kassiano felipe rocha estágio supervisionado

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CÂMPUS PATO BRANCO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE AGRONOMIA
KASSIANO FELIPE ROCHA
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE PESQUISA NO MANEJO DA
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS NA REGIÃO
CENTRO-OESTE DO BRASIL
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
PATO BRANCO
2011
KASSIANO FELIPE ROCHA
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE PESQUISA NO MANEJO DA
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS NA REGIÃO
CENTRO-OESTE DO BRASIL
Relatório
de
Estágio
Curricular
Supervisionado,
Área
de
Solos,
realizado como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo do Curso de Agronomia da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Câmpus Pato Branco.
Prof Orientador: Dr. Luís César Cassol
PATO BRANCO
2011
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Pato Branco
Diretoria de Graduação e Educação Profissional
Curso de Agronomia
TERMO DE APROVAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE PESQUISA NO MANEJO DA
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS NA REGIÃO
CENTRO-OESTE DO BRASIL
por
KASSIANO FELIPE ROCHA
Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, Área de Solos, realizado como requisito parcial
para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo do Curso de Agronomia da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Pato Branco.
Prof. Dr. Luís César Cassol
UTFPR
Orientador
Profª. Drª Marta Helena Dias da
Silveira
Coordenadora de estágio da UFPR
Pato Branco, 04 de novembro de 2011
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus pela oportunidade e pela força para mais esta
conquista em minha vida.
À Josicléa Hüffner Arruda que sempre está ao meu lado, me ajudando
e dando afeto nos momentos em que mais preciso.
Aos meus pais Valdir Rocha e Dirce Gallo Rocha pelo carinho,
incentivo e confiança que em mim depositaram.
Às minhas irmãs Keili e Keula, meu irmão Kassio e demais familiares
pela força e apoio.
À Fundação MT, em especial ao Sandro Romão Viana por todo suporte
necessário para inicialização das atividades.
Aos pesquisadores do PMA em especial Eros Artur Bohac Francisco,
Claudinei Kappes e ao gestor Leandro Zancanaro, pela dedicação e
ensinamentos a mim dirigidos.
À toda “família Fundação MT/TMG/Unisoja” pelo apoio, pela bolsa
auxílio que foram fundamentais para o andamento das atividades.
Ao professor Dr. Luís César Cassol que sempre me orientou em minha
vida acadêmica me ensinando valiosos conhecimentos.
Aos meus amigos Eduardo Beche e Cristiano Lemes que me ajudaram
a chegar à Fundação MT.
Enfim, desejo expressar os mais sinceros agradecimentos a todas as
pessoas que, neste momento, imerecidamente não foram lembradas e aqui
não mencionadas, de uma forma ou de outra, sabem que contribuíram e
incentivaram a realização deste estágio.
Muito obrigado!
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estação experimental Cachoeirinha, Itiquira – MT, 2011...................7
Figura 2 - Estação experimental Santa Maria, Itiquira – MT, 2011......................7
Figura 3 - Identificação de amostras através de código de barras.....................9
Figura 4 - Sonda, espátula e marreta utilizadas para coleta de solo pela equipe
do PMA da Fundação MT (2011)...................................................10
Figura 5 - Caroço de algodão após o beneficiamento da pluma.......................12
Figura 6 - Máquina utilizada para análise de HVI pela BM&F..........................13
Figura 7 - Semeadura da soja na Estação Experimental Cachoeirinha.
Fundação MT (2011)......................................................................20
SUMÁRIO
1.0
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4
2.0
DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 5
2.1
Fundação MT, TMG e Unisoja................................................................ 5
2.2
PMA (Programa de Monitoramento de Adubação) .............................. 6
2.3
Análise de solo e planejamento das safras.......................................... 8
2.4
Módulo de treinamento 1 ..................................................................... 10
2.5
Atividade de planejamento da safra 2011/2012.................................. 14
2.6
Preparo de insumos e implantação de ensaios de pesquisa ........... 16
2.7
Módulo de treinamento 2 ..................................................................... 16
2.8
Semeadura da soja ................................................................................19
3.0
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 20
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21
4
1.0
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo,
destacando-se nessa produção as commodities soja e milho. Essas duas
culturas representam 81,5% da produção nacional de grãos, que está estimada
em 162,96 milhões de toneladas.
