issn 0004-2730 9o Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia abril 2011 17 a 20 de abril de 2011 ouro preto, MG 55 suplemento 1 Assistente editorial e financeira: Roselaine Monteiro Rua Botucatu, 572 – conjunto 83 – 04023-062 – São Paulo, SP Telefax: (11) 5575-0311 / 5082-4788 [email protected] Submissão on-line / Divulgação eletrônica www.abem-sbem.org.br • www.scielo.br/abem Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br • [email protected] Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editorachefe: Daniela Barros MTb 39.311 Comunicações médicas: Cristiana Bravo Relações institucionais: Valeria Freitas Gerentes de negócios: Claudia Serrano, Eli Proença e Marcela Crespi Gerente editorial: Cristiane Mezzari Coordenadora editorial: Sandra Regina Santana Diretora de arte: Renata Variso Peres Designer: Flávio Santana Revisoras: Glair Picolo Coimbra e Astrid Meira Produtor gráfico: Fabio Rangel Cód. da publicação: 12085.4.11 Todos os anúncios devem respeitar rigorosamente o disposto na RDC nº96/08 Rua Alvorada, 631 – Vila Olímpia – 04550-003 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3849-0099/3044-1339 [email protected] • growup-eventos.com.br Assessoria Comercial: Reginaldo Ramos Tiragem desta edição: 4.000 exemplares Preço da Assinatura: R$ 450,00/ano – Fascículo Avulso: R$ 55,00 Indexada por Biological Abstracts, Index Medicus, Latindex, Lilacs, MedLine, SciELO, Scopus, ISI-Web of Science ARQUIVOS BRASILEIROS DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. – São Paulo, SP: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, v. 5, 1955Nove edições/ano Continuação de: Arquivos Brasileiros de Endocrinologia (v. 1-4), 1951-1955 Título em inglês: Brazilian Archives of Endocrinology and Metabolism ISSN 0004-2730 (versões impressas) ISSN 1677-9487 (versões on-line) 1. Endocrinologia – Periódicos 2. Metabolismo-Periódicos I. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia II. Associação Médica Brasileira. CDU 612.43 Endocrinologia CDU 612.015.3 Metabolismo Apoio: Órgão oficial de divulgação científica da SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Departamento da Associação Médica Brasileira), SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes, ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica e SOBEMOM – Sociedade Brasileira de Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral 2011-2012 EDITOR-CHEFE Comissão Editorial Nacional Luciano Giacáglia (SP) Sérgio Atala Dib (SP) Ana Luiza Silva Maia (RS) Luiz Armando de Marco (MG) André Fernandes Reis (SP) Luiz Augusto Casulari R. da Motta (DF) Antônio Carlos Pires (SP) Madson Queiroz Almeida (SP) Antônio Marcondes Lerário (SP) Magnus R. Dias da Silva (SP) Antônio Roberto Chacra (SP) Manoel Ricardo Alves Martins (CE) Ayrton Custódio Moreira (SP) Márcio Faleiros Vendramini (SP) Berenice B. Mendonça (SP) Márcio Mancini (SP) Bruno Geloneze Neto (SP) Margaret Cristina S. Boguszewski (PR) Carlos Alberto Longui (SP) Mário Vaisman (RJ) Carmen C. Pazos de Moura (RJ) Marise Lazaretti-Castro (SP) Célia Regina Nogueira (SP) Milton César Foss (SP) César Luiz Boguszewski (PR) Mônica Andrade Lima Gabbay (SP) Claudio E. Kater (SP) Mônica Roberto Gadelha (RJ) Milena F. Caldato (PA) Denise Pires de Carvalho (RJ) Nina Rosa de Castro Musolino (SP) Diabetes Melito Eder Carlos R. Quintão (SP) Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Edna Nakandakare (SP) Dislipidemia e Aterosclerose Edna T. Kimura (SP) COEDITORES Alexander A. L. Jorge (SP) Evandro S. Portes (SP) Renan M. Montenegro Jr. (CE) Editor associado internacional Antonio C. Bianco (EUA) EDITORES ASSOCIADOS Presidentes dos departamentos da SBEM Adrenal e Hipertensão FUNDADOR Waldemar Berardinelli (RJ) EDITORES e CHEFES DE REDAÇÃO* 1951-1955 Waldemar Berardinelli (RJ) Thales Martins (RJ) 1957-1972 Clementino Fraga Filho (RJ) Maria Teresa Zanella (SP) Endocrinologia Básica Eduardo Rochete Ropelle (SP) Elaine Maria Frade Costa (SP) Maria Teresa Nunes (SP) Eliana Aparecida Silva (SP) EndoCRINOLOGIA Feminina e Eliana Pereira de Araújo (SP) Andrologia Alexandre Hohl (SC) Endocrinologia Pediátrica Ângela M. Spinola de Castro (SP) Francisco Bandeira (PE) Geraldo Medeiros-Neto (SP) Gil Guerra-Júnior (SP) Efisio Puxeddu (Itália) Tireoide João Roberto de Sá (SP) 1983-1990 Antônio Roberto Chacra (SP) Representantes das Sociedades Colaboradoras 2007-2010 Edna T. Kimura (SP) SOBEMOM João Lindolfo C. Borges (DF) Ubiratan Fabres Machado (SP) Ileana G. S. Rubio (SP) 1978-1982 Armando de Aguiar Pupo (SP) Leila Araujo (BA) Tânia A. S. Bachega (SP) Décio Eizirik (Bélgica) Janice Sepuvelda Reis (MG) ABESO Suemi Marui (SP) Charis Eng (EUA) Rosana Bento Radominski (PR) 1995-2006 Claudio Elias Kater (SP) Sonir Roberto Antonini (SP) Henrique de Lacerda Suplicy (PR) Obesidade Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Simão A. Lottemberg (SP) Carol Fuzeti Elias (EUA) 1969-1972* João Gabriel H. Cordeiro (RJ) SBD Sandra R. G. Ferreira (SP) Helena Maria Ximenes (SP) Neuroendocrinologia 1991-1994 Rui M. de Barros Maciel (SP) Rui M. de Barros Maciel (SP) Hans Graf (PR) 1966-1968* Pedro Collett-Solberg (RJ) Laura Sterian Ward (SP) Rodrigo Oliveira Moreira (RJ) Comissão Editorial Internacional Metabolismo Ósseo e Mineral Manuel dos Santos Faria (MA) Ricardo M. R. Meirelles (RJ) Gisah M. do Amaral (PR) 1964-1966* Luiz Carlos Lobo (RJ) João Lindolfo C. Borges (DF) Regina Célia S. Moisés (SP) Jorge Luiz Gross (RS) José Augusto Sgarbi (SP) José Gilberto H. Vieira (SP) Fernando Cassorla (Chile) Franco Mantero (Itália) Fredric E. Wondisford (EUA) Gilberto Jorge da Paz Filho (Austrália) Gilberto Velho (França) James A. Fagin (EUA) Josivan Gomes de Lima (RN) John P. Bilezikian (EUA) Laércio Joel Franco (SP) Norisato Mitsutake (Japão) Léa Maria Zanini Maciel (SP) Patrice Rodien (França) Leandro Arthur Diehl (PR) Peter Kopp (EUA) SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Diretoria Nacional da SBEM 2011-2012 Presidente: Airton Golbert Vice-Presidente: Marise Lazaretti-Castro Secretário Executivo: Josivan Gomes de Lima Secretário Executivo Adjunto: Henrique de Lacerda Suplicy Tesoureira Geral: Rosane Kupfer Tesoureiro Geral Adjunto: Luiz Henrique Maciel Griz Rua Humaitá, 85, cj. 501 22261-000 – Rio de Janeiro, RJ Fone/Fax: (21) 2579-0312/2266-0170 Secretária executiva: Julia Maria C. L. Gonçalves www.sbem.org.br [email protected] Departamentos Científicos - 2011/2012 Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Adrenal e Hipertensão Diabetes Mellitus Representante Presidente Milena Caldato Tv. Nove de Janeiro, 456, Umarizal 66000-000 – Belém, PA Fone: (91) 3246-3939 [email protected] Saulo Cavalcanti da Silva Vice-Presidente Luiz Alberto Andreotti Turatti Secretário Antônio Carlos Pires TesoureiroIvan dos Santos Ferraz Diretores Adriana Costa e Forti Rodrigo Nunes Lamounier Balduino Tschiedel Suplentes Sérgio Atala Dib Hermelinda Pedrosa Rua Tomé de Souza, 830, 10o andar, cj. 1005, Savassi 30140-131 – Belo Horizonte, MG Fone: (31) 3261-2927 www.diabetes.org.br [email protected] Dislipidemia e Aterosclerose Presidente Maria Teresa Zanella Vice-Presidente Fernando Flexa Ribeiro Filho Secretária Gláucia Carneiro Tesoureira Lydia Mariosa Diretores Sandra Roberta Vivolo Fernando Giuffrida Rodrigo Moreira Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Rua Leandro Dupret, 365, Vila Clementino 04025-011 – São Paulo, SP Fone: (11) 5904-0400/Fax: (11) 5904-0401 [email protected] Endocrinologia Básica Presidente Maria Tereza Nunes Vice-Presidente Magnus R. Dias da Silva SecretáriaTânia Maria Ortiga Carvalho Diretores Celso Rodrigues Franci Doris Rosenthal Adelina Reis Suplentes Catarina Segreti Porto Ubiratan Fabres Machado Alameda dos Anapurus, ap. 21 04087-022 – São Paulo, SP Fones: (11) 3091-7431/30917645 www.fisio.icb.usp.br [email protected] Departamentos Científicos - 2011/2012 Endocrinologia Feminina e Andrologia Endocrinologia Pediátrica Presidente Alexandre Hohl Vice-Presidente Paulo César Alves da Silva Vice-Presidente Ricardo M. R. Meirelles Diretores Aline Mota da Rocha Presidente Ângela Maria Spinola e Castro Diretores Amanda Valéria Luna de Athayde Carlos Alberto Longui Carmen Regina Leal de Assumpção Julienne Ângela Ramires de Carvalho Dolores Perovano Pardini Maria Alice Neves Bordallo Poli Mara Spritzer Marília Martins Guimarães Ruth Clapauch Suplentes Claudia Braga Abadesso Cardoso Maria Tereza Matias Baptista Rodovia SC 401, Km 4, nº 3854 88032-005 – Florianópolis, SC Fone: (48) 3231-0336 www.feminina.org.br • www.andrologia.org.br [email protected] Rua Pedro de Toledo, 980, cj. 52, Vila Clementino 04039-002 – São Paulo, SP Fone: (11) 5579-9409/8259-8277 [email protected]/[email protected] Metabolismo Ósseo e Mineral Neuroendocrinologia Presidente João Lindolfo C. Borges Presidente Vice-Presidente Victória Zeghbi Cochenski Borba Vice-Presidente Antônio Ribeiro de Oliveira Junior Diretores Cynthia Maria Alvares Brandão Diretores César L. Boguszewski Luiz Claudio G. de Castro Lucio Vilar Luiz Henrique de Gregório Luiz Antônio de Araújo Luiz Henrique Maciel Griz Mônica Gadelha Av. Angélica, 1757, cj. 103, Higienópolis 01227-200 – São Paulo. SP Fones: (11) 3822-1965/3826-4677 [email protected] www.sobemom.org.br Obesidade Manuel dos Santos Faria Luciana Ansanelli Naves Suplentes Marcello Delano Bronstein Leonardo Vieira Neto Av. Colares Moreira, 555 65075-441 – São Luis, MA Fone: (98) 3217-4410 [email protected] Tireoide Presidente Rosana Radominski PresidenteLaura Sterian Ward Vice-Presidente Leila Araujo Vice-Presidente Carmen Cabanelas Pazos de Moura Primeiro Secretário Alexandre Koglin Benchimol Secretária Gisah Amaral de Carvalho Segunda Secretária Mônica Beyruti Diretores Cleber Pinto Camacho Tesoureira Cláudia Cozer Vânia Maria Corrêa da Costa Representantes da SBEM Josivan Gomes de Lima Rosalinda Camargo Marcio Mancini José Augusto Sgarbi Suplentes Ana Luiza Silva Maia Célia Regina Nogueira Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade Rua Mato Grosso, 306, cj. 1711 01239-040 – São Paulo, SP Fone: (11) 3079-2298/Fax: (11) 3079-1732 www.abeso.org.br [email protected] Rua Botucatu, 572, cj. 81, Vila Clementino 04023-061 – São Paulo, SP Fone/Fax: (11) 5575-0311 www.tireoide.org.br [email protected] Comissões Permanentes - 2011/2012 Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Acompanhamento do Planejamento Estratégico Internacional Presidente César Boguszewski Presidente Airton Golbert [email protected] Membros Ricardo M. R. Meirelles, Ruy Lyra, Marisa Coral, Valéria Guimarães [email protected] Membros Valéria Guimarães, Thomaz Cruz, Amélio F. Godoy Matos, Marcelo Bronstein Campanhas em Endocrinologia Presidente Adriana Costa e Forti [email protected] Membros Luiz Antônio Araújo, Vívian Ellinger Científica NORMAS, QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO Presidente Ronaldo Neves [email protected] Vice-Presidente Eduardo Dias Membros Diana Viegas, Mauro A. Czepielewski, Nilza Torres Presidente Marise Lazaretti-Castro [email protected] Membros Presidentes Regionais, Presidentes dos Departamentos Científicos Indicados pelas Diretorias Ruy Lyra, Doris Rosenthal, Pedro Wesley, Marcello Bertolucci [email protected] Comunicação Social PESQUISAS Presidente Ricardo M. R. Meirelles [email protected] Editor ABEM Sérgio Atala Dib Membros Marisa Helena César Coral, Rosalvo Reis, Severino Farias Educação Médica Continuada Presidente Dalisbor Marcelo W. Silva [email protected] Membros Laura Sterian Ward, Luiz Susin, Ruth Clapauch Estatutos, Regimentos e Normas Presidente Airton Golber [email protected] Membros Gustavo Caldas, Ronaldo Neves, Alexandre Hohl, Representante da Diretoria Nacional Eduardo Pimentel Ética e Defesa Profissional Paritária – CAAEP Presidente Ângela Maria Spínola de Castro MembrosOsmar Monte, Maria Alice Neves Bordallo, Gil Guerra Junior, Luiz Claudio Castro, Durval Damiani Presidente Freddy Eliaschewitz [email protected] Membros Antônio Roberto Chacra, Luiz Augusto Russo Projeto Diretrizes Coordenador Luiz Claudio Castro [email protected] Adrenal e Hipertensão Milena Caldato Dislipidemia e Aterosclerose Maria Tereza Zanella Diabetes Mellitus Saulo Cavalcanti da Silva Endocrinologia Básica Maria Tereza Nunes Endocrinologia Feminina e Andrologia Alexandre Hohl Endocrinologia Pediátrica Ângela Maria Spinola e Castro Metabolismo Ósseo e Mineral João Lindolfo C. Borges Neuroendocrinologia Manuel dos Santos Faria Obesidade Rosana Radominski Tireoide Laura Sterian Ward Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia Corregedor João Modesto [email protected] Vice-CorregedorItairan de Silva Terres 1º vogalTeiichi Oikawa 2º vogalNey Cavalcanti 3º vogal Victor Gervásio e Silva 4º vogalNeuton Dornellas 5º vogal Maite Chimeno [email protected] História da Endocrinologia Valorização de Novas Lideranças Presidente Luiz César Povoa [email protected] Membros Adriana Costa e Forti, Thomaz Cruz Presidente Presidente: Francisco Bandeira Vice-Presidente: Osmar Monte Membros: Adelaide Rodrigues, César Boguszewski, Lucio Vilar, Marisa Helena César Coral, Marilia Guimarães André Gustavo P. de Sousa [email protected] Vice-Presidente Fernando Ghershman Sociedades e Associações Brasileiras na Área de Endocrinologia e Metabologia SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes Diretoria Nacional da SBD (2010/2011) Presidente Saulo Cavalcanti da Silva Vice-Presidentes Balduino Tschiedel Ivan dos Santos Ferraz Nelson Rassi Ruy Lyra da Silva Filho Walter José Minicucci Secretário Geral Domingos Augusto Malerbi 2a Secretária Reine Marie Chaves Fonseca 1o Tesoureiro Antonio Carlos Lerario 2o Tesoureiro João Modesto Filho Conselho Fiscal Leão Zagury Maria Regina Calsolari Silmara A. Oliveira Leite Suplente Perseu Seixas de Carvalho Rua Afonso Brás, 579, cj. 72/74 04511-011– São Paulo, SP Fone/Fax: (11) 3842-4931 [email protected] www.diabetes.org.br Secretária Executiva: Kariane Krinas Davison Gerente Administrativa: Anna Maria Ferreira ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica Diretoria Nacional da ABESO (2010-2011) Presidente Vice-Presidente 1o Secretário Geral 2a Secretária Geral Tesoureira Rosana Radominski Leila Araujo Alexandre Koglin Benchimol Mônica Beyruti Cláudia Cozer Rua Mato Grosso, 306, cj. 1711 01239-040 – São Paulo, SP Fone: (11) 3079-2298/Fax: (11) 3079-1732 Secretária: Luciana Bastos [email protected] www.abeso.org.br SOBEMOM – Sociedade Brasileira de Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral Diretoria Nacional da SOBEMOM (2011-2013) Presidente Vice-Presidente Secretária Geral 2o Secretário Tesoureiro Geral 2a Tesoureira Conselho Fiscal João Lindolfo C. Borges Victória Zeghbi Cochenski Borba Cynthia Maria Alvares Brandão Nilson Roberto de Melo Luiz Claudio Gonçalves de Castro Ana Patricia de Paula Marise Lazaretti-Castro, Dalisbor Macerlo Weber Silva, Francisco Alfredo Bandeira e Farias Av. Angélica, 1757, cj. 103, Higienópolis 01227-200 – São Paulo. SP Fones: (11) 3822-1965/3826-4677 [email protected] www.sobemom.org.br apoio Patrocinadores MENSAGEM DA PRESIDENTE DA PRESIDENTE MENSAGEM Caros colegas É com grande satisfação que lhes damos as boas-vindas ao 9o Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia. Desde a realização, em Minas Gerais, do 2o Cobrapem no ano de 1997, constatamos muitos progressos na endocrinologia pediátrica brasileira, com expressivo crescimento, o reconhecimento da especialidade e a institucionalização do título na área de atuação. Dessa forma, vêm crescendo, também, o interesse e a participação dos colegas, o que nos estimula a melhorar o evento a cada edição. Esse congresso foi preparado com esmero e muito trabalho nos últimos dois anos, para que vocês possam aproveitar o máximo de uma programação de qualidade, atualizada, com espaços para os avanços da ciência e suas repercussões na prática clínica do dia a dia. Estamos recebendo cinco eminentes convidados internacionais que vão nos brindar com sua expertise e também representantes dos mais conceituados grupos brasileiros que atuam na endocrinologia pediátrica e estão contribuindo para o avanço do conhecimento na área. Além dos grandes temas apresentados em conferência, teremos os simpósios e encontros com o professor, em que todos poderão expor dúvidas durante as discussões e trocar ideias, compartilhando experiências. Ouro Preto, cidade patrimônio histórico da humanidade, escolhida para sediar nosso encontro, já foi berço de lutas heroicas para a conquista de liberdade, mas também de muita poesia, imortalizada nos versos de Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, entre outros. Hoje, em suas ruelas estreitas, recebe com carinho e a tradicional hospitalidade mineira todos vocês, que trabalham não só pela melhoria da assistência a crianças e adolescentes com patologias endócrinas, mas também na prevenção desses agravos, sempre que se vislumbre alguma possibilidade. Agradecemos pela presença e desejamos uma ótima estadia, enriquecedora não só de conhecimentos médicos, mas também de cultura, que um “passeio a pé” pela cidade pode proporcionar. Sejam muito bem-vindos! Um forte abraço. Ivani Novato Presidente do 9o Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA Presidente Eduardo da Silva Vaz - RJ 1 Vice-Presidente Fábio Ancona Lopez - SP 2 Vice-Presidente Joel Alves Lamounier - MG Secretária-Geral Marilene Augusta R. Crispino Santos - RJ 1 Secretário Sidnei Ferreira - RJ 2 Secretária Márcia Garcia Alves Galvão - RJ 3 Secretário Carlos Eduardo Nery Paes - RS Diretora Financeira Maria Marta Regal de Lima Tortori - RJ 2 Diretora Financeira Leda Amar de Aquino - RJ 3 Diretora Financeira Denise Garcia F. Machado e Silva - RJ o o a a o a a ASSESSORIAS DA PRESIDÊNCIA DIRETORIAS E COORDENAÇÕES Assessoria para Assuntos Parlamentares Dioclécio Campos Júnior - DF Diretoria de Qualificação e Certificação Profissionais Maria Marluce Viela - SP Assessoria de Saúde Ambiental Eliane Mara Casário Pereira - PR Coordenação do CEXTEP Hélcio Villaça Simões - RJ Assessoria de Políticas Públicas Carlos Eduardo Nery Paes - RS Coordenação de Áreas de Atuação Angela Maria Spíndola Castro - SP Wellington Borges - DF Assessoria de Políticas Públicas – Crianças e Adolescentes com Deficiência Amira Consuelo de Melo Figueiras - PA Assessoria de Acompanhamento da Licença-Maternidade Valdenise Martins Laurindo - SP Luciano Borges Santiago - MG Maribel Nazaré Smith Neves - AP Paulo Eduardo de Araújo Imamura - SP Valdenise Martins Laurindo Calil - SP Assessoria para Assuntos Estratégicos Ney Marques Fonseca - RN Assessoria de Legislação Escolar Maria de Lourdes Fonseca Vieira - AL Assessoria de Apoio às Filiadas Mariângela de Medeiros Barbosa - PB e Eliane de Souza - MG Assessoria para Assuntos da Região Norte Consuelo Silva de Oliveira - PA Assessoria para Assuntos da Região Nordeste Henrique Ferreira Dantas - PE Assessoria para Assuntos da Região Centro-Oeste João Serafim Filho - GO Assessoria para Assuntos da Região Sudeste Valmir Ramos da Silva - ES Assessoria para Assuntos da Região Sul Maria Marlene de Souza Pires - SC Coordenação de Certificação Profissional Mitsuru Miyaki - PR Diretor de Relações Internacionais Fernando José de Nóbrega - SP Representante na International Pediatric Association (IPA) Dioclécio Campos Júnior - DF Representante na Academia Americana de Pediatria (AAP) Ney Marques Fonseca - RN Representante do Mercosul Vera Regina Fernandes - SC Diretoria de Defesa Profissional Milton Macedo de Jesus - PR Diretoria-Adjunta de Defesa Profissional Carlindo de Souza Machado S. Filho - RJ Coordenação Vigilasus Dennis Alexander Bruns - DF Secretário Fernando de Castro Barreiro - BA Membros Corina Maria Nina Batista - AM Ércio José Faustini - RS Euze Márcio Souza Carvalho - MT Jorge Harada - SP Nympha Carmen Hutim Souza - PA Dioclécio Campos Júnior - DF Edson Ferreira Liberal - RJ Marilene Augusta R. Crispino Santos - RJ Gil Simões Batista - RJ Coordenação de Saúde Suplementar Mário Lavorato da Rocha - MG Secretária Membros: Adriana Maria Gurgel Maia - CE Sidnei Ferreira - RJ Silo Tadeu Cavalcanti - PE Paulo Tadeu Falanhe - SP João Batista Salomão - SP Gilca de Carvalho Gomes - PB Regina Lúcia Portela Diniz - CE Mario Tironi Junior - ES Marcelo Pavese Porto - RS Coordenação do Programa de Gestão de Consultório José Paulo Vasconcelos Ferreira - RS Maria Nazareth Ramos Silva - RJ Mário Lavorato da Rocha - MG Regina Maria Santos Marques - GO Diretoria dos Departamentos Científicos e Coordenação de Documentos Científicos Dennis Alexander R. Burns - DF DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA Sandra Josefina Ferraz Grisi - SP Coordenação de Pesquisa Mauro Batista de Morais - SP Ricardo Queiroz Gurgel - SE Coordenação de Graduação Virgínia Resende Silva Weffort - MG Coordenação Adjunta de Graduação Rita de Cássia Silveira - RS Coordenação de Pós-Graduação Eduardo Jorge da Fonseca Lima - PE Renata Dejtiar Waksman - SP Coordenação de Residência e Estágios em Pediatria Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra - DF Coordenação Adjunta de Residência e Estágios em Pediatria Gil Simões Batista - RJ Diretoria Adjunta dos Departamentos Científicos José Sabino de Oliveira - MG Coordenação de Doutrina Pediátrica Luciana Rodrigues Silva - RJ Diretoria de Cursos e Eventos e Promoções Ércio Amaro de Oliveira Filho - RS Coordenação das Ligas dos Estudantes Izilda das Eiras Tamega - SP Coordenação de Congressos e Simpósios Luiz Anderson Lopes - SP DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES Danilo Blank - RS Coordenação CIRAPS Edmar de Azambuja Salles - MS Fernando Antonio de Castro Barreiro - BA DIRETORIA DE BENEFÍCIOS E PREVIDÊNCIA Ana Maria Ramos - ES Coordenação dos Programas de Reanimação Pediátrica Luiz Fernando Loch - RS Paulo Roberto Antonacci Carvalho - RS Coordenação dos Programas de Reanimação Neonatal Maria Fernanda Branco de Almeida - SP Ruth Guinsburg - SP Coordenação do Suporte Básico de Vida Valéria Bezerra Silva Luna - PE Coordenação do Centro de Informação Científica Rita de Cássia Silveira - RS Editores da Revista SBP Ciência Joel Alves Lamounier - MG José Sabino de Oliveira - MG Paulo Cesar Pinho Ribeiro - MG Coordenação do PRONAP Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira - SP Coordenação do Programa de Atualização em Nutrologia Roseli Oselka Saccardo Sami - SP DIRETORIA DE PATRIMÔNIO Sheila Souza Muniz Tavares - RJ COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Titulares Suplentes Angela Marinho Barreto Fontes - SE Aristides Schier da Cruz - PR Corina Maria Nina V. Batista - AM Silo Tadeu Holanda Cavalcanti - PE Teresa Cristina Maia dos Santos - AC Antonio da Silva Macedo - PI Cláudio de Rezende Araújo - MA Hélio Hermenegildo Maués - TO Robson Jorge Bezerra - RO Rosane Costa Gomes - RN Conselho Fiscal Alberto Cubel Brull Junior - MS Presidente Gilca de Carvalho Gomes - PB Vice-Presidente Clóvis Francisco Constantino - SP Secretário Editor Renato Procianoy - RS do JPED Academia Brasileira de Pediatria: Presidente Fernando José de Nóbrega - RS Secretário-Geral José Dias Rego - RJ SOCIEDADE DE PEDIATRIA de minas gerais Presidente Paulo Tadeu de Mattos Pereira Poggiali Presidente de Honra Navantino Alves Filho Vice-Presidente Raquel Pitchon dos Reis Secretário-Geral Fernando Luiz de Mendonça 1 Secretária Andréa Chaimowicz 2 Secretária Helayne Terezinha Alves Santos 1 Tesoureiro Salvador Henrique Ceolin 2 Tesoureira Vânia Nunes Viotti Parreira a a o a Assessor da Presidência Eduardo Carlos Tavares Assessor da Presidência José Sabino de Oliveira Assessora da Presidência Maria do Carmo Barros de Melo Assessora da Presidência Rocksane de Carvalho Norton Diretor de Assuntos Profissionais Fábio Augusto de Castro Guerra Diretor de Assuntos Profissionais Adjunto Leonardo Falci Mourão Diretor dos Comitês Científicos Marcos Carvalho de Vasconcellos Diretora de Cursos – Reanimação Neonatal/ Reanimação Pediátrica Marcela Damásio Ribeiro de Castro Diretor de Redação, Publicação e Divulgação Cássio da Cunha Ibiapina Diretor de Eventos Científicos Luciano Amedée Peret Filho Diretora de Informática Priscila Menezes Ferri Diretor de Integração das Regionais Mário Lavorato da Rocha Diretor de Patrimônio Carlos Magno Guerra Lages Diretora Social Mariana Vasconcelos Barros Poggiali Diretora de Sócios Residentes Isabel Barros Poggiali Membro do Conselho Fiscal Antônio José das Chagas Membro do Conselho Fiscal Fábio Augusto de Castro Guerra Membro do Conselho Fiscal Ivani Novato Silva Membro do Conselho Fiscal José Guerra Lages Membro do Conselho Fiscal Luiz Megale Coordenador do Curso de Reanimação Pediátrica Alexandre Rodrigues Ferreira Coordenadora do Curso de Reanimação Neonatal Márcia Gomes Penido Machado Presidente da Academia Mineira de Pediatria Fausto Pacheco Vice-Presidente da Academia Mineira de Pediatria Sérgio Danilo Junho Pena Secretário da Academia Mineira de Pediatria Navantino Alves Filho DIRETORIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA/ REGIONAL MINAS GERAIS Diretoria 2009/2010 Presidente Victor Eurípedes Barbosa Vice-Presidente Paulo Augusto Carvalho Miranda Secretário Executivo Ricardo Barsaglini Silva Leite Secretário Adjunto Rosalvo Reis Tesoureiro Geral Marisa Helena de Figueiredo Campos Tesoureiro Adjunto Beatriz Santana Soares Diretor Científico Márcio Weissheimer Lauria DIRETORIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA Presidente Airton Golbert Vice-Presidente Marise Lazaretti Secretário Executivo Josivan Gomes de Lima Secretário Adjunto Henrique Suplicy Tesoureiro Geral Rosane Kupfer Tesoureiro Adjunto Luiz Griz COMISSÃO ORGANIZADORA Presidente do Congresso Ivani Novato Silva (MG) Presidente de Honra Antônio José das Chagas (MG) Secretária Geral do Congresso Sarah Baccarini Cunha (MG) Primeiro Secretário Marilene Augusta Crispino Santos (RJ) TesourariaFSBP Presidente da Comissão Científica Gil Guerra Junior (SP) Vice-Presidente da Comissão Científica Antônio José das Chagas (MG) Diretor de Cursos e Eventos da SBP Ércio Amaro de Oliveira Filho (RS) COMISSÃO NACIONAL Departamento de Endocrinologia da SBP Presidente Gil Guerra Junior (SP) Secretária Geraldo Miranda Graça Filho (PR) Conselho Durval Damiani (SP) Maria Claudia Schmitt Lobe (SC) Lena Stilianidi Garcia (PA) Luiz Claudio Gonçalves de Castro (DF) Ricardo Fernando Arrais (Rn) Membros Suplentes Luis Eduardo Procopio Calliari (SP) Paulo Ferrez Collett Solberg (RJ) Claudio Hoineff (RJ) Cristiane Kopacek (RS) Crésio De Aragão Dantas Alves (BA) COMISSÃO LOCAL Antônio José das Chagas Adelaide Andrade Rodrigues Juni Carvalho Castro Maria de Fátima Sabino Viana Mariella Guarino Tanure Paulo Melgaço Valadares Rafael Machado Mantovani Samuel Dutra Antônio Sarah Baccarini Cunha Tânia Maria Barreto Rodrigues Vera Maria Alves Dias CONVIDADOS INTERNACIONAIS Silva A. Arslanian (EUA) Edwin A. M. Gale (Inglaterra) Marco A. Rivarola (Argentina) Scott A. Rivkees (EUA) Steven D. Chernausek (EUA) CONVIDADOS NACIONAIS Adauto Versiani Ramos (Mg) Juni Carvalho Castro (Mg) Adelaide Andrade Rodrigues (Mg) Lena Stilianidi Garcia (Pa) Alexander Augusto de Lima Jorge (Sp) Letícia Lima Leão (Mg) Alexandre Varella Giannetti (Mg) Luis Eduardo Procopio Calliari (Sp) Ana Amélia Oliveira Reis de Paula (Mg) Luis Fernando Adan (Ba) Andrea Trevas Maciel-Guerra (Sp) Luiz Cláudio Gonçalves de Castro (Df) Antonio Jose das Chagas (Mg) Márcio Weissheimer Lauria (Mg) Antônio Ribeiro de Oliveira Junior (Mg) Margaret Cristina Boguszewski (Pr) Balduíno Tschiedel (Rs) Margaret de Castro (Sp) Berenice Bilharinho Mendonça (Sp) Maria Alice Neves Bordallo (Rj) Bernardo Lopes Cançado Fonseca (Mg) Maria Bethânia P. Toralles (Ba) Carlos Augusto Monteiro (Sp) Maria de Fátima Borges (Mg) Claudio Hoineff (Rj) Maria de Fátima Sabino Viana (Mg) Claudio Kater (Sp) Maria Francisca Tereza Freire Filgueiras (Mg) Clécio Piçarro (Mg) Marília Martins Guimarães (Rj) Cristiane Kochi (Sp) Marilza Leal Nascimento (Sc) Cristiane Kopacek (Rs) Mauro Scharf Pinto (Pr) Daniela de Freitas Marques (Mg) Osmar Monte (Sp) Durval Damiani (Sp) Paulo Cesar Alves da Silva (Sc) Eduardo Pimentel Dias (Mg) Paulo Ferrez Collet-Solberg (Rj) Elcy Falcão (Pe) Rafael Machado Mantovani (Mg) Eleonora Moreira Lima (Mg) Ricardo Fernando Arrais (Rn) Enio Cardillo Vieira (Mg) Romolo Sandrini Neto (Pr) Eugênia Ribeiro Valadares (Mg) Samuel Dutra Antônio (Mg) Geraldo Miranda Graça Filho (Pr) Sarah Baccarini Cunha (Mg) Gil Guerra-Junior (Sp) Silvia Eloísa Priore (Mg) Giovana Vignoli Cordeiro (Mg) Sofia Helena V. Lemos-Marini (Sp) Gustavo Sena Sousa (Mg) Tania Aparecida Sartori Santos Bachega (Sp) Hamilton Cabral de Menezes Filho (Sp) Tânia Maria Barreto Rodrigues (Mg) Ieda Therezinha Verreschi (Sp) Thais Della Manna (Sp) Jacqueline Araújo (Pe) Vaê Dichtchekenian (Sp) João Gabriel Marques Fonseca (Mg) Vera Maria Alves Dias (Mg) José Codo Albino Dias (Mg) Victória Zeghbi Cochenski Borba (Pr) Resumo das palestras Resumo das palestras resumo de palestras DIFICULDADES DIAGNÓSTICAS E A CONTRIBUIÇÃO DO DIAGNÓSTICO MOLECULAR NAS SÍNDROMES GENÉTICAS Andréa Trevas Maciel Guerra (SP) Médica, especialista em Genética Clínica, professora titular do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) Em sua prática diária, o endocrinologista pediátrico frequentemente se depara com crianças portadoras de uma grande diversidade de quadros sindrômicos de origem genética. Entre estes estão incluídas anomalias cromossômicas numéricas e estruturais, afecções de herança monogênica com diferentes mecanismos de transmissão hereditária (autossômicos ou ligados ao cromossomo X), além de mecanismos não clássicos de herança. Existe, ainda, uma série de condições de etiologia ainda desconhecida. O diagnóstico sindrômico e etiológico é muitas vezes difícil de ser alcançado, pois depende de experiência na área de propedêutica em dismorfologia e de acesso a exames subsidiários específicos da área de genética. O detalhamento da anamnese, principalmente dos antecedentes gestacionais e familiares, é um elemento fundamental para guiar toda a investigação; na sequência, o exame antropométrico e dismorfológico cuidadoso traz os elementos restantes para a elaboração das hipóteses a serem testadas com exames subsidiários gerais e/ou específicos da área de genética. Entre estes está o exame de cariótipo, cuja análise tem aspectos qualitativos e quantitativos que precisam ser levados em conta para a interpretação dos resultados, principalmente quando há suspeita de anomalias estruturais ou mosaicismo cromossômico. Em determinadas situações, a análise cromossômica básica precisa ser complementada com exames de citogenética molecular (FISH) para que seja confirmado determinado diagnóstico. A investigação de determinadas condições de origem genética pode depender de exames bioquímicos e ensaios enzimáticos de difícil acesso e custo elevado, cuja solicitação e interpretação dependem de uma avaliação clínica prévia que restrinja ao máximo as possibilidades diagnósticas. Finalmente, em várias situações pode ser necessário lançar mão de exames moleculares a fim de estabelecer, confirmar ou refinar um determinado diagnóstico. Esses exames, porém, além de também serem de difícil acesso e custo elevado, trazem consigo riscos potenciais. Entre eles estão a possibilidade de infração de princípios éticos, legais e morais; erros na interpretação de resultados; limitações técnicas; geração de estresse, ansiedade, estigmatização e discriminação; e frustração por parte da família por falta de tratamento específico para a doença em questão. SÍNDROME DE CUSHING Antônio Ribeiro de Oliveira Junior (MG) Professor-associado do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre e doutor pela UFMG. Pós-doutorado no BARTS and the London (Inglaterra/Reino Unido) e professor visitante da University of Michigan, Estados Unidos A síndrome de Cushing resulta da exposição crônica às concentrações excessivas de glicocorticoides circulantes, sendo uma síndrome rara, especialmente na infância e adolescência. No entanto, constitui em um desafio seu diagnóstico e tratamento adequados, quando a parceria com neuroendocrinologistas de adultos pode ser de interesse para um mais apropriado manejo de cada caso. Neste encontro, será discutida uma série de casos clínicos, baseando-se em protocolos de investigação sugeridos pelos consensos internacionais. Os casos serão classificados de acordo com a dependência ou não à corticotrofina. A epidemiologia e prováveis diagnósticos das diferentes causas serão abordados no contexto da idade típica de apresentação para cada caso. As abordagens bioquímicas e de imagens serão discutidas e as alternativas para cada caso serão apresentadas. Em relação ao tratamento, ênfase especial será dada para os aspectos relacionados a otimização do crescimento, composição corporal, saúde óssea e reprodutora da infância à idade adulta. INSULIN RESISTANCE IN CHILDREN Silva Arslanian (EUA) Richard L. Day Professor of Pediatrics, University of Pittsburgh, School of Medicine, Director, Pediatric Clinical & Translational Research Center Director, Weight Management & Wellness Center Children’s Hospital of Pittsburgh At the doorstep of the new millennium, we find ourselves faced with remarkable socioeconomic and technological advancements and civilization which are impacting children’s health adversely, thus resulting in the emergence of diseases once considered unique to adults. Among these, obesity, insulin resistance, type 2 diabetes, polycystic ovary disease and dyslipidemia have taken the lead. Health care providers are confronted not only with the acute comorbidities of these conditions but the heightened risk for future atherosclerotic cardiovascular disease. This change of scenery in pediatric health care has created a new need to understand what insulin resistance is, how to measure it, what are its consequences and what to do about it. This lecture will discuss the recently published “Insulin Resistance in Children: Consensus, Perspective and Future Direction. J Clin Endocrinol Metab. 2010;95:5189-98” which was internationally supported by all the major scientific societies in pediatric endocrinology, including the Sociedad Latinoamericana de Endocrinología Pediátrica (SLEP), and in which Dr. Arslanian was the representative of the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society (LWPES). At the end of the lecture, the audience will have developed a clear understanding of: a) the definition of insulin resistance, b) methods of assessment, c) evaluation of risk factors of childhood insulin resistance, d) consequences of childhood insulin resistance, and e) treatment. Approaches for Type 2 Diabetes in Children Silva Arslanian (EUA) Richard L. Day Professor of Pediatrics, University of Pittsburgh, School of Medicine, Director, Pediatric Clinical & Translational Research Center Director, Weight Management & Wellness Center Children’s Hospital of Pittsburgh Parallel to the worldwide increase in obesity, rates of type 2 diabetes mellitus (T2DM) have been on the rise in children and adolescents. The etiology of T2DM in youth, similar to adults, is multifactorial including genetic and environmental factors, among which obesity, resumo de palestras sedentary lifestyle, family history of diabetes, and high-risk ethnicity play important roles. The pathophysiology of youth T2DM involves insulin resistance combined with relative insulin deficiency. Treatment of T2DM should not have a glucocentric approach, rather it should target improving glycemia, dyslipidemia, hypertension, weight management and the prevention of short and long term complications. Presently limited pharmacotherapeutic options need to be expanded both for childhood T2DM and obesity. The coming decades will prove very challenging for health care providers battling socioeconomic waves conducive to obesity and T2DM. Evidence based research and clinical experience in pediatrics, possibly modeled after adult trials, need to be developed if this public health threat is to be contained. With the increasing rates of obesity in the general population as well as in youth with type 1 diabetes, the distinction between T2DM and obese type 1 diabetes may not be possible on the basis of clinical features. Data will be presented in regards to the pathophysiological differences between obese children who are clinically diagnosed as T2DM but have evidence of islet cell autoimmunity vs. obese T2DM without islet cell autoantibodies. During this lecture the following points will be discussed: 1. What are the clinical characteristics of T2DM in youth? 2. What is the pathopysiology of T2DM in children? 3. What are the risk factors? 4. What is the treatment of T2DM in youth? 5. What are the differences in insulin sensitivity and secretion between pancreatic autoantibody positive vs. negative clinically diagnosed T2DM. O FUTURO NO TRATAMENTO DO DM1: BOMBAS DE INSULINA DE ALÇA FECHADA E OUTRAS PERSPECTIVAS Balduíno Tschiedel (RS) Diretor-presidente do Instituto da Criança com Diabetes, Porto Alegre, RS. Vice-presidente e presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes A pesquisa tecnobiológica associada à diabetologia tem recebido crescente atenção (e verbas) ao redor do mundo. Os assim chamados sistemas de alça fechada (closed-loop) têm tido avanços promissores, e espera-se que essas novas tecnologias consigam alcançar para os pacientes os benefícios de um controle glicêmico melhorado, por meio da combinação de sistemas contínuos de infusão de insulina subcutânea (ou intraperitonial) com monitores de glicose contínua, em tempo real, coordenada por algoritmos de controle, que integram esses dados e possibilitam, então, o manejo correto da glicemia. Em um cenário ainda mais avançado, pode-se esperar que a infusão hormonal seja dupla (insulina e glucagon), ou mesmo tripla (com a adição de amilina?). Entretanto, antes do surgimento desse pâncreas artificial, totalmente automatizado, haverá muitos sistemas clinicamente úteis, como os patch pumps, que estão começando a entrar no mercado e que poderão, talvez, popularizar os sistemas de infusão contínua de insulina, pela diminuição da complexidade e dos custos, e os sistemas semiautomatizados, visando inicialmente à suspensão automática da liberação de insulina em situação de hipoglicemia, haja vista que a integração de todos esses dados por meio de algoritmos de controle total do processo ainda é a pedra angular da efetivação desse mecanismo. Algoritmos como o “Modelo de Controle Preditivo” (MPC) ou o “Derivativo Integral Proporcional” (PID), associados ao sistema de infusão contínua de insulina e à monitorização da glicose em tempo real, têm demonstrado, em pesquisas clínicas, importantes melhoras no controle glicêmico, com redução das excursões glicêmicas e, por consequência, das hipoglicemias. Ao mesmo tempo, a procura por novas insulinas, com ação ainda mais rápida do que as existentes atualmente, evitando o gap que ocorre entre a infusão de insulina e o seu efetivo início de ação, e a evolução da monitorização contínua da glicose permitirão que alvos glicêmicos ainda mais próximos da normalidade sejam alcançados, sem os riscos das hipoglicemias severas, que são o grande fator limitante no tratamento do diabetes. Referências 1. Kovatchev B, Patek S, Dassau E, et al., the Juvenile Diabetes Research Foundation Artificial Pancreas Consortium. Control to range for diabetes: funcionality and modular architecture. J Diabetes Sci Technol. 2009;3:1058-65. 2. Kowalski A, Lum JW. Can we really close the loop and how soon? Accelerating the availability of an artificial pancreas: a roadmap to better diabetes outcome. J Diabetes Sci Technol. 2009;3:1224-6. 3. Bruttomesso D, Farret A, Costa S, et al. Closed-loop artificial pancreas using subcutaneous glucose sensing and insulin delivery and a model predictive control algorithm: preliminary studies in Padova and Montpellier. J Diabetes Sci Technol. 2009;3:1014-21. 4. Buckingham BA, Corby E, Clinton P, et al. Preventing hypoglycemia using predictive alarm algorithms and insulin pump suspension. Diabetes Technol Ther. 2009;11:93-7. 5. Weinzimer SA, Steil GM, Swan KL, et al. Fully automated closed-loop insulin delivery vs semi automated hybrid control in pediatric patients with type 1 diabetes using an artificial pancreas. Diabetes Care. 2008;31:934-9. 6. Kovatchev B, Cobelli C, Renard E, et al. Multinational study of subcutaneous model-predictive closed-loop control in type 1 diabetes mellitus: summary of results. J Diabetes Sci Technol. 2010;4:1374-81. 7. Hovorka R, Allen JM, Elleri D, et al. Manual closed-loop insulin delivery in children and adolescents with type 1 diabetes: a phase 2 randomized crossover trial. Lancet. 2010;375:743-51. 8. Renard E, Place J, Cantwell M, et al. Closed-loop insulin delivery using a subcutaneous glucose sensor and intraperitonial insulin delivery: feasibility study testing a new model for the artificial pancreas. Diabetes Care. 2010;33:121-7. 9. Castle JR, Engle JM, El Youssef J, et al. Novel use of glucagon in a closed-loop system for prevention of hypoglycemia in type 1 diabetes. Diabetes Care. 2010;33:1282-7. 10.www.myomnipod.com resumo de palestras USO DO HORMÔNIO DE CRESCIMENTO EM DOENÇAS CRÔNICAS Cristiane Kochi (SP) Professora adjunta da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e da Unidade de Endocrinologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo Introdução As doenças crônicas afetam o crescimento normal, de maneira transitória ou sustentada, dependendo do tipo e da evolução da doença de base. A redução da velocidade de crescimento pode ser a primeira manifestação clínica de doenças crônicas como doença inflamatória intestinal, doença celíaca, tubulopatias, entre outras. Fisiopatologia Ocorre uma resistência relativa ao hormônio de crescimento, caracterizada por concentrações normais ou elevadas de hormônio de crescimento (GH), tanto em condições basais quanto após estímulo e concentrações baixas de IGF1 e IGFBP3. Os principais fatores associados a esse estado de resistência ao GH são a desnutrição, a inflamação crônica e o uso de glicocorticoides. A desnutrição está presente em quase todas as doenças crônicas e tem etiologia multifatorial. O principal regulador do peso corporal e sinalizador dos estoques energéticos é a leptina. Acredita-se que a leptina seja a substância responsável pela ligação entre o estado nutricional e a função neuroendócrina no nível hipotálamo-hipofisário. Nas crianças desnutridas, os valores plasmáticos de leptina são baixos e se correlacionam com as baixas concentrações de insulina e de IGF1. Além de sua ação no eixo GH-IGF1 e no eixo gonadotrófico, a hipoleptinemia parece ativar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, aumentando a secreção de cortisol. Essa adaptação metabólica vai acarretar maior mobilização de ácidos graxos, proteólise e gliconeogênese, além de menor ação da IGF1 nos tecidos-alvos. A inflamação crônica está presente em várias doenças crônicas. O efeito da inflamação no crescimento ocorre independentemente do estado nutricional. A produção elevada de citocinas pró-inflamatórias como a interleucina 6, fator de necrose tumoral alfa (TNFα) e interleucina 1β está associada à resistência ao GH, com concentrações baixas de IGF1 e IGFBP3. Estudos in vitro demonstraram que a interleucina 1 e o TNFα promovem a downregulation dos receptores hepáticos do GH, reduzindo a produção de IGF1. Além disso, a interleucina 6 aumenta a proteólise da IGFBP3, reduzindo a meia-vida e aumentando o clearance da IGF1. A corticoterapia é bastante empregada nas doenças crônicas e apresenta vários efeitos no crescimento. Os efeitos dos glicocorticoides no crescimento são bastante complexos e incluem alterações do eixo GH-IGF1, efeitos diretos na placa de crescimento e inibição do eixo gonadotrófico. GH em doenças crônicas Inicialmente, o hormônio de crescimento (GH) era utilizado apenas em pacientes com deficiência de sua produção. Com a disponibilidade do GH recombinante a partir de 1985, houve um aumento no número de indicações, e atualmente o FDA (Food and Drug Administration) aprova seu uso nas seguintes situações: crianças e adultos com deficiência de GH, síndrome de Turner, crianças nascidas pequenas para a idade gestacional, síndrome de Noonan, insuficiência renal crônica, alterações do gene SHOX, síndrome de Prader-Willi, síndrome do intestino curto e baixa estatura idiopática. Vários estudos atuais têm demonstrado que o uso de GH na infância traz benefícios que vão além do ganho estatural, incluindo melhora da composição corporal, da densidade mineral óssea, do perfil lipídico e dos fatores de risco cardiovasculares. Apesar de não haver novas indicações aprovadas desde 2007, vários estudos sobre doenças crônicas têm sido realizados, como o uso do GH na artrite reumatoide juvenil, fibrose cística, HIV e doença inflamatória intestinal. Fibrose cística A fibrose cística (FC) é uma doença crônica, progressiva, de herança autossômica recessiva, que compromete primariamente as glândulas exócrinas. A falência do crescimento está associada ao quadro nutricional e ao seu manejo terapêutico, gravidade do comprometimento pulmonar, presença de diabetes melito e disfunção hepática. Alguns estudos com GH ou IGF1 recombinante foram realizados em crianças com FC, porém por curto período de tempo e com número reduzido de pacientes. Esses estudos, com uso de GH por período de seis meses a dois anos, demonstraram aumento da velocidade de crescimento, aumento da massa magra e menor número de internações e de uso de antibióticos. No entanto, não foi possível determinar melhora na função pulmonar ou na estatura final, devido ao curto tempo de uso. Nenhum dos pacientes avaliados desses estudos apresentou diabetes durante o tratamento com GH. Doença inflamatória intestinal Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são as doenças intestinais inflamatórias crônicas mais frequentes na infância. Redução da velocidade de crescimento e de ganho ponderal pode preceder os sintomas gastrintestinais em anos. Após o diagnóstico e o início da terapêutica específica, o comprometimento do crescimento é frequente na doença de Crohn, mas não na retocolite ulcerativa. O déficit estatural não é completamente recuperado mesmo com a oferta calórica adequada. Além da desnutrição, a inflamação intestinal crônica também tem papel importante na etiologia da alteração do crescimento, assim como outros fatores que incluem diagnóstico tardio, gravidade da doença e comprometimento do jejuno. Até cerca de um terço dos pacientes com doença inflamatória intestinal tem redução da estatura final. A terapêutica nutricional, a ressecção da doença localizada e o uso de anticorpos monoclonais (infliximabe) estão associados ao aumento das concentrações séricas de IGF1 e de IGFBP3, aumento da velocidade de crescimento e melhora da previsão de estatura final, principalmente quando iniciados antes da puberdade. Alguns estudos foram realizados com GH em pacientes com doença de Crohn, com melhora da velocidade de crescimento. resumo de palestras Artrite idiopática juvenil Na artrite idiopática juvenil, o comprometimento do crescimento não é frequentemente observado ao diagnóstico, mas pode ocorrer nos casos em que não ocorre a remissão e depende do tempo da duração da doença. O déficit estatural é maior na artrite sistêmica e na poliarticular com fator reumatoide positivo. Estudos com GH nesse grupo de pacientes mostram aumento da velocidade de crescimento após seis meses de tratamento, com efeito mantido até por quatro anos. O uso precoce do GH parece minimizar a perda estatural, principalmente nos pacientes tratados com glicocorticoides, além de aumentar a massa magra e a densidade mineral óssea da coluna lombar. Referências 1. Leena Patel. Growth and chronic disease. Ann Nestlé [Engl]. 2007;65:129-36. 2. Zemel BS, Jawad AF, FitzSimmons S, et al. Longitudinal relationship among growth, nutritional status, and pulmonary function in children with cystic fibrosis: analysis of the Cystic Fibrosis Foundation National CF Patient Registry. J Pediatr. 2000;137:374-80. 3. Hardin DS, Ellis KJ, Dyson M, et al. Growth hormone improves clinical status in prepubertal children with cystic fibrosis: results of a randomized controlled trial. J Pediatr. 2001;139:636-42. 4. Hardin DS, Adams-Huet B, Brown D, et al. Growth hormone treatment improves growth and clinical status in prepubertal children with cystic fibrosis: results of a multicenter randomized controlled trial. J Clin Endocrinol Metab. 2006;91:4925-9. 5. Hardin DS, Rice J, Ahn C, et al. Growth hormone treatment enhances nutrition and growth in children with cystic fibrosis receiving enteral nutrition. J Pediatr. 2005;146:324-8. 6. Sawczenko A, Ballinger AB, Savage MO, et al. Clinical features affecting final adult height in patients with pediatric onset Crohn’s disease. Pediatrics. 2006;118:124-9. 7. Walters TD, Gilman AR, Griffiths AM. Linear growth improves during infliximab therapy in children with chronically active severe Crohn’s disease. Inflamm Bowel Dis. 2007;13:424-30. 8. Calenda KA, Schornagel IL, Sadeghi-Nejad A, et al. Effect of recombinant growth hormone treatment on children with Crohn’s disease and short stature: a pilot study. Inflamm Bowel Dis. 2005;11:435-41. 9. Liem JJ, Rosenberg AM. Growth patterns in juvenile rheumatoid arthritis. Clin Exp Rheumatol. 2003;21:663-8. 10. Simon D, Fernando C, Czernichow P, et al. Linear growth and final height in patients with systemic juvenile idiopathic arthritis treated with longterm glucocorticoids. J Rheumatol. 2002;29:1296-300. 11. Saha MT, Haapasaari J, Hannula S, et al. Growth hormone is effective in the treatment of severe growth retardation in children with juvenile chronic arthritis: double blind placebo-controlled followup study. J Rheumatol. 2004;31:1413-7. 12. Simon D, Lucidarme N, Prieur AM, et al. Effects on growth and body composition of growth hormone treatment in children with juvenile idiopathic arthritis requiring steroid therapy. J Rheumatol. 2003;30:2492-9. 13. Soliman AT, El Zalabany MM, Salama M, et al. Serum leptin concentrations during severe protein-energy malnutrition: correlation with growth parameters and endocrine function. Metabolism. 2000;49:819-25. 14. Savage MO. Growth-promoting hormone therapy in inflammatory bowel disease. JPGN. 2010;51(Suppl 3):S135-6. A VISÃO DO JURISTA: NOVOS COMPORTAMENTOS? Daniela de Freitas Marques (MG) Juiz-auditor substituto da Justiça Militar do Estado de Minas Gerais O sistema jurídico não tem o condão de oferecer respostas aos problemas da vida. Conceitos puramente jurídicos como responsabilidade, dignidade da pessoa humana e proteção integral de direitos são sons vazios nos diversos tons e sobretons dos dramas humanos. O que é a responsabilidade senão o laço de atribuições de deveres à pessoa? O que é a dignidade senão conceito historicamente estabelecido e muitas vezes violado? O que é a proteção dos direitos senão declaração bem intencionada e raramente efetivada? G. K. Chesterton alude à capacidade de deslumbramento ante a própria vida e à virtude da humildade, ou seja, “a arte exuberante de reduzir-nos a um ponto, não a uma coisa pequena ou grande, mas a uma coisa sem tamanho, para a qual todas as coisas cósmicas são o que realmente são – de tamanho imensurável” (Citado por Payne SR. Chesterton e o universo. Brasília: UNB; 2008, p. 147). O norte deslumbramento e humildade é contrário ao próprio direito, cujos pontos cardeais são o controle e a arrogância normativa – mas como pensar na criança com distúrbios de desenvolvimento sexual sem o recurso à capacidade de deslumbramento e à humildade? Deslumbramento para verdadeiramente olhar e ver a criança, naquele momento específico, como vida completa em si mesma, independentemente de sua força vital ou do distúrbio de desenvolvimento sexual. A criança não é destinatária dos desejos dos pais, dos profissionais de saúde ou dos profissionais do direito. Ela é em si completa, independentemente de sua condição física ou do seu estado de saúde. Ela é nome e essência, corpo e espírito, matéria e sonhos. Não está unicamente nas mãos dos dizentes dos saberes ou dos pais. Não é paciente ou destinatária das normas protetivas do Estatuto da Criança e do Adolescente – referidas categorias são simplificadoras e planificadoras. O paciente pode ser reduzido à condição de caso médico e as normas jurídicas foram redigidas para serem violadas. Humildade para verdadeiramente saber e conhecer a ausência de resposta. Toda decisão é fragmentária e parcial, como vidro estilhaçado ou espelho quebrado – não há normativa única: há apenas a visão sobre cada criança, cada drama, cada vida, quando estão presentes os distúrbios de desenvolvimento sexual. O diálogo e a mansidão – a constante tentativa de escolha melhor e mais humana –, o gáudio de verdade fundado no mundo e na criança que se nos apresenta. O que fazer? Nem Saúde, nem Direito têm as respostas à mão. Chesterton (e novamente ele) lembra-se de Nehemias – o homem, na construção de toda a resposta, deve ter a espada em uma mão e a pá em outra. A imaginação construtiva é a pá e o argumento, a espada (Citado por Payne SR. Chesterton e o universo. Brasília: UNB; 2008, p. 199). resumo de palestras COMPLICAÇÕES RENAIS DA OBESIDADE NA INFÂNCIA Eleonora Moreira Lima (MG) Professora-associada do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (FM-UFMG). Nefrologista pediátrica. Doutora em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) A obesidade na infância tem atingido proporções epidêmicas em todo o mundo e se tornou um dos mais importantes problemas de saúde pública. A definição de obesidade é baseada no cálculo do índice de massa corporal (IMC), sendo considerado sobrepeso o IMC entre o percentil 85 e 95 para idade e sexo e obesidade um valor do IMC > percentil 95 para idade e sexo. Nos Estados Unidos, cerca de 1/3 da população infantil está com sobrepeso ou obesidade. Projeções baseadas no International Obesity Task Force (IOTF) indicam que a prevalência do sobrepeso e obesidade na infância em 2020 será > 35% na Europa e > 45% na América; mesmo no sudeste da Ásia essa incidência atingirá 20%. A obesidade infantil está associada com risco aumentado de várias complicações metabólicas como resistência à insulina, intolerância à glicose e diabetes melito tipo 2. Na obesidade, ocorrem hiperperfusão e hiperfiltração glomerular decorrente de uma adaptação fisiológica inadequada resultante de uma vasodilatação arteriolar aferente. A lesão renal da hiperfiltração na obesidade é observada também em indivíduos obesos não diabéticos e é exacerbada pela presença de dislipidemia, hiperglicemia e/ou resistência à insulina, inflamação e hipertensão. A lesão renal se manifesta clinicamente por microalbuminúria, proteinúria, comprometimento da função renal e histologicamente por alterações glomerulares denominadas de “glomerulopatia relacionada à obesidade”. Por outro lado, como a obesidade está intimamente associada com as duas causas mais comuns de doença renal crônica terminal (DRCT), que são o diabetes e a hipertensão, fica evidente que a obesidade aumenta substancialmente o risco de DRCT. A resistência à insulina é a alteração metabólica mais comum relacionada à obesidade e representa uma ligação importante entre obesidade e outras alterações metabólicas, assim como a complicação cardiovascular. A intolerância à glicose que prediz o desenvolvimento de diabetes é uma complicação comum da obesidade na infância; resistência à insulina pode acometer 25% das crianças e 21% dos adolescentes com IMC > percentil 95 para idade e sexo. O diabetes melito tipo 2 é também uma comorbidade detectada em crianças obesas. Nos Estados Unidos, vários centros têm relatado elevação da incidência de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes com idade entre 10 a 19 anos, relacionada ao aumento da taxa de obesidade nessa faixa etária. Relatos em outros países confirmam esses dados. As complicações como hipertensão e dislipidemia detectadas em adultos com diabetes tipo 2 aumentam o risco de complicações vasculares e, embora os dados em crianças e adolescentes com diabetes tipo 2 sejam limitados, os estudos sugerem que o risco de doença vascular na população pediátrica é similar ao observado em adultos com diabetes tipo 2. O diagnóstico precoce é imperativo, porque o tratamento agressivo pode prevenir as complicações como nefropatia, retinopatia, neuropatia progressiva e doença cardiovascular aterosclerótica. Em adição, a resistência à insulina na obesidade se relaciona ao desenvolvimento de hipertensão, dislipidemia e esteatose hepática; a combinação desses fatores é denominada de síndrome metabólica. Vários estudos estimam que 10% dos adolescentes obesos nos Estados Unidos têm síndrome metabólica, definida pelos critérios utilizados para a população adulta. Portanto, a resistência à insulina está associada com inflamação sistêmica, disfunção endotelial, aterosclerose e distúrbio da fibrinólise precoces e complicações cardiovasculares, alterações detectadas na criança e adolescente obesos. A presença desses distúrbios na criança pré-púbere é muito preocupante, uma vez que a resistência à insulina e as complicações relacionadas podem ser exacerbadas pela puberdade por causa da redução fisiológica na sensibilidade à insulina associada com o desenvolvimento puberal normal. A hipertensão primária, também conhecida como hipertensão essencial, era pouco frequente na criança, mas, com a maior prevalência da obesidade na infância, a hipertensão primária se tornou a causa mais comum de hipertensão em adolescentes. Portanto, o risco de hipertensão está aumentado na criança e adolescente com sobrepeso e/ou obesidade, sendo que aqueles com IMC > percentil 95 para idade e sexo têm um risco de desenvolverem hipertensão três vezes maior do que aqueles com IMC < percentil 95. Cerca de 50% das crianças obesas são hipertensas quando avaliadas pela técnica de monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA). Hipertensão e diabetes tipo 2 aumentam o risco de doença vascular. A doença microvascular observada no paciente com diabetes tipo 2 causa retinopatia e nefropatia e pode ser reduzida pelo controle glicêmico intensivo. A nefropatia associada ao diabetes é uma doença progressiva da microvasculatura renal. A microalbuminúria, definida pela excreção persistente de albumina entre 30 e 300 mg/dia, corresponde ao estágio inicial da nefropatia e é preditiva da progressão da nefropatia para proteinúria franca (excreção de albumina > 300 mg/dia), que pode ser acompanhada por hipertensão sistêmica e redução da filtração glomerular. O quadro pode evoluir para DRCT. Em adolescentes com diabetes tipo 2, a microalbuminúria é comum, ocorrendo em 14% a 22% dos pacientes ao diagnóstico. A taxa de progressão da microalbuminúria e da nefropatia parece ser mais rápida em adolescentes com diabetes tipo 2; 40% dos pacientes entre 10 e 18 anos com diagnóstico de diabetes tipo 2 por período inferior a três anos tinham microalbuminúria e neles a pressão arterial sistólica era mais alta do que naqueles sem microalbuminúria. A dosagem anual da albumina urinária para a detecção da microalbuminúria deve ser realizada em todo paciente com diabetes tipo 2. Uma vez diagnosticada, o tratamento deve ser iniciado, incluindo melhora do controle glicêmico e uso de agentes inibidores da enzima conversora de angiotensina e/ou inibidores do receptor de angiotensina II, medidas que, instituídas em tempo hábil, podem reverter a microalbuminúria e retardar ou prevenir a progressão da doença renal. Referências 1. Williams DE, Cadwell BL, Cheng YJ, et al. Prevalence of impaired fasting glucose and its relationship with cardiovascular disease risk factors in US adolescents, 1999-2000. Pediatrics. 2005;116:1122. 2. Hannon TS, Rao G, Arslanian SA. Childhood obesity and type 2 diabetes mellitus. Pediatrics. 2005;116:473. 3. Steinberger J, Daniels SR, Eckel RH, et al. Progress and challenges in metabolic syndrome in children and adolescents: a scientific statement from the American Heart Association Atherosclerosis, Hypertension, and Obesity in the Young Committee of the Council on Cardiovascular Disease in the Young; Council on Cardiovascular Nursing; and Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism. Circulation. 2009;119:628. resumo de palestras 4. Weiss R, Dziura J, Burgert TS, et al. Obesity and the metabolic syndrome in children and adolescents. N Engl J Med. 2004;350:2362. 5. Sorof J, Daniels S. Obesity hypertension in children: a problem of epidemic proportions. Hypertension. 2002;40:441. 6. Stabouli S, Kotsis V, Papamichael C, et al. Adolescent obesity is associated with high ambulatory blood pressure and increased carotid intimal-medial thickness. J Pediatr. 2005;147:651. 7. Aguilar A, Ostrow V, De Luca F, et al. Elevated ambulatory blood pressure in a multi-ethnic population of obese children and adolescents. J Pediatr. 2010;156:930. 8. Chiarelli F, Marcovecchio ML. Insulin resistance and obesity in childhood. Eur J Endocrinol. 2008;159:S67-74. 9. Wang Y, Chen X, Klag MJ, et al. Epidemic of childhood obesity: implications for kidney disease. Adv Chronic Kidney Dis. 2006;13(4):336-51. 10. Marcovecchio ML, Patricelli L, Zito M, et al. Ambulatory blood pressure monitoring in obese children: role of insulin resistance. J Hypertension. 2006;24:2431-6. 11. Pinhas-Hamiel O, Zeitler P. Acute and chronic complications of type 2 diabetes mellitus in children and adolescents. Lancet. 2007;369:1823. 12. Srivastava T. Nondiabetic consequences of obesity on kidney. Pediatr Nephrol. 2006;21:463-70. ERROS INATOS DO METABOLISMO Eugênia Ribeiro Valadares (MG) Pediatra, geneticista clínica, geneticista bioquímica. Coordenadora do Ambulatório de Erros Inatos do Metabolismo do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Professora do Departamento de Propedêutica Complementar da Faculdade de Medicina da UFMG Os erros inatos do metabolismo representam uma categoria heterogênea de doenças genéticas causadas por deficiências enzimáticas, que isoladamente são raras, mas coletivamente, numerosas, com mais de 500 conhecidas. A maioria se manifesta na faixa etária pediátrica e representa causa relevante de morbidade e mortalidade. Para a doença tratável, o objetivo principal da intervenção terapêutica é o reconhecimento precoce seguido prontamente pelo tratamento, visando impedir os danos neurológicos progressivos e os altos índices de morbidade e mortalidade. A apresentação clínica e a época de início dos sintomas são muito variáveis. Laboratorialmente, a espectrometria de massa em tandem (MS/MS) permite detectar mais de 40 doenças metabólicas por meio da análise de aminoácidos e acilcarnitinas em uma única gota de sangue coletada em papel-filtro. A análise de aminoácidos possibilita o diagnóstico das aminoacidopatias e dos defeitos do metabolismo do ciclo da ureia. O perfil de acilcarnitinas permite diagnosticar mais de 20 doenças dos grupos das acidemias orgânicas e dos defeitos de oxidação de ácidos graxos. Além disso, esse método pode ser útil para o diagnóstico retrospectivo de pacientes que morreram por razões não esclarecidas. Doenças lisossomais têm diagnóstico confirmado pela deficiência enzimática específica. A eficácia do tratamento da doença de Gaucher tipo adulto com reposição enzimática abriu um novo horizonte para o tratamento de outras doenças lisossomais, como mucopolissacaridoses (MPS) tipo I, II e VI e doença de Fabry. O diagnóstico exato dos erros inatos do metabolismo propicia o aconselhamento genético, o diagnóstico pré-natal e, em alguns casos, a identificação de heterozigotos. DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA Gil Guerra-Junior (SP) Professor livre-docente do Departamento de Pediatria e presidente do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é um erro inato do metabolismo que ocorre por um defeito genético de uma das cinco enzimas envolvidas na biossíntese do cortisol a partir do colesterol. A não produção adequada do cortisol acarreta excesso de produção de ACTH por feedback e, consequentemente, hiperestímulo do córtex adrenal com aumento dos metabólitos pré-bloqueio enzimático e diminuição do pós-bloqueio. Em 95% dos casos de HAC, o defeito está na 21-hidroxilase. A deficiência da 21-hidroxilase (D21OH) apresenta as seguintes formas clínicas: Clássica Perdedora de sal Virilizante simples Não clássica Virilização pré-natal + (F) + (F) - Virilização pós-natal + (M+F) + (M+F) variável Perda de sal 17-OH progesterona basal + - - ↑↑↑ ↑↑↑ normal ou ↑ F: sexo feminino; M: sexo masculino. Principais dificuldades diagnósticas e terapêuticas da D21OH: 1. Diagnóstico laboratorial: A correta avaliação da 17-OHprogesterona (17OHP) é essencial para o diagnóstico da D21OH. No entanto, as técnicas de radioimunoensaio, ELISA e imunofluorimétrica em geral superestimam os valores da 17OHP pela insu- resumo de palestras ficiente especificidade do anticorpo. Isso ocorre principalmente em neonatos (reação cruzada com hormônios da adrenal fetal), o que, associado ao fato de também a prematuridade e as doenças críticas nesse período aumentarem a 17OHP, torna a triagem neonatal da D21OH com 17OHP um problema a ser resolvido. Talvez a solução esteja nos ensaios por automatizados de cromatografia gasosa ou líquida ou espectrometria de massa, com a inclusão de um perfil hormonal abrangendo cortisol, cortisona, 11-desoxicortisol, 21-desoxicortisol e 17OHP. 2. Predição da gravidade da doença: Nem sempre é fácil estabelecer o diagnóstico diferencial entre perdedor de sal (PS) e virilizante simples (VS). A correlação genótipo-fenótipo não é 100%, portanto, a análise molecular do gene da 21-hidroxilase pode não ajudar. Recentemente, novas ferramentas têm sido buscadas, e uma delas pode ser a avaliação da medula adrenal, em que a dosagem de metanefrina livre acima de 18,5 pg/mL pode ser indicativa da forma PS. 3. Tratamento médico habitual: Ainda é o uso crônico da hidrocortisona oral na dose de 12 a 18 mg/m2/dia, 3x/dia, com a maior dose pela manhã. A dose média é de 17 mg/m2/dia para lactentes e 15 para crianças e adolescentes. A fludrocortisona na dose de 50 a 200 µg/dia deve ser administrada para os PS e não existem estudos com evidência que mostram seu benefício ao longo prazo para os VS. Alternativas terapêuticas estão em investigação, desde novos glicocorticoides até mesmo o uso de GH associado ao GnRHa para melhora da estatura final. 4. Tratamento cirúrgico da ambiguidade genital: Não existe consenso da melhor época para sua realização. 5. Tratamento pré-natal: Existem evidências de se evitar ou diminuir a virilização genital nas meninas afetadas, sem outros efeitos ao curto prazo do corticoide nas crianças, porém com efeitos na mãe, de aumento de peso, edema e estrias. 6. Crescimento e altura final: Existem evidências de comprometimento da altura final e da altura final corrigida para o alvo parental, em média com perda de 1 DP. 7. Metabolismo: Crianças e adolescentes com D21OH podem apresentar aumento do IMC, da massa gorda, da insulina (resistência insulínica), dos andrógenos e da pressão arterial, porém não existem estudos em adultos a respeito do efeito cardiovascular desses fatores de risco no aumento da mortalidade desses pacientes. 8. Fertilidade: Nas mulheres, pode estar diminuída pela falta de controle adequado da doença ou pelas alterações genitais não corrigidas adequadamente e nos homens, pelos restos adrenais nos testículos. Portanto, apesar de alguns aspectos do diagnóstico e tratamento da HAC por D21OH estarem sendo resolvidos nos últimos anos, outros ainda permanecem sem resolução. Referências 1. Riepe FG, Sippell WG. Recent advances in diagnosis, treatment, and outcome of congenital adrenal hyperplasia due to 21-hydroxylase deficiency. Rev Endocr Metab Disord. 2007;8:349-63. 2. Nimkarn S, Lin-Su K, New MI. Steroid 21-hydroxylase deficiency congenital adrenal hyperplasia. Endocrinol Metab Clin N Am. 2009;38:699-718. 3. Hindmarsh PC. Management of the child with congenital adrenal hyperplasia. Best Pract Clin Endocrinol Metab. 2009;23:193-208. ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES MELITO TIPO 1 Gustavo Sena Sousa (MG) Bacharel e licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre e doutorando em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina da UFMG. Supervisor técnico e coordenador de projetos do Laboratório do Movimento da UFMG. Professor e tutor do curso de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da UFMG A atividade física é considerada parte do tratamento do diabetes melito tipo 1 (DM1), juntamente com a insulinoterapia e a dieta balanceada. A duração, a intensidade e a frequência dessa atividade física podem ter implicações diretas sobre o controle glicêmico do paciente, mas frequentemente no atendimento ambulatorial não tem sido dada atenção especial à especificidade do exercício. O exercício aeróbico a longo prazo promove uma redução nas taxas de hemoglobina glicosilada, contribuindo para melhor controle metabólico dos pacientes1,2. Em adolescentes com DM1, de ambos os sexos, atendidos pela Divisão de Endocrinologia da Criança e do Adolescente no Ambulatório São Vicente de Paula do Hospital das Clínicas da UFMG, foi encontrada uma correlação negativa (p = -0,4136) e significativa (p = 0,0009) entre capacidade aeróbica (VO2 pico) e controle glicêmico (A1C)3. Esses efeitos a longo prazo são decorrentes de adaptações promovidas pelo treinamento aeróbico, como: aumento da densidade capilar, aumento da expressão e translocação de GLUT 4 para a membrana das células musculares esqueléticas, aumento de fibras musculares mais sensíveis à ação da insulina, possíveis alterações na composição do sarcolema, aumento na atividade de enzimas glicolíticas e oxidativas e aumento na atividade da glicogênio-sintetase4. O exercício anaeróbico, como o exercício de força, também aumenta o transporte de glicose para o interior das células musculares esqueléticas. Entretanto, ocorre simultaneamente maior degradação do glicogênio hepático (glicogenólise), disponibilizando glicose para a corrente sanguínea. Essa situação pode resultar em aumento agudo da glicose sanguínea5. A longo prazo, o exercício anaeróbico pode promover hipertrofia muscular e redução do percentual de gordura corporal. Essa modificação na composição corporal, embora difícil de ser alcançada, pode contribuir para melhor controle glicêmico e representa um benefício adicional quando combinado com o exercício aeróbico5. No entanto, a American Diabetes Association (2010)6 e o American College of Sports Medicine (2010)6 recomendam esse tipo de exercício apenas para pessoas com DM2, que não apresentam contraindicações. Em crianças e adolescentes com DM1, a utilização do exercício de força, como parte do tratamento, ainda é um assunto pouco estudado. resumo de palestras A American Diabetes Association (2011)7 recomenda a realização de exercícios aeróbicos de intensidade moderada (50%-70% da frequência cardíaca máxima) por mais de 150 minutos semanais. Os pacientes devem ser avaliados quanto aos múltiplos fatores de risco cardiovascular. Aqueles que apresentarem alto risco devem começar com exercícios de curta duração e baixa intensidade, aumentando gradativamente. Deve-se avaliar as condições que possam contraindicar certos tipos de exercício, tais como: hipertensão arterial não controlada, neuropatia autonômica grave, neuropatia periférica grave (lesões nos pés) e retinopatia proliferativa instável. A idade do paciente e os níveis anteriores de atividade física devem ser considerados. A International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (2009)8 recomenda ajustar o regime de insulina à atividade; evitar exercício se glicemia estiver acima de 250 mg/dL com cetonúria/cetose; ingerir carboidratos quando o exercício for prolongado; não consumir álcool; manter uma boa hidratação e verificar a glicemia antes de deitar-se no sentido de prevenir hipoglicemia noturna. Referências 1. Mosher PE, Nash MS, Perry AC, et al. Aerobic circuit exercise training: effect on adolescents with well-controlled insulin-dependent diabetes mellitus. Arch Phys Med Rehabil. 1998;79:652-7. 2. Herbst A, Bachran R, Kapellen T, et al. Effects of regular physical activity on control of glycemia in pediatric patients with type 1 diabetes mellitus. Arch Pediatr Adolesc Med. 2006;160:573-7. 3. Sousa GS, Soares DD, Silva IN. Avaliação da capacidade aeróbica de adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 e sua relação com o controle glicêmico [dissertação]. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais; 2010. 4. Jassen N, Goodyear LJ. Contraction signaling to glucose transport in skeletal muscle. J Appl Phisiol. 2005;99:330-7. 5. Sigal RJ, Kenny GP, Boule NG, et al. Effects of aerobic training, resistance training, or both on glycemic control in type 2 diabetes: a randomized trial. Ann Intern Med. 2007;147:357-69. 6. Colberg SR, Sigal RJ, Fernhall B, et al. Exercise and type 2 diabetes: the American College of Sports Medicine and the American Diabetes Association: joint position statement. Diabetes Care. 2010;33:2692-6. 7. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes. Diabetes Care. 2011;34:S11-61. 8. ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2009 Compendium. Kenneth Robertson, Peter Adolfsson, Gary Scheiner, et al. Exercise in children and adolescents with diabetes. Pediatric Diabetes. 2009(Suppl 12);10:154-68. Análise crítica do uso da HbA1c no diagnóstico do diabetes mellitus em crianças e adolescentes Luis Eduardo Procopio Calliari (SP) Professor-assistente da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordenador do Setor de Endocrinologia Pediátrica do Hospital São Luiz, SP. Membro do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria O diagnóstico de diabetes mellitus (DM) sempre foi baseado em medidas de glicemia associadas ou não à presença de sintomas. Em 1997, revisões extensas modificaram os valores de glicemia para diagnóstico, de acordo com o risco de desenvolvimento de retinopatia, reduzindo os limites de corte. Recentemente, em 2011, a Associação Americana de Diabetes (ADA), em seus Positions Statements, introduziu pela primeira vez a mensuração da HbA1c como um dos critérios diagnósticos de DM (Tabela 1). A HbA1c, que há décadas tem seu valor reconhecido para avaliação do controle metabólico do DM, agora passa a ser também critério de diagnóstico por essa associação. De forma similar à glicemia, o valor de 6,5% representaria o ponto de inflexão do risco para aumento de prevalência de retinopatia, podendo, então, ser incorporado aos novos critérios. Em indivíduos assintomáticos, valores de HbA1c entre 6,0% e 6,4%, em duas ocasiões distintas, seriam considerados como pré-diabetes. Vale ressaltar que ainda não há inclusão da HbA1c nos posicionamentos oficiais de diagnóstico do diabetes de outras sociedades, como ISPAD (Sociedade Internacional para Diabetes na Infância e Adolescência), IDF (Federação Internacional de Diabetes), SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e OMS (Organização Mundial da Saúde). Neste novo cenário, os critérios estabelecidos para glicemia continuam válidos. Na verdade, em muitos casos essa avaliação já é realizada, sendo comum a solicitação da medida de HbA1c em pacientes com sintomas de hiperglicemia, e normalmente esta resulta elevada. Entretanto, em diabetes de evolução rápida, como em algumas crianças com DM1, é possível que a HbA1c não seja ainda francamente elevada, apesar dos sintomas típicos. A utilização da HbA1c como critério diagnóstico apresenta vantagens como conveniência clínica, ausência de necessidade de jejum para coleta, estabilidade pré-analítica e padronização do ensaio, quando utilizados métodos aprovados. Potenciais desvantagens da HbA1c seriam riscos de erro sistemático pela presença de outros fatores que podem aumentar ou diminuir seus valores, como alterações da hemoglobina, uso de medicamentos e até características raciais. Por isso, deveria ser utilizada em combinação com determinações de glicemia para diagnóstico de diabetes. Outra potencial desvantagem seria a não concordância com outros métodos diagnósticos. O valor de corte de 6,5% perde um substancial número de pacientes com DM2, e a maioria com IGT. Análises mostram que o uso da HbA1c para diagnóstico de DM não previamente conhecido em adultos identifica 30% menos casos do que a glicemia ≥ 126 mg/dL. No entanto, é importante lembrar que mesmo entre os critérios já estabelecidos, como glicemia de jejum, TTG oral, também pode haver uma não concordância, já que cada método analisa diferentes aspectos do metabolismo da glicose. Isso é verdadeiro principalmente quando não se trata de DM1. resumo de palestras Pacientes com hemoglobinopatias, anemias graves ou uso de medicamentos que interfiram na HbA1c e também gestantes devem ser diagnosticados exclusivamente com valores de glicemia. Poucos artigos têm se voltado para discutir esse assunto especificamente na infância e adolescência. Dois importantes estudos chegaram a resultados discordantes, utilizando metodologias diferentes. Um grupo multicêntrico alemão avaliou 184 crianças e adolescentes com glicemia acima de 200 mg/dL e comparou a HbA1c daquelas com DM1 versus as com hiperglicemia transitória. Pacientes com DM1 tinham HbA1c entre 6,6% e 14%, enquanto no grupo com hiperglicemia transitória os valores de HbA1c variaram entre 4,5% e 6,1%. Sensibilidade e especificidade foram de 100% para valores de corte de HbA1c = 6,35%. Os autores concluem que DM1 pode ser confirmado e excluído por meio do diagnóstico por HbA1c. Já um artigo da Universidade de Michigan conclui que a HbA1c não foi efetiva em diagnosticar DM em 1.156 crianças obesas e com sobrepeso (12-18 anos de idade). Os resultados mostram que o teste não é efetivo, já que muitos casos poderiam ser perdidos com esse método, utilizando os valores de 6,5% como corte para indivíduos assintomáticos. Os autores sugerem que o valor de corte para crianças deveria ser mais baixo e que valores de glicemia ainda devem ser utilizados para diagnóstico. Deve-se levar em consideração que, além dos valores de glicemia, outros fatores são importantes para o diagnóstico: – Diabetes na infância geralmente se apresenta com sintomas característicos como poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso, associado a glicosúria e cetonúria. – Na ausência de sintomas de diabetes, hiperglicemia detectada incidentalmente ou sob condições de infecções agudas, traumas, estresse circulatório ou outros pode ser transitória e não deve ser considerada como diabetes sem confirmação posterior. O diagnóstico não deveria ser baseado em uma única glicemia. – Na presença de sintomas leves, o diagnóstico de diabetes não deve ser feito com base em apenas uma glicemia anormal. Pode requerer observação continuada e confirmação com glicemia de jejum ou TTG oral. – O TTG oral não deve ser utilizado se o diagnóstico puder ser realizado com glicemia de jejum, ao acaso ou pós-prandial. É raramente indicado para fazer o diagnóstico de DM1 em crianças e adolescentes. Pode-se concluir que a utilização da HbA1c como diagnóstico de diabetes é um tema atual, que deverá ser ainda motivo de muita discussão e estudo. No atual momento, especialmente em crianças e adolescentes, resultados de HbA1c para diagnóstico devem ser analisados de forma individualizada, sempre associados aos outros critérios clínicos e laboratoriais já estabelecidos. Tabela 1. Critérios diagnósticos do diabetes mellitus (ADA 2011) 1. HbA1c > 6,5% O teste deve ser realizado em laboratório utilizando método certificado e estandartizado ou 2. Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (7,0 mmol/l) Jejum definido como ausência de ingestão calórica por pelo menos 8 h ou 3. Teste de tolerância oral com glicose ≥ 200 mg/dL (11,1 mmol/l) após 2 horas Teste realizado utilizando concentração de glucose de 1,75 g/kg até um máximo de 75 g ou 4. Sintomas de diabetes + glicemia ao acaso acima de 200 mg/dl (11,1 mmol/L) Ao acaso é definido como qualquer hora do dia, independentemente do horário da última refeição Na ausência de sinais inequívocos de hipoglicemia, os critérios 1 a 3 devem ser confirmados por repetição do exame. Referências 1. American Diabetes Association. Diabetes Care. 2011;34(Suppl 1). 2. Ehehalt S, Gauger N, Blumenstock G, et al. DIARY-Group Baden-Wuerttemberg. Hemoglobin A1c is a reliable criterion for diagnosing type 1 diabetes in childhood and adolescence. Pediatr Diabetes. 2010;11(7):446-9. 3. Lee JM, Wu EL, Tarini B, Herman WH, Yoon E. Diagnosis of diabetes using hemoglobin A1c: should recommendations in adults be extrapolated to adolescents? J Pediatr. 2010. 4. Kamps JL, Hempe JM, Chalew SA. Racial disparity in A1C independent of mean blood glucose in children with type 1 diabetes. Diabetes Care. 2010;33(5):1025-7. USO DOS BISFOSFONATOS NA CRIANÇA EM USO CRÔNICO DE CORTICOESTEROIDES Luiz Cláudio Gonçalves de Castro (DF) Pediatra com certificado de área de atuação em endocrinologia pediátrica. Professor do Departamento de Pediatria da Universidade de Brasília. Coordenador do Ambulatório de Metabolismo Ósseo Infantil do Hospital Universitário de Brasília Na clínica pediátrica, os glicocorticoides são utilizados em doses suprafisiológicas no tratamento de várias doenças, agudas e crônicas, por suas ações anti-inflamatórias ou imunossupressivas. Apesar dos benefícios reconhecidos, o uso prolongado desses fármacos, resumo de palestras independentemente da via de administração, pode desencadear distúrbios metabólicos e comprometer a homeostase de órgãos e tecidos, como o tecido ósseo, que será o foco desse encontro. A questão inicial que direcionará nossa discussão é: Baseados em dados de eficácia e segurança, o que pode ser feito para evitar ou minimizar o impacto da corticoterapia crônica no metabolismo osteomineral em crianças e adolescentes? Para aprofundarmos na discussão desse tema durante o encontro, é importante ter em mente os aspectos básicos da fisiologia do osso, da fisiopatologia do comprometimento da massa óssea induzida pelos glicocorticoides na fase de crescimento e da farmacologia dos bisfosfonatos, tópicos que poderão ser conversados na parte inicial da discussão. Tendo como base as revisões sistemáticas e metanálises sobre o uso de bisfosfonatos na prevenção e no tratamento do comprometimento da massa óssea e seu impacto na redução do risco de fraturas em crianças e adolescentes submetidos à corticoterapia prolongada, discutiremos, entre outros, os seguintes pontos: a. Quais os níveis atuais de evidências quanto à segurança e eficácia para recomendação do uso de bisfosfonatos na faixa etária pediátrica? b. Quais seriam os benefícios esperados e os potenciais efeitos adversos desse uso? c. Quando e como essa terapêutica estaria justificada? d. Quais as implicações médicas e legais do uso “não previsto em bula” de bisfosfonatos? e. Haveria algum impacto indesejável no metabolismo osteomineral e/ou na formação do esqueleto fetal no caso de gestantes que, quando adolescentes, fizeram uso de bisfosfonatos, uma vez que o medicamento ultrapassa a placenta, fica armazenado e é liberado gradualmente dos ossos por um longo período? Referências 1. Bachrach LK, Ward LM. Clinical review 1: bisphosphonate use in childhood osteoporosis. J Clin Endocrinol Metab. 2009;94:4009. 2. Canalis E, et al. Glucocorticoid-induced osteoporosis: pathophysiology and therapy. Osteoporos Int. 2007;18:1319-28. 3. Leonard MB. Glucocorticoid-induced osteoporosis in children: impact of the underlying disease. Pediatrics. 2007;119(Suppl 2):S166-74. 4. Papapoulos SE, Cremers SC. Prolonged bisphosphonate release after treatment in children. N Engl J Med. 2007;356(10):1075-6. 5. Russell R, et al. Mechanisms of action of bisphosphonates: similarities and differences and their potential influence on clinical efficacy. Osteoporos Int. 2008;19(6):733-59. 6. Teitelbaum S, et al. Should bisphosphonates be used for long-term treatment of glucocorticoid-induced osteoporosis? Arthritis Rheum. 2011;63(2):325-8. 7. Ward L. Osteoporosis due to glucocorticoid use in children with chronic illness. Horm Res. 2005;64:209-21. 8. Ward L, et al. Bisphosphonate therapy for children and adolescents with secondary osteoporosis. Cochrane Database Syst Rev. 2007;(4):CD005324. RASTREAMENTO DE COMPLICAÇÕES NA CRIANÇA OBESA Luis Fernando Adan (BA) Professor adjunto-doutor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), UFBA. Professor do corpo permanente do curso de pós-graduação em medicina e saúde da FMB. Coordenador do Setor Infanto-Juvenil do Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (CEDEBA) O diagnóstico de obesidade requer conhecimentos sobre composição corporal, mas, em última instância, um indivíduo é considerado obeso quando a quantidade de tecido adiposo (TA) aumenta a tal ponto que a saúde física e psicológica sofre influências negativas, reduzindo, assim, a expectativa de vida. A obesidade é uma doença crônica em expansão, epidêmica, com prevalência crescente nas últimas décadas em todas as faixas etárias. O conhecimento da epidemiologia da obesidade é, portanto, de fundamental importância para o planejamento de medidas que possam reduzir seus índices e complicações. São classicamente relacionadas à obesidade as alterações articulares (artroses e osteoartrites, epifisiólise da cabeça femoral), do crescimento (idade óssea avançada, alta estatura, menarca precoce), cutâneas (predisposição a micoses, piodermites e dermatites), gastrointestinais (litíase biliar), respiratórias (tendência à hipóxia, apneia do sono) e psicossociais (discriminação e isolamento social), entre outras. Entretanto, o maior impacto, entre essas morbidades, são as relacionadas às doenças cardiovasculares (DCV). O mecanismo envolvido na gênese da hipertensão arterial (HA) em obesos é multifatorial, e a hiperinsulinemia é um dos fatores conhecidos como capaz de gerar hiperatividade simpática e retenção de sódio. Assim, a identificação de fatores de risco cardiovascular (FRCV) e metabólico é fundamental em obesos. Esses fatores tradicionalmente definem a síndrome metabólica (SM), sendo os principais: obesidade abdominal (AO), hiperinsulinemia, HA, hipertrigliceridemia, redução do HDL-C e alterações do metabolismo dos carboidratos (glicemia jejum alterada, tolerância à glicose diminuída e diabetes), acrescidos do estado pró-inflamatório e pró-trombótico. Os critérios específicos para o diagnóstico de SM em crianças e adolescentes não estão formalmente definidos. A OA é representada clinicamente por aumento da circunferência abdominal (CA). A anormalidade metabólica mais consistente e detectável em indivíduos que desenvolvem SM é a resistência insulínica. Já o estado pró-inflamatório pode ser reconhecido por meio de níveis elevados de proteína C reativa de alta sensibilidade (PCRas), um fator de risco independente na patogênese da aterosclerose, cuja elevação se deve a mecanismos múltiplos, entre eles a liberação pelo TA de citocinas inflamatórias, como a interleucina 6 e o fator de necrose tumoral alfa. Já a adiponectina é uma citocina que se correlaciona negativamente com IMC, percentagem de gordura corporal, razão cintura/quadril, insulinemia, níveis de TG e positivamente com níveis de HDL-C. resumo de palestras O estado pró-trombótico, caracterizado pelo aumento plasmático do PAI-1 e fibrinogênio, também se encontra associado ao fenótipo da síndrome. Na SM, são descritas alterações hepáticas (esteatose hepática e esteato-hepatite não alcoólica) relacionadas ao excesso de peso, geralmente investigadas pelo achado de elevação persistente dos níveis das transaminases. O padrão-ouro para o diagnóstico da condição é a biópsia hepática, no entanto esse método não é utilizado com frequência na população infanto-juvenil, pelas suas características invasivas. A ultrassonografia, embora não seja o melhor método para avaliação de fibrose e inflamação hepáticas, apresenta boas sensibilidade e especificidade e pode ser utilizada com segurança. Já o valor da tomografia computadorizada não está completamente estabelecido. MANAGEMENT OF PATIENTS WITH DSD Marco Rivarola (Argentina) Endocrinology Service, Hospital de Pediatria Garrahan, Buenos Aires Patients with DSD should be referred to a Health Center of high complexity with experience in the management of this problem. In our pediatric Hospital, the team includes an endocrinologist, a cyto-geneticist, a molecular biologist, a pediatric surgeon specialized in gynecology, a pediatric urologist, a psychologist, an imaging specialist, a pediatrician and a lawyer with experience in legal sex reassignment. The pediatric endocrinologist is the team coordinator. For social and legal gender assignment a consensus in ethical and practice guidelines is necessary. The issue is highly controversial. Infants have the right to benefit from appropriate decisions, taken at the appropriate time, on their behalf, by their parents. The Medical Team can recommend, but parents or patients, depending on age, decide after appropriate information. Three age periods can be distinguished in the problem of gender assignment: 1) The newborn period (extended to early infancy), previous to family, social and personal experience in a given sex, when parents decide, 2) From 2 to 10 years of age, when gender re-assignment is not recommended, 3) From 11 years of age to late adolescence or young adulthood, when patients who have lived the experience of a given sex, decide. Recommendations on gender assignment in a newborn are based on: A) Etiological diagnosis. This is helpful for gender assignment because of published (or personal) outcome of different DSDs can be taken into account. B) External genitalia and their future functional possibilities. C) Internal genitalia and fertility potential. D) Surgical possibilities. Surgery, however, is a delicate issue. Some people are against plastic surgery of external genitalia or gonadectomy. E) Paternal acceptance in the case of minors. Psychological evaluation of parents and of future support from family and social environment is important. F) Potential prenatal hormone action on central nervous system. G) General recommendations can be outlined but decision has to be individualized. Ways and timing of disclosure of these highly emotional issues is also of utmost importance. Complex biological explanations are necessary for parent/patient understanding of the problem. Other important issue of patient management in pediatrics is child mental and physical development. Pediatricians should be alert to re-discuss sex issues with these patients during the long years of follow up, from prepuberty until late adolescence, since new questions continuously and naturally emerge. DISORDERS OF SEX DEVELOPMENT (DSD) IN PEDIATRICS. DIAGNOSIS AND TREATMENT Marco Rivarola (Argentina) Endocrinology Service, Hospital de Pediatria Garrahan, Buenos Aires Pediatricians facing a child with a disorder of sex development (DSD) are frequently stressed by the potential clinical, ethical and legal implications of such disorders. The complexity of the topic has resulted in the recommendation that these disorders should be managed by an experienced multidisciplinary team. A timely patient derivation to the medical team requires good general information about these diseases from clinicians. For a comprehensive review of this pathology, a solid knowledge of the process of normal sexual differentiation is essential. Sex determination and differentiation, gonadal, internal and external genitalia, and brain sex differentiation are the result of complex biological processes, some of which are still remaining unmasked. A brief review of these mechanisms will be given, particularly recent advances in the normal development of testis and ovary. This is necessary to understand, on a logical basis, the classification of DSDs. Classification based on karyotype, as recommended by a recent consensus (Chicago 2005), is practical and useful for patient management: diagnoses, prevention of life threatening complications, sex assignment, hormonal, surgical and psychological treatment, as well as social adjustment. All patients should be initially classified within one of the three main karyotype categories: 1) 46,XX, 2) 46,XY, 3) sex chromosome anomalies, even though practical needs (adrenal crisis) some times demand the following of a different study schedule. A stepwise classificatory refinement is then looked for, using available (clinical, laboratory, etc.) information. Depending on each case, diagnosis might be relatively general (eg. 46,XY gonadal dysgenesis) or detailed at the molecular level (eg. 46,XX, congenital adrenal hyperplasia secondary to a defined loss-of-function mutation of 21-hydroxylase]. Treatment actions are usually taken with partial diagnoses, i. e., before final diagnosis is reached. Frequently, a precise final diagnosis is never reached. Examples of some types of DSD will be presented for discussion. O FUTURO DA CRIANÇA NASCIDA PEQUENA PARA A IDADE GESTACIONAL Margaret Boguszewski (PR) Professora adjunta do Departamento de Pediatria da UFPR. Doutora em Endocrinologia Pediátrica, Universidade Gotemburgo, Suécia Segundo a Organização Mundial da Saúde, 8% a 26% das crianças nascidas em diferentes regiões do mundo apresentam peso ao nascimento abaixo de 2.500 g, incluindo bebês nascidos a termo e prematuros. Uma vez conhecida a duração da gestação, as sociedades internacionais de endocrinologia pediátrica consideram pequenas para a idade gestacional (PIG) as crianças nascidas com peso e/ou comprimento dois ou mais desvios-padrões (DP) abaixo da média para a idade gestacional1. No Brasil, estudo realizado em Pelotas, Rio Grande do Sul, cidade com aproximadamente 340 mil habitantes, revelou uma prevalência de nascidos PIG de 12% no ano de 20042. resumo de palestras A definição de PIG não exclui os prematuros. Assim, algumas crianças poderão ser prematuras e PIG, enquanto outras poderão ser PIG nascidas a termo. O diagnóstico de uma criança nascida PIG não se limita ao tamanho ao nascimento, sendo importante identificar doenças ocorridas durante a gestação, síndromes dismórficas ou cromossomopatias, situações que cursam com maior comprometimento do crescimento intrauterino e menor tamanho ao nascimento. A maioria das crianças nascidas PIG apresenta recuperação espontânea do crescimento nos dois primeiros anos de vida3, porém 10% a 15% não recuperam o crescimento e persistem com baixa estatura4. Para essas, o tratamento com hormônio de crescimento é uma opção terapêutica que tem demonstrado bons resultados1. Entretanto, as consequências do nascimento PIG não se limitam ao crescimento. Um maior risco de doenças metabólicas e cardiovasculares foi identificado na vida adulta. Alguns autores sugerem que esse risco seria maior nos nascidos PIG que apresentam recuperação pós-natal do crescimento, em especial naqueles com maior ganho de peso na infância e adolescência5. Daí a necessidade de acompanhar o desenvolvimento dessas crianças durante todo o período de crescimento e de desenvolver estratégias de saúde e intervenções precoces visando reduzir o risco de doenças ao longo da vida. Referências 1. Boguszewski MCS, Boguszewski CL. Growth hormone therapy for short children born small for gestational age. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2008;52(5):792-9. 2. Barros FC, Victora CG, Matijasevich A, et al. Preterm births, low birth weight, and intrauterine growth restriction in three birth cohorts in Southern Brazil: 1982, 1993 and 2004. Cad Saude Publica. 2008;24(Suppl 3):S390-8. 3. Karlberg JP, Albertsson-Wikland K, Kwan EY, et al. The timing of early postnatal catch-up growth in normal, full-term infants born short for gestational age. Horm Res. 1997;48(Suppl 1):17-24. 4. Karlberg J, Albertsson-Wikland K. Growth in full-term small-for-gestational-age infants: from birth to final height. Pediatr Res. 1995;38:733-9. 5. Claris O, Beltrand J, Levy-Marchal C. Consequences of intrauterine growth and early neonatal catch-up growth. Semin Perinatol. 2010;34(3):207-10. DIABETES INSÍPIDO Maria Alice Neves Bordallo (RJ) Endocrinologista do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital do Câncer. Professora adjunta de endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Diabetes insípido é uma síndrome caracterizada pela excreção de um volume excessivo de urina hipotônica, decorrente da produção ou ação insuficiente de hormônio antidiurético (ADH ou AVP – arginina-vasopressina). A diminuição da produção de ADH leva a variável grau de poliúria (volume urinário superior a 100 ml/kg/24 horas ou superior a 2 L/m2 em 24 horas), polidipsia, diminuição da densidade e osmolalidade urinária (< 300 mOsm/kg). Entre as causas de diabetes insípido (DI), temos o de origem central, também chamada de diabetes insípido hipotalâmico ou neurogênico, e o diabetes insípido nefrogênico, decorrente da falha na ação do ADH. Diabetes insípido central é uma doença rara, ocorrendo em 1:25.000 crianças em virtude da inabilidade de secretar ou sintetizar vasopressina. Aproximadamente, 25% a 30% dos casos de diabetes insípido central nas crianças são idiopáticos. A etiologia autoimune deve ser pensada nos pacientes com diabetes insípido que apresentam associadas outras doenças autoimunes, na presença de anticorpos citoplasmáticos contra células secretoras de arginina-vasopressina e nos casos de espessamento da haste hipofisária detectada por meio de ressonância magnética. As malformações estruturais do eixo hipotálamo-hipofisário são responsáveis por 5% a 10% dos casos de diabetes insípido na criança, tais como: displasia septo-óptica, holoprosencefalia, hidrocefalia, encefalocele, hipoplasia hipofisária familiar com ausência de haste hipofisária. Dentre as causas congênitas, o DI familiar é uma forma rara, sendo as mutações autossômicas dominantes do gene da vasopressina-neurofisina II mais frequentes do que as mutações recessivas. Semelhante ao que ocorre nas doenças degenerativas, o acúmulo da proteína mutante leva à gradativa destruição dos neurônios, ocorrendo o quadro clínico de diabetes insípido vários meses ou anos após o nascimento, com gravidade variável. A maioria dos casos de DI central é decorrente de sequela neurocirúrgica ou trauma, cirurgia hipofisária, doença infiltrativa (histiocitose das células de Langerhans), tumores ou encefalopatia isquêmica. O controle da poliúria deve ser feito com a reposição hormonal de desmopressina. A dose inicial deve ser de 5 mcg intranasal, devendo ser reajustada dependendo da resposta do paciente, sendo a dose de manutenção de 5 a 20 mcg, que pode ser administrada uma a duas vezes ao dia. Referências 1. Mavrakis AN, Tritos, NA. Diabetes insipidus with deficient thirst: report of a patient and review of the literature. Am J Kidney Dis. 2008;51:851. 2. Ghirardello, S Hopper N, Albanese A, Maghnie M. Diabetes insipidus in craniopharyngioma: postoperative management of water and electrolyte disorders. J Pediatr Endocrinol Metab. 2006;19(Suppl 1):413. 3. Christensen JH, Rittig S. Familial neurohypophyseal diabetes insipidus: an update. Semin Nephrol. 2006;26:209. resumo de palestras AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE BAIXA ESTATURA Maria de Fátima Borges (MG) Professora-associada da Disciplina de Endocrinologia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, Minas Gerais. Doutorado pela Universidade de São Paulo Inicialmente, deve-se identificar a criança portadora de baixa estatura em bases clínicas. As queixas nem sempre se justificam e refletem o desejo de que a criança normal seja alta. Anamnese cuidadosa e exame clínico incluindo antropometria detalhada são capazes de detectar problemas potenciais. Por definição, uma criança com desvio-padrão da altura (DPA) além de -2 DPA está baixa, entretanto ela pode estar apresentando desaceleração da velocidade de crescimento por uma doença orgânica e ainda não preencher esse critério. A obtenção das estaturas e pesos anteriores da criança avaliada pode trazer informações adicionais, bem como o acompanhamento por seis a doze meses a intervalos regulares. Nesse período, a avaliação bioquímica completa, a determinação da idade óssea, o rastreamento de hipotireoidismo, a obtenção de RX simples de crânio, que pode revelar calcificações intracranianas devidas a um craniofaringioma, são passos importantes capazes de revelar doenças sistêmicas, inadequação nutricional e outras condições que poderiam causar baixa estatura. Nas meninas, ainda que não apresentem sinais dismórficos, o cariótipo pode revelar síndrome de Turner ou outras anomalias estruturais cromossômicas. Nas crianças com baixa estatura (DPA > -2) ou que apresentem baixa velocidade de crescimento (< 4 cm/ano), e nas quais as doenças sistêmicas foram afastadas, deve-se prosseguir a investigação com determinações de IGF1, IGFBP3 e testes farmacológicos, utilizando-se secretagogos do GH. Os melhores testes e o valor de corte da resposta do GH são aspectos ainda controvertidos e serão discutidos. Se existe um fator de risco indiscutível para deficiência de GH, ao lado de IGF1 e IGFBP3 muito baixos, sobretudo em crianças muito novas, esse último passo poderia ser suprimido. A falta de resposta a dois testes provocativos indica deficiência de GH e deve-se considerar a avaliação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, tendo em vista que a avaliação tireoidiana já foi feita e, se anormal, deve ser corrigida antes de se testar a secreção de GH, e a avaliação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal pode não contribuir se a criança estiver numa idade pré-puberal. Uma dosagem de prolactina pode ser obtida não obstante a raridade do prolactinoma na infância e mesmo na adolescência. Na vigência de anormalidades hormonais, a ressonância magnética nuclear com a finalidade de observar lesões hipotálamo-hipofisárias se impõe. A terapêutica vai depender dos resultados dessa investigação final. DIFICULDADES NA ABORDAGEM DA PUBERDADE Marília Martins Guimarães (RJ) Doutora em Medicina, área de Endocrinologia. Professora-associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Pubarca Precoce Idiopática (PPI) Pubarca significa o aparecimento de pelos pubianos. Quando estes se desenvolvem antes dos 8 anos de idade em meninas e 9 anos em meninos, são considerados precoces. A presença de pelos pubianos isolados ou acompanhados de pelos e/ou odor axilar, sem outra característica sexual, com puberdade ocorrendo em época normal para o gênero, denomina-se pubarca precoce. A PPI é cerca de 10 vezes mais comum em meninas do que em meninos. É bastante prevalente entre crianças com disfunção cerebral e, nessas, a frequência é igual entre os dois sexos. Ocorre em qualquer idade, sendo mais comum após os 3 anos de idade, e seu aparecimento após os 7 anos de idade é geralmente de evolução mais lenta. Clinicamente, além da presença de pelos sexuais, podem existir outros sinais discretos como: hipertricose de extremidades e costas, acne, aceleração da velocidade de crescimento e avanço da idade óssea (mas ainda em acordo com a idade estatural). Se forem observados sinais de virilização, acne cística e idade óssea avançada, esse quadro é chamado de adrenarca exagerada. A provável etiologia relacionada seria a antecipação da adrenarca fisiológica que ocorre de maneira lenta, normalmente entre os 7 e 8 anos de idade, com o desenvolvimento da zona reticular e modificação do perfil de secreção do córtex adrenal. Essa mudança é caracterizada pelo aumento da conversão da 17OHpregnenolona à DHEA, com aumento da atividade da 17,20 liase do CYP17 e do SULT2A1, que catalisa a passagem de DHEA para SDHEA, utilizando o doador de sulfato PAPS. Com isso, há o aumento da secreção do DHEA, SDHEA e androstenediona, com manutenção dos níveis vigentes de cortisol. Foi observada a associação da PPI com obesidade e com crianças nascidas pequenas para a idade gestacional (PIG), sugerindo que essas comorbidades poderiam funcionar como desencadeantes da PPI (embora haja controvérsias quanto à associação com PIG). No período pós-puberal, a PPI é apontada como causa de síndrome dos ovários policísticos, infertilidade, hiperinsulinismo, obesidade e risco cardiovascular, principalmente na adrenarca exagerada. A palavra idiopática significa que até o momento não existe uma etiologia definida, assim devemos afastar causas conhecidas de pubarca precoce. Na investigação, devem ser solicitados idade óssea e androgênios; adrenais (17OHProgesterona, androstenediona, DHEA e SDHEA) e gonadais (testosterona). A presença do SDHEA muito elevado sugere tumor de adrenal, que geralmente cursa com evolução rápida dos pelos e sinais de virilização. A 17OHProgesterona moderadamente elevada ou em valores normais mas próximos aos limites superiores aponta para a forma não clássica de HSRC e, no caso de valores limítrofes, deve ser complementada com a prova de estímulo com ACTH para afastar definitivamente esse diagnóstico. Os exames com ultrassom (abdominal em todos e pélvico nas meninas) são úteis para afastar a presença de tumores. O diagnóstico de PPI é feito por exclusão, em que os níveis de androgênios são adequados à faixa etária ou ao estádio de desenvolvimento dos pelos, mas ainda em valores inferiores à faixa adulta. A causa da PPI seria uma sensibilidade aumentada dos receptores androgênicos ou exposição aos endocrine disruptors, ou mesmo uma programação na fase fetal. Classicamente, o acompanhamento é a observação, já que a PPI pode ser a primeira manifestação de uma puberdade precoce central. Existem proposições de tratamento com sensibilizadores de insulina como prevenção da síndrome metabólica em meninas nascidas PIG. resumo de palestras A IMPORTÂNCIA DAS VARIAÇÕES GLICÊMICAS NO ACOMPANHAMENTO DO DM TIPO 1 Mauro Scharf Pinto (PR) Chefe do Serviço de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Nossa Senhora das Graças. Fundador do Centro de Diabetes Curitiba. International Trainning em Diabetes no IDC, Minneápolis. Diretor científico da Sociedade Brasileira de Diabetes Regional Paraná. Diretor médico DASA Regional Sul Há muitos anos, o gold standart na avaliação do controle glicêmico de longo prazo no paciente diabético era feito exclusivamente com base nos resultados da hemoglobina glicada (A1C). Resultados de A1C abaixo de 7% eram considerados como metas de controle adequado da glicemia para todos, o que contribuiria para a redução do risco de complicações crônicas atribuídas ao diabetes. Recentemente, os pesquisadores franceses Louis Monnier e Claude Colette, em artigo publicado no Diabetes Care1, mostraram evidências concretas dos efeitos deletérios relacionados não apenas à elevação da hemoglobina glicada, mas também à variabilidade glicêmica, como fator de contribuição significativo para o aumento do risco de complicações crônicas do diabetes, uma vez que as flutuações agudas dos níveis de glicemia promoveriam uma ativação do estresse oxidativo1. Valores de hemoglobina glicada adequados para cada faixa etária foram também esclarecidos, com base nas evidências do DCCT e de diversos outros estudos menores. Simultaneamente, pesquisadores italianos, sob a coordenação de Antonio Ceriello, publicaram na “Diabetes” a comprovação da veracidade desse conceito, por meio dos dados que sugeriram que as oscilações da glicemia podem promover efeitos mais sérios e danosos do que os níveis consistentemente elevados de glicemia, sobre a função endotelial e o estresse oxidativo. Esses dois itens são importantes fatores de risco para o aumento das complicações cardiovasculares no paciente diabético2. Em outras palavras, os estudos demostram que, para a redução das complicações crônicas do diabetes, não basta a redução e a manutenção de hemoglobina glicada (A1C) em valores baixos. Também é necessário atingir o controle das variações glicêmicas. Outros exames como a 1,5-anisoglucitol começam a surgir, então, na pauta dos exames para monitorização dos riscos de complicações crônicas. Os resultados do estudo ADAG confirmaram a existência de relação linear entre os níveis de A1C e de glicemia média estimada. Em função disso, a American Diabetes Association (ADA), a European Association For the Study of Diabetes (EASD) e a International Diabetes Federation (IDF) promoveram um alinhamento para a promoção do conceito de glicemia média estimada. Nasce aí o primeiro movimento para substituir a utilização do padrão A1C pelos valores correspondentes das glicemias médias estimadas para cada nível de A1C. Isso, sem dúvida, trouxe ao paciente um conceito mais palpável para compreender seus resultados e controles. Para a determinação das correlações, utilizou-se, então, a fórmula 28,7 X A1C - 46,7. As tecnologias emergentes, como o monitoramento contínuo da glicose (CGM), que empregam sensores, um dispositivo de armazenamento de dados e um monitor, têm capacidade de medir a glicose a cada 1 a 10 minutos e transmitir essa leitura ao dispositivo de armazenamento de dados, com possibilidade de acesso retrospectivamente pelo médico ou mostrados em “tempo real” no monitor. O CGM fornece informações sobre os níveis de glicose, padrões e tendências, refletindo, dessa maneira, sobre os efeitos da medicação, das refeições, do estresse, do exercício e de outros fatores que afetam os níveis de glicose. Em virtude de os dispositivos de CGM medirem a glicose intersticial, os valores do teste mostram medidas pontuais atrasadas em vários minutos. Abordaremos também o 1,5-anidroglucitol (1,5-AG) plasmático, um poliol dietético natural que tem sido proposto como um marcador para a hiperglicemia pós-prandial. Por o 1,5-AG ser sensível e responder rapidamente a variações séricas da glicose, ele reflete com precisão elevações transitórias da glicose ao longo de poucos dias. Um teste automatizado de 1,5-AG tem sido usado no Japão por mais de uma década; um teste semelhante foi recentemente aprovado nos Estados Unidos. Esse novo marcador será também amplamente abordado e discutido nessa apresentação. Fatores como o estresse oxidativo da hiperglicemia, novos exames para monitorização das complicações crônicas do diabetes, bem como a enorme gama de novas mutações que determinam os riscos de complicações crônicas, serão os interessantes temas de discussão deste capítulo fascinante da diabetologia que será abordado nessa apresentação do 9º Cobrapem. Referências 1. Monnie L, Colette, C. Glycemic variability: should we and can we prevent it? Diabetes Care. 2008;31(Suppl 2):S150-4. 2. Ceriello A, Esposito K, Piconi L, et al. Oscillating glucose is more deleterious to endothelial function and oxidative stress than mean glucose in normal and type 2 diabetic patients. Diabetes. 2008;57:1349-54. 3. Nathan DM, et al. Translating the A1C assay into estimated average glucose values. Diabetes Care. 2008;31:1473-8. Outras fontes consultadas Artigo SBD, publicado e divulgado pela Sociedade Brasileira de Diabetes, de autoria de Dr. Augusto Pimazoni Netto – Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes, Centro Integrado de Hipertensão e Metabologia Cardiovascular, Hospital do Rim e Hipertensão da UNIFESP – “Novos Estudos Abordam a Importância da Glicemia Média e da Variabilidade Glicêmica para quem tem Diabetes”. Diretriz para o Gerenciamento da Glicose Pós-Prandial – IDF – International Diabetes Federation Guidelines. Disponível em: - <http:// www.idf.org/webdata/docs/Portuguese%20Brazilian_GMPG%20Final%20150208.pdf>. resumo de palestras OUTRAS OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA TRATAMENTO DA BAIXA ESTATURA: SITUAÇÃO ATUAL Paulo Ferrez Collet-Solberg (RJ) Médico do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE), membro dos Comitês de Endocrinologia Pediátrica da SBP e da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) Uma das dificuldades encontradas nas tentativas de aumentar a estatura adulta de uma criança está no controle da relação entre o avanço da idade óssea e a velocidade de crescimento. Como exemplos de possíveis alterações nessa relação, temos as crianças com puberdade precoce, que, mesmo com excelente velocidade de crescimento, estimulada pelos esteroides sexuais, podem vir a ser adultos baixos, pois essa exposição precoce leva não somente a uma aceleração na velocidade de crescimento, mas frequentemente a uma aceleração ainda maior na idade óssea. Por outro lado, jovens com atraso puberal podem apresentar baixa velocidade de crescimento, mas não perdem estatura adulta, pois ocorre associadamente uma diminuição no avanço da idade óssea. Há dois tipos de tratamento visando aumentar a altura adulta: os que visam atrasar o avanço da idade óssea e os que visam acelerar o crescimento. Na tentativa de atrasar o avanço na idade óssea, inicialmente foram utilizados os análogos de GnRH. Esse tratamento é eficaz em crianças com puberdade precoce. Recentemente, foi publicado um consenso sobre o uso desses análogos, em que é relatado que o ganho estatural em crianças com puberdade normal é muito pequeno, não recomendando seu uso. Com a descoberta de homens com alterações no receptor de estrogênios e posteriormente distúrbios na síntese de estrogênios, ficou demonstrado que os estrogênios são os hormônios responsáveis pela maturação e, principalmente, pelo fechamento das epífises ósseas. Há alguns trabalhos relatando o uso em meninos no início da puberdade de drogas que inibem a enzima aromatase, responsável pela síntese de estrogênios. Os resultados são promissores, mas somente um número pequeno de jovens participou desses estudos. Com isso, drogas inibidoras da aromatase com esse objetivo ainda são consideradas experimentais. Quando se discute sobre tentativas de aumentar a velocidade de crescimento, pensa-se no uso de esteroides sexuais e/ou hormônio do crescimento. O uso de esteroides sexuais, sem dúvida, acelera o crescimento, mas o avanço da idade óssea limita o ganho de estatura adulta. Uma exceção seria a oxandrolona, visto que ela não sofre a ação da aromatase. Trabalhos publicados não mostraram ganhos consideráveis na estatura adulta com essa substância. O hormônio do crescimento aumenta a velocidade de crescimento, mas o aumento na estatura adulta de pacientes com deficiência de GH é cerca de uma magnitude maior do que de pacientes com baixa estatura idiopática. Diferentes formas de administração de rhGH, como a oral/inalatória e a mensal, vem sendo desenvolvidas a fim de aumentar a adesão ao tratamento. O tratamento com IGF-I humana recombinante vem sendo utilizado associado ao tratamento com o próprio rhGH, pois seu uso isolado em crianças sem resistência ao rhGH poderia levar a uma perda dos efeitos diretos de GH na placa de crescimento, pois o IGF-I inibe a síntese de GH. Outra linha de pesquisa busca marcadores genéticos preditores da resposta ao rhGH. Em conclusão, pode-se dizer que existem diversas linhas de pesquisa tentando aumentar a estatura de crianças normais e saudáveis. Até o momento nenhum tratamento se mostrou ideal. ESTRATÉGIAS DO TRATAMENTO DA CRIANÇA OBESA Samuel Dutra Antônio (MG) Membro do Grupo de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Endocrinologista pediátrico do Hospital Infantil João Paulo II/FHEMIG. Endocrinologista pediátrico do Hospital Fundação Ouro Branco (FOB). Endocrinologista pediátrico da Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete e de Congonhas O aumento da obesidade, importante fenômeno clínico-epidemiológico atual, se tornou um dos maiores problemas de saúde pública de nossa geração. As mudanças de hábitos alimentares, o estilo de vida sedentário, além de fatores genéticos, estão diretamente envolvidos em sua patogênese. Sua forte relação com risco cardiovascular, síndrome metabólica, diabetes melito, esteatose hepática, apneia, alterações psicológicas e ortopédicas, e até câncer, determina um custo incalculável em morbimortalidade. Não menor se mostra o desafio da abordagem terapêutica diante dessa “epidemia”, com índices de fracasso em longo prazo de 90%! Sem grandes opções no arsenal terapêutico, resta ao pediatra, ao endocrinologista e a toda a equipe reeducarem a família na mudança de hábitos, num difícil, mas único caminho. Várias abordagens simplistas têm sido empregadas, e o insucesso geral comprova a inexistência de um tratamento-padrão. Destaque para a importância da prevenção e o papel fundamental do pediatra na luta contra a obesidade, no incentivo aos hábitos saudáveis e na detecção precoce do ganho exagerado de peso. O risco de a criança se tornar obesa é de 80% quando os pais são obesos, de 50% quando apenas um é obeso e de 10% se nenhum dos dois tem obesidade. Também fundamentais são as políticas públicas, pois medidas populacionais, como a cantina escolar saudável, a disponibilidade e o incentivo às atividades físicas, e a limitação de propaganda e acesso a junk food têm maior impacto que apenas a abordagem individual. O tratamento dietético envolve a educação alimentar e hábitos saudáveis: uma rotina alimentar com ingesta fracionada, cardápio balanceado que inclua saladas e frutas, sem excesso de doces e frituras, refeições à mesa, mastigação lenta, sem uso de líquidos e da TV. A abordagem deve ser individualizada, ajustada aos hábitos da família. A atividade física deve ser incentivada, e o tempo diante da tela, limitado a no máximo 1 a 2 horas/dia. O exercício deve ser inserido no dia a dia da criança, além de atividades lúdicas e aulas de esportes, visando desenvolver o gosto e a habilidade, respeitadas as preferências da criança. A abordagem psicológica é fundamental, já que essas crianças são vítimas de preconceito e bulling, além do suporte para as várias mudanças necessárias em seu comportamento diário. A psicoterapia e o tratamento de comorbidades psiquiátricas reforçam a importância de uma equipe multidisciplinar no sucesso terapêutico. resumo de palestras O tratamento medicamentoso tem papel limitado, com poucos estudos na pediatria, e apenas orlistat e sibutramina estão liberados para uso na adolescência. Estudos sobre a resistência a insulina e a leptina e mecanismos de ação no SNC poderão trazer novas opções terapêuticas. A cirurgia bariátrica está reservada como última alternativa a adolescentes com obesidade muito grave, com comorbidades limitantes e falha no tratamento convencional e medicamentoso. A recomendação é que somente seja realizada acima de 18 anos, ou entre 16 e 18 anos, com precauções especiais e critérios selecionados, sob acompanhamento de equipe multidisciplinar. Assim, é notório que ainda estamos distantes de uma solução eficaz ante essa escalada da obesidade e suas complicações. A melhor opção ainda é a prevenção, e estudos sobre a genética da obesidade podem trazer informações valiosas, neste longo caminho contra esse grave distúrbio metabólico. Pediatric Nodules and Thyroid Cancer Scott A. Rivkees Department of Pediatrics.Yale Pediatric Thyroid Center.Yale University School of Medicine Pediatric thyroid cancer is a rare disease with an excellent prognosis. Compared with adults, epithelial-derived differentiated thyroid cancer (DTC), which includes papillary (PCT) and follicular thyroid cancer (FTC), presents at more advanced stages in children and is associated with higher rates of recurrence. Because of its uncommon occurrence, randomized trials have not been applied to test best care options in children. Even in adults that have a ten-fold or more higher incidence of thyroid cancer than children, few prospective trials have been executed to compare treatment approaches. We also recognize that treatment recommendations have changed over the past few decades and will continue to do so. Respecting the aggressiveness of pediatric thyroid cancer, high recurrence rates, and the problems associated with decades of long-term follow-up, a premium should be placed on treatments that minimize risk of recurrence, the adverse effects of treatments, and facilitate follow-up. We recommend that total thyroidectomy and central compartment lymph node dissection is the surgical procedure of choice for children with DTC if it can be performed by a high volume thyroid surgeon. We recommend RAI therapy for remnant ablation or residual disease for children with DTC. We recommend long-term follow-up, since disease can recur decades after initial diagnosis and therapy. Considering the complexity of DTC management, the potential complications associated with therapy, and important nuances of follow-up, to ensure that children receive the proper care and follow-up that they deserve, it is important that pediatric DTC be managed by physicians with expertise in this area. Pediatric Graves’ Disease: Controversies and Options in Management Scott A. Rivkees Department of Pediatrics.Yale Pediatric Thyroid Center.Yale University School of Medicine Graves’ disease (GD) is the most common cause of thyrotoxicosis in children and adolescents. Caused by immunologic stimulation of the thyroid stimulating hormone (TSH) receptor, lasting remission occurs in only a minority of pediatric patients with GD, including children treated with anti-thyroid drugs (ATDs) for many years. Thus the majority of pediatric patients with GD will need thyroidectomy or treatment with radioactive iodine (RAI; 131I.). When ATDs are used in children, only methimazole (MMI) should be used. PTU is associated with an unacceptable risk of severe liver injury in children and should never be used as first-line therapy. If remission (defined as normal thyroid function off ATDs) is not achieved after 1 or 2 years of ATD therapy, 131I or surgery should be considered, with the choice influenced by the age of the individual. When surgery is performed, near total or total-thyroidectomy is recommended. Complication rates of surgery in children are higher than in adults. When surgery is performed, it should be by a high volume thyroid surgeon. When 131I is used, administered doses should be > 150 uCi/gm of thyroid tissue. We recommend that 131I be avoided in children less than 5 years of age, but is an acceptable form of therapy in older children if properly administered. Choosing a treatment approach for childhood GD is often a difficult and highly personal decision. Discussion of the advantages and risks of each therapeutic option is essential to help the patient and family select a treatment option. ACOMPANHAMENTO DA SÍNDROME DE TURNER: A TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA Sofia Helena V. Lemos-Marini (SP) Professora doutora-assistente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp). Coordenadora da Unidade de Endocrinologia Pediátrica da FCM-Unicamp A síndrome de Turner (ST) é uma entidade clínica que incide em cerca de 1:2.000 nascidos vivos do sexo feminino, determinada pela presença de um cromossomo X e ausência total ou parcial do segundo cromossomo sexual, o que afeta a expressão ou regulação de genes nele localizados. A baixa estatura é considerada o sinal mais constante em portadoras da ST, seguida do hipogonadismo. A maioria das portadoras da ST apresenta falência ovariana precoce, embora ocorra puberdade espontânea entre 15% e 35% delas. As anomalias cardiovasculares estão presentes entre 25% e 50% dos casos, sendo as mais comuns: válvula aórtica bicúspide, coarctação da aorta, prolapso de válvula mitral e dilatação da aorta ascendente, que pode levar à dissecção e ruptura. Anomalias renais e renovasculares, como duplicação do sistema coletor, anomalias de rotação, rim em ferradura e obstrução da junção ureterovesical, estão presentes em um terço dos casos. Em 7% das pacientes ocorre hipertensão essencial. Deficiência auditiva torna-se mais frequente com o avanço da idade e pode ser condutiva, resumo de palestras neurossensorial ou mista. Há aumento da frequência de doenças autoimunes como tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, doença de Crohn, retocolite ulcerativa, vitiligo e alopécia. Os mais frequentes distúrbios endocrinológicos são hipotireoidismo, intolerância aos carboidratos, tendência à obesidade e osteoporose. Há maior risco de neoplasias, sendo mais frequentes as de cólon e gonadais, e é consenso a gonadectomia profilática em pacientes cuja constituição cromossômica contenha sequências do cromossomo Y, devido ao risco de malignidade gonadal. A inteligência é normal, e muitos dos problemas psicossociais que apresentam poderiam estar relacionados à baixa estatura. A ST é patologia frequente nos serviços de endocrinologia pediátrica, mas nota-se que o mesmo não acontece com as mulheres com ST nas clínicas endocrinológicas e nos serviços de ginecologia. Estudos mostram que muitas mulheres com ST, mesmo apresentando problemas de saúde, não recebem tratamento médico regular e adequado. Autores que estudam a transição das pacientes com ST para a idade adulta sugerem que ela seja realizada em etapas. Durante a adolescência, o enfoque seria a feminização. Após a indução puberal, seria realizada uma revisão das doenças preexistentes e as consultas passariam a ser anuais, com controle clínico e monitorização de glicemia, perfil lipídico e funções tireoidiana, renal e hepática. Ecocardiografia, densitometria e audiometria seriam realizadas periodicamente, de acordo com a idade e as condições clínicas da paciente. Se ela apresenta ciclos menstruais espontâneos, deve receber informações sobre contracepção e aconselhamento genético. Há necessidade de screening de neoplasia de colo de útero. Pacientes que pretendam engravidar devem receber assistência e informações, e a reprodução assistida não deve ser oferecida sem um correto preparo prévio. Mulheres com anomalias cardíacas estruturais devem ser desaconselhadas de engravidar, já que há risco aumentado de dissecção aórtica e óbito. É importante que essas mulheres tenham um bom conhecimento de sua condição de saúde e bom relacionamento com a equipe médica, já que esses fatores contribuem para maior aderência e diminuem os abandonos de tratamento. Um processo de transição adequado pode melhorar os resultados e a qualidade de vida a longo prazo, tornando possível a essas mulheres jovens atingir seu pleno potencial. Referências 1. Cabanes L, Chalas C, Christin-Maitre S, et al. Turner syndrome and pregnancy: clinical practice: recommendations for the management of patients with Turner syndrome before and during pregnancy. Eur J Obst Gynecol Reprod Biol. 2010;152:18-24. 2. Davenport ML. Approach to the patient with Turner syndrome. J Clin Endocrinol Metab. 2010;95:1487-95. 3. Davies MC. Lost in transition: the needs of adolescents with Turner syndrome. BJOG. 2010;117:134-6. 4. Devernay M, Ecosse E, Coste J, Carel JC. Determinants of medical care for young women with Turner syndrome. J Clin Endocrinol Metab. 2009;94:3408-13. 5. Pedreira CC, Hameed R, Kanumakala S, Zacharin M. Health-care problems of Turner syndrome in the adult woman: a crosssectional study of a Victorian cohort and a case for transition. Intern Med J. 2006;36:54-7. 6. Rubin KR. Turner syndrome: transition from pediatrics to adulthood. Endocr Pract. 2008;14:775-81. 7. Schoemaker MJ, Swerdlow AJ, Higgins CD, Wright AF, Jacobs PA, on behalf of the United Kingdom Clinical Cytogenetics Group. Mortality in women with Turner syndrome in Great Britain: a national cohort study. J Clin Endocrinol Metab. 2008;93(12):4735-42. 8. Verlinde F, Massa G, Lagrou K, et al. Health and psychosocial status of patients with Turner syndrome after transition to adulthood: the Belgian experience. Horm Res. 2004;62:161-7. Controversies in the treatment of idiopathic short stature Steven D. Chernausek (EUA) Health Sciences Center, University of Oklahoma The treatment of idiopathic short stature with growth hormone is perhaps one of the most controversial subjects faced by pediatric endocrinologists. The therapy is expensive, involves daily injections to a child, and concerns remain about long-term adverse effects. There are many open questions regarding therapy for this condition. How extensive of an evaluation should be performed before determining the condition is “idiopathic”? How short should a child be to justify therapy with GH? (Participants in a recent consensus conference could not agree on this.). What dose of GH should be used? Should therapy be adjusted based on growth rate or circulating IGF-I concentration, or a combination of the two? What defines treatment failure and when should rhIGF-I treatment be considered? What is the place of pubertal delay or aromatase inhibition? Lastly, how much benefit is actually accrued to the individual? There is little doubt concerning efficacy (i.e. an increase in final adult height when GH is given for several years). However, the extent to which this truly benefits the individual, in terms of a better life, remains largely unknown. Such questions need periodic examination in order to advance the field and to offer our patients the best options for care. Diagnostic difficulties in short stature caused by GH/IGF-I deficiency Steven D. Chernausek (EUA) Health Sciences Center, University of Oklahoma The recognition and diagnosis of severe growth hormone deficiency (GHD) is straightforward and easily accomplished, especially in the context of multiple pituitary trophic hormone deficiencies. Diagnosis of intermediate forms of GHD remains a challenge. GH stimulation tests with a variety of provocative agents have traditionally been used to identify children whose growth is limited by insufficient production of GH. Currently, a peak stimulated value of < 10 ng/ml GH has been accepted as indicative of GHD. However, studies have shown that many, normal, prepubertal children, exhibit peak levels < 10 ng/ml. Thus, specificity of GH stimulation tests is very low. Circulating IGF-I levels are typically reduced in GHD, but there is substantial overlap between individuals classified as Idiopathic Short Stature (ISS) with those having GHD as defined by standard GH stimulation tests. The centrality of IGF-I in the axis of growth control has led to the concept of IGF deficiency. IGF deficiency (IGFD) due to defects in GH secretion is termed secondary IGFD whereas that resumo de palestras due to defects of GH action or in intrinsic IGF-I production is termed primary IGFD. In the United States severe primary IGF deficiency is defined as stature and IGF-I level below -3 SDS for age and sex and approved for treatment with rhIGF-I. Initial trials with rhIGF-I treated mainly children with GH insensitivity (Laron S). However, most children with severe primary IGFD do not have an easily defined genetic defect. It is inferred that many may have reduced GH sensitivity. Searches for molecular defects in the GH receptor have occasionally turned up abnormalities, but this is not the rule. IGF generation tests which use GH to stimulate IGF-I production and judge response based on the level achieved are good at diagnosing classic, severe GH insensitivity but fail to identify those intermediate defects. In the end diagnosis of defects of GH secretion or action remains a clinical one for many patients and is based on the thoughtful weighing of imaging studies and tests of the GH/IGF axis interpreted in the context of sound auxologic data. SITUAÇÃO ATUAL DA OFERTA DE IODO: DA DEFICIÊNCIA AO EXCESSO Vera Maria Alves Dias Endocrinologista Pediátrica – Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas. Professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (FM-UFM) A deficiência de iodo é o resultado da ingestão insuficiente de iodo na dieta e tem como resultado a função tireoidiana anormal, o hipotireoidismo e o bócio. O baixo consumo de iodo é a causa mais comum de deficiência mental evitável em todo o mundo, razão pela qual foi desenvolvido um esforço global para eliminar a carência de iodo por meio de uma estratégia altamente eficaz para suplementação de iodo, constituída pela iodação do sal. No ano de 1960, foi realizado o primeiro estudo global da deficiência de iodo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesse estudo, foi reportada uma taxa global de até de 50% de bócio. Uma análise posterior, no ano de 1993, observou nítida queda da prevalência global total de bócio total de 12%, com 655.000 mil pessoas em 110 países tendo o bócio palpável. A partir de então, a estratégia de iodação universal do sal (IUS) vem se expandindo progressivamente nas várias regiões do mundo. No ano 2001, o indicador para medir a prevalência de deficiência de iodo mudou da prevalência de bócio para a medida da mediana do iodo urinário (IU). A partir de então, esse parâmetro foi recomendado como o indicador para a monitorização do status de iodo nas populações. A IUS é considerada a intervenção primária para prevenir as doenças por deficiência de iodo (DDI), a qual foi aprovada pela Organização das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa estratégia foi iniciada há aproximadamente 20 anos. Embora pareça ser uma solução relativamente simples para prevenir a deficiência de iodo, o sucesso e a sustentabilidade da implementação dos programas nacionais de iodação do sal ainda não são regulares em todas as regiões do mundo. Entretanto, a IUS já é aplicada em quase todos os países do mundo, sendo que dois terços da população mundial já estão cobertos por sal iodado. O número de países com carência de iodo como um problema de saúde pública nacional diminuiu de 110, em 1993, para 47, em 2007. Ainda se observa que um terço dos domicílios não tem acesso de forma adequada ao sal iodado. A carência de iodo continua sendo uma grande ameaça para a saúde e o desenvolvimento das populações ao redor do mundo, particularmente para as crianças e mulheres grávidas em países de baixa renda. Os dados sobre o status de iodo disponíveis em 130 países indicaram que cerca de um terço da população mundial tem baixa ingestão de iodo, com base nas concentrações de IU. Na Europa, apenas 9 dos 40 países relataram a cobertura em nível familiar de pelo menos 90%. Dados da Unicef indicam que 88 países no mundo ainda não atingiram 90% de cobertura das famílias. Quase um terço (31,4%) das crianças em idade escolar, 232,3 milhões, não tem acesso ao sal iodado. Aqueles com o maior acesso são as crianças que vivem nas regiões da OMS no Pacífico Ocidental e Américas, e os que têm menos acesso são as crianças que residem na região do Mediterrâneo Oriental. Entre 1990 e 2002, o percentual de domicílios cobertos por sal iodado aumentou de < 10% para 66%, respectivamente, e o aumento nos últimos cinco anos (entre 2002 e 2007) foi de 66% para 68%. Entretanto, os dados indicam que a penetração do sal adequadamente iodado nos domicílios em todo o mundo está em diminuição. São consideradas razões para tais tendências: produção inconsistentes ou limitações na tecnologia de iodação, ausência de controle de qualidade na fábrica ou mau acondicionamento e transporte ineficaz. Outros obstáculos para a implementação da IUS são: dificuldades na aplicação da legislação sobre o sal iodado; problemas relacionados pelo excesso de pequenos produtores de sal e a ausência de um sistema eficaz de acompanhamento operacional. As limitações para determinar a situação global da cobertura de sal iodado que devem ser consideradas são o atraso na comunicação de dados e a utilização de dados ultrapassados de pesquisa de alguns países. As estimativas da Unicef mais recentes baseiam-se nas pesquisas disponíveis no período de 2000-2007. Como as pesquisas domiciliares são geralmente realizadas apenas a cada 3-5 anos, é possível que as iniciativas recentes para melhorar os programas de iodação não mostrem mudanças imediatas nas estatísticas globais. Outra limitação é a pouca disponibilidade de dados em países do mundo industrializado. A avaliação do consumo de sal iodado domiciliar não é um melhor indicador de países em transição, onde uma grande proporção da ingestão total de sal vem de alimentos processados (de até 75%). Na Europa, 23 dos 40 países têm uma legislação ou regulamentação que cobre IUS em nível domiciliar, mas a legislação sobre alimentos processados é rara e só a metade dos países europeus tem um programa nacional de vigilância. Recentemente, o uso do sal como veículo para a fortificação de alimentos tem sido questionado após a emissão das recomendações para reduzir o consumo de sal para a prevenção de doença cardiovascular. As diretrizes atuais recomendam um nível de fortificação de 20 a 40 mg de iodo/g de sal com base no pressuposto de um consumo médio de sal de 10 g por dia. Com o consumo de sal reduzido, o nível médio nacional de consumo de sal pela população deve orientar o nível de fortificação e o nível da ingestão de iodo, os quais devem ser estreitamente monitorados. Com base nessa limitação da ingestão de sal, têm sido utilizados por alguns países veículos alternativos adicionais para a fortificação de iodo: sal iodado no pão; iodação da água; uso de grãos com iodo para alimentação de vacas fornecedoras de leite. Em países com moderada a grave deficiência de iodo ou com baixo resumo de palestras uso de sal, têm-se utilizado óleos enriquecidos de iodo ou pastilhas com iodo, para grupos de risco, tais como gestantes e crianças jovens. Entretanto, a IUS ainda é a abordagem mais viável e rentável para controlar a deficiência de iodo em todo o mundo. Indicadores do status de iodo 1. Ingestão de iodo: A concentração de iodo urinário – a nutrição de iodo populacional é analisada por um método simples e barato para medir o conteúdo de iodo em uma amostra pequena de 3 ml de urina, que pode ser coletada a qualquer período do dia. O monitoramento de IU populacional é recomendado em crianças em idade escolar (6-12 anos de idade) a cada cinco anos. A classificação do status nutricional de iodo é baseada na mediana de IU em escolares, sendo a deficiência de iodo considerada um problema de saúde pública quando a mediana de IU em escolares é menor de 100 microgramas/litro de urina. 2. Bócio: Historicamente, o bócio é considerado um indicador da insuficiência hormonal. Entretanto, não é adequado para aferir a correção dos níveis de iodo, em virtude do tempo prolongado para sua regressão com a normalização da função tireoidiana. 3. TSH neonatal: Os estudos demonstram que uma prevalência maior de 3% de níveis elevados de TSH na triagem neonatal, com um valor de corte > 5 mUI/L, deve ser considerada como um indicador de deficiência de iodo na população. Em estudos realizados por Delange, a dosagem de TSH neonatal é considerada um indicador do grau de deficiência de iodo na população, a qual poderia ser utilizada como instrumento de acompanhamento dos programas de suplementação de iodo, concluindo que a triagem neonatal com TSH seria o único indicador que permite a previsão de um eventual comprometimento do desenvolvimento mental. Observou-se o declínio da iodúria comunicado por vários países onde a frequência de TSH > 5 mUI/L é encontrada abaixo de 3%. Mas ainda é incerto se os resultados de triagem neonatal de TSH poderiam realmente refletir a ingestão de iodo real nas populações. São fatores que influenciam as medidas de TSH neonatal: • Status de iodo materno no momento da triagem, sendo os níveis de TSH neonatal inversamente proporcionais ao nível de iodo materno. • Tipo de parto, principalmente quando a dosagem de TSH neonatal é realizada em sangue de cordão. Existem estudos demonstrando que os valores de TSH tendem a ser mais elevados no parto normal que no parto cesáreo, mas ainda há controvérsias se o tipo de parto por si só influenciaria os níveis hormonais. • Tempo de amostragem: sangue do cordão umbilical vs. sangue do calcanhar tomados nos primeiros dias de vida. Valores falsamente elevados de TSH podem ser encontrados quando a amostra de sangue é coletada nas primeiras 24 horas de vida, por causa da elevação fisiológica do hormônio ao nascimento (“onda de TSH”). • Uso de iodo materno nos procedimentos de assepsia no parto. O tempo de coleta antes do 5º dia de vida, quando os níveis de TSH estão estabilizados e a prevalência > 3% dos recém-nascidos de níveis de TSH > 5 mUI/L na triagem neonatal são parâmetros muito estreitos que tornam mais difícil para serem utilizados no monitoramento da deficiência de iodo nas populações. 4. Valores de tireoglobulina em sangue total seco têm sido considerados uma medida sensível do status nutricional de iodo. Valores de corte de 4-40 mg/L em sangue seco de escolares são utilizados para medir a suficiência de iodo. Entretanto, não existem estudos amplos que comprovem a utilização desse parâmetro como um indicador da deficiência de iodo. A OMS considera como indicadores do status de iodo populacional a concentração de iodo urinário, a prevalência de bócio e o TSH neonatal. Indicadores da OMS/ICCIDD/Unicef para avaliação da deficiência de iodo • Volume tireoidiano > P97 ao US em escolares: o Deficiência leve → prevalência de 5,0% a 19,9% o Deficiência moderada → prevalência de 20,0% a 29,9% o Deficiência grave → prevalência ≥ 30% • Mediana de iodo urinário em escolares: o Deficiência leve → 50 a 99 microg/L o Deficiência moderada → 20 a 49 microg/L o Deficiência grave → < 20 microg/L • TSH > 5 mUI/L à triagem neonatal: o Deficiência leve → prevalência de 3,0% a 19,9% o Deficiência moderada → prevalência de 20,0% a 39,9% o Deficiência grave → prevalência ≥ 40% Para o controle da iodação do sal, foram estabelecidos em 2007 pela OMS 10 indicadores para manutenção da eliminação das doenças por deficiência de iodo (DDI) pelos programas, e pelo menos oito deles deveriam ser obedecidos. Como consequência de um insuficiente controle dos níveis de fortificação de iodo, observou-se uma excessiva ingestão de iodo em alguns países. O excesso de iodo é devido à ingestão elevada de sal enriquecido por iodo ou ausência de monitorização do seu conteúdo no sal. É considerado excesso de iodo quando o IU medido é maior que 200 microgramas/litro, o que pode levar ao hipo ou hipertireoidismo. Estudos têm demonstrado incidência mais elevada de tireoidite linfocítica crônica em indivíduos predispostos a doenças autoimunes. A extensão do risco depende da rapidez com a ingestão aumentada de iodo e da severidade da deficiência de iodo preexistente. A OMS estima que a ingestão de iodo é mais do que suficiente em 27 países (mediana IU > m 200 mg/L) e até mesmo excessiva em 7 (mediana IU l > 300 mg/L). Por exemplo, na Armênia, em Uganda e em vários países sul-americanos, a concentração média de IU é de > 300 mg/L. resumo de palestras Resultados de estudos em alguns países sobre a mudança do estado nutricional de iodo ao longo do tempo (baseados no IU): • No período de 2003 e 2007, em 37 países com status nutricional inicialmente adequado, dois tornaram-se inadequados em 2007. • Em 16 países com inadequada nutrição de iodo em 2003, 12 progrediram para adequada e mais que adequada em 2007. • Uma estimativa, em 2007, mostrou que quatro países relataram a ingestão de iodo pela primeira vez, sendo que três dos quatro apresentaram ingestão insuficiente de iodo. • O número de países nos quais a deficiência de iodo é um problema de saúde pública diminuiu de 110 para 54 entre 1993 (com a prevalência total de bócio como indicador) e 2003 (com a IU como um indicador), e em 47 países a deficiência de iodo ainda era um problema de saúde pública em 2007. • A prevalência global de insuficiente ingestão de iodo em crianças em idade escolar diminuiu 5% de 2003 a 2007. O maior avanço ocorreu no Sudeste Asiático (9,6%) e na Europa (7,5%). As Américas foram as únicas regiões que se mantiveram estáveis, com uma prevalência de cerca de 10%, embora se observe excesso na ingestão de iodo em alguns países. Estimativas da OMS indicam que existe uma ingestão maior que a adequada em 29 países em 2003 e 34 países em 2007. • Estudos recentes indicam que existem alguns países industrializados que ainda mantêm uma deficiente nutrição de iodo. No Brasil, a legislação da iodação do sal se deu de forma progressiva, conforme a listagem abaixo: (Medeiros Neto, Arq Bras Endocrinol Metab, 2009). Legislação na iodação do sal para uso humano no Brasil • Lei 1.944, 14 de agosto de 1953: Iodação do sal para uso humano tornou-se mandatária, mas somente em áreas com bócio endêmico. • Alteração em 1956: Sal iodado é estendido para todas as regiões. O Ministério da Saúde distribui o iodato de potássio para esse objetivo. • Lei 6.150, 3 de dezembro de 1974: O teor obrigatório do conteúdo de iodo no sal é estabelecido em 10 mg/kg, e a indústria de sal torna-se responsável pela compra e fortificação do sal, com recursos próprios. A fiscalização deveria ser realizada por cada um dos estados e municípios. • Lei 9.005, 16 março de 1995: A quantidade de iodo para o enriquecimento do sal para uso humano foi estabelecida pelo Ministério da Saúde, que importa e distribui gratuitamente o iodato de potássio. A vigilância do conteúdo de iodo no sal passa a ser conduzida pela Anvisa. • Em 1998: A Anvisa aumenta o conteúdo de sal para uso humano para 40-100 mg de iodo/kg de sal. • Em 2003: A Anvisa reduziu o conteúdo para 20 a 60 mg de iodo/kg de sal. Em 1992, por causa de irregularidades no suprimento para iodação de sal pelas indústrias, o programa de sal de iodação foi interrompido. Como consequência, nos três anos posteriores, a maioria do sal consumido pela população brasileira continha baixo teor de sal. Em pesquisa realizada em escolares em 1994 e 1995, no terceiro inquérito nacional, utilizando a prevalência de bócio e a mediana de IU, detectaram-se 4 áreas deficientes e 116 moderadamente deficientes em iodo. O estudo comprovou que a nutrição de iodo era ainda deficiente, principalmente nas regiões mais pobres da região Nordeste do Brasil. Em 1995, uma nova lei aprovada reverteu a situação com a recomendação de aumento na concentração do iodo no sal consumido pela população para 40-60 mg de iodo/kg de sal. Em 1998, esse limite foi novamente aumentado pela Anvisa para 40 a 100 mg de iodo/kg de sal. Após essa medida, a população brasileira passou a consumir excesso de iodo, e o estudo em escolares, utilizando o IU, realizado em 2001, demonstrou limites excessivos de iodo urinário (> 200 microg/L) em grande parte dos estados brasileiros. Como os estudos demonstraram um consumo excessivo em muitos estados brasileiros, em 2003, a concentração recomendada pela Anvisa foi reduzida para 20 a 60 mg/kg de sal. Prevalências em escolares da mediana de excreção urinária de iodo (microg/ L), durante o projeto Thyromobil, em um total de 1.013 amostras (maio-junho, 2000) (Fonte: Medeiros Neto, et all. Thyroid. 2001). • Maranhão (n = 205): mediana = 220 microg/L o 101 a 200 microg/L → 33,5% o 201 a 300 microg/L → 66,6% • Tocantins (n = 188): mediana = 315 microg/L o 201 a 300 microg/L → 25,0% o > 300 microg/L → 75,0% • Goiás (n = 187): mediana = 360 microg/L o 201 a 300 microg/L → 33,3% o > 300 microg/L → 66,6% • Mato Grosso (n = 95): mediana = 520 microg/L o 201 a 300 microg/L → 2,0% o > 300 microg/L → 98,0% • Mato Grosso do Sul (n = 239): mediana = 480 microg/L o 201 a 300 microg/L → 3,0% o > 300 microg/L → 97,0% • Minas Gerais (n = 99): mediana = 501microg/L o 201 a 300 microg/L → 4,0% o > 300 microg/L → 96,0% resumo de palestras Conclusões A iodação do sal tem sido aplicada em quase todos os países do mundo. Estima-se que dois terços da população mundial estejam cobertos por sal iodado. O número de países com carência de iodo como um problema de saúde pública nacional diminuiu de 110 em 1993 para 47 em 2007. Conforme a OMS, desde 2003, os países das Américas mostraram marcada melhora na nutrição de iodo, sendo que menos de 10% da população total apresentam excreção urinária de iodo inferior a 100 microg/L. Entretanto, no período de 1998 a 2004 foi observada excessiva iodação do sal (40 a 100 mg/kg) em vários países, inclusive no Brasil, com uma elevada mediana de excreção de IU (> 200 microg/L). A coleta e análise do iodo urinário, sendo um método de fácil realização, permitiram o seu uso como um indicador amplamente utilizado nas avaliações do status de iodo populacional. A incidência maior de 3% de valores de TSH > 5 mUI/L na triagem neonatal é considerada pela OMS um índice de deficiência de iodo nas populações, mas existem estudos que mostram dados conflitantes, sugerindo que esse indicador deve ser mais bem avaliado em estudos mais amplos. São ainda mandatórias a vigilância e a monitorização contínuas para o fornecimento adequado de iodo à população por meio da iodação do sal. Referências 1. Andersson M, Benoist B, Rogers L. Epidemiology of iodine deficiency: salt iodisation and iodine status. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2010;24(1):1-11. 2. Li M, Eastman CJ. Neonatal TSH screening: is it a sensitive and reliable tool for monitoring iodine status in populations? Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2010;24(1):63-75. 3. Medeiros-Neto G. Iodine nutrition in Brazil: where do we stand? Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53(4):470-4. 4. WHO, UNICEF & ICCIDD. Assessment of iodine deficiency disorders and monitoring their elimination: a guide for programme managers. 3. ed. Geneva: World Health Organization; 2007. 5. Delange F, Bürgi H, Chen ZP, Dunn JT. World status of monitoring iodine deficiency disorders control programs. Thyroid. 2002;12(10):915-24. VITAMINA D: AÇÕES ALÉM DO METABOLISMO DE CÁLCIO Victória Z. C. Borba Professora do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital de Clínicas da UFPR (SEMPR). Ex-presidente SOBEMOM A vitamina D apresenta ações consagradas e fundamentais para o metabolismo ósseo, sendo a principal delas contribuir para manter os níveis séricos e extracelulares de cálcio constantes; manter a massa óssea permitindo a mineralização óssea normal; participar da maturação do colágeno e da matriz celular; estimular a formação de osteocalcina, osteopontina e fosfatase alcalina; agir sinergicamente com o PTH na ativação e maturação dos osteoclastos. Apesar de as ações não endócrinas da vitamina D já serem estudadas há algum tempo, somente nos últimos anos essas ações têm sido valorizadas. Em 2004, um estudo revelou que a prevalência de algumas doenças crônicas como câncer; esclerose múltipla e hipertensão arterial sistêmica era maior em populações que viviam em altas latitudes, porém somente nos últimos anos é que as ações não ósseas da vitamina D têm sido mais valorizadas, inclusive com publicações de artigos em revistas leigas. A presença do receptor da 1,25(OH)² vitamina D³ (1,25OHD) em vários tecidos (coração, estômago, pâncreas, cérebro, pele, gônadas e linfócitos T e B ativados), além do intestino, osso e rins, tem sido associada à ação parácrina desse hormônio. Além disso, alguns desses tecidos expressam a enzima 25hidroxivitaminaD 1-alfa-hidroxilase (1α-OHase), o que permite que a vitamina D (25OHD) seja transformada na sua forma ativa, a 1,25(OH)2D3 nos tecidos, agindo na proliferação, diferenciação e imunomodulação celular. A inibição da proliferação dos queratinócitos e fibroblastos é uma ação parácrina conhecida da vitamina D, com alguns análogos sendo utilizados para tratamento de psoríase. O calcitriol é um potente imunomodulador, induz a diferenciação de células T e B, inibe também a produção de imunoglobulinas pelos linfócitos e estimula a diferenciação de monócitos em macrófagos. Monócitos e macrófagos expostos a lipolissacarídeos ou ao Mycobacterium tuberculosis regulam os genes do receptor da 1,25OHD e da enzima 1aOHase, aumentando a produção de 1,25OHD, o que resulta no aumento da catelecidina, peptídeo capaz de destruir o M. tuberculosis e outros agentes infecciosos, ação fundamental na defesa contra a tuberculose. Direta ou indiretamente, a vitamina D controla mais de 200 genes, exercendo ações no ciclo celular e oncogênese, por meio da regulação da proliferação, diferenciação e apoptose e angiogênese. Vários estudos têm demonstrado uma correlação entre os níveis de vitamina D e diversos tumores como os de mama, próstata, cólon e pâncreas. A presença de miopatia sintomática em pacientes com osteomalácia é bastante conhecida; a reposição da vitamina pode levar à redução de até 22% das quedas em idosos. A descrição da prevenção de diabetes tipos 1 e 2 com suplementação de vitamina D tem levado a uma especulação do envolvimento dessa vitamina no diabetes tipo 2 e síndrome metabólica, por mecanismos ainda não totalmente esclarecidos. Outros tecidos como o cérebro e o pulmão apresentam alterações relacionadas a baixos níveis de vitamina D, o que pode levar ao aparecimento de doenças como a esquizofrenia. A deficiência de vitamina D está sendo considerada como um fator de risco novo para as doenças cardiovasculares, em virtude da associação dos baixos níveis dessa vitamina com o risco de doenças que aumentam o risco cardiovascular como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, síndrome metabólica, obesidade, bem como de eventos de doença cardiovascular, tais como acidente vascular cerebral e falência cardíaca congestiva. Apesar de controversa, a deficiência de vitamina D está associada a distúrbios do metabolismo da glicose e a disfunção da célula betapancreática. Considera-se que manter a vitamina D em níveis ótimos é o ideal, porém não é garantia do não aparecimento dessas doenças. TRABALHOS CIENTÍFICOS – ORAis O-001 CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA COMO PREDITORA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR, EM ADOLESCENTES PÚBERES DE AMBOS OS SEXOS (VIÇOSA, MG) Faria FR1, Faria ER1, Cecon RS1, Gonçalves VSS1, Franceschini SCC1, Pelúzio MCG1, Ribeiro AQ1, Priore SE1 1 dos obesos e a associação desta com alguns fatores de risco cardiovascular foram encontradas neste grupo. Chama-nos atenção a presença dessas alterações em crianças de tenra idade. A manutenção desse estado metabólico desfavorável, desde a infância até a vida adulta, pode piorar o panorama de saúde das próximas gerações. Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivou-se avaliar a capacidade das diferentes técnicas de aferição da circunferência da cintura (CC) no diagnóstico de dislipidemia. Foram avaliados 210 adolescentes púberes, eutróficos e com excesso de peso. O peso e a altura foram aferidos segundo Jellife (1968). As CC foram obtidas utilizando-se as técnicas: menor CC horizontal (CCM); dois dedos acima da cicatriz umbilical (CCACU); ponto médio entre a margem inferior da última costela e a crista ilíaca (CCPM); sobre a cicatriz umbilical (CCU). Realizaram-se dosagens séricas de colesterol total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e triglicerídeos (TG). Utilizaram-se os testes Kolmogorov-Smirnov, correlação de Pearson ou de Spearman, construção de curvas ROC e significância de p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa. A média da idade foi 16,8 ± 1,0 anos; 52,38% (n = 110) eram meninas; 33,3% (n = 70) apresentavam excesso de peso; 44,8% (n = 94), inadequação no CT; 24,3% (n = 51), no LDL; 43,3% (n = 91), no HDL; e 15,2% (n = 32), no TG. Encontraram-se correlações (p < 0,05) entre CT e CCU (r = 0,2); HDL e IMC (r = -0,2), CCU (r = -0,2), CCM (r = -0,3), CCPM (r = -0,3), CCACU (r = -0,3); LDL e IMC (r = 0,2), CCU (r = 0,2), CCPM (r = 0,17), CCACU (r = 0,15); TG e IMC (r = 0,2), CCU (r = 0,3), CCM (r = 0,3), CCPM (r = 0,3) e CCACU (r = 0,3). A CCM apresentou maior capacidade em discriminar alterações no HDL (AUC = 0,699 ± 0,037; IC 95%: 0,484-0,640, p < 0,0001), a CCU, alterações nos TG (AUC = 0,734 ± 0,046, IC 95%: 0,6450,823, p < 0,0001) e no LDL (AUC = 0,612 ± 0,45, IC 95%: 0,5230,702, p < 0,05). A CCU prediz melhor dislipidemias em adolescentes. O-002 AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE ALTERAÇÕES NA ESPESSURA DA ÍNTIMA-MÉDIA CAROTÍDEA E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM CRIANÇAS OBESAS PRÉ-PÚBERES Gazolla FM1, Bordallo MAN2, Madeira IR3, Muniz BM4, Carvalho CNM4, Monteiro AMV5, Rodrigues NCPR6, Borges MA1, Mendes CS1, Almeida YILA2 Unidade Docente Assistencial (UDA) de Endocrinologia – Hospital Universitário Pedro Ernesto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 2Departamento de Medicina Interna, 3Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UERJ, 4Departamento de Nutrição Aplicada – Instituto de Nutrição – UERJ, 5UDA de Radiologia – Departamento de Medicina Interna da FCM da UERJ, 6Departamento de Tecnologias da Informação e Educação em Saúde ­da FCM da UERJ 1 Objetivos: O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de alterações na espessura da camada íntima-média carotídea (EIMC), no perfil metabólico, nas citocinas inflamatórios e nas adipocitocinas e a associação da EIMC com fatores de risco cardiovascular em crianças obesas pré-púberes. Metodologia: As médias da idade, escore z de IMC (ZIMC), glicose, colesterol total (CT), triglicerídeos, HDL-colesterol, LDL-colesterol, insulina, relação glicose/insulina (RGI), HOMA-IR, leptina, adiponectina, EIMC direita, EIMC esquerda e proteína C reativa (PCR) foram comparadas entre 24 crianças eutróficas (9 meninos e 15 meninas) e 68 obesas (32 meninos e 36 meninas), média de idade 94,29 ± 13,15 e 94,23 ± 16,53 meses (ANOVA e Kruskal-Wallis). Avaliou-se a presença de associação entre as variáveis clínicas, metabólicas, hormonais, inflamatórias e a EIMC (tau de Kendall). Resultados: Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos quanto a médias de idade, glicose, HDL-colesterol, EIMC direita e adiponectina. Foi encontrada diferença estatisticamente significativa quanto a ZIMC, CT, triglicerídeos, LDL-colesterol, insulina, RGI, HOMA-IR, EIMC esquerda, leptina e PCR. Houve associação positiva (estatisticamente significativa) entre EIMC direita e ZIMC, circunferência da cintura, insulina e leptina e negativa com glicose e RGI. Foi encontrada associação positiva (estatisticamente significativa) da EIMC esquerda com as mesmas variáveis, exceto com a glicose. Conclusão: As alterações precoces na EIMC O-003 PERFIL CLÍNICO-LABORATORIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SOBREPESO E OBESIDADE Cunha SB1, Cunha PB2, Moura LCR1, Viana MFS1, Mantovani R1, Goulart EMA1, Castro JC1, Lamounier JA1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),2 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) 1 Objetivo: Identificar as alterações clínico-laboratoriais presentes em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Metodologia: Estudo transversal de 273 crianças e adolescentes (idade 4-18 anos, média de 10 ± 3), sendo 236 com IMC ≥ p 85. Os pacientes foram agrupados e analisados por estágio puberal de Tanner. Realizaram-se medidas antropométricas – peso, estatura, perímetro abdominal –, bem como aferição de pressão arterial. Foram requeridos: hemograma completo, ferritina, colesterol total e frações, triglicérides, apoproteína A1 e B, lipoproteína a, IGF I, leptina, glicemia e insulina em jejum e 2 h pós-dextrosol, e PCR ultrassensível. Utilizou-se Epi Info 6.04 para análise estatística. Foi considerado p < 0,05 para significância estatística. Resultado: Encontrou-se significância estatística em relação ao IMC, ao aumento da pressão arterial sistêmica e presença de hipertensão arterial sistólica, à relação cintura/altura, bem como à circunferência abdominal acima do percentil 95. Quanto aos exames laboratoriais realizados, foram significativos: C-LDL, C-HDL, Apo B, IGF1, PCR, assim como o HOMA e a relação Apo B/A. Conclusão: O sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes predispõem a alterações antropométricas e bioquímicas que podem levar a doenças crônicas futuras (diabetes melito, hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, esteatose hepática, litíase biliar). Cabe ressaltar que muitos dos fatores de risco para essas patologias iniciam-se na infância e adolescência, daí a importância de reforçar as políticas de prevenção da obesidade já nessa faixa etária. O-004 VALOR DO GTT ORAL (GTTO) NA TRIAGEM DO DIAGNÓSTICO DO DIABETES MELITO RELACIONADO À FIBROSE CÍSTICA (DMRFC) Noronha RM1, Calliari LEP1, Damasceno N1, Muramato LH1, Kochi C1, Longui CA1, Monte O1 1 Santa Casa de São Paulo Introdução: DMRFC é a principal comorbidade que afeta os pacientes portadores de fibrose cística (FC). A presença do DMRFC diminui a sobrevida nesses pacientes e estudos recentes mostram uma melhora no prognóstico quando o diagnóstico é feito mais precocemente. A recomendação é que a triagem seja feita com GTTo a partir dos 10 anos, mas há autores que sugerem que ela deva ser realizada abaixo dos 10 anos. Objetivos: Avaliar a prevalência de DMRFC nos pacientes com FC acompanhados na Santa Casa de São Paulo. Analisar se a triagem é efetiva em diagnosticar precocemente DMRFC e se há vantagem em reduzir a faixa etária para realização do GTT em pacientes abaixo dos 10 anos (8-10 anos). Foram analisados pacientes acompanhados no ambulatório de FC (n = 63) quanto a idade, peso, estatura e IMC. Nos pacientes sem diagnóstico prévio de DM foi realizado GTTo a partir dos 8 anos. Resultados: Pacientes que realizaram GTT < 10 anos (n = 11), 1 DMRFC, 1 intolerante, 9 normais, GTT > 10 anos (n = 47), 6 DMRFC, 7 intolerantes e 34 normais. Cinco pacientes tiveram DMRFC diagnosticado por sintomas (2 M/3 F), sem GTT. Idade cronológica dos pacientes com DMRFC: triagem = 13,0 a. (+ 2,2) vs. diagnosticados por sintomas IC = 21,6 a. (+ 5,4) (p = 0,011). Conclusões: Nos pacientes portadores de FC acima de 10 anos, foram encontrados 26,7% de DM e IG e esse diagnóstico antecedeu o aparecimento de sintomas em aproximadamente 8 anos. GTTo em pacientes entre 8 e 10 anos diagnosticou 18,2% de DM ou IG, sugerindo que a triagem deva abranger também essa faixa etária. S1 TRABALHOS CIENTÍFICOS – ORAis O-005 AVALIAÇÃO DA MICROCIRCULAÇÃO CUTÂNEA EM CRIANÇAS OBESAS IMPÚBERES Madeira IR1, Bordallo MAN1, Gazolla FM2, Aguiar LGK1, Carvalho CNM3, Bouskela E1, Oliveira YILA1, Souza FM2, Medeiros CB1 Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCMUERJ), 2 Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ, 3Instituto de Nutrição da UERJ 1 O-007 PREVALÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE IODO E FATORES ASSOCIADOS ENTRE ESCOLARES DE 6 A 14 ANOS EM UM MUNICÍPIO DO SEMIÁRIDO DE MINAS GERAIS, 2008 Macedo MS1, Teixeira RA1, Bonomo E3, Silva CM3, Silva ME3, Sakurai E2, Silva VMA3, Lamounier JA2 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 3 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) 1 2 Objetivos: Em crianças obesas, já foi demonstrada a presença de doen­ça aterosclerótica em grandes artérias. O objetivo deste trabalho é avaliar se crianças obesas impúberes já apresentam evidências de disfunção da microcirculação, achado já evidenciado em adultos obesos normoglicêmicos. Metodologia: Foram avaliados, por capilaroscopia não invasiva da microcirculação cutânea do leito ungueal do quarto quirodáctilo, a densidade capilar funcional (número de capilares perfundidos por campo), os diâmetros luminais das alças capilares aferente, apical e eferente, além da velocidade de deslocamento das hemácias antes e após isquemia de um minuto, em 17 crianças eutróficas e 33 obesas, impúberes, de 5 a 10 anos. As aferições foram todas realizadas com o software CapImage. As medidas morfológicas acessadas expressam a espessura da coluna de fluxo das hemácias. As médias de todos os valores foram comparadas entre os dois grupos de crianças utilizando-se o teste U de Mann-Whitney. Resultados: Houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,01) entre os diâmetros luminais das alças capilares aferente (20,2 + 7,9 X 13,3 + 6,1 µm), apical (24,7 + 9,9 X 16,4 + 7,0 µm) e eferente (25,6 + 9,7 X 16,4 + 8,2 µm) dos eutróficos em relação aos obesos. Não houve diferença estatisticamente significativa nas outras variáveis analisadas. Conclusão: As crianças obesas impúberes apresentaram alteração na morfologia capilar. Essas alterações podem ocorrer secundariamente a alterações hematológicas ou das células endoteliais. O mesmo não foi observado quanto às medidas funcionais, o que pode ser justificado pelo pequeno número de crianças estudadas, ou pelo fato de a disfunção microvascular ainda ser incipiente ou inexistente nesse grupo. Mais estudos são necessários sobre o comportamento precoce do endotélio na obesidade. O-006 LONG TERM CORTISONE ACETATE EXPOSE DOES NOT PLAY A MAJOR ROLE IN THE OBESITY AND METABOLIC SYNDROME DEVELOPMENT IN THE CAH TREATMENT Moreira RPP1, Gomes LG1, Madureira G,1 Mendonça BB1, Bachega TASS1 Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM-42), Disciplina de Endocrinologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) 1 Despite glucocorticoid (GC) doses were established in the 21-hydroxylase deficiency (CAH) therapy, there are scarce data regarding the obesity and metabolic syndrome (MS) prevalence and its risk factors. Previous studies involved heterogeneous cohorts, mixed GC regimens, different goals for hormonal control and none evaluated the familial predisposition. Objective: To evaluate the obesity/MS frequencies in a cohort of classical CAH children treated in a same service under cortisone acetate (CA) therapy and to correlate with long term GC expose and obesity/MS familial history. Patients and methods: 42 patients (mean age 11.4 ± 3.9 yrs old) received CA 18-20 mg/m²/ day, which aimed to obtain normal androgen levels according to age and sex. Duration of therapy was 10.8 ± 3.7 yrs. Cumulative GC doses were expressed in cortisol equivalents. SW-patients received 50 mcg/ day fludrocortisone. Association of MS (NCEP-ATPIII criteria), obesity, familial history and cumulative GC doses were evaluated by Chi-square and t-test. Results: Obesity and MS were observed in 26.2% and 12% of patients, respectively, similar to our general population. Obese CAH patients had lower HDLc levels and higher HOMA-IR. Obesity/MS were not associated with clinical forms, treatment duration and cumulative GC doses (P > 0.05). Additionally, obesity/MS familial history was identified in 60% of obese and in 40% of lean CAH patients. Conclusions: cortisone acetate treatment in CAH patients aiming normal androgen level achievement is not associated with higher obesity/MS frequencies. Additionally, familial predisposition could play a role in development of obesity and metabolic syndrome. S2 Objetivo: Identificar a prevalência de deficiência de iodo entre crianças em idade escolar e adolescentes residentes no município de Novo Cruzeiro – MG utilizando a análise de iodúria como indicador do estado nutricional de iodo na população. Metodologia: Foram avaliados 540 escolares com idade entre 6 e 14 anos, selecionados por amostragem estratificada. A análise de iodúria foi realizada segundo o método Sandell-Kolthoff e as concentrações de iodo no sal, por meio de titulação. Resultados: Observou-se excreção deficiente de iodo urinário em 38,9% dos escolares avaliados. Entre estes, 28,7% apresentaram deficiência de grau leve, 6,2%, deficiência moderada e 4%, deficiência severa. As medianas de iodúria encontradas para a população urbana e rural foram de 150,8 e 119,2 µg/L, respectivamente, sendo registrada distribuição distinta da deficiência de iodo entre as populações (p < 0,001). Também se verificou alta prevalência de excreção deficiente de iodo urinário entre escolares que consumiam sal com teor insuficiente de iodo. Em relação à qualidade do sal destinado ao consumo familiar, 12,2% dos domicílios tinham concentração de iodo no sal abaixo do recomendado. A concentração mediana de iodo no sal foi de 28,9 e 30 mg/kg entre os escolares do meio urbano e rural, respectivamente. Conclusão: Os resultados indicam que o programa de iodação do sal foi eficiente em Novo Cruzeiro. Contudo, a expressiva excreção deficiente de iodo urinário associada ao fato de ela ser mais prevalente entre escolares que consumiam sal com baixo teor de iodo sugere a necessidade de avaliações periódicas para o efetivo controle da endemia. O-008 EMPREGO DO ULTRASSOM DE TIREOIDE NA TRIAGEM NEONATAL UTILIZANDO PONTO DE CORTE DE TSH NEO ≥ 9 MUI/ML Pinto CMI1, Freire R1, Hegner CC1, Cintra TS1, Lube D1, Pereira A1 1 Serviço de Referência em Triagem Neonatal – Espírito Santo (SRTN-ES)/ Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) – Vitória Introdução: O hipotireoidismo congênito (HC) pode ser identificado precocemente por meio da realização do teste do pezinho; se tratado imediatamente após seu diagnóstico, previne retardo mental. Os pacientes em acompanhamento por HC no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica no SRTN-ES/APAE – Vitória são aqueles com TSH em papel-filtro de filtro ≥ 9,0 mUI/mL. Auxiliando na determinação da etiologia dos casos suspeitos de HC, é realizada ultrassonografia (US) de tireoide. Objetivo: Relatar a importância da US de tireoide na avaliação da etiologia dos casos de suspeitos de HC, cujo TSH em papel-filtro de filtro ≥ 9,0 mUI/mL. Metodologia: Foram estudados 177 pacientes com HC atendidos no SRTN-ES/APAE – Vitória que realizaram US de tireoide no momento da primeira consulta e posteriormente, de acordo com a necessidade de cada paciente. Os exames foram realizados sempre pelo mesmo examinador. Resultados: Dos 177 pacientes, 94 (53,1%) apresentaram US de tireoide normal, 44 (24,9%) apresentaram características ultrassonográficas de disgenesia e 39 (22,0%) apresentaram características ultrassonográficas de disormonogênese (bócio). Ao contrário dos estudos em que a maioria dos casos de HC é de disgenesia, neste trabalho demonstra-se que 53,1% dos pacientes com HC apresentaram US de tireoide normal. Isso pode ser atribuído ao baixo valor de corte do TSH neonatal (normal < 9,0 mUI/mL) no SRTN-ES, que difere do valor adotado em outros trabalhos com ponto de corte mais elevado. Conclusão: No SRTN-ES/APAE – Vitória, o US de tireoide realizado na primeira consulta apresenta-se como ferramenta de grande auxílio propedêutico e na conduta terapêutica. TRABALHOS CIENTÍFICOS – ORAis O-009 PADRÃO DE CRESCIMENTO PRÉ E PÓS-NATAL EM PACIENTES COM SÍNDROME DE NOONAN (SN) COM MUTAÇÃO NOS GENES PTPN11, SOS1 E RAF1 Malaquias AC1, Brasil AS2, Wanderley LT2, Pereira AC3, Bertola DR2, Jorge AAL1 Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (HC-FMUSP), 2 Instituto da Criança (ICR) da FMUSP, 3 Instituto do Coração (InCor) da FMUSP 1 Introdução: A SN é caracterizada por dismorfismos faciais, cardiopatia congênita e baixa estatura. Mutações em genes da via RAS/MAPK foram descritas em 60%-70% dos casos. Objetivos: Avaliar crescimento pré e pós-natal de pacientes com SN com mutações nos genes PTPN11, SOS1 e RAF1. Métodos: Dados auxológicos foram obtidos ao nascimento, durante a infância até a idade adulta, de 83 pacientes com SN com mutações nos genes acima. As diferenças entre os genótipos foram obtidas por meio do teste exato de Fisher e t-test. Resultados: Pacientes com mutação nos genes PTPN11 (n = 65), SOS1 (n = 12) e RAF1 (n = 6) apresentaram peso e comprimento ao nascimento semelhantes (média total – Z peso ao nascimento = 0,0 ± 1,5 e Z comprimento ao nascimento = -1,4 ± 1,3). O crescimento pós-natal apresentou piora a partir do primeiro ano de vida. O comprometimento da estatura foi maior nos pacientes PTPN11+ e RAF1+ em relação aos pacientes SOS1+ (-2.7 ± 1.1, -2.8 ± 0.4 e -2.0 ± 1.1, respectivamente; p = 0,02), resultando em menor frequência de baixa estatura nos pacientes SOS1+ do que nos pacientes PTPN11+ e RAF1+ (42% vs. 71% e 100%, respectivamente; p = 0,03). Pacientes RAF1+ apresentaram IMC maior (1.3 ± 0.8) do que pacientes PTPN11+ e SOS1+ (-0.6 ± 1.2 e -0.5 ± 0.9, respectivamente; p = 0,02). Não houve correlação entre gravidade da baixa estatura e presença de cardiopatia. Conclusão: O crescimento linear pré-natal na SN é discretamente prejudicado e piora no decorrer da infância. Pacientes com mutação do SOS1 apresentam menor frequên­cia e gravidade da baixa estatura. O-010 EXPERIÊNCIA DE 13 ANOS NO USO DO GH Amaral MC1, Leal V1, Solberg PC1, Barone B1 1 Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) Objetivos: Avaliar em pacientes que utilizaram hormônio do crescimento (rhGH) as etiologias, o ganho estatural e as complicações. Métodos: Foram analisados 498 prontuários de pacientes que fizeram uso do rhGH de 1997 a 2010, em um hospital público, IEDE-RJ. As etiologias encontradas foram: pan-hipopituitarismo (pan-hipo), deficiência isolada do hormônio de crescimento (DIGH), baixa estatura idiopática (BEI), GH pós-Lupron®, pequeno para idade gestacional (PIG) e resistência ao GH. Os pacientes foram divididos em três grupos: os que concluíram o tratamento (grupo 1); os que ainda estão em uso de GH, mas usam por um mínimo de 24 meses (grupo 2); e os que abandonaram o tratamento (grupo 3). Resultados: As etiologias mais prevalentes foram DIGH (54%) e pan-hipo (27%). Houve melhora no Z-score da altura em todos os grupos: grupo 1: de -3,22 pré-tratamento para +0,006 (p < 0,0001); grupo 2: de -3,56 para +0,02 (p < 0,0001); grupo 3: de -3,24 para-0,89 (p < 0,0001). Em relação à eficácia do tratamento, 80,9% dos pacientes do grupo 1 atingiram o alvo contra 70,2% do grupo 2 e 52,3% do grupo 3. Apenas foram encontrados dois relatos de complicações: linfangeoma de cólon esquerdo e retenção hídrica. Conclusões: Houve um aumento no score-Z de altura em todos os grupos. Os mais favorecidos em relação ao potencial genético foi o grupo 1, que concluiu o tratamento. Porém, parece haver uma tendência a uma melhor resposta final no grupo 2, pois neste grupo os pacientes iniciaram o tratamento mais precocemente e o fornecimento da medicação pelo governo foi mais regular. O-011 ACOMPANHAMENTO DA BIOQUÍMICA OSTEOMINERAL APÓS INÍCIO DA INFUSÃO CÍCLICA INTRAVENOSA DE PAMIDRONATO DISSÓDICO EM PACIENTES COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA POR UM PERÍODO DE ATÉ QUATRO ANOS Campos ML1, Rorato MG1, Bezerra AC1, Castro LC1 1 Universidade de Brasília (UnB) Objetivo: Avaliar os efeitos da infusão cíclica de pamidronato dissódico (PAM) na bioquímica osteomineral de pacientes com osteogênese imperfeita (OI), por um período de até quatro anos de tratamento. Metodologia: Estudo retrospectivo dos prontuários de 40 pacientes com OI, em terapia cíclica com PAM e análise dos níveis séricos de cálcio (Ca), fósforo (P), fosfatase alcalina (Fal) e paratormônio (PTH) pré-tratamento (n = 40), 12 meses (n = 40), 24 meses (n = 18), 36 meses (n = 19) e 48 meses (n = 12) após início do PAM. Resultados: A média de idade atual dos 40 pacientes (24 meninos) é de 10,1 ± 5,7 anos e a média de tempo de tratamento, de 2,4 ± 1,3 anos. Em relação aos valores basais, observou-se ao longo de quatro anos um aumento contínuo e significativo do PTH (incremento de 30,3%; 37,0%; 58,8%; 84,2%; p = 0,032; 0,047; 0,002; 0,024, respectivamente) e diminuição significativa tanto da Fal (queda de 30,0%; 66,4%; 70,9%; 67,9%; p = 0,0006; 0,0002; 8,9E-10; 3,7E-6) como do P (queda de 9,3%; 11,3%; 4,5%; 10%; p = 0,09; 0,007; 0,02; 0,049). Houve decréscimo significativo nos níveis de Ca no segundo, terceiro e quarto anos (queda de 8,3%; 5,6%; 4,6%; p = 0,0002; 0,0007; 0,019). Todos os valores anteriormente referidos se encontraram dentro da faixa de normalidade para a faixa etária. Conclusões: O aumento contínuo dos níveis do PTH e a queda persistente dos níveis de Fal, Ca e P, consequentes à diminuição da remodelação óssea promovida pelo PAM, podem ser observados por pelo menos até quatro anos após início do tratamento. O-012 EVOLUÇÃO PUBERAL E MATURAÇÃO ÓSSEA EM MENINAS QUE APRESENTARAM PUBARCA PRECOCE ISOLADA. Arrieta MEM1, Fonseca CT1, Berardo RS1, Borschiver C1, Cordeiro LA1, Santos KM1, Lima PFM1, Ferreira CMB1, Kurdian MCM1 1 Hospital Federal dos Servidores do Estado Objetivos: Avaliar a evolução puberal e a maturação óssea em meninas com pubarca precoce isolada (PPI). Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo, longitudinal, de 42 meninas com pubarca precoce (PP), do período do diagnóstico até um ano após o início da puberdade (surgimento de mamas). O diagnóstico de PPI foi de exclusão, afastada qualquer outra patologia endócrina. Foram incluídos no estudo dados clínicos e laboratoriais: idade da pubarca, idade e evolução da puberdade, bioquímica, idade óssea (IO). Para avaliação dos resultados, foi utilizada frequência simples e percentual. Resultados: A idade da PP foi de 5,6 ± 1,0 anos. Em relação à puberdade, 54% (n = 23) evoluíram com puberdade precoce central (PPC) lentamente progressiva aos 6,9 ± 0,8 anos, enquanto 46% (n = 19) evoluíram com puberdade dentro da idade normal (8,8 ± 0,6 anos). O intervalo entre o diagnóstico de PP e o início da puberdade foi de dois anos (média). Na puberdade, glicemia de jejum foi de 81,1 ± 11mg/dl e a insulina de jejum, de 7,18 ± 5,7 mUI/ml. Apenas dois casos apresentaram glicose de jejum alterada. Quanto ao avanço da maturação óssea nos grupos de PPC e puberdade normal: cinco casos do primeiro grupo apresentaram IO avançada na época do diagnóstico da pubarca vs. quatro do segundo (total 21%). Na evolução para puberdade, 42% (n = 18) tiveram IO avançada. Conclusão: Nos nossos casos de pubarca precoce isolada, 54% evoluíram com PPC lentamente progressiva. O avanço da maturação óssea foi observado em 21% inicialmente e 42% à época da puberdade. O-013 VALORES DA 17OH-PROGESTERONA NEONATAL RELACIONADOS AO GRAU DE PREMATURIDADE REDUZEM A FREQUÊNCIA DE RESULTADOS FALSOS-POSITIVOS NA TRIAGEM NEONATAL DA HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA Hayashi GY1, Faure C1, Brondi MF1, Vallejos C1, Soares D1, Oliveira E1, Brito VN2, Mendonça BB2, Bachega TASS2 Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE-SP), 2 Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM 42), Disciplina de Endocrinologia, Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (HC-FMUSP) 1 A deficiência da 21-hidroxilase é uma frequente doença, que pode causar desidratação em neonatos e evoluir para óbito. No sexo feminino causa ambiguidade genital, enquanto no masculino as manifesS3 TRABALHOS CIENTÍFICOS – ORAis tações são menos evidentes. A triagem neonatal reduz a morbidade e mortalidade, entretanto, resultados falso-positivos são frequentes em prematuros, diminuindo a especificidade diagnóstica. Objetivo: Reduzir a incidência de falso-positivos com valores da 17OH-progesterona neonatal relacionados ao peso no nascimento. Casuística: Análise retrospectiva de 32.004 recém-nascidos, aqueles com valores ≥ 20 ng/mL foram convocados para segunda coleta e os que persistiram elevados foram seguidos. Métodos: 17OH-progesterona dosada em papel filtro, método imunofluorimétrico. Concentrações da 17OH-progesterona (soro equivalência) foram analisadas em grupos divididos de acordo com o peso (G1: ≤ 1.500 g n = 303, G2: 1.501-2.000 g n = 602, G3: 2001-2.500 g n = 1.904, G4 ≥ 2.501 g n = 29.161). Definimos o valor de corte para cada grupo baseado na média +3DP. Resultados: Utilizando-se o valor de 20 ng/mL, falso-positivos ocorreram em 0,17% e 5,9% dos recém-nascidos de termo e pré-termo (< 2.500 g), respectivamente. Médias +3DP da 17OHP em G1 a G4 foram de 105,6/ 34,8/ 22,5/ 24,7 ng/mL, respectivamente e falso-positivos ocorreram em 0,13% dos recém-nascidos de termo e 1,7% dos pré-termo. Cinco recém-nascidos de termo foram diagnosticados, um com forma virilizante simples (17OH-progesterona 52 ng/mL) e 4 com perdedora de sal (17OH-progesterona: 127-480 ng/mL). Conclusões: Determinação dos valores da 17OH-progesterona neonatal baseados na média +3DP para cada grupo de peso reduz a frequência de falso-positivos sem alterar a sensibilidade diagnóstica para a forma perdedora de sal. O-014 ALTERAÇÕES HORMONAIS APÓS RADIOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE RABDOMIOSSARCOMA (RMS) DE CABEÇA E PESCOÇO Bordallo MA1, Santos A1, Santos CV1, Silva LHA1, Suzuki AI1, Machado AL1, Ferman S1 1 Instituto Nacional de Câncer do Rio de Janeiro (Inca) O rabdomiossarcoma é o tumor de tecidos moles mais comum da infância. Origina-se do músculo esquelético e corresponde a 50% dos casos dos sarcomas que ocorrem em crianças. Objetivo: O nosso objetivo foi avaliar as alterações hormonais em crianças com RMS de cabeça e pescoço submetidas a tratamento com radioterapia e quimioterapia. Metodologia: Estudo retrospectivo por meio de análise de prontuários de 24 crianças com diagnóstico de RMS de cabeça e pescoço acompanhadas pela endocrinologia pediátrica do INCa. A média de idade ao diagnóstico foi de 6,9 anos (SD 3,2 anos) e na época da avaliação hormonal, de 10,6 anos (SD 4,3 anos). A dose média de radioterapia foi de 4.741 Gy, sendo o tempo médio de acompanhamento após radioterapia de 8,8 anos. Resultados: Vinte pacientes (83%) evoluíram com alterações endócrinas. Observou-se hipotireoidismo primário em 4 (20%), hipotireoidismo primário + deficiência de GH em 4 (20%), hipotireoidismo primário + deficiência de GH + deficiência de gonadotrofinas em 1 (5%), deficiência isolada de GH em 8 (40%), deficiência de GH + hipotireoidismo secundário em 2 (10%) e nódulo de tireoide em 1 (5%) paciente. Conclusão: Alterações hormonais são frequentes em crianças sobreviventes de RMS de cabeça e pescoço, sendo a deficiência de GH a mais frequente, ocorrendo em 75%, seguida de hipotireoidismo primário por inclusão da tireoide no campo irradiado em 45% dos pacientes. O-015 AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DO CORTISOL BASAL E APÓS PROVA DE ESTÍMULO PARA O DIAGNÓSTICO DE INSUFICIÊNCIA ADRENAL Baroni B1, Tyszler LS1, Solberg PFC1 1 Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE-RJ) O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância do cortisol basal (CB) isolado e do pico do cortisol após estímulo (CP) no diagnóstico de insuficiência adrenal. Foram analisados os resultados de 109 crianças, com média de idade de 11,12 ± 3,23 anos. As provas realizadas S4 foram o ITT e glucagon (ambos para avaliar função adrenal e/ou hormônio do crescimento) e a prova da cortrosina. O CB médio dos indivíduos foi de 12,66 ± 5,75 μg/dL. A média dos valores obtidos de CP nas referidas provas foi de 23,58 ± 6,83 μg/dL. Na avaliação do CB, 6 crianças estudadas apresentavam valores < 5,0 μg/dL (0,1-4,9 μg/dL), sendo que 4 apresentaram CP ≥ 18,0 μg/dL e uma teve quadro de insuficiência adrenal confirmada. Quinze crianças apresentaram CP < 18 μg/dL, variando entre 0,2 μg/dL e 17,6 μg/dL. Destes, o quadro de insuficiência adrenal foi confirmado em um caso apenas. Em outra criança com CP < 18 μg/dL, o CB já apresentava valores elevados (> 18 μg/dL). Nos demais casos, a normalidade da função adrenal foi confirmada com outro teste de estímulo ou a clínica não era condizente com insuficiência adrenal. Nossos achados sugerem que não se deve considerar apenas um valor matinal randômico de cortisol como indicativo de insuficiência adrenal, mesmo em valores baixos e classicamente considerados como diagnósticos dessa patologia. Além disso, a interpretação dos achados na prova deve ter em vista as manifestações clínicas dos pacientes, já que podem não refletir a realidade. O-016 HIPOGLICEMIA HIPERINSULINÊMICA DA INFÂNCIA: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE CASUÍSTICA BRASILEIRA Junior RDRL1, Negri AA, Junior CEM2, Longui C3, Sardinha CG, Kochi C3, Watanabe C, Silva IN4, Calliari LEP3, Solberg P5 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), 2 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), 3 Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Santa Casa de São Paulo, 4 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 5 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Introdução: A hipoglicemia hiperinsulinêmica (HH) é uma situação bastante grave, principalmente no período neonatal, e envolve uma série de situações fisiopatológicas. As formas congênitas (HHC) são as formas mais frequentes e estão associadas a elevada morbimortalidade. Esses casos congênitos são o resultado de mutações em sete genes diferentes. Mais da metade dos casos envolve mutações do canal de potássio dependente de ATP (KATP). Essas diferentes mutações são responsáveis pelos vários quadros clínicos da HHC. Objetivo: Rever os dados clínicos e laboratoriais de casos de diferentes regiões do Brasil e compará-los com os dados de literatura. Casuística e métodos: A todos os serviços de endocrinologia pediátrica do país foi encaminhado protocolo de revisão de dados clínicos e laboratoriais dos casos de HHC. Foram recuperados de prontuários médicos as características de nascimento, idade de início da hipoglicemia, os dados laboratoriais colhidos na “amostra crítica” e forma de tratamento utilizado. Foi realizada análise estatística descritiva simples. Participaram seis serviços de endocrinologia pediátrica do país. Resultados: 25 casos de HHC foram resgatados; em apenas 3 dessas crianças o parto havia sido vaginal e em apenas 3 a idade gestacional era menor de 36 semanas. O peso de nascimento variou de 2.075 a 5.240 gramas (3.370 g). A idade de início da hipoglicemia variou de 1 a 240 dias; em 4 dos casos, a idade de início era maior que 60 dias. A glicemia ao diagnóstico variou de 13 a 48 mg/dl (24,7). A velocidade de infusão de glicose variou de 11 a 40 mg/kg/min (19,1) e a insulinemia concomitante variou de 3 a 147 mUI/ml (26.36). Em 12 dos casos se utilizou glicocorticoide como tratamento, glucagon em 2, octreotide em 12, nifedipina em 2, diazóxido em 13 e hormônio de crescimento em 8. Desses 25 casos, 10 evoluíram para pancreatectomia. Discussão: Os dados clínicos e laboratoriais recuperados nessa casuística mostraram-se parecidos com os relatos de literatura internacional. As opções terapêuticas, no entanto, foram bastante diversas, provavelmente por envolver várias rotinas diferentes e casos de épocas diferentes. Surpreenderam a grande utilização de glicocorticoide, a resposta terapêutica observada à nifedipina em dois dos casos e a baixa utilização de glucagon. Em metade dos casos se utilizou diazóxido. Em quase metade dos casos a opção foi a pancreatectomia, com todos os riscos inerentes. O aumento da casuís­ tica permitirá uma avaliação genética e sua correlação com os dados clínicos. TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres P-001 ADRENOCARCINOMA CORTICAL ASSOCIADO À POLICITEMIA EM CRIANÇA Oliveira Y1, Liberatore R1, Bandos L1, Missath O1, Chaves H1, Piteri R1 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Introdução: O Brasil detém a maior incidência mundial de tumor adrenocortical (TA) na infância, especialmente nos estados do Paraná e São Paulo. A descrição de policitemia associada ao TA é muito rara. Devido à raridade, relata-se o caso de uma criança de 12 anos com TA e policitemia associadas. Descrição do caso: Um alto nível de hemoglobina foi encontrado em uma paciente de 12 anos durante consulta de rotina. O resultado do hemograma mostrou hemoglobina de 21,5 g% e hematócrito de 64,7%, com demais parâmetros dentro dos limites de normalidade. Ao exame físico: acnes em face, hirsutismo, hipertrofia do clitóris, pletora, pressão arterial 110 x 70 mmHg, sem massa abdominal palpável. Durante investigação etiológica da policitemia, foi encontrada, à tomografia computadorizada de abdômen, massa em adrenal esquerda medindo 255 cm3. Achados laboratoriais: cortisol sérico 14 mcg/dL, sulfato de deidroepiandrosterona (SDHEA) 8.033 µg/dL, testosterona 142 pmol/L e eritropoietina 74 mUI/mL. Submetida à cirurgia com ressecção completa do tumor (146 g; 255 cm³), caracterizado como adenocarcinoma, com invasão da cápsula. Exames 30 dias após a cirurgia: hematócrito 45%; SDHEA 48 µg/dL; eritropoietina: 2 mUI/mL. Comentários: Esse é o primeiro caso publicado na faixa etária pediátrica de TA diagnosticado em uma criança pletórica com alto nível de eritropoietina. Apesar de existirem poucos relatos da associação desse tipo de tumor com policitemia, isso pode ser outro sinal clínico para ajudar na suspeita diagnóstica precoce. P-002 DEFINIÇÃO DO SEXO APÓS DIAGNÓSTICO TARDIO NUM CASO DE HIPERPLASIA CONGÊNITA DA SUPRARRENAL Bandos LAD1, Júnior RRL1, Oliveira YDC1, Missath OM1, Nakaoski PCL1, Pinto MJC1, Magalhães FM1, Prado MLB1 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Introdução: A hiperplasia congênita da suprarrenal (HCSR) é a principal causa de genitália ambígua na infância. O diagnóstico precoce é fundamental para uma definição adequada do sexo ao gênero designado, principalmente em meninas com virilização intraútero. Os autores relatam um caso de HCSR perdedora de sal em criança do sexo genético feminino (46XX), criada no sexo masculino até o momento do diagnóstico. O objetivo desse relato é enfatizar a importância do diagnóstico precoce, sob a responsabilidade de uma equipe interdisciplinar e participação da família no processo de definição do sexo. Descrição clínica: Paciente de quatro anos, com genitália ambígua, sexo gonadal feminino, sexo de criação masculino, gônadas impalpáveis em bolsa escrotal e pelos pubianos. Realizado diagnóstico de HCSR perdedora de sal após exames: 17-hidroxiprogesterona = 226 ng/ml e renina = 18,8 ng/ml. Iniciou-se reposição de glico e mineralocorticoide, além de avaliação psicológica. Após um ano de acompanhamento psicológico, realizou-se primeira genitoplastia feminilizante (clitoroplastia). Comentários: O diagnóstico da genitália ambígua ao nascimento é considerado urgência médica, psicológica e social, não só pelos riscos de morte em virtude de desidratação na forma perdedora de sal da HCSR, como pelas consequências psicossociais do diagnóstico tardio. Apesar de o diagnóstico precoce ser recomendável, quando realizado tardiamente, faz-se importante uma abordagem eficaz, por profissionais especializados, do paciente e de seus familiares para correta definição do sexo da criança. P-003 TUMORES DE RESTOS ADRENAIS INTRATESTICULARES EM PACIENTES COM HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA (HAC) POR DEFICIÊNCIA DE 21 HIDROXILASE – RELATO DE CASOS Rodrigues EMR1, Silva IN1, Dias VMA1 1 Divisão de Endocrinologia Pediátrica – Faculdade de Medicina, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) Os tumores de restos adrenais intratesticulares são achados raros, decorrentes da estimulação crônica pelo ACTH na HAC. Ocorrem prin- cipalmente em pacientes com história de controle clínico inadequado. Caso 1: TPT, diagnóstico de forma clássica, perdedora de sal, aos 2 meses de vida, após choque hipovolêmico. Recebeu 13 mg/m2 de acetato de hidrocortisona e 0,05 mg de fludrocortisona diários até 6 anos, quando iniciou virilização progressiva, aceleração do crescimento e da idade óssea. Aos 7 anos, apresentou puberdade precoce central (PPC), não tendo recebido análogo de GnRH por dificuldades sociais. Aos 17 anos, US mostrou testículos de volume e consistência normais, com nódulos hipoecogênicos, mal delimitados, hipervascularizados, localizados junto ao mediastino testes, bilateralmente. Usa prednisona 10 mg e fludrocortisona 0,1 mg/dia. Caso 2: WRS, diagnóstico de forma clássica, virilizante simples, aos 2 anos de idade, após apresentar virilização e crescimento estatural acelerado. Recebeu acetato de hidrocortisona 10 mg/m2 e fludrocortisona 0,1 mg diários até 7 anos. Aos 8 anos apresentou PPC, controlada com análogo de GnRH durante 15 meses. Aos 22 anos, US mostrou testículos com múltiplos nódulos hipoecogênicos, bordas regulares, sem calcificações na topografia mediastinal. Uso de prednisona 5 mg e fludrocortisona 0,05 mg/dia. Discussão: Os tumores de restos adrenais testiculares, causa mais comum de infertilidade em homens com HAC, são muitas vezes só diagnosticados no adulto, pois são dificilmente reconhecidos pela palpação e comumente detectados pelo US. Conclusão: A realização de US testicular para detecção precoce das lesões pode ser útil como ferramenta para estímulo à adesão terapêutica e prevenção da infertilidade. P-004 HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE MASSA ABDOMINAL – RELATO DE CASO Eleutério NF1, Lago DCF1, Silva NMR1, Aníbal BJ1, Guedes ARA1, Geroldo SR1, Barroso CM1, Coutinho DC1 1 Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) Introdução: A hiperplasia adrenal congênita é resultante da deficiên­ cia geneticamente herdada de uma das enzimas envolvidas no processo de esteroidogênese adrenal. Mais de dois terços das crianças têm a forma perdedora de sal. Os meninos podem apresentar genitália masculina normal ao nascimento e quadro de perda de sal ou de pseudopuberdade precoce no momento do diagnóstico. Descrição do caso: FKAF, 1 mês e 13 dias de vida, sexo masculino, nascido de parto cesáreo a termo, sem intercorrências. Evoluiu no 4º dia de vida com desidratação e febre. Notou-se massa abdominal palpável em flanco esquerdo. Durante internação permaneceu com distúrbio hidroeletrolítico, hiponatremia e hipercalemia persistentes. Tomografia de abdome mostrou massa heterogênea, com epicentro na loja renal esquerda, medindo 3,9 x 4,1 cm. Foi realizada biópsia de massa abdominal, que revelou trecho suprarrenal sem particularidades. Dosados os hormônios 17-OH-progesterona (> 20 ng/ml – valor normal 0,7 a 2,5), testosterona, renina, aldosterona, androstenediona, S-DHEA, ACTH (126 pg/ml – valor normal 5 a 46) e cortisol, que confirmaram diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita forma perdedora de sal. Comentários: O relato do caso visa mostrar uma apresentação de hiperplasia adrenal congênita com proporções tumorais a ponto de causar dúvida diagnóstica com massa renal. Em virtude do quadro sugestivo de hiperplasia adrenal congênita, investiu-se na investigação de tal patologia, dosando os hormônios que confirmaram a doença. P-005 BOA EVOLUÇÃO DE PACIENTE COM CARCINOMA ADRENAL COM TROMBOS METASTÁTICOS ATÉ ÁTRIO DIREITO – RELATO DE CASO Baptista MTM1, Rizzatti M2, Oliveira DM1, Martelli V1, Paula GB1, Pu MZMH1, Aguiar SS2, Filho AOG2, Junior OP1, Mastellaro MJ2 1 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2 Centro Infantil Boldrini O carcinoma adrenal tem incidência aproximada de 0,6-1,67 casos por milhão/ano, com maior frequência no sexo feminino e entre crianças do sul do Brasil, respondendo por 0,02%-0,2% de todas as mortes S5 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres por câncer. Metástases para fígado e pulmão são as mais comuns, podendo haver crescimento para estruturas vitais próximas. Menina com 5,5 anos encaminhada com quadro de dor toraco-abdominal à direita, clitoromegalia há dois meses e perda de 2 kg. Ao exame: dados vitais normais, hipertrofia de clitóris. US tórax: imagem arredondada, 7 cm, sólida e heterogênea, em 1/3 superior do rim D. TC: abdome – lesão expansiva (8,2 X 7,9 cm) em 1/3 superior de rim D, sem sinais de invasão do sistema coletor, associada a lesões metastáticas em veia cava inferior (VCI) e retroperitônio; massa predominantemente hipodensa em região paraórtica; tórax – trombo tumoral em átrio direito (AD) oriundo da VCI. Exames: SDHEA > 1.000 µg/dl; 170HProg = 11,7ng/ml; Andro = 9,9 ng/ml; Testo T = 6,21 pg/ml; Testo L = 7,11 ng/ml; Na = 141 mEq/L; K = 4 mEq/L. Idade óssea: 6 a 10 m (GP). Usou mitotane em doses crescentes (1,5 g/m2 até 4 g/m2). Evoluiu com insuficiência adrenal, necessitando reposição de glicocorticóides. TC abdome (quatro meses após): redução de 45% do tumor e trombo ocupando parcialmente a luz da VCI na porção retro e supra-hepática, insinuando-se em AD. Biópsia guiada por TC: tumor cortical de adrenal. Detectada mutação R337H, em heterozigose, no gene p53 (PCR). Há três anos submetida a adrenalectomia, com correção e retirada da porção anterior VCI – parada circulatória por 21’, para abertura de AD e VCI para retirada de tumor e trombos. Mantém controles clínicos e laboratoriais normais. P-006 SÍNDROME DE CUSHING NA INFÂNCIA (GENERALIDADES) Angélico RCP1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Objetivo: Relatar sobre a síndrome de Cushing na idade pediátrica com avaliação das condutas diagnósticas e terapêuticas. Metodologia: O procedimento metodológico escolhido foi a pesquisa exploratória mediante levantamento bibliográfico. Dessa forma, levou-se a efeito o trabalho de identificação, compilação, análise e interpretação das metodologias dos artigos publicados na SciELO e na Lilacs. Como horizonte cronológico da pesquisa, foi definido o período de dezembro de 2007 a junho de 2010, o que totalizou a análise de 15 artigos publicados. Resultados: Foi observado que nos artigos predominaram o estudo descritivo com abordagem qualitativa. Conclusões: A síndrome de Cushing é uma desordem endocrinológica causada por níveis de cortisol elevados no sangue. Na infância pode representar um desafio diagnóstico e terapêutico. A observação clínica é extremamente importante, pois pode levantar a suspeita de SC, apesar de que crianças menores podem apresentar obesidade e déficit de crescimento, sem os clássicos sinais de hipercortisolismo (fácies de lua cheia, pletora facial, hirsutismo, acne e estrias). Algumas crianças podem ainda apresentar virilização e pseudopuberdade precoce. No entanto, embora estudos pertinentes como o de Oliveira et al. (2010) já tenham provado que a doença de Cushing seja rara na infância e na adolescência, considera-se ainda muito importante que o pediatra esteja familiarizado com o quadro clínico e laboratorial da SC, uma vez que o diagnóstico e o tratamento precoces podem reduzir a morbimortalidade dos indivíduos portadores dessa endocrinopatia. P-007 INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA DE ETIOLOGIA AUTOIMUNE: O DESAFIO DO DIAGNÓSTICO Rosenthal SFR1, Mattos AA1, Miachon AAS1, Castro AMS1 1 Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Objetivo: O caso clínico enfatiza a dificuldade do diagnóstico precoce, na ausência dos sinais físicos mais característicos, e da avaliação laboratorial. Descrição do caso: Paciente masculino, 11 anos e 6 meses, há três meses com queixa de cansaço, vômitos recorrentes e desidratação. Pais não consanguíneos, com hipertireoidismo (mãe) e diabetes melito (pai). Na última crise de desidratação, evoluiu com sepse (Pseudomonas aeruginosa), choque, insuficiência renal e necrose de falanges distais. Não apresentou sinais de hiperpigmentação em neS6 nhum momento. Exames laboratoriais: ACTH: 94,1 ng/ml (até 46), Na: 138,5 meq/l (135-145), K: 4,3 meq/l (3,5-5,5), renina: 38,5 ng/ml/h (0,4-0,7), anticorpo antiadrenal: 1:20 (neg < 1:5), TSH: 2,0 mU/l (0,5-4,9), T4L: 1,47 ng/dl (0,9-1,7), ultrassom de abdome total: normal, RMN de abdome: afilamento difuso das adrenais, IO: 12 anos. Discussão: O paciente evoluiu com quadro insidioso e progressivo, embora não tenha apresentado sinais de perda estatural e anorexia. A literatura evidencia a hiperpigmentação em 92%-94% dos pacientes. Em raros casos, o defeito de resposta do melanócito e seu elevado grau de degradação resultam na ausência de hiperpigmentação. Conclusão: A insuficiência adrenal primária pode manifestar-se de forma insidiosa ou aguda. Não existe um consenso claro do diagnóstico de insuficiência adrenal em pacientes com doenças críticas, tampouco para pacientes na faixa etária pediátrica, com relação aos quais é necessária a investigação atenta nos casos de desidratação. P-008 SÍNDROME DE LI-FRAUMENI EM PACIENTE COM CARCINOMA DE SUPRARRENAL? Dutra AP1, Lima ER1, Fonseca KC1, Moreira AM1 1 Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital da Baleia – Belo Horizonte/MG Introdução: A síndrome de Li-Fraumeni (LFS) está associada à mutação germinativa no gene TP53. Dentre os tumores mais comuns, estão os carcinomas de mama, sarcomas, tumores cerebrais, leucemias/linfomas, tumores da adrenal e de estômago. Os carcinomas de suprarrenal (CSR) e os sarcomas são diagnosticados, em sua maioria, na infância. O CSR apresenta-se clinicamente por meio de uma ampla variedade de manifestações endócrinas com hipersecreção de hormonal, isolada ou associadamente. É mais frequente no sexo feminino, quando os efeitos virilizantes da neoplasia se tornam mais exuberantes e de mais fácil e precoce reconhecimento. Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 2 anos e 9 meses, encaminhado ao hospital devido a crescimento de pelos pubianos e aumento do volume peniano há cinco meses antes da consulta, sem outros sinais/sintomas na história e exame físico. Realizado TC de abdome que evidenciou volumosa massa sólida em topografia da suprarrenal direita. Realizada ressecção tumoral cuja histologia confirmou ser CSR; dosagens dos hormônios DHEA-S e 17 α hidroxiprogesterona estavam elevadas. Devido a outros casos na família de câncer, foi realizada a pesquisa familiar para mutação do p53 códon R337H, sendo a mesma positiva na mãe e no paciente, ausente no pai. Relato de avô materno falecido por causa de sarcoma e de tia (irmã materna) com diagnóstico de câncer de mama. Comentários: As manifestações clínicas do CSR são similares nas formas esporádicas e familiares. O diagnóstico da LFS deve ser considerado em paciente com CSR e ser pesquisado para o diagnóstico precoce e orientação familiar para outros tipos de tumores. P-009 HIPERPLASIA CONGÊNITA DE SUPRARRENAL: ESTUDO DE CASO EM ADOLESCENTE COM EPISÓDIO DE ANOREXIA NERVOSA, COMPULSÃO ALIMENTAR E TENTATIVA DE SUICÍDIO Almeida L1, Posi R1, Garcia L1, Fabbri T1, Miachon AS1, Castro AS1 1 Universidade Federal de São Paulo (USP) Objetivo: Na HSRC, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal altera-se. Há um aumento na produção dos esteroides sexuais, levando-se, assim, a uma alteração da relação estrógeno-testosterona. Esses aspectos influenciam e podem interferir na construção da identidade sexual dos pacientes. Torna-se, portanto, um desafio para a equipe médica ações que minimizem as possibilidades do aumento da virilização, fato esse intensificado com a não adesão ao tratamento medicamentoso. Analisou-se paciente adolescente que teve, na infância, tratamento medicamentoso suspenso e que, na adolescência, apresentou dificuldades relacionadas à sua identidade sexual, autoestima e autoimagem refletidas em quadro clínico com episódios de anorexia nervosa, compulsão alimentar e tentativa de suicídio por uso de medicação. Metodologia: Paciente do sexo feminino, 14 anos, com HCSR, forma clássica virilizante simples, não perdedora de sal, atendida no ambulatório de en- TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres docrinologia pediátrica da Unifesp desde a infância. Cirurgia corretiva do genital realizada aos 15 anos. Análise dos conteúdos expressos nas sessões de atendimento psicoterapêutico do serviço de psicologia. Resultados: A suspensão da medicação interfere na percepção da identidade feminina. Jogos sexuais com meninas, no início da adolescência, traz sentimento de culpa profundo e dúvidas sobre seu interesse em meninos ou meninas. Baixa autoestima e autoimagem leva a um comportamento alimentar anoréxico e compulsivo seguido de tentativa de suicídio com uso de medicação. Intervenção psicoterapêutica e atendimento médico semanal intervêm no processo de autodestruição. Conclusão: Não há leis claras abordadas, relativamente aos pais, sobre a descontinuidade e consequências da suspensão do tratamento medicamentoso, minimizando e protegendo a criança de conflitos futuros. P-010 DOENÇA DE ADDISON: RELATO DE CASO EM ADOLESCENTES Souza CSF1, Carvalho TM1, Soares JH1, Eleuterio SJP1, Amorim LF1 1 Programa de Residência Pediátrica do Hospital Municipal Odilon Behrens Introdução: Doença de Addison na adolescência é rara, com prevalência de 39 a 60 casos por milhão na população geral, e potencialmente fatal. A natureza inespecífica dos sintomas contribui para o atraso de seu reconhecimento, sendo muitas vezes atribuído a outras condições clínicas como infecções virais, fadiga crônica e depressão. Descrição do caso: Adolescente, 12 anos, relatava história que há três meses evoluía com quadro de astenia, hiporexia, emagrecimento, cefaleia, vômitos, fraqueza, episódios repetidos de desidratação com necessidade de internações frequentes. Dificuldade para deambular nos 15 dias precedentes à internação. História de familiares do sexo masculino falecidos ainda jovens, com sintomas semelhantes, abordados como depressão. Adolescente internado para propedêutica, realizada investigação de doença renal, que se revelou dentro da normalidade. Durante internação, solicitados exames com achados de hipercalemia (K: 6 mEq/L), hiponatremia (Na: 129 mEq/L) e acidose metabólica. Dosado cortisol diurno: 2,1 (VR: 6 a 23 mg/dL), TSH e T4 normais. TC de abdome: atrofia de suprarrenais. Iniciado tratamento com hidrocortisona. Houve melhora do estado geral com ganho de peso, recuperação do apetite, deambulação e atividade geral. A presença de sintomas e sinais associados a alterações laboratoriais sugestivas de insuficiência adrenal e à melhora do quadro clínico com o uso do corticoide corroboraram a suspeita de doença de Addison. Comentários: O diagnóstico precoce de doença de Addison permite a intervenção terapêutica adequada, garante bom prognóstico evolutivo e melhora importante da qualidade de vida do paciente. Esse diagnóstico deve ser suspeitado sempre diante de sinais e sintomas, mesmo que inespecíficos, e história familiar suspeita da doença. ekly from 0-2 months, monthly from 3-6 months and then every 3 months until 2 years of age. Testosterone, androstenedione and plasm renin activity (PRA) levels were measured every 3 months. Androgens levels aimed to be kept into normal range for sex and age and PRA into the upper-limit of normal range. Results: Fludrocortisone dose in the first semester was higher than in the second semester, which in turn was higher than in the second year of life (p < 0.01). Mean fludrocortisone dose was 200 mcg at 0-6 months, 150 mcg at 7-18 months and 125 mcg at 19-24 months of life. Cortisone acetate dose was stable during follow-up. Conclusion: Mineralocorticoid needs in SW-21OHD decreased progressively during early infancy. Based on this retrospectively analysis of children followed homogeneously in a single Center, our study proposes a safety schedule for mineralocorticoid replacement during this critical developmental period. P-012 TUMOR DE CÓRTEX ADRENAL VIRILIZANTE NO SEXO MASCULINO: QUESTÕES RELATIVAS A DIAGNÓSTICO E EVOLUÇÃO Cordeiro L1, Borschiver C1, Szundy R1, Fonseca CT1, Souza BC1, Kurdian MC1 1 Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro Introdução: Tumor de córtex adrenal é raro na infância, porém o sul e o sudeste do Brasil têm a maior incidência mundial. Sua evolução e prognóstico dependem da época do diagnóstico e do estadiamento tumoral. Relato de caso: Sexo masculino, 2 anos, com quadro de virilização iniciada há um ano. Ao exame apresentava pressão arterial normal, alta estatura (+2,2 DP), acne, pelos axilares e pubianos (P4), pênis de 9 x 2,5 cm, testículos de 2 cm³, abdome sem alterações. Exames complementares: IO de 8 anos, testosterona elevada (75 ng/dl); SDHEA, androstenediona, cortisol e 17OHP normais. TC de abdome revelou formação expansiva heterogênea com calcificações (5,2 x 4,6 x 4 cm) em topografia de adrenal esquerda. Foi submetido a adrenalectomia esquerda com ressecção total da massa (estágio I). O histopatológico revelou carcinoma de córtex adrenal. Após a cirurgia, evoluiu com queda dos níveis da testosterona e redução do tamanho do pênis. Dois meses depois, apresentou aumento do volume testicular com aumento do LH basal e da testosterona caracterizando puberdade precoce central secundária, sendo iniciado tratamento com análogo do GnRH. Com um ano de acompanhamento, houve suspeita de abuso sexual e foram tomadas as providências legais. Comentários: Em nosso caso, o diagnóstico de carcinoma adrenal foi tardio em virtude da negligência familiar, embora muitas vezes o atraso em meninos se deva à percepção da virilização como positiva. As consequên­ cias a longo prazo dependem do tempo de evolução e estadiamento tumoral, incluindo puberdade precoce central secundária. Os aspectos psicossociais, como abuso sexual, são descritos com relativa frequência em casos de puberdade precoce. P-011 MINERALOCORTICOID REPLACEMENT IN SALT WASTING FORM OF CAH DUE TO 21-HYDROXYLASE DEFICIENCY DURING EARLY INFANCY P-013 HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA POR DEFICIÊNCIA DE P450C 11-HIDROXILASE Gomes L1, Madureira G1, Mendonça B1, Bachega T1 Chevtchouk L1, Jurno ME1, Melo S1, Bianchetti G1 1 Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Optimal glucocorticoid/mineralocorticoid replacements in salt-wasting 21-hydroxylase deficiency (SW-21OHD) are crucial for adequate growth and neurological development. Directions of glucocorticoid replacement in children are well established; however, the actual recommendation for mineralocorticoid replacement is general and suggests adjusting the dose individually. Objective: To determine the appropriate fludrocortisone dose schedule in a group of SW-21OHD children adequately followed during early infancy. Methods: Twenty-three SW-21OHD patients with good anthropometric and hormonal control were evaluated retrospectively. Patients were initially treated with cortisone acetate (~ 18 mg/m2/d), fludrocortisone (100-200 mcg/d) and salt supplementation (2 g/d). Assessments of fludrocortisone doses, clinical parameters (height, weight and blood pressure) and biochemical levels (sodium and potassium) were performed we- Associação dos Diabéticos de Barbacena, Hospital Regional de Barbacena/ Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (HRB/FHEMIG) 1 Objetivo: Relato de caso de virilização com hipertensão arterial devidos a uma forma rara de hiperplasia adrenal congênita. Material: JVC, 30 meses, masculino, procurou atendimento médico por causa de alteração de crescimento. Desenvolvimento estatural exagerado e presença de crescimento dos órgãos sexuais (pênis crescido e pelos pubianos presentes). Tios maternos também apresentam alterações de crescimento. Nascido sem problemas, AIG, Apgar 9. Peso ao nascimento de 3.530 g, 51 cm. Atualmente, peso: 21.200 g, alt.: 107 cm, alt. sentado: 60 cm, IP: 6 anos, IE: 5 anos. PA 130 X 80 mmHg, musculatura hipertrofiada nos MMSS e MMII, acne na face. Genitália – pênis: 8 cm, pelos pubianos: Tanner II, testículos: < 1 cm. Resultados: Exames iniciais: androstenediona > 10 (0,43,6); aldosterona 18 (35-275); 11-desoxicortisol 140 (< 8); idade S7 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres óssea: 9 anos e 6 meses; US testículos: E- 1,71X0,9 cm e D- 1,3 X 0,74 cm. Iniciado uso de hidrocortisona 10 mg/dia; após três meses melhorou a acne, no entanto houve aumento pôndero-estatural (P: 2400 g e alt.: 113 cm). Foi então aumentada a hidrocortisona para 14 mg/dia, o que estabilizou o peso e a altura e normalizou a PA. Conclusão: Trata-se do relato de um caso raro de hiperplasia adrenal congênita, em que a deficiência de 11-hidroxilação causou diminuição do cortisol e elevação do ACTH, causando hipersecreção de 11-desoxicorticosterona e de 11-desoxicortisol. A hipertensão está presente em 60% dos casos e normaliza-se após a reposição da hidrocortisona. Acredita-se que o caso seja de interesse e possa exemplificar tal patologia. P-014 SÍNDROME DE CUSHING NA INFÂNCIA Rodrigues AI1, Higuchi CR1, Warszawski L1, Lucena LM1, Bezerra M1 1 Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) encontra em estado vegetativo. Há relato do avô materno falecido aos 44 anos de idade por insuficiência adrenal e de um primo falecido aos 21 anos por uma doença neurodegenerativa. Um estudo do gene ABCD1 mostrou a mutação (nonsense) p.W132Ter em ambos os casos e em heterozigose nas mães (irmãs). Comentários: ALD-X é uma doença rara cujo fenótipo é bem variado e não mostra relação com o genótipo. A avaliação do gene ABCD1 tem finalidade diagnóstica, na impossibilidade da dosagem de AGCML, e é importante para aconselhamento genético, uma vez que o transplante de medula óssea é hoje a única alternativa terapêutica capaz de retardar a evolução de doença, somente em assintomáticos. P-016 BAIXA ESTATURA EM ADOLESCENTE DO SEXO FEMININO COM DESENVOLVIMENTO PUBERAL ADEQUADO: A IMPORTÂNCIA DO CARIÓTIPO Azevedo MBI1, Azevedo AEB2, Neto ABA3 Secretaria Municipal de Saúde – Cuiabá – Equipe de Saúde da Família (ESF) Nova Esperança II, 2 Departamento de Pediatria – Faculdade de Ciências Médicas/Universidade Federal de Mato Grosso (FCM/UFMT), 3 Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica – Centro de Especialidades – Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) 1 Introdução: A síndrome de Cushing é rara na infância. Clinicamente, apresenta-se como rápido ganho de peso e déficit de crescimento, resistência insulínica, hipertensão arterial, cefaleia, atraso puberal e, em alguns casos, hirsutismo e pubarca precoce. O Cushing de origem adrenal é mais comum em crianças até 7 anos. Após, a principal etiologia é a doença de Cushing. Corticotropinoma é o adenoma hipofisário mais comum na infância. Geralmente, a lesão é um microadenoma. O tratamento de escolha é o cirúrgico. Caso clínico: LMF, 10 anos, feminino. Notou há quatro anos aumento de adiposidade. Foi detectado hipercortisolismo e ACTH: 18 pcg/ml. Aos 9 anos iniciou quadro de puberdade e redução importante na velocidade de crescimento, além de hipertensão arterial. Apresentou dois testes de estímulo para GH sem resposta. Optado por bloqueio puberal, iniciados metformina e anti-hipertensivos. RM de sela e TC abdominal em dez./2009: normais. Na avaliação em nosso serviço, ao exame: peso acima do P97, altura entre P 25 e P 50, IMC + 7 DP. Estrias violáceas, gibosidade e adiposidade central. Liddle 2: resultado compatível com doença de Cushing. RM de sela/3 Tesla (3/7/2010): Imagem hipocaptante de contraste medindo cerca de 3 mm, na adenoipófise. Submetida a neurocirurgia em dez./2010, evoluindo com diabetes insípido transitório e cortisol basal de 0,2 mcg/dl, além de melhora da hipertensão. Comentários: A suspeita clínica e exames laboratoriais foram cruciais na condução deste caso, com a segunda ressonância de sela, na técnica 3 Tesla, sendo determinante no tratamento, e evitando a realização de cateterismo do seio petroso. P-015 RELATO DE UMA FAMÍLIA COM ADRENOLEUCODISTROFIA: CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS E MOLECULARES Aun AME1, Soardi FC1, Melo MP1, Pu MZMH1, Sewaybricker LE1, Li LFRS1, Junior GG1, Baptista MTM1, Montenegro MAS2, Marini SHVL1 1 Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas/Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (Unicamp/CBMEG), 2 Departamento de Clínica Médica da FCM da Unicamp, 3 Departamento de Neurologia da FCM da Unicamp Introdução: A adrenoleucodistrofia é uma doença neurometabólica de herança ligada ao X (ALD-X) causada pelo acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (AGCML) por mutações no gene ABCD1. Descrevem-se dois meninos, primos em primeiro grau, afetados pela forma neurodegenerativa, com manifestações iniciais distintas. Relato dos casos: 1) Menino, 6 anos, hígido, encaminhado por vômitos, desidratação, hiponatremia e hipoglicemia há oito meses. Apresentava na ocasião discreta dificuldade na fala. Dosagem de ACTH de 516 pg/ml (normal até 46). Iniciado reposição com hidrocortisona. Atualmente não anda e não tem contato com o meio externo. 2) Menino, 8 anos de idade, com dificuldade escolar e déficit visual há um ano. Evoluiu com dificuldade para andar, vestir-se e comer. RNM com sinais sugestivos de adrenoleucodistrofia. Apresentou hiperpigmentação cutânea, sem sinais clínicos de insuficiência adrenal. Dosagem de ACTH de 321 pg/ml. Iniciada reposição com hidrocortisona. Atualmente se S8 Muitas doenças que afetam o crescimento acompanham-se de outras alterações físicas, frequentemente identificáveis ao exame clínico. O problema ocorre quando o paciente não apresenta estigmas ou estes são discretos e o único achado é a baixa estatura (BE). A investigação laboratorial de qualquer paciente com BE deve ser ampla, permitindo afastar outras causas que podem estar sendo encobertas. O objetivo deste relato é discutir a investigação da BE do ponto de vista clínico, genético, em adolescente do sexo feminino com puberdade adequada. Adolescente, 12 a 6, P = 44,5 kg, E = 145,3 cm, PP: 75 cm. Envergadura: 145,5 cm. Telarca aos 8 a 6 m, menarca aos 10 anos com ciclos regulares e fluxo de cinco dias. Exame físico: implantação baixa de cabelos, cúbitos valgos discretos. Solicitado o protocolo para baixa estatura completo na fase inicial, evidenciando IO = IC, exames laboratoriais normais. Cariótipo: 45,X(13)/46,XX(17). Confirmada síndrome de Turner (ST). Comentários: ST é caracterizada pela presença de um cromossomo X e perda total ou parcial do segundo cromossomo sexual, fenótipo extremamente variável: desde meninas com quadros típicos até aquelas quase indistinguíveis da população geral. Sinais que costumam levar à suspeita clínica dependem da faixa etária, que, a partir da adolescência, além da BE, geralmente apresenta atraso puberal decorrente de disgenesia gonadal. A realização de cariótipo em meninas com BE não é consenso na literatura. Alguns autores recomendam a realização de cariótipo em todas as meninas com BE de causa indefinida, outros discordam dessa posição. Acreditamos que em meninas com BE, com ou sem estigmas, mesmo com desenvolvimento puberal adequado, cariótipo deve ser colhido rotineiramente. 20% a 40% das pacientes com ST apresentam algum grau de desenvolvimento mamário espontâneo e 10% a 20% apresentam desenvolvimento puberal completo com menstruação. O pediatra deve reconhecer a importância do cariótipo para o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado. P-017 SÍNDROME DE ANEUPLOIDIA VARIÁVEL E BAIXA ESTATURA: RELATO DE CASO Lara ECL1, Lacerda M2, Magdalena N2, Nesi-França S1, Marques-Pereira R1, Boguszewski MCS1, Maurici A1, Hertz MT1, Dadalto JCS1, Lacerda L Unidade de Endocrinologia Pediátrica – Departamento de Pediatria da UFPR, Genética Médica – Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 1 2 Baixa estatura pode fazer parte de várias síndromes genéticas. A presença de consanguinidade, assim como de características dismórficas pode indicar um diagnóstico sindrômico, com necessidade de avaliação específica. Descrição do caso: Paciente masculino, branco, 13 anos, terceiro filho de pais consanguíneos. Nasceu com 2.650 g, apresentando atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Antecedente de vários episódios infecciosos em aparelhos respiratório e gastrointes- TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres tinal. Exame físico: estatura 112,5 cm e peso 27,7 kg (28 cm e 3 kg abaixo do terceiro percentil, respectivamente), olhos pequenos, fronte proeminente, face triangular, baixa implantação de orelhas e cabelos, pescoço curto, braquidactilia, acúmulo de gordura abdominal, estádio puberal T2 P5 (Tanner). Foram excluídos doença celíaca, doença inflamatória intestinal, anemia, hipotireoidismo, alterações urinárias e alterações ósseas. O cariótipo revelou 60% de células 46,XY e 40% de células 39-64,XY, com diagnóstico de aneuploidia variável. Os testes de estímulo de hormônio de crescimento foram responsivos, IGF-1 551 ng/mL (V.R. 143-693), e a idade óssea apresentou um atraso de dois anos. Comentários: A síndrome da aneuploidia variável é uma alteração cromossômica de transmissão autossômica recessiva, com poucos casos descritos na literatura. Está associada a retardo do crescimento intrauterino e pós-natal, microcefalia, alterações do sistema nervoso central e predisposição a neoplasia. Este caso ilustra a importância da realização do cariótipo naqueles pacientes que apresentam estigmas genéticos associados a comprometimento estatural importante. P-018 ICTIOSE E ATRASO DO DESENVOLVIMENTO ESTATURAL Cahet IFP1, Gomes JJL1, Spreuwers LM1, Souza LSL1 1 Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) Introdução: Eritrodermia ictiosiforme congênita não bolhosa faz parte de um espectro de distúrbios da queratinização cutânea conhecido como ictiose. Há várias formas de ictiose que se distinguem por razões de ordem clínica, histopatológica e genética. Apesar de não citada na literatura, a associação de baixa estatura com essa forma de ictiose, outro subtipo de ictiose – síndrome de Netherton –, tem esse sinal como parte de suas características. Descrição do caso: EOL é uma paciente do sexo feminino, com idade na primeira consulta de 12 anos e 3 meses de vida, estudante, parda, natural e procedente de Salvador/ BA; encaminhada pela dermatologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, onde mantém acompanhamento por causa da eritrodermia ictiosiforme não bolhosa, por queixa materna de atraso do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor desde o nascimento. Comentários: A ictiose possui subdivisões que se distinguem por razões de ordem clínica, histopatológica e genética. Algumas das quais possuem a baixa estatura ou retardo do desenvolvimento estatural, como um dos seus sinais clínicos, como é o caso da síndrome de Netherton, que deve ser sempre aventada no rol dos diagnósticos em uma criança com baixa estatura e ictiose. P-019 SÍNDROME DE SILVER-RUSSELL Gomes J1, Bittencourt A1, Spreuwers L1, Souza L1, Cahet I1, Cruz T1 1 Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: A síndrome de Silver-Russell é uma condição heterogênea que se caracteriza por falência de crescimento intrauterino e pós-natal, com velocidade de crescimento normal, dismorfias faciais típicas como fáscies triangular e fronte proeminente, clinodactilia do quinto quirodáctilo, assimetria corpórea nem sempre presente e inteligência normal. A maioria dos casos é de etiologia desconhecida, esporádica. Em 10% dos pacientes tem sido descrita dissomia materna do cromossomo 7. Muitas dessas crianças não recuperam o crescimento pós-natal e apresentam baixa estatura persistente. Descrição do caso: ILS, masculino, 15 anos, acompanhado no ambulatório de endocrinologia desde os 12 anos por baixo peso e baixa estatura, além de hiporexia. Nascido de parto pré-termo com peso de 1,9 kg e comprimento não informado. Ao exame, apresentava fáscies triangular, assimetria facial, fronte proeminente, braquidactilia do quinto quirodáctilo, altura: 132 cm. Idade óssea compatível com idade cronológica. Comentários: Relatou-se um caso de síndrome de Silver-Russell, que, apesar de rara, é um diagnóstico diferencial que deve ser considerado entre as causas que levam a atraso do crescimento intrauterino e baixa estatura em crianças. P-020 CRESCIMENTO DE RECUPERAÇÃO EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE SILVER-RUSSELL Fernandes ACM1, Beserra ICR2, Guimarães MM2, Souza MAR2 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ) 1 Objetivo: Avaliar o crescimento de recuperação (CR) em crianças com síndrome de Silver-Russell (SSR) nascidas pequenas para a idade gestacional. Metodologia: Estudo retrospectivo de revisão de prontuários de crianças com SSR. Período: abril/1995-maio/2010. Foram avaliados: sexo, peso e comprimento ao nascer, idade de diagnóstico, idade, altura e peso na primeira consulta e na consulta em que foi observado CR (altura ≥ -2DP da média para idade e sexo). Os escores z de altura, peso e IMC foram calculados com dados do NCHS. Na classificação de pequeno (PIG) para o peso e/ou comprimento ao nascer, utilizaram-se os dados de Usher e McLean. O diagnóstico foi estabelecido por geneticista. Resultados: Foram avaliadas 24 crianças (16 masculinos). A idade média ao diagnóstico foi de 2,90 anos. Seis foram PIG de peso, 5 PIG de comprimento e 13 PIG de peso + comprimento. Na primeira consulta a idade média foi de 3,14 anos e os escores z de peso, altura e IMC foram de -5,38 ± 2,26, -3,86 ± 1,27 e -4,45 ± 1,79 (n = 15), respectivamente. Três fizeram CR (dois masculinos). A idade média do CR foi de 6,00 ± 1,71 anos. Nesses, a idade média e os escores z de peso, altura e IMC iniciais foram de 1,86 ± 1,17 anos, -4,18 ± 0,19, -3,51 ± 1,14 e -3,18 (n = 1), e os escores pós-CR foram de -1,19 ± 1,64, -1,85 ± 0,14 e 0,05 ± 1,83, respectivamente. Conclusão: A frequência de CR foi menor e ocorreu tardiamente quando comparada com crianças nascidas PIG sem síndrome. O CR associou-se à melhora no escore z de peso e normalização do IMC. P-021 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO PRIMEIRO ANO DE TRATAMENTO COM HORMÔNIO DE CRESCIMENTO HUMANO RECOMBINANTE (RHGH) EM PACIENTES COM DEFICIÊNCIA DE GH, SÍNDROME DE TURNER E PEQUENOS PARA A IDADE GESTACIONAL Gonçalves DF1, Vilela ACA1, Leite VCS1, Filho HCM1, Manna TD1, Kuperman H1, Steinmetz L1, Cominato L1, Dichtchekenian V1, Damiani D1 1 Instituto da Criança (ICR) Objetivo: Avaliar a resposta ao primeiro ano de tratamento com rhGH em pacientes com deficiência de GH (DGH), síndrome de Turner (ST) e pequenos para a idade gestacional (PIG). Casuística e métodos: 109 pacientes tratados com rhGH foram estudados (13 com DGH, 13 com ST e 67 PIG). A DGH foi caracterizada por pico de GH < 5 ng/mL após estímulo com clonidina e/ou glucagon. A ST foi caracterizada pelo quadro clínico e cariótipo. Foram considerados PIG os RNs com peso ao nascer < 2.500 g e percentil < 10 para a idade gestacional. Avaliaram-se em cada grupo o Z-score da estatura inicial (ZsEI) e, um ano após o tratamento (ZsE1a) com rhGH, a velocidade de crescimento (VC) nesse período. As médias do ZsE foram comparadas por meio do teste-t de Student pareado, considerando-se significativos valores de p < 0,05. Resultados: A média de idade (anos) na introdução do rhGH foi de 8,22 ± 3,41, 6,63 ± 3,58 e 8,04 ± 3,08 nos pacientes com DGH, ST e PIG, respectivamente. As médias do ZsEI e do ZsE1a foram de -2,70 ± 1,16 e -1,97 ± 1,10; -2,46 ± 1,41 e -2,09 ± 1,19; e -2,45 ± 1,11 e -1,66 ± 1,23, respectivamente nos pacientes com DGH, ST e PIG. A diferença entre as médias do ZsEI e do ZsE1a nos pacientes com DGH foi significativa (p = 0,00002), assim como nos pacientes PIG (p = 0,0001), o mesmo não ocorrendo nos pacientes com ST (p = 0,12). Nos pacientes com DGH, ST e PIG, a VC (cm/ano) no primeiro ano de tratamento com rhGH foi, respectivamente, de 8,54 ± 3,97, 6,74 ± 3,12 e 7,90 ± 3,11. Conclusão: Os pacientes com DGH e PIG apresentaram melhora significativa do crescimento durante o primeiro ano de tratamento com rhGH, o mesmo não ocorrendo nos pacientes com ST. S9 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres P-022 BAIXA ESTATURA POR DEFICIÊNCIA DE GH EM PACIENTE COM SÍNDROME DE REGRESSÃO CAUDAL P-024 CRIPTORQUIDIA E MICROPÊNIS: A IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE E PESQUISA DO OLFATO – RELATO DE CASO Souza L1, Bittencourt A1, Gomes J1, Cahet I1, Spreuwers L1, Américo L1, Britto M1, Cruz T1 Azevedo AEBI1, Azevedo MBI2, Neto ABA3 Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) – Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1 Introdução: Regressão caudal é uma malformação congênita rara, caracterizada por agenesia da coluna lombossacral, frequentemente acompanhada de múltiplas anormalidades musculoesqueléticas da pelve e pernas. Além disso, pode ser associada a defeitos viscerais (gastrointestinais, geniturinários, cardíacos ou neurológicos) em vários graus. Não foi encontrado relato na literatura de associação de deficiência de GH com síndrome de regressão caudal. Descreve-se, assim, um caso de baixa estatura por deficiência de GH em paciente com síndrome de regressão caudal. Descrição do caso: LMB, 12 anos, feminina, com baixa estatura, foi diagnosticada com síndrome de regressão caudal (agenesia sacral, lipoma intracanal, insuficiência renal crônica, deformidade em pés, atrofia muscular em panturrilha e bexiga neurogênica). Apresentava fenótipo compatível com deficiência de GH e desvio-padrão para altura esperada de -8,3. Exames complementares mostraram idade óssea compatível com 5 anos, IGF1: normal, teste de estímulo com clonidina sem resposta e RNM da hipófise mostrando malformação da sela túrcica que se apresentou com aspecto raso, dimensões reduzida, hipoplasia da adenoipófise e da haste hipofisária associada à neuroipófise ectópica. Comentários: Relatou-se o caso de uma paciente com síndrome de regressão caudal, com deficiência de GH secundária a malformações em sela túrcica, adenoipófise e da haste hipofisária. Não foram encontrados na literatura relatos que mostrem tal associação, mas sabe-se que a síndrome de regressão caudal pode estar associada a malformações viscerais, inclusive neurológicas. P-023 TAMANHO AO NASCIMENTO E CRESCIMENTO PÓS-NATAL EM PREMATUROS Dadalto JCLS1, Martini AC1, Hertz MT1, Bagatin AC1, Boguszewski MCS1 1 1 Departamento de Pediatria – Faculdade de Ciências Médicas/Universidade Federal de Mato Grosso (FCM/UFMT) – Ambulatório de Medicina do Adolescente – Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), 2 Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá – Equipe de Saúde da Família (ESF) Nova Esperança, 3Secretaria de Estado de Saúde (SES) – Centro de Especialidades – Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica Introdução: O objetivo é relatar caso de hipogonadismo, em que a criptorquidia foi a QP observada pela mãe durante várias consultas ao pediatra desde os 6 meses de vida, inclusive com tentativa de correção cirúrgica, alertando para adequada conduta em casos de criptorquidia e micropênis. Caso: MLA, masculino, 11 anos, com criptorquidia, observado aos 6 meses de idade e história familiar de criptorquidia e infantilismo sexual. Exame físico: ausência de testículo à esquerda e gônada direita 1 cm³. Tanner: G1P1. FSH, LH e testosterona adequados. Cariótipo 46 XY. USG de abdome normal e região inguinoescrotal: nódulo hipoecoico, bilateralmente. Realizada orquidopexia à direita. Atualmente com 14 anos e 4 meses, G1P1, bolsa escrotal rudimentar, mantendo testículo direito com volume de 1 cm³ e micropênis (3 cm). VC = 5 cm/ano e preocupação com sexualidade e fertilidade. Encaminhado à Endocrinologia Pediátrica, que observou, além do atraso puberal, a hiposmia, iniciando investigação para SK. IO = IC. Ausência de resposta ao teste de estímulo com LH-RH. Estímulo com HCG (1.500 u/dia – 5 dias): ausência de resposta da testosterona. RM sem alterações em região selar e suprasselar. Introduzida testosterona 50 mg/mês. Comentários: Avaliação do hipogonadismo exige anamnese, história familiar minuciosa e pesquisa de testes olfatórios. Importante ressaltar que muitas vezes os pacientes não estão cientes de seu defeito olfatório. Síndrome de Kallmann caracteriza-se pela associação de hipogonadismo hipogonadotrófico e anosmia ou hiposmia com prevalência estimada em 1/10.000 homens e 1/50.000 mulheres. Transmitida geneticamente de forma recessiva ligada ao X ou de caráter autossômico dominante limitado ao sexo masculino. Causada por defeito na migração dos neurônios produtores do hormônio de liberação de gonadotrofinas e dos neurônios que formam os nervos olfatórios. Pediatras devem conhecer o quadro clínico para orientação e tratamento interdisciplinar adequados em tempo hábil. Universidade Federal do Paraná (UFPR) Objetivos: Avaliar o tamanho ao nascimento e o crescimento pós-natal de prematuros. Metodologia: Estudo retrospectivo; 93 recém-nascidos (RN) com idade gestacional (IG) menor do que 37 semanas acompanhados durante os primeiros dois anos de vida. Foi considerado pequeno para a idade gestacional (PIG) se peso e/ou comprimento ao nascimento ≤ -1,88 DP, conforme a curva adaptada de Babson e Benda, 2003. Foram coletadas informações sobre peso, estatura e perímetro cefálico (PC) ao nascimento, 40 semanas e idade corrigida de 3, 6, 12 e 24 meses. Foi considerada recuperação do crescimento se aumento no Z escore ≥ 0,67 ou ascensão de um canal na curva de crescimento. Critérios de exclusão: síndromes e malformações congênitas, displasia óssea, paralisia cerebral, doença crônica, tratamento com corticoides sistêmicos ou com hormônio de crescimento. Resultados: 93 RN foram incluídos. IG média foi de 32,9 semanas (limites, 25 a 36,9 semanas), 54,3% meninas, 83% nasceram de parto cirúrgico, 19% foram considerados PIG. Com 40 semanas, observou-se queda no escore Z do peso e do comprimento. O PC manteve-se estável. A recuperação ocorreu próxima dos 3 meses, primeiro comprimento e segundo peso, sendo mais lenta nos meninos. Prematuros PIG apresentaram recuperação mais lenta do peso. Apenas 5% permaneceram com baixo peso e baixa estatura aos 2 anos de idade. Conclusão: Aproximadamente, 20% dos RN prematuros nasceram PIG. Uma restrição do crescimento foi observada próxima ao termo com recuperação nos primeiros três meses de vida e normalização aos 2 anos de idade. S10 P-025 AMBIGUIDADE GENITAL, CARIÓTIPO 46,XY E PRODUÇÃO NORMAL DE TESTOSTERONA: DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS QUE DIFERENCIAM DEFEITO DE RECEPTOR DE ANDRÓGENOS OU DEFICIÊNCIA DE 5a-REDUTASE DE CASOS SEM ETIOLOGIA Junior NNV1, Medaets PAR1, Petroli RJ1, Calais FL1, Mello MP1, Maciel-Guerra AT1, Marques-de-Faria AP1, Guerra-Junior G1 1 Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo (GIEDDS) – Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) Objetivo: Identificar dados clínicos e laboratoriais que diferenciam os casos com e sem etiologia de ambiguidade genital (AG) com cariótipo 46,XY e produção normal de testosterona (T). Metodologia: Foram incluídos 63 casos de AG com cariótipo 46,XY e produção normal de T, sendo 9 com deficiência de 5α-redutase (D5R), 16 com defeito no receptor de andrógeno [11 forma completa (ICA) e 5 forma parcial (IPA)], todos com diagnóstico molecular, e 38 com estudo molecular normal dos genes SRD5A2 e AR. Foram avaliados os seguintes dados: idade na primeira consulta, idade na definição do sexo, peso e comprimento ao nascimento, consanguinidade, casos semelhantes na família, gravidade da AG, LH, FSH, T, dihidrotestosterona (DHT), T/DHT. Resultados: A idade na primeira consulta foi menor no grupo sem etiologia. A idade da definição do sexo e a consanguinidade foram maiores no grupo D5R. O peso e o comprimento ao nascimento e a T/DHT foram menores no grupo sem etiologia. A DHT foi maior no grupo sem etiologia. Os casos semelhantes na família são mais frequentes no grupo ICA. O grau de AG foi mais grave nos grupos ICA e TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres DR5. Os dados de LH, FSH e T não foram diferentes entre os grupos. Conclusões: Dados como peso e comprimento ao nascimento, casos semelhantes na família (em especial do lado materno), consanguinidade, gravidade da AG e a T/DHT podem auxiliar na investigação etiológica de pacientes com AG, cariótipo 46,XY e produção normal de T. P-026 PERFIL DOS PACIENTES COM DISTÚRBIOS DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL (DDS) ATENDIDOS NO HOSPITAL DE PEDIATRIA PROFESSOR HERIBERTO BEZERRA (UFRN) Ramalho CROC1, Araújo AM1, Kumakura HS1, Alloufa SL1, Jaime VB1, Arrais RF1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Introdução: O diagnóstico precoce e preciso para os pacientes portadores de distúrbios da diferenciação sexual (DDS) é vital para a adequada condução do caso e suporte para o paciente e sua família. Objetivos: Descrever o perfil geral dos pacientes com DDS em acompanhamento no HOSPED/UFRN nos últimos 16 anos. Metodologia: Realizado estudo retrospectivo com busca de casos com os seguintes diagnósticos: hiperplasia congênita de suprarrenal (HCSR) formas clássicas ou tardias (FC/FT), insensibilidade androgênica parcial (IAP) e hermafroditismo verdadeiro (HV), sendo identificados 25 prontuários. Resultados: Dos prontuários identificados, 13 (52%) com HCSR-FC com diagnóstico em média aos 0,57 ± 0,91 anos (0,02-3,41), sendo 9 (69,2%) do sexo feminino e 4 (30,8%) do sexo masculino. Pacientes com insensibilidade androgênica parcial totalizaram 10 pacientes (40%), com idade de início de seguimento de 1,46 ± 2,44 anos. Foram identificados apenas 1 paciente com HV e 1 com HCSR-FT (4% cada). Quanto à idade de correção cirúrgica (primeiro tempo), para pacientes com HCSR a média foi de 3,52 ± 1,45 anos (1,65-5,93). Para pacientes com IAP, a cirurgia ocorreu em média de 6,49 ± 6,44 anos (1,4-18,44). Apenas 36% dos pacientes conseguiram realizar cariótipo, desses 56% foram compatíveis com seu fenótipo e 34% divergiram Conclusões: Apesar do serviço ser uma referência terciária, muitos pacientes com DDS ainda chegam tardiamente e os que chegam precocemente encontram dificuldades na rotina diagnóstica (principalmente pela pouca disponibilidade de cariótipo) e lentidão na resolução cirúrgica, que pode levar a problemas no estabelecimento de uma identidade de gênero mais adequada a uma parcela dos pacientes atendidos. P-027 GENITÁLIA AMBÍGUA DE ABORDAGEM TARDIA Souza CM1, Souza I1, Cangussú A1, Sales P1 Instituto Municipal de Ensino Superior/União Educacional do Vale do Aço (Imes/Univaço) 1 Introdução: A presença de genitália ambígua no nascimento deve ser entendida como uma emergência clínica e social, considerando as repercussões negativas que poderão ocorrer se uma abordagem cuidadosa não for realizada. É importante que todo processo de identificação sexual seja realizado por uma equipe multidisciplinar. Descrição do caso: WBF, 4 anos e 11 meses, proveniente do Vale do Aço/MG. Nasceu de parto a termo, sem intercorrências durante a gestação e o parto. Foi registrado e criado como menino. Paciente encaminhado aos 2 anos e 6 meses para Belo Horizonte para investigação de genitália ambígua. Durante investigação, observou-se cariótipo 46XX, dosagem hormonal sem alterações, útero rudimentar e canal vaginal superior sem visualização de gônadas à ultrassonografia pélvica. Laparotomia exploradora identificou duas tubas, gônada esquerda sugestiva de ovário e direita de ovotestis, comprovados pela biópsia gonadal. Mãe deseja “criar” sua criança como uma menina. Exame físico: Criança ativa, com comportamento masculino (carrinho na mão, vestimentas etc.). Peso: 19 kg, estatura: 104,4 cm. Saliências lábio-escrotais sem fusão e sem gônadas, falo de 1,5 cm, abertura do seio urogenital sem uretra externa. HD: hermafroditismo feminino verdadeiro, sexo social masculino, sexo genético feminino (46XX) e sexo gonadal feminino com ovotestis. CD: aguarda abordagem multidisciplinar. Comentários: O caso em questão enfatiza a importância de se considerar o diagnóstico de genitália ambígua como uma emergência médica, que deveria ter sido abordada já nos primeiros dias de vida. A nossa prioridade, neste momento, tão delicado, é a minimização de um impasse, certamente traumático, de ordem mental e fisiológica dessa criança, sem contar os transtornos familiares. P-028 CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS DA INDEFINIÇÃO ANATÔMICA GENITAL NA DDS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA PACIENTE COM INSENSIBILIDADE ANDROGÊNICA PARCIAL Posi R1, Almeida L1, Garcia L1, Fabbri T1, Miachon AS1, Castro AS1 1 Universidade Federal de São Paulo (USP) Objetivo: A indefinição do genital ao nascimento traz implicações legais e biopsicossociais. Os pais refletem grande insegurança, dificultando uma relação saudável e significativa na constituição da criança e sua identidade sexual. Os mitos e crenças presentes na sociedade refletem e dificultam qualidade de interação social. Psicoterapia melhora enfrentar e solucionar inseguranças. Foram analisadas falas de uma paciente com IAP do ambulatório de endocrinologia pediátrica – Unifesp, submetida a um processo de psicoterapia iniciado após busca da compreensão e significado real do seu diagnóstico. Metodologia: LAR, 19 anos. Análise das falas da paciente na escuta psicoterapêutica no período de março/2007 a janeiro/2010. Resultados: Identificou-se três importantes grupos de conteúdos: 1. Quem sou eu; 2. Como sou percebida pelo outro; 3. Quem eu posso e quero ser. Conclusões: A dificuldade inicial dos pais de se relacionarem com o bebê dificulta a construção e a constituição da sua identidade sexual; nas relações parentais saudáveis há uma aceitação do corpo da criança o que facilita sua interação com o outro; intervenções mais profundas, mediante um processo de psicoterapia possibilita resgate em direção à liberdade de expressar-se, identificação e busca superação de medos, sonhos e possibilidades. P-029 COREIA AGUDA EM UMA CRIANÇA COM DIABETES MELITO TIPO 1 (DM1): RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Sampaio S1, Alves C1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica – Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: A associação de coreia e DM1 é pouco descrita. Foram encontrados apenas sete artigos na literatura do PubMed/Medline, nos últimos 15 anos, evidenciando essa associação. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma criança com diabetes melito tipo 1 (DM1) que apresentou episódio agudo de coreia e rever essa associação, enfatizando aspectos neurorradiológicos. Descrição do caso: Menino, 8 anos, portador de DM1 desde 2 meses e de nefropatia diabética desde 7 anos e 11 meses, apresentou quadro agudo de hemicoreia-hemibalismo à direita. Ao exame físico apresentava movimentos incoordenados de membros superiores característicos de coreia. Não havia evidência de hipoglicemia, coma hiperglicêmico hiperosmolar, febre reumática ou uso de medicamentos. Ressonância magnética (RM) de crânio evidenciou hipersinal em T1 em correspondência com os núcleos putâmens e acentuada atrofia e área focal de gliose no núcleo putâmen direito. No núcleo lenticular esquerdo, havia deposição de desoxi-hemoglobina denotando componente hemático em fase subaguda. A coreia desapareceu após dois dias de uso de ácido valproico, o qual foi suspenso em seguida. Dois meses após o episódio inicial, nova RM se manteve inalterada, exceto pela completa reabsorção do componente hemático no núcleo lenticular esquerdo. Tomografia computadorizada (TC) revelou imagens hiperdensas no corpo estriado e calcificações subcorticais. Comentários: Estudos até então publicados sobre essa associação geralmente mostram lesões hiperdensas na TC e hipersinal em T1 com hiposinal em T2 no gânglio basal contralateral na RM. As calcificações subcorticais descritas nesse estudo são, pela primeira vez, descritas na literatura em associação com DM1 e coreia. S11 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres P-030 A CRIANÇA ESCOLAR COM DIABETES MELITO: UMA VIVÊNCIA DE SOFRIMENTO Banca RO1, Borba RIH1, Monteiro OO1 1 Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) O diabetes melito (DM) tipo 1 é uma das doenças crônicas mais comuns na infância e uma das que mais exige adaptação nos âmbitos psicológico, social e físico, tanto por parte da criança como da família. O brinquedo terapêutico é utilizado como instrumento de enfermagem para com­ preender a vivência da criança em diversas situações. Objetivo: Compreen­der a vivência da criança em idade escolar que faz uso da insulinoterapia expressa por meio da sessão de brinquedo terapêutico dramático. Metodologia: Estudo descritivo de natureza qualitativa, aprovado no CEP sob número 1970/09, realizado no Centro de Diabetes da Unifesp e no Acampamento Nosso Recanto, com oito crianças na idade entre 6 e 10 anos, utilizando como estratégia de coleta de dados a aplicação do brinquedo terapêutico dramático (BTD). Resultados: Emergiram 12 categorias, entre elas: Vivendo a doença na família; Sofrendo com o mundo da doença; Vivendo um mundo de procedimentos; Sofrendo com o terror da picada; Vivendo o mundo do tratamento e Sofrendo com a restrição alimentar. Considerações finais: Por meio do BTD, as crianças tiveram a oportunidade de aliviar as tensões que sofrem em seu cotidiano, obter o domínio da situação e resgatar a sua autonomia, reforçando a importância do brinquedo terapêutico na assistência de enfermagem à criança com diabetes melito. Assim, acredita-se que o estudo permitiu reforçar a importância do brinquedo terapêutico na assistência à criança com diabetes melito, em razão de fortalecer o vínculo na relação entre o profissional da saúde e a criança, cujo tempo de tratamento é indefinido. P-031 DIABETES MELITO NEONATAL TRANSITÓRIO EM LACTENTES BRASILEIROS Dourado L1, Alves C1 Hospital Universitário Professor Edgar Santos/Universidade Federal da Bahia (HUPES/UFBA) 1 Introdução: Diabetes melito neonatal é uma patologia rara, de início nos primeiros 6 meses de vida, que se distingue do diabetes tipo 1 clássico pela ausência de anticorpos contra células beta e de relação com o antígeno de histocompatibilidade humano. Classifica-se em transitório (DMNT; 50%-60% dos casos) e permanente. Anomalias no lócus 6q24 foram identificadas em 70% dos casos de DMNT, sendo a unidissomia parental paterna do cromossomo 6 (UPD6) o mecanismo genético mais frequente (40%). Este trabalho descreve uma série de casos de DMNT com ênfase nos aspectos clínicos e moleculares. Descrição dos casos: Os pacientes 1 (peso adequado para a idade gestacional) e 2 (pequeno para idade gestacional) eram do sexo masculino, pré-termos moderados e apresentaram hiperglicemia nas primeiras horas de vida, usando insulina humana regular até a idade de 4 e 2 meses, respectivamente. A paciente 3 (de termo e com peso adequado para a idade gestacional) apresentou hiperglicemia aos 15 dias de vida, usando insulina humana regular até os 2 meses. Todos os pacientes apresentaram insulinopenia, anticorpos anti-ilhota e antiGAD negativos, ao diagnóstico e em avaliação posterior. Nos pacientes 1 e 2, foram demonstrados UPD6; na paciente 3, mutação do SUR1 (gene relacionado ao canal de potássio sensível ao ATP, envolvido na secreção de insulina pela célula beta). No paciente 4, não foi identificado um distúrbio molecular. Comentários: O DMNT tem provável origem monogênica, podendo ajudar no entendimento sobre epigenética em outras formas de diabetes e doenças relacionadas ao imprinting genômico. Portanto, a investigação clínico-molecular, como descrita, é fundamental. P-032 ASSOCIAÇÃO DO POLIMORFISMO -174G>C DA IL-6 COM O AUMENTO DA EXPRESSÃO DE TLR2 E TLR4 EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 1 PEDIÁTRICOS Arrais RF1, Ururahy MAG1, Loureiro MB1, Bezerra JF1, Oliveira YMC1, Almeida MG1, Hirata RDC2, Doi SD3, Hirata MH2, Rezende AA1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), 2 Universidade de São Paulo (USP) 3 Uniformed Services University of the Health Sciences (USUHS). Objetivos: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a associação do polimorfismo -174G>C da IL-6 com a expressão gênica de S12 TLR2, TLR4, MyD88 e de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6 e TNF-α). Metodologia: Foram estudados 76 indivíduos diabéticos tipo 1 (Grupo DM1) e 100 normoglicêmicos (Grupo NG) com idade entre 6 e 20 anos. O controle glicêmico foi realizado por meio da determinação de glicemia de jejum e hemoglobina glicada. O estudo de polimorfismo foi determinado por PCR-RFLP utilizando a enzima NlaIII. O estado pró-inflamatório foi avaliado pela expressão do mRNA de TLR2, TLR4, MyD88 e das citocinas pró-inflamatórias IL-1β, IL-6 e TNF-α por PCR em tempo real. Resultados: As concentrações de glicose (208mg/dL) e hemoglobina glicada (10,3%) mostraram-se elevadas no grupo DM1, indicando um controle glicêmico insatisfatório desses pacientes. O polimorfismo -174G > C da IL-6 mostrou-se associado com o DM1 (NG: GG-72,6%, GC-27,4% e CC-não encontrado; DM1: GG-64,9%, GC-28,4% e CC-6,7%-p = 0,031). Foi observado um aumento da expressão do mRNA de TLR2 (37,5% – p = 0,007), MyD88 (8,2% – p = 0,022), IL-1β (43%-p = 0,001), IL-6 (44,4% – p = 0,029) e TNF-α (15,6% – p = 0,013) no grupo DM1 quando comparado com NG. Foi observado um aumento da expressão de TLR2 (p = 0,013) e TLR4 (p = 0,006) nos indivíduos diabéticos que apresentaram o polimorfismo quando comparados com os indivíduos diabéticos com genótipo selvagem. Conclusões: Os resultados obtidos indicam que o aumento da expressão de mRNA de TLR2 e TLR4 mostrou-se associado aos indivíduos diabéticos que apresentaram o polimorfismo -174G>C da IL-6. P-033 DIABETES MELITO TIPO 1 E DOENÇA DE GRAVES: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Braid Z1, Alves C1, Arruti R1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: Doenças autoimunes da tireoide são comuns em diabéticos, com destaque para o hipotireoidismo. Mais raramente, o diabetes melito tipo 1 (DM1) se associa ao hipertireoidismo, causado, principalmente, pela Hashitoxicose e doença de Graves. O diagnóstico da doença de Graves é estabelecido pela dosagem da função tireoidiana (TSH, T3 e T4 livre) e dos anticorpos antitireoglobulina (AAT), antitireoperoxidase (ATPO) e antirreceptor de TSH (TRAb). O tratamento inicial é realizado com o uso de uma droga antitireodiana (propiltiuracil ou tapazol). Cirurgia e iodoterapia são reservadas para os que não respondem ao tratamento clínico. Descrição do caso: Paciente feminina, 11 anos e 5 meses, com diagnóstico de DM1 aos 8 anos e 11 meses devido a polis, hiperglicemia, glicosúria e anticorpos antiGAD e anti-IA2 positivos. Na idade de 9 anos e 4 meses foi feito diagnóstico de doença de Graves a partir de sintomatologia de hipertireoidismo, bócio e exoftalmia bilateral, com TSH: 0.01 mUI/ mL (0.35-5.5); T3: 1.262 ng/dL (60-181); T4 livre: 11.08 ng/ dL (0.89-1.6); AAT: 24.1 UI/mL (< 115); AntiTPO: 241 U/mlL (<60); TRAB: 96% (<10%); cintilografia da tireoide: bócio hiperfuncionante com hipercaptação precoce e tardia. Introduzido tapazol, o qual a paciente usa até o momento com controle do hipertireoidismo. Comentários: Embora raro, é importante estar atento ao surgimento de hipertireoidismo em pacientes com DM1. Manifestações clínicas como bócio, perda ponderal, aumento do ritmo intestinal, taquicardia, tremores de extremidades, sudorese, exoftalmia e intolerância ao calor fazem pensar na doença de Graves. A presença do TRAB positivo fecha o diagnóstico em doença de Graves e determina sua condução. P-034 RESULTADO DE 10 ANOS DE RASTREAMENTO DA DOENÇA CELÍACA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELITO TIPO 1 Gonçalves C1, Tanure M2, Bahia M1 1 Hospital das Clínicas, Divisão de Endocrinologia Pediátrica/Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2 Hospital das Clínicas, Divisão de Gastroenterologia Pediátrica/UFMG Introdução: A doença celíaca (DC) é uma enteropatia autoimune de ocorrência mais frequente nos pacientes com diabetes melito tipo 1 (DM1) do que na população geral. Ambas as condições estão rela- TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres cionadas à presença do antígeno de histocompatibilidade humana (HLA)-DQ, codificada pelos genes DQ2 e DQ8 do cromossomo 6, sugerindo uma causa genética para a ocorrência simultânea. Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência da DC e as características clínicas dos pacientes com DM1 acometidos pela DC em acompanhamento no Serviço de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG (HC/UFMG). Metodologia: Todas as crianças e adolescentes com diagnóstico prévio de DM1 em acompanhamento no Serviço de Endocrinologia Pediátrica do HC/UFMG no período de março de 1999 a abril de 2009, com idades entre 0 e 18 anos (n = 405), foram submetidos à detecção sorológica dos anticorpos da classe IgA e IgG antigliadina. A confirmação da DC se deu por biópsia jejunal. Resultados: A prevalência encontrada foi de 3,07%. O tempo médio de aparecimento da DC entre tais pacientes foi de 3,54 anos. O diagnóstico da DC foi realizado em crianças e adolescentes com menos de 10 anos de evolução do diabetes em 91,6%; em 75% apresentaram tempo de duração do DM1 menor do que quatro anos. A maioria dos pacientes relatou a presença de sintomas gastrointestinais ao diagnóstico da DC. Conclusão: O rastreamento da DC em pacientes diabéticos deve ser feito rotineiramente em virtude de sua alta prevalência nessa população. Entretanto, não há ainda nenhum consenso sobre sua periodicidade. ± 1,15 anos). Para avaliação do BES, foi utilizada a Escala de Satisfação de Vida Global Infantil e no nível de atividade física utilizou-se o IPAQ. A comparação entre os grupos foi feita por meio do teste T de Student para amostras independentes e para a correlação utilizou-se o teste de Pearson. Foi adotado o nível de significância p ≤ 0,05. Resultados: As análises indicaram que os dois grupos apresentaram elevada Satisfação de Vida Global, atingidos percentil superior a 84% dos escores da escala, não havendo, entretanto, diferenças estatisticamente significativa entre os grupos. Quanto ao nível de atividade física, o grupo CO apresentou um nível estatisticamente maior que o grupo DM. Além disso, foi detectada correlação positiva entre os níveis atividade física e o BES (r = 0,438, p = 0,033). Conclusão: Conclui-se que escolares acometidos pelo DM apresentam BES similar ao de crianças aparentemente saudáveis, sendo, porém, menos ativos quando comparados a crianças aparentemente saudáveis. P-037 INTERVENÇÕES NO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA AMBULATORIAL ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DIABÉTICOS (PAACAD-UFMG) ORIENTADAS PELA AVALIAÇÃO PERIÓDICA DO REGISTRO INFORMATIZADO DOS PACIENTES Albuquerque CTM1, Pedrosa LF1, Dias EQ2, Assis LAN1, Duarte MV3, Silva IN1 Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2 Faculdade de Nutrição da UFMG, 3 Universidade Pompeu Fabra (Barcelona, Espanha) 1 P-035 A SUBJETIVIDADE DO DIABETES TIPO 1 EM CRIANÇAS NA SEGUNDA INFÂNCIA Angélico RCP1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Objetivo: Caracterizar a influência materna em crianças portadoras de diabetes melito tipo 1 na segunda infância e seus aspectos emocionais, utilizando trabalhos científicos publicados em bases eletrônicas. Metodologia: Estudo exploratório descritivo com dados retrospectivos e abordagem quantitativa, realizado em novembro/2010 por meio de formulário estruturado. Foram encontrados 14 artigos completos acerca do assunto. Resultados: Predominaram os estudos descritivo (57,1%), com abordagem quantitativa (85,7%), de validade C (baixa) e confiabilidade válida (78,5%), nos anos de 2007 (35,7%) e 2006 (28,6%), em português (57,1%), no Brasil (78,6%) e Estados Unidos da América (21,4%), sobre avaliação do comportamento (28,6%) e tratamento psicológico (21,4%) e de abrangência hospitalar (92,9%). Conclusão: A vivência materna com crianças portadoras de diabetes melito 1 é repleta de angústias, receios, inquietações, entre outros. Assim, para que a mãe consiga conviver com a doença do filho e enfrentá-la com menos dificuldades, faz-se necessário apoio profissional, visto que a assistência prestada pela mãe ao filho diabético vai além dos cuidados relacionados ao controle metabólico, no qual deve envolver, além do apoio psicológico, as orientações adequadas, com o intuito de minimizar sentimentos de angústia, medos e incertezas proporcionando uma melhoria da qualidade de vida da criança. Descritores: crianças, diabetes, psicologia, apoio profissional. P-036 BEM-ESTAR SUBJETIVO E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES ACOMETIDOS PELO DIABETES Paula MGM1, Frota RIB1, Rocha AM1, Inácio MB2, Porto HLS1, Souza EHE1, Oliveira JF1, Gonçalves E1, Matos CR1, Tolentino GP1 Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), 2 Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI) 1 Objetivo: Este estudo teve por finalidade mensurar e comparar o bem-estar subjetivo (BES) e o nível de atividade física em escolares acometidos pelo diabetes melito (DM) e escolares aparentemente saudáveis (CO) regularmente matriculados nos anos finais do ensino fundamental nas escolas públicas na cidade de Montes Claros/MG. Metodologia: Este se caracterizou como quantitativo descritivo. Foram visitadas 37 escolas estaduais da cidade de Montes Claros, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, identificando 10 escolares acometidos por DM (13,30 ± 2,35 anos) e 16 que formaram o grupo CO (12,56 Objetivos: Planejamento de ações visando à melhoria do controle glicêmico de crianças e adolescentes diabéticos, utilizando avaliação perió­dica de registro informatizado de dados. Metodologia: Avaliação de características sociodemográficas e principais parâmetros de controle registrados em banco de dados no software Access, alimentado continuamente por acadêmicos, bolsistas de extensão, participantes do programa. A variável resposta considerada foi o valor da hemoglobina glicada (A1C). Para análise estatística, utilizou-se o programa SPSS com nível de significância a 5%. Resultados: Dos 259 pacientes, 53,7% eram do sexo feminino, 78,8% tinham entre 11 e 19 anos de idade (média: 13,5, DP: 3,8). A idade média ao diagnóstico foi de 5,6 anos (DP: 3,5). A1C média foi de 9,77 g% (DP: 2,2); sendo < 8 em 23,8% dos pacientes; entre 8 e 10 em 33,6%; entre 10 e 12 em 24,5% e > 12 g% em 18,2%. Não houve diferença no controle em relação à insulina utilizada; 87% usam NPH e 13% análogos de ação longa como basal e 66% usam regular e 34% análogos de ação rápida como bólus. Nas análises bivariadas, houve diferenças significativas, com pior controle no sexo feminino (p = 0,02), nos adolescentes (p = 0,004) e nos moradores da capital em relação ao interior de MG (p = 0,017). Foram realizados grupos educativos e visitas domiciliares orientados pelos resultados encontrados. Conclusões: Apesar dos cuidados dispensados, grande parte dos pacientes tem controle insatisfatório, de causas multifatoriais, não explicado pelo tipo de insulina utilizada e com forte influência de aspectos psicossociais. Esperam-se, em médio prazo, resultados positivos das estratégias de intervenção desenvolvidas. P-038 RUBÉOLA CONGÊNITA E DIABETES MELITO TIPO 1 Cahet IFP1, Gomes JJL1, Spreuwers LM1, Souza LSL1, Bittencourt AV1, Cruz TRP1 1 Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) Introdução: O diabetes melito é um grupo de doenças metabólicas, com etiologias diversas, caracterizado por hiperglicemia. A classificação atual do DM se baseia na etiologia da doença, e não na sua forma de tratamento. Alguns vírus têm sido associados com a destruição da célula β. Diabetes ocorre em pacientes com rubéola congênita, sendo uma de suas complicações tardias. Descreve-se a seguir caso clínico de diabetes melito tipo 1, provavelmente associado à síndrome de rubéo­ la congênita. Descrição do caso: ASS, masculino, 13 anos de idade, afrodescendente, natural e procedente de Salvador/BA. Paciente com deficiência auditiva e visual desde o nascimento, com história materna de rubéola na gestação. Apresentou em 2010 quadro compatível S13 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres com cetoacidose diabética, necessitando de internação hospitalar para tratamento. Atualmente em acompanhamento ambulatorial no HUPES. Comentários: Diabetes ocorre em cerca de 20% dos pacientes com rubéola congênita, embora a maioria desses pacientes tenha marcadores imunes e do HLA característicos do diabetes melito tipo 1. A importância da descrição da associação não é só alertar sobre a solicitação periódica de glicemias no acompanhamento dos portadores de rubéola congênita, mas sobre a prevenção da infecção, com educação em saúde, vacinação das crianças e jovens em idade fértil, evitando a exposição de gestantes com portadores de rubéola e proporcionando pré-natal adequado a todas. P-039 CALCINOSE TUMORAL: RELATO DE CASO COM ACOMPANHAMENTO POR 10 ANOS Lima R1, Alves C1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: Calcinose tumoral (CT) é uma doença rara, caracterizada pelo surgimento de massas calcificadas próximas a grandes articulações, predominantemente nas superfícies extensoras. Este relato descreve o caso de um adolescente com calcinose tumoral e seu seguimento em longo prazo. Descrição do caso: Adolescente masculino, 18 anos, com massas calcificadas em grandes articulações (quadril esquerdo, quadril esquerdo, ombro direito e pé esquerdo) desde os 8 anos, de crescimento progressivo. Radiografias mostraram aumento do volume de partes moles com extensas calcificações. Cintilografia óssea evidenciou hiperconcentração do radiofármaco nas extremidades distais dos úmeros, na diáfise tibial esquerda e no terço médio da fíbula direita. Estudo anatomopatológico mostrou tecido fibrocolágeno com numerosos espaços labirínticos repletos de material calcificado, exibindo reação giganto-celular tipo corpo estranho, contendo infiltrado inflamatório mononuclear e limites nítidos com o tecido adiposo e muscular periféricos. Exames laboratoriais mostraram: PCR ultrassensível 72,1 mg/L (<1), PTH intacto 7 pg/mL (11-67), calcitonina 3,7 pg/mL (<8,4), vitamina D3 47 pg/mL (18-78), vitamina D2 26,8 ng/mL (30-100), ureia 28 mg/dL (10-50), creatinina 0,6 mg/dL (0,7-1,3), fosfatase alcalina 58 U/L (40-380), cálcio 2,3 mmol/L (2,1-2,65), fósforo 2,3 mmol/L (0,85-1,41), magnésio 0,8 mmol/L, clearance de creatinina 100,9 mL/min/1,73 m2 (85-130). FGF-23 sérico (C-terminal) 1.960 RU/mL (< 180). Comentários: A suspeita diagnóstica da CT hiperfosfatêmica é sugerida pelos achados clínicos. É confirmada pelos estudos laboratoriais, estudos de imagem, citológicos e histopatológicos. Não existe um tratamento eficaz. A excisão cirúrgica das lesões tem sido bem documentada, porém recidivas são comuns. A descoberta do FGF-23 como responsável pela CT hiperfosfatêmica suscita esperança para tratamentos futuros. P-040 PSEUDO-HIPOPARATIREOIDISMO: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Sampaio S1, Alves C1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: Pseudo-hipoparatireoidismo (PHP) é uma doença rara, de herança autossômica dominante, caracterizada por elevação do paratormônio (PTH) em virtude de resistência hormonal em tecidos-alvos. O presente relato tem o objetivo de descrever o caso de uma criança com PHP e fazer uma revisão da literatura sobre essa patologia. Descrição do caso: Paciente masculino, 2 anos e 5 meses, encaminhado para o Serviço de Endocrinologia Pediátrica do C-HUPES/ UFBA aos 7 meses por causa de obesidade. Ao exame físico apresentava obesidade e face redonda. Avaliação diagnóstica aos 8 meses demonstrou hipotireoidismo primário, tendo iniciado uso de levotiroxina. Demais exames evidenciaram: Ca: 6,4 mg/dL (8,5-10,5 mg/ dL); P: 7,9 mg/dL (3,6-6,5 mg/dL); fosfatase alcalina: 545 U/L (< 645 U/L). Ao longo do seguimento clínico foi percebido retardo do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). Exames subsequentes demonstraram: fosfatase alcalina: 783 U/L (< 645 U/L) e PTH: S14 515,3 pg/dL (15-65 pg/dL) na presença de normocalcemia e normofosfatemia, o que levou ao diagnóstico de PHP. Corroborando o diagnóstico, percebeu-se a presença de baixa estatura e braquidactilia materna. Comentários: No PHP, a resistência hormonal é causada por mutações na subunidade alfa da proteína G estimulatória, a qual é codificada pelo gene GNAS1, que desempenha papel sinalizador essencial para ações do PTH e vários outros hormônios. Características clínicas desse paciente reforçam a presença da osteodistrofia hereditária de Albright (OHA), presente no PHP tipo Ia e Ic. As discretas dismorfias maternas demonstram a variabilidade fenotípica da OHA. A resistência hormonal seletiva é explicada pela hipótese do imprinting gênico, que é de natureza tecido-específica. P-041 EFFECT OF CALORIE RESTRICTION ON BONE AND DENTAL MICROHARDNESS IN GROWING RATS Carvalho AAF1, Biffe BG1, Louzada MFQ2 1 Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2 Curso de Medicina Veterinária do Campus de Araçatuba – Unesp Objectives: Understand how bone and dental material properties are influenced by food restriction without any caloric supplement. Methodology: Male Wistar rats, 4-weeks-old, were divided into Control [n = 9, 127.11 ± 8.57 g at day 1] (C) and Calorie restriction (CR) [n = 9, 120.22 ± 8.74 g at day 1] groups during 49 days. CR rats were given access to commercial solid diet and fed three days per week. Animals were killed on day 49 under ketamine-xylazine anesthesia and exsanguination, tibia and mandible were dissected, cleaned and stored frozen (-20ºC) in saline solution. Tibial structure and material properties were determined by destructive three bending testing and Knoop microhardness (KH) at three levels related to periosteal surface. Enamel and dentin from mandibular incisor KH were determined at three levels related to dentinoenamel junction (DEJ). Results: Body weight decreased dramatically in CR animals. Significant low ultimate load was necessary to fracture tibial diaphysis in CR group. No significative difference was observed between C and CR groups in tibial KH at 300 and 20 µm related to periosteal surface. Enamel and dentin KH presented no significant difference measured adjacent or distant to the DEJ. Conclusion: Smaller flexion load in tibial middipahysis suggest that cortical bone was more susceptible to fracture in animals submitted to caloric restriction, probably related to the regional bone geometry. On the other hand, in CR animals tibial cortical bone mineralization at periosteal and endosteal envelopes and enamel/dentin mineralization were maintained similar to the control animals. P-042 HIPERPARATIREOIDISMO NEONATAL GRAVE DECORRENTE DE MUTAÇÃO INATIVADORA DO RECEPTOR SENSÍVEL AO CÁLCIO: RELATO DE CASO Dinato CA1, Filho HCM1, Manna TD1, Medrado CK1, Oliveira LS1, Kuperman H1, Dichtchekenian V1, Setian N1, Damiani D1 Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICR-HCFMUSP) Introdução: O receptor sensível ao cálcio (RSC) é um receptor de proteína G e está presente nas paratireoides, células C da tireoide e rins. Mutações associadas à perda de função desse receptor têm sido encontradas no hiperparatireoidismo neonatal (HN) e hipercalcemia familiar benigna (HFB). Filhos de casais consanguíneos com HFB podem apresentar hipercalcemia grave associada à hipotonia, failure to thrive e deformidades ósseas observadas já nas primeiras semanas de vida. Descrição do caso: Lactente de 3 meses foi avaliada com queixa de dificuldade de deglutição e desconforto respiratório desde o nascimento. Trata-se da primeira filha de pais primos de primeiro grau, com pré-natal e parto sem intercorrências. Na admissão, detectaram-se, ainda, desnutrição e atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor. A avaliação laboratorial identificou elevação do cálcio iônico (4,5 mmol/L; normal: 1,12-1,32), cálcio total (26,4 mg/dl; normal: 8,9-9,9), magnésio (3,1 mg/dl; normal: 1,7-2,7) e PTH (405 pg/ ml; normal: 16-87) e diminuição do fósforo (1,5 mg/dl; normal: 3,1- TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres 6,8). Durante a internação, foi realizada ultrassonografia de paratireoides, na qual se observaram imagens nodulares. Realizada coleta de cálcio urinário para obter a fração de excreção de cálcio, que foi menor que 0,01, e análise do DNA, em que se constatou uma substituição em homozigose C por T na posição 2063 (mutação nonsense). Foi submetida à paratireoidectomia total, sem intercorrências. Após, iniciou-se a reposição com calcitriol e carbonato de cálcio, evoluindo com melhora da disfagia, hipotonia e controle da calcemia. Comentários: A possibilidade de mutação inativadora do RSC deve ser sempre considerada em pacientes com hipercalcemia grave, diminuição da fração de excreção de cálcio e história familiar de consanguinidade. P-043 OSTEOMALÁCIA ONCOGÊNICA – EVOLUÇÃO DE 12 ANOS Simoni G1, Nascimento ML1, Linhares RMM1, Cechinel E1, Dantas GD1, Guesser S1, Lee JVS1, Santos MJD1, Silva PCA1 1 Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC Introdução: A osteomalácia hipofosfatêmica oncogênica é causada pela produção tumoral de um fator, FGF-23 (fibroblast growth factor 23), que age nos túbulos renais inibindo a reabsorção proximal de fósforo. A maioria dos tumores coexistentes é benigna e de origem mesenquimal ou de tecido conectivo misto. Caso clínico: JK, masculino, branco, 20 anos, iniciou com mialgia de forte intensidade, generalizada e progressiva aos 8 anos de idade. Evoluiu com astenia associada a fraturas após traumas de baixa energia e incapacidade para deambular. Exame físico: membros inferiores (MMII) com atrofia muscular importante, diminuição da força e hiporreflexia. Exames laboratoriais: fósforo 1.3 mg/dl (3-7), fosfatase alcalina 1.847 U/L (75-390), cálcio 10 mg/dl (8.4-10.4), PTH 18 pg/ml (11-54), vitamina D 47 pg/ml (16-60), urina 24h: cálcio 145 mg (100-300), fosfato 632 mg (340-1000). RX de esqueleto: osteopenia generalizada e pseudofraturas em MMII. Ressonância magnética de coluna: lesão expansiva em L2-L3 em processo espinhoso com extensão para musculatura paravertebral; submetido à ressecção cirúrgica. Anatomopatológico: tumor mesenquimal hipofosfatêmico. Apresentou recidivas com necessidade de reintervenção cirúrgica e radioterapia; evoluiu com melhora clínica, laboratorial e de imagem. Atualmente sem medicações e densidade mineral óssea normal. Discussão: A osteomalácia oncogênica é uma síndrome paraneoplásica rara. Os sintomas característicos são dor óssea, fraqueza muscular proximal e progressiva perda funcional. A síndrome caracteriza-se pela remissão da hipofosfatemia e da doença óssea após a retirada do tumor em mais de 90% dos casos. P-044 PARALISIA FACIAL E AUMENTO DA MASSA ÓSSEA DECORRENTES DE ESCLEROSTEOSE: RELATO DE CASO Ramos CO1, Juliani AS1, Filho HCM1, Matsunaga R2, Escorel A3, Arroyo H3, Manna TD1, Dichtchekenian V1, Setian N1, Damiani D1 Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICR-HCFMUSP), 2 Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento, Laboratório de Hormônios e Genética (LIM 42), 3 Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP 1 Introdução: A proteína esclerostina, codificada pelo gene SOST (17q12-21), é secretada pelos osteócitos com a finalidade de inibir a formação óssea pelos osteoblastos. A esclerosteose é uma doença rara de herança autossômica recessiva, causada por mutações inativadoras do gene SOST. Relato de caso: Paciente de 5,57 anos, sexo masculino, filho de pais consanguíneos, avaliado por paralisia facial bilateral intermitente. Ao exame físico destacam-se altura normal (113 cm, Z-score = 0), assimetria facial, aumento de clavícula esquerda, sindactilia e hipoplasia ungueal. Os exames de imagem revelaram: RX: hiperostose cortical em diáfise de ossos longos; TC: hiperatenuação e espessamento medular dos ossos do crânio e redução da amplitude dos condutos auditivos e canais dos nervos faciais; cintilografia óssea: aumento de captação em calota craniana e ossos da face; RNM: espessamento difuso dos ossos, aglutinação da porção canalicular do VII e VIII nervos por redução do canal e da amplitude dos condutos auditivos internos. A avaliação osteometabólica identificou: calcemia e fosfatemia normais, fosfatase alcalina elevada (364 U/L; normal: < 269), PTH discretamente elevado (89 pg/mL; normal: 16-87), insuficiência de 25-OHVitaminaD (21 ng/mL) e calciúria diminuída (relação cálcio/creatinina = 0,014). A avaliação sérica dos marcadores ósseos revelou osteocalcina = 292 ng/mL, pró-peptídeo aminoterminal do pró-colágeno tipo 1 = 1.528 ng/mL e CTX = 3,8 ng/mL. O paciente apresenta significativo aumento da densidade mineral óssea em L1-L4 (1,015 g/cm2; Z-score = +9,5) e em corpo inteiro (1,215 g/cm2; Z-score = +11,4). Destacam-se a ausência de fraturas e a sua procedência (Araci/BA), onde outros casos de esclerosteose foram descritos. Conclusão: No paciente estudado, destacam-se o diagnóstico da esclerosteose a partir da investigação de paralisia facial e o acentuado aumento da massa óssea não acompanhado por aumento da fragilidade óssea. P-045 IMPLICAÇÕES DO ESTADO NUTRICIONAL EM ALTERAÇÕES METABÓLICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Horta PM1, Murta IMGF2, Pereira MCCS2, Santos LC1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2 Universidade Gama Filho Objetivos: Investigar associação do estado nutricional com alterações metabólicas de crianças e adolescentes. Metodologia: Estudo transversal realizado com crianças e adolescentes atendidos em consultório particular de nutrição em Ipatinga, Minas Gerais. Foram incluídos ao estudo indivíduos que procuraram atendimento nutricional entre 2006/2007, sem patologias comumente associadas às alterações metabólicas. A coleta de dados incluiu antropometria (peso e altura), avaliação bioquímica (glicemia, colesterol total e frações e triglicérides – TG) e do consumo alimentar (recordatório de 24 horas). Resultados: Avaliaram-se 109 indivíduos, com 13,7 (3,3) anos, 58,7% meninas. Identificaram-se elevada prevalência de excesso de peso (31,2% sobrepeso; 46,8% obesidade) e insuficiência energética, sendo esta última superior entre os meninos – 64,4%, meninas: 35,9%, p = 0,003. As proteínas representaram 16,7% (4,0) do valor calórico total (VCT) da dieta das crianças e adolescentes, enquanto os carboidratos e lipídeos equivaleram a 51,8% (6,9) e 30,9% (5,7) do VCT, respectivamente; sem diferença entre os sexos. Constataram-se alterações nos níveis séricos de colesterol total, lipoproteínas de baixa densidade (LDL-colesterol) e alta densidade (HDL-colesterol) em 49,5%, 45,0% e 7,3% da amostra, respectivamente. As análises evidenciaram ainda relação positiva entre índice de massa corporal (IMC) e TG (r = 0,293; p = 0,002) e negativa com HDL-colesterol (r = -0,303; p = 0,001). O conteúdo de lipídeos e carboidratos da dieta, por sua vez, se associou ao índice de maneira positiva (r = 0,238; p = 0,013) e negativa (r = -0,263; p = 0,006), respectivamente. Conclusões: Os achados apontaram aplicabilidade do IMC como marcador de obesidade, alterações metabólicas e inadequação alimentar. Ademais, o perfil de saúde e nutricional identificado demanda ações de intervenção nutricional. P-046 OBESIDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: ATUALIDADES E DESAFIOS Horta PM1, Santos LC1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Objetivos: Apresentar uma revisão bibliográfica acerca das atualidades e desafios concernentes à obesidade na infância e adolescência. Metodologia: Revisão em bases de dados e sites institucionais referentes à temática da obesidade infanto-juvenil dos últimos 10 anos (20002010). Resultados: Estudos de intervenção têm demonstrado que alterações no conteúdo nutricional da dieta, isoladas do incentivo à prática de atividade física regular, não são efetivas a longo prazo para o controle da obesidade infanto-juvenil. Porém, modificar o ambiente no qual se insere o indivíduo, destacando-se escola e família, apresenta-se como estratégia promissora, por promover hábitos de vida saudáveis de modo abrangente e contínuo. Restringir a publicidade e a propaganda de alimentos não saudáveis, apesar de se configurar como S15 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres realidade brasileira, encontra forte resistência por parte da indústria alimentícia. O emprego de tecnologia moderna (estudos de imersão, Mandometer), verificada em estudos de intervenção internacionais, apesar dos bons resultados, não é aplicável à realidade brasileira. Cabe destacar, por fim, que as intervenções abordam uma pequena fração das forças que geram obesidade – indústria alimentícia, fast-food, propagandas e publicidade de alimentos – e que na maioria dos casos a abordagem se inicia em casos graves de obesidade, sem envolvimento familiar. Conclusões: O estudo apontou para efetividade de intervenções que contemplam atividades coletivas de longa duração, tendo como foco o ambiente familiar e escolar. A inter-relação com indústria de alimentos e mídia também é importante, com intuito de restringir a divulgação de alimentos não saudáveis ao público infantil e promover a prática de atividade física e alimentação equilibrada. P-047 PREVENÇÃO CONTRA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA (SM) COMEÇA COM ALEITAMENTO MATERNO Ferreira TKM1, Barreto WS1, Lima MAMN1, Sales AO1 1 Mútua dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro Objetivos: Verificar prevalência da exposição a fatores de riscos modificáveis, inclusive nos primeiros anos de vida, para obesidade e SM; orientar familiares; acompanhar associados selecionados com antecedente familiar e fatores de risco na faixa etária de 9 a 17 anos. Metodologia: Selecionados 386 associados, dos quais, 34% com antecedentes familiares, por meio de busca ativa em banco de dados da Mútua dos Magistrados (novembro/2008). Implementadas campanhas semestrais de avaliação e acompanhamento com exame clínico e laboratorial. Atuação de equipe multidisciplinar (pediatras, especialistas, nutricionistas e psicólogo). Resultados: Dos 82 associados em acompanhamento, 58 (70,73%) realizaram exames laboratoriais (35 do sexo feminino e 23 do masculino). Fatores de riscos modificáveis identificados (anamnese): alimentação complementar no primeiro semestre de vida – 57%; peso elevado ao nascer – 40%; sedentarismo – 32%; obesidade infantil – 18%. Alterações diagnosticadas: dislipidemia – 31,28%; obesidade central (CA > p85) – 19,39%; resistência à insulina – 7,12%; síndrome metabólica – 6,82%. Conclusão: A constatação de que 57% dos associados não receberam leite materno exclusivo até o sexto mês de vida e das alterações diagnosticadas reforçam dados da literatura sobre efeito protetivo do leite materno contra obesidade infantil e desequilíbrio entre consumo e necessidades de calorias e nutrientes proporcionados pela alimentação complementar precoce. O comportamento alimentar adquirido na infância tende a ser seguido durante a vida, por isso é fundamental a conscientização dos familiares quanto à questão, assim como quanto ao peso elevado ao nascer, ao sedentarismo e à obesidade infantil. Bibliografia Barbosa VLP. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência. 2. ed. revisada e ampliada. Barueri, São Paulo: Manole; 2009. Coates V, Beznos GW, Françoso LA. Medicina do adolescente. 2. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Sarvier; 2003. Palma D, Escrivão MAMS, Oliveira FLC. Nutrição clínica na infância e na adolescência. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole; 2009. Sociedade Brasileira de Pediatria – Obesidade na Infância e Adolescência – Manual de Orientação. Departamento de Nutrologia. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2008. diagnosticada aos 2 anos e 6 meses. Pais têm hipercolesterolemia e irmã de 2 meses é saudável. Ao exame físico, apresentava: xantomas intertriginosos em pés e mãos, xantomas tuberosos em joelhos e cotovelos, xantomas tendinosos em tendão de Aquiles, xantomas em região glútea e arco corneano bilateralmente. Perfil lipídico evidenciava: colesterol total: 742 mg/dL; LDL: 680 mg/dL; HDL: 31 mg/dL; VLDL: 30 mg/dL; triglicérides: 155 mg/dL. Transaminases, ureia, creatinina, glicemia, ácido úrico, T4 livre e TSH normais. Lipoproteínas ApoA1: 77 mg/dL (90-170 mg/dL) e ApoB: 443 mg/dL (56162 mg/dL). Ecocardiograma: valva aórtica bicúspide e insuficiência aórtica discreta. Eletrocardiograma, ultrassonografia de carótidas com Doppler e tomografia computadorizada do coração para avaliação do escore de cálcio coronariano: sem alterações. Cineangiografia de coronárias não foi realizada em virtude da baixa idade do paciente. Houve redução do colesterol total e do LDL em cerca de 40% com o uso de atorvastatina (20 mg/dia) e ezetimibe (10 mg/dia). Comentários: A identificação dos pacientes com HFH e o início precoce do tratamento são fundamentais para a prevenção de DCV. A instituição de terapias hipolipemiantes adequadas pode levar à redução significativa dos níveis de LDL, com consequente aumento da sobrevida em 10-30 anos. A aférese de LDL é o tratamento de escolha. P-049 RESISTÊNCIA À INSULINA E DISLIPIDEMIA EM UMA AMOSTRA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO NO SUL DO BRASIL Mello E1, Beghetto M1, Koglin G1 1 Introdução: O excesso de peso está associado à resistência insulínica e dislipidemia, podendo estar presente já na infância e adolescência. Objetivo: Avaliar a prevalência de resistência à insulina e dislipidemia em uma amostra de crianças e adolescentes com excesso de peso no sul do Brasil. Métodos: Foram incluídas crianças e adolescentes (8 a 15 anos) acima do percentil 85 do índice de massa corporal (IMC), que atenderam a um chamamento por jornais. A amostra sanguínea foi coletada após jejum de 12 horas. As variáveis foram descritas conforme sua distribuição. Resultados: Foram avaliados 78 participantes, com idade de 11,5 ± 2 anos, cujo peso ao nascer foi de 3278,3 ± 594,3 g (2.130 g a 4.800 g) e sendo 55,1% meninas. Apresentaram percentil de IMC de 98,43 ± 1,6 kg/m² e 34,9 ± 7,1% de gordura corporal (estimada por impedância bioelétrica). Vinte e um participantes possuem alguma doença crônica, sendo as do trato respiratório as mais prevalentes (62%). Parte dos pacientes apresentava avós com diabetes melito tipo II (32,9%) e dislipidemia (30%). Cinquenta e dois (66,6%) participantes apresentaram resistência à insulina, enquanto 33 (42,3%) apresentaram dislipidemia. Conclusão: Resistência à insulina e dislipidemia foram prevalentes nessa amostra de crianças e adolescentes com excesso de peso, e essas condições não eram do conhecimento de seus pais. Longo tempo sem orientação e tratamento pode agravar essas já complicadas doenças. P-050 FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES EM ADOLESCENTES DE VIÇOSA/MG Quintão DF1, Franceschini SCC1, Sant’Ana LF1, Priore SE1 1 P-048 HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR HOMOZIGÓTICA: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Braid Z1, Alves C1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica, Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: Hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFH) é uma doença rara causada por mutações no gene responsável pela síntese do receptor da LDL, levando à elevação dessa lipoproteína. Xantomas intertriginosos são patognomônicos da doença. Este relato tem por objetivo ressaltar a importância do diagnóstico e tratamento precoce desse distúrbio. Descrição do caso: Paciente, 5 anos, masculino, apresentando hipercolesterolemia (colesterol: 831 mg/dL) S16 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivo: Identificar a presença de fatores de risco cardiovasculares em adolescentes de Viçosa/MG. Metodologia: Estudo transversal com 172 adolescentes de 16 a 19 anos. Os fatores de risco predisponentes às doenças cardiovasculares foram analisados mediante indicadores antropométricos, bioquímicos e clínicos: excesso de peso pelo índice de massa corporal, circunferência da cintura acima da normalidade, elevado percentual de gordura corporal; níveis lipídicos [colesterol total (CT), HDL, LDL, triglicerídeos] com valores indesejáveis, hiperglicemia, insulinemia e pressão arterial elevada. Estatísticas descritivas foram utilizadas na análise de dados por sexo. Utilizaram-se SigmaStat 2.0 e Epi Info 6.04. Resultados: Prevalências de excesso TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres de peso e de gordura corporal foram de 8,0% e 42,0% nas meninas e de 12,5% e 8,3% nos meninos, respectivamente. Identificaram-se 4,0% do sexo feminino e 1,4% do masculino com circunferência da cintura acima da normalidade. Nas meninas, as prevalências de valores indesejáveis de CT, LDL, HDL, triglicerídeos e insulina foram de 60,0%, 34,0%, 16,0%, 10,0%, 6,0%, e nos meninos, de 29,2%, 13,9%, 52,8%, 18,1% e 1,4%, respectivamente. Hiperglicemia ocorreu em 1,0% das meninas. Pressão arterial esteve elevada em 6,0% do sexo feminino e em 18,1% do masculino. Diferenças entre os sexos (p < 0,05) foram encontradas para CT, LDL, HDL, pressão arterial e gordura corporal. 81,5% dos adolescentes apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular. Conclusão: Número expressivo de adolescentes apresentou alterações nos parâmetros avaliados, com elevado risco de apresentarem doenças cardiovasculares e síndrome metabólica ao longo da vida. Justifica-se, assim, a importância do diagnóstico precoce para prevenir futuras complicações. tes para circunferência da cintura e triglicerídeos. Entre os meninos, variaram entre 0,50 e 0,70 e foram significantes apenas para pressão arterial. Os melhores pontos de corte de IMC para identificar níveis indesejáveis nos componentes da SM foram 20,3, 20,8 e 25,2 kg/m2, valores inferiores aos propostos nas referências estudadas, exceto para circunferência da cintura. Os melhores pontos de corte para identificar níveis alterados de pressão arterial nos meninos e triglicerídeos nas meninas proporcionaram, respectivamente, maiores sensibilidades (83,3% e 100%) e menores especificidades (56,7% e 56,2%) do que os outros pontos de corte das referências de IMC avaliadas. Para CC, todas as cinco referências do IMC mostraram um ótimo desempenho, com altos valores de sensibilidade e especificidade. Conclusão: As referências de IMC não apresentaram boa capacidade em identificar todos os fatores de risco para SM. P-051 ASSOCIAÇÃO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS COM OS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM ADOLESCENTES DE VIÇOSA/MG Macedo TBMA1, Figueiredo RM1, Azevedo PRM1, Maranhão HS1, Arrais RF1 Quintão DF1, Franceschini SCC1, Sant’Ana LFR1, Ribeiro AQ1, Priore SE1 Objetivos: Correlacionar marcadores de risco para o DM2, clínicos (IMC, CC, RCQ, PA, prega subescapular) com laboratoriais (COL T, glicemia, insulina, TGL, HOMA) em crianças com excesso de peso. Metodologia: Avaliadas 60 crianças do Hospital de Pediatria da UFRN. Inclusão: IMC > P85 ou IMC > 95 em idade ≥ 10 anos ou Tanner ≥ 2 mais um dos seguintes: história familiar positiva para DM2 e algum dos sinais de resistência insulínica. Dosados colesterol total, LDL, HDL, TGL, TOTG. Utilizaram-se o teste U de Mann-Whitney e a regressão linear simples. Resultados: Quanto ao TG, para cada centímetro a mais na CC, esse se eleve em 1,52 (P < 0,001); para cada unidade a mais na RCQ, seu aumento seja em 147,97 (P < 0,001); e para cada cm a mais na PSE, eleve-se em 2,69 (P = 0,038). LDL, para cada unidade a mais na RCQ, esse se eleve em 118,94 (P < 0,001). Em relação à glicemia, para cada unidade a mais na RCQ, esta se eleve em 61,57 (P = 0,016). Aumento da PAS em 2,82 (P < 0,01), à medida que IMC se elevou. Estimativa de elevação do HOMA com aumento do IMC em 0,12, com aumento da CC em 0,28 (P = 0,022) e com aumento da RCQ em 3,82 (P = 0,002). Conclusão: O aumento da circunferência da cintura teve forte associação com hipertrigliceridemia. A CC e a RCQ tiveram correlação com vários marcadores como TGL, LDL, glicemia, PAS, PAD, HOMA; e sua utilização deve ser realizada de forma mais rotineira. 1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivo: Associar as medidas antropométricas que estimem a localização de gordura central e total com os fatores de risco cardiovascular em adolescentes. Metodologia: Estudo transversal com 172 adolescentes de 16 a 19 anos, de Viçosa/MG. Avaliou-se a associação entre medidas antropométricas de localização de gordura central [circunferência da cintura (CC), razão cintura/estatura (RCE)] e de gordura total [índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura corporal (%GC)] com os fatores de risco cardiovascular: colesterol total (CT), LDL, HDL, triglicerídeos (TG), insulina, índice HOMA, pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), por meio de regressão linear simples. Resultados: No sexo feminino, o %GC foi o único a se associar com o CT (p < 0,05), embora com pequeno poder de explicação (R² = 0,04). Todas as medidas de localização de gordura se associaram positivamente com TG, HOMA-IR, PAS e PAD (p < 0,05), estes dois últimos melhores explicados pelo IMC e os dois primeiros pela RCE. No sexo masculino, IMC e RCE se associaram positivamente com o CT (p < 0,05), mas com pequeno poder de explicação. Todas as medidas de gordura central e total se associaram de maneira positiva e significante com HOMA-IR, PAS e LDL, com exceção do %GC com LDL, com maior poder de explicação para RCE. Verificou-se, ainda, associação positiva e significante entre RCE e TG. Conclusão: A medida antropométrica RCE foi a mais preditiva de efeitos adversos para o sistema cardiovascular, sendo interessante que seu diagnóstico seja feito em conjunto com o IMC, na prática clínica. P-052 CAPACIDADE DE CINCO REFERÊNCIAS DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM PREDIZER AS ALTERAÇÕES NOS COMPONENTES DA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE VIÇOSA/MG Quintão DF1, Franceschini SCC1, Sant’Ana LFR1, Priore SE1 1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivo: Determinar a capacidade de cinco referências de índice de massa corporal (IMC) em predizer alterações nos componentes da síndrome metabólica (SM). Metodologia: Estudo transversal com 172 adolescentes de 16 a 19 anos, de ambos os sexos, do município de Viçosa/MG. Utilizou-se a curva Receiver Operating Characteristic para identificar os melhores pontos de corte em predizer alterações nos componentes da SM, segundo critérios da International Diabetes Federation (IDF, 2007). Cinco referências de IMC para excesso de peso foram usadas no cálculo da sensibilidade e especificidade: duas brasileiras, duas americanas e uma proveniente de um estudo multicêntrico. Resultados: Entre as meninas, as áreas sob a curva, prevendo desordens metabólicas, variaram entre 0,56 e 0,98 e foram significan- P-053 CORRELAÇÃO ENTRE OS FATORES DE RISCO PARA DIABETES TIPO 2 EM CRIANÇAS COM EXCESSO DE PESO 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) P-054 COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE VISCERAL INFANTIL: UM ESTUDO DE REVISÃO Pascoal MN1, Horta PM1, Santos LC1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Objetivo: Revisar as principais complicações da obesidade visceral em crianças. Metodologia: Estudo de revisão, pautado nas bases de dados Lilacs, Medline e SciELO, nos últimos 10 anos, utilizando termos em português e inglês dos descritores: obesidade, obesidade abdominal e transtornos nutricionais infantis. Resultados: Algumas características de crianças com excesso de peso incluem maior altura, idade óssea avançada e maturação sexual antecipada, características que podem ser confundidas com desenvolvimento acelerado, mas que estão associadas ao aumento da adiposidade na idade adulta. A quantidade total de gordura e, principalmente, o excesso de adiposidade visceral estão associados à ocorrência de alterações metabólicas e desenvolvimento de doenças e agravos não transmissíveis. Ademais, a obesidade abdominal infantil tem sido associada a concentrações aumentadas de fibrinogênio e inibidor do ativador de plasminogênio 1 (PAI1), aumentando o risco de trombose; além de níveis elevados de interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral α (TNFα) e proteína c-reativa (PCR) – marcadores inflamatórios associados a desordens metabólicas, como alteração do perfil lipídico e resistência insulínica. Adicionalmente, a maior liberação de ácidos graxos livres (AGL) verificada com adiposidade S17 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres visceral aumentada pode contribuir para alterações na pressão arterial. Nesse cenário, o tratamento da obesidade infantil deve focar, além da saúde e bem-estar, a redução da gordura visceral, para reduzir os riscos de complicações associadas. Conclusão: O estudo possibilitou um resumo das principais complicações decorrentes da obesidade visceral infantil, denotando a importância de um tratamento adequado, com o envolvimento de equipe multidisciplinar, no intuito de promover melhor qualidade de vida a esses indivíduos. P-055 PERFIL DO METABOLISMO GLICÊMICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DE DIABETES TIPO 2 EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA TERCIÁRIO Azevedo JC1, Couras CRO1, Kumakura HS1, Alloufa SL1, Pinheiro RBB1, Seabra A1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Introdução: A obesidade é importante problema de saúde pública em população pediátrica, tornando urgente a busca de comorbidades. Dentre elas, a evolução para o diabetes tipo 2 (DM2) merece especial atenção. Objetivos: O estudo avaliou a incidência de intolerância à glicose e/ou diabetes em pacientes de risco na faixa pediátrica, em serviço de referência (HOSPED/UFRN). Metodologia: Estudo retrospectivo de 114 prontuários de pacientes com excesso de peso ou evidências clínicas/laboratoriais de alterações glicêmicas atendidas no serviço de endocrinologia pediátrica no HOSPED/UFRN, no período de 2008 em diante. Resultados: Foram recuperados dados de 114 pacientes entre 6,7 e 17,5 anos de idade (média de 13 ± 2,08 anos), sendo 48,2% meninos e 51,8% meninas. Dos 114 pacientes, 9,6% apresentavam risco de obesidade e 86,8%, obesidade. Desses, 85,1% pacientes realizaram o teste oral de tolerância à glicose, dos quais em 86,2% o resultado foi normal e em 13,8%, foi alterado. Quanto à presença de comorbidades, foi evidenciado que 3,5% tiveram o diagnóstico de DM2, 12,3%, de resistência à insulina, 1,8%, de glicemia de jejum alterada, 9,6%, de dislipidemias e 9,6%, outros diagnósticos. A metformina foi utilizada em 17,5% dos pacientes. Conclusão: O excesso de peso está claramente associado com alterações no metabolismo da glicose, principalmente resistência insulínica e intolerância à glicose. A baixa incidência de DM tipo 2 e glicemia de jejum alterada, mesmo em um serviço de referência terciária, demonstra que outros marcadores de risco clínicos e laboratoriais devem ser estudados e aplicados para melhorar a eficácia da vigilância em populações pediátricas de risco potencial. P-056 PREVALÊNCIA DE EXCESSO DE PESO ENTRE ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL Benedetti F1, Kirsten K1 1 Centro Universitário Franciscano (Unifra) Objetivo: Estimar a prevalência de sobrepeso e obesidade entre escolares adolescentes e sua associação com sexo, circunferência da cintura e alimentação. Metodologia: Estudo transversal. A população foi constituída por adolescentes de quatro escolas públicas de Santa Maria/RS. Aferiram-se peso, estatura e circunferência da cintura. O índice de massa corporal (IMC) foi analisado no programa Anthro Plus; os percentis, classificados conforme OMS (2009). A circunferência da cintura foi classificada conforme Taylor (2000). Para avaliação do consumo alimentar, utilizou-se o questionário simplificado para avaliação de risco cardiovascular. O nível de significância foi de 5% e as análises foram realizadas no programa SPSS versão 15.0. Resultados: Avaliaram-se 374 adolescentes; desses, 165 (44,1%) eram do sexo masculino, com média de idade 16 ± 1,08 anos. Na classificação do IMC, 5 (1,3%) adolescentes foram diagnosticados em magreza; 261 (69,8%), eutrofia; 55 (14,7%), sobrepeso; 23 (6,1%), obesidade e 5 (1,3%), obesidade grave. 61 (16,3%) apresentaram excesso de gordura abdominal. Na avaliação alimentar, 38 (10,2%) obtiveram consumo elevado e 136 (36,4%), consumo excessivo de alimentos marcadores S18 de risco cardiovascular. Observou-se que 39 (25,3%) meninos e 22 (11,3%) meninas apresentaram excesso de adiposidade abdominal (p = 0,01). Associando o IMC e a circunferência da cintura, verificou-se que 22 (40%), 19 (82,6%) e 4 (80%) dos adolescentes que apresentaram excesso de adiposidade abdominal foram classificados quanto ao IMC em sobrepeso, obesidade e obesidade grave respectivamente (p < 0,01). Conclusão: O elevado consumo de alimentos marcadores de risco cardiovascular e a prevalência de excesso de peso nessa população são preocupantes, principalmente quando associada à adiposidade abdominal. Faz-se necessária orientação nutricional, a fim de evitar patologias futuras. P-057 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO DE ESCOLAS PÚBLICAS DO DISTRITO FEDERAL Pinto KAC1, Silva AMS1, Carvalho KMB1 1 Universidade de Brasília (UnB) Objetivo: Avaliar a utilização da circunferência da cintura (CC) como parâmetro da SM em adolescentes, a partir de sua associação com o índice de resistência à insulina (HOMA-IR), insulina (INS), glicemia (GLI), o percentual de gordura corporal (%GORD), índice de massa corpórea (IMC) e relação cintura/estatura (RCE). Material e métodos: Foram avaliadas 150 adolescentes do sexo feminino de 14 a 17 anos de idade, alunas do primeiro ano do ensino médio de escolas públicas, que já apresentaram menarca. O HOMA-IR foi obtido pela dosagem de glicemia (GLI) e insulina (INS) após jejum de 12 horas. As medidas antropométricas utilizadas foram CC (medida da circunferência do ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca), %GORD (por bioimpedância bipedal), IMC (kg/m2) e RCE (determinada dividindo-se o valor da CC cm pela altura em cm). Todas as medidas foram realizadas conforme procedimentos padronizados. Foram rea­ lizadas as análises descritivas (frequências, média e desvio-padrão) e correlação de Pearson por meio do programa SPSS 16.0. Resultados: Das 150 adolescentes analisadas (idade = 15,7 ± 0,8 anos; IMC = 21,0 ± 2,1 kg/m²), 87,3% eram eutróficas; 12,7% apresentavam excesso de peso segundo a WHO. A CC apresentou associação estatisticamente significante com %GORD (r = 0,83; p < 0,01), IMC (r = 0,87; p < 0,01), RCE (r = 0,94; p < 0,01), HOMA-IR (r = 0,35; p < 0,0001) e insulina (r = 0,31; p < 0,01), mas não apresentou com a glicemia (p = 0,07). Conclusão: A medida da circunferência da cintura apresentou forte correlação com parâmetros antropométricos de composição da gordura corporal e com o HOMA-IR. P-058 RELAÇÃO ENTRE ESTIMATIVAS DE GORDURA CORPORAL E FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES Gonçalves VSS1, Faria ER1, Faria FR1, Cecon RS1, Franceschini SCC1, Priore SE1 1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) A síndrome metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular e é cada vez mais frequente entre adolescentes. Objetivou-se verificar a relação entre estimativas de gordura corporal (GC) e fatores de risco para SM em adolescentes. Avaliaram-se 109 indivíduos, de ambos os sexos, de 15 a 18 anos, de Viçosa/MG. Foram verificados peso, estatura, pregas cutâneas bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca, circunferência de cintura (CC), %GC por bioimpedância elétrica com protocolo (BIA-C) e sem protocolo (BIA-S), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD). Dosaram-se HDL, triglicerídeos (TG), glicemia (GL). Calcularam-se IMC e somatório das quatro pregas (Σ4P). Utilizaram-se os testes estatísticos: Kolmogorov-Smirnov e correlação de Pearson ou Spearman. As meninas totalizaram 59,63% (n = 65). A idade e a estatura médias foram de 16,92 ± 0,87 anos e de 166,61 ± 9,2 cm; o peso mediano foi de 64,2 (mín. 46,85/máx. 128,7) kg. O IMC esteve correlacionado com a CC (r = 0,8; p < 0,001) e com a PAD TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres (r = 0,2; p = 0,03). O %GC obtido pela BIA-C correlacionou-se com a CC (r = 0,6; p < 0,001) e com a PAD (r = 0,3; p = 0,001), resultado semelhante à BIA-S, que também correlacionou-se com a CC (r = 0,6; p < 0,001) e PAD (0,3; p < 0,001). O Σ4P correlacionou-se com a CC (r = 0,8); p < 0,001), com TG (r = 0,2; p = 0,02) e com PAD (r = 0,3; p = 0,007). Quando estratificado por gênero, o IMC, além da CC e da PAD, também correlacionou-se com PAS (r = 0,4; p = 0,002) para meninas. Percebeu-se que há relação entre a GC e fatores de risco para SM, sendo o Σ4P para a amostra geral e o IMC para as meninas, aparentemente mais sensíveis. (p = 0,000); no sexo feminino, aos triglicerídeos alterados (TG) (p = 0,005; RP = 2,9) e diagnóstico da SM (p = 0,007; RP = 2,7) e no masculino, à SM (p = 0,022; RP = 3,7). Nos adolescentes, a RI esteve associada à alteração no TG (p = 0,001; RP = 3,4), HDL-c (p = 0,024; RP = 3) e à presença da SM (p = 0,002; RP = 3,2). Conclusão: A elevada prevalência de RI e sua associação com os componentes da SM reforça a importância da pesquisa dela em crianças e adolescentes com excesso de peso. P-059 ÍNDICE RELAÇÃO CINTURA/ESTATURA: POSSÍVEL ALTERNATIVA PARA DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES? Frota RIB1, Paula MGM1, Rocha AM1, Souza EHE1, Porto HLS1, Oliveira JF1, Inácio MB1, Silva WM1, Maia RF1, Tolentino GP1 Gonçalves VSS1, Faria ER1, Faria FR1, Cecon RS1, Franceschini SCC1, Priore SE1 1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) O diagnóstico da síndrome metabólica (SM) apresenta dificuldades no consenso de pontos de corte para seus componentes. Nos estudos propostos, foi sugerido um ponto de corte único da relação cintura/estatura (RCE) para toda a população e ele tem apresentado bom desempenho na predição de risco cardiovascular em adolescentes. Objetivou-se verificar a correlação entre RCE e fatores de risco para SM em adolescentes. Avaliaram-se 109 indivíduos de ambos os sexos, de 15 a 18 anos, de Viçosa/MG. Foram verificados peso, estatura, circunferência de cintura (CC), pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). Dosaram-se HDL, triglicerídeos (TG) e glicemia (GL). Calculou-se a RCE. Utilizaram-se como parâmetro os critérios definidos pelo IDF (2007), específicos para adolescentes. Realizaram-se os testes estatísticos: Kolmogorov-Smirnov e correlação de Pearson ou Spearman. As meninas totalizaram 59,63% (n = 65) da amostra. A idade e a estatura médias foram de 16,92 ± 0,87 anos e de 166,61 ± 9,2 cm; o peso mediano foi de 64,2 (mín. 46,85/ máx. 128,7) kg. A RCE correlacionou-se com a CC (r = 0,87; p < 0,001) e o TG (r = 0,2; p = 0,03) para a amostra total. Quando estratificado por gênero, no grupo das meninas os seguintes parâmetros correlacionaram-se com a RCE: CC (r = 0,9; p = 0,0), TG (r = 0,3; p = 0,04), HDL (-0,3; p = 0,02) e PAS (r = 0,3; p = 0,02). No grupo dos meninos, somente CC (r = 0,9; p = 0,0). A correlação forte apresentada demonstra que a RCE pode ser uma alternativa à CC na ausência de pontos de corte específicos para essa população, podendo ser útil também na prática clínica. Demonstrou-se que a RCE está relacionada a vários componentes da SM em meninas. P-060 RESISTÊNCIA INSULÍNICA E SUA RELAÇÃO COM OS COMPONENTES DA SÍNDROME METABÓLICA Medeiros CCM1, Cardoso AS1, Gonzaga NC1, Ramos AT1, Cardoso MAA1 1 Universidade Estadual da Paraíba (UEPA) Objetivos: Verificar a associação existente entre resistência insulínica (RI) e os componentes da síndrome metabólica (SM) em crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso. Métodos: Estudo transversal realizado entre abril/2009 e abril/2010, incluindo 196 crianças e adolescentes com excesso de peso, entre 2 e 18 anos, usuários do Sistema Único de Saúde, Campina Grande/PB. Para avaliação da resistência insulínica, foi utilizado o índice da homeostase glicêmica (HOMA-IR ≥ 2,5). O diagnóstico da SM foi realizado mediante os critérios recomendados pela NCEP/ATPIII adaptados para a faixa etária. Para avaliação da associação, foi utilizado o teste do qui-quadrado e adotado o nível de significância de 5%. Os dados foram analisados no programa SPSS versão 17.0. Resultados: Das 196 crianças e adolescentes avaliados, a síndrome metabólica foi diagnosticada em 59,7%; desses, 39,8% tinham três componentes, 19,4%, quatro e 0,5%, cinco. A resistência insulínica foi observada em 41,3% da população e sua presença esteve associada à faixa etária entre 10-18 anos P-061 AFETOS POSITIVOS E NEGATIVOS EM CRIANÇAS COM SOBREPESO E DIABETES MELITO: UM ESTUDO COMPARATIVO 1 Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) Objetivo: O presente estudo teve como objetivo mensurar e comparar o bem-estar subjetivo (BES) entre crianças acometidas por diabetes melito (DM) e obesidade (SP) e crianças aparentemente saudáveis (CO). Metodologia: Este se caracterizou como epidemiológico, compreendendo uma população total de 12.895 crianças, entre as quais se identificaram 10 (DM 13,30 ± 2,35 anos) escolares acometidos por diabetes melito. A seguir, foram selecionadas 13 crianças visualmente sobrepesadas (SP 12,69 ± 1,18 anos) e 16 saudáveis (CO 12,56 ± 1,15 anos). Para avaliar o BES, foi aplicada a Escala de Afeto Positivo e Negativo para Crianças, que busca inferir os níveis de afeto positivo e negativo em crianças a partir de 7 anos de idade, sendo essas variáveis componentes do BES, constituída por 17 questões sobre os sentimentos positivos e 17 sobre os sentimentos negativos. A comparação do BES entre os grupos foi testada por meio da ANOVA One-Way, adotando o nível de significância p ≤ 0,05. Resultados: Os resultados indicaram que os afetos positivos e negativos foram significativamente superiores no grupo SP quando comparado aos outros dois grupos DM (p = 0,027 e p = 0,05, respectivamente) e CO (p = 0,05 e p = 0,001, respectivamente). Conjectura-se que os constantes estressores associados à obesidade e os esforços para ajustar as condições de vida seriam responsáveis pelos escores dos afetos detectados no presente estudo. Conclusão: Conclui-se que escolares acometidos por DM, aqueles aparentemente normais, apresentam afetos positivos e negativos significativamente inferiores quando comparados ao grupo SP. P-062 PESO AO NASCIMENTO E ESTILO DE VIDA COMO FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES Mascarenhas LPG1, Prati FS1, Miculis CP,1 Modesto M1, Amer N1, Bozza R1, Boguszewski MCS1 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR) Objetivo: Identificar a influência do peso ao nascimento e do estilo de vida (nutrição e aptidão aeróbia) sobre o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica (SM). Método: 972 adolescentes (57% meninas) entre 10 e 18 anos, provenientes de escolas de Curitiba, foram avaliados quanto a peso, altura, circunferência da cintura (CC), pressão arterial, recordatório nutricional e de atividade física, teste de aptidão cardiorrespiratória (classificado por quartis). Peso ao nascimento ≤ 2,5 quilos foi considerado baixo peso (BP). Foram dosadas as concentrações séricas de colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídeos. A glicemia foi avaliada pelo glicosímetro. A SM foi considerada quando três ou mais fatores estavam presentes [pressão arterial sistólica (PAS) e/ou pressão arterial diastólica (PAD); triglicerídeos; HDL-colesterol; glicemia de jejum; obesidade abdominal por meio da circunferência da cintura]. O odds ratio (IC – 95%) foi utilizado para calcular o risco relativo com p < 0,05. Resultados: No grupo como um todo, o consumo de gordura saturada acima do recomendado aumentou em 2,5 (IC = 1,18-5,21) vezes o risco de SM. A SM estava presente em 10% dos meninos, sendo o risco 5,2 vezes maior (IC = 1,47-19,50) nos com BP ao nascimento e o VO2máx baixo aumentou em 3,9 (IC = 1,09-10,65) vezes o risco de SM. Nas meninas, 11% apresentavam S19 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres SM, mais sem diferença de risco associado às variáveis avaliadas. Conclusão: Nossos resultados reforçam a hipótese de que o tamanho ao nascimento, associado a uma baixa capacidade aeróbia, eleva o risco de SM, especialmente no sexo masculino. de hipercolesterolemia, como sedentarismo e erro alimentar. Esses dados reafirmam a necessidade e urgência de realização de programas educativos, voltados para o público adolescente, visando à prevenção e promoção de saúde. P-063 PERCEPÇÃO DA APARÊNCIA CORPORAL DE ADOLESCENTES E CORRELAÇÃO COM IMC, PERFIL LIPÍDICO E CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS EM UM MUNICÍPIO DO TRIÂNGULO MINEIRO P-065 SOBREPESO/OBESIDADE E COMORBIDADES ASSOCIADAS NA POPULAÇÃO ADOLESCENTE DO MUNICÍPIO DE ARAGUARI/MG Debs DHSL1, Fernandes CS1, Campos FL1, Pomar FCO1, Motta IM1, Neto MGC1, Júnior OJS1, Dias SR1, Lourenço TT1 1 Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) – Campus Araguari Objetivo: Avaliar correlação entre autoavaliação do estado nutricional com IMC, perfil lipídico e fatores epidemiológicos de adolescentes de Araguari. Metodologia: Estudo transversal, realizado em escolas da rede pública e privada de Araguari envolvendo adolescentes de 11 a 15 anos. Os adolescentes responderam a um questionário e realizaram autoavaliação (em relação ao peso) e exames laboratoriais. Resultados: Foram incluídos 358 adolescentes, dos quais 41,9% acreditavam estar acima do peso, 46,9%, estar com peso adequado e 11,2%, estar abaixo do peso. A melhor sensibilidade (85,9%) foi para autoavaliação dos adolescentes que pensavam estar acima do peso e a melhor especificidade (91,3%) foi com autoavaliação abaixo do peso. Todos os grupos se correlacionaram positivamente (p < 0,001) com a real situação, apenas 34,1% erraram. O maior número de erros ocorreu entre os que diziam estar acima do peso; 51,3% estavam eutróficos. Tal fato foi mais frequente entre adolescentes do sexo feminino (p < 0,001) que estudavam em escolas particulares (p = 0,0264). A alteração de CT foi maior no grupo que se autoavaliava acima do peso (p = 0,0439). Conclusão: Na abordagem do adolescente, não se deve desprezar a autoavaliação, pois na maioria das vezes ela é concordante com a avaliação do IMC. Considerar-se acima do peso se correlaciona com alterações de CT. Ser do sexo feminino e estudar em escolas particulares são fatores de risco para distorção da autoimagem. Tais dados demonstram a necessidade de programas voltados para adolescentes e que abordem não apenas hábitos saudáveis de vida, mas também autoestima e imagem corporal, para a construção de uma identidade pessoal adequada. P-064 AVALIAÇÃO DESCRITIVA DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO, ANTROPOMÉTRICO, LIPÍDICO E COMPORTAMENTAL DE ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE ARAGUARI/MG Debs DHSL1, Fernandes CS1, Campos FL1, Pomar FCO1, Motta IM1, Neto MGC1, Júnior OJS1, Dias SR1, Lourenço TT1 1 Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) – Campus Araguari Objetivo: Caracterizar adolescentes do município de Araguari quanto à avaliação antropométrica, perfil lipídico e hábitos de vida. Métodos: Estudo transversal, realizado de outubro a dezembro de 2010 entre adolescentes do sistema público e privado de ensino, após assinatura de consentimento livre e esclarecido por pais ou responsáveis. Os instrumentos de coleta foram questionário previamente discutido e autoaplicado, medida dos dados antropométricos e coleta de sangue, na própria escola. Resultados: Foram incluídos no estudo 358 adolescentes, com idade média de 12,7 (± 1,4), sendo 58,4% do sexo feminino. Em relação a características maternas, 58,4% das mães tinham idade menor que 40 anos e 36,6% haviam cursado até o 1º grau. Foi observado que 61,7% dos estudantes não possuíam horário regular para se alimentar, 33,8% “beliscavam entre as refeições”, 19% eram sedentários e 86,59% usavam o tempo livre para assistir TV, usar computador ou jogar games. A avaliação mostrou que 72,4% eram eutróficos, 3,9% possuíam baixo peso e 23,7% apresentavam sobrepeso/obesidade. Em relação ao perfil lipídico, 21,5% tinham CT ≥ 170; 4,8% LDL-C ≥ 130; 51,96% HDL < 40 e 11,2% triglicérides ≥ 130. Conclusão: A frequência de sobrepeso/obesidade neste estudo foi alta, comparada com outros estudos brasileiros. A dislipidemia apresentou alta prevalência e a maioria dos adolescentes apresentou hábitos de vida que justificavam a incidência S20 Debs DHSL1, Fernandes CS1, Campos FL1, Pomar FCO1, Motta IM1, Neto MGC1, Júnior OJS1, Dias SR1, Lourenço TT1 1 Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) – Campus Araguari Objetivo: Avaliar a frequência de sobrepeso/obesidade e comorbidades na população de adolescentes do município de Araguari. Metodologia: Estudo transversal, realizado de outubro a dezembro de 2010, em escolas públicas e privadas. Aplicado questionário, mensurados dados antropométricos e analisado o perfil lipídico. Resultados: Foram avaliados 358 adolescentes com idade média de 12,7 (± 1,4), sendo 58,4% do sexo feminino. A avaliação mostrou que 85 alunos (23,7%) apresentavam sobrepeso/obesidade. Nesse grupo, a alteração lipídica que se correlacionou com significância estatística (p < 0,001) foi o colesterol total ≥ 170 e os erros alimentares foram o consumo diário de bolacha recheada (p = 0,0058) e salgados (p = 0,0233). Todos os adolescentes que não consumiam refrigerantes estavam eutróficos (p = 0,0334). Quando se investigou separadamente a obesidade (percentil > 95), encontrou-se uma prevalência de 10% de adolescentes (36) e, desses, 33,3% apresentavam colesterol total ≥ 170 (p = 0,069); 88,9%, LDL-colesterol ≥ 130 (p = < 0,0001); 66,7%, HDL-colesterol < 45 (p = 0,0001) e 62,1% tinham o índice de Castelli I alterado (p = 0,0019). Ter triglicérides < que 130 foi fator protetor para obesidade (p = 0,0267). O fato de estudar em escola particular, entre as variáveis epidemiológicas, foi o que melhor se correlacionou (p = 0,0093) com a obesidade. Conclusão: No grupo em que estavam incluídos tanto os sobrepesos como os obesos, apenas a alteração do CT apresentou significância estatística. Quando se analisaram os obesos separadamente, foi encontrada forte associação com HDL-C, LDL-C e triglicérides alterados. Esses dados permitem inferir que sobrepesos e obesos apresentam associações comórbidas distintas e não devem ser avaliados em conjunto, como na maioria dos estudos. P-066 PROPOSTA DE PONTO DE CORTE DO ÍNDICE HOMEOSTATIC MODEL ASSESSMENT (HOMA) AVALIADO PELA CURVA RECEIVER OPERATING CHARACTERISTIC (ROC) NA DETECÇÃO DE SÍNDROME METABÓLICA EM CRIANÇAS PRÉPÚBERES OBESAS E COM SOBREPESO Madeira IR1, Bordallo MAN2, Fazolla FM3, Carvalho CNM4, Matos HJ5, Borges MA3, Sozua FM3, Almeida YILA1, Medeiros CBM1 Departamento de Pediatria – Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 2 Unidade Docente Assistencial (UDA) de Endocrinologia – Departamento de Medicina Interna – FCM-UERJ, 3 UDA de Endocrinologia – Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ, 4 Departamento de Nutrição Aplicada – Instituto de Nutrição – UERJ, 5 Departamento de Tecnologias da Informação e Educação em Saúde – FCM-UERJ, FCM-UERJ 1 Objetivo: Métodos para a detecção da resistência insulínica nas crianças com excesso de peso, população de risco para doenças cardiovasculares, são essenciais não só para seu diagnóstico, mas também para indicar sua severidade. Um desses métodos é o índice homeostatic model assessment for insulin resistance (HOMA-IR), cujos pontos de corte ainda não estão bem estabelecidos em crianças. O objetivo deste estudo foi estabelecer, entre os pontos de corte citados na literatura, o melhor em identificar síndrome metabólica (SM) em um grupo de crianças obesas e com sobrepeso. Metodologia: Foram estudadas 140 crianças pré-púberes, 106 obesas (37 meninas e 69 meninos) e 34 com sobrepeso (19 meninas e 15 meninos). A definição de SM foi adaptada da International Diabetes Federation. Para cada ponto de corte de HOMA-IR, foram estimadas sensibilidade e especificidade tomando-se como desfecho SM. Uma curva receiver operating characteristic (ROC) foi construída TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres com esses valores. Resultados: A acurácia da curva ROC foi de 72%, e o melhor ponto de corte foi o de 2,5, com sensibilidade de 61% e especificidade de 74%. Conclusão: Em função do aumento da prevalência da obesidade infantil implicando aumento de morbidade e mortalidade por doença cardiovascular na idade adulta, o estabelecimento de um ponto de corte para HOMA-IR pode ser bastante útil na identificação das crianças com maior risco cardiovascular. O índice HOMA-IR é útil para detectar SM, e o ponto de corte de 2,5 mostrou-se o melhor no grupo de crianças pré-púberes obesas e com sobrepeso estudado. P-067 COMPARAÇÃO DE VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E BIOQUÍMICAS ENTRE TRÊS FASES DA ADOLESCÊNCIA Gontijo CA1, Silva DA1, Faria ER1, Priore SE1 1 Departamento de Nutrição e Saúde/Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivou-se estudar o comportamento de variáveis antropométricas e bioquímicas entre as fases de 10 |- 14 anos (F1), 14 |- 17 anos (F2) e 17 |-| 19 anos (F3). Trata-se de estudo transversal com dados de 164 adolescentes atendidos num programa de saúde à população específica, de Viçosa/MG. As variáveis estudadas foram peso, estatura, circunferência da cintura (CC) e do quadril (CQ), relação cintura-quadril (RCQ) e cintura-estatura (RCE), além de colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos e glicemia. Estas foram analisadas aplicando-se a análise de variância e comparação de Tuckey (variáveis paramétricas) e testes de Kruskal-Wallis e comparação de Dunn’s (variáveis não paramétricas) entre as faixas etárias, sendo significante quando p < 0,05. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. O estado nutricional foi avaliado de acordo com a WHO (2007), agrupando-se sobrepeso e obesidade em excesso de peso e procedendo à análise entre faixas etárias pelo teste do qui-quadrado. Observou-se predominância do excesso de peso (47,6%) e este se associou com F1. As variáveis antropométricas peso (F3 e F2 > F1), estatura (F3 > F2 > F1), CQ (F3 e F2 > F1), RCQ (F1 > F2 e F3), RCE (F1 > F3) diferiram entre as fases (p < 0,05). A alteração lipídica mais frequente foi colesterol total (73,8%). O grupo F1 apresentou maiores valores desse parâmetro que F2 (p = 0,014) e menores de glicemia que F3 (p = 0,004). Assim, evidenciou-se que as variáveis estudadas diferem entre as fases, justificando a atenção especial ao atendimento de saúde desse grupo. P-068 RESISTÊNCIA À INSULINA E FATORES DE RISCO DA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES DE VIÇOSA/MG Faria ER, Faria FR1, Cecon RS1, Gonçalves VSS1, Franceschini SCC1, Peluzio MCG1, Sant’Ana LFR1, Priore SE1 Departamento de Nutrição e Saúde/Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivou-se associar a resistência à insulina com os fatores de risco para síndrome metabólica (SM) em adolescentes de Viçosa/MG. Coletaram-se dados de triglicerídeos, colesterol total (CT), HDL, LDL, glicemia e insulina de 220 adolescentes de 15-18 anos de escolas públicas e privadas, sendo 52% do sexo feminino e 33% com excesso de peso. A amostra é composta por adolescentes com excesso de peso (> p85) e eutróficos (p25-p75) (WHO, 2007). O critério para diagnóstico da SM foi a IDF (2007), utilizando pontos de corte da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005): circunferência da cintura maior ou igual ao percentil 90 mais duas alterações: glicemia de jejum maior/igual a 100 mg/dL, triglicerídeos maior/igual a 100 mg/dL, HDL< 45 mg/dL, pressão sistólica e/ou diastólica maior ou igual ao percentil 90. Foram utilizados correlação de Pearson ou de Spearman, teste t de Student ou Mann-Whitney, dependendo da característica das variáveis (p < 0,05). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. O CT foi o que apresentou maior inadequação (45%), seguido do HDL (43,3%), LDL (24,3%), triglicerídeos (15,2%) e resistência à insulina – HOMA-IR maior ou igual 3,16 (15%). A prevalência de SM foi de 3,2%. A resistência à insulina estava presente em 71,5% dos com SM (p < 0,0001) e estes apresentaram maiores níveis de CT, triglicerí- deos, insulina, HOMA-IR. Encontrou-se correlação entre HOMA-IR e glicemia (r = 0,409; p < 0,0001), CT (r = 0,211; p = 0,001), HDL (r = -0,140; p = 0,038), triglicerídeos (r = 0,446; p < 0,0001) e insulina (r = 0,986; p < 0,0001). A alta prevalência dos fatores de risco da síndrome metabólica justifica a necessidade de intervenção constante voltada aos adolescentes. Apoio: Fapemig. P-069 PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES ESCOLARES EM SANTARÉM/PA Auzier RLO1, Sores IC1, Cardoso AF1, Pimentel ZNS1 1 Universidade do Estado do Pará (UEPA) O objetivo deste trabalho consistiu em identificar a prevalência de fatores associados ao sobrepeso e obesidade em adolescentes escolares da 7ª série do ano de 2010, da rede pública de ensino na zona urbana do município de Santarém/PA. Associando-se a prevalência entre insatisfação com autoimagem corporal, prática de atividade física e tempo gasto em assistir televisão e usar computador e videogame. Quanto à metodologia, trata-se de um projeto satélite de um estudo maior intitulado “A Saúde do Escolar da Rede Pública de Ensino da Região Norte”, pelo qual foram obtidos dados antropométricos e adotados questionários autoaplicáveis sobre autoimagem corporal e prática de atividade física. A pesquisa contou com 93 alunos da 7ª série do ensino fundamental da rede pública, escolhidos de modo aleatório. Os resultados revelaram a prevalência de sobrepeso e obesidade, respectivamente, de 7% e 1%. Desses, 100% das moças mostraram-se insatisfeitas com sua imagem corporal e 100% dos rapazes apresentaram-se satisfeitos. As primeiras despendiam pouco tempo envolvidas em atividades sedentárias, enquanto os últimos gastavam cinco horas diárias ou mais assistindo à TV e 50% usam videogame de uma a duas horas por dia. Cem por cento praticavam atividade física. Conclui-se que há baixa prevalência de obesidade em adolescentes da 7ª série nas turmas estudadas da rede pública de ensino. P-070 IMPACTO DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA NA GORDURA VISCERAL MEDIDA POR ULTRASSONOGRAFIA EM ADOLESCENTES OBESOS Souza AMG1, Kochi C1, Longui CA1, Monte O1, Rossin FM1, Bezerra AC1, Barbosa VLP1 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo A gordura visceral está relacionada a risco cardiovascular ao longo prazo. Objetivo: Avaliar o impacto de programa de atividade física na medida da gordura visceral por USG. Metodologia: Foram avaliados prospectivamente 40 pacientes, com idade média de 12,6 anos (1,8). Todos foram submetidos a programa de atividade física três vezes/semana (90 minutos) e reeducação alimentar por três meses. Os dados obtidos pré e pós-programa foram: peso e estatura (zIMC – CDC 2000), circunferência abdominal (CA), medida das gorduras visceral (GV) e subcutânea (GSC) por USG, determinações séricas de glicemia e insulinemia de jejum. Resultados: Os dados obtidos pré e pós-atividade física, respectivamente, foram: zIMC: 2,1(0,3) e 1,9 (0,3); zCA: 5,7 (1,6) e 5,4 (1,6); GSC: 2,3 (0,6) para 2,2 (0,7); GV: 3,3 (0,9) e 2,8 (0,9). Observou-se que a redução foi significante em todos os parâmetros, exceto em GSC. Não se encontrou associação entre os valores de GV e de insulina. Conclusão: Três meses de atividade física são capazes de reduzir IMC, CA e GV, sugerindo diminuição do risco cardiovascular. P-071 PERFIL LIPÍDICO E RELAÇÃO TRIGLICÉRIDES/HDL EM ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO Rossin FM1, Kochi C1, Longui CA1, Monte O1, Cisterna JR1, Souza AMG1 1 Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Pacientes com excesso de peso apresentam maior associação com dislipidemia e risco cardiovascular. A relação triglicérides (TG)/HDL tem sido descrita em adultos como preditora de risco aterogênico e assoS21 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres ciada à resistência insulínica. Objetivo: Avaliar o perfil lipídico e a relação TG/HDL em adolescentes com excesso de peso. Metodologia: Foram avaliados prospectivamente 80 adolescentes com idade cronológica média de 13,6 (1,9) anos, sendo coletados os seguintes dados: peso e estatura (zIMC – CDC 2000), relação circunferência abdominal (CA)/estatura, glicemia, insulina de jejum, colesterol total (CT), HDL, LDL, triglicérides e relação TG/HDL. Resultados: A média do zIMC foi de 2,1 (0,3); 53,2% dos pacientes apresentavam valores inadequados de CT; 36,3%, de LDL; 60%, de HDL e 56,2%, de TG. A relação TG/HDL não apresentou associação com CA/E ou valores de insulinemia; houve correlação positiva com o zIMC (r = 0,231 e p < 0,05). Conclusão: Foram encontrados valores inadequados de HDL e TG nessa amostra de pacientes com excesso de peso (60% e 56,2%, respectivamente). A relação TG/HDL não teve associação com a insulinemia, diferentemente do descrito na população adulta. P-072 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA DA ENZIMA 21-HIDROXILASE Rodrigues TMB1, Xavier FA2, Santos LC2, Silva IN3, Ferreira AVM2, Fernandes JCA1 1 Divisão de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2 Curso de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, 3 Divisão de Endocrinologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da UFMG Objetivo: Caracterizar o estado nutricional de crianças e adolescentes com hiperplasia adrenal congênita (HAC), na forma clássica, por deficiência da enzima 21-hidroxilase. Metodologia: A amostra foi composta por pacientes com HAC, com idades de 5 a 18 anos, avaliados quanto a composição corporal (peso, altura, circunferência de cintura e quadril, dobras cutâneas, exame de impedância bioelétrica), consumo alimentar (recordatório de 24 horas) e estadiamento puberal. Resultados: Foram avaliados 34 crianças e adolescentes com idade média de 12,8 +/- 3,84 anos. Em relação ao estadiamento puberal, 29,4% foram classificados no estágio I de Tanner, 47,1%, nos estágios II e III, 23,5%, nos estágios IV e V. Por meio do índice de massa corpórea (IMC) por idade, identificaram-se 26,5% dos pacientes com sobrepeso e 2,9% com obesidade. Não houve diferença significativa (p > 0,05) entre as médias de porcentagem de gordura corporal avaliada por meio de dobras cutâneas e impedância bioelétrica. Entre os pacientes avaliados, 58,8% apresentaram gordura corporal adequada e 41,2%, elevada. Observou-se déficit estatural em 17,6% dos pacientes. Na avaliação dietética, os maiores percentuais de inadequação foram relacionados ao consumo excessivo de calorias (73,5%) e insuficiente de gorduras monoinsaturadas (82,4%), fibras (64,7%), cálcio (94,1%), potássio (97,1%) e vitamina D (91,2%). Conclusão: Observou-se alta prevalência de excesso de peso associada à inadequação dietética nessa população, o que presume a necessidade de intervenções nutricionais para a promoção de um estilo de vida mais saudável. P-073 MERENDA SAUDÁVEL Ferreira KD1 1 Secretaria Municipal de Esportes (SME) Escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e desempenha papel fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida, entre eles o da alimentação. Proporcionar um ambiente favorável à vivência de saberes e sabores favorece a construção de uma relação saudável da criança com o alimento. A promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar pressupõe a integração de ações em três campos: ações de estímulo à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por meio de atividades educativas que informem e motivem escolhas individuais; ações de apoio à adoção de práticas saudáveis, por meio da oferta de alimentação nutricionalmente equilibrada no ambiente escolar; ações de proteção à alimentação saudável, por meio de medidas que evitem a exposição da comunidade escolar a práticas alimentares inadequadas. Primeiramente, foi realizada uma avaliação S22 antropométrica de todos os alunos de ensino infantil e pré-escola para classificá-los quanto ao estado nutricional. Das avaliações, as crianças enquadradas na desnutrição, assim como na obesidade, recebem uma atenção especial por meio de consultas pediátricas que acompanham seu estado de saúde. Além desses casos, e quando necessário, há uma alimentação especial aos alunos que possuem certas moléstias específicas, como é o caso de crianças diabéticas, com colesterol elevado, alérgicas a algum ingrediente. Os casos de obesidade recebem, ainda, uma atividade extra de educação física, na qual a Secretaria de Esportes complementa as aulas de movimento das escolas, aumentando os dias de práticas de atividade física dessas crianças. Com isso reduz-se em crianças e seus familiares a obesidade e previne-se o diabetes. P-074 SÍNDROME DE SMITH-LEMLI-OPITZ E USO DE MANTEIGA EM LACTENTE Balancieri ABS1, Schneider VS1, Barros MCSFC1 1 Universidade Estadual de Maringá (UEM) Introdução: Smith-Lemli-Opitz (SLO) é uma síndrome autossômica recessiva associada a várias malformações devido a um erro na biossíntese do colesterol. Há deficiência da 7-dehidrocolesterol redutase enzima responsável pela conversão da 7-deidrocolesterol em colesterol. Descrição do caso: BFR, masculino, termo, cesárea por oligoâmnio, PN: 2.850 g, E: 45 cm, PC: 32 cm, hipotônico, fendas palpebrais horizontais, orelhas com encurtamento e hiperdobramento das hélices, palato ogival, hipertelorismo mamário, sopro sistólico ++/6+, hipospádia e sindactilia cutânea em 2º e 3º pododáctilos bilateral. Cariótipo: 46,XY. Hipótese de SLO confirmada com a dosagem sérica de 7-dehidrocolesterol: 12.2 mg/dl (normal: < 1,5 mg/dl). Ao nascimento: CT = 80 mg/dl, HDL-c = 22 mg/dl, LDL-c = 35 mg/dl. Evoluiu com baixo ganho ponderal, sucção débil, sendo reinternado aos 30 dias de vida. CT = 45 mg/dL, HDL-c: 26 mg/dL, LDL-c: 9 mg/dL. Optou-se por tentar repor o colesterol por meio da introdução de manteiga sem sal (Aviação®). A cada mamada de 60 ml com NAN 1® de 8/8 horas, foram introduzidas 6 g de manteiga, equivalente a 105 mg de colesterol/dia. Lipidograma 30 dias após manteiga: CT = 63 mg/dL, HDL-c: 25 mg/dL, LDL-c = 24 mg/dL. Diagnosticado aos 2 meses refluxo gastroesofágico e estenose hipertrófica de piloro, sendo submetido a piloroplastia e gastrostomia. Comentários: A tentativa de introdução da manteiga foi empírica, com o intuito de repor colesterol em idade precoce a fim de melhorar a evolução da síndrome. A dieta preconizada Cholesterol Module® é de alto custo e indisponível no Brasil. Com a introdução da manteiga, mesmo em período curto de observação, foi possível observar melhora dos níveis séricos do colesterol. P-075 DIFICULDADE DIAGNÓSTICA EM HIPOGLICEMIA NA INFÂNCIA: RELATO DE CASO Loures IRC1, Albuquerque CTM1, Frossard ATS1 1 Hospital Infantil João Paulo II Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) A hipoglicemia na infância é um transtorno grave e de investigação complexa, não só pelas dificuldades clínicas e risco de sequelas, mas também pela possibilidade da presença de fatores psicossociais interferindo ou mesmo causando a doença. Relata-se o caso de KVS, sexo feminino, 2 anos e 6 meses, nascida de 36 semanas, peso: 5.200 kg, comprimento: 52 cm, cuja mãe desenvolveu diabetes gestacional no último trimestre e não recebeu insulinoterapia. Ao nascimento, apresentou hipoglicemia com 2 horas e nas primeiras 24h, em média 40 mg/dl, corrigidos com dieta. Hipoglicemias sintomáticas se repetiram esporadicamente no final do primeiro ano de vida, geralmente associadas a episódios infecciosos. No final do segundo ano, tornaram-se mais frequentes e graves, culminando com episódio convulsivo. A hipótese diagnóstica inicialmente foi de hipoglicemia cetótica da infância, contudo a evolução mostrou-se de mau prognóstico, não responsiva à dietoterapia, evoluindo com sequela neurológica. A amostra TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres crítica coletada durante hipoglicemia evidenciou cetonúria e cetonemia positivas, níveis normais de GH e cortisol e insulina indetectável; a pesquisa para erro inato de metabolismo também foi negativa. Diante da apresentação atípica do caso e do comportamento suspeito da mãe, foi investigada a presença de sulfonilureias no sangue da criança, que se mostrou positiva para glibenclamida, confirmando a hipótese de síndrome de Munchausen por procuração. O afastamento judicial da mãe propiciou resolução dos episódios de hipoglicemia e a melhora clínica da paciente. Concluímos que nos casos de evolução complexa, com propedêutica não elucidativa e em que haja elementos suspeitos, um transtorno factício deve ser investigado. P-076 HIPOGLICEMIA HIPERINSULINÊMICA PERSISTENTE DO LACTENTE: RELATO DE TRÊS CASOS COM EVOLUÇÃO FAVORÁVEL COM USO DE DIAZÓXIDO Matos CL1, Neves RRA1, Barbosa ME1, Gadelha MM1 1 Hospital Regional da Asa Sul (HRAS) Introdução: A hipoglicemia hiperinsulinêmica persistente do lactente (HHPL) é uma doença genética, congênita, caracterizada pela secreção e liberação inapropriada e autônoma de insulina pelas células beta do pâncreas, resultando em hipoglicemia persistente e variando de leve a grave. Este trabalho visa relatar três casos de crianças atendidas no Hospital Regional da Asa Sul (HRAS), que fizeram uso de diazóxido, com evolução favorável. Caso 1: TSC, feminino, com história de hipoglicemia desde as primeiras horas de vida, refratária à infusão venosa de glicose. Estabilizou após administração de glucagon EV contínuo, hidrocortisona e manutenção de TIG elevada. Apresentou índices de insulina/glicose de 5,6/0,8/4,3, corroborando a hipótese de HHPL. Aos 11 meses iniciou tratamento com diazóxido com boa resposta. Foi suspenso com 1 ano e 9 meses, mantendo-se compensada. Caso 2: SFS, feminino, com quadro de hipoglicemia refratária nas primeiras horas de vida, necessitando de corticoterapia e de TIG elevada. Iniciado diazóxido aos 5 meses. Paciente evoluiu com níveis glicêmicos normais e desenvolvimento neuropsicomotor adequado, sendo suspenso o diazóxido com 1 ano de vida, mantendo-se euglicêmica. Caso 3: ICD, masculino, em acompanhamento na neuropediatria desde os 6 meses por crises convulsivas de difícil controle. Aos 7 meses, procurou o HRAS por nova crise, sendo constatado que elas ocorriam em decorrência de hipoglicemias. Foi confirmada a hipótese de HHPL pela relação insulina/glicose de 1,2. Também foi iniciado diazóxido, com excelente resposta e estabilização do quadro. Comentários: Nos três casos, a evolução foi favorável com o diazóxido e em dois deles houve resolução espontânea no seguimento. P-077 HIPOGLICEMIA HIPERINSULINÊMICA CONGÊNITA POR NOVA MUTAÇÃO DO GENE ABCC8 Missath O , Liberatore R , Oliveira Y , Bandos L 1 1 1 1 Atualmente, em uso de diazóxido (15 mg/kg/dia), hidroclorotiazida (2 mg/kg/dia). O DNA genômico foi extraído de sangue periférico em amostra da criança e de seus pais, por kit comercial, e realizado sequenciamento dos genes ABCC8 e KCNJ11, com determinação de mutação no éxon 1-39 codificando SUR 1 (R934), em heterozigose paterna. Comentários: O HC é a forma de hipoglicemia persistente em neonatos mais frequente e difícil de tratar. A descoberta dessa nova mutação ajuda na identificação molecular em casos posteriores de HC. P-078 HIPERGLICEMIA NO TRATAMENTO DA NEOPLASIA Maurici A1, Lara ECL1, Pastina JC1, Matheus TA1, Pianovski MAD2, Peixoto CA2, Lichtvan LCL2, Nesi-França S1, Lacerda L1, Marques-Pereira R1 1 Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), 2 Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da UFPR Pacientes com leucemia linfocítica aguda (LLA), quando submetidos à indução terapêutica com L-asparaginase e corticoide, apresentam alto risco de evoluir com hiperglicemia e diabetes. Dados da literatura mostram que a frequência vem aumentando e pode estar associada a pior prognóstico. Objetivos: Avaliar a frequência dos episódios de hiperglicemias nos pacientes em tratamento para LLA no serviço de oncologia pediátrica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Métodos: Foram avaliados retrospectivamente os prontuá­ rios de 60 pacientes com diagnóstico de LLA, no período de janeiro de 2005 a setembro de 2010. Considerou-se hiperglicemia pelo menos duas glicemias ocasionais acima de 140 mg/dl. Resultados: 25/60 pacientes evoluíram com hiperglicemia (7 com hiperglicemia franca e 18 com hiperglicemia leve). A idade média ao diagnóstico da LLA foi de 8.21 ± 3,07 anos, 63% eram do sexo feminino, 24% apresentavam índice de massa corporal (IMC) acima do percentil 85 e 64% dos pacientes eram classificados com LLA de alto risco. Pacientes do grupo de hiperglicemia franca, quando comparados com o grupo normoglicemia, apresentaram maior média de idade ao diagnóstico, maior proporção do sexo feminino, IMC compatível com sobrepeso/ obesidade e LLA de alto risco. Apenas quatro necessitaram de insulinoterapia. Conclusão: A prevalência de hiperglicemia nesse estudo é semelhante à encontrada na literatura atual. Episódios de hiperglicemia são, em sua maioria, transitórios, mais comuns em pacientes do sexo feminino, com idade próxima à puberdade e portadores de sobrepeso/obesidade. P-079 DIABETES INSÍPIDO TRANSITÓRIO EM DUAS CRIANÇAS COM HISTIOCITOSE Tavares BR1, André FP1, Pugliese BS1, Guimarães MM1, Beserra ICR1, Souza MAR1 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Introdução: O hiperinsulinismo congênito (HC) é a forma mais frequente de hipoglicemia persistente em neonatos e lactentes, caracterizada pela secreção inadequada de insulina. O controle da secreção de insulina em resposta aos níveis glicêmicos depende do funcionamento dos canais de potássio, SUR1 e KIR 6,2, codificados pelos genes ABCC8 e KCNJ11, respectivamente. As determinações de mutações desses dois genes explicam 60% dos casos de HC e auxiliam na correta abordagem terapêutica. Os autores descrevem caso clínico de HC diagnosticado na primeira semana de vida, associado à mutação ainda não descrita no gene ABCC8. Descrição do caso: Paciente feminina, idade gestacional de 36 semanas, apresentou, no quarto dia de vida, dificuldade para a sucção e hipoatividade com glicemia capilar de 33 mg/dl e sem controle dos níveis glicêmicos, com VIG chegando até 13 mg/kg/min. Associados, então, hidrocortisona e, após três dias, octreotride. Colhida amostra crítica: glicemia de 21 mg/dl, insulinemia de 11 mcUI/L, cetonemia negativa e cortisol 6. Iniciado, então, diazóxido, com boa resposta e evolução sem sequelas neurológicas. Introdução: Histiocitose é uma doença rara e multissistêmica. Diabetes insípido (DI) permanente ocorre em 17%-25%, consequentemente à infiltração da haste hipofisária ou reação autoimune. Metodologia: Relato de dois casos de histiocitose que evoluíram com DI transitório. Descrição dos casos: Caso 1 – Menino, 2 a 8 meses, diagnóstico de histiocitose com 1 ano. Internado com primeira recidiva sistêmica, evoluiu com poliúria e polidipsia, porém sem critérios laboratoriais para DI (Na: 143 mEq/L; Osm sérica [OsmS]: 292,4; DU: 1.005). Após um mês foi reavaliado, pois mantinha o quadro de pólis e distúrbio do sono. Tomografia computadorizada mostrou haste no limite superior da normalidade; OsmU e OsmS normais. Iniciou DDAVP 0,25 mg/dia por causa de sintomatologia exuberante. Após seis meses, foi suspenso pela família em virtude de melhora dos sintomas. Aos 4 anos retornou com queixa de poliúria; teste de privação hídrica normal. Ressonância magnética (RM) mostrou espessamento de haste. OsmU: 51; OsmS: 294; Na: 144,8 mEq/L. Reintroduzido DDAVP-1 pufe/dia, com melhora dos sintomas. Caso 2 – Lactente feminina, 1 a 5 meses, com diagnóstico de histiocitose desde 1 ano. Iniciou poliúria e polidipsia há um mês. Exame físico normal. Sem S23 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres critérios laboratoriais para DI (Gli: 80; Na: 132; DU: 1.005), teste de privação hídrica normal. RM mostrou haste centrada, de espessura normal, neuroipófise não visualizada. Aos 2 anos retornou com queixa de pólis. Encontrava-se irritada e desidratada (OsmU: 70). Indicado DDAVP, mas família não iniciou a medicação por insegurança, referindo melhora parcial dos sintomas. Apresenta déficit pôndero-estatural devido à histiocitose do tubo digestivo. Conclusões: DI transitório foi uma manifestação comum aos dois pacientes. Apesar da dificuldade em fechar diagnóstico pelos critérios laboratoriais, ambos tiveram indicação de uso de DDAVP em razão de clínica exuberante. P-080 COMPARAÇÃO DA PRESENÇA DE CARACTERÍSTICAS DE LIPODISTROFIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM E SEM HIV Pedro FL1, Silva QH2, Kirsten VR3, Fuchs SC2 Hospital Universitário de Santa Maria, 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), 3 Centro Universitário Franciscano (Unifra) 1 Objetivos: Comparar características de lipodistrofia entre crianças e adolescentes infectadas pelo HIV e seus irmãos não infectados. Metodologia: Estudo de caso-controle com pacientes pediátricos infectados pelo vírus HIV, atendidos no ambulatório de doenças infecciosas pediátricas do Hospital de Santa Maria/RS, no período de 2009 e 2010. Os controles foram os seus irmãos soros-negativos. As características da síndrome da lipodistrofia analisadas foram estado nutricional (pelo IMC/idade), circunferência da cintura e perfil lipídico e glicídico. As variáveis antropométricas foram medidas no ambulatório por nutricionista devidamente treinado. As variáveis bioquímicas dos pacientes foram retiradas do prontuário e a dos controles foram solicitadas pelo médico do ambulatório. Resultados: Foram analisados 55 casos e 59 controles. A média de idade foi maior nas crianças portadoras do vírus (10,4 ± 3 anos versus 8,5 ± 3,6 anos) (P = 0,003). Não houve diferença entre o estado nutricional (P = 0,2). Os não infectados apresentaram maior adiposidade localizada na cintura (12,8%, n = 06) quando comparados aos infectados (1,9%, n = 01) (P = 0,03). A média do colesterol total foi significativamente maior (168,8 ± 34,6 mg/dL) nas crianças com o vírus HIV do que em seus irmãos (150,5 ± 26,3 mg/dL) (P = 0,005), assim como o LDL (P = 0,01) e os triglicerídeos (P = 0,001). Não houve diferença estatística significativa entre os pacientes HIV+ e seus irmãos para a glicemia (P = 0,6) e HDL-colesterol (P = 0,14). Conclusão: As crianças e adolescentes portadoras do vírus HIV, quando comparados com seus irmãos sem o vírus, apresentaram alteração no perfil lipídico, em especial quanto ao colesterol total, LDL e triglicerídeos. P-081 ANTROPOMETRIA E PERFIL BIOQUÍMICO DE ADOLESCENTES COM TRIAGEM POSITIVA DE ANOREXIA E BULIMIA NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA/MG Cecon RS1, Faria FR1, Franceschini SCC1, Peluzio MCG1, Rosado GP1, Priore SE1 1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Objetivou-se verificar o perfil antropométrico e bioquímico de uma subamostra de adolescentes com sinais e sintomas de transtornos alimentares no município de Viçosa/MG. O estudo foi realizado em escolas públicas e privadas, com adolescentes de 15 a 19 anos, com aferição de peso e estatura; aplicação de dois questionários de triagem para transtornos alimentares e realização de exame bioquímico. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. O banco de dados foi elaborado no Excel e o software SPSS 11.5 foi utilizado para as análises estatísticas. A prevalência de triagem positiva de transtornos foi de 20,6% (n = 170). Analisou-se uma subamostra de 59 adolescentes: 40,7% (n = 24) EAT positivo; 27,1% (n = 16) BITE positivo e 32,2% (n = 19) EAT/BITE positivo. Não foi encontrada diferença entre os grupos (EAT, BITE e EAT/BITE) quando comparados o peso e a estatura, porém a média de IMC do grupo EAT/BITE positivo foi maior que do que a do grupo EAT positivo (p = 0,029). Não houS24 ve diferença quando comparados os valores de hemoglobina, glicose, insulina e perfil lipídico dos três grupos, embora a média de colesterol total dos grupos EAT, BITE e EAT/BITE apresentasse valores limítrofes de 155,04 ± 26,69; 162,00 ± 35,90 e 152,95 ± 26,90 m, respectivamente. É de suma importância, portanto, a aplicação de instrumentos de triagem, embora não sejam utilizados como diagnóstico, e comparação com exames bioquímicos para verificar possíveis alterações nesse grupo de risco. P-082 PAN-HIPOPITUITARISMO COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DE HISTIOCITOSE DE CÉLULAS DE LANGERHANS Lago DCF1, Silva NMR1, Eleutério NF1, Moraes CAC1, Geroldo SR1, Barroso CM1, Coutinho DC1 1 Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) Introdução: O pan-hipopituitarismo é caracterizado pela deficiência de dois ou mais hormônios hipofisários. Decorre de lesões na hipófise ou deficiência de fatores hipotalâmicos que agem regulando a secreção hormonal hipofisária. Lesões infiltrativas de SNC podem também ocasionar este quadro por alterações no eixo hipotálamo-hipófise. Descrição do caso: PLFL, 8 anos, procedente de Fortaleza, procurou serviço de endocrinologia pediátrica do HIAS por causa de poliúria, polidipsia e nictúria há um ano. Altura 1,20 m (Z: -0,43), peso 28,4 kg (Z: + 1,54), IMC 19,7 kg/m2 (p: 95), tireoide palpável e Tanner G1P1. Exames laboratoriais: osmolaridade sérica: 305,6 mOsm/kg, DU: 1.000, Na: 148 mEq/L, teste de restrição hídrica com DDAVP confirmatório de diabetes insípido central. No seguimento clínico, evoluiu com hipotireoidismo central – T4 livre: 8,1 pmol/ml (normal: 12-22); níveis baixos de IGF-1 (59,1 ng/ml – normal: 58-329), sugerindo deficiência de GH. RNM de sela túrcica mostrou formação nodular sólida em hipotálamo, deslocando superiormente o quiasma óptico. No seguimento, apresentou lombalgia e fraqueza muscular proximal. RNM da coluna lombossacra evidenciou lesão expansiva osteolítica com componente de partes moles acometendo L4. A biópsia da lesão mostrou fragmentos irregulares e pardos, compatível com histiocitose de células de Langerhans (LCH). Segue tratamento para pan-hipopituitarismo e Protocolo do Terceiro Estudo Internacional para Tratamento da HCL (LCH III). Comentários: A investigação de lesões de sistema nervoso central é mandatória em pacientes que apresentam quadro de diabetes insípido central e/ou pan-hipopituitarismo. O eixo hipotálamo-hipofisário deve ser constantemente investigado, pois novas deficiências hormonais podem surgir no curso da doença inicial. P-083 SÍNDROME DE RABSON-MENDENHALL CONFIRMADA EM UM GAROTO DE 6 ANOS: RELATO DE CASO Carballo MG1, Salvodelli RD1, Fortes MZ1, Manna TD1, Damiani D1, Gianella MLC1 Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICR-HCFMUSP) 1 Introdução: A síndrome de Rabson-Mendenhall (RMS) é uma doença autossômica recessiva rara, causada por mutação no gene do receptor da insulina (INSR). Caracteriza-se por anomalias dentárias, pele áspera, grossa, hiperpigmentada, distensão abdominal, hirsutismo e macrogenitossomia, evoluindo com diabetes por grave resistência insulínica (RI). A RMS representa uma forma intermediária dentre as síndromes relacionadas às mutações no gene do INSR como o leprechaunismo e a síndrome de RI tipo A. Descrição do caso: Paciente de 6 anos, masculino, pardo, natural da Bahia, evoluiu com hiperpigmentação em regiões de dobras desde 1 ano de idade, referindo prima de primeiro grau com quadro semelhante. Ao exame apresentava acantose nigricans cervical, axilar, inguinal e periumbilical; hipertricose em dorso e membros; alteração dentária; pênis de 5,0 cm de comprimento. Glicemia e insulina de jejum: 70 mg/dL e 178,6 mcU/mL. Curva glicêmica com pico de insulina de 2287,2 mcU/mL e glicose de 138 mg/dL. HbA1c: 5,8%. Estudo molecular mostrou TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres mutação em homozigose no éxon 19 do gene do INSR, códon 1135, de GCG (alanina) para GTG (valina). Comentários: O paciente não desenvolveu diabetes até o momento, apenas alguns episódios de hiperglicemia pós-prandial (220-234 mg/dL) e de hipoglicemias no jejum prolongado (mínino de 43 mg/dL). Há descrição de mutação no mesmo códon trocando a alanina (GCG) por ácido glutâmico (GAG), determinando um quadro de resistência insulínica. Sabe-se que a alanina no códon 1135 é altamente conservada nas espécies e entre os aminoácidos previstos como não tolerados nesta posição está a valina. P-084 TRATAMENTO DA PUBERDADE PRECOCE DA SÍNDROME DE McCUNE-ALBRIGHT COM ANASTROZOL Silva S1, Alves C1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica, Universidade Federal da Bahia (UFBA) Introdução: A síndrome de McCune-Albright (SMA) classicamente se caracteriza por displasia óssea fibrosa (DOF), manchas café com leite e puberdade precoce periférica (PPP). Esse relato descreve a resposta terapêutica favorável ao tratamento da PPP em menina com SMA após um ano de terapia com anastrozol. Descrição do caso: Menina de 3 anos e 9 meses, com SMA diagnosticada por PPP, manchas café com leite e DOF. Ao exame: peso 14,6 kg (P 25%-50%), estatura 99 cm (P 50%), estágio puberal M3-4/P1, claudicação e manchas café com leite em dorso. Avaliação diagnóstica: estradiol sérico elevado (830 pg/mL; normal < 30) com gonadotrofinas suprimidas (FSH < 0,10 mUI/L; LH < 0,1 mUI/L). Cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, TSH, T4 livre, prolactina, cortisol, IGF-1, IGFBP-3 e S-DHEA normais. Ultrassonografia pélvica: útero aumentado (volume: 12,3 cm3; normal < 10) e cisto simples em ovário esquerdo. Cintilografia: lesões osteogênicas em crânio, úmero, acetábulo e tíbia esquerdos e fêmures compatíveis com DOF. Idade óssea (IO): 3,5 anos na idade cronológica (IC) de 3 anos. Iniciado anastrozol (1 mg/dia) aos 3,5 anos. Após 15 meses de tratamento, evoluiu com interrupção da menstrua­ ção e do crescimento mamário, redução do estradiol (< 20 pg/mL) e do volume uterino (6 cm3), desaparecimento do cisto ovariano e desaceleração do crescimento. O avanço da IO não foi interrompido com a terapia (IO: 5,5 anos na IC: 4,5 anos). Não apresentou efeitos adversos ao medicamento. Comentários: A experiência com anastrozol em crianças é limitada. Embora estudos sobre sua eficácia sejam divergentes, esse relato mostra uma boa resposta terapêutica na ausência de efeitos adversos. P-085 HAMARTOMA HIPOTALÂMICO GIGANTE COM PUBERDADE PRECOCE CENTRAL E EPILEPSIA GELÁSTICA Dourado L1, Alves C1 Hospital Universitário Professor Edgar Santos Universidade Federal da Bahia (HUPES/UFBA) 1 Introdução: Os hamartomas hipotalâmicos (HH) são malformações congênitas não neoplásicas, formadas por neurônios e células gliais. Localizadas próximas ao hipotálamo posterior, tuber cinereum ou corpos mamilares, medem geralmente de 10-30 milímetros, em seu maior diâmetro, sendo a variante gigante extremamente rara (nove casos na literatura). Suas manifestações clínicas mais frequentes são: epilepsia gelástica (EG), puberdade precoce central (PPC) e retardo do desenvolvimento neuropsicomotor decorrente da epilepsia de difícil controle. Esse relato descreve um raro caso de HH gigante, em um menino de 14 meses. Descrição do caso: Lactente masculino, de 14 meses, avaliado para investigação de puberdade precoce devida a aumento da bolsa escrotal e do comprimento peniano a partir dos 3 meses de idade. Ao exame físico, peso: 17,2 kg (P > 95%), comprimento: 89 cm (P > 95%). Genitália masculina: pênis 10,5 cm (P 50% para idade = 5,1 cm), testículos tópicos (direito: 3,3 x 1,6 cm e esquerdo: 3,2 x 1,7 cm), pelos pubianos (estágio de Tanner = P3). Presença de crises gelásticas. Avaliação diagnóstica: testosterona sérica total elevada (297,00 ng/dL; normal < 30), com LH 6,0 mIU/mL (< 4,0); FSH 3,34 mIU/mL (< 5,5); T4l, TSH; β-HCG, prolactina, cortisol e α-fetoproteína foram normais. Ressonância magnética: hamartoma hipotalâmico gigante (50 x 50 x 40 mm). Neurocirurgia optou por tratamento conservador. Paciente iniciou terapia com análogo do LHRH aos 18 meses, com regressão da progressão puberal. Crises epiléticas continuam de difícil controle. Comentários: Embora seja uma causa rara de PPC, HH devem ser investigados. A variante gigante desse tumor é descrita. P-086 FATORES QUE INTERFEREM NA IDADE DA MENARCA Miranda JRV1, Miranda MIF1, Delfino RK1, Lopes WD1, Crispim PDTB1 1 Hospital 9 de Julho, Universidade Federal de Rondônia (Unir) A menarca ou primeira menstruação é um importante indicador de maturação sexual que ocorre durante a puberdade e é evidenciada pelo aparecimento dos caracteres sexuais primários e secundários, em que se manifestam marcantes transformações somáticas, psicológicas e sociais. Partindo desse pressuposto, esta investigação buscou realizar a identificação da idade média da menarca (IMM) em escolares do ensino médio público e privado do município de Porto Velho, Rondônia, Brasil, e seus fatores associados, determinando os valores dos percentis 3 (P3), 50 (P50) e 97 (P97) e a amplitude entre os extremos (P97 e P3), já que amostras populacionais que se encontram em condições socioambientais peculiares podem trazer novos conhecimentos sobre esse fenômeno. Trata-se de um estudo do tipo epidemiológico transversal, do qual participaram 126 meninas. Para coleta de dados, foi utilizado um questionário autoaplicável, validado e de domínio público adaptado para a realidade investigada. A análise estatística foi realizada por meio do programa Epi Info 3.5.1. Verificou-se que a IMM (± desvio-padrão) foi de 12,54 (± 1,72) anos. As participantes tinham idade mínima de 8 e máxima de 19 anos e mediana de 12,66 anos de idade. Das entrevistadas, 51,3% e 33,3% tinham seus pais e suas mães com o terceiro grau de escolaridade completo, respectivamente, 32,72% afirmaram que o pai esteve desempregado em algum momento de sua vida e 76,36% são naturais de Porto Velho. Com base nos achados deste trabalho, identifica-se que a idade da menarca e seus fatores apresentaram peculiaridades, contudo em todas as situações apreciadas não ocorreram associações. P-087 SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS COM VIRILIZAÇÃO PRÉ-MENARCA Souza I1, Souza CM1, Castro W1 1 Instituto Municipal de Ensino Superior/União Educacional do Vale do Aço (Imes/Univaço) Introdução: A síndrome dos ovários policísticos é um dos distúrbios hormonais femininos mais prevalentes na idade reprodutiva. Entretanto, sua ocorrência pré-menarca é extremamente rara e os poucos casos na literatura apontam uma considerável elevação dos níveis hormonais androgênicos e um quadro de virilização grave dificultando o diagnóstico, em virtude da semelhança com tumor ovariano ou adrenal virilizante. O diagnóstico é baseado na presença de anovulação ou oligoanovulação, manifestações clínicas de hiperandrogenismo e/ou hiperandrogenemia e presença de ovários policísticos. A importância do diagnóstico reside na associação da doença com risco cardiovascular aumentado, diabetes, dislipidemias, síndrome metabólica e infertilidade. Descrição do caso: MAA, 9 anos, Tanner M2 P3 A3, encaminhada para investigação de tumor virilizante devido a hirsutismo e clitoromegalia rapidamente progressivos. Exames laboratoriais indicavam aumento de testosterona [3X > valor de referência (VR)], androstenediona (4X > VR) e 3-alfadiol superior ao VR de mulher adulta. Exames de imagem descartaram a possibilidade de tumor adrenal e ovariano, revelando apenas um padrão polimicrocístico. Optou-se pelo bloqueio ovariano por meio de hormônio estrogênico e posteriormente análogo de GnRH em consequência ao avanço da idade óssea. Evoluiu com regressão da virilização, tamanho ovariano e normalização laboratorial. Comentários: Trata-se de um caso singular, pois não foram identificados na literatura relatos semelhantes em S25 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres pacientes menores de 12 anos. Em virtude da idade precoce, esse caso trouxe um maior desafio terapêutico, pois o tratamento preconizado levou ao avanço da idade óssea, com perspectiva de baixa estatura. Essa droga vem sendo utilizada no caso em questão para tratamento da puberdade precoce, apresentando bons resultados, sem relato de efeitos colaterais, sendo, portanto, uma boa opção terapêutica para pacientes com essa patologia. P-088 CORRELAÇÕES ENTRE ESTADIAMENTO PUBERAL, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E MENARCA/EJACULARCA NUMA POPULAÇÃO DE ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE ARAGUARI/MG P-090 PUBERDADE PRECOCE POR TUMOR PINEAL PRODUTOR DE GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (HCG): RELATO DE CASO Debs DHSL1, Fernandes CS1, Campos FL1, Pomar FCO1, Motta IM1, Neto MGC1, Júnior OJS1, Dias SR1, Lourenço TT1 Simoni G1, Nascimento ML1, Linhares RMM1, Cechinel E1, Dantas GD1, Guesser S1, Lee JVS1, Santos MJD1, Silva PCA1 1 Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) – Campus Araguari Objetivo: Avaliar correlações entre estadiamento puberal, ocorrência de menarca/ejacularca e IMC. Metodologia: Estudo transversal realizado após assinatura de consentimento livre e esclarecido, em que foi coletada a idade cronológica e de ocorrência da menarca/ejacularca, peso e estatura (calculando-se o IMC) e o estadiamento puberal de Tanner, sendo este último realizado pelos próprios adolescentes. Resultados: Foram avaliados 358 adolescentes com idade média 12,7 (± 1,4), sendo 58,4% do sexo feminino. Foi observado que a média de IMC entre o grupo de adolescentes que já havia apresentado menarca/ejacularca foi maior que nos pré-púberes (21,0 e 18,9, respectivamente), com significância estatística (p < 0,001). A média de idade também teve o mesmo comportamento (p < 0,001). O desenvolvimento puberal masculino não apresentou associação significante com os dados antropométricos. Já a análise do Tanner feminino para broto mamário (M) mostrou que a metade das adolescentes que apresentavam obesidade estava em M3 (p = 0,0267). Ao analisar separadamente o sexo feminino, a maioria das alterações, sobrepeso/obesidade, estava no grupo que já havia menstruado, porém sem significância estatística; quanto às alterações do tipo baixo peso, a maior parte (75%) não havia menstruado (p = 0,0228). Conclusão: A média de idade e IMC foi com significância maior no grupo que havia apresentado menarca/ ejacularca, não divergindo dos demais estudos. A avaliação do desenvolvimento puberal masculino não se correlacionou com as variações do IMC. O estadiamento puberal feminino mostrou maior frequência de obesidade em M3. Ainda quanto ao sexo feminino, o fato de não ter ocorrido a menarca está associado com baixo peso. 1 Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis/SC Introdução: Tumores produtores de HCG podem ser causa de puberdade precoce por estimulação gonadal, sem ativação do eixo hitálamo-hipófise-gonadal. Relato de caso: Masculino, seis anos, apresentando aumento peniano, aceleração da velocidade de crescimento e avanço da idade óssea. Exame físico: pênis 13 cm, testículos simétricos, volume 4 cm3. Ausência de pelos pubianos e axilares. Estatura 134 cm (↑p95). Exames: testosterona 460 ng/dl, teste GnRH não responsivo, β-HCG: 5,74 ng/ml (VR < 2,5 ng/ml), α-fetoproteína: 3,71 ng/ml. Esteroides adrenais normais. US suprarrenal e testicular normais. RNM: tumor pineal. β-HCG no liquor: 88,68 ng/ml. Recebeu radioterapia e quimioterapia, com evidências clínicas, laboratoriais e radiológicas de regressão tumoral. Discussão: Há poucos relatos de puberdade precoce causada por tumores de pineal secretores de HCG. A estrutura e a função do HCG são semelhantes ao hormônio luteinizante (LH), podendo estimular as células de Leydig a produzir testosterona. Nesta situação pode haver aumento discreto do volume testicular, porém desproporcional ao grau de estímulo peniano, sem aumento de gonadotrofinas. A biópsia para estabelecer a histologia tumoral é controversa por ser uma intervenção de alto risco. Os níveis elevados de β-HCG e a boa resposta à radioterapia sugerem diagnóstico de germinoma. Este relato evidencia a importância da dosagem de β-HCG na avaliação da puberdade precoce em meninos. P-091 É PUBARCA ISOLADA? ALERTA PARA O ACOMPANHAMENTO Neto ABA1, Azevedo AEBI2, Castro A2, Rabelo A2, Paiva GG2, César J2 Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica – Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM)/Faculdade de Ciências Médicas (FCM)/Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Departamento de Pediatria, 2Ambulatório de Pediatria Geral – HUJM/FCM/UFMT, Departamento de Pediatria 1 P-089 TRATAMENTO DA SÍNDROME DE McCUNE-ALBRIGHT COM CETOCONAZOL: RELATO DE CASO Silva NMR1, Lago DCF1, Eleutério NF1, Barroso CM1, Geroldo SR1, Coutinho DC1 1 Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) Introdução: A síndrome de McCune-Albright é uma doença genética rara. A manifestação clássica é caracterizada pela tríade: manchas café com leite, displasia fibrosa poliostótica e endocrinopatias funcionantes, como a puberdade precoce, hipertireoidismo e outras. Descrição do caso: YMM, 4 anos, sexo feminino, há um ano apresentando quadro de crescimento de mamas e aumento de pelos pubianos. Referia dor em membro inferior esquerdo durante a deambulação e tinha história de sangramento vaginal nos primeiros dias de vida. Ao exame: M3P1, presença de manchas café com leite em hemitórax esquerdo e dorso, limitando-se à linha média. Ultrassonografia pélvica evidenciou aumento de volume uterino (8,7 cm3) e ovariano (ovário esquerdo com volume de 38,6 cm3 com cisto em seu interior). Idade óssea avançada um ano em relação à idade cronológica. Cintilografia óssea compatível com displasia fibrosa poliostótica. Exames laboratoriais mostraram estradiol elevado e FSH e LH supressos. Iniciado tratamento da puberdade precoce com cetoconazol, obtendo boa resposta ao tratamento. Comentários: No tratamento da síndrome de McCune-Albright, podem ser utilizadas diversas drogas, como agentes progestacionais, inibidores de aromatase e moduladores seletivos do receptor estrogênico (tamoxifeno). O cetoconazol, derivado imidazólico de uso oral, inibe a esteroidogênese adrenal e testicular pela inibição da enzima P450c17, que converte 17OH-progesterona em androstenediona. S26 A pubarca é o aparecimento isolado de pelos pubianos e/ou axilares, antes dos 6,5 anos na menina, sem evidências de estrogenização ou virilização. De etiologia desconhecida, sugere-se a elevação da sensibilidade dos folículos dos pelos pubianos aos andrógenos ou aumento precoce da secreção dos andrógenos pela suprarrenal. Pode ser o primeiro sinal de um tumor ou hiperplasia da suprarrenal, ou tumor gonadal e até precocidade isossexual verdadeira. Na maioria dos casos, não se identificam alterações, sendo consideradas variantes da normalidade. Relata-se um caso considerado, inicialmente, como pubarca isolada por quatro anos. Caso: NLPG, feminina, 5 anos, procurou nosso serviço com diagnóstico de puberdade precoce com início aos 5 anos com pelos em região pubiana, axilas e membros inferiores, ganho de peso e aparecimento de suor com odor. Exame físico evidenciou M1P2 de Tanner e pelos axilares e membros. Ausência de sinais de virilização. Avaliação hormonal sem alterações. TC de hipófise e US de abdome total normais; idade óssea compatível com cronológica. Com diagnóstico de pubarca precoce isolada/idiopática, vem sendo acompanhada com velocidade de crescimento adequada e estágio puberal M1P2. Aos 9 anos inicia telarca e evolução rápida dos estágios puberais, atualmente M3P4, corrimento vaginal, avanço da idade óssea para 13 anos. Androstenediona: 1,06 ng/mL (0,25 a 0,80). DHEA: 9,3 ng/mL (0,5 a 5,1 ng/mL). DHEA SO4: 106,8 ug/dL (74 ug/ dL). Pregnenolona: 3,80 ng/mL. US abdominal: útero e ovários aumentados para a idade. Nesse momento, suspeitado de HSRC por deficiência de 3 B HSD não clássica, iniciando análogo de LH /RH. TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres Comentário: Casos de adrenarca prematura são caracterizados por níveis puberais de androstenediona e DHEA. Pubarca isolada deverá ser reexaminada periodicamente, qualquer evidencia de virilização e/ ou efeito estrogênico obriga a reavaliação laboratorial. Chama-se atenção para possível quadro futuro de SOP, hiperandrogenismo ovariano funcional, resistência insulínica e obesidade. rio. Ao exame, aos 29 anos: peso 36,5 kg, estatura 131,5 cm, palato ogival, cubitus valgus, múltiplos nevos cutâneos; estágio puberal M5/ P5. Comentários: Apesar dos riscos gestacionais inerentes a possíveis comorbidades maternas e da falta de investigação prévia, esse relato apresenta o bom resultado de duas gestações espontâneas numa portadora de ST causada por mosaicismo 45,X/47,XXX. P-092 PSEUDOPUBERDADE PRECOCE EM MENINA DE 3 ANOS: RELATO DE CASO P-094 SÍNDROME DE KLINEFELTER: DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS QUE AUXILIAM NA INDICAÇÃO DA REALIZAÇÃO DO CARIÓTIPO Neto ABA1, Azevedo AEBI2, Azevedo MBI3 1 Centro de Especialidades Médicas, Secretaria do Estado da Saúde de Mato Grosso (SES/MT), Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica, 2 Departamento de Pediatria, Faculdade de Ciências Médicas (FCM)/Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), 3 Hospital Universitário Júlio Müller, FCM/UFMT Pseudopuberdade precoce (PPP) ou puberdade precoce independente de gonadotrofinas é o resultado da secreção autônoma de esteroides sexuais. Entre as causas, há os cistos ovarianos autônomos de etiologia não esclarecida, que secretam estrógenos causando desenvolvimento mamário ou hemorragia vaginal. De natureza episódica e transitória, torna-se difícil a detecção de níveis de estradiol, dificultando a documentação da progressão e secreção hormonal ovariana na criança. MED, 3 anos, branca, encaminhada ao nosso serviço com queixa de dor abdominal e sangramento vaginal por três dias em julho de 2008. Exame físico: sem anormalidades, M1P1. Exames laboratoriais normais. Resultados de imagem: RM hipotálamo-hipofisária normal. US de abdome com cisto ovariano à direita medindo 3,7 x 3,0 x 3,0 cm. Volume total OD 37,5 cm³ (normal < 2 cm³), volume uterino 8,6 cm³ (< 10 cm³). Conduta: observação e avaliação laboratorial periódicos, uma vez que o US pélvico de controle 20 dias após mostrou significativa redução do volume ovariano (3,7 x 1,2 x 2,4). Família abandona o seguimento médico, retornando um ano após com novo quadro de sangramento vaginal. Exame físico mostra estádio puberal: M2P1. US de abdome: ovário D com volume de 20,5 cm³. Útero com 10,2 cm³. IO compatível com idade cronológica. Diagnóstico: pseudopuberdade precoce. Iniciado tratamento com medroxiprogesterona. Comentário: O diagnóstico precoce visa a tratamento e acompanhamento da PPP interrompendo maturação sexual até a idade normal para início da puberdade, além de outras consequências. As dosagens de gonadotrofinas e esteroides sexuais não representam bons parâmetros de controle e eficácia do tratamento da PPP, que deve ser realizada por meio do acompanhamento clínico detalhado, estadiamento puberal, velocidade de crescimento, progressão da idade óssea e ultrassonografia pélvica. Tincani BJ1, Mascagni BR1, Maciel-Guerra AT1, Marques-de-Faria AP1, Guerra-Junior G1, Pinto RDP1 1 Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo (GIEDDS) – Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Objetivo: Identificar dados clínicos e laboratoriais que diferenciam os casos com síndrome de Klinefelter (SK) quando a queixa é hipogonadismo, ginecomastia e/ou infertilidade. Metodologia: Foram incluí­ dos 105 casos com hipogonadismo, ginecomastia e/ou infertilidade que tiveram o exame de cariótipo realizado. Foram avaliados: idade na primeira consulta, relação entre envergadura e altura (E/A), pilificação pubiana, ginecomastia, tamanho testicular, LH, FSH, testosterona (T) e espermograma. Resultados: 33 casos foram diagnosticados como SK (SK+) e 72 sem SK (SK-). A idade na primeira consulta (anos) foi semelhante nos dois grupos (SK+ = 31,3 + 12,9 e SK- = 27,6 + 12,1), o mesmo ocorrendo com a E/A (SK+ = 1,01 + 0,03 e SK- = 1,02 + 0,03) e presença de ginecomastia. No entanto, a pilificação pubiana foi menor no grupo SK+, o mesmo ocorrendo com o tamanho testicular (mL) (SK+ = 3,5 + 2,5 e SK- = 9,5 + 6,5) e T (ng/ mL) (SK+ = 4,3 + 2,9 e SK - = 8,7 + 7,3). Ainda, LH (U/L) (SK+ = 19,6 + 8,8 e SK - = 7,5 + 8,4) e FSH (U/L) (SK+ = 43,8 + 25,4 e SK - = 14,9 + 17,4) foram maiores no grupo SK+, o mesmo ocorrendo com a azoospermia. Conclusões: Dados como pilificação, tamanho testicular, LH, FSH, T e presença de azoospermia no espermograma sugerem o diagnóstico de SK entre pacientes com hipogonadismo, ginecomastia e/ou infertilidade. A E/A não foi parâmetro útil nesse grupo analisado para diferenciar a SK. P-095 AVALIAÇÃO DA IDADE DE PUBERDADE E MENARCA EM PACIENTES COM SÍNDROME DE TURNER Bordallo APN1, Pugliese B1, Junior PAGA1, Coelho SCS1, Souza LC1, Paiva IA1, Aguiar MFA1, Souza MAR1, Beserra ICR1, Guimarães MM1 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1 P-093 PROCRIAÇÃO ESPONTÂNEA NA SÍNDROME DE TURNER: RELATO DE DUAS GESTAÇÕES NUMA MESMA PACIENTE Sheila S , Alves C 1 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica, Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1 Introdução: Gravidez espontânea na síndrome de Turner (ST) é rara e dupla gestação é ainda mais rara. Complicações gestacionais cardiovasculares, endócrinas e obstétricas decorrentes da síndrome conferem riscos aumentados à gestante e sua prole. Objetivo: Relatar paciente com ST que teve duas gestações espontâneas e bem-sucedidas. Descrição do caso: Mulher de 29 anos, com diagnóstico de ST aos 28 anos, confirmado por dois cariótipos: o primeiro, 45,X em 16 metáfises e o segundo evidenciando 28 células 45,X e 2 células 47,XXX. História clínica: baixa estatura; telarca aos 11 anos e menarca aos 14, com regularidade menstrual após os dois primeiros anos; uso de contraceptivo oral dos 18 aos 21 anos; infecções urinárias e otites médias recorrentes desde a infância. História obstétrica: duas gestações espontâneas, aos 25 e 28 anos respectivamente, sem abortos, com acompanhamento pré-natal completo, sem intercorrências e partos cesarianos por desproporção céfalo-pélvica. Nascidos a termo, o primeiro filho, do sexo masculino, pesou 2,25 kg e mediu 44 cm, enquanto o segundo, do sexo feminino, pesou 2,85 kg e mediu 43 cm. Biópsia de ovário esquerdo na última cesariana: corpo lúteo hemorrágico de ová- Introdução: A síndrome de Turner (ST) é caracterizada por um complexo fenótipo e a perda completa ou parcial de um cromossomo sexual. Associa-se frequentemente à insuficiência ovariana, que pode levar à infertilidade. 5%-30% dessas pacientes apresentarão puberdade espontânea e 2%-7% poderão engravidar. Objetivo: Avaliar prevalência e idade de ocorrência da puberdade (espontânea ou não) e da menarca em pacientes com ST e sua relação com cariótipo. Metodologia: Estudo descritivo histórico, com revisão de prontuários de pacientes portadoras de ST. Descritos: cariótipo (agrupado em monossomia, mosaicismo e alteração estrutural de X); idades cronológica, de início puberal (aparecimento de mamas) e de menarca; desenvolvimento puberal (espontâneo ou não). Foram excluídas meninas com idade inferior a 8 anos. Consideraram-se ausência de desenvolvimento puberal: gonadotrofinas elevadas e ausência de desenvolvimento mamário após 13 anos. Resultados: 72 pacientes foram incluídas no estudo. Quanto ao cariótipo, 9 (12,5%) possuíam alterações estruturais; 22 (30,6%), monossomia e 41 (56,9%) eram mosaico. 19 (26,4%) evoluíram com puberdade espontânea; dessas, 1 (5,3%) apresentava monossomia e 18 (94,7%), mosaicismo. A idade da puberdade espontânea variou entre 8 e 16 anos (média 1,5a ± 2,23), com menarca em média aos 12,6a ± 2,05 (10a-18a). A idade média de indução de puberdade foi de 16a ± 3,54, com menarca em média aos 17a ± 2,64 (13,5-27a), p = 0,23. S27 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres Conclusão: A prevalência de puberdade espontânea encontra-se dentro da citada na literatura, ressaltando-se a ocorrência de uma paciente com monossomia nesses grupo, assim como outra paciente que apresentou puberdade na idade limite e com evolução rápida. A indução tardia de algumas meninas se deve ao atraso na busca pelo diagnóstico. P-096 ESTATURA FINAL EM PACIENTES COM SÍNDROME DE TURNER E SUA CORRELAÇÃO COM CARIÓTIPO E O USO DE RGH Pugliese B1, Bordallo APN1, Junior PAGA1, Coelho SCS1, Souza LC1, Aguiar MFA1, Souza MAR1, Beserra ICR1, Guimarães MM1 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1 Introdução: Na síndrome de Turner (ST), mais de 95% das crianças apresentam baixa estatura, e a estatura final (EF) está cerca de 20 cm abaixo da média da população feminina. É descrito que o uso do hormônio de crescimento recombinante (rGH) pode aumentar sua EF. Objetivo: Descrever a EF de pacientes com ST tratadas ou não com rGH e relacionar com o cariótipo. Métodos: Estudo retrospectivo histórico, com revisão de prontuário de pacientes com diagnóstico de ST pelo cariótipo que atingiram EF. Foram anotados EF, cariótipo (agrupado em monossomia, mosaicismo e alteração estrutural de X), idade de início e tempo de uso de rGH. Foram calculados as médias da altura e o escore z da EF nos dois grupos (rGH e não rGH) e comparados entre si pela ANOVA, sendo considerado significante o p < 0,05. Resultados: Das 51 pacientes, 7 usaram rGH. A média de idade de início e término do tratamento foi de 10,9 ± ... anos e 15,6 ± ... anos, respectivamente. Entre as que usaram rGH, a média de EF foi de 146,6 ± 5,4 cm (z = -2,53 ± 0,82), enquanto entre as que não usaram, a média foi de 144,4 ± 5,35 cm (z = -2,88 ± 0,81), com p = 0,30. Em relação ao cariótipo, 18 (35,2%) tinham monossomia, 27 (52,9%) eram mosaico e 6 (11,7%) tinham alteração estrutural de X. A EF nos três grupos foi de 146 ± 7,87 (z = -2,63 ± 0,75), 144 ± 5,18 (z = -2,94 ± 0,79) e 145,6 ± 8,08 cm (z = -2,69 ± 1,24), respectivamente, sem significância estatística. Conclusão: A EF das pacientes agrupadas pelo uso ou não de rGH ou cariótipo foi semelhante. P-097 SÍNDROME DE TURNER COM CUTIS VERTICIS GYRATA ASSOCIADA À LESÃO CÍSTICA CENTRAL Balancieri ABS1, Barros MCFC1 1 Universidade Estadual de Maringá (UEM) Introdução: A síndrome de Turner é caracterizada pela presença de um cromossomo X e perda total ou parcial do segundo cromossomo sexual. Apresenta fenótipo variável e o diagnóstico é confirmado com o cariótipo. Descrição do caso: Recém-nascida IMS, feminina, idade gestacional de 40 semanas, cesariana por cardiotocografia comprimida e malformações detectadas pela ultrassonografia obstétrica. Nasceu com Apgar 8/9, peso: 3.875 g, comprimento: 48,5 cm, perímetro cefálico: 35,5 cm, perímetro torácico: 36 cm. Exame físico: orelhas rodadas de implantação baixa, pescoço curto, pele redundante em pescoço, cabelos de implantação baixa, hipertelorismo mamário e linfedema de mãos e pés. Em crânio, observada uma deformidade na região de sutura sagital, com reentrâncias do couro cabeludo, e em região central uma lesão cística de aproximadamente 2 cm. Suspeita de síndrome de Turner com cutis verticis gyrata e lesão de consistência cística central, podendo corresponder a encefalocele. Tomografia de crânio: normal. Cariótipo: 45,X. A lesão cística central involuiu espontaneamente e se desprendeu, permanecendo as reentrâncias de couro cabeludo em forma de giros com uma depressão central associada à alopecia. Comentários: Síndrome de Turner com cutis verticis gyrata não é uma alteração clínica frequente. A lesão cística associada a essa alteração de couro cabeludo está sendo descrita pela primeira vez. É importante realizar exame de imagem como a tomografia de crânio para descartar outras malformações do sistema nervoso central. A identificação da síndrome de Turner ao nascimento é importante para o endocrinoloS28 gista, pois possibilita seguir sua velocidade de crescimento e instituir tratamento com hormônio de crescimento em idade precoce. P-098 RELATO DE CASO: NÓDULO DE TIREOIDE APÓS USO DE HORMÔNIO DE CRESCIMENTO EM SÍNDROME DE TURNER Wisniewski ED1, Langer SS1, Hendges C1, Leivas AFG1, Schmidt RC1, Leite JPS1 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) Introdução: A síndrome de Turner (ST) é uma desordem congênita, caracterizada por um fenótipo de baixa estatura e infantilismo sexual, e afeta 0,02% das nascidas vivas. A baixa estatura e a disgenesia gonadal são responsáveis pelas alterações psicológicas encontradas nessas meninas. O uso do hormônio de crescimento sintético (GH) foi liberado em 1996 para tratamento da baixa estatura na ST. Relato de caso: CLC, 18 anos, portadora de ST, cariótipo 46 XX del (X) (pter->q13). Atendida com 14 anos com queixa de baixa estatura e história de diagnóstico de ST aos 13 anos. Ao exame físico, estatura de 138 cm, 46 kg de peso, implantação capilar baixa, pescoço curto e estágio de maturação sexual M1P3. Exames laboratoriais: IGF-1 180 ng/ mL,T4L 1,09 ng/dL, TSH 3,1 µUl/mL, IO 11 para 12 anos. Após esses exames, iniciou-se terapia com GH na dosagem de 0,15 UI/ kg/dia e, com 1 ano de tratamento, paciente apresentou crescimento de 7 cm. A dose de GH foi reduzida para 0,12 UI/kg/dia. Após 18 meses de tratamento, apresentou nodulação em tireoide e punção aspirativa evidenciou lesão coloide. O tratamento com GH foi suspenso (estatura final 151 cm). O nódulo aumentou 0,5 cm em seis meses e a paciente sofreu hemitireoidectomia. Não apresentou desenvolvimento de novos nódulos no acompanhamento, sendo então iniciada reposição com estrógenos. Comentários: O tratamento com GH na ST apresenta resultados satisfatórios. No entanto, os efeitos a longo prazo do tratamento ainda estão em observação, já que o GH possui efeitos ainda desconhecidos e relação com algumas neoplasias. P-099 SÍNDROME DE TURNER: O DESAFIO DO DIAGNÓSTICO CLÍNICO Trolezi FP1, Chaia CN1, Lima CCS1, Ribeiro MM1, Canteiro D1, Garcia FE1, Lene G1, Siviero-Miachon AA1, Castro AMS1 1 Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Objetivo: Analisar o perfil dos encaminhamentos das pacientes com diagnóstico confirmado de síndrome de Turner (ST) para um serviço de Endocrinologia Pediátrica. Metodologia: Análise retrospectiva de 108 pacientes com diagnóstico de ST confirmado por meio do cariótipo (54,6% 45X0). Avaliaram-se idade na primeira consulta, motivo do encaminhamento, presença baixa estatura e estigmas, além da especialidade que encaminhou a paciente ao serviço de referência. Resultados: As pacientes foram encaminhadas com [média ± DP] 8,5 ± 4,2 anos, variando idade de 1 mês a 17 anos e 11 meses. Das pacientes analisadas, 100/108 (92,6%) apresentavam dois ou mais estigmas clínicos na primeira consulta, sendo esse o motivo do encaminhamento em 14/108 (12,9%), sendo mais frequentes: implantação baixa cabelo, cúbito valgo e palato ogival. 51/108 (47,2%) pacientes foram encaminhados por pediatras, 22/108 (20,3%) geneticistas, 11/108 (10,2%) outros endocrinologistas, 5/108 (4,7%) neonatologistas, 2/108 (1,85%) ginecologistas, 1/108 (0,92%) reumatologistas e 16/108 (14,9%) não constava informação. Das pacientes encaminhadas pelo pediatra, 31/108(60,7%) foram por baixa estatura e 7/108 (13,7%) por presença de estigmas. Entretanto, dessas encaminhadas por baixa estatura, em 29/31 (93,5%) foi confirmada a presença de (dois ou mais) estigmas na primeira consulta no serviço de referência. A presença de estigmas (que não a baixa estatura) foi o motivo principal do encaminhamento pelos geneticistas; desses apenas 15/22 (68,1%) apresentavam confirmação diagnóstica por meio do cariótipo. Conclusão: A principal causa de encaminhamento pediátrico foi a baixa estatura, mesmo associada a outros estigmas da ST. Os estigmas são pouco valorizados, dependendo do profissional que encaminha, e TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres o motivo do encaminhamento muitas vezes caracteriza a área de atua­ ção do profissional encaminhador. Dessa forma, é necessário melhor conhecimento da patologia para realização do diagnóstico precoce no meio médico, valorizando sinais clínicos além da baixa estatura. p = 0,008) e VC/IGF1 DP, p < 0,001) foi menor na ST. Conclusão: As pacientes com ST apresentaram uma VC discretamente mais baixa, apesar de concentrações mais altas de IGF1, sugerindo sensibilidades maior ao GH e menor ao IGF1 do que o grupo com BEI. P-100 CARCINOMA PAPILÍFERO DE TIREOIDE EM PACIENTE COM SÍNDROME DE TURNER TRATADA COM GH RECOMBINANTE P-102 COMPARAÇÃO DA ALTURA FINAL DE PACIENTES COM SÍNDROME DE TURNER (ST) TRATADAS COM HORMÔNIO DE CRESCIMENTO RECOMBINANTE HUMANO (RHGH) VS. NÃO TRATADAS Spreuwers L1, Câmara L1, Bittencourt A1, Cahet I1, Souza L1, Gomes J1, Cruz T1 Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) – Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1 Introdução: Estudos recentes têm sugerido a possibilidade de correlação entre eixo o GH/IGF-I na patogênese de neoplasias. Descreve-se o caso de uma paciente com carcinoma papilífero de tireoide que fez uso de GH recombinante para baixa estatura relacionada à síndrome de Turner. Descrição do caso: MGB, 18 anos, acompanhada no ambulatório de endocrinologia desde os 6 anos de idade por baixa estatura. Ao exame físico apresentava fenótipo de síndrome de Turner e percentil < 5 para altura e peso. Cariótipo demonstrou monossomia de cromossomo X com suspeita de material originário do cromossomo Y. Sugeriu-se a realização de pesquisa de SRY e, em virtude da não disponibilidade do exame, a paciente foi encaminhada para ooforectomia bilateral. O tratamento com GH recombinante foi iniciado aos 8 anos de idade e foi suspenso após oito anos de uso por idade óssea avançada. Em 2009, notou-se nódulo em lobo esquerdo da tireoide. US de tireoide demonstrou nódulo medindo 1,0 X 0,7 cm. PAAF suspeita de malignidade. Foi encaminhada para tireoidectomia total. O anatomopatológico revelou carcinoma papilífero de tireoide. Estadiamento T3N1M0. Fez iodoterapia e atualmente está em acompanhamento. Comentários: Relatou-se o caso de uma paciente com síndrome de Turner e carcinoma papilífero de tireoide detectado após tratamento com GH recombinante. Estudos prévios apontam possível associação do tratamento com GH e risco de câncer. Novos estudos são necessários para determinar se existe associação do uso de GH com carcinoma papilífero de tireoide. P-101 MAIOR SENSIBILIDADE AO RHGH E MENOR SENSIBILIDADE AO IGF1 DAS PACIENTES COM SÍNDROME DE TURNER (ST) QUANDO COMPARADAS ÀS COM BAIXA ESTATURA IDIOPÁTICA (BEI) TRATADAS COM A MESMA DOSE DE RHGH Scalco R1, Braz A1, Malaquias A1, Mendonça B2, Jorge A1, Arnhold I1 Braz A1, Scalco R1, Malaquias A1, Júnior GG2, Antonini S3, Baldin A2, Mendonça B5, Arnhold I5, Jorge A1 1 Unidade de Endocrinologia Genética – Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM/25), Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 2 Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas (Unicamp), 3 Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), 4 Universidade de São Paulo (USP), 5 Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento, Disciplina de Endocrinologia da FMUSP Objetivo: Avaliar o efeito do tratamento com rhGH na altura final de pacientes com ST. Metodologia: Comparar a altura final de 182 pacientes com ST (73 tratadas com rhGH e 109 não tratadas) e de 133 mulheres controles. Resultados: Pacientes tratadas iniciaram rhGH (48 µg/kg/d) com idade cronológica (IC) 11 ± 3 anos(a), idade óssea 9 ± 3a, Z altura -3,0 ± 0,9 e foram tratadas por 5 ± 2a. A reposição estrogênica foi iniciada com IC 14,4 ± 2a, após 3,6 ± 2,2a de terapia com rhGH. A idade ao início da puberdade e a proporção de pacientes com puberdade espontânea (16%) foram semelhantes entre pacientes tratadas e não tratadas. A altura final das pacientes com ST tratadas foi de 151 ± 5 cm e das não tratadas 142,7 ± 7 cm. As pacientes com ST ficaram significativamente menores que as do grupo controle (165,1 ± 5 cm, p < 0,001), mas as tratadas apresentaram ganho de altura médio de 8,3 cm (IC 95% 4-13 cm) em relação às não tratadas. O Z altura corrigido para altura-alvo (Z altura – Z AA) foi -0,1 ± 0,7 no grupo controle, -1,0 ± 1,0 no grupo ST tratado e -2,7 ± 1,0 no grupo ST não tratado. As variáveis IC no início da puberdade (p < 0,001), Z altura pré-tratamento (p < 0,001), Z IMC (p = 0,022), delta Z altura no primeiro ano de rhGH (p = 0,006) e AA (p = 0,015) explicaram 66% da variabilidade da altura final. Conclusão: Apesar do início tardio da terapia com rhGH na nossa coorte de ST, as pacientes tratadas apresentaram importante ganho de altura atribuível ao tratamento. A reposição de estrógeno tardia associada com doses elevadas de rhGH poderiam explicar o bom resultado observado neste estudo P-103 RELATO DE CASO – SÍNDROME DE MAYER-ROKITANSKYKUSTER-HAUSER Unidade de Endocrinologia Genética – Laboratório de Hormônios e Genética Molecular (LIM 25), Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), 2 Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento, Disciplina de Endocrinologia da FMUSP 1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) – Universidade Federal da Bahia (UFBA). Objetivo: Comparar as concentrações de IGF1 e velocidade de crescimento (VC) de meninas com ST e com BEI após o primeiro ano de tratamento com rhGH. Material e métodos: Estudo retrospectivo com 71 pacientes com ST e 30 meninas com BEI tratadas com rhGH (dose 48 ± 8 µg/kg/dia, em ambos os grupos). Resultados: O grupo com ST iniciou tratamento com 10,7 ± 3,9 anos, idade óssea (IO) de 8,5 ± 3,1 anos, Z IMC 0,6 ± 1,1, Z altura de -3,1 ± 1,3, VC pré-tratamento de 4,4 cm/ano e Z IGF1 -0,3. O grupo de meninas com BEI iniciou a terapia com rhGH com 9,1 ± 3,2 anos, IO 7,5 ± 2,9 anos, Z IMC -0,8 ± 1,5 , Z altura 3,4 ± 0,9, além de VC pré-tratamento de 5,2 cm/ano e Z IGF1 -0,8 ± 1,5. As pacientes com ST apresentaram menor VC inicial (p = 0,04), maior Z IMC (p < 0,001), porém não houve diferença nos outros parâmetros, inclusive Z IGF1. Ao final do primeiro ano de tratamento, as pacientes com ST apresentaram menor VC (7,2 ± 1,8 vs. 8,2 ± 1,9 cm/ano, p = 0,011) e maiores concentrações de IGF1 (1,9 ± 3,1 vs. 0,6 ± 1,1 DP, p = 0,022). Z IGF1³ 2 após rhGH foi observado em 24 com ST e 3 com BEI, p = 0,026, mas não houve diferença da VC destas com aquelas do mesmo grupo com ZIGF1 < 2. A razão de sensibilidade ao IGF1 (VC/IGF1 percentil, Introdução: A síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser ou associação MURCS consiste na agenesia ou disgenesia, durante a embriogênese, da porção mulleriana da vagina e do útero. Ocorre em 1/4.000-10.000 mulheres e o diagnóstico geralmente é feito a partir da queixa de amenorreia primária ou de tentativas frustradas de se estabelecerem coitos. Frequentemente está associada a anomalias do trato urinário e do esqueleto. Relata-se o caso de uma paciente com essa síndrome. Descrição do caso: DCJ, 14 anos, feminina, afrodescendente, nascida em 26/12/1991, encaminhada ao serviço de Endocrinologia do HUPES por causa de amenorreia primária. US e TC de pelve demonstraram ausência de útero e dos 2/3 superiores da vagina. Exames de 9/4/2005: FSH: 5,83 mUI/ml (1,6-17), LH: 2,57 mUI/ml (111,4), estradiol: 82,63 pg/ml (43,8-211), prolactina: 27,78 ng/ml (6-29,9). US transretal de 6/12/2005 demonstrou ausência ecográfica de genitália interna e de eco vaginal e uma tumoração cística anexial D. O exame físico demonstrou fenótipo feminino, M5P4 de Tanner, com alopecia areata. Em janeiro de 2006 foi submetida à ooforectomia D. Anatomopatológico demonstrou teratoma cístico maduro. Radiografia de coluna e US de rins e vias urinárias realizados em 2007 não 1 Spreuwers L1, Bittencourt A1, Cruz T1, Cahet I1, Souza L1, Gomes J1, Britto M1 S29 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres demonstraram anormalidades. Atualmente em acompanhamento. Comentários: A síndrome de Rokitanski é diagnosticada principalmente por meio da clínica e os exames complementares selam o diagnóstico. Deve ser afastada na investigação de amenorreia primária em pacientes com caracteres sexuais secundários normais. P-104 DISPLASIA SEPTO-ÓPTICA: RELATO DE CASO Almeida L1, Soares A1, Bonatti R1 1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) A distribuição limítrofe da excreção urinária de iodo, associada aos níveis de iodo no sal, sugere a necessidade de novos estudos que visem ao monitoramento da carência iódica e à prevenção de suas consequências no município. P-106 PERFIL NUTRICIONAL E FUNÇÃO TIREOIDIANA NA SÍNDROME DE DOWN Soares LL1, Lazaro APP2, Monteiro SHV1, Barros CJV1, Souza MAR1, Beserra ICR1, Guimarães MM1 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2 Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) – UFRJ 1 Introdução: Displasia septo-óptica (DSO) ou síndrome de De Morsier é uma síndrome congênita rara, caracterizada pela tríade clínica que compreende a ausência de septo pelúcido, displasia congênita do nervo óptico e múltiplos defeitos endócrinos. Uma forma incompleta de DSO tem sido reconhecida com dois dos três elementos. Relato de caso: Lactente, sexo masculino, pré-natal adequado, parto sem intercorrências, evoluiu com hipoglicemia sintomática perinatal. No acompanhamento ambulatorial, identificaram-se atraso na aquisição dos marcos de desenvolvimento motor e nistagmo. Crises epilépticas generalizadas iniciaram aos 3 meses. Eletroencefalograma evidencia atividade epileptiforme rolândica direita. Ressonância magnética de encéfalo mostrou hipoplasia dos nervos ópticos e do quiasma óptico, hipoplasia da adenoipófise e da haste hipofisária e neuroipófise ectópica. Avaliação oftalmológica demonstrou hipoplasia bilateral de disco óptico. O perfil hormonal revelou hipopituitarismo. Comentários: O quadro neurológico associado a essa síndrome é extremamente variável e depende das estruturas afetadas (nervo óptico, parênquima cerebral, corpo caloso, lobo posterior da hipófise). A crise convulsiva foi resolvida com sucesso, entretanto a persistência do nistagmo foi interpretada como crise focal na emergência e depois se tornou o sinal clínico mais importante para o diagnóstico sindrômico pelos especialistas (oftalmologia e neuropediatria). Os distúrbios hormonais, excetuando-se a hipoglicemia perinatal, não foram inicialmente relevantes para o diagnóstico sindrômico. É imprescindível o seguimento multidisciplinar nesses casos. As deficiências hormonais podem aparecer mais tardiamente, necessitando de rastreios periódicos, e neste caso foi detectada precocemente. A reposição hormonal realizada precocemente reverte uma situação potencialmente grave, evitando sequelas importantes ou permanentes. P-105 DEFICIÊNCIA SUBCLÍNICA DE IODO E FATORES ASSOCIADOS, EM PRÉ-ESCOLARES DE UM MUNICÍPIO DO SEMIÁRIDO MINEIRO, 2008 Macedo MS1, Teixeira RA1, Bonomo E2, Silva CM2, Silva ME2, Sakurai S3, Dias VMA3, Lamounier JA3 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), 2 Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), 3 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 1 Objetivos: Avaliar a prevalência de deficiência de iodo entre crianças em idade pré-escolar residentes no município de Novo Cruzeiro/MG. Metodologia: Foram analisadas 475 crianças alocadas por amostragem estratificada em duas etapas, com idades entre 6 e 71 meses, em relação às concentrações de iodo no sal de consumo familiar e excreção urinária de iodo. Resultados: Observou-se prevalência de aporte insatisfatório de iodo veiculado pelo sal em 14,4% dos domicílios investigados. A excreção deficiente de iodo urinário verificada foi de 34,4%. Desses, 23,5% apresentaram valor inferior a 100 µg/L, caracterizando deficiência leve, 5,9% permaneceram entre 20 e 49,9 µg/L (deficiência moderada) e 5% encontravam-se abaixo de 20 µg/L (deficiência grave). Diferença significante na distribuição da deficiência de iodo urinário foi constatada entre o meio urbano e o rural (p < 0,001), registrando-se concentrações medianas de iodúria de 150,8 e 114,3 µg/L, respectivamente. Ainda, observou-se alta proporção de deficiência de iodo entre crianças cujo teor de iodo no sal de consumo encontrava-se abaixo da recomendação. Conclusão: A deficiência de iodo entre pré-escolares de Novo Cruzeiro não constitui problema de saúde pública, segundo critério estabelecido pela OMS, embora apresente prevalência ainda bastante expressiva. S30 Objetivo: Descrever o perfil nutricional e a função tireoidiana de crianças e adolescentes portadores de síndrome de Down. Metodologia: Estudo transversal de 94 pacientes com síndrome de Down, 40 meninas e 44 meninos, com 12,3 ± 3,8 (4,7 a 18,9) anos de idade. Foram avaliados quanto à classificação nutricional (OMS) e à função tireoidiana por idade e sexo. Correlacionou-se classificação nutricional com disfunção tireoidiana e níveis de TSH e T4L. Testes estatísticos aplicados consideram como significância estatística p < 0,05, com intervalo de confiança de 95%. Resultados: 43 pacientes (20 meninas e 23 meninos) foram classificados pelo índice de massa corporal como eutróficos, 19 (8 meninas e 11 meninos) como sobrepeso, 17 (8 meninas e 9 meninos) como obesidade e 3 meninas como baixo peso. Foram encontrados 3 pacientes com hipotireoidismo (1 menina e 2 meninos), 39 com hipotireoidismo subcínico (20 meninas e 19 meninos), 3 com hipertireoidismo (2 meninas e 1 menino) e 39 pacientes sem disfunção tireoidiana (17 meninas e 22 meninos). Houve relação estatisticamente significativa entre aumento da idade e disfunção tireoidiana (p = 0,02). Não se encontrou correlação estatisticamente significativa entre níveis de TSH e T4L e classificação nutricional (p = 0,5 e 0,2, respectivamente). Conclusão: Na população estudada, o hipotireoidismo subclínico foi a desordem tireoidiana mais frequente e sua prevalência aumenta com a idade. A disfunção tireoidiana foi mais prevalente no sexo feminino e sem relação com a classificação nutricional em ambos os sexos. P-107 DOENÇA DE GRAVES – A AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Lima C1, Dias VM1, Rassi T1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) A doença de Graves (DG) é uma afecção autoimune que leva à secreção autônoma do hormônio da tireoide por causa da estimulação dos receptores de TSH pelo anticorpo antirreceptor do TSH (TRAB). A hipersecreção de TSH pela estimulação contínua pelo TRAB resulta em produção excessiva de T3 e T4. O tratamento da DG é realizado com drogas antitireoidianas (DAT), iodo radioativo (I¹³¹) e cirurgia. As reações adversas às DAT são mais comuns em crianças que em adultos. O tratamento com I¹³¹ é controverso. Embora esteja associado à alta taxa de cura da doença, a segurança em longo prazo ainda não foi estabelecida. Objetivos: Avaliar o tratamento da DG com DAT e I¹³¹. Casuística e métodos: Foi realizada revisão de prontuário de 10 pacientes com DG, entre 8-15 anos de idade, em acompanhamento no Hospital das Clínicas da UFMG. Utilizado quimiluminescência para dosar TSH, T4, ATPO e radioimunoensaio para dosar TRAB. Resultados: Dentre os 10 pacientes apenas 1 era do sexo masculino. Todos se apresentavam sintomáticos ao diagnóstico e com alterações nos níveis de TSH (suprimido < 0,42) e T4L (elevado > 2,19). Dos 10 pacientes que iniciaram tratamento com DAT, 1 apresentou remissão da doença, 1 ainda se encontra em uso e 8 realizaram I¹³¹ (dose 8-12 mCi), por causa de efeitos colaterais (2/10) ou falência terapêutica (6/10). Desses, apenas 2 não receberam dose ablativa de I¹³¹, porém encontram-se em remissão. Conclusão: O I¹³¹ mostrou-se uma boa opção terapêutica em todos os pacientes que tiveram indicação. TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres P-108 AVALIAÇÃO TARDIA DA FUNÇÃO TIREOIDIANA EM AMOSTRA DE CRIANÇAS COM HIPERTIREOTROPINEMIA NO PERÍODO NEONATAL NÃO DIAGNÓSTICA DE HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Tyszler LS1, Satake F1, Barone B1, Meirelles R1, Leite DB1, Neto VP1 1 Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) Objetivo: Avaliar prevalência de hipotireoidismo subclínico em crianças com passado de hipertireotropinemia neonatal. Métodos: Realizada análise retrospectiva de 26 crianças entre 33-52 meses de idade atendidas no Programa Triagem Neonatal IEDE entre 2005 e 2006, com TSH alterado em filtro > 10 mUI/L, mas com TSH confirmatório em soro entre 6,0-9,9 mUI/L. Método: Foi realizada avaliação clínica, com realização de medição em estadiômetro vertical, pesagem em balança digital e exame clínico da tireoide, para pesquisa de bócio. Além disso, foi feita também uma avaliação neuropsicomotora das crianças em questão, por psicólogas do programa para pesquisa de atraso cognitivo e adequação de desenvoltura motora nos menores que ingressaram no trabalho. Todas as crianças estudadas foram submetidas a dosagem sérica de T4 livre, TSH, tireoglobulina e antiTPO, além de ultrassonografia tireoidiana. As crianças que apresentaram TSH acima de 6,0 mUI/L foram então convocadas para realização de avaliação complementar com cintilografia de tireoide e teste do perclorato. Resultados: A normalização do TSH foi estatisticamente significante (p < 0,0001), 26,9% mantiveram TSH entre 6,0-9,9 mUI/L e não houve prevalência maior de atraso de desenvolvimento ou de crescimento. O T4 livre foi normal e o antiTPO foi negativo em todas as crianças. Teste do perclorato foi realizado no grupo com TSH > 6,0 mUI/L com achado de índices de queda compatíveis com defeito de organificação parcial. Conclusão: Considerando o maior risco de desenvolvimento de hipotireoidismo subclínico nessa população, recomenda-se monitorização da função tireoidiana até sua normalização. P-109 DOENÇA TIREOIDIANA AUTOIMUNE EM ADOLESCENTE COM SÍNDROME DE DOWN: EVOLUÇÃO INCOMUM Bomfim RJ1, Calland I1, Rayol MA1, Guimarães MM1 Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 1 Introdução: Hipotireoidismo subclínico é a alteração tireoidiana mais frequente na síndrome de Down (SD). Objetivo: Relatar evolução incomum de hipotireoidismo subclínico para hipertireoidismo subclínico e, posteriormente, hipotireoidismo primário em paciente com SD. Metodologia: Relato de caso – Paciente masculino, 14,08 anos de idade, portador de SD, assintomático, encaminhado pela Genética ao ambulatório de Endocrinologia, por causa de alteração nos hormônios tireoidianos. Feito diagnóstico de hipotireoidismo subclínico com anticorpo antiTPO positivo. No seguimento, evoluiu com hipertireoidismo subclínico e positivação do TRAb. Aos 15,3 anos de idade, observou-se bócio ao exame físico (volume: 2x). Avaliação laboratorial confirmou hipotireoidismo primário. Iniciado tratamento com levotiroxina sódica. Evolução laboratorial da função tireoidiana em paciente com SD: 14,08 anos - TSH (VR: 0,4-4,2): 8,67 mcUI/ml; T4 livre (VR: 0,72,0): 0,96 ng/dl. 14,16 anos - TSH: 0,05 mcUI/ml; T4 livre: 1,81 ng/dl; Anti-TPO (VR < 35 UI/ml): 55,5 UI/ml; Anti-TG (VR < 40 UI/ml ): < 20 UI/ml. 14,25 anos - TSH: 0,02 mcUI/ml; T4 livre: 1,93ng/dl. 14,5 anos - TSH: 0,05 mcUI/ml; T4 livre: 1,99 ng/dl; TRAb (+: > 0,7 mUI/ml): 28,9 mUI/ml. 15,0 anos - TSH: 33,78 mcUI/ml; T4 livre: 0,76 ng/dl. 15,25 anos - TSH: 100 mcUI/ml; T4 livre: 0,61 ng/dl. Conclusão: Trata-se de uma evolução incomum de doença tireoidiana autoimune em paciente com SD. P-110 ALTERAÇÕES TIREOIDIANAS EM PACIENTES COM SÍNDROME DE DOWN (SD) Junior IH1, Pastina JCL1, Matheus TA1, Hertz MT1, Bermudez BEV2, Marques-Pereira R1, Lacerda L1, Nesi-França S1 1 Unidade de Endocrinologia Pediátrica – Departamento de Pediatria – Universidade Federal do Paraná (UFPR), 2 Ambulatório de Síndrome de Down – Departamento de Pediatria – UFPR Doenças tireoidianas são frequentes em pacientes com SD, variando de 20% a 66% nos diferentes estudos. O tratamento inadequado pode piorar o crescimento e o desenvolvimento cognitivo desses pacientes. Objetivos: Avaliar as características das doenças tireoidianas em uma amostra de pacientes com síndrome de Down atendidos em um serviço de referência em Endocrinologia Pediátrica. Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo, de 72 pacientes com SD atendidos de janeiro a julho de 2010. Foram avaliados parâmetros antropométricos, sintomas clínicos, exames complementares (TSH, T4, anticorpos antitireoidianos, cintilografia e ecografia de tireoide) e diagnóstico. Considerou-se hipotireoidismo confirmado TSH > 10 mU/L. Resultados: 41/72 dos pacientes eram do sexo masculino. Quatro pacientes eram eutireoidianos. Doença de Graves foi diagnosticada em cinco pacientes, todos do sexo feminino, com idade média (IM) ao diagnóstico de 8 anos. Quinze pacientes eram portadores de hipotireoidismo congênito (HC), com diagnóstico de disormonogênese em 40% e disgenesia tireoidiana em 20%. Em 48 pacientes, o diagnóstico foi de hipotireoidismo adquirido (HA), 29 (60,5%) sem etiologia definida e 19 (39,5%) com tireoidite de Hashimoto (TH). Dos pacientes com HA sem etiologia definida, 22 (75,8%) apresentavam HA subclínico (IM de 5a) e 7 (24,2%) apresentavam HA confirmado (IM de 7a). Dentre os pacientes com TH, 16 (84,2%) apresentavam HA confirmado (IM de 9,7a) e 3 (15,8%) apresentavam HA subclínico (IM de 6,2a). Conclusão: O hipotireoidismo é uma endocrinopatia frequente nos pacientes com SD, sendo o hipotireoidismo subclínico a alteração mais observada. Entre os pacientes com HC a disormonogênese é a causa mais prevalente. P-111 ALTERAÇÃO DA FUNÇÃO TIREOIDIANA EM PACIENTE COM TIREOIDITE AGUDA SUPURATIVA: RELATO DE CASO Dinato CA1, Ramos CO1, Filho HCM1, Leal AJG1, Kuperman H1, Manna TD1, Dichtchekenian V1, Setian N1, Damiani D1 1 Instituto da Criança – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICR-HCFMUSP) Introdução: A tireoidite aguda supurativa representa causa rara de doença inflamatória da tireoide. Descrição de caso: Menina de 10 anos avaliada por aumento da região cervical anterior e dor local há uma semana. A paciente havia sido submetida à ressecção de cisto tireoglosso há cinco anos. Inicialmente, o ultrassom (US) evidenciou aumento de tireoide e imagem cística em polo inferior esquerdo, e a avaliação laboratorial da função tireoidiana foi normal. Após uma semana, a paciente foi reavaliada por odinofagia, piora da dor em região cervical e febre (até 38,5°C). Nesse momento, o US da tireoide revelou coleção, confirmada pela tomografia. A avaliação laboratorial identificou leucocitose (18.700/mm3), elevação dos exames de fase aguda (PCR = 90,6 mg/L; normal < 5; VHS = 30 mm; normal: 0-20) e alteração da função tireoidiana, com supressão do TSH (0,04 mcU/ mL; normal: 0,6-5,4) e elevação do T4 livre (2,24 ng/dL; normal: 0,7-1,5) e da tireoglobulina (933 ng/mL; normal: 1,7-35). A paciente foi tratada com oxacilina endovenosa e posteriormente com ciprofloxacino oral, com boa evolução. Não houve necessidade de abordagem cirúrgica. Comentários: Embora rara, a tireoidite aguda supurativa deve ser suspeitada diante de sinais e sintomas inflamatórios afetando a região cervical. A agressão dos folículos tireoidianos pela infecção pode mimetizar as alterações laboratoriais observadas no hipertireoidismo. P-112 PREVALÊNCIA DE NÍVEIS DE HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TIREOIDE ELEVADOS COM NÍVEIS DE TIROXINA LIVRE DENTRO DOS VALORES DE NORMALIDADE EM CRIANÇAS OBESAS PRÉ-PÚBERES Gazolla FM1, Bodallo MAN2, Madeira IR2, Muniz BM3, Carvalho CNM3, Borges MA1, Mendes CS1, Souza FM1, Oliveira YILA2, Medeiros CBM2 Unidade Docente Assistencial (UDA) de Endocrinologia – Hospital Universitário Pedro Ernesto – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 2 UDA de Endocrinologia – Departamento de Pediatria – Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – UERJ, 3 Departamento de Nutrição Aplicada do Instituto de Nutrição da UERJ 1 Objetivo: A literatura médica tem alertado para a alta prevalência de níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH) elevados na presença de tiroxina livre (T4l) com níveis dentro da normalidade em S31 TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres crianças obesas. O objetivo deste trabalho é determinar a prevalência de níveis de TSH elevados na presença de T4l com níveis dentro da normalidade num grupo de crianças obesas pré-púberes. Metodologia: Sessenta e oito crianças obesas pré-púberes (32 meninos e 36 meninas), com média de idade de 94,29 ± 13,15 meses, em avaliação inicial para acompanhamento clínico e nutricional, tiveram dosados o TSH e o T4l. Nas que apresentaram elevação de TSH, realizaram-se avaliação clínica direcionada para os aspectos relacionados às doenças de tireoide, dosagem de anticorpo antitireoperoxidase e ultrassonografia (US) de tireoide. Foi calculada a prevalência de alteração dos níveis de TSH. Resultados: A prevalência de níveis de TSH elevado foi de 16,2% (11 crianças) e todas apresentaram T4l dentro da normalidade, ausência de bócio ou sinais de disfunção tireoidiana, autoimunidade negativa e US de tireoide normais. Conclusão: Elevações do TSH com os níveis de T4l dentro da normalidade em crianças obesas sem sinais de disfunção tireoidiana e com autoimunidade negativa foram descritas em estudos na Alemanha, Israel e USA. Algumas hipóteses fisiopatológicas vêm sendo aventadas. A adiposidade, levando ao aumento da leptina e da produção de citocinas inflamatórias e à resistência insulínica, causaria resistência ao hormônio tireoidiano em crianças obesas. A instituição de qualquer tratamento com levotiroxina só deve ser indicada em função de uma avaliação clínica e laboratorial minuciosa, incluindo US de tireoide. P-113 TIREOIDITE DE HASHIMOTO E ALOPÉCIA AERATA: O ACOMPANHAMENTO COMO POLIENDOCRINOPATIA AUTOIMUNE Azevedo AEBI1, Neto ABA1, Castro A1, Rabelo A1, Paiva GG1, César J1 1 Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), Faculdade de Ciências Médicas/ Universidade Federal de Mato Grosso (FCM/UFMT), Departamento de Pediatria, Ambulatório de Pediatria Geral Doenças autoimunes têm importância cada vez maior na pediatria/ adolescência. A tireoidite linfocitária crônica/tireoidite de Hashimoto (TH) apresenta-se como a mais frequente doença da tireoide nessa faixa etária, predominando em meninas (8:1). A TH pode estar associada a outras doenças autoimunes como diabetes melito tipo I (DMI) e/ou doença de Addison e, entre outras, com alopécia aerata (AA). Associação de duas ou mais doenças autoimunes órgão-específicas caracteriza as poliendocrinopatias autoimunes (APS), nas quais pode haver uma evolução progressiva de órgãos acometidos. A importância do relato deste caso (apresentado no último congresso) é destacar e alertar sobre acompanhamento como APS. MEGA, 6 anos, feminina, iniciou há cinco anos queda de fâneros, em couro cabeludo e MMII. Evoluiu com cansaço após grandes e médios esforços e sensação de frio exacerbado. No ano seguinte, queda do rendimento escolar, sonolência, desânimo. Em janeiro de 2009 procurou nosso serviço com palidez cutânea, pele fria com preservação da perfusão, extremidades frias e ressecadas, hipoatividade e aumento difuso da tireoide, móvel à deglutição, consistência firme/elástica, ausência de sinais flogísticos e adenomegalias. TSH > 100 Uui/MI. T4 livre < 0,4 ng/Dl. Ac antimicrossomal 792 UI/ML. Portanto, TH associada à AA. Introduzida levotiroxina com boa evolução clínica e retorno dos cabelos em seis meses. Atualmente, vem apresentando alopécia, esporadicamente, devido a stress familiar, concomitantemente com alterações laboratoriais TSH/T4 (reajustando dose). Outros anticorpos para tecidos específicos foram investigados. APS têm largo espectro de apresentação, e outras endocrinopatias órgão-específicas podem estar latentes. TH e/ou AA podem ser manifestação inicial, recomendando-se investigação adicional e acompanhamento clínico a longo prazo. Atentamos: pacientes com AA para detecção precoce de bócio e aos sinais clínicos pouco específicos de hiper e hipotireoidismo, assim como para outras patologias autoimunes concomitantes. Estudos clínicos e epidemiológicos devem ser conduzidos com a finalidade de estabelecer relações concretas entre as doenças órgão-específicas e sistêmicas. S32 P-114 REPERCUSSÃO DOS AUTOANTICORPOS TIREOIDIANOS MATERNOS NA FUNÇÃO TIREOIDIANA DE RECÉM-NASCIDOS Marçal LV1, Dias VMA1, Goulart E1, Chagas AJ1 Serviço de Endocrinologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Medicina da UFMG 1 Objetivos: Avaliar a função tireoidiana de recém-nascidos filhos de mães com autoanticorpos antitireoidianos positivos. Metodologia: Estudaram-se 33 neonatos (32 triados pelo Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais, Brasil – PETN-MG), cujas mães apresentavam autoanticorpos tireoidianos positivos: antitireoperoxidase (ATPO) e/ou antirreceptor de TSH (TRAb). Mediram-se TSH em sangue total pelo método Elisa (VR < 10 mUI/L), TSH e T4 livre e ATPO séricos por quimioluminescência (VR = 0,3-5,6 µUI/mL, 0,60-1,24 ng/dL e < 35 UI/mL, respectivamente), TRAb por radioimunoensaio (normal < 10%). Os valores foram dados em mediana e valores mínimo e máximo. Resultados: Mães: exames laboratoriais: TSH 0,87 (0,01 a 9,4 µUI/mL) T4 livre: 1,24 (0,43 a 13,55 ng/ dL); ATPO: 131 (1 a 16.950 UI/mL); TRAb: 5 (1% a 97%). Cinco mães faziam uso na gestação de antitireoidianos para doença de Graves. Recém-nascidos: TSH em papel-filtro – triagem: 35,7 (0,6 a 200 mUI/L); TSH sérico: 116,48 (0,01 a 793,06 µUI/mL); T4 livre: 0,57 (0,1 a 1,41 ng/dL); ATPO: 39 (1 a 2.223 UI/mL); TRAb: 12 (1% a 99%). Cinco mães tinham o diagnóstico de hipertireoidismo autoimune, duas de hipotireoidismo autoimune e em 12 suspeitou-se de tireoidite pós-parto. Duas crianças apresentaram tireotoxicose grave por doença de Graves neonatal, mas de evolução transitória. A disfunção tireoidiana foi comprovadamente transitória em 13 das 33 crianças. Conclusão: Os resultados encontrados mostraram repercussões variadas na função tireoidiana de crianças filhas de mães com anticorpos positivos, demonstrando a importância de investigar doença autoimune materna. Dessa forma, pode-se tentar estabelecer o prognóstico e conduzir de maneira adequada os casos de pacientes com disfunção tireoidiana neonatal. P-115 PAPEL DA DOSAGEM DE TG NO LAVADO DE AGULHA DA PAAF DE ADENOMEGALIA CERVICAL NO DIAGNÓSTICO DE CA DE TIREOIDE: RELATO DE CASO Neto ABA1, Azevedo AEBI2, Azevedo MBI3 1 Centro de Especialidades Médicas – Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) – Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica, 2­ Faculdade de Ciências Médicas/Universidade Federal de Mato Grosso (FCM/UFMT) – Departamento de Pediatria, 3 Residente de Clínica Médica – Hospital Universitário Júlio Müller – FCM/UFMT Dez por cento dos cânceres de tireoide desenvolvem abaixo dos 21 anos e correspondem a 3% das neoplasias da infância, raros antes dos 10 anos, predominando nas meninas (2F:1M). São papilíferos em 90%, frequentemente bilaterais e multifocais. Prevalentes em regiões carentes de iodo, associados a doenças autoimunes da tireoide, elevação prolongada de TSH e exposição a radiações externas, 5% apresentam história familiar. O objetivo é considerar a importância de investigação de massas tumorais em região cervical na infância/adolescência e conduta adequada. Caso: Adolescente, 16 anos, procura o serviço em setembro/2009 com nodulação na região cervical anterior há oito meses, estável, usando levotiroxina 50 mcg. Nega história familiar de tireopatias. T4 livre: 1,14 ug/dl (0,7-1,8 ug/dl); TSH: 16.92 ui/ML (0,54.9 UUI/ml); AntiTPO: 374,3 UI/ml (< 60 UI/ml), tireoide visível, móvel à deglutição, aumentada de volume devido a nódulo único em 1/3 médio lóbulo direito, de 2,0 cm diâmetro, firme, indolor, sem adenomegalias cervicais. US: nódulo com 1,9 cm, hipoecogênico sem calcificações e adenomegalias. Janeiro/2010 PAAF: negativo. Eutireoidiana. Mantida levotiroxina. Após cinco meses apresenta adenomegalia cervical direita de 1,5 cm, firme, indolor, nódulo tireoidiano com 3 cm. US cervical de tireoide: adenomegalia cervical bilateral. PAAF de adenomegalia com dosagem de tireoidoglobulina: 2.404 ng/ml (< 1 ng/ml), confirmando metástase de carcinoma de tireoide. Realizada tiroidectomia total com esvaziamento ganglionar. Histopatológico: carcinoma papilífero. Estadiamento: pT3pN1pMx. Suspen- TRABALHOS CIENTÍFICOS – pÔsteres sa levotiroxina, encaminhada para radioiodoterapia, PCI e terapia de supressão. Comentário: A PAAF direcionada pela ultrassonografia é um importante método para avaliação de gânglio cervical suspeito. A dosagem de Tg no lavado de agulha de punção de linfonodo cervical tem demonstrado ser mais sensível que a citologia no diagnóstico de metástase cervical. Não é afetada pela presença de autoanticorpos antiTg circulantes, sendo também um procedimento de fácil realização. O bócio é uma doença complexa, principalmente na faixa etária pediátrica, em que o tipo mais comum é o bócio coloide. A PAAF está indicada em grande parte dos casos, porém é principalmente determinante da conduta na presença de células sugestivas de neoplasia. No caso dessa paciente, com bócio nodular, foi necessária uma investigação clínica e laboratorial mais completa, tanto para o diagnóstico diferencial como para a determinação da conduta terapêutica. P-116 DOENÇA DE PLUMMER EM ADOLESCENTE: RELATO DE CASO P-117 TIREOIDE LINGUAL: RELATO DE CASO Quites LV , Cunha PB , Cunha SB , Viana MFS 1 1 1 1 Quites LV1, Cunha PB1, Cunha SB1, Viana MFS1 1 1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Introdução: Os bócios são relativamente comuns na população como um todo, porém predominam em áreas iodo-deficientes e nos seguimentos mais velhos da população. A doença de Plummer ou bócio nodular tóxico representa a fase final de um bócio. Ela se desenvolve vagarosamente dentro da glândula, e os nódulos ganham autonomia com o passar do tempo. Plummer descreveu uma média de 17 anos para o bócio se tornar tóxico. Dessa forma, é rara a ocorrência da doença na criança e adolescente. Descrição do caso: Trata-se de adolescente do sexo feminino que aos 13 anos apresentava sintomas sugestivos de hipertireoidismo: extrassístoles, pele úmida, sudorese abundante em mãos, tremores finos de extremidade e aumento tireoidiano à ectoscopia e palpação, principalmente a custa do lobo esquerdo. Função tireoidiana mostrou T3 aumentado e TSH suprimido persistentemente. Ultrassom mostrando nódulo misto, de grande volume, em lóbulo esquerdo. Tireograma sugestivo de bócio nodular tóxico. Punção aspirativa (PAAF) sugestiva de bócio coloide. Resolução clínica e laboratorial após tireoidectomia parcial (retirada do lobo esquerdo). Comentários: Introdução: Ocorre devido à presença de tecido tireoidiano ectópico, consequente a uma falha na descida dele durante seu desenvolvimento embrionário. Pode ocorrer em qualquer local entre o forame cego e a epiglote, sendo lingual quando localizada sobre a língua. Rara, tem uma prevalência na população em geral de 1:100.000, sendo relatada uma frequência no sexo feminino quatro a oito vezes maior que no masculino. Descrição do caso: Trata-se de paciente do sexo feminino cujo diagnóstico foi feito por meio do encontro de lesão assintomática na base da língua, ao acaso, aos 2 anos de idade. Posteriormente, foi confirmado por dosagens hormonais, cintilografia e ultrassom. O tratamento foi somente clínico nos últimos seis anos e, mesmo assim, mostrou redução significativa da lesão clinicamente e em ultrassonografia. Comentários: Os sintomas obstrutivos são a principal forma de apresentação da tireoide lingual. Nos casos assintomáticos, o tratamento medicamentoso com acompanhamento clínico laboratorial e de imagem pode ser realizado. Esse caso vem demonstrando resultados satisfatórios no controle da função tireoidiana e na redução no tecido tireoidiano ectópico. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) S33