Área: Socioeconomia DIFERENCIAIS DE CUSTOS COM INSUMOS AGRÍCOLAS EM CULTIVARES GENETICAMENTE MODIFICADAS DE ALGODÃO: UM ESTUDO DE CASO EM MATO GROSSO NA SAFRA 2012/13. Victor Ikeda1, Lucilio Alves1, Mauro Osaki1, Fabio Lima2, Rogério Melo2 1 2 Universidade de São Paulo ([email protected]), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP O objetivo deste trabalho será apurar diferenças em desembolsos com insumos agrícolas para duas cultivares geneticamente modificadas e uma convencional através de estudo de caso em propriedade agrícola situada em Mato Grosso, na safra 2012/13. No Brasil, doze eventos de alteração genética estão liberados para uso na cultura do algodão. Dentre eles, dois conferem resistência a insetos da ordem