Além da produção de alimentos, o Brasil é um grande produtor de
algodão, com 3,0 milhões de toneladas de algodão em caroço na safra
2010/2011 (CONAB, 2011). Em nível mundial, o País é reconhecido pela alta
qualidade da pluma produzida, sendo superior a produzida em outros países.
Grande parte da produção de algodão, soja e milho, no Brasil, está
localizada na região Centro-Oeste, conhecida por apresentar extensas áreas
de produção agrícola. Um esforço vem sendo feito no sentido de se ampliar
ainda mais a produção agrícola nessa região. Porém, questões ambientais
estão “freando” esse impulso de expansão de área. Dessa forma, práticas de
aprimoramento das técnicas de produção das culturas são essenciais para que
se produza mais sem a necessidade de expansão de novas áreas.
O melhoramento genético é uma prática que pode promover
incrementos em produtividade e qualidade do produto com o desenvolvimento
de plantas com maior potencial produtivo, com resistência a pragas e doenças
e de melhor conversão dos nutrientes ofertados.
Outra prática de suma importância é o manejo adequado do solo, que
deve ser enfocado desde as práticas conservacionistas, como o manejo
adequado de pastagens e da rotação de culturas e também das práticas de
correção das características químicas, como calagem e adubação.
Diante desse desafio, no ano de 1993, no Estado do Mato Grosso, foi
fundada a Fundação MT (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de
Mato Grosso) que em conjunto com a TMG (Tropical Melhoramento e
Genética) e a Unisoja S/A promovem o desenvolvimento de práticas de
maximização da produção agropecuária na região Centro-Oeste (FUNDAÇÃO
MT, 2011).
O manejo da fertilidade do solo na região Centro-Oeste brasileira tem
se mostrado de grande importância e gerado consideráveis incrementos em
5
produtividade para as principais culturas cultivadas nessa região, inicialmente
pela simples correção do solo com calcário, por se tratarem de solos
naturalmente ácidos.
A adequada coleta de solo é preponderante para que se tenha um
laudo das características químicas que represente o mais próximo da situação
atual da área analisada. A partir desse laudo, muitas informações são obtidas e
decisões podem ser tomadas para que se melhore ou se mantenha as
condições atuais dessa área, além de ao longo do tempo formar um histórico
da área.
Na região de Cerrado o clima úmido e quente faz com que a matéria
orgânica existente se decomponha rapidamente, parâmetro esse que é
essencial para designar a qualidade de um solo. Assim, plantas que produzam
alta
quantidade
de
biomassa
promovem
melhores
condições
de
armazenamento de água e nutrientes além de melhorar a microbiota desse
solo.
A análise foliar de plantas proporciona a diagnose geral de como o solo
está fornecendo os nutrientes a esta, sendo importante ferramenta de
avaliação das qualidades químicas do solo e que prática adotar para melhorar
a situação atual.
Diante disso, realizou-se um estágio na Fundação MT com o objetivo
de acompanhar e desenvolver atividades de pesquisa no setor de fertilidade do
solo e nutrição de plantas.
2.0
DESENVOLVIMENTO
2.1
Fundação MT, TMG e Unisoja
O estágio teve início no dia 23 de agosto de 2011 no Centro de
Pesquisa “Dario Minoru Hiromoto” (sede da Fundação MT), na cidade de
Rondonópolis – MT. A Fundação MT, em conjunto com as empresas TMG e
Unisoja, promove o desenvolvimento de produtos e serviços para atender os
agricultores do Brasil, em especial a região Centro-Oeste.
A TMG é a empresa responsável em desenvolver produtos e
inovações, como o melhoramento genético da cultura da soja. A Unisoja
6
trabalha realizando o planejamento estratégico das três empresas e a
Fundação MT trabalha com a pesquisa e prestação de serviços como a
consultoria agrícola, que gera receita para as despesas da empresa junto com
os royalties gerado pela semente comercializada pelas sementeiras que
utilizam genética TMG.
Antes de se iniciar o estágio à campo, foi apresentado o modelo de
segurança no trabalho dentro da Fundação MT, que priva primeiramente pela
segurança e após pelo trabalho propriamente dito, para que se venha agregar
um trabalho bem feito com segurança para o colaborador e sua família.
