopia ............................................................................................ 59
3.1.6.6. Diagnóstico Diferencial........................................................................ 59
3.1.7. Tratamento ............................................................................................... 60
3.1.7.1. Tratamento conservador ..................................................................... 60
3.1.7.2. Tratamento Cirúrgico ........................................................................... 61
4.
Relato de caso................................................................................................. 71
4.1.
Histórico e Anamnese ............................................................................. 71
4.2.
Exame Físico ............................................................................................ 72
4.3.
Exames Complementares ...................................................................... 72
4.4.
Medicação Administrada e Prescrita .................................................... 74
4.5.
Avaliação Ortopédica .............................................................................. 75
4.6.
Tratamento Cirúrgico............................................................................... 75
4.6.1. Procedimento Cirúrgico .......................................................................... 77
4.6.1.1. Técnica Cirúrgica – Colocefalectomia .............................................. 77
4.6.2. Pós-Operatório......................................................................................... 83
4.6.3. Retornos.................................................................................................... 84
5.
Discussão ......................................................................................................... 86
6.
Referências bibliográficas.............................................................................. 90
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho visou relatar as atividades desenvolvidas durante o
estágio curricular supervisionado, da acadêmica Vanessa Cristina Ruy, do curso de
Medicina Veterinária, da Universidade Tuiuti do Paraná.
Tem como objetivo também relatar um caso de Displasia Coxofemoral, com
revisão bibliográfica e discussão sobre o tema, além dos procedimentos realizados
durante o acompanhamento do caso.
O estágio foi realizado no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Prof.
Firmino Mársico Filho, da Universidade Federal Fluminense, no período de 17 de
Fevereiro a 25 de Abril de 2014, com um total de 360 horas, sob orientação
profissional da Professora Drª Maria de Lourdes G. Ferreira e orientação acadêmica
do Professor Msc. Milton Mikio Morishin Filho.
No período de estágio foram realizadas atividades relacionadas à clínica
cirúrgica de pequenos animais, sob a supervisão de um residente, professor ou
mestrando/doutorando.
13
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Universitário de
Medicina Veterinária Prof. Firmino Mársico Filho da Universidade Federal
Fluminense (HUVET – UFF) (Figura 1), localizado no estado do Rio de Janeiro, na
cidade de Niterói, na Av. Ary Parreiras, 503, do bairro Vital Brazil. Inaugurado em
Março de 2007, o HUVET recebe o nome do Prof. Firmino Mársico Filho, pela s ua
conduta e dedicação ao curso de Medicina Veterinária da UFF. Falecido em 2004,
Prof. Firmino, de anestesiologia, era pró-reitor de extensão da universidade e lutou
para que o projeto do hospital veterinário fosse viabilizado e realizado dentro das
possibilidades, por este motivo recebeu esta homenagem após seu falecimento. O
hospital atende de segunda a sexta, das 08 às 17 horas.
FIGURA 1- FACHADA HUVET-UFF
FONTE: HUVE T, 2013
14
O conselho hospitalar é constituído por oito professores da UFF, são os
chefes de serviços, na clínica médica, clínica cirúrgica, anestesiologia, patologia
clínica, diagnóstico por imagem, anatomia patológica e clínica médica de animais
selvagens. A equipe médica é composta por trinta residentes, divididos em quinze
residentes nível um e quinze residentes nível dois, quinze mestrandos, dez
doutorandos, seis professores e quatro veterinários concursados. A equipe de
auxiliares é composta por quatro auxiliares de limpeza, uma recepcionista, uma
farmacêutica, três monitores de clínica cirúrgica e quatro estagiários de clínica
médica e cirúrgica.
Os residentes são distribuídos nas especialidades de clínica médica geral,
clínica de felinos, clínica de selvagens/silvestres, clínica cirúrgica, oncologia,
anestesiologia,
patologia
clínica,
radiologia,
ultrassonografia,
dermatologia,
oftalmologia e nefrologia. Os professores são de clínica médica, clínica cirúrgica,
anestesiologia, nefrologia e patologia clínica. Os veterinários concursados são da
área de clínica geral, dermatologia, clínica cirúrgica e patologia clínica.
A estrutura do Hospital Universitário Veterinário é composta por três andares,
no primeiro pavimento localizam-se uma recepção e sala de espera (FIGURA 2), um
banheiro, oito ambulatórios (FIGURAS 3, 4, 5, 6, 7 e 8) divididos entre as
especialidades, um ambulatório para doenças infecciosas (FIGURA 9) e outro para
emergência (FIGURA 10), duas salas de ultrassonografias (FIGURAS 11 e 12), sala
de radiologia (FIGURA 13), farmácia, lavanderia e sala de esterilização (FIGURAS
14 e 15).
15
FIGURA 2- RECEPÇÃO HUVET-UFF
FONTE: HUVE T, 2013
FIGURA 3- AMB. 1 DE CLÍNICA MÉDICA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
16
FIGURA 4- AMB. 3 DE CLÍNICA CIRÚRGICA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 5- AMB. 4 DE DERMATOLOGIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
17
FIGURA 6- AMB. 5 DE ONCOLOGIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 7- AMB. 6 DE FELINOS DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
18
FIGURA 8 - AMB. 9 DE SELVAGENS DO HUVET-UFF
FONTE: HUVE T, 2013
FIGURA 9 - AMB. 10 DE D. INFECCIOSAS DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
19
FIGURA 10- AMB. 2 DE EMERGÊNCIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 11- SALA 1 DE ULTRASSONOGRAFIA DO HUVET-UFF
FONTE: HUVE T, 2013
20
FIGURA 12- SALA 2 DE ULTRASSONOGRAFIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 13- SALA DE RADIOLOGIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
21
FIGURA 14- LAVANDERIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 15- SALA DE ESTERILIZAÇÃO DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
22
No segundo pavimento situam-se a ala do centro cirúrgico (FIGURA 16),
contendo três salas de cirurgia (FIGURAS 17, 18 e 19), sala de pré-operatório
(FIGURA 20), sala de pós-operatório (FIGURA 21), sala de antissepsia (FIGURA
22), dois expurgos, sala de fluídoterapia (FIGURA 23) e banheiros.
FIGURA 16- ENTRADA PARA O CENTRO CIRÚRGICO DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
23
FIGURA 17- S. C. PROF. NELSON DOMINGUES PENA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 18- S. C. PROF. COSME WANDERLEI S. CARVALHO DO HUVETUFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
24
FIGURA 19- S. C. PROF. FIRMINO MÁRSICO FILHO DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓP RIO AUTOR, 2014
FIGURA 20- SALA DE PRÉ-OPERATÓRIO DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
25
FIGURA 21- SALA DE PÓS-OPERATÓRIO DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
FIGURA 22- SALA DE PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2014
26
FIGURA 23- SALA DE FLUIDOTERAPIA DO HUVET-UFF
FONTE: PRÓP RIO AUTOR, 2014
No terceiro pavimento encontramos a coordenação, cozinha, sala dos
residentes, laboratório de patologia clínica e o anfiteatro do HUVET.
O atendimento é realizado de acordo com a ordem de chegada dos pacientes.
O animal é cadastrado na recepção e posteriormente passa por uma triagem com
um residente nível um. Após este procedimento o proprietário espera ser chamado
na sala de espera. Em cada ambulatório realiza-se uma consulta por hora, além de
retornos e a coleta de material para exames hematológicos e bioquímicos, para
procedimentos cirúrgicos e/ou avaliação para tratamentos terapêuticos. As consultas
com especialistas são realizadas somente com agendamento prévio. Animais com
suspeita de doenças infecciosas são atendidos separadamente no ambulatório de
infectologia. Os atendimentos clínicos são realizados nos ambulatórios específicos
por um médico veterinário, residente, professores e alunos da pós-graduação.
Durante a consulta do paciente são feitos, anamnese e exame clínico e quando
27
necessário o paciente é encaminhado para a realização de exames complementares
em seus devidos ambulatórios.
Infelizmente, no período de estágio não foi possível o acompanhamento de
exames radiográficos, pois a instituição estava com falta dos produtos químicos
necessários para a revelação dos filmes radiográficos.
2.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O período de estágio foi de 17 de Fevereiro a 25 de Abril de 2014, dás 8hrs
ás 17hrs com uma hora de almoço, cinco dias na semana, completando 40 horas
semanais e totalizando 360 horas, num período de 45 dias de estágio curricular
supervisionado.
Durante o estágio foram realizadas atividades relacionadas à clínica cirúrgica
de pequenos animais, sempre com o acompanhamento de um médico veterinário,
sendo ele professor, residente e/ou mestrando/doutorando, como por exemplo,
triagem dos atendimentos, avaliação clínica e física dos pacientes, preenchimento
da ficha propedêutica, colheita de amostras para exames laboratoriais, solicitação de
exames complementares, avaliação de resultados de exames, discussão de casos
atendidos, formulação de suspeita clínica e diagnóstico, instituir terapia e prescrição
da mesma, acompanhamento da evolução dos pacientes atendidos e participação
sob supervisão das fases pré, trans e pós-operatório. Com o objetivo de adquirir
experiência prática relacionada á teoria ministrada durante a graduação. Além de
acompanhar também o movimento da clínica médica geral e demais especialidades.
2.2. C ASUÍSTICA
Durante o período de estágio foram acompanhados 386 atendimentos, entre a
clínica cirúrgica, clínica médica, exames complementares, retornos e procedimentos
cirúrgicos, que estão relacionados no QUADRO 1 e no GRÁFICO 1.
28
QUADRO 1- TOTAL DE PROCEDIMENTOS ACOMPANHADOS DURANTE
O ESTÁGIO CURRICULAT NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE
FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Atendimentos Acompanhados
Quantidade
Coleta de Material para Exames
Complementares
141
Clínica cirúrgica
160
Cirurgias
41
Clínica médica
52
Total
394
GRÁFICO 1- RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS DURANTE
O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE
FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Atendimentos clínicos / Total = 212
25%
Clínica cirúrgica = 160
75%
Clínica médica = 52
No GRÁFICO 2 podemos observar que a quantidade de acompanhamento
de atendimentos caninos superou os atendimentos de felinos. Além disso pode-se
29
notar nos GRÁFICOS 3 e 4, que em cada uma dessas espécies, a quantidade de
fêmeas é superior que a de machos.
GRÁFICO
2-
PORCENTAGEM
DE
ATEND IMENTOS
POR
ESPÉCIE
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Porcentagem de espécies (Canino e Felino)
Total: 386
13%
Canino = 335
Felino = 51
87%
30
GRÁFICO 3- RELAÇÃO ENTRE MACHOS E FÊMEAS DA ESPÉCIE CANINA
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Relação entre machos e fêmeas da
espécie Canina / Total: 335
46%
54%
Machos = 154
Fêmeas = 181
GRÁFICO 4- RELAÇÃO ENTRE MACHOS E FÊMEAS DA ESPÉCIE FELINA
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Relação entre machos e fêmeas da
espécie Felina / Total: 51
37%
63%
Machos = 19
Fêmeas = 32
31
Os principais atendimentos acompanhados foram na área de Clínica
Cirúrgica,
entre
as
especialidades
de
Oncologia,
Nefrologia,
Obstetrícia,
Reprodutivo, Ortopedia, Neurologia e Gastroenterologia. O GRÁFICO 5 mostra a
porcentagem entre elas.
GRÁFICO
5-
RELAÇÃO
PROCEDIMENTOS
ACOMPANHADOS
NA
CLÍNICA CIRÚRGICA DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF –
NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Atendimentos na Clínica Cirúrgica / Total = 160
Oncologia
Retornos
Nefrologia
Obstetrícia
Reprodutivo
Ortopedia
Neurologia
Gastroenterologia
3% 3%
5%
8%
39%
4%
3%
35%
O total de procedimentos cirúrgicos acompanhados foram 41, onde 20 foram
procedimentos realizados e 21 foram procedimentos assistidos. Dentre os
procedimentos acompanhados, as especialidades são Oncologia, Nefrologia,
Ortopedia, Oftalmologia, Biópsias, Gastroenterologia, Neurologia
e
Cirurgia
Reconstrutiva. No GRÁFICO 6 observamos que o sistema reprodutivo e a oncologia
foram os mais vistos. O QUADRO 2 mostra quais foram os procedimentos
acompanhados.
32
GRÁFICO
6-
RELAÇÃO
DOS
PROCEDIMENTOS
CIRÚRGICOS
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Relação dos Procedimentos Cirúrgicos
Total = 41
5%
5%
Reprodutivo
27%
12%
Oncologia
Ortopedia
7%
Oftalmologia
Gastroenterologia
17%
27%
Neurologia
Cirurgia Reconstrutiva
QUADRO 2- DESCRIÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Procedimentos Cirúrgicos
OSH
Orquiectomia
Mastectomia unilateral
Colocefalectomia
Denervação coxofemoral
Nodulectomia
Enucleação
Herniorrafia
Amputação de interdígito
Amputação de membro
Colopexia
Sepultamento da glândula da terceira
pálpebra
Blefaroplastia
Cirurgia Plástica Reconstrutiva
Total
Quantidade
9
3
2
3
2
10
1
3
1
1
2
1
1
2
41
33
Dentre os procedimentos acompanhados durante o estágio curricular, a
colheita de material para exames complementares foi o que mais foi realizada. Na
TABELA 1 temos uma visualização do acompanhamento das coletas de materiais
para exames complementares.
TABELA 1- DESCRIÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES
ACOMPANHADOS (COLETAS DE MATERIAIS) DURANTE O ESTÁGIO
CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE
ABRIL DE 2014.
Exames
Quantidade
Porcentagem
Hemograma
53
38%
Bioquímica
41
38%
Citologia
32
22%
Urinálise
5
4%
Corebiopsia
4
3%
Ultrassonografia
4
3%
Biópsia
3
2%
Biopsia de pele
2
1%
144
100%
Total
Quando não estavam acontecendo nenhum atendimento no ambulatório de
clínica cirúrgica e nem procedimentos no centro cirúrgico, eram acompanhadas as
