UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA EDIVALDO COSTA SOUSA JÚNIOR AVALIAÇÃO DE UM TESTE COMERCIAL DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO NA DETECÇÃO DO NOVO VÍRUS INFLUENZA A/H1N1 PANDÊMICO BELÉM - PA 2010 ii EDIVALDO COSTA SOUSA JÚNIOR AVALIAÇÃO DE UM TESTE COMERCIAL DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO NA DETECÇÃO DO NOVO VÍRUS INFLUENZA A/H1N1 PANDÊMICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina pela Universidade Federal do Pará – UFPa. Orientador: Dr. Wyller Alencar de Mello. Co-orientadora: Msc. Mirleide Cordeiro dos Santos BELÉM - PA 2010 iii EDIVALDO COSTA SOUSA JÚNIOR AVALIAÇÃO DE UM TESTE COMERCIAL DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO NA DETECÇÃO DO NOVO VÍRUS INFLUENZA A/H1N1 PANDÊMICO Este trabalho foi avaliado e aprovado para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina, sendo aprovado na sua forma final com conceito _____________________. BANCA EXAMINADORA: ____________________________ Dra. Joana D’Arc Pereira Mascarenhas Instituto Evandro Chagas (IEC) ____________________________ Msc. Jane Haruko Lima Kaiano Instituto Evandro Chagas (IEC) ____________________________ Msc. Sylvia de Fátima dos Santos Guerra Instituto Evandro Chagas (IEC)-Suplente BELÉM - PA 2010 iv “Se as doenças infecciosas ainda podem matar mais pessoas do que uma guerra, significa que o homem ainda não foi capaz de perceber quem é seu verdadeiro inimigo”. Edivaldo Júnior v Á Deus e minha família; pilares sobre os quais me sustento e fortaleço a cada dia. vi AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida, pela força que me dá todos os dias, pela coragem de lutar pelo que almejo e por ter me capacitado a realizar este trabalho. Á minha mãe Enedina, que sempre lutou para dar o melhor aos seus filhos e que sempre vibrou com cada conquista em minha vida. Á minhas tias Laide e Terezinha pelo amor, carinho, dedicação e apoio em todos os momentos da minha vida, nunca duvidando da minha capacidade, mas sempre orando para que eu pudesse alcançar todos meus objetivos. A minha avó Josefa por cuidar de mim e por ter ainda um cuidado tão especial comigo. Ao meu orientador, Dr. Wyller Mello pelo apoio e atenção, por dar-me a oportunidade de ampliar meus conhecimentos, contribuindo sobremaneira na minha formação e caráter profissional. A minha co-orientadora Msc. Mirleide Santos pela amizade, apoio e conselhos que irei levar comigo para sempre. Serei sempre grato a você, por fazer em todos os momentos, muito mais do que eu esperava de um orientador. Seu apoio foi fundamental para que eu pudesse realizar este trabalho. A Dra. Rita Medeiros por ter aceitado na minha primeira iniciação científica, o que contribuiu muito em minha vida e no meu aprendizado como pesquisador. Ao grande amigo Rodrigo Silvestre que sempre me apoiou ao qual tenho como exemplo de vida e como pesquisador. Obrigado por ter me ajudado quando mais precisei. Ao meu grande amigo e irmão de bancada, James, por ter ativamente participado deste trabalho durante os sábados. Muito obrigado por sempre ter estendido a mão nos momentos cruciais. Aos meus dois irmãos de bancada Allan Kaio e Luís, que muito me ajudaram no início da minha iniciação científica e até hoje são exemplos para mim. Muito obrigado. Aos meus amigos do Laboratório de Vírus Respiratório que sei que sempre posso contar: Isabel, Luana, Edna, Jessilene, Pacheco e Socorro. Obrigado por todos os momentos de descontração e amizade vividos durante estes anos. A Kamila, por sempre me ajudar e ter me ajudado neste trabalho. Muito obrigado, sem você este trabalho não seria possível. A irmã que a vida me deu Fernanda Paola, obrigado por todo apoio dado ao longo destes anos e por esta amizade incondicional que temos. Sei que sempre posso contar com você. vii A Raquel Silva por toda paciência e compreensão comigo durante a realização deste trabalho. Obrigado por estar em minha vida. Ao Instituto Evandro Chagas, local onde descobri a paixão de ser pesquisador. Aos amigos da Virologia: Yasmin, Patrícia, Jones, Dielle, Silvia e Akim e aos demais amigos do IEC que contribuíram com meu crescimento profissional e pessoal, muito obrigado. E a todos que contribuíram direta ou indiretamente na execução deste trabalho, estendendo-me a mão no momento em que mais precisei. Muito Obrigado. viii RESUMO Introdução: A influenza tem sido uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo e o surgimento da pandemia causada pelo vírus Influenza A/H1N1 revelou a necessidade da utilização de metodologias cada vez mais rápidas, sensíveis e específicas. Objetivo: Este estudo objetivou avaliar a sensibilidade e especificidade do “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B, na detecção de antígenos do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico em amostras de aspirado de nasofaringe e swab combinado. Materiais e Métodos: Foram analisadas 240 amostras através da metodologia de imunocromatografia de fase sólida. Resultados: O “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B resultou em uma sensibilidade de 47,62 % e uma especificidade de 100 %. No que se refere aos valores preditivos negativo e positivo, obteve 21,43% e 100%, respectivamente quando comparado à técnica de RT-PCR em tempo real na detecção do vírus. O teste utilizado apresentou uma baixa sensibilidade, mas uma alta especificidade, permitindo inferir como definitivo os casos positivos pelo método imunocromatográfico, porém não se pode descartar a possibilidade de infecção diante de casos negativos durante a baixa prevalência do vírus influenza. Palavras chave: Influenza A, IEC, TRDI. ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1 1.1 BREVE HISTÓRICO............................................................................................ 1 1.1.1 A Pandemia de 1918/ 1919- “Gripe Espanhola” (H1N1).............................. 1 1.1.2 A Pandemia de 1957- “Gripe Asiática” (H2N2)............................................. 