Na sequência se conheceu o programa de Novos Talentos da
Fundação MT, TMG e Unisoja tem por objetivo agregar valor técnico e pessoal
para os estagiários e trainees. A Fundação MT propõe ao grupo a realização
de módulos de treinamentos, buscando agregar conhecimentos de todos os
setores que a empresa desenvolve.
2.2
PMA (Programa de Monitoramento de Adubação)
No ano de 1997 a Fundação MT criou o PMA (Programa de
Monitoramento de Adubação) que tem por objetivo realizar experimentação
com calagem, adubação, rotação de culturas, relação entre adubação x manejo
de nematóides e consultoria agrícola, bem como a validação da pesquisa em
áreas comerciais, e tem como gestor o Eng. Agr. M.Sc. Leandro Zancanaro.
Assim, o PMA se divide em dois setores: 1) o de pesquisa aplicada,
que conta com os pesquisadores Eng. Agr. Dr. Eros A. B Francisco e Eng. Agr.
M.Sc. Claudinei Kappes e; 2) o de projetos agrícolas. A pesquisa aplicada
conta com a Estação Experimental Cachoeirinha (68,0 ha) (Figura 1) e a
Estação Experimental Santa Maria (20,0 ha) (Figura 2), ambas situadas no
município de Itiquira – MT, 70 km ao Sul de Rondonópolis.
7
Figura 1 – Estação experimental Cachoeirinha, Itiquira – MT, 2011.
Figura 2 – Estação experimental Santa Maria, Itiquira – MT, 2011.
O setor de projetos agrícolas tem o objetivo de realizar validação das
pesquisas em áreas comerciais, além de realizar consultoria e prestar serviços
como levantamento de características químicas e físicas do solo e o
8
planejamento total de safras. Um projeto de agricultura de precisão foi iniciado
recentemente.
2.3
Amostragem de solo e planejamento das safras
O planejamento de safra depende dos laudos de análises de solo, que,
após interpretados, geram dados de necessidade de adubação que juntamente
com a decisão de quais culturas, épocas e expectativas futuras geram o
planejamento total da safra.
Para isso, a Fundação MT dispõe de equipe treinada e qualificada para
a realização de coletas de solo que são encaminhadas ao laboratório para
realização das análises química e física, que após auxiliam para a elaboração
de mapas e divisões de talhões que serão amostrados.
A coleta é uma das práticas mais importantes a ser realizada em um
sistema de produção, pois se esta não for conduzida adequadamente,
nenhuma etapa posterior resultará em satisfação ao agricultor. Assim, a
amostra é coletada de forma muito criteriosa com sub-amostras e processo de
armazenagem adequada, evitando mascarar o resultado real da fertilidade da
área.
A informatização nesse contexto auxilia no momento de cadastramento
e identificação das amostras. O método de código de barras (Figura 3) auxilia
no cadastro da amostra na empresa e no laboratório minimizando erros de
troca de amostras.
Para a amostragem de caracterização física da área, esta é dividida em
talhões que são divididos em pontos de 1,0 a 3,0 ha onde se coleta 10 subamostras até 0,20 m de profundidade para formar uma amostra composta.
Essas amostras são chamadas de GRIDS e resultam em um mapa físico da
área.
Esse mapa auxiliará nas práticas de adubação, pois há áreas que a
variação do teor de argila vai de muito argilosa (>60% de argila) até arenosa
(<15% de argila), fato que influencia nos processos de lixiviação e adsorção
dos nutrientes aplicados às culturas.
9
Figura 3 – Identificação de amostras através de código de barras.
Para a caracterização química se coletam amostras estratificadas de
0,10 m até 0,40 m de profundidade, onde na camada superficial se faz análise
de micronutrientes e nas demais, análise de enxofre, além da análise de rotina.
Para as camadas mais profundas é importante a presença de cálcio e
de enxofre. Caso esses elementos estejam em níveis baixos se aplica o gesso
agrícola (sulfato de cálcio - CaSO4) para o suprimento destes, já que o alumínio
de camadas profundas deve ser neutralizado e muitas vezes o pH já se
encontra em níveis satisfatórios, prática que corrobora com a citada por Maluf
et al. (2009).