consultas nos demais ambulatórios da clínica médica, totalizando 44 atendimentos.
No GRÁFICO 7 podemos ver a relação entre as especialidades acompanhadas.
34
GRÁFICO 7- RELAÇÃO DOS ATENDIMENTOS NA CLÍNICA MÉDICA
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO HUVET-UFF – NO
PERÍODO DE 17 DE FEVEREIRO A 25 DE ABRIL DE 2014.
Atendimentos na Clínica Médica
16
Dermatologia 32%
14
Check up 18%
12
Parasitologia 18%
10
Gastroenterologia 10%
Nefrologia 8%
8
Infectologia 6%
6
Emergência 4%
4
Cardiologia 2%
2
Imunização 2%
0
1
35
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. D ISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES
3.1.1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL
A articulação coxofemoral (AC) apresenta cápsula articular, cavidade articular,
cartilagem e líquido sinovial, que a caracteriza como uma articulação sinovial.
Segundo Denny & Butterworth (2006), o quadril é uma articulação que permite
amplos ângulos, de movimentos em exte nsão, flexão, abdução e adução, não
existindo ponto final bem definido para a movimentação em qualquer dessas
direções, sendo a tensão criada nos tecidos moles que limita o arco de movimentos.
A cápsula articular também mantém a cabeça do fêmur dentro de seu encaixe
acetabular, prevenindo assim hiperextensões e hiperflexões (DYCE et al., 2010).
A AC é do tipo esferoidal, na qual se articula a cabeça do fêmur com a
cavidade acetabular (KÖNIG & LIEBICH, 1999). Cranialmente ao tubérculo isquiático
encontra-se localizado o trocânter maior do fêmur, sendo seu ápice próximo ao nível
da cabeça femoral e, por não ser palpável isso faz ser uma boa referência da
posição da articulação. Algumas alterações no espaçamento entre as estruturas do
ílio, ísquio e fêmur pode apontar luxação da cabeça femoral, portanto deve-se ter
mais atenção a região. A facilidade com que os cães elevam suas pernas durante o
ato de micção mostra o alto potencial de abdução que o membro posterior possui, já
para alcançar grande parte do tórax, do pescoço e da cabeça, a versatilidade geral
está ligada à flexibilidade do tronco (DYCE et al., 2010).
O colo femoral é inclinado em um ângulo de 130º a 145º, em relação à diáfise
femoral, e é rotacionado para frente (antevertido) cerca de 10º a 40º (DENNY &
BUTTERWORTH, 2006). FOSSUM (2008) cita que alguns ângulos ajudam a
analisar a estabilidade da articulação, sendo eles, o ângulo de anteversão é formado
pelo eixo transcondilar e o eixo longo do colo do fêmur; o ângulo de ventroversão
fica entre o plano vertical e a face da fossa acetabular; já o ângulo de inclinação é
formado pelo eixo longo do colo do fêmur e no plano frontal, a diáfise femoral; e o
36
ângulo de subluxação é aquele formado entre o fêmur e a pelve, no qual o quadril é
reduzido durante a adução do membro (FIGURAS 24 e 25).
FIGURA
24
–
ILUSTRAÇÃO
DOS
ÂNGULOS
DE
REDUÇÃO
E
SUBLUXAÇÃO.
LEGENDA: A: inicio; B: o ângulo de redução é o ponto medido no qual a cabeça do fêmur retorna
para o acet ábulo durante a abdução do membro; C: o ângulo de subluxação é o ponto medido no
qual a cabeça do fêmur escorrega para fora do ac etábulo durante a adução do membro. FONTE:
FOSSUM et al., 2008
37
FIGURA 25 – ILUSTRAÇÃO DOS ÂNGULOS.
LEGENDA: A: anteversão; B: inclinação. FONTE: ADAP TADO DE PIE RMA TE I & JOHNSON,
2004
A cabeça do fêmur é praticamente uma semiesfera perfeita, atrapalhada
apenas pela pequena fóvea central onde se insere o ligamento intracapsular (da
cabeça do fêmur); está profundamente instalada na fossa do acetábulo, que é
levemente estendida por um lábio sobre sua margem (DYCE et al., 2010). A cápsula
articular fixa-se no lábio acetabular, sendo uma cavidade ampla, a qual recebe o
ligamento da cabeça do fêmur. O Lig. da cabeça do fêmur (ou Lig. redondo)
(FIGURA 26), por ser uma estrutura fibroelástica, quando muito exigido, acaba
desenvolvendo hipertrofia compensatória para aumentar sua resistência, porém a
hipertrofia ligamentar presente agrava mais a instabilidade, pois ocupa mais
espaçointra-articular e favorece a subluxação ou luxação da cabeça femoral (KONIG
& LIEBICH, 1999).
38
FIGURA 26 – ILUSTRAÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES.
LEGENDA: 1. Púbis; 2. Ísquio; 3. Lig. Redondo; 4. Cabeça Femoral; 5. Colo Femoral; 6; ílio; 7. Lig.
Trans verso. FONTE: DONE et al., 2002.
A musculatura regional garante o suporte, estabilidade e locomoção do
indivíduo, sendo por isso muito importante seu total desenvolvimento. Compreendem
os músculos flexores (ilíaco, tensor da fáscia lata, articular da coxa, reto da coxa e
sartório), os extensores (glúteos superficial, médio e profundo, piriforme, quadrado
da coxa, bíceps da coxa, semitendinoso, semimembranoso, grácil e adutor), os
abdutores (glúteos superficial, médio e profundo e bíceps da coxa) e os adutores
(semimembranoso, sartório, grácil, quadrado da coxa, obturador externo e pectíneo).
O movimento de rotação externa é assegurado pelo obturador interno da coxa,
porção intrapélvica do obturador externo, quadrado da coxa e ilíaco, e a rotação
interna pelos glúteos superficial, médio e profundo e ainda pelo te nsor da fáscia lata
(RIBEIRO, 2009) (FIGURAS 27 e 28). O músculo pectíneo, um dos músculos
adutores do membro pélvico, é utilizado em algumas técnicas cirúrgicas no
tratamento na DCF incluindo a miectomia, a miotomia e a tenectomia (PIERMATTEI,
FLO, DECAMP 2006).
39
FIGURA 27 – LOCALIZAÇÃO DE ALGUNS MÚSCULOS NA ARTICULAÇÃO
COXOFEMORAL.
LEGENDA: 1. M. Glúteo Médio; 2. M. Glúteo Superficial; 3. Trocânter Maior; 4. M. Bíceps
Femoral; 5. M. Tensor da Fáscia Lata; 6. Incisão no corte superficial do M. Tensor da Fáscia
Lata. FONTE: PIERMA TE I & JOHNSON, 2004
40
FIGURA
28
–
APRESENTAÇÃO
DE
ALGUNS
MÚSCULOS
NA
ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL.
LEGENDA: 1. Nervo obturador; 2. M. pectíneo; 3. M. iliopsoas; 4. VEIA veia e artéria femoral;
5. M. reto femoral; 6. M. tensor da fáscia lata; 7. M. sartório; 8. M. vasto medial. FONTE:
PIERMA TE I & JOHNSON, 2004
3.1.2. DEFINIÇÃO
A displasia coxofemoral (DCF) é uma doença relativa ao crescimento e ao
desenvolvimento anormal da AC e, afeta principalmente cães de porte grande e
gigante, que será citado melhor na epidemiologia. O termo, propriamente, significa
“quadril formado de modo anormal” (KEALY & MCALLISTER, 2005). É um
desenvolvimento falho da AC caracterizado por graus variáveis de frouxidão articular
que permitem subluxação em idade precoce (BIRCHARD & SHERDING, 1998).
Radiograficamente caracterizada pelo arrasamento do acetábulo, subluxação (como
já citado) ou luxação coxofemoral, achatamento da cabeça do fêmur, e alterações
secundárias.
41
3.1.3. EPIDEMIOLOGIA
A DCF afeta mais comumente animais de porte grande e gigante. E pela
Orthopedic Foundation for Animals (OFA), estima-se que a prevalência elevada da
afecção, alcance valores que podem chegar aos 75% (RIBEIRO, 2009).
Em 1980, Martin, Kirby & Pennok, fizeram um estudo sobre as raças
predisponentes à DCF e concluíram que o São Bernardo, o Newfoundland, o Golden
Retriever, o Oldenglish Sheep e o Pastor Alemão seriam as mais acometidas. Porém
LaFond, Breur & Austin (2002), também realizaram um estudo epidemiológico no
qual avaliaram as raças de risco de 12 doenças ortopédicas de desenvolvimento e,
concluíram que as raças mais comuns com a DCF eram o Pastor Alemão, o
Labrador, o São Bernardo, o Rottweiller, o Newfoundland, o Golden Retriever, o
Samoiedo, o Oldenglish Sheepdog, o Bernese Mountain assim como todos os
animais resultantes de cruzamentos com estas raças. Piermattei, Flo, DeCamp
(2006), ainda citam que a incidência de DCF vai de 0,9% no Borzoi a 47,4% no São
Bernardo, em cães radiograficamente avaliados pela OFA.
A importância do conhecimento sobre a predisposição da DCF dessas raças,
seria a ajuda que o médico veterinário teria durante a investigação e avaliação
clínica, além transmitir aos criadores e público em geral informações sobre os riscos
genéticos que essas raças sofrem, e assim realizar um controle dessa afecção.
Os achados clínicos na DCF variam com a idade do animal e muitas vezes os
sinais não são percebidos pelos responsáveis. Existem dois grupos clínicos
identificáveis, como cães jovens entre quatro e quatorze meses de vida e, animais
acima de quinze meses de vida com doença crônica (PIERMATTEI, FLO, DECAMP
2006). Miqueleto (2013) cita que cães mais velhos devido à doença articular
degenerativa e à dor a ela associada apresentam um quadro diferente, onde a
condição artrítica é vagarosamente progressiva e raramente promove uma
manifestação aguda de claudicação.
42
3.1.4. FISIOPATOLOGIA
A displasia coxofemoral é uma afecção de desenvolvimento anormal da AC,
ligada significativamente hereditariedade. Causada pela disparidade entre a
musculatura primária e o crescimento rápido da articulação, exercícios, manejo e
nutrição inadequados, ambiente do animal com superfícies lisas e escadas e
sobrepeso do animal.
Segundo Fossum (2008), os fatores causadores da inflamação sinovial
também podem ser importantes, a sinovite aumenta o volume de fluido articular, que
elimina a estabilidade articular por ocasião de uma ação similar à sucção, produzida
por uma fina camada de líquido sinovial normal entre as superfícies articulares.
Ainda cita que esses fatores contribuem para o desenvolvimento da lassidão da AC
e da subsequente subluxação, que são responsáveis pelos sinais clínicos e
alterações articulares precoces. A DCF é um distúrbio evolutivo grave, e está
associada a ela a osteoartrite coxofemoral, a mobilidade/amplitude limitada da
articulação, a dor e a claudicação em graus variáveis. A afecção é um processo
doloroso, ocasionado pelo desgaste articular que expõe as fibras álgicas no osso
subcondral (LEMOS et al., 2008).
A DCF é manifestada por vários graus de frouxidão dos tecidos moles ao
redor, instabilidade, malformação da cabeça do fêmur e acetábulo e osteoartrose
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006). À medida que a afecção progride, a
deformação da arquitetura acetabular e da cabeça femoral é acompanhada pelo
desenvolvimento de artropatia degenerativa. Segundo Birchard & Sherding (1998) a
instabilidade articular ocorre quando o peso e o estresse exercidos na articulação
excedem os limites de força dos tecidos moles de sustentação e, o desenvolvimento
e a maturação musculares se atrasam com relação à taxa de crescimento
esquelética.
O desenvolvimento anormal é induzido quando o acetábulo e cabeça femoral
se distanciam e iniciam uma série de alterações que finalmente são reconhecidas
como DCF (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006). Como resultado disso, acaba se
desenvolvendo frouxidão ou instabilidade da AC, o que predispõe a articulação às
43
alterações degenerativas, fibrose da cápsula articular e subluxação ou luxação da
cabeça femoral (SILVA, 2006). A luxação da AC é a separação completa entre a
cabeça do fêmur e o acetábulo, enquanto a subluxação é uma separação parcial ou
incompleta (FOSSUM et al., 2008).
A subluxação distende a cápsula articular fibrosa, causando dor e
claudicação. O osso acetabular poroso é facilmente deformado pela subluxação
dorsal contínua da cabeça do fêmur (FOSSUM et al., 2008) e, pode gerar um
desgaste prematuro e a laceração da borda acetabular dorsal e da superfície
semilunar dorsal (SLATTER, 1998). As alterações ósseas da DCF são resultados de
uma falha do tecido conjuntivo em manter a congruência entre as superfícies
articulares da cabeça do fêmur e o acetábulo. A afecção é evitada se a congruência
da articulação coxofemoral for mantida até que a ossificação torne o acetábulo
menos plástico e que os tecidos moles ao redor se tornem fortes o suficiente para
impedir a subluxação da cabeça femoral. Sob circunstâncias normais, a força
tecidual e a ossificação progridem suficientemente para prevenir a afecção até os
seis meses de idade (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
Observa-se que a subluxação estira a cápsula articular fibrosa, promovendo
dor e claudicação nos cães jovens, e com a ocorrência de fraturas do osso
esponjoso acetabular podem se elevar (MIQUELETO et al., 20013). Silva (2011)
ressalta que na DCF, ocorre um comprometimento das estruturas que transportam
os nutrientes até os condrócitos, sendo eles cápsula articular, cartilagem e
membrana sinovial, isso faz com que diminua a capacidade de regeneração da
cartilagem, pela redução do fluxo de nutrientes. As lesões na cartilagem dependem
da idade do animal, intensidade da lesão, duração e natureza, para levarem a uma
regeneração ou degeneração. Ocorre morte dos condrócitos e desenvolvimento de
hipocelularidade, quando
a
capacidade
de
reparação
da
cartilagem está
transpassada.
Fossum (2008) ressalta que a DCF é dolorosa em cães jovens, pois o
esgotamento da cartilagem articular expõe as fibras da dor do osso subcondral e a
lassidão leva à distensão dos tecidos moles. Nos cães idosos, a DCF elicia a dor por
causa da osteoartrite.
44
3.1.5. SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos da DCF quando discretos são poucos evidenciados pelos
proprietários, e sua manifestação irá variar de acordo com a idade do animal. A
maioria dos cães displásicos entre doze e quatorze meses de idade anda e corre
livremente e não tem dor aparente, apesar da aparência radiográfica da articulação
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
A dor, com consequente claudicação e impotência funcional dos membros
pélvicos é causada inicialmente pela lassidão e instabilidade articulares, sendo
observada frequentemente em animais jovens. Na fase crônica da doença, estes
sinais clínicos são decorrentes do processo de degeneração secundária à
incongruência articular. Tal degeneração resulta em lesões na cartilagem,
microfraturas da cabeça femoral e acetábulo e processos inflamatórios da cápsula
articular (HIELM-BJORKMAN et al., 2003). Cães com esse perfil deslocam-se com
os membros em adução, tipo “saltitar de coelho”, optando pelo galope em detrimento
do trote (GINJA, PENA & FERREIRA, 2005). Este estágio da afecção pode
apresentar subluxação ou luxação completa da cabeça femoral. Já em cães adultos,
é comum observar o desenvolvimento de uma doença articular degenerativa (DAD)
variando os graus entre discreta a severa (AGOSTINHO, DUARTE & CORRÊA,
2010).