2 1.1.3 A Pandemia de 1968- “Gripe de Hong Kong” (H3N2).................................. 2 1.1.4 A re-emergência dos vírus H1N1 em 1977- “Gripe Russa”......................... 3 1.1.5 A Pandemia de 2009/ 2010- “Gripe A” (H1N1)............................................. 3 1.2 CLASSIFICAÇÃO................................................................................................ 4 1.3 MORFOLOGIA E ESTRUTURA VIRAL.............................................................. 5 1.4 ORGANIZAÇÃO GENÔMICA............................................................................. 7 1.5 REPLICAÇÃO...................................................................................................... 8 1.6 ASPECTOS CLÍNICOS....................................................................................... 11 1.7 VARIAÇÃO ANTIGÊNICA.................................................................................. 12 1.8 EPIDEMIOLOGIA.................................................................................................13 1.9 DIAGNÓSTICO..................................................................................................15 1.9.1 Cultura Viral.................................................................................................. 15 1.9.2 Imunofluorescência...................................................................................... 16 1.9.3 Reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR)......................................................................................... 16 1.9.4 Os Testes de Rápido Diagnóstico de Influenza (TRDI)............................ 17 2. OBJETIVO 3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 19 3.1 VÍRUS TESTADO............................................................................................... 19 3.2 ESPÉCIMES........................................................................................................ 19 3.3 BD DIRECTIGENTM EZ FLU A+B...................................................................... 19 3.4 RT- PCR EM TEMPO REAL............................................................................... 19 3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................... 19 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO…....................................................................... 20 5. CONCLUSÃO….................................................................................................... 22 6. REFERENCIAL TEÓRICO…............................................................................... 23 7. ANEXOS............................................................................................................... 28 x LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1 - Árvore filogenética das hemaglutininas e neuraminidases....................... 4 Figura 2 - Reservatórios dos vírus Influenza A.......................................................... 5 Figura 3 - Microscopia eletrônica do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico................. 6 Figura 4 - Estrutura esquemática da partícula do vírus Influenza.............................. 7 Figura 5 - Esquema representativo do genoma do vírus Influenza A......................... 8 Figura 6 - Ácido Neuroamínico ligado à Galactose.....................................................9 Figura 7 - Ilustração do ciclo de replicação do vírus Influenza A..............................11 Figura 8 - Relação entre os vírus Influenza circulantes e o novo Influenza A/H1N1 pandêmico.....................................................................................14 Figura 9 - Modo de atuação de um TRDI tradicional................................................ 17 Quadro 1 - Lista das funções relacionadas a cada proteína dos vírus Influenza A.................................................................................................. 6 Quadro 2 - Comparativo entre os testes diagnósticos disponíveis para Influenza........................................................................ 15 Quadro 3 - “kit”s para rápido diagnóstico de Influenza..............................................18 Quadro 4 - Comparação entre os resultados obtidos pela metodologia de rRT-PCR e a imunocromatografia....................................................... 20 Quadro 5 - Desempenho do ““kit”” BD DirectigenTM EZ Flu A+B, comparado à rRT-PCR para detecção do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico................................................................................................. 21 Quadro 6 - Comparação entre os resultados obtidos no presente estudo e os obtidos em outros países...................................................... 21 xi xii LISTA DE ABREVIATURAS Ac anticorpo Ag antígeno ANF Aspirado de Nasofaringe cap Catabólito Ativador de Proteína CDC Centro para Controle e Prevenção de Doenças HA Hemaglutinina IFD Imunofluorescência direta IFI Imunofluorescência indireta M1 Proteína de Matriz M2 Canal de protóns NA Neuraminidase NEP/ NS2 Proteína exportadora nuclear/Proteína não-estrutural 2 NP Nucleoproteína NS1 Proteína não-estrutural 1 OMS Organização Mundial da Saúde ORF Matriz de leitura aberta PA Polimerase Ácida PB1 Polimerase Básica 1 PB1-F2 Segunda matriz da Polimerase Básica 1 PB2 Polimerase Básica 2 RNA Ácido ribonucléico RNAc Ácido ribonucléico complementar RNAm Ácido ribonucléico mensageiro RNAv Ácido ribonucléico viral RNP Ribonucleoproteína xiii rRT-PCR A reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa em tempo real RT-PCR Reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa SC Swab combinado TDRI Teste de diagnóstico rápido de Influenza α 2,3 Carbono 3 da galactose ligado ao carbono 2 do ácido siálico α 2,6 Carbono 6 da galactose ligado ao carbono 2 do ácido siálico α-NeuAc Ácido neuramínico 1 1. INTRODUÇÃO A influenza ou gripe é uma doença infecciosa causada pelos vírus Influenza, que em seres humanos possui tropismo por células do trato respiratório. As infecções por vírus influenza atingem cerca de 500 milhões de pessoas todos os anos (Gerdil, 2003), constituindo-se assim, em uma das principais causas de morbidade e mortalidade em crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos (Nakajima et al., 2010). 