NÚMERO: 17 TÍTULO: Edema palpebral agudo AUTORES: Maila Ohana Clemente Braga¹; Renata Tiemi Kashiwabuchi² ¹Residente do segundo ano de Oftalmologia do HB/FAMERP São José do Rio Preto, SP ²Assistente do Ambulatório de Oftalmologia do HB/FAMERP São José do Rio Preto, SP INSTITUIÇÃO: HB – HOSPITAL DE BASE/FAMERP São José do Rio Preto RESUMO Relato de um caso de edema palpebral agudo unilateral associado a secreção purulenta moderada em criança pré-escolar de 5 anos de idade. Discutidos os métodos diagnósticos que levaram a confirmação de um quadro de conjuntivite gonocócica e as particularidades do tratamento. Descritores: edema palpebral, conjuntivite, conjuntivite gonocócica, Neisseria gonorrhoeae INTRODUÇÃO A conjuntivite gonocócica classifica-se como uma conjuntivite hiperaguda, de rápida instalação (em 24 horas), com secreção purulenta abundante, hiperemia, quemose importante. Geralmente acomete neonatos e adultos jovens sexualmente ativos. Casos não tratados podem evoluir para ulceração periférica de córnea e até perfuração com possível endoftalmite. ¹ Nesse caso descrevemos uma paciente de 5 anos, com quadro de edema palpebral agudo com secreção purulenta importante, sendo colhido material de cultura para confirmação de diagnostico. Discutidos os métodos diagnósticos e as particularidades do caso. RELATO DE CASO Paciente do sexo feminino, 05 anos, procedente de São José do Rio Preto, SP. Apresentava história de prurido, queimação e secreção amarelada de olho direito há 1 dia. Durante anamnese, mãe relata ter procurado serviço médico em UPA (Unidade de pronto atendimento) no dia anterior onde foi realizado 1 dose de penicilina benzatina IM e prescrito ciprofloxacino colírio 6/6h. Ao exame oftalmológico paciente apresentava acuidade visual não corrigida de 20/40 em olho direito e 20/25 em olho esquerdo. À biomicroscopia observava-se edema palpebral importante, hiperemia, secreção purulenta moderada, quemose. A córnea encontrava-se transparente, camara anterior formada. A motricidade ocular extrínseca estava preservada. Fotos 1 e 2: Aspecto na admissão A partir desses dados foi optado pela realização de TC de órbitas para a elucidação de uma possível celulite orbitaria, porém o exame excluiu o acometimento pós-septal. Excluída a hipótese de celulite orbitária, optou-se pela coleta de swab de fundo de saco conjuntival devido ao quadro de secreção purulenta moderada. À bacterioscopia observou-se numerosos diplococcus Gram negativos corados pelo método de Gram. Com esses dados, estabeleceu-se o diagnóstico de conjuntivite gonocócica, sendo prescrito ceftriaxona 1g IM. 24 horas após o tratamento a criança evoluiu com melhora completa do quadro. Alguns dias depois a cultura evidenciou o crescimento de Neisseria spp. Foto 3: Aspecto pós tratamento DISCUSSÃO Considerando o quadro clínico apresentado pela criança, com edema palpebral de inicio súbito, secreção purulenta moderada, após o exame de imagem foi possível excluir a hipótese de celulite posseptal. O fato de a criança ter sido medicada com 1 dose de penicilina benzatina poderia explicar o fato do quadro em questão não se apresentar tão dramático, com secreção purulenta moderada. Apesar da forte suspeita de conjuntivite gonócocica, o swab de fundo de saco conjuntival sempre deve ser colhido para confirmação do agente infeccioso. A cultura confirmou o gênero Neisseria porém, não se pode afirmar que trata-se de Neisseria gonorrhoeae, já que a Neisseria meningitis também é responsável por um quadro de conjuntivite hiperaguda. Dentre os laboratórios associados às universidades públicas, não há a possibilidade de diferenciação de espécies, sendo este um método diferenciado que necessita de material específico e não realizado de rotina. O tratamento entretanto, não se difere entre as duas espécies. A conjuntivite gonocócica deve ser sempre notificada e, em crianças, afastada a hipótese de abuso sexual. Nesse caso em específico, tal hipótese foi refutada. A mãe porem, informou que apresentava corrimento vaginal de inicio há alguns dias antes do quadro da criança, foi então prescrito o tratamento adequado e orientada a comunicar o parceiro para o tratamento conjunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ¹YANOFF, M.; DUKER, J. S. Ophthalmology. 2009. UK: Elsevier, 2009. 1528 p.