Segundo Ferrigno et al., (2007) observa-se em especial dificuldade em levantarse e deitar-se, nos animais acometidos, momentos em que normalmente está
presente, por sensibilidade dolorosa, a vocalização. Presente também como sinal
clínico a atrofia muscular de membros pélvicos, de acordo com a severidade do
caso, isso pode estar relacionado com a transferência do peso corpóreo para os
membros torácicos, na tentati va de minimizar o desconforto e dor na AC. Essa
transferência de peso do MP para o MT, segundo Piermattei, Flo, DeCamp (2006),
podem enfraquecer o desenvolvimento dos músculos das áreas pélvicas e das
coxas, piorando subitamente a claudicação. Na maioria dos casos, a dor limita os
movimentos da articulação. A moléstia é progressiva e pode ser incapacitante, mas
45
alguns cães exibem pouco desconforto aparente, a despeito das anormalidades em
suas articulações. Corridas e atividades intensas agravam o distúrbio, e podem
revelar sinais de afecção (SLATTER, 1998).
A maioria dos pacientes terá sinal de Ortolani positivo, que consiste no “estalo”
provocado pelo movimento de retorno da cabeça femoral luxada para dentro e para
fora do acetábulo, conforme se faz movimento de abdução no membro pélvico,
requer anestesia, devido à dor inerente ao exame (MOTA, 2009).
Em cães mais velhos os sinais são diferentes, pois a afecção articular
degenerativa crônica é associada à dor. A claudicação geralmente é bilateral,
embora eventualmente manifeste-se de forma unilateral. Os sinais podem ser
contínuos, ou podem surgir de forma aguda após vigorosa atividade que resulte em
ruptura ou outra lesão de tecidos moles da articulação anormal. A maioria dos sinais
clínicos decorre de mudanças degenerativas prolongadas dentro da articulação. O
animal pode apresentar claudicação após exercício vigoroso ou prolongado, um
modo de locomoção alterado, e frequentemente crepitação e movimentação restrita
da articulação. O cão geralmente prefere sentar a permanecer em estação e levantase com grande dificuldade. O sinal de Ortolani raramente está presente devido ao
arrasamento do acetábulo e fibrose da cápsula articular. O exame clínico e as
radiografias ajudam na detecção de problemas adicionais de joelho, enquanto um
teste de propriocepção, reações posturais e avaliação dos reflexos em membros
pélvicos podem ser úteis na distinção de problemas de coluna vertebral,
concomitantes ou não (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
3.1.6. D IAGNÓSTICO
Segundo Silva (2011), o diagnóstico é realizado por meio da anamnese,
exame físico e diagnóstico por imagem. Esses métodos ajudam a observar o
aumento no índice de distração (afastamento da articulação coxofemoral) a
claudicação, que vem a piorar após exercícios, a dificuldade do animal em se
levantar, a relutância em correr e saltar, dor, crepitação à manipulação da
46
articulação, hipotrofia muscular nos membros pélvicos e hipertrofia de músculos do
membro torácico.
Vários problemas neurológicos e ortopédicos causam sinais semelhantes. Em
cães jovens, a claudicação deve ser diferenciada de panosteíte, osteocondrose,
separação fiseal, necrose asséptica da cabeça do fêmur, osteodistrofia hipertrófica e
lesão completa do ligamento cruzado cranial. Em cães mais velhos é necessário
eliminar condições neurológicas, como a síndrome da cauda equina e, ortopédicas
como a ruptura do ligamento cruzado, poliartrite, trauma e neoplasia óssea antes de
atribuir os sinais clínicos à displasia coxofemoral (SILVA, 2006). Um diagnóstico
correto de DCF, como causa de problemas clínicos, baseia-se em idade, raça,
história, achados físicos e alterações radiográficas (HULSE, JHONSON, 2002).
3.1.6.1.
EXAME FÍSICO – EXAME ORTOPÉDICO
Os pacientes jovens com claudicação associada à DCF geralmente são
avaliados pela primeira vez com 10 meses de idade. Os achados físicos nesses
pacientes incluem dor durante a extensão, rotação externa e abdução da articulação
do quadril e uma musculatura pélvica mal desenvolvida (FOSSUM et al., 2008).
Silva (2011) cita que os exames ortopédicos mais conhecidos que fazem
parte do protocolo para se diagnosticar a doença e avaliar a presença, ou não, da
frouxidão articular, são o Teste de Barlow (BARLOW, 1975) (FIGURA 29), o Teste
de Bardens (FIGURA 30) e o Teste de Ortolani (FIGURA 31). Segundo Piermattei,
Flo, DeCamp (2006) Bardens relatou a precisão de 83% na detecção de DCF em
filhotes. A técnica é melhor realizada em filhotes de 8 a 9 semanas de idade e requer
sedação profunda ou anestesia geral leve. Com o filhote ao seu lado, o polegar de
uma mão se apoia na tuberosidade isquiática e o dedo médio na espinha ilíaca
dorsal. O dedo indicador da mesma mão é colocado no trocânter maior à medida
que a outra mão eleva o fêmur lateralmente, levando a cabeça femoral para fora do
acetábulo. A quantidade elevada pode ser estimada pela observação do dedo
indicador no acetábulo. Existe correlação entre o grau de frouxidão e a presença de
displasia coxofemoral aos doze meses de idade.
47
FIGURA 29 - ILUSTRAÇÃO DO TESTE DE BARDENS.
FONTE: RIBEIRO, 2009.
Birchard & Sherdin (1998) explicam que o teste de Ortolani é realizado
colocando uma mão sobre o joelho do membro afetado, e aplicando pressão dorsal
no fêmur enquanto se move o membro de uma posição abduzida para aduzida. O
estalido ouvido ou sentido à medida que a cabeça femoral entra ou sai do acetábulo
constitui um sinal de Ortolani positivo e indicativo de frouxidão articular. Se a AC
encontra-se normal ou se as alterações no acetábulo impedirem um movimento da
cabeça femoral para dentro e para fora do acetábulo, o sinal de Ortolani será
negativo. Segundo Guarnieiro (2010) e Corr (2007), o sinal de Barlow é exatamente
o oposto, ou seja, é uma manobra provocativa da luxação de uma articulação
instável. Originalmente utilizado em Medicina Humana, o teste de Barlow
determinará o potencial para a luxação da AC examinada. Após uma sedação
profunda ou anestesia do paciente, este é colocado em decúbito dorsal. O MP do
paciente é mantido em ângulo reto com o corpo em posição de adução, o veterinário
coloca sua mão direito sobre a região lateral do joelho fletido e o polegar sobre o
côndilo femoral. A força será exercida pelo joelho em direção vertical à AC, em um
esforço para deslocar a cabeça femoral do interior do acetábulo, podendo durante
48
este movimento sentir-se a cabeça femoral a oscilar. A parte superior do fêmur é
mantida entre os dedos indicador e médio e sobre o trocânter maior, e o polegar na
região inguinal. A cabeça femoral poderá ser alavancada para dentro e para fora da
articulação, neste caso o teste de Barlow positivo, indicando que existe lassidão
suficiente para permitir a luxação/subluxação da cabeça femoral.
FIGURA 30 - ILUSTRAÇÃO DO TESTE DE ORTOLANI
FONTE: RIBEIRO, 2009.
FIGURA 31 - LISTRAÇÃO DO TESTE DE BARLOW.
FONTE: GUEDES, 2010.
49
À observação, o contorno pélvico de um animal normal é maciço e arredondado,
encurvando-se ventralmente em direção às vértebras caudais. Quando o animal
apresenta constante subluxação da cabeça femoral, a pelve passa de arredondada
à quadrada. Isso indica que as articulações coxofemorais estão mal formadas,
estando ou não em avançado estágio de luxação e/ou degeneração (SILVA, 2011).
A avaliação do quadril realizada sob anestesia geral demonstra o aumento da
lassidão das articulações coxofemorais. As alterações observadas ao exame físico
nos animais idosos incluem dor durante a extensão da articulação do quadril,
redução da amplitude de movimento e atrofia da musculatura pélvica. Não há
lassidão articular detectável devido à resposta fibrosa proliferativa, mas uma
crepitação pode ser detectada durante a manipulação articular. É importante
observar que os sinais clínicos nem sempre estão correlacionados aos achados
radiográficos (FOSSUM et al., 2008).
3.1.6.2.
SINAIS RADIOGRÁFICOS
O diagnóstico radiográfico inicialmente pode ser feito entre seis e nove meses
de idade, dependendo da gravidade do caso, sendo que 80% dos cães displásicos
mostram evidências radiológicas aos doze meses e, em alguns casos, só são
identificadas aos dois anos (CHAGAS & VAZ, 2012).
A principal diferença entre a melhor e a pior articulação do quadril é a
profundidade da cabeça femoral no acetábulo. Aquelas que se estendem mais
profundamente no interior do acetábulo são julgadas melhores (denominadas de
conformação excelente), enquanto s outras são relegadas a uma categoria de menor
qualidade, como boa ou próxima do normal (FARROW, 2006). Isso só se é possível
de se avaliar se a radiografia for realizada adequadamente. Para a realização de um
exame radiográfico correto para diagnóstico de DCF, é necessário a nitidez da
radiografia, em contraste adequado, evidenciando a estrutura trabecular da cabeça e
colo femorais e o bordo acetabular dorsal. Além disso, é de suma importância que o
animal esteja bem posicionado (SILVA, 2011).
50
Segundo Chagas & Vaz (2012) os primeiros esforços para padronizar os
critérios radiográficos no diagnóstico da DCF foram feitos em 1962 pela American
Veterinary Medical Association – AVMA (Associação Americana de Medicina
Veterinária), onde instituiu que o exame radiográfico deve ser realizado na posição
ventrodorsal com os membros posteriores bem estendidos e rotacionados
internamente de modo que a patela fique sobreposta medianamente em relação ao
plano sagital do fêmur. Os fêmures devem ficar paralelos entre si e em relação à
coluna vertebral e a pélvis em simetria.
Deve-se segurar as pernas, de modo a mantê-las paralelas entre si. Essa
posição vai fazer com que o córtex medial de cada fêmur se sobreponha à
tuberosidade isquiática correspondente (FIGURA 32). Geralmente, não é possível
manter os membros realmente paralelos um em relação ao outro nos cães com
músculos da coxa bem desenvolvidos. O feixe de raios X deve ser centralizado no
nível das articulações coxofemorais (KEALY & MCALLISTER, 2005). Segundo
Kapatkin (2002), mesmo que a posição ventrodorsal tenha-se tornado padrão, o
critério de pontuação e a idade na qual o animal será avaliado variam
consideravelmente. Kapatkin (2002) ainda cita que nos Estados Unidos, a OFA
avalia os animais aos dois anos de idade e classifica as articulações em normais
(excelente, boa e regular), e suspeitas ou displásicas (leve, moderada e grave). O
Brasil adota o mesmo critério que a Federação Cinológica Internacional (FCI) para
classificação das AC normais, que corresponde ao usado pela OFA. Silva (2011) diz
que a OFA não exige que os animais sejam anestesiados para o exame radiográfico,
entretanto, a maioria dos autores recomenta o uso de anestesia ou sedação
profunda para permitir o posicionamento e avaliação adequada da AC, sem que haja
desconforto para o animal.
51
FIGURA 32 - POSICIONAMENTO PARA A RADIOGRAFIA PADRÃO.
LEGENDA: A: imagem do pacient e em decúbito dorsal com os membros posteriores em
extensão; B: imagem de um animal em posição padronizada. FONTE: RIBE IRO, 2009.
Outro método de investigação radiográfica da DCF utilizando a incidência
ventrodorsal é o Penn-Hip (Programa de Melhoramento Pélvico da Universidade da
Pensilvânia, Hospital Veterinário da Universidade da Pensilvânia, EUA) (FIGURA
33). Um aparelho colocado entre os fêmures é utilizado para auxiliar o diagnóstico
da condição em animais com menos de dois anos de idade. A radiografia de
apartação força as cabeças femorais para fora dos acetábulos e possibilita que uma
estimativa do nível de frouxidão articular seja feita. Foi criado um índice de
apartação capaz de permitir uma previsão do desenvolvimento de displasia ou não
(KEALY & MCALLISTER, 2005). O método determina a qualidade da AC e mensura
quantitativamente a luxatividade da articulação. Essa avaliação incorpora três
projeções radiográficas: projeção tradicional com os membros estendidos, de
compressão e distração (PENNHIP, 2007). FROES (2011) comenta utilizar essa
técnica em sua rotina quando o exame radiográfico convencional der negativo, ou
52
em pacientes o qual possa ter dificuldade de afirmar o diagnóstico negativo, no caso,
principalmente se obtiver variações interobservadores, e desta maneira, com o
PennHip, pode-se assegurar o diagnóstico negativo para a doença.
FIGURA 33 - POSICIONAMENTO DO ANIMAL PARA A RELAIZAÇÃO DO
MÉTODO RADIOGRÁFICO PENNHIP.
FONTE: GUEDES, 2010.
Chagas & Vaz descrevem mais uma técnica radiográfica utilizada no exame
radiográfico para DCF, a técnica radiográfica de estresse (FIGURA 34), que tem por
objetivo quantificar o máximo deslocamento da cabeça femoral do acetábulo. Com o
53
cão em decúbito dorsal, os fêmures são posicionados em ângulo de 60° em relação
à mesa, e os joelhos são aduzidos e manualmente empurrados craniodorsalmente
durante a exposição, tendo a tíbia atuando como uma alavanca.
FIGURA 34 - ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA RADIOGRÁFICA DE ESTRESSE.
FONTE: CHAGAS & VAZ, 2012.
Radiograficamente, a conformação das cabeças femorais geralmente
parecem normais; no entanto, algum grau de subluxação pode ser visto, e se o
processo tem estado presente por alguns meses, o ângulo de i nclinação do colo
femoral pode aumentar acima de 146º (valgo), e ocasionalmente alguma labiação do
aspecto ventral da cabeça femoral será vista radiograficamente (PIERMATTEI, FLO,
DECAMP 2006).
O Ângulo de Norberg (FIGURA 35) é outro método de diagnóstico
rediográfico, que baseia-se na determinação dos centros das cabeças femorais e da
união dos mesmos por intermédio de uma linha que nos possibilita traçar, a partir de
um dos centros uma segunda linha, que tangenciará o bordo acetabular crânio
54
lateral. O ângulo formado por essas duas linhas é o ângulo de Norberg, e seu valor
de referência é 105º (SOMMER & FRATOCCHI, 1998).
FIGURA 35 - IMAGEM RADIOGRÁFICA COM O ÂNGULO DE NORBERG.
FONTE: SOMME R & FRA TOCCHI, 1998.
QUADRO 3 - CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA DA DCF, UTILIZANDO O
ÂNGULO DE NORBERG DAS ARTICULAÇÕES COXOFEMORAIS.
Categoria
A (HD-)
Classi ficação da articulação
Ângulo da articulação
Sem sinal de DCF
=105º
Front eira
<105º
Displasia leve
>100º
D (HD++)
Displasia moderada
>90º
E (HD+++)
Displasia severa
<90º
B (HD+/-)
C (HD+)
FONTE: S TURION et al., 2013.
55
Segundo Kealy & McAllister, (2005) algumas alterações mais visualizadas nas
radiografias de cães displásicos:

