Problema alternativo ao problema 1 da aula prática nº 6 António Sarmento 2 de Novembro de 2010 Um jacto de ar bidimensional estacionário incide com um ângulo α sobre uma placa plana, conforme representado na figura anexa. Numa secção não perturbada pela presença da placa, onde as linhas de corrente ainda são rectilíneas e paralelas umas às outras, a velocidade do fluido é V e a espessura do jacto bidimensional é h. Admitindo que o jacto de ar é completamente deflectido pela placa, sendo as linhas de corrente paralelas à placa nas secções a e b, onde a espessura do jacto é, respectivamente a e b, que o ar exterior está em repouso e à pressão atmosférica e que o atrito é desprezável, determine: a) b) c) d) e) A velocidade do fluido em a e b, A força tangencial sobre a placa, A força normal sobre a placa, As espessuras a e b do jacto bidimensional nas secções de saída, A posição do centro de pressões sobre a placa. h V y b a x Resposta. Coloca-se a origem na intersecção da linha média do jacto não perturbado com a placa, o eixo y perpendicular à placa e o eixo x alinhado com a placa, conforme mostrado na figura. A velocidade em b é determinada aplicando a equação de Bernoulli ao longo de uma linha de corrente que passe nas secções h e b. Como as linhas de corrente são rectas nestas secções, as forças transversais ao movimento do fluido têm resultante nula, o que significa que o peso do fluido é compensado pela sua impulsão, ou seja, que a distribuição de pressão é hidrostática. Sendo também hidrostática a distribuição de pressão na atmosférica em repouso, resulta que (𝑝 + 𝜌𝑔𝑦)ℎ = (𝑝 + 𝜌𝑔𝑦)𝑏 , de onde a equação de Bernoulli mostra que a energia cinética, e portanto a velocidade, é idêntica em h e b, isto é Vb=V. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à saída a, dando que Va=Vb=V. Uma vez que se despreza o atrito, não há tensões de corte e, portanto, as forças tangenciais sobre a placa são nulas (o fluido actua na placa apenas através das forças de superfície, pressão, o que origina forças normais à placa, e tensão de corte). A força normal à placa é calculada através do balanço de quantidade de movimento na direcção perpendicular à placa, isto é, segundo x. Sendo o escoamento estacionário, as forças aplicadas ao volume de controlo são iguais ao saldo de quantidade de movimento na direcção ⃗⃗⃗ 𝑛⃗)𝑑𝑠. Definindo a superfície de perpendicular à placa (isto é segundo x): 𝐹𝑉𝐶𝑦 = ∬𝑆𝐶 𝜌𝑣(𝑉. controlo como contendo a secção de entrada h, as secções de saída a e b e uma superfície impermeável que as ligue pelo exterior do jacto, e atendendo que o escoamento pode ser considerado uniforme nas secções de entrada e de saída, vem 𝐹𝑉𝐶𝑦 = 𝜌𝑉 2 ℎ sin 𝛼 pois a velocidade nas secções de saída é puramente horizontal. Sabendo que a força normal sobre a placa é a força de reacção, vem 𝐹𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 = −𝜌𝑉 2 ℎ sin 𝛼. As espessuras das secções a e b requerem duas equações, uma das quais é a de balanço de massa (como o fluido é incompressível e o volume de controlo indeformável o caudal volúmico que atravessa a secção h é igual ao que atravessa as secções de saída a e b. Dado que as velocidades nestas três secções são iguais vem ℎ = 𝑎 + 𝑏. A segunda equação é a de balanço de quantidade de movimento linear segundo x, sabendo nós que a força tangencial à placa, e portanto sobre o volume de controlo, é nula. Vem assim 𝐹𝑉𝐶𝑥 = 𝜌𝑉 2 (𝑏 − 𝑎 − ℎ cos 𝛼) = 0, donde a solução obtém-se da resolução do sistema de equações encontradas acima, obtendoℎ ℎ se 𝑎 = 2 (1 − cos 𝛼) e 𝑏 = 2 (1 + cos 𝛼). Para encontrar a posição xCP do centro de pressões temos que fazer um balanço à quantidade de movimento angular do fluido em torno do eixo z. Para escoamento estacionário, o momento aplicado ao volume de controlo em torno do eixo dos z é dado pelo balanço de quantidade de movimento angular em torno do eixo dos z. No que se segue toma-se o sentido de rotação dos ponteiros do relógio como positivo. Para escoamento unidimensional, o caudal ⃗ ) , sendo o sinal positivo de movimento angular em torno do eixo dos z é dado por ±𝑚̇(𝑟 × 𝑉 𝑧 ⃗ ) = − 𝑎 𝑉, tomado nas secções de saída e o sinal negativo na de entrada e (𝑟 × 𝑉 𝑧 2 ⃗) = (𝑟 × 𝑉 𝑧 𝑏 𝑏 𝑉 2 ⃗ ) = 0. Vem assim 𝐿𝑉𝐶 = e (𝑟 × 𝑉 𝑧 𝑧 ℎ 1 𝜌𝑉 2 (𝑏2 2 −𝑎 2) = 𝑎 1 2 𝜌𝑉 ℎ cos 𝛼, 2 o que está correcto, pois o fluido adquire quantidade de movimento na direcção dos ponteiros do relógio ente a secção h e as de saída. O momento aplicado pela força sobre o volume de controlo é por sua vez dado por −𝑥𝐶𝑃 (𝜌𝑉 2 ℎ cos 𝛼), sendo o termo entre parêntesis a força vertical sobre o volume de controlo calculada acima. Igualando−𝑥𝐶𝑃 (𝜌𝑉 2 ℎ cos 𝛼) e 𝐿𝑉𝐶𝑧 = 1 𝜌𝑉 2 ℎ cos 𝛼 2 ℎ vem que 𝑥𝐶𝑃 = − 2 cot 𝛼, o que mostra que o centro de pressões está à esquerda da origem (que não é onde está o ponto de estagnação), excepto quando o jacto incide perpendicularmente à placa, caso em que o centro de pressões, a origem e o ponto de estagnação coincidem.