1.1 BREVE HISTÓRICO O nome Influenza surgiu na Itália, na Idade Média, pois se acreditava que as epidemias ocorriam devido a influência dos astros (Vélez, 2002), porém a sintomatologia desta doença já havia sido descrita por volta do século V a.c por Hipócrates que relata uma epidemia de tosse seguida de pneumonia. Porém o primeiro isolamento do vírus Influenza só pode ser realizado em 1933 (Smith et al., 1933). As epidemias de Influenza ocorrem todos os anos, enquanto que as pandemias possuem caráter mais esporádico. No entanto, desde o século XVI, pelo menos 30 pandemias já foram descritas (Forleo-Neto et al., 2003). 1.1.1 A Pandemia de 1918/ 1919- “Gripe Espanhola” (H1N1) A origem geográfica do vírus que causou esta pandemia é controversa; alguns historiadores afirmam que este surgiu na China, outros que surgiu nos campos militares americanos (Subbarao & Cox, 2000). Contudo, estudos têm demonstrado que esta primeira epidemia iniciou-se com surtos em Detroid, Carolina do Sul e Kansas no início de 1918 espalhando-se nas tropas americanas como uma infecção comum (Potter, 2001). 2 O contato entre as forças expedicionárias americanas e britânicas durante a guerra na Europa permitiu a disseminação deste vírus, logo foram observados os primeiros casos na Europa. Após uma calma nas taxas de infecção com a chegada do inverno uma forma altamente virulenta, causou uma segunda onda de infecções que acometeu cerca de 50% da população mundial com um total de 40-50 milhões de mortes, mais do que a I Guerra Mundial, tornando-se o evento mais destrutivo da história médica (Potter, 2001). 1.1.2 A Pandemia de 1957- “Gripe Asiática” (H2N2) A Gripe Asiática iniciou em fevereiro de 1957 no sudeste da China, na Província de Guizhou e se espalhou para a Província de Yunan e em abril para Singapura e Hong Kong. Este vírus pandêmico foi o primeiro a ser isolado que possuía antígenos diferentes das linhagens H1N1 circulantes e rapidamente se espalhou pelo mundo inteiro em novembro de 1957. Esta pandemia foi seguida por duas ondas que infectaram 40-50% da população mundial causando aproximadamente 68.800 mortes (Potter, 2001). 1.1.3 A Pandemia de 1968- “Gripe de Hong Kong” (H3N2) Onze anos após a emergência do vírus H2N2, este subtipo foi completamente substituído pelo H3N2. Os primeiros sinais de uma nova pandemia foram noticiados no sudeste asiático no verão de 1968, e o vírus isolado em Hong Kong em julho de 1968. Este vírus espalhou-se pelo mundo durante o inverno de 1968 e no inverno de 1969 a 1970. Da população infectada por este vírus cerca de 40% eram crianças de 10 a 14 anos de idade. Apesar da baixa gravidade das infecções estima-se que a taxa de mortalidade nos Estados Unidos foi de aproximadamente 33.800 mortes. Desde sua emergência este subtipo viral se mantém circulante na população humana até os dias atuais (Subbarao & Cox, 2000). 3 1.1.4 A re-emergência dos vírus H1N1 em 1977- “Gripe Russa” Os sinais de um novo surto causado pelo vírus Influenza foram observados em Tiajin, China, em maio de 1977. De novembro 1977 a janeiro de 1978 muitos jovens foram acometidos por um surto de gripe na antiga União Soviética e China. No inverno de 1978 em vários países, foram observados surtos que acometiam em mais de 50% dos casos, crianças em idade escolar. A morbidade foi majoritariamente limitada a pessoas com menos de 25 anos de idade, sugerindo que pessoas com mais idade estavam protegidas por uma imunidade pré-existente. Isto foi confirmado quando o agente etiológico foi identificado como vírus Influenza H1N1(A/URSS/77) que estava estritamente relacionado à cepas circulantes em 1950. Esta estrita relação e a ausência de mutações que são tipicamente adquiridas durante a replicação viral descartam a manutenção deste em hospedeiros não humanos. Hoje se acredita que a liberação acidental deste vírus tenha sido a causa de sua reintrodução na população humana causando este surto. Juntamente com o vírus Influenza A H3N2 este subtipo apresenta-se causando as epidemias anuais, ora de forma simultânea ou intercalando entre os anos (Subbarao & Cox, 2000). 1.1.5 A Pandemia de 2009/ 2010- “Gripe A” (H1N1) Em 2009, o programa de monitoramento de doenças infecciosas na Fronteira dos Estados Unidos com o México detectou dois casos de gripe em crianças causados por uma cepa viral não-tipável pelos métodos de biologia molecular utilizados pelos laboratórios de referência. A caracterização através da espectrometria de massa indicou tratar-se um vírus de origem suína que em pouco tempo espalhou-se pelo México, e depois por vários países causando um surto global, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 11 de junho de 2009 declarar a Pandemia (HHO, 2009; CDC, 2009; Shen et al., 2009; Gibbs et al., 2009). 4 1.2 CLASSIFICAÇÃO Os vírus Influenza pertencem à família Orthomyxoviridae, que é formada por cinco gêneros: Influenzavirus A, Influenzavirus B, Influenzavirus C, Isavirus e Thogotovirus, entretanto somente os gêneros Influenzavirus A, B e C apresentam relevância clínica em humanos (Falquet et al., 2004). Os vírus do gênero A, ou tipo A, ainda podem ser classificados em subtipos baseados na antigenicidade de suas proteínas de superfície hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA); atualmente, 16 subtipos de HA (H1-H16) e nove subtipos de NA (N1-N9) são conhecidos (Figura 1) (Wright et al., 2007). Este gênero pode infectar um amplo espectro de hospedeiros, que além do homem, inclui mamíferos aquáticos, cavalos, porcos e uma grande variedade de aves (Figura 2). Embora existam relatos de casos humanos de infecções por vírus Influenza que possuem hemaglutinina dos tipos H1, H2, H3, H5, H7 e H9, atualmente existem apenas três tipos (H1, H2 e H3) e dois tipos de neuraminidase (N1 e N2) adaptados a infectar humanos (Wright et al., 2007). Figura 1: Filogenia dos 16 tipos de hemaglutinina e dos 9 tipos de neuraminidase. As árvores filogenéticas de máxima verossimilhança foram geradas pela comparação de nucleotídeos das HA (A) e das NA (B). A escala das barras representa aproximadamente 10% das trocas de nucleotídeos entre os ramos próximos. Fonte: Imagem adaptada de Fields Virology 5a ed., capitulo 47. 