O acetábulo é raso.

A cabeça do fêmur se ajusta insuficientemente no acetábulo. A cabeça
poderá parecer muito pequena para o acetábulo.

O contorno da cabeça do fêmur se desvia do contorno do acetábulo ao
longo da margem acetabular cranial e caudal. Algum cuidado é necessário na
avaliação desse sinal.

A subluxação ou luxação da cabeça femoral podem estar presentes.
Há sinal de subluxação quando cerca de 50% da cabeça está no interior do
acetábulo. Em caso de dúvida, a subluxação poderá ser avaliada pelo método de
Norberg.

A osteoartrose é uma sequela comum da DCF e muitas das alterações
visualizadas estão associadas à degeneração secundária da articulação (formação
de osteófitos periarticulares, esclerose óssea subcondral na borda crânio-dorsal do
acetábulo). Como resultado da relação insuficiente entre a cabeça femoral e o
acetábulo ocorre uma alteração degenerativa secundária.
Segundo Sommer e Fratocchi (2012), existe a classificação das AC, e é
dividida em cinco categorias, de acordo com as características encontradas:

Grau A – Articulações coxofemorais normais: a cabeça femoral e o
acetábulo são congruentes. O ângulo acetabular, segundo Norberg, é de
aproximadamente 105º.

Grau B – Articulações coxofemorais próximas da normalidade: a
cabeça femoral e o acetábulo são ligeiramente incongruentes e o ângulo acetabular,
segundo Norberg, é de aproximadamente 105º.

Grau C – Displasia coxofemoral leve: a cabeça femoral e o acetábulo
são incongruentes. O ângulo acetabular é de aproximadamente 100º.

Grau D – Displasia coxofemoral moderada: a incongruência entre a
cabeça femoral e o acetábulo é evidente com sinais de subluxação. O ângulo
acetabular, segundo Norberg, é de aproximadamente 95º.

Grau E – Displasia coxofemoral grave: há evidentes alterações
displásicas da articulação coxofemoral com sinais de luxação ou distinta subluxação.
56
O ângulo de Norberg é menor que 90º. Há evidente achatamento da borda
acetabular cranial, deformação da cabeça femoral ou outros sinais de osteoartrose.
3.1.6.3.
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
A Tomografia Computadorizada (TC) faz uso de feixes muito finos de raios-X
associados à tecnologia de computador, determinando a absorção dos múltiplos
feixes de radiação pelos tecidos. Assim, a TC produz imagens em cortes
transversais ou fatias das estruturas anatômicas sem superposição de tecidos, o que
permite identificar as diferentes características teciduais dentro de órgãos sólidos, o
que facilita a obtenção de imagens mais detalhadas dos segmentos corporais a
serem estudados (JUCHEM, 2005).
A utilização da TC, simples e precisa do MP e da AC, ajuda no planejamento
e no tratamento cirúrgico da DCF, pois exibe com precisão a conformação óssea das
bordas acetabulares. Para uma avaliação mais objetiva, é necessário que a AC
esteja posicionada de forma semelhante ao conseguido na posição de pé, em vez
de posicionar a AC usando uma força de tração artificial e potencialmente variável. A
avaliação com a pelve em posição de suporte de peso cumpre este requisito, porque
as articulações são sobrecarregadas com o peso do corpo da região lombar
(FIGURA 36 e 37) (SOUZA et al., 2011).
Souza (2011) constatou através de uma pesquisa com 12 pacientes caninos
que a posição de suporte de peso com os joelhos aduzidos foi mais sensível para
identificar a lassidão passiva da cápsula articular em articulações normais ou
ligeiramente anormais, quando comparados com a posição de suporte de peso com
os joelhos paralelos para diagnóstico da displasia coxofemoral.
57
FIGURA 36 - POSICIONAMENTO PARA REALIZAÇÃO DO EXAME DE
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA.
FONTE: SOUZA et al., 2011.
FIGURA 37 - PACIENTE DURANTE A REALIZAÇÃO DE EXAME DE
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA.
LEGENDA: A: posicionamento do pacient e no colchão; B: teste de subluxação dorsolateral.
FONTE: SOUSA et al., 2011.
58
3.1.6.4.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Esta técnica já é descrita em Medicina Humana, na avaliação do volume do
líquido sinovial da articulação coxofemoral, onde encontraram uma associação
estatística consistente entre o volume de líquido sinovial da AC avaliada pela
ressonância magnética, o índice de distração às 8 semanas, a lassidão articular e
DCF em adultos. Contudo aconselham mais estudos nesta área, diferenciando as
raças. (RIBEIRO, 2009)
3.1.6.5.
ARTROSCOPIA
Segundo Ribeiro (2009) esta técnica permite a avaliação direta das estruturas
que fazem parte da AC, incluindo cartilagem articular, ligamento redondo, li gamento
acetabular transverso, cápsula articular e acetábulo. Assim, lesões na articulação
podem ser localizadas e classificadas. Este exame se torna o de escolha ao avaliar
candidatos para osteotomia tripla pélvica. Ao se comparar a artroscopia com a
radiografia convencional, esta técnica é melhor para detectar lesões na cartilagem
de pacientes jovens. As lesões mais comuns enco ntradas através de artroscopia são
as lesões na cartilagem que envolve o ligamento redondo e o acetábulo, e a ruptura
do ligamento redondo.
3.1.6.6.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Existem outras causas de claudicação, as quais devem ser despistadas no
decorrer do processo de avaliação do paciente (RIBEIRO, 2009; GINJA et al., 2005;
PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006). Em jovens, outros diagnósticos diferenciais
consideráveis são: completa lesão do ligamento cruzado cranial, luxação da patela,
panosteíte, osteodistrofia hipertrófica, causas neurológicas, osteopatia metafisária,
fratura da epífise proximal do fêmur, osteocondrose e doença do sesamóide,
necrose asséptica da caneca do fêmur, separação fiseal. É ainda importante avaliar
59
possíveis entidades clínicas concorrentes. São comuns em jovens as displasias do
cotovelo (RIBEIRO, 2009; HULSE & JOHNSON, 2002) e, segundo alguns autores
cerca de 25% dos pacientes displásicos sofrem também de lesões neurológicas
(GINJA et al., 2005).
3.1.7. TRATAMENTO
Os tratamentos recomendados para cães displásicos levam em consideração
a idade do animal, grau de desconforto, achados radiográficos e físicos e os
recursos financeiros do responsável do paciente (SILVA, 2011). As opções
conservadoras e cirúrgicas estão disponíveis para animais juvenis e adultos com dor
na AC secundária à displasia deste (FOSSUM et al., 2008). O tratamento tem por
objetivo aliviar a dor na articulação, reduzir a DAD secundária e melhorar a função
da articulação (SILVA, 2011).
3.1.7.1.
TRATAMENTO CONSERVADOR
A terapia conservadora é indicada em animais suavemente afetados e
naqueles com episódio inicial de claudicação. Deve-se restringir a atividade para
permitir que a resposta inflamatória dentro da articulação diminua. A redução do
peso em animais obesos também é essencial (SILVA, 2011; PIERMATTEI, FLO,
DECAMP 2006). É importante enfatizar ao proprietário que um animal com lesão
aguda deve cumprir um repouso mesmo que ele queira se exercitar, ou que pareça
ter recuperado a função normal (HULSE & JOHNSON, 2002).
O controle de peso, em especial, é o aspecto mais importante desses
princípios. O animal deve ser pesado semanalmente e sua ingestão calórica
determinada. A alimentação com dietas volumosas, com baixo teor de gordura e
proteínas pode ser benéfica. Os exercícios (p. ex., natação e caminhadas longas)
são importantes para manutenção do peso adequado. As atividades de alta
intensidade devem ser permitidas somente por curtos períodos, após um período
60
adequado
de
aquecimento. Os
medicamentos
antiinflamatórios
devem ser
administrados apenas se necessários e não devem substituir o controle de peso e
um programa de exercícios moderados (FOSSUM et al., 2008).
O tratamento clínico é baseado na utilização de anestésicos, antiinflamatórios
não esteroidais e até mesmo os esteroidais (capazes de amenizar a dor do animal,
possibilitando uma melhor movimentação), pode ser feito também o controle de peso
do animal, fisioterapia (natação, caminhadas), evitar que o animal deambule em piso
liso e a utilização da acupuntura, trazendo bons resultados (ROCHA et al., 2008). A
administração dos antiinflamatórios deve ser na menor dose eficaz, adicionada a
alimentos e a drogas citoprotetoras. A utilização de antiinflamatórios não esteroidais
tem sido muito aplicadas à terapia medicamentosa para DCF, como o carprofeno e o
firocoxibe. O firocoxibe pertence ao grupo dos coxibes. Atuando através da inibição
seletiva da COX-2, onde melhora o grau de alivio da dor, inflamação e claudicação.
A dose recomendada é de 1 a 2mg por Kg PO, SID. Não deve ser administrados em
pacientes com menos de 10 semanas de idade (SILVA, 2011).
Segundo Silva (2011), o tratamento conservador não corrige a afecção
primária nem impede a progressão da doença. Quando a terapia conservadora não
for mais efetiva ou se o paciente encontrar-se constantemente incapacitado por um
período extenso, deve ser considerada alguma das terapias cirúrgicas (OLMSTEAD;
1998).
3.1.7.2.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
A cirurgia é indicada quando o tratamento conservador não é eficaz, quando
se deseja o desempenho atlético, ou em pacientes jovens quando o proprietário
deseja retardar a progressão da doença articular degenerativa e aumentar a
probabilidade de uma boa função do membro em longo prazo (HULSE & JOHNSON,
2002).
61