A coleta é realizada dentro de cada talhão com aproximadamente
100,0 ha caminhando em zigue-zague e realizando 20 sub-amostras para
compor cada amostra composta.
Para realizar os dois modos de coleta, cada ponto é demarcado com o
Sistema de Posicionamento Global (GPS) e assim são encontrados no campo
e coletados. Para as coletas se utilizam sondas de aço inox que são
introduzidas no solo e coletadas as amostras (Figura 4).
No Centro de Pesquisa as amostras são identificadas com etiquetas
que contem código de barras que facilita o cadastramento na empresa e no
laboratório, bem como a entrega dos resultados das análises.
10
Figura 4 – Sonda, espátula e marreta utilizadas para coleta de solo pela equipe
do PMA da Fundação MT (2011).
2.4
Módulo de treinamento 1
Nos dias 8 e 9 de setembro ocorreu o primeiro módulo de treinamento
para o programa de Novos Talentos da Fundação MT, onde foi abordado o
processo de produção do algodão e a produção de fertilizantes.
No primeiro dia, pela manhã, ocorreram palestras e uma visita técnica
na unidade de formulação de fertilizantes da empresa Bunge, na cidade de
Rondonópolis.
Uma das palestras abordou os métodos de controle de qualidade e de
segurança dentro das unidades da empresa, mostrando indicadores de
qualidade que junto com a prevenção de acidentes da empresa ajudam a firmar
aumento nas ações da empresa e qualidade de vida aos funcionários.
Outra palestra abordou as matérias primas utilizadas para as
formulações de fertilizantes, bem como o controle de qualidade sobre as
11
garantias mínimas que cada uma apresenta ao consumidor, em acordo com o
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Foram enfocados os métodos de obtenção das matérias primas como
fontes de nitrogênio, fosforo e potássio, além do processo de produção de cada
formulado,
os
equipamentos
utilizados
para
gerar
homogeneidade
e
confiabilidade das garantias mínimas prescritas no rótulo da embalagem.
As fontes mais utilizadas pela empresa são SSP (superfosfato
simples), TSP (superfosfato triplo), MAP (monoamônio fosfato), ureia, sulfato
de amônio, cloreto de potássio e micronutrientes. No momento de se calcular a
quantidade de cada matéria prima utilizada, um dos diferenciais da empresa é
a formulação sem a utilização de enchimento, sendo o fertilizante produzido
100% com as fontes citadas.
No laboratório da empresa se analisam as características químicas e
granulométricas do fertilizante produzido, com o objetivo de proporcionar aos
agricultores maior confiabilidade nas garantias mínimas de cada nutriente
contido no produto e melhor distribuição no momento da aplicação.
Na parte da tarde realizou-se uma visita técnica a empresa de
beneficiamento de algodão BDM, que beneficia o algodão em caroço gerando o
algodão em pluma, caroço e produtos derivados.
A empresa recebe os fardos de 12.000 kg de algodão de agricultores
particulares ou de área própria, que são desmanchados por uma máquina e
que por fluxo de ar seguem para máquinas que realizam a limpeza e a
separação do caroço da pluma por processo mecânico de cerdas serrilhadas.
O algodão sem o caroço segue para outra máquina de limpeza que por
fluxo de ar retira mais impurezas que são restos de folhas e caules chamados
“pimenta” para dar mais qualidade à pluma. Esta limpa segue para uma prensa
que enfarda blocos de 200 kg. O rendimento de pluma do algodão caroço
encontra-se em média de 37%.
Santos et al. (2009) encontraram rendimento de pluma de algodão
entre 36 e 40% quando avaliaram várias amostras de algodão produzido no
agreste paraibano, corroborando com a média obtida pela empresa visitada.
O caroço resultante do beneficiamento (Figura 5) é utilizado para os
seguintes fins: (i) ração animal; (ii) produção de óleo ou; (iii) semente. Porém,
para utilização como semente deve ser submetido a um tratamento químico
12
chamado deslindamento, o que promove a plantabilidade mecânica da
semente.
Figura 5 – Caroço de algodão após o beneficiamento da pluma.
Ao fim da tarde, no Centro de Pesquisa da Fundação MT, foi
apresentada uma palestra sobre ecofisiologia do algodoeiro, pelo pesquisador
Eduardo Kawakami, que abordou pontos chaves para a melhor produção do
algodão no Cerrado brasileiro.
