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Macro Visão
terça-feira, 28 de maio de 2013
Relações comerciais Brasil-Argentina: breve
histórico e desenvolvimentos recentes
Em 2012, as exportações brasileiras para a
Argentina caíram 21%, ou US$ 4,7 bilhões. Com
isso, o saldo comercial com o país vizinho contraiu
US$ 4,2 bi, saindo de um superávit de US$ 5,8 bi
para um superávit de US$ 1,5 bi. As exportações
para a Argentina de todas as categorias de uso
recuaram. Além disso, durante o primeiro trimestre
de 2013, não houve reversão nessa tendência e as
exportações tiveram queda de 10% em relação ao
mesmo período do ano anterior.
Saldo comercial com a Argentina se
contrai fortemente
25
20
bilhões de dólares,
acumulado em 12
meses
15
Exportações
Importações
Saldo
10
5
0
-5
2000 2002 2004 2005 2007 2008 2010 2012
Fonte: MDIC, Itaú
Apesar da valorização, em termos reais, do peso
frente à moeda brasileira, o menor crescimento da
economia argentina e, em especial, as medidas de
controle cambial adotadas pelo governo argentino
contribuíram
para
o
enfraquecimento
das
exportações brasileiras.
Estimamos que, na ausência dessas medidas, as exportações brasileiras para a Argentina teriam
sido pelo menos US$ 3,2 bilhões maiores. Nossas simulações sugerem que as exportações
brasileiras para a Argentina devem se recuperar neste e no próximo ano.
Argentina: desaceleração do crescimento e
aumento de medidas comerciais
Aumenta a restrição ao comércio
imposta pela Argentina
230
210
190
170
216
número de
medidas que
afetam os
interesses
comerciais de
outros países
184
156
150
125
130
110
90
87 89
75
Entre 2003 e 2011, a economia argentina cresceu
em média 6,0%. Além disso, o país acumulou
superávits em conta corrente, aumentando suas
reservas internacionais.
Os anos de crescimento forte ocuparam a
capacidade ociosa e pressionaram os preços. A
inflação subiu para patamares elevados, mas se
estabilizou com o manejo do ritmo de depreciação
da taxa de câmbio.
70
Com uma depreciação lenta do câmbio nominal e
uma inflação alta, o câmbio real apreciou-se, com
dez/10
jul/11
fev/12
set/12
abr/13
Fonte: Global Trade Alert, Itaú
impactos no balanço de pagamentos em 2011. O
saldo em conta corrente foi diminuindo e a saída de capitais alcançou US$ 21,5 bilhões O governo
reagiu com restrições formais e informais à compra de dólares. Desse modo, as compras de dólares
para poupança não são mais permitidas, a remessa de dividendos ao exterior necessita de
autorização prévia do banco central e as compras de dólares para turismo foram controladas.
50
mai/10
Além disso, desde janeiro de 2012, os importadores precisam obter da Secretaria do Comércio uma
permissão para cada operação de compra do exterior. A intenção declarada do governo é manter um
A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não
devem considerar este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento.
Macro Visão – terça-feira, 28 de maio de 2013
saldo comercial em torno de US$ 10 bilhões.
Em grande parte devido às medidas comerciais, houve uma queda de 6%, em termos reais, das
importações argentinas. A falta de bens intermediários importados teve uma contribuição importante
para a contração de 0,4% da economia argentina em 2012. Outra consequência dos controles
cambiais foi a depreciação do peso no mercado de câmbio paralelo.
.
Argentina: Importações por produto e por região
Bens de capital Intermediários Bens de consumo
Outros
2011
2012
2011
2012
2011
2012
2011
2012
Brasil
3796
2826 12409 10435
5414
4609
325
167
NAFTA
2477
2446
5018
4725
1998
2069
1446
2014
União Europeia
2716
2660
6647
6545
1754
1899
500
1170
China
3049
2642
5337
5497
2225
1847
0
0
Outros
1931
1563
7301
6930
2241
2254
7353
6216
Total
13969 12137 36712 34132 13632 12678
9624
9567
Variação
-13%
-7%
-7%
-1%
Milhões de dólares
2011
21944
10939
11617
10611
18826
73937
Total
2012 Variação
18037
-18%
11254
3%
12274
6%
9986
-6%
16963
-10%
68514
-7%
-7%
Fonte: INDEC e Itaú
Argentina é o maior comprador dos manufaturados brasileiros
Queda nas vendas de manufaturados
foi difusa
Manufaturados Ex-Energia
Automóveis de
passageiros
Partes, peças e motores
para veículos
Tratores e veículos de
carga
Outros
2000
milhões de dólares,
1800
mm6m
1600
1400
1200
1000
800
600
A Argentina é o terceiro maior importador do Brasil,
atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O
Brasil é também o maior fornecedor da Argentina. A
pauta de exportação brasileira para a Argentina é
bastante concentrada em produtos manufaturados.