5 Figura 2: Reservatório dos vírus Influenza A. As aves aquáticas selvagens são o principal reservatório destes vírus. A transmissão viral tem sido relatada das aves aquáticas para as aves domésticas, mamíferos aquáticos, porcos, cavalos e humanos. Os vírus também podem ser transmitidos entre porcos e humanos e das aves domésticas para humanos. Os vírus Influenza equinos têm sido transmitidos a cães. Fonte: Imagem retirada de Fields Virology 5a ed., capitulo 48. Os gêneros B e C estão predominantemente relacionados a infecções em humanos, com quadros clínicos moderados a assintomáticos. Entretanto, existem relatos de isolamento de vírus do tipo B em focas e do tipo C em porcos (Boon et al., 2001). O sistema de nomenclatura para os vírus Influenza especifica o gênero, o hospedeiro de origem (exceto quando se trata de humanos), a localização geográfica do primeiro isolamento, número do registro laboratorial e o ano de isolamento. A descrição antigênica é dada entre parênteses e somente para o tipo A: A/Califórnia/7/2004 (H3N2) (Palese & Shaw, 2007). 1.3 MORFOLOGIA E ESTRUTURA VIRAL 6 Os vírus Influenza apresentam-se como partículas pleomórficas que medem de 80-120 nm de diâmetro (Figura 3) (Nakajima et al., 2010). Os influenzavirus A possuem uma estrutura complexa formada por onze proteínas com funções específicas (Quadro 1) e o genoma viral com oito segmentos de RNA, envolvida por uma bicamada lipídica derivada da célula hospedeira (Figura 4) (McHardy et al., 2009). Na membrana citoplasmática estão as proteínas HA, NA e M2 que se projetam da superfície do vírus. A proteína M1 reveste internamente a bicamada lipídica e no interior da partícula viral encontra-se o complexo ribonucleoprotéico (RNP). Este complexo consiste no genoma viral (segmentos de RNA); nas proteínas PB1, PB2, PA e NP. Cada partícula viral empacota oito segmentos de RNA. As proteínas de exportação nuclear NEP/ NS2 e a NS1 estão presentes apenas nas células infectadas durante a replicação viral (Webster et al., 1992; Palese & Shaw, 2007). Figura 3: Microscopia eletrônica: a) Partículas isoladas do vírus H1N1 em sobrenadante de cultivo celular. b) Partículas virais na forma filamentosa em corte histológico. Fonte Adaptado de Nakajima et al.(2010). Quadro 1: Lista das funções relacionadas a cada proteína dos vírus Influenza A. Proteína Atuação Polimerase básica 2 (PB2) Componente da RNA polimerase, atua no reconhecimento do cap. Polimerase básica 1 (PB1) Componente da RNA polimerase, possui atividade de endonuclease e participa no processo de elongação. Segunda matriz da Polimerase Básica 1 Atividade pró-apoptótica. 7 (PB1-F2) Polimerase acida (PA) Componente da RNA polimerase, atua como protease. Hemaglutinina (HÁ) Glicoproteína de superfície atua como receptor de ligação e fusão. Constitui-se o maior antígeno dos vírus Influenza A. Nucleoproteína (NP) Atua na ligação, síntese e importação nuclear do RNA. Neuraminidase (NA) Glicoproteína de superfície que clivagem do ácido siálico. Proteína de matriz interage com os RNPs e glicoproteínas de superfície, participando também da exportação nuclear. Proteína de matriz (M1) Canal iônico (M2) Proteína de membrana que funciona como canal iônico. Proteína não-estrutural 1 (NS1) Proteína de exportação nuclear/ Proteína não-estrutural (NEP/NS2) Proteína multifuncional. Exportação nuclear das RNPs virais. a Fonte: Fields Virology 5 ed., capitulo 47. Figura 4: Estrutura esquemática da partícula do vírus Influenza. Fonte: Adaptado de McHardy et al. (2009). 1.4 ORGANIZAÇÃO GENÔMICA Os vírus Influenza apresentam genoma de RNA de fita simples, segmentado com polaridade negativa, sendo que os vírus de tipo A e B possuem oito segmentos e os de tipo C, sete segmentos com diferentes tamanhos. Cada 8 segmento contém regiões conservadas não codificantes nas extremidades 5’ e 3’ flanqueando as regiões codificantes, sendo algumas destas sequencias específicas para cada segmento (Claas et al., 1992). O segmento PB1 contém uma segunda matriz de leitura aberta (ORF) que vem depois da ORF que origina a PB1, resultando na proteína PB1-F2. As proteínas M2 e NEP/NS2 são codificadas por splicing do RNA mensageiro (RNAm) (os íntrons estão indicados pelas linhas em formato V) (Figura 5) (Palese & Shaw, 2007). Figura 5: Esquema representativo do genoma do vírus Influenza A/Puerto Rico/8/84. Cada um dos retângulos representa um segmento de RNA (sentido positivo) e a sua proteína codificada. Os tamanhos e nucleotídeos e em aminoácidos, respectivamente, estão pelos algarismos localizados na extremidade. As linhas esquematizadas nas extremidades 5’ e 3’ representam as regiões não a codificadoras. Fonte: Imagem modificada de Fields Virology 5 ed., capitulo 47. 