Osteotomia Pélvica Tripla
Segundo Ribeiro (2009) esta técnica foi descrita a primeira vez em 1969,
sendo a técnica mais popular no tratamento cirúrgico para DCF. No candidato ideal
para esse procedimento, o acetábulo recobre um pouco a cabeça e não ocorrem
sinais de artropatia degenerativa na articulação coxofemoral (OLMSTEAD, 1998). O
animal
não
deve
apresentar
acetábulo
raso,
nem
afecção
neurológica
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006). É indicada a realização o mais cedo possível,
em animais de quatro a oito meses de idade, aproveitando da vantagem de
capacidade de remodelamento dos ossos imaturos, e antes que a cartilagem
articular seja gravemente lesionada (RIBEIRO, 2009). Porém deve-se considerar
que, se o acetábulo estiver preenchido por tecido ósseo, ou se a borda acetabular
dorsal estiver perdida devido à esclerose óssea, ou se a cartilagem da cabeça
femoral estiver destruída, a osteotomia pélvica não vai ter resultado de sucesso
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006) (FIGURA 38).
Os objetivos dessa cirurgia são aumentar o recobrimento acetabular sobre a
cabeça femoral por meio de giro da porção acetabular pélvica, manter a arquitetura e
a congruência
normais da cabeça femoral e do acetábulo e impedir o
desenvolvimento de artropatia degenerativa (OLMSTEAD, 1998) .
62
FIGURA 38 - ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA OSTEOTOMIA
PÉLVICA TRIPLA.
LEGENDA: A: posição das osteotomias; B: estabilização com uma placa óssea. FONTE: FOSS UM et
al., 2008.
No período pós-operatório, é indicado o exercício em casa ou passeios com
coleira por quatro a seis semanas, tempo no qual o lado oposto é operado, se
necessário. Em filhotes de quatro a sete meses gravemente displásicos, o lado
oposto deve ser operado em duas a três semanas, já que as estruturas ósseas e
cartilagíneas estão remodelando-se rapidamente (PIERMATTEI, FLO, DECAMP
2006).
Após a osteotomia tripla, os pacientes apresentam uma melhor estabilidade
biomecânica. Os resultados positivos desta técnica devem-se à redução da
magnitude das forças que atuam sobre a AC, em conjunto com o aumento da
cobertura da cabeça do fêmur (RIBEIRO, 2009). Segundo Tarvin e Lenehan (1996),
a osteotomia tripla proporciona o realinhamento do acetábulo para melhorar a
63
congruência da AC e assim aumentar a estabilidade dessa articulação. Porém
algumas complicações possam estar associadas como a constipação, a estrangúria,
as paralisias dos nervos ciático e glúteo, e as falhas de implante. O repouso e o
confinamento estritos e o uso de tranquilizantes até a primeira avaliação radiográfica
ajudam a reduzir a falha de implante (TRAVIN & LENEHAN, 1990).

Osteotomia Intertrocantérica
Este procedimento é indicado para cães jovens em idade de desenvolvimento
corporal com diagnóstico de subluxação e com aumento do ângulo de inclinação
e/ou torção femoral. É realizado na região intertrocantérica femoral, com objetivo e
corrigir o ângulo de inclinação ou ângulo de torção femoral. Trazendo o colo femoral
mais perpendicular ao corpo femoral e reduzindo a anterversão (SILVA, 2006), a
cabeça femoral pode ser colocada mais profundamente dentro do acetábulo, e as
forças que atuam em qualquer área óssea a cartilagínea do acetábulo e da cabeça
femoral podem ser reduzidas pela distribuição das cargas de sustentação de peso
por meio da congruência maior sobre uma porcentagem maior da cartilagem articular
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
Segundo Prieur (1996), a osteotomia intertrocantérica é melhor realizada no
nível do trocânter menor por duas razões, a primeira é que pode-se corrigir
idealmente uma má formação do fêmur proximal em todos os três planos nessa área
sem alterar a forma do eixo femoral, e a segunda é que a cura óssea no osso poroso
é mais rápida. Como é difícil de fixar o pequeno segmento ósseo proximal ao eixo é
realizada a fixação com o uso de uma placa de gancho duplo que permita a
compressão do intervalo da osteotomia.
O propósito desta cirurgia é melhorar a biomecânica da AC e reduzir a dor
coxofemoral, sendo mais eficaz quando realizada antes que DAD esteja presente
(PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
Após a cirurgia o paciente deve ser afastado de exercícios por oito semanas.
Um número significante de pacientes não apresenta dor e permanece com
mobilidade normal, porém alguns pacientes desenvolvem artropatia degenerativa
(OLMSTEAD, 1998).
64
Segundo Ribeiro (2009) estudos clínicos retrospectivos relatam taxas de
sucesso de 80 a 90%, quando os pacientes são examinados até 3 anos após as
cirurgias. Porém, outros estudos indicam resultados contraditórios quando os
pacientes são avaliados 4 anos após a cirurgia, afirmando alguns autores ser uma
técnica com um limite de 2 anos de funcionalidade. Por estes resultados serem
pouco claros é uma técnica pouco utilizada (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006;
RIBEIRO, 2009).

Substituição Total da Articulação Coxofemoral
Segundo Minto (2006), a prótese total da AC representa dos EUA e maioria
dos países da Europa, atualmente, uma das técnicas mais utilizadas para o
tratamento cirúrgico de DCF em cães, no entanto, no Brasil, esta técnica ainda é
pouco difundida, principalmente por ser um tratamento que exige treinamento
especificado e implantação de materiais protéticos.
Este procedimento é indicado em animais de grande porte acima de 12 a 14
meses de idade, pois ele não deve ser praticado antes que as metáfises estejam
fechadas. Não existe limite etário superior, porém deve-se avaliar o animal idoso
quanto a doenças sistêmicas. É considerada uma cirurgia de recuperação, utilizada
quando a AC não pode mais ser recuperada, e por isso é removida e substituída
Este procedimento exige um alto grau de habilidade técnica e o uso de boas
técnicas assépticas e cirúrgicas para que se obtenha sucesso, proporcionando uma
articulação indolor e mecanicamente sadia para toda a vida do paciente
(OLMSTEAD, 1998; HULSE & JOHNSON, 2002; FOSSUM et al., 2008).
Esta técnica consiste na substituição de uma articulação coxofemoral
degenerativa pôr uma prótese acetabular em cálice e uma prótese femoral
(PIERMATEI, FLO, DECAMP 2006; HULSE & JOHNSON, 2002) (FIGURA 39). O
implante é precedido pela remoção da cabeça e colo femorais e preparação do
acetábulo e canal medular femoral através de escavação e amoldamento para
receber os implantes (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006), é uma cúpula acetabular
de polietileno de alta densidade e um componente femoral composto de cabeça e
haste femorais de aço inoxidável ou titânio (MINTO, 2006).
65
FIGURA 39 - RADIOGRAFIA DE UM CÃO APÓS A CIRURGIA DE SUBSTITUIÇÃO
TOTAL DA AC.
FONTE: FOSS UM et al., 2008.
PÓS-OPERATÓRIO: Após a cirurgia o animal deverá permanecer sem
atividades durante um mês, isto permite que os tecidos moles cicatrizem, ganhem
força e poder se sustentação. Na maioria dos casos os animais sentem um alívio
significativo na articulação, não necessitando então da substituição no outro membro
(OLMSTEAD, 1998; RIBEIRO, 2009). Recomenda-se o uso de antibióticoterapia
com cefalosporinas, sempre associado a analgesia e antiinflamatórios, por pelo
menos 14 dias, para que o paciente sinta-se mais confortável em usar o membro
(RIBEIRO, 2009; PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
As contra indicações consistem em artrite séptica e doenças neurológicas
significativas ou progressivas (FOSSUM et al., 2008). A vantagem da prótese total
de AC seria reduzir permanentemente a fonte de dor, de ter uma baixa taxa de
complicações pós-cirúrgicas e dos pacientes poderem utilizar o membro com
aparente normalidade logo após a cirurgia (RIBEIRO, 2009). A grande desvantagem
66
é o fato de ser uma cirurgia bastante dispendiosa, muitas vezes financeiramente
proibitiva (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).

Alongamento Do Colo Femoral
O alongamento do colo femoral tem sido proposto como tratamento primário
para cães displásicos que têm cobertura acetabular dorsal adequada, mas com
articulações coxofemorais instáveis devido à força muscular insuficiente para impedir
a subluxação coxofemoral. Candidatos adequados para alongamento colo femoral
devem ter ângulo de subluxação de 0° ou menos, e ângulo de borda acetabular
dorsal normal, prejudicando a desejada congruência articular. Se o ângulo de
rotação acetabular necessário para impedir o sinal de Ortolani exceder 30°, é
provavelmente melhor acrescentar comprimento ao colo femoral do que exceder 30°
de rotação, já que fazer isto cria problemas com a abdução da articulação
coxofemoral. O objetivo da técnica é redirigir a cabeça femoral, para que esta se
acople adequadamente ao acetábulo. Alguns cães com DCF tendem a ter o colo do
fêmur mais curto, o que permite o movimento lateral da cabeça do fêmur e
subsequente luxação (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006 ; RIBEIRO, 2009; SILVA,
2006; SILVA, 2011).
PÓS-OPERATÓRIO – No período pós-operatório, o cão é confinado a casa
ou coleira por quatro a seis semanas. O lado oposto é operado após três ou quatro
semanas, se indicado (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006; RIBEIRO, 2009).

Denervação
Denervação, em termos genéricos, é um procedimento cirúrgico que consiste
na ressecção ou remoção dos nervos ou ramos nervosos, seja de um órgão,
articulação ou de qualquer outra parte do organismo. A desnervação capsular está
entre as técnicas cirúrgicas que promovem alívio da dor e baseia-se na
67
desperiostização da borda acetabular cranial e dorsal (MINTO et al., 2012; SILVA et
al., 2012).
A região craniolateral da cápsula articular canina é o local que recebe maior
tensão e, possuidor do maior número de receptores da dor, portanto, a porção
caudolateral e ventral contribuem muito pouco para sensação de dor em casos de
displasia coxofemoral. Sendo assim, foi desenvolvida uma técnica de denervação
capsular para alívio da dor em cães displásicos (MINTO et al., 2012).
Segundo Minto (2012), Kinzel e Küpper relataram a técnica de denervação da
cápsula articular coxofemoral, que consiste na neurectomia seletiva de fibras
sensitivas da região peri-capsular, pela curetagem do periósteo que se encontra no
osso coxal, margeando craniodorsalmente o acetábulo, seccionando os ramos do
nervo glúteo cranial e parte dos ramos do nervo ciático. Com isto, induz-se analgesia
permanente, reativando a atividade dinâmica da articulação.
Segundo Silva (2011), e Minto (2012), um estudo de 2002 realizado também
por Kinzel e Küpper utilizando a denervação da cápsula, mostrou 269 cães que
apresentavam a sintomatologia dolorosa e dificuldade de movimentação dos
membros posteriores devido à DCF e a DAD, proporcionou alívio imediato da dor e
desenvolveu a movimentação normal dos membros pélvicos a 92% dos animais.
A denervação acetabular seletiva é uma alternativa terapêutica eficaz no
controle da dor ocasionada pela displasia coxofemoral canina, melhorando a
qualidade de vida dos animais, além de ser um procedimento cirúrgico relativamente
simples e rápido, que apresenta pouca ou nenhuma complicação trans e pósoperatória (MINTO et al., 2012).