Em 2011, a proporção desses produtos na pauta foi
de 90%, fazendo da Argentina o maior comprador
dos manufaturados brasileiros. Os principais
produtos de exportação são veículos e auto-peças
(45%, em 2011).
400
Apesar de pertencer a uma mesma união aduaneira
– o Mercosul - e da forte valorização, em termos
0
reais, do peso argentino em relação ao real no ano
2000 2001 2003 2005 2006 2008 2010 2011
passado, o Brasil foi o país dentre os principais
Fonte: Funcex, Itaú
parceiros comerciais da Argentina cujas exportações (para a Argentina) tiveram a maior queda (18%). Além disso, a desaceleração ocorreu em todas as categorias de uso.
200
Impacto das medidas nas exportações do Brasil para a Argentina
Fizemos uma simulação do impacto das medidas cambiais sobre as exportações brasileiras para a
Argentina. Para tanto, modelamos tais exportações em volume em função do câmbio real bilateral e
do crescimento do IGA (uma proxy mensal para o PIB argentino estimada pelo setor privado). A
amostra utilizada vai até o terceiro trimestre de 2011, quando os controles cambiais ainda não
estavam em vigor. A partir das elasticidades obtidas, estimamos que, na ausência de controles, as
exportações em volume do Brasil para a Argentina teriam caído 6% em 2012, uma redução mais
branda do que de fato ocorreu (20%). Em valor, a contração teria sido de US$ 1,5 bilhão, em vez dos
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Macro Visão – terça-feira, 28 de maio de 2013
US$ 4,7 bilhões realizados. Assim, estimamos que o impacto das medidas cambiais sobre as
1
exportações do Brasil para a Argentina foi de cerca de US$ 3,2 bilhões .
Com a recuperação da safra agrícola na Argentina e preços mais altos de soja, esperamos algum
alívio nas medidas que afetaram as importações do país. Assim, neste ano e em 2014, esperamos
recuperação das exportações brasileiras para a Argentina: para US$ 18,8 bilhões e US$ 19,8
bilhões, respectivamente.
Em um cenário alternativo em que o câmbio se deprecia para o mesmo patamar do câmbio paralelo
e medidas cambiais são suspensas, as exportações seriam de US$ 20,8 bilhões em 2013 e US$
21,9 bi em 2014.
Portanto, o comércio Brasil-Argentina tem sido afetado por medidas de controles alfandegários e
cambiais, com impacto sobre o crescimento de ambas as economias.
Gabriela Fernandes
Juan Barboza
João Pedro Bumachar
Economistas
Pesquisa macroeconômica – Itaú
Ilan Goldfajn – Economista-Chefe
Para acessar nossas publicações e projeções visite nosso site:
http://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/
Informações Relevantes
1.
2.
3.
4.
Este relatório foi preparado e publicado pelo Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Banco Itaú Unibanco S.A. (“Itaú Unibanco”). Este
relatório não é um produto do Departamento de Análise de Ações do Itaú Unibanco ou da Itaú Corretora de Valores S.A. e não deve ser
considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º da Instrução CVM n.º 483, de 6 de Julho de 2010.
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também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões,
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tampouco se responsabilizará por quaisquer decisões, de investimento ou de outra forma, que forem tomadas com base nos dados aqui
divulgados.
1
Nesse exercício, não estamos levando em conta o impacto das medidas comerciais na atividade
econômica na Argentina (através da falta de insumos para a indústria e redução na confiança).
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Macro Visão – terça-feira, 28 de maio de 2013
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* Custo de uma Chamada Local
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