1.5 REPLICAÇÃO Os vírus Influenza se ligam aos ácidos siálicos da superfície das células hospedeiras para iniciar sua infecção e replicação. A proteína viral de superfície HA reconhece o ácido siálico da célula de forma que os vírus que se replicam em 9 diferentes espécies de hospedeiros possuem HA com especificidade a diferentes resíduos de açúcar ligados ao ácido siálico celular (Palese & Shaw, 2007). Vírus adaptados à espécie humana ligam-se preferencialmente aos ácidos siálicos que tem o ácido N-acetilneuramínico anexados a penúltima galactose através de uma ligação do tipo α 2,6 (o carbono 6 da galactose liga-se ao carbono 2 do ácido siálico), enquanto que vírus Influenza aviários, principalmente, ligam-se a ácidos siálicos que possuem ligação do tipo α 2,3 (Pillai & Lee, 2010) (Figura 6). A especificidade está associada aos tipos de ácidos siálicos presentes nas células epiteliais dessas espécies (epitélio do trato respiratório humano: α 2,6; epitélio do trato digestivo de aves: α 2,3). Porém deve ser enfatizado que essa especificidade viral não é absoluta e que tanto o epitélio humano, quanto o aviário podem vir a ter os dois tipos de ácidos siálicos, dessa forma permitindo a infecção de vírus aviários em humanos, por exemplo. Além disso, a especificidade de ligação pode ser alterada por mutações sofridas pelo vírus (Palese & Shaw, 2007). humano Acetamida Glicerol aviário α-NeuAc Gal Figura 6: Ácido Neuroamínico (α-NeuAc) ligado ao resíduo de açúcar (Galactose), ilustrando a afinidade dos vírus Influenza humano e aviário ao se ligarem ao ácido siálico de acordo com a ligação deste ao açúcar. Quando ocorre ligação do vírus aos ácidos sialicos da superfície celular, a partícula viral entra na célula por endocitose (Figura 7). Este endossoma é acidificado no citoplasma até pH= 5.0, provocando a quebra da HA em HA1 e HA2. Esta clivagem permite a fusão das membranas viral e endossomal. A acidificação do endossoma leva a ativação do canal iônico M2 que transporta íons H+ para o interior do vírion, desestabilizando a M1, facilitando a liberação dos RNPs virais no citoplasma celular (Palese & Shaw, 2007). 10 Dentro do citoplasma, os RNPs são transportados de forma ativa para o núcleo celular por meios de três sinais de transporte nuclear que estão localizados nas proteínas NP. Dentro do núcleo os segmentos de RNA de polaridade negativa são transcritos em RNAm por um mecanismo primer-dependente. Ao RNAm ocorre a adição do cap e cauda poli A. A replicação ocorre em duas etapas: a primeira é realizada a cópia de sentido positivo completa do RNA viral, que é o RNA complementar, que será posteriormente utilizado na síntese do RNAv genômico de fita negativa. Este processo é catalisado pelo complexo de polimerases virais com as funções distintas de cada subunidade sendo empregadas em diferentes passos (Palese & Shaw, 2007). Dentro do núcleo ocorrem os processos de transcrição (síntese do RNAm) e replicação (síntese do RNAc com polaridade negativa, seguido do RNAv de fita negativa e de RNPs). A tradução dos RNAm que codificam proteínas de membrana (HA, NA e M2) é feita nos ribossomos do retículo endoplasmático, os demais são traduzidos nos ribossomos citoplasmáticos. As RNPs (RNA viral ligado à nucleoproteínas) ligadas a M1 e a NS2 dirigem-se para a membrana plasmática e associam-se com a região desta que já contém as proteínas de membrana (HA, NA e M2), isto ocorre cerca de 8 horas após o início da infecção (Scheiffele et al., 1999). O mecanismo de empacotamento responsável pela escolha dos oito segmentos distintos numa só partícula ainda é desconhecido. A neuraminidase remove os ácidos siálicos terminais das glicoproteínas de superfície celular e viral, facilitando assim a liberação de partículas virais e evitando sua agregação, de modo que cada uma possa atuar como unidade infecciosa distinta (Jawets et al., 1998). Após vários ciclos virais, as proteínas NA e NS1 induzem a morte celular por apoptose (Shultz-Cherry et al., 1998). 11 Figura 7: Ilustração do ciclo de replicação do vírus Influenza. Após a ligação com a superfície de célula hospedeira, o vírus é internalizado por endocitose mediada por receptor. O baixo pH no endossoma alavanca a fusão as membranas do endossomo e do vírus, liberando as RNP virais para o citoplasma. As novas proteínas são sintetizadas do RNAm viral. O genoma viral (RNAv) é replicado por intermédio do RNAc. Recém-sintetizada as RNPv são exportadas do núcleo para o local de montagem na membrana plasmática apical, onde as novas partículas são formadas e liberadas. Fonte Imagem modificada de Fields Virology 5a ed., capitulo 47. 1.6 ASPECTOS CLÍNICOS A sintomatologia da gripe pode incluir febre, tosse, coriza, obstrução nasal, dor de cabeça, dor de garganta e mialgia, e manifesta-se no paciente por um período de uma semana. Com menor frequência pode ser evidenciada dor abdominal, náuseas e diarréia (CDC, 2009). 12 O período de incubação do vírus pode variar de 1 a 4 dias e um único individuo infectado pode potencialmente transmitir a doença a um grande número de pessoas susceptíveis. Os adultos começam a expelir o vírus 24 horas antes do início dos sintomas e até sete dias após. As crianças podem transmitir por um período mais prolongado desde dias antes até 10 dias após início dos sintomas (OMS, 2010) O vírus Influenza é facilmente transmitido de pessoa a pessoa, ao ser inalado por meio de aerossóis instalando-se nas células do epitélio do trato respiratório. A destruição do epitélio respiratório ocorre devido à proliferação viral e apoptose celular facilitando a colonização bacteriana, originando, em muitos casos, quadros de pneumonia (Palese & Shaw, 2007). A resposta imune inata do hospedeiro é responsável pela contenção da proliferação viral inicialmente, e é precedida pela resposta imune adquirida, na qual linfócitos B produzem anticorpos na tentativa de neutralizar as partículas virais, e linfócitos T promovem a destruição de células infectadas (Palese & Shaw, 2007). O aumento na produção de citocinas inflamatórias é responsável por grande parte da sintomatologia da doença, sendo que na maioria das vezes a infecção pelo vírus é auto-limitada. Contudo, em caso da total ausência de imunidade ao vírus, como numa infecção por um novo tipo viral, a resposta inflamatória exacerbada mediada pelo hospedeiro poderá resultar numa síndrome respiratória aguda, levando ao óbito em muitos casos (Palese & Shaw, 2007). 