Excisão de Cabeça e Colo Femorais ou Colocefalectomia
Consiste na remoção da cabeça e colo femorais, com o objetivo de permitir a
formação de pseudo-articulação fibrosa é também denominada de excisão
artroplástica ou ostectomia da cabeça e colo femorais. A dor é aliviada pela
eliminação de contato ósseo entre o fêmur e a pelve, à medida que um tecido de
68
cicatrização se interpõe. Por causa do leve encurtamento do membro e alguma
perda da taxa de movimentação, alguma anormalidade na ambulação ainda
persiste. O procedimento pode ser realizado bilateralmente, preferivelmente
separado pelo intervalo de oito a dez semanas (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006;
RIBEIRO 2009) (FIGURA 40).
Como o procedimento não reconstrói uma AC intacta, não se pode esperar
que reproduzisse uma função articular normal, portanto Vasseur (1996), não
recomenda o procedimento para os cães dos quais se exija um desempenho maior
do que o normal.
FIGURA 40 - ILUSTRAÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA OSTECTOMIA DA CABEÇA
E COLO DO FÊMUR.
LEGENDA: A: retirada do M. bíceps femoral e M. tensor da fáscia lata; B: incisão no M. vasto lat eral;
C: incisão da cápsula articular e realização da ostectomia. FONTE: FOSSUM et al., 2008.
Segundo Fossum (2008) deve ter cuidado no tratamento de animais jovens
com este procedimento, pois uma porcentagem significativa melhora com a idade,
porém não há diretrizes específicas influentes para o uso da ostectomia da cabeça e
colo femorais, embora pacientes menores, rotineiramente, apresentam resultados
melhores do que pacientes maiores, gigantes, nas quais outros procedimentos foram
ineficazes ou são impraticáveis.
69
PÓS-OPERATÓRIO – O uso ativo e prematuro do membro é necessário. Exercícios
de movimentação passiva, prescritos de 20 a 30 vezes, quatro vezes ao dia, são
iniciados imediatamente e continuados até que o cão ou gato possam sustentar
peso durante corrida, caso em que estará fazendo a sua própria fisioterapia. A
caminhada em coleira e a liberdade para o animal mover-se em área limitada são
estimulados até a remoção da sutura. Após duas semanas de pós-operatório,
exercícios ativo como natação e corrida é estimulado. Os animais comumente
estarão tocando o solo com os dedos em dez a 14 dias, sustentando o peso em três
semanas, e usando o membro ativamente em 4 semanas. Quando as operações
bilaterais são indicadas, elas devem ser feitas com intervalo de 8 a 10 semanas. Em
alguns casos, será necessário adiar ainda mais a segunda cirurgia até que o uso do
membro operado tenha sido atingido. Em casos de dor grave de problemas
bilaterais, excisões bilaterais podem ser feitas simultaneamente. O pós-operatório é
difícil, já que leva vários dias para que tais animais se movimentem. Este cuidado é
muito fácil em cães de raças menores (por exemplo, com menos de 25Kg de peso
corporal) (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006).
70
4. RELATO DE CASO
Paciente: Hanna Montana
Idade: 8 meses
Espécie: Canino
Raça: Rottweiler
Sexo: Fêmea
Peso: 35 Kg
4.1. HISTÓRICO E ANAMNESE
A responsável pela paciente Hanna (FIGURA 41) chegou ao HUVET no dia
18 de Fevereiro de 2014, para uma consulta clínica do animal, relatando que o
animal havia acabado de passar pelo cio e que há aproximadamente 15 dias estava
claudicando do membro pélvico esquerdo (MPE), após escorregar no pátio. Relatou
que demonstrava dor e que desde então nem brincava mais direito. Fez o uso de
Maeloxican durante 6 dias, porém em subdose de 0,05mg/kg (1 comprimido de 2mg
por dia). A responsável se queixa que a paciente possui calo de apoio presente em
membro pélvico direito (MPD) e de secreção nos olhos . Animal vermifugado e
vacinado, possui seis contactantes em casa, alimentando-se somente de ração,
normofagia, normoúria, normodipsia e normoquesia. Animal não castrado.
71
FIGURA 41 – PACIENTE HANNA MONTANA
FONTE: PRÓPRIO AUTOR
4.2. EXAME FÍSICO
Ao exame físico paciente apresentava 38,5ºC de temperatura retal, a ausculta
cardiopulmonar sem alterações, mucosas normocoradas, Tempo de Preenchimento
Capilar (TPC) 2 segundos, sem alteração de pele, palpação abdominal revelou sem
conteúdo intestinal e bexiga repleta, palpação de linfonodos indicou normalidade de
morfologia.
4.3. EXAMES COMPLEMENTARES
Foi solicitado radiografia de região da articulação coxofemoral e da
articulação fêmuro-tíbio-patelar nas posições ventrodorsal e laterolateral, para
confirmar a suspeita de luxação coxofemoral. A radiografia foi realizada em um
Centro de Diagnóstico por Imagem da região, pois o HUVET estava sem o químico
necessário para a revelação do filme radiográfico.
O exame radiográfico (FIGURAS 42, 43) indicou leve arrasamento da fossa
acetabular esquerda, e fossa acetabular direita dentro da normalidade, cabeça
72
femoral direita e esquerda preservadas, colo femoral direito e esquerdo sem
alterações, articulação coxofemoral com luxação crânio-dorsal em articulação
esquerda e a articulação fêmuro -tíbio-patelar sem alterações. Animal não foi
submetido ao procedimento anestesiológico para seu posicionamento. Hipótese
diagnóstica indicou Luxação e Displasia Coxofemoral.
FIGURA 42 – RADIOGRAFIA DE MPE, ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL E
FÊMUR-TIBIO-PATELAR
FONTO: PRÓP RIO AUTOR, 2014.
73
FIGURA
43-
RADIOGRAFIA
MPE,
ARTICULAÇÃO
COXOFEMORAL
ESQUERDA.
LEGENDA: flecha 1 indica luxação da AC esquerda, com cabeça femoral deslocada
cranialmente; flechaa 2 indica arrasamento acetabular. FONTE: PRÓPRIO A UTOR
4.4. MEDICAÇÃO ADMINISTRADA E PRESCRITA
Foi administrado tramadol 2,0mg/kg IM (1,4ml), e prescrito carprofeno 75mg
(2,1mg/kg) (um comprimido por VO, BID, durante 7 dias), tramadol 100mg
(2,1mg/kg) (três quartos do comprimido por VO, BID, durante 5 dias), dipirona
1000mg (um comprimido por VO, BID, durante 5 dias) e condroton 1000mg (duas
cápsulas por VO, pela manhã e uma a tarde, durante 30 dias).
74
Foi recomendada uma avaliação com o serviço de ortopedia do HUVET, para
melhor acompanhamento do caso.
4.5. AVALIAÇÃO ORTOPÉDICA
A paciente fez uma avaliação com a equipe de cirurgia ortopédica do HUVET
no dia 20 de Fevereiro de 2014. No exame ortopédico indicou hipotrofia muscular de
MPE, sem realização de movimento de flexão, extensão e adução, pois o animal
estava com muita dor, movimento de gaveta negativo, compressão tibial negativo e
teste de Ortolani positivo.
A suspeita da equipe confere Displasia Coxofemoral após o exame
ortopédico. É orientado continuar com as medicações prescritas, vinc ulado a
realização de procedimento cirúrgico de Colocefatectomia (Ostectomia de Cabeça e
Colo Femorais). Solicitado coleta de sangue para exames pré-operatórios dia 27 de
Fevereiro e pré agendamento da cirurgia para o dia 11 de Março de 2014.
A paciente fez a primeira consulta dia 18 de fevereiro, o exame ortopédico dia
20 de fevereiro, e por estar com a agenda de procedimentos cirúrgicos repleta na
semana seguinte do exame, foi pré-agendada a cirurgia para depois do recesso de
carnaval (que foi do dia 28 de fevereiro até o dia 10 de março).
4.6. TRATAMENTO CIRÚRGICO
O tratamento de escolha para este caso foi o cirúrgico, os responsáveis
concordaram e estavam otimistas com os resultados que este tratamento poderia
trazer a paciente. A técnica escolhida pela veterinária responsável para realização
da cirurgia foi a Ostectomia de Cabeça e Colo Femorais (Colocefalectomia), pois
como já citado ela permite a formação de uma pseudo -articulação fibrosa, e alivia a
dor pela eliminação do contato ósseo que existe entre a pelve e o fêmur, de acordo
com o tecido de cicatrização que vai se interpondo. Essa técnica é bastante utilizada
75
na rotina ortopédica do HUVET, devido os bons resultados obtidos na utilização da
mesma.
A colocefalectomia foi realizada dia 11 de Março de 2014. Num primeiro
momento, a avaliação dos anestesistas nos exames de hemograma e bioquímico da
paciente, mostrou que estavam com algumas alterações. Hanna estava com o valor
do VMG (Volume Globular Médio) inferior ao valor de referência (33,7% - Valor de
Referência: 37-55%) e da Leucometria Global superior ao valor de referência
(25.600/µL – Valor de Referência: 6-17 (11,5) x 10³/µL) (FIGURA 44).
FIGURA 44 - IMAGEM DO RESULTADO DO HEMOGRAMA DA PACIENTE
HANNA MONTANA. EM DESCAQUE OS VALORES DO VGM E DA
LEUCOMETRIA GLOBAL, QUE ESTÃO FORA DOS VALORES DE REFERÊNCIA.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (E XAME DO LABORA TÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DO
HUVE T-UFF).
76
O exame de sangue foi realizado dia 28 de Fevereiro, na semana anterior a
cirurgia, por isso foi realizado outro exame para a confirmação desses resultados, e
caso ainda permanecessem inferiores a cirurgia não seria realizada, porém os
resultados dos exames realizados na manhã da cirurgia mostraram normalidade nos
parâmetros, e a cirurgia pôde ser realizada no período da tarde.
4.6.1. PROCEDIMENTO C IRÚRGICO
Como foi oferecido alimento para a paciente pela manhã e, por apresentar-se
muito agitada foi utilizado acepromazina 0,02mg/kg (0.35ml IM) e morfina 0,5mg/kg
(1,75ml IM) como MPA (Medicação Pré-Anestésica).
A indução anestésica foi feita com etomidato 1mg/kg (17,5ml IV) e midazolam
0,5mg/kg (3,5ml IV) , a anestesia regional (epidural) foi morfina 0,1mg/kg (0.35ml) e
lidocaína 4mg/kg (7,15), a manutenção foi feita com isoflurano 1,5% e analgesia
intraoperatória de fentanil 5mg/kg (3,5ml IV), caso necessário.
4.6.1.1.
TÉCNICA C IRÚRGICA – COLOCEFALECTOMIA
Após a administração da MPA, na sala de pré operatório, foi realizada a
tricotomia do MPE inteiro, a tricotomia no MTD para o acesso venoso e, a tricotomia
na região lombosacra para a epidural.
Já na mesa cirúrgica em decúbito lateral direito, com o MPE suspenso, foi
feita uma bandagem na região do metacarpo com gaze, esparadrapo e compressas
para permitir uma melhor movimentação do membro durante o procedimento
cirúrgico. Foi feita a antissepsia (FIGURA 45) com clorexidine e álcool e, colocado os
quatros campos cirúrgicos, montando a fenda cirúrgica para a incisão do
procedimento.
77
FIGURA 45 - IMAGEM DA ANTISSEPISIA REALIZADA PRA A CIRURGIA DE
COLOCEFALECTOMIA DA PACIENTE HANNA MONTANA. CASO
ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE
FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR
Em abordagem crâniolateral modificada para a AC para uma melhor
exposição do colo femoral, realizou-se a incisão (FIGURA 46), com bisturi e lâmina
24, levemente curva cranialmente e dorsalmente ao trocânter maior. Soube-se que
estava na posição correta pela presença de tecido gorduroso do músculo glúteo
superficial (FIGURA 46). Foi preciso limpar a gordura do acesso com tesoura de
Mayo curva e gaze para auxiliar no afastamento da gordura, até chegar na
musculatura. Chegando na musculatura, divulcionou a gordura, para se ter um
acesso melhor da fascia lata. Pela paciente apresentar muito tecido gorduroso foi
mais difícil chegar na localização certa da AC. Na fascia lata, incisou-se com a
tesoura de Mayo curva ao longo da borda cranial do músculo bíceps femoral
prosseguindo proximal ao longo da borda (FIGURA 46). Afastou-se caudalmente o
78
músculo vasto lateral, o músculo glúteo médio e o músculo glúteo profundo com o
afastador de Gelpi, para expor a cápsula articular (FIGURA 46). No decorrer do
procedimento, com uma pinça anatômica e o bisturi elétrico foi feita a cauterização
dos vasos.
FIGURA 46 - IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA
PACIENTE HANNA MONTANA. CASO ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO
DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
LEGENDA: 1: incisão; 2: presença de t ecido gorduroso; 3: incisão com a tesoura de Mayo
curva na fascia lata; 4: afastando o M. vasto lateral, M. glúteo médio e glúteo profundo com o
afastador de Gelpi. FONTE: PRÓPRIO A UTOR
Com a visualização da cápsula articular, fe z-se a incisão com o bisturi
(FIGURA 47), e observou-se o extravazamento do líquido sinovial (FIGURA 47).
79
Com uma compressa foi limpo o que extravazou do líquido sinovial para a
visualização da cabeça femoral. Possuindo uma sangramento moderado foi feita a
hemostasia com pressão aplicada com um tampão de gaze. Foi reduzida a luxação
da AC, para posicionar a cabeça femoral dentro do acetábulo (FIGURA 47), neste
momento a visualização do colo femoral foi como o esperado para a realização da
excisão (FIGURA 47).
FIGURA 47 - IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA
PACIENTE HANNA MONTANA. CASO ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO
DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
LEGENDA: 1: incisão na cáps ula articular; 2: flecha indica presenç a de líquido sinovial; 3: redução da