A fisiologia do algodoeiro é muito complexa, pois se trata de uma
cultura de hábito de crescimento indeterminado e perene. Sendo assim, há a
emissão de flores, de maçãs e de folhas na planta durante o mesmo período.
Portanto, tais características exigem que o monitoramento e o manejo de
pragas e de doenças seja realizado no mesmo período.
A produtividade de algodão ainda é baixa nas regiões produtoras,
tendo seu potencial de rendimento bem acima do que o rendimento real
mostra, e uma dessas causas é a baixa eficiência fotossintética que a planta
tem, fazendo com que esta produza pouco.
Assim o programa de melhoramento genético de algodão da Fundação
MT, TMG e Unisoja busca encontrar plantas que tenham, além de resistência a
13
doenças, maior produção e maior percentual de fibra/caroço, criando plantas
com melhor arquitetura e melhor eficiência fotossintética.
No segundo dia de treinamento pela manhã houve um evento chamado
Workalgodão, promovido pela Fundação MT na Universidade Anhanguera, em
Rondonópolis, onde os palestrantes abordaram o programa de melhoramento
genético de algodão e as áreas utilizadas por essa cultura em experimentos
preliminares para a obtenção de novas cultivares para o Cerrado.
Mostrou-se as perspectivas futuras para a produção de algodão e o
foco da pesquisa em desenvolvimento de cultivares com sanidade de plantas,
como a resistência/tolerância a ramulária, ramulose e nematoides.
Na parte da tarde realizou-se uma visita técnica ao laboratório de
análise de fibras de algodão da BM&F, que padroniza a qualidade do algodão
produzido para a confiabilidade do produto que a indústria têxtil adquire.
O laboratório conta com máquinas modernas e o sistema internacional
de qualidade de fibra de algodão (Figura 6), realizando a análise de HVI que
detecta o comprimento, espessura e resistência de fibra e cor da fibra
juntamente com impurezas.
Figura 6 – Máquina utilizada para análise de HVI pela BM&F.
14
As amostras chegam ao laboratório em “malas” de papel contendo 50
amostras, sendo uma de cada fardo de 200 kg citados anteriormente. A pluma
segue a uma sala com umidade controlada de 65% e descansa por 48 horas
para aclimatação e padronização das amostras para a leitura dos resultados.
A aclimatação é realizada a fim de manter o padrão de análise, já que
valores diferentes destes geram resultados errôneos sobre a fibra analisada.
Os equipamentos são devidamente calibrados e a leitura é realizada.
Uma ferramenta que auxilia na identificação e na agilidade do processo
é a utilização de código de barras, que com um leitor cadastra
automaticamente a amostra e direciona os resultados para um banco de dados
facilitando a organização e confiabilidade dos dados.
A cor das fibras também é determinada através de comparação visual
com amostras padrões, o que exige muito treinamento e percepção para
classificar corretamente a cor devida a pluma, essa classificação será
confrontada com o resultado dado pelas máquinas de HVI.
A partir dos resultados de qualidade de fibra o algodão pode ser
comercializado, e de acordo com esses resultados a indústria pode preferir por
um tipo ou outro de pluma, variando assim também o valor da arroba do
produto.
2.5
Atividades de planejamento da safra 2011/2012
O período de entressafra, compreendido entre os meses de maio e
setembro, coincide com o período de estiagem para o Estado de Mato Grosso,
e é o momento em que se realizam muitas atividades estratégicas que serão
implantadas na próxima safra.
Nesse contexto, a Fundação MT presta serviços a agricultores da
região realizando amostragem e análise de solo, até o planejamento total da
safra, além de elaborar, através de pesquisas com agricultores ou parcerias
com empresas, os ensaios de pesquisa que serão desenvolvidos.
Para a definição desses ensaios são realizadas reuniões onde as
pautas de pesquisa são levantadas e ao mesmo tempo definidas se terão
continuidade dentro do planejamento. Começa-se então a elaboração dos
15
protocolos e padronização da equipe quanto à interpretação destes e das
atividades a serem desenvolvidas durante a sua execução no campo.
Os protocolos de pesquisa são elaborados de forma a dar todo suporte
necessário a quem for executá-lo, para que os resultados obtidos sejam
confiáveis e tenham credibilidade na ocasião de adotar a melhor técnica
testada em condições de campo.
Dessa forma, a informação e a comunicação dentro da equipe tornamse essencial para que o trabalho seja desenvolvido de forma adequada, tendo
padrão e planejamento das atividades.
Esse planejamento leva a Fundação MT a promover eventos, como o
realizado no dia 16/09/2011 chamado “É hora de plantar”, que tem como
público alvo agricultores, e é apresentado em várias regiões do Estado. Tem
por objetivo auxiliar os agricultores quanto ao planejamento da próxima safra,
trazendo palestras sobre preparo de solo, adubação, defensivos agrícolas e
monitoramento e sobre tendências climáticas para a safra.
Dentro desse planejamento encontra-se o início de algumas atividades
a campo para alguns ensaios de pesquisa, como aplicação de fertilizantes e
corretivos a lanço e o preparo de outros que serão utilizados no decorrer da
safra.
Os fertilizantes utilizados com maior frequência nesse tipo de aplicação
são o cloreto de potássio e os fosfatados (Superfosfato simples e superfosfato
triplo). O corretivo utilizado é o calcário. O gesso agrícola está sendo utilizado
em grandes quantidades, porém, restrito ao seu alto custo devido ao frete, para
a neutralização de alumínio tóxico e para a elevação dos teores de cálcio e
enxofre das camadas sub-superficiais do solo.
A aplicação desses produtos visa melhorar a utilização de máquinas na
propriedade, pois utiliza-as em períodos de entre safra e também melhorar a
exploração do perfil do solo pelas plantas, para obter assim melhor eficiência
de adubação e utilização de máquinas e altos rendimentos.
Guareschi et al. (2008) não encontraram diferença em produtividade de
soja quando aplicaram fósforo e potássio antecipados a lanço ou no sulco de
semeadura, indicando que a melhor prática é a que resultar em menor custo.
16
2.6
Preparo de insumos e implantação de ensaios de pesquisa
O preparo adequado dos insumos a serem utilizados nos ensaios de
pesquisa é de grande importância para que este seja implantado no melhor
momento possível para que os tratamentos possam expressar suas respostas.
A definição das áreas onde esses ensaios acontecerão também é
importante. Assim, uma viagem foi realizada para o município de Sapezal –
MT, onde algumas fazendas cedem áreas que são utilizadas para a alocação
de ensaios.
Esse procedimento é realizado em várias regiões do Estado, com o
intuito de observar as diferentes respostas que estes ambientes podem definir
na condução de cada ensaio.
A proposta feita pela Fundação MT aos proprietários das fazendas é de
alocação de ensaios de pesquisa em suas áreas e em troca ela oferece as
tecnologias encontradas através da condução desses ensaios experimentais
em todo o Estado.
Há ensaios realizados também utilizando produtos comerciais, os quais
são financiados pelas empresas para que estes sejam testados a campo e a
informação levada aos agricultores.
2.7
Módulo de treinamento 2
Nos dias 12, 13 e 14 de outubro ocorreu o Módulo de treinamento 2
ofertado pela Fundação MT com o objetivo de desenvolver o conhecimento
técnico e prático dos novos talentos, bem como integrar estes em todos os
setores da empresa.
No primeiro dia de treinamento ocorreu a participação de uma
psicóloga que interagiu no treinamento realizando palestras, dinâmicas de
grupo e dicas importantes sobre a vida profissional e trabalho em equipe.
Foram abordados temas como a elaboração de currículos, participação
mútua em atividades de grupo e organização planejamento no trabalho em
grupo para a formação de um trabalho comum.
Durante
os
três
dias
de
treinamento
também
aconteceram
apresentações das atividades de estágio e trainee desempenhadas pelos
17
novos talentos Fundação MT, TMG e Unisoja, onde cada um teve sete minutos
para descrever as atividades desempenhadas desde o início de atuação nas
empresas.
No segundo dia de treinamento, houve a participação do pesquisador
da Fundação MT Leandro Zancanaro, que abordou o tema fertilidade dos solos
de Cerrado. Alertou principalmente sobre a correção desses solos, que
naturalmente são muito ácidos, porém sem deixar de lado os outros aspectos
químicos do solo que são de suma importância para o desenvolvimento de
plantas, citando o fósforo como sendo o nutriente que mais limita a
produtividade, mais ainda do que a calagem.