1.7 VARIAÇÃO ANTIGÊNICA Os vírus Influenza têm sido objeto de intensa vigilância epidemiológica devido ao seu potencial de causar epidemias e pandemias. Isto ocorre devido à variabilidade genética que esse vírus apresenta, propiciando alterações antigênicas que permitem aos vírus escaparem das defesas do hospedeiro. Esta variação genética ocorre por dois processos, drift e shift antigênico (Miotto et al., 2010). O drift antigênico, ou deriva antigênica, se caracteriza pelo acúmulo de mutações que ocorrem durante a replicação viral. As variações por drift afetam principalmente o gene codificante da proteína superfície HA que é o maior alvo da 13 resposta imune, porém a NA também está susceptível à essas variações. Isto ocorre devido à pressão seletiva exercida pelo sistema imune do hospedeiro, o que leva, com o passar do tempo, ao surgimento de novas linhagens de vírus influenza, daí a emergência deste vírus causando epidemias anuais (Miotto et al., 2010). O processo de rearranjo genético que leva ao shift antigênico é favorecido pela natureza segmentada do genoma do vírus Influenza e é responsável pela ocorrência de rearranjos genéticos entre diferentes tipos de vírus. O shift antigênico ocorre mais raramente que o drift, no entanto ele contribui de forma drástica para a diversidade genética do vírus Influenza. Tende a ocorrer durante infecções por mais de um subtipo viral, no momento da redistribuição dos segmentos que se fazem aleatoriamente nos vírions neoformados (Shen et al., 2009; Furuse et al., 2009). 1.8 EPIDEMIOLOGIA A Gripe é uma das mais importantes infecções do trato respiratório, sendo responsável por cerca de 3 a 5 milhões de casos e 250.000 a 500.000 mortes todos os anos, constituindo-se uma das maiores causas de morbidade e mortalidade no mundo inteiro (OMS, 2010). Esta é uma infecção que atinge todas as faixas etárias causando excesso de hospitalizações principalmente na população considerada de alto risco como idosos com mais de 65 anos de idade, crianças menores de 2 anos (Louie et al., 2010), paciente portadores de pneumopatias crônicas, hemoglobinopatias, neoplasias, diabete mellitus, insuficiência renal crônica, cardiopatia congênita e imunosuprimidos (OMS, 2010; Nakajima et al., 2010) Nos países de clima temperado as epidemias de gripe ocorrem nos meses que correspondem ao outono e inverno, e nos países de clima tropical as infecções por Influenza ocorrem ao longo do ano (Finkelman et al., 2007). No Brasil ocorre elevação dos casos de gripe nos meses mais frios do ano (junho, julho e agosto) nas regiões Sul e Sudeste e nas estações de chuva (janeiro, fevereiro e março) nas regiões Norte e Nordeste (Cunha et al., 2005), sendo uma importante 14 causa de absenteísmo na escola e no trabalho, elevação do número de internações hospitalares por pneumonia, e mortes (Keech & Beardsworth, 2008). A alta taxa de variabilidade, a ocorrência de rearranjos ou a transmissão direta ao homem de vírus animais, principalmente de vírus Influenza de tipo A, podem dar origem na população humana, a cepas circulantes com grandes diferenças antigênicas, passíveis de causar epidemias ou até mesmo pandemias. Estas variações possibilitam os vírus de não serem reconhecidos pelas defesas imunitárias do hospedeiro, principalmente quando as variações ocorrem nas glicoproteínas de superfície, principais alvos dos anticorpos neutralizantes (Reid et al., 1999). A ultima pandemia foi causada pelo subtipo H1N1 que é resultado de rearranjos de segmentos genéticos de uma cepa suína da Eurásia (H1N1), uma cepa suína da América do Norte (H1N2) que já havia sofrido triplo rearranjo,sendo formada por PB1 e NA oriundas de cepas humanas H3N2, pelas proteínas PB2 e PA de uma cepa aviária e pelas proteínas HA, NP, M, NS de cepas H1N1 Norte Americanas (Figura 8) (Trifonov et al., 2009). Este novo vírus foi primeiramente detectado na fronteira entre Estados Unidos e México e causou infecções por todo o mundo com uma sintomatologia muito similar ao vírus sazonal: Febre, tosse, coriza, dor de garganta, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e em alguns casos vômito e/ou diarréia (OMS, 2010). Figura 8: Relação entre os vírus Influenza circulantes e o novo Influenza A/H1N1 pandêmico. Fonte Adaptado de Trifonov et al.(2009). 15 1.9 DIAGNÓSTICO A confirmação laboratorial de influenza e o rápido diagnóstico das infecções causadas por este vírus são fundamentais para as decisões de medida de controle, principalmente no que se refere a terapia antiviral, que necessita ser administrada 30 a 48 horas após o início dos sintomas para maior eficácia do tratamento (Moscona, 2005). O quadro 2 traz um resumo das principais metodologias utilizadas atualmente para o diagnóstico de Influenza em espécimes respiratórios, descrevendo suas principais características. Quadro 2: Dados comparativos entre os testes diagnósticos disponíveis para Influenza. Procedimento Cultura viral Método de IFI1 e IFD2 RT-PCR Sorologia Tipos de Influenza detectados AeB Ensaio imunoenzimático (ELISA) AeB AeB AeB Espécimes utilizados Tempo para resultado SC3 e ANF4 SC e ANF 3-10 dias 2-4 horas SC e ANF Soro 2-4 horas + de 2 semanas 2 horas SC e ANF Rapidez na disponibilidade de resultados Não Não Não Não Não AeB Fonte: Adaptado de CDC. Lab Diagnosis of Influenza. 2009 1 Imunofluorescência Indireta 2 Imunofluorescência Direta 3 SC: Swab combinado 4 ANF: Aspirado de nasofaringe 1.9.1 Cultura Viral Atualmente o método padrão ouro para diagnóstico é o isolamento do vírus em cultura de células ou em ovos embrionados, que seguidos da detecção de antígenos virais, utilizando anticorpos específicos, é uma metodologia que apresenta alta especificidade e sensibilidade, além de permitir o isolamento de novos vírus, 16 porém requer infra-estrutura e pessoal especializado, pois é uma técnica demorada (Allwinn et al., 2002). 1.9.2 Imunofluorescência Para a imunofluorescência direta, células epiteliais do trato respiratório, potencialmente infectadas são fixadas em lâminas e os antígenos virais presentes nas células são detectados por anticorpos específicos que podem estar diretamente ligados a um marcador fluorescente (imunofluorescência direta) ou detectado por anti-anticorpos ligados a um marcador fluorescente (imunofluorescência indireta). Em ambos os casos as reações são visualizadas sob microscopia de imunofluorescência e as células positivas são distinguidas pela intensidade de cor e morfologia das áreas fluorescentes (Allwinn et al., 2002). A imunofluorescência direta é mais rápida, porém é geralmente menos sensível do que o método indireto que utiliza um único conjugado anti-anticorpo. É uma técnica de diagnóstico confiável e relativamente rápida, de 2 a 4 horas, embora estudos de sensibilidade diagnóstica tenham demonstrado resultados de 40% a 70% (Allwinn et al., 2002). 