luxação para posicionamento de cabeça e colo femorais 4: flecha indica visualizaç ão da cabeça e
colo femorais. FONTE: PRÓP RIO AUTOR
Posicionou-se caudalmente e medialmente ao colo femoral um formão médio
e, segurando-o cranialmente (FIGURA 48). Com um martelo fez-se batidas únicas
até o rompimento do colo femoral (FIGURA 48). Quando o colo se rompeu, pinçouse a cabeça femoral com um pinça Backhaus para retirá-la (FIGURA 49), fazendo
80
movimentos rotacionais, para que se estivesse algo prendendo a cabeça femoral,
fosse rompido. Ao retirar a cabeça e o colo femorais (FIGURA 49), observou-se que
uma porção do colo ainda estava presente no membro, então com um desgastador
ósseo, fez-se a curetagem removendo quaisquer resquícios do colo femoral.
FIGURA 48 - IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA
PACIENTE HANNA MONTANA. CASO ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO
DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
LEGENDA: 1: posicionamento do formão; 2: posicionamento do martelo e do formão. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR
81
FIGURA 49 - IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA
PACIENTE HANNA MONTANA. CASO ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO
DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
LEGENDA: 1: flecha indic a visualização da cabeç a e colo femorais já soltos ; 2: cabeça e colo
femorais retirados da A C. FONTE: PRÓP RIO AUTOR
Movimentando o MPE, e palpando a região da excisão do colo, observou-se
se não existia alguma possível irregularidade óssea que possa vir a trazer
desconforto à paciente.
A sutura da cápsula articular da cápsula articular escolhida foi a Sultan para
diminuir o espaço morto, com fio de nylon (os procedimentos ortopédicos feitos no
HUVET, sempre
utilizam o
nylon, por observarem que
muitos
pacientes
apresentaram reação ao vicryl). Sutura simples contínua na face do glúteo profundo
e também para aproximar o músculo tensor da fascia lata com o músculo glúteo
superficial (FIGURA 50). Para o subcutâneo utilizou-se a sutura intradérmica
(FIGURA 50). Após o término a feria cirúrgica foi limpa com iodo e o animal é levado
para a sala de pós operatório.
82
FIGURA 50 - IMAGEM DA CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA
PACIENTE HANNA MONTANA. CASO ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO
DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
LGENDA: 1: sutura simples cont ínua na musculatura; 2: sutura intradérmica. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR
4.6.2. PÓS-OPERATÓRIO
A paciente acordou bem, agitada, aparentemente no seu normal, com 36,9ºC
de temperatura, mucosas normocoradas. Foi prescrito cefalexina 500mg (28mg/kg)
(dois comprimidos por VO, BID, durante 10 dias), mantido o carprofeno 75mg
(2,1mg/kg) (um comprimido por VO, BID, durante 5 dias) e a dipirona 1000mg (um
comprimido por VO, BID, durante 5 dias), tramadol 50mg (dois comprimidos por VO,
TID, durante 5 dias) e merthiolate Spray (uso tópico) na ferida. A responsável foi
orientada a limpara a ferida cirúrgica duas vezes ao dia e passar o Merthiolate®,
fazer restrição de espaço ara repouso absoluto e, retorno em 3 dias para avaliação
da paciente. Solicitado uma radiografia simples pós-operatória para avaliação da
correção cirúrgica da afecção. Não foi orientado a proprietária a procurar nenhum
tratamento de suporte como fisioterapia ou acupuntura, apenas que ela fizesse a
restrição de espaço da paciente.
83
4.6.3. RETORNOS
A paciente retornou no HUVET dia 14 de Março para avaliação pós-operatória
com a equipe de ortopedia. Bem agitada, mas clinicamente bem, ainda não
apoiando o MPE adequadamente. Responsável relatou que o animal estava em
restrição de espaço, mesmo assim consegui romper um ponto da cirurgia (FIGURA
51), mas a veterinária ortopedista que havia feito a cirurgia orientou que isso não
afetaria na cicatrização, e que era para manter a limpeza da ferida cirúrgica e a
aplicação o merthiolate. Foi prescrito dexclorfeniramina 25mg (dois comprimidos,
TID, até a retirada dos pontos em 7 dias), por solicitação da responsável que
alegava que a paciente estava muito mais agitada e agressiva e, segundo a
veterinária responsável ela ficaria mais tranquila com a administração deste
medicamento.
FIGURA 51 - IMAGEM DA DEISCÊNCIA DA SUTURA INTRADÉRMICA, DA
CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA PACIENTE HANNA MONTANA. CASO
ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE
FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR
84
Hanna voltou mais duas vezes no HUVET para o acompanhamento da ferida
antes da retirada dos pontos, e novamente deiscência de mais dois pontos, a
veterinária manteve a orientação de que não seria necessária refazer a sutura, e a
cicatrização seria mais lenta.
Após esse período de uma semana depois do procedimento cirúrgico, a
paciente não retornou ao HUVET na data marcada para a retirada dos pontos que
ainda restavam e avaliação.
O retorno da paciente para a retirada dos pontos (FIGURA 52) foi dia 15 de
Abril, a responsável relatou que a paciente não melhorou como o esperado, ela
continuava claudicando e sentia dor para se levantar. Apesar de ter sido solicitado a
radiografia de pós-operatório a responsável não realisou por problemas financeiros
para custear o exame.
FIGURA 52 - IMAGEM DA CICATRIZAÇÃO DA SUTURA INTRADÉRMICA, DA
CIRURGIA DE COLOCEFALECTOMIA DA PACIENTE HANNA MONTANA. CASO
ACOMPANHADO DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR DE 17 DE
FEVEREIRO ATÉ 25 DE ABRIL DE 2014.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR
85
5. DISCUSSÃO
A paciente canina Hanna Montana chegou ao HUVET para uma consulta
clínica, e por esta razão primeiramente foi realizado atendimento clínico, com a
realização do exame físico e solicitação do exame complementar radiográfico e a
prescrição de fármacos que diminuíssem o desconforto e a dor que a paciente
estava sentindo. Ainda no mesmo dia, após a realização do exame radiográfico em
outro estabelecimento, a responsável voltou ao HUVET para mostrar a radiografia, e
assim a veterinária que os atendeu primeiramente, avaliou-a e suspeitou de luxação
e displasia coxofemoral, indicou que a paciente fizesse uma consulta com o serviço
de ortopedia do HUVET.
Segundo Silva (2011), a DCF é uma alteração do desenvolvimento que afeta
a cabeça e colo femoral e o acetábulo. Entre as raças mais acometidas encontra-se
o Rotweiller. Os sinais clínicos geralmente observados em pacientes jovens, de até
12 meses de idade, são dor, claudicação dos MP e diminuição da atividade física.
Exatamente por essas informações e sinais clínicos que a veterinária que fez o
atendimento clínico suspeitou de luxação e solicitou uma radiografia para
confirmação, já que Hanna apresentava esses sinais.
Motta (2009) cita que o uso de medicamentos antiinflamatórios não
esteroidais faz parte da terapêutica conservadora, tendo o papel de analgesia,
reduzir a dor articular. A administração de tramadol IM teve por objetivo aliviar a dor
articular que a paciente estava sentindo, e para continuar este tratamento
medicamentoso foi prescrito o carprofeno, tramadol e dipirona. O uso de
condroprotetores pode ser descrita como opção terapêutica (AGOSTINHO, DUARTE
& CORREA, 2010), por isso também foi prescrito o condroton.
O diagnóstico definitivo é realizado através do exame radiográfico da
articulação coxofemoral, em posição ventro-dorsal, com os membros pélvicos
estendidos
e
paralelamente
entre
si,
ao
chassi
e
à
coluna
vertebral,
preferencialmente com o animal sob sedação (PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006;
AGOSTINHO, DUARTE & CORREA, 2010). Entretanto na realização do exame
radiográfico da Hanna não foi realizado procedimento anestesiológico, e isso alterou
86
o posicionamento correto da AC. Agostinho, Duarte & Correa (2010) ainda citam que
a alteração inicial da AC é visualizado somente aos seis/nove meses de idade,
embora cerca de 80% dos cães displásicos só mostrem evidências radiológicas aos
12 meses e alguns somente aos 24 meses. A idade mais recomendada para o
diagnóstico da DCF é aos 18 meses. Isso explica que muitas vezes nos achados
radiográficos não se encontra m os sinais específicos da DCF, que seria o
arrasamento acetabular, incongruência da articulação, alteração no contorno da
cabeça femoral e luxação ou subluxação (KEALY & MCALLISTER, 2005). E isso se
aplica visivelmente na radigrafia da paciente, onde visualiza-se somente a luxação
da cabeça femoral esquerda e o leve arrasamento acetabular, porém a luxação é
totalmente mais evidente.
O exame ortopédico como método de avaliar a presença, ou não, da
frouxidão articular (SILVA, 2011), relevou a hipotrofia muscular e o teste de Ortolani
positivo, porém não foi possível acompanhar o exame ortopédico por estar
auxiliando em outro procedimento, o que não me dá poder para discutir o que foi
feito. E sem mais exames houve o pré agendamento da cirurgia.
A técnica de escolha, colocefalectomia, na verdade não foi muito discutida,
uma vez que para essa afecção esta é uma técnica sempre utilizada nos
procedimentos cirúrgicos do HUVET, porém Bojrab (1990) cita que esta técnica se
aplica melhor em cães de pequeno porte e gatos, pois em sua experiência com cães
de grande porte, acima de 20kg, os resultados desta técnica não são tão previsíveis
e raramente são tão satisfatórios quanto em pacientes menores. Bojrab (1990) ainda
cita que a colocefalectomia tem-se empregado muito para tratamento da DCF para
aliviar a dor associada com a instabilidade articular, porém como esses cães são
geralmente grandes, sua técnica de escolha é osteotomias pélvicas ou femorais para
corrigir as deformidades ósseas e criar uma articulação estável. Segundo Piermattei,
Flo, DeCamp (2006), a colocefalectomia é um procedimento irreversível, e é
frequentemente a primeira escolha de tratamento para um animal adulto. Mas
analisando o caso da Hanna, se obervarmos melhor a radiografia, notamos que não
existe nenhuma deformidade óssea, e o arrasamento acetabular quase não é
notável, isso faz se questionar se não poderia ser somente uma luxação
coxofemoral.
87
Com este pensamento julgo que a técnica mais indicada para este caso seria
a osteotomia tripla (ou osteotomia pélvica), como Bojrab (1990) também citou, uma
vez que esta técnica deva ser empregada em animais com até oito meses de idade,
a fim de se obter vantagem da capacidade de remodelamento dos ossos imaturos, e
antes que a cartilagem articular fique gravemente lesada (RIBEIRO, 2009;
PIERMATTEI, FLO, DECAMP 2006). Esta é uma técnica muito indicada para cães
jovens, com sinal de luxação e alterações ósseas na AC, tais sinais que mostram a
instabilidade articular, segundo Piermattei, Flo, DeCamp (2006).
O pós operatório da paciente, foi um tanto quanto insatisfatório, pois demorou
cerca de um mês para a cicatrização da ferida cirúrgica, e a paciente ainda não
estava apoiando totalmente o MPE. Talvez faltou ter sido comentado ou indicado
algum tratamento de suporte, como a fisioterapia e a acupuntura, como Motta (2009)
sugere ser fundamental, uma vez que a introdução de exercícios de fisioterapia
passivos, natação e caminhadas lentas ajudam a estimular a utilização do membro.
Julgo que a equipe de ortopedia, não se mostrou atenta ao caso específico da
paciente Hanna, mas que apenas reconheceu ser mais um caso de displasia
coxofemoral e assim seguir com o protocolo cirúrgico sempre utilizado. Isso nos
mostra que sempre devemos avaliar o caso como um todo, conhecendo a afecção,
sua etiologia, sinais clínicos mais evidenciados, seus métodos de diagnósticos, e
principalmente, avaliar qual seria a melhor técnica cirúrgica especificamente para o
caso, sem esquecer que o pós operatório também deve ser discutido, pois a
recuperação da paciente após o procedimento cirúrgico também é muito importante,
para o tratamento da afecção.
88
CONCLUSÃO
O estágio curricular supervisionado, junto aos cinco anos de estudos teóricos e
práticos transmitidos pelo curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná, além dos estágios extracurriculares, tem o objetivo de moldar o aluno para
exercer a profissão de Médico Veterinário, e também proporciona experiências da
rotina da futura profissão, o que é de grande importância.
A displasia coxofemoral tem sido amplamente estudada e pesquisada,
principalmente devido à alta incidência com que tem se manifestado. O diagnóstico
final que será baseado nos achados radiográficos associados a sintomatologia, e o
tratamento instituído de acordo com a seriedade da sintomatologia.
É importante que o clínico veterinário avalie todas as possibilidades de
tratamento para cada animal, sem utilizar protocolos de tratamento. Investigar,
avaliar, analisar e estudar o caso do paciente deve ser a rotina para cada
tratamento, pois cada paciente tem sua particularidade e temos que saber como
conduzi-las, para realizar o melhor tratamento, buscando sua eficácia do mesmo.
89
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO, C. I.; DUARTE, A. M. ; CORRÊA, G. F.
Displasia Óssea –
Tratamentos e Métodos Radiográficos na Incidência de Displasia Coxofemoral
em Cães. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, 15 de Julho de
2010.
Disponível:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/vsQ1EUHjXZMj4i0_20
13-6-25-16-35-4.pdf. Acesso em: 26 de Maio, 2014.
BARTLOW,
T.
G;
Neonatal
Hip
Dysplasia
-
Treatment,
Results
and
Complications – 1975. President F C Dwyer Mch(orth) FRCS, Section of
Orthopaedics
Disponível:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1863848/?page=1 Acesso em : 26 de
Maio, 2014.
BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Clínica de Pequenos Animais. 1. ed. São
Paulo: ROCA, 1998, p. 1135.
CHAGAS, B. B; VAZ, T. H. X. Métodos por Imagem no Diagnóstico da Displasia
Coxofemoral
Canina,
2012
-
Artigo
de
Radiologia.
Disponível:
http://famesp.com.br/novosite/wpuploads/2011/12/Artigo_Radiologia_nov2012.pdf
Acesso em: 23 de Maio, 2014.
CORR, S.; Hip dysplasia in dogs: treatment options and decision making ,
2007.
Disponível:
http://www.petwave.com/Dogs/Health/Hip-
Dysplasia/Treatment.aspx Acesso em : 20 de Abril, 2014.
DENNY, H.R.; BUTTERWORTH, S. J. Cirurgia Ortopédica em Cães. 4. ed. São
Paulo: Roca, 2006, p. 353 – 357.
DONE, S.H., GOODY, P.C., EVANS, S.A. & STICKLAND, N.C. Atlas colorido:
Anatomia Veteriníria do Cão e do Gato. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.
DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENDING, C. J. G. Tratado de Anatomia Veterinária.
4. ed. São Paulo: Elsevier, 2010, p. 490 – 492.
90
FARROW S. C. Veterinária Diagnóstico por Imagem do Cão e Gato. 1. ed. São
Paulo: Roca, 2006, p. 343 – 345.
FERRIGMO, R. A.; SCHMAEDECKE A.; OLIVEIRA, M.; D’ÁVILA , R. S.;
YAMAMOTO, E. Y.; SAULT, J. P. Denervação acetabular cranial e dorsal no
tratamento da displasia coxofemoral em cães: 360 dias de evolução de 97
casos.
Pesq.
Vet.
Bras. vol.27 nº.8 Rio
de
Janeiro Aug. 2007
Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100736X2007000800003&script=s
ci_arttext Acesso em : 20 de abril, 2014
FOSSUM, T. W.; HEDLUND, C. S.; JOHNSON, A. L.; SCHULZ, K. S.; SEIM, H. B.;
WILLARD, M. D.; BAHR, A.;CARROLL, G. L. Cirurgia de Pequenos Animais. 3. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 1233 – 1246.
FROES, T. R.; Diagnóstico Radiográfico das Doenças Articulares Pélvicas do
Cão. Revista Veterinária e Zootecnia em Minas. Número 110, 2011. p. 35 a 39.
Disponível em: http://www.crmvmg.org.br/RevistaVZ/Revista10.pdf Acesso em: 20
de abril, 2014.
GINJA, M. M. D; PENA, M. P. L.; FERREIRA, A.J.ª; Diagnóstico, controlo e
prevenção da displasia da anca no cão. – Revista Portuguesa de Ciências
Veterinárias, 2005. Disponível: http://www.fmv.utl.pt/spcv/PDF/pdf6_2005/100_147161.pdf Acesso em : 27 de abril, 2014
GUARNIERO, R. Displasia do Desenvolvimento do Quadril: Atualização. Artigo
de Atualização, 2010.
Disponível: http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/9782
Acesso em: 25 de Maio, 2014.
GUEDES, F. Z. Sinfisiodese púbica juvenil do tratamento da displasia
coxofemoral canina, 2010. 41f. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Comissão de
Estágio
Curricular,
Porto
Alegre,
RS,
2010.
Disponível:
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/38856. Acesso em: 26 Abril, 2014.
HIELM, A. K.; BJORKMAN, KUUSELA, E.; LIMAN, A.; MARKKOLA, A.; SAARTO, E.;
HUTTUNEN, P.; LEPPALUOTO, J.; TULARMO, R.; Evaluation of methods for
assessment of pain associated with chronic osteoarthritis in dogs - Journal of the
91
American
Veterinary
Medical
Association,
2003.
Disponível:
http://avmajournals.avma.org/doi/abs/10.2460/javma.2003.222.1552. Acesso em: 19
de Maio, 2014.
HULSE, D. A.; JOHNSON, A. L. Tratamento da Doença Articular. In: FOSSUM, T.
W. et, al., Cirurgia de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 2002, p. 1042 –
1087.
JUCHEM, B. C. Contraste iodado em tomografia computadorizada – Reações
adversas imediatas em pacientes caninos, 2005. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Porto Alegre,
RS, 2005. Disponível: http://www.lume.ufrgs.br/handle/101873/6099. Acesso em: 25
de Maio, 2014.
KAPATKIN, A. S.; FORDYCE, H. H.; MAYHEW, P. D.; SMITH, G. Canine hip
dysplasia: the disease and its diagnosis. Compendium Continuing Education for
Veterinarians.
v.24,
n.7,
p.526-537,
2002.
Disponível:
http://www.vetlearn.com/compendium/science/article/pii/0020751994002149. Acesso
em: 21 de Maio, 2014.
KEALY, J. K.; MCALLISTER, H. Radiologia e Ultrasonografia do Cão e do Gato.
3. ed. São Paulo: Manole, 2005, p. 286.
KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos – Texto e Atlas
Colorido. 1. v. Aparelho Locomotor. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 225 –
227.
LAFOND, E.; BREUR, G.; AUSTIN, C. C. Breed Susceptibility for Developmental
Orthopedic Diseases in Dogs 2002 – Journal of The American Animal Hospital
Association, 2002. Disponível: http://www.jaaha.org/content/38/5/467.short. Acesso
em: 21 de Maio, 2014.
LEMOS, C. M.; FISHER, C. D. B.; PINTO, V. M.; MAIA, J. Z.; BUENO, P. L. G.;
MARCONATO, F.; BOARO E.; ROSA, P.; BAJA, K. G. Prevalência da displasia
coxofemoral em cães atendidos no hospital veterinário da Universidade
Luterana da Brasil no setor de reabilitação animal no ano de 2007 – Revista
Científica
CONBRAVET
2008.
Disponível:
92
http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R0688-3.pdf.
Acesso
em: 21 de Maio, 2014.
MARTIN, S. W.; KIRBY, K. e PENNOCK, P. W.; Canine hip Dysplasia: Breed
Effects, 1980 – The Canadian Veterinary La Revue Veterinaire Journal, 1980.
Disponível: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1789813/ Acesso: 20 de
Maio, 2014.
MIQUELETO, N.S.M.L.;
RAHAL, S.C.;
AGOSTINHO, F.S.; SIQUEIRA, E.G.M.;
ARAÚJO, F.A.P.; MENESES, A.M.C.; EL-WARRAK, A.E.; Displasia Coxofemoral e
a Análise Cinemática, 2013. Revista Eletrônica De Medicina Veterinária, 2013.
Disponível: http://www.fmvz.unesp.br/rvz/index.php/rvz/article/view/170/459 Acesso
em : 20 de Maio, 2014.
MINTO, B. W.; BRANDÃO, C. V. S.; PEREIRA, G. J. C.; RANZANI, J. J. T. Prótese
Total da Articulação Coxofemoral em Cães, 2006. Revista Científica de
Veterinária
e
Zootecnia
–
FMVZ
UNESP,
2006.
Disponível:
http://www.fmvz.unesp.br/rvz/index.php/rvz/article/view/504. Acesso em: 20 de Maio,
2014.
MINTO, B. W.; SOUZA, V. L.; BRANDÃO, C. V. S.; MORI, E. S.; MORISHIN FILHO,
M. M.; RANZANI, J. J. T. Avaliação Clínica da Denervação Acetabular em Cães
com Displasia Coxofemoral Atendidos no Hospital Veterinário da FMVZ –
BOTUCATU – SP, 2012. Revista Científica de Veterinária e Zootecnia – FMVZ
UNESP,
2012.
Disponível:
http://www.fmvz.unesp.br/rvz/index.php/rvz/article/view/288. Acesso em: 20 de Maio,
2014.
MOTTA, M. G. B. A Homeopatia e a Displasia Coxofemoral em Cães, 2010.
Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) 50f. – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Comissão de Estágio Curricular, Porto
Alegre, RS, 2010. Disponível: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/22923. Acesso
em: 21 de Maio, 2014.
OLMSTEAD, M. L. Articulação Coxofemoral In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R.
G. Clínica de Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: ROCA, 1998, p. 1139 – 1142.
93
PennHIP. What’s
PennHIP, 2007. Disponível:
http://research.vet.upenn.edu.
Acesso em: 19 de Maio, 2014.
PIERMATTEI, D. L.; FLO, G. L.; DECAMP, C. E. Brinker, Piermattei, Flo Ortopedia
e Tratamento de Fraturas de Pequenos Animais, 4. ed. São Paulo: Manole, 2006,
p.539 – 574.
PIERMATTEI, D. L.; KENNETH A. J. Atlas of: Surgical Approaches to the Bones
na Joints od the Dog and Cat. 4. ed. Pennsylvania: Elsevier, 2004, p. 287 – 311.
PRIEUR, W. D. Osteotomia Intertrocantérica. BOJRAB, M. J. Técnicas Atuais
em Cirurgias de Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 1996, p. 627 – 630.
ROCHA, F. P. C.; SILVA, D.; BENEDETTE, M. F.; SANTOS, D. A. N.; COSTA, E. A.
A. Displasia Coxofemoral em Cães, 2008. Revista Científica Eletrônica de
Medicina Veterinária – ISSN: 1679-7353, ano VI, nº11, Julho 2008. Disponível:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/3w06cWeAcFaNErX_2
013-6-14-10-15-11.pdf. Acesso em: 21 de Março, 2014.
RIBEIRO, A. M. B. T. A. Avaliação Morfológica dos Músculos da Coxa de
Canídeos Displásicos em Regime Pré-Cirúrgico, 2009. Monografia (Graduação
Medicina Veterinária) 142f. – Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de
Medicina
Veterinária,
2009.
Disponível
em:
http://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/1559. Acesso em: 23 de Abril, 2014.
SCHMAEDECKE, A.; FERRIGNO, C. R. A. Comparação Anatômica da Enervação
da Articulação Coxofemoral em Humanos e Cães, 2008. Archives of Veterinary
Science,
v.13,
n.3,
p.223-228,
2008.
Disponível:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/veterinary/article/viewArticle/11736, Acesso dia:
08 de Maio, 2014.
SILVA, B. C. R. Displasia Coxofemoral, 2006. Monografia (Especialização em
Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) 27f. Universidade Castelo Branco,
2006.
Disponível:
http://qualittas.com.br/uploads/documentos/Displasia%20Coxofemoral%20%20Barbara%20Costa%20Ribeiro%20da%20Silva.PDF. Acesso em: 05 de Maio,
2014.
94
SILVA, A. V. Displasia Coxofemoral: Considerações Terapêuticas Atuais, 2011.
Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) 40f. - Universidade Federal do Rio
Grande
do
Sul,
Faculdade
de
Medicina
Veterinária,
2011.
Disponível:
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/52505. Acesso em: 05 de Maio, 2014.
SILVA, G. F.; CARVALHO, A. V.; PENTEADO, B. M.; LINS, B. T.; SELMI, A. L.
Desnervação Capsular Percutânea ou Aberta no Tratamento da Dor na
Displasia Coxofemoral Canina, 2012. Revista Científica Ciência Rural, Santa
Maria,
v.
42,
n.4,
p.685-690,
abr,
2012.
Disponível:
http://www.scielo.br/pdf/cr/v42n4/a11212cr5368.pdf. Acesso em: 05 de Maio, 2014.
SOMMER, E.L; FRATOCCHI, C. L. G.; Displasia Coxofemoral Canina, 1998.
Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. Disponível: http://revistas.bvsvet.org.br/recmvz/article/view/3394/2601. Acesso em: 22 de maio, 2014.
SOUZA, A. F. A.; TUDURY, E. A.; COSTA, F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; DIOGO, C.C.;
Contribuições da Tomografia Computadorizada no Diagnóstico e Planejamento
Cirúrgico da Displasia Coxofemoral em Cães - Artigo Científico, 2011. Disponível
em: http://www.eventosufrpe.com.br/2013/cd/resumos/R1027-2.pdf. Acesso: 20 de
abril, 2014.
SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais . 2 ed. São Paulo. Manole,
1998, p. 2286-2293.
STURION, D. J.; STURION, T. T.; RODRIGUES, G. B. ;STURION, M. A. T.;
STURION, A. L. T.; Avaliação da Ocorrência de Displasia Coxofemoral Através
dos Métodos do Ângulo de Norberg – Incidência Ventrodorsal Normal em
Felinos
–
Artigo
Científico,
2013.
Disponível
em:
http://www.canal6.com.br/FIO/PDF/MEDICINA%20VETERINARIA/med002.pdf.
Acesso : 25 de abril, 2014.
TRAVIN, G. B.; LENEHAN, T. M. Osteotomia Pélvica. In: BOJRAB, M. J. Técnicas
Atuais em Cirurgias de Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 1996, p. 622
– 626.
TÔRRES, R. C. S.; ARAÚJO, R. B.; REZENDE, C. M. F. Distrator Articular no
Diagnóstico Radiográfico Precoce da Displasia Coxofemoral em Cães, 2005.
95
Biblioteca
Virtual
em
Saúde,
2005.
Disponível:
http://bases.bireme.br/cgi-
bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p
&nextAction=lnk&exprSearch=403208&indexSearch=ID. Acesso em: 10 de Maio,
2014.
TUDURY, E. A.; SEVERO, M. S.; MACIEL, M. J.; Frequência de Extrusões de
Núcleos Pulposos Cervicais e Toracolombares, em Cadáveres Caninos
Submetidos
à
Técnica
de
–
Fenestração
Revista
Científica
Ciência
Rural vol.34 n.4 Santa Maria July/Aug. 2004, Artigos Científicos de Clínica Cirúrgica.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v34n4/a23v34n4.pdf. Acesso em: 20 de
abril, 2014.
VAN HAGEN, M. A. E.; DRUCRO, B. J.; VAN DEN BROEK, J.; KNOL, B. W.;
Incidence, risk factors, and heritability estimates of hind limb lameness caused
by hip dysplasia in a birth cohort of Boxers. American Journal of Veterinary
Research
February
2005,
Vol.
66,
No.
2,
Pages
307-312.
Disponível:
http://avmajournals.avma.org/doi/pdf/10.2460/ajvr.2005.66.307 Acesso em: 22 de
maio, 2014.
VASSEUR, P. B. Ostectomia da Cabeça e do Colo Femorais. In: BOJRAB, M. J.
Técnicas Atuais em Cirurgias de Pequenos Animais. 3. ed. São Paulo: Roca,
1996, p. 634 – 642.
96
Download