Abordou sobre os tipos de corretivos utilizados na agricultura, como os
vários tipos de calcário, que para cada situação a escolha de um ou outro pode
ser crucial para a produtividade final da área.
Essa escolha deve ser realizada de acordo com laudos de análise de
solo, e de um histórico da área, para assim posicionar o melhor corretivo. A
relação entre os nutrientes encontrados no laudo de análise também indica
qual decisão tomar, pois uma má escolha pode acarretar em deficiência
nutricional, desbalanceamento de nutrientes no solo e na planta e consequente
queda de produtividade.
Comentou também sobre a importância da caracterização química da
área através da análise de solo. Esta prática deve ser realizada com muita
seriedade, desde quem a coleta até o laboratório que analisa, criando assim
um laudo que condiz com a situação real da área.
Os diferentes métodos de análise dos índices e teores de nutrientes
encontrados a nível de Brasil o preocupam, pois qual método é mais eficiente?
Qual se encontra mais perto da realidade? E, assim, principalmente para o
Estado de Mato Grosso, devem ser estabelecidas normas para padronização
das análises de solo.
Sobre adubação, explanou que é muito importante conhecer sempre a
cultura e o histórico de cada área, além do sistema de produção adotado, para
que o posicionamento atenda as necessidades da planta e supra a próxima
cultura, adicionando ao solo pelo menos a taxa de exportação da cultura.
18
Uma prática que está se tornando bastante usual, principalmente em
áreas de cultivo de algodão é o gesso agrícola. Isso se deve a resposta ao
enxofre e melhores condições de exploração do sistema radicular da planta.
Acompanhando o uso do gesso agrícola, a aplicação de fertilizantes a
lanço cresce muito no Estado, porém a distribuição desses fertilizantes não
está sendo bem manejada, acarretando em heterogeneidade da área, sintomas
de deficiência em faixas de aplicação e queda de produtividade. A alta
eficiência de trabalho é o que leva a essa prática muitas vezes ganhando em
tempo, mas reduzindo em produtividade.
No terceiro dia, ocorreu uma palestra sobre consultoria e assistência
técnica voltada para a cultura do algodão, realizada pelo palestrante Jonas
Guerra da empresa Guerra Consultoria. Este abordou sobre a produção de
algodão no Centro-Oeste, enfocando a cultura como sendo uma das de maior
valor agregado produzida. Apontou sobre a baixa eficiência fotossintética da
planta e seus rendimentos médios.
Por ser uma planta de metabolismo C3, que gasta muita energia para
manutenção, a cultura do algodão não expressa grandes produtividades,
conseguindo converter pequena parte dos compostos que produz em fibras.
Diante disso, novas estratégias estão sendo adotadas, como o cultivo
do algodão adensado, que permite encurtar seu ciclo, arranjar melhor as
plantas na área e aumentar sua população, conseguindo bons rendimentos.
Isso propicia o seu cultivo em safrinha logo após a colheita da soja. Porém para
esse tipo de cultivo novos manejos devem ser adotados ao longo da cultura.
Na parte da tarde o pesquisador da Fundação MT Eduardo Kawakami
falou sobre fisiologia do algodoeiro, enfatizando essa baixa eficiência de
conversão fotossintética da cultura. Detalhou quais são os mecanismos que
fazem com que a planta tenha essa baixa conversão, que é dada pela
fotorrespiração da planta.
A fisiologia do estresse também é um fator que atinge a cultura do
algodoeiro. Assim, Eduardo enfatizou a produção de radicais livres quando
algum estresse como a falta de água promove na planta, o que pode acarretar
em perda de água, bloqueamento de vias metabólicas e morte de células.
19
Para finalizar abordou a nutrição de plantas, dando ênfase aos
elementos essenciais as plantas e dentre eles o potássio que está em quase
todas as vias metabólicas da planta auxiliando em seu perfeito funcionamento.
Nos dias 13 e 14 também houve um ciclo de palestras na Associação
dos Engenheiros Agrônomos de Rondonópolis (AEAGRO) onde realizou-se
quatro palestras com os assuntos: Fisiologia, Elaboração de uma Molécula
Química, Plantas Daninhas e Nematóides.
O fisiologista abordou sobre a importância dos aminoácidos dentro da
planta, pois eles atuam no metabolismo para o desenvolvimento da planta.
Falou também sobre a importância de compostos de defesa dentro da planta
que podem vir a torná-la mais tolerante a pragas e doenças.
O uso de bioestimulantes e bioindutores está crescendo por esse
motivo, pois se a planta tiver a capacidade de se defender das adversidades
que o meio a impõe isso significa redução de custo de aplicação de produtos
na área.
A palestra sobre elaboração de molécula química foi apresentada
apontando as principais dificuldades de se produzir essa molécula, bem como
a dificuldade de conseguir registrá-la para a liberação do uso agrícola.
Assim os cientistas trabalham para encontrar melhores moléculas que
as já existentes, que poluam menos e sejam menos tóxicas e que tenham
melhor custo/benefício para o agricultor.
As palestras sobre plantas daninhas e nematóides apontaram
principalmente para novas resistências a herbicidas e novas raças que estão
atacando as culturas, respectivamente.
Dessa forma o manejo adequado das áreas com rotação de culturas,
rotação de princípios ativos de herbicidas e utilização de genótipos resistentes
auxiliam na melhoria das áreas com esses problemas.
2.8
Semeadura da soja
A partir do início de outubro iniciou-se a semeadura da soja no Estado
de Mato Grosso. Porém, a semeadura dos ensaios de pesquisa começou a ser
realizada a partir do dia 20 de outubro (Figura 7).
20
Figura 7 – Semeadura da soja na Estação Experimental Cachoeirinha.
Fundação MT (2011).
Nessa fase muitos tratamentos com fertilizantes são realizados junto
ao sulco de semeadura. Daí a importância da regulagem certa da semeadora
bem como o treinamento do operador para a implantação destes.
Há também experimentos que são conduzidos em casa de vegetação,
e por esse motivo o solo é coletado, secado e peneirado para iniciar esses
ensaios de adubação.
Os ensaios implantados e conduzidos pela Fundação MT surgem de
necessidades que os agricultores encontram no campo, além de realizarem os
ensaios de empresas particulares.
3.0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda cadeia que gera a pesquisa da Fundação MT tem por finalidade
gerar informação e conhecimento técnico aos agricultores, com vistas a
melhorar a agricultura no Centro-Oeste do Brasil.
Assim o conjunto Fundação MT/TMG/Unisoja segue sempre em busca
de criar novas estratégias, novos rumos para que a agricultura atinja sua
máxima excelência produtiva e gere alimento e renda para as pessoas.
Dessa forma o estágio realizado na empresa veio a agregar muitos
conhecimentos técnicos e práticos sobre a agricultura desenvolvida na região
Centro-Oeste em especial sobre manejo de solo e nutrição vegetal.
21
REFERÊNCIAS
CONAB
–
COMPANHIA
NACIONAL
DE
Acompanhamento da safra brasileira: grãos,
junho/2011. Brasília: Conab, 2011. 47 p.
ABASTECIMENTO.
nono levantamento,
FUNDAÇÃO MT. Fundação de apoio à pesquisa agropecuária de Mato
Grosso. Disponível em: http://www.fundacaomt.com.br. Acesso em: 01 jul.
2011.
GUARESCHI, R. F.; GAZOLLA, P. R.; SOUCHIE, E. L.; ROCHA, A. C.
Adubação fosfatada e potássica na semeadura e a lanço antecipada na
cultura da soja cultivada em solo de Cerrado. Semina: Ciências Agrárias,
Londrina, v. 29, n. 4, p. 769-774, 2008.
MALUF, H. J. G. M.; CAMPOS, D. S.; MELO, P. F.; MALUF, G. E. G. M. Gesso
agrícola em solos do Cerrado brasileiro. II Semana de Ciência e Tecnologia
IFMG. II Jornada Científica. Bambuí – MG. Outubro de 2009.
SANTOS, I. C. S.; WANDERLEY JUNIOR, J. S. A.; SANTOS, F. N.; SILVA, M.
N. B.; GONZAGA, L. A. Beneficiamento de algodão orgânico no agreste
paraibano. In: VII CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, Anais... p. 5055. Foz do Iguaçu – PR, 2009.
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