1.9.3 Reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR) Reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR) e suas variações como multiplex RT-PCR, por exemplo, são métodos alternativos, rápidos e sensíveis para a detecção do vírus e apresentam melhor sensibilidade analítica e diagnóstica que o método padrão (Steininger et al., 2002). Esta técnica permite não só detectar os tipos Influenza A, B e C, mas também realizar a subtipagem dos vírus Influenza A (Allwinn et al., 2002). A RT-PCR em tempo real (rRT-PCR) apresenta vantagens em relação à técnica tradicional por ser um método que apresenta maior rapidez, sensibilidade, reprodutibilidade e redução de risco de contaminação durante o procedimento. 17 Porém devido ao alto custo, estes testes podem não estar prontamente disponíveis e a liberação de resultados pode levar de um a vários dias (Agrawal et al., 2009). 1.9.4 Os Testes de Rápido Diagnóstico de Influenza (TRDI) Os Testes de Diagnóstico Rápido de Influenza (TDRI), baseados na técnica de imunocromatografia de fase sólida (Figura 9), estão amplamente distribuídos e comercialmente disponíveis para laboratórios e clínicas que desejem utilizá-los. Alguns testes liberam resultados dentro de 15 minutos e atualmente nos Estados Unidos, vários testes já são aprovados para uso. Os testes podem ser utilizados na triagem para detecção e/ou identificação de Influenza A e B e a sensibildade e especificidade pode variar entre 40-70% e 90-95%, respectivamente, quando comparadas com isolamento viral e RT-PCR (CDC, 2010). Figura 9: Modo de atuação de um TRDI tradional: (a) O anticorpo marcado com corante (Ac), específico para a identificação de antígeno (Ag), está presente na extremidade inferior da tira de nitrocelulose ou em recipiente fornecido com a tira. Um anticorpo, igualmente específico para a identificação do antígeno, é ligado à tira numa linha fina (de teste); e um anticorpo ou um antígeno 18 específico para o anticorpo marcado é ligado à linha de controle; (b) O espécime respiratório e o elemento de separação, que foram colocados na tira ou no recipiente, são misturados com o anticorpo marcado e arrastados pela tira ao longo das linhas de anticorpo ligado; (c) Caso o antígeno esteja presente, uma porção do anticorpo será capturada na linha de teste. Outros anticorpos marcados são capturados na linha de controle. Fonte: OMS 2010. Utilização de Testes Rápidos para Diagnóstico da Influenza Os TDRIs possuem uma sensibilidade que pode variar de 40% a 79% e especificidade de 96,5% a 100% para este novo vírus quando comparado à técnica de rRT-PCR. Dessa forma um resultado negativo de um TDRI não exclui a possibilidade de infecção por esta cepa pandêmica (Lee et al., 2010; Faix et al., 2009; Keitel et al., 2010; CDC, 2009; Kok et al., 2009). Quadro 3 mostra os principais TRDIs utilizados atualmente para o diagnóstico de Influenza em espécimes respiratórios, descrevendo suas principais características. Quadro 3: “Kit’s utilizados para diagnóstico rápido de vírus Influenza Tipos de Influenza detectados Espécimes utilizados Tempo para resultado Rapidez na disponibilidade de resultados AeB SC e ANF 15 minutos Sim AeB SC e ANF <15 minutos Sim AeB SC e ANF <15 minutos Sim OSOM® Influenza A&B (Genzyme) AeB SC e ANF <15 minutos Sim QuickVue Influenza Test (Quidel) AeB SC e ANF <15 minutos Sim QuickVue Influenza A+B Test (Quidel) AeB SC e ANF <15 minutos Sim SAS FluScientificAlert (SA) AeB SC e ANF <15 minutos Sim TRU FLU (Meridian Bioscience) AeB SC e ANF 15 minutos Sim “kit” de Imunocromatografia 3M™ Rapid Detection Flu A+B Test (3M) Directigen EZ Flu A+B (Becton-Dickinson) BinaxNOW® Influenza A&B (Inverness Medical) Fonte: Adaptado de CDC. Lab Diagnosis of Influenza. 2009 2. OBJETIVO Este estudo objetivou avaliar a sensibilidade e especificidade do “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B, na detecção de antígenos do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico em amostras de aspirado de nasofaringe e swab combinado. Este “kit” foi um dos mais utilizados pela rede de influenza no Brasil durante a pandemia de 2009-2010. 19 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 VÍRUS TESTADO Foram analisadas amostras para presença do vírus Influenza A (H1N1) 2009 que causou a pandemia entre o período de 2009 a 2010. 3.2 ESPÉCIMES Foram selecionadas 240 amostras de aspirado de nasofaringe e/ou swab combinado encaminhadas ao Laboratório de Vírus Respiratório do Instituto Evandro Chagas para o diagnóstico de vírus Influenza A (H1N1) 2009, dentre elas 210 amostras com resultado positivo e 30 com resultado negativo por rRT-PCR para análise da sensibilidade, especificidade e valores preditivos negativo e positivo do “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B. 3.3 BD DIRECTIGENTM EZ FLU A+B Estas amostras foram posteriormente submetidas à técnica de imunocromatografia de fase sólida utilizando-se o “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B (Becton Dickinson, Sparks, MD) de acordo com as instruções do fabricante (anexo A). 3.4 RT- PCR EM TEMPO REAL (RRT-PCR) O resultado deste foi utilizado para determinar os espécimes clínicos verdadeiros positivos e negativos para a presença do vírus. Esta reação foi realizada segundo o protocolo estabelecido pelo CDC (anexo B) (OMS 2010). 3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 20 Na análise estatística utilizou-se o software BioEstat 5.0 para o cálculo dos parâmetros de sensibilidade e especificidade e valores preditivos negativo e positivo, utilizando o rRT-PCR como método de referência. A sensibilidade foi calculada pelo número de positivos reconhecidos pelo “kit” de rápido diagnóstico dividido pelo número de positivos identificados pelo rRTPCR, e o resultado expresso em porcentagem (Altman & Bland, 1994). De forma similar a especificidade foi calculada pelo número de negativos reconhecidos pelo “kit” de rápido diagnóstico dividido pelo número de negativos identificados pelo rRTPCR e o resultado expresso em porcentagem (Altman & Bland, 1994). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 240 amostras foi testado neste estudo. Dentre as amostras, 210 eram positivas e 30 negativas para a presença do vírus Influenza A (H1N1) 2009 pandêmico através da metodologia de rRT-PCR. Todos estes espécimes foram submetidos à imunocromatografia de fase sólida. Comparação entre os resultados da detecção pela metodologia de rRTPCR e pelo “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B podem ser visualizados no quadro 4. Quadro 4: Comparação entre os resultados obtidos pela metodologia de rRT-PCR e a imunocromatografia. RT-PCR em tempo real Resultado BD Directigen™ Flu A+B Positivo Negativo Total Positivo 100 110 210 Negativo 0 30 30 100 140 240 Total 21 O desempenho do “kit” de imunocromatografia comparado à rRT-PCR para detecção do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico pode ser observado no quadro 5, e mostram 47,62% de sensibilidade e 100% de especificidade. Quadro 5: Desempenho do ““kit”” BD DirectigenTM EZ Flu A+B, comparado à rRT-PCR para detecção do vírus Influenza A/H1N1 pandêmico. Sensibilidade Especificidade VPP VPN 47,62% (100/210) 100% (30/30) 100% (100/100) 21,43%(30/140) A sensibilidade encontrada concorda com os resultados obtidos em estudos que utilizaram os TDRI para a detecção do vírus Influenza A (H1N1) 2009 pandêmico que variaram de 40% a 79% (Lee et al., 2010; Faix et al., 2009; Keitel et al., 2010; CDC, 2009; Kok et al., 2010). Quando comparado a estudos que utilizaram o mesmo protocolo para a rRT-PCR (Quadro 6), a sensibilidade variou em menos de 1,5%, concordando com os resultados obtidos em investigação conduzida nos Estados Unidos por Karre et al. (2010) que utilizaram espécimes clínicos frescos, alcançando uma sensibilidade de 48,7% e com Vasoo et al. (2009) que realizaram sua pesquisa com amostras congeladas e obtiveram uma sensibilidade de 46,7%. Quadro 6: Comparação entre os resultados obtidos no presente estudo e os obtidos em outros países. Local Sensibilidade Especificidade Referência Brasil 47,6% 100% Presente estudo EUA 46,7% 100% Vasoo et al. (2009) EUA 48,7% 96,5% Karre et al. (2010) EUA 76,6% 98,7% Welch et al. (2010) França 57,7% 100% Nougairede et al. (2010) 22 Nossos resultados foram menores do que os achados por Welch et al. (2010), provavelmente, devido a utilização conjunta de duas metodologias moleculares, a rRT-PCR e a Luminex, que detectam RNA viral. Quando comparado ao trabalho executado na França por Nougairede et al. (2010), nossos achados foram inferiores, devido diferenças na execução da rRT-PCR, que utiliza o sistema SYBR Green em detrimento do sistema TaqMan, metodologia desenvolvida pelo Centro de Referência Nacional de Influenza na França. A especificidade obtida no presente estudo está dentro dos valores encontrados na literatura para o “kit” em questão (Quadro 6), que se estende de 96,5% a 100%, demonstrando elevada especificidade deste no diagnóstico de Influenza A (H1N1) 2009 pandêmico. Foi observada a concordância com os resultados obtidos tanto em estudos conduzidos nos estado Unidos (Vasoo et al., 2009; Karre et al., 2010; Welch et al., 2010) quanto na França (Nougairede et al., 2010), uma vez que a diferença entre o nosso resultado e os valores na literatura não excede 3,5%. Os relatos na literatura que mostram valores diferentes, mesmo quando se utiliza o mesmo “kit”, estão relacionados a mudanças no protocolo do fabricante, nos diferentes alvos e metodologia escolhidos para a reação de RT-PCR, bem como na diferença antigênica entre as nucleoproteínas vrais, o que pode provocar estas diferenças (Kok et al., 2010). Um exemplo é o estudo realizado por Keitel et al., (2010) no qual se verificou que a sensibilidade de um determinado “kit” aumentava de 64% para 92%, quando se utilizava amostras coletadas entre 24 e 48 horas após o início dos sintomas. 5. CONCLUSÃO O teste de diagnóstico rápido tem se mostrado de grande importância no manejo clínico de pacientes. A sensibilidade do “kit” BD DirectigenTM EZ Flu A+B foi baixa, contudo devido a sua rapidez e facilidade de manuseio torna-se uma ferramenta de grande 23 utilidade, contribuindo significativamente durante a tomada de decisões no uso de terapia antiviral, isolamento do paciente e investigação de contatos. A especificidade deste foi elevada, permitindo inferir que este “kit” dificilmente reage com outros antígenos, além dos pertencentes aos vírus Influenza. O valor preditivo positivo de 100% nos permite considerar como definitivo os casos positivos detectados pelo “kit” em questão. Porém, deve-se estar consciente da alta taxa de falsos negativos devendo-se então recorrer a métodos mais sensíveis como rRT-PCR por exemplo. Este estudo se reveste de importância, pois é em nosso conhecimento, a primeiro a descrever um estudo avaliativo de um teste de rápido diagnóstico na detecção do vírus Influenza A (H1N1) 2009 pandêmico no hemisfério sul, bem como, esclarece sobre a eficácia do uso desta metodologia durante surtos e epidemias nesta parte do globo. 24 6. REFERENCIAL TEÓRICO AGRAWAL, A.S.; SARKAR, M.; CHAKRABARTI, S.; RAJENDRAN, K. et al. Comparative evaluation of real-time PCR and conventional RT-PCR during a 2 year surveillance for influenza and respiratory syncytial virus among children with acute respiratory infections in Kolkata, India, reveals a distinct seasonality of infection. Journal of Medical Microbiology (2009), 58, 1616–1622 DOI 10.1099/jmm.0.011304-0. ALLWINN, R.; PREISER, W.; RABENAU, H.; BUXBAUM, S. et al. Laboratory diagnosis of influenza--virology or serology? Med Microbiol Immunol (Berl) 2002; 191: 157-60.Epub 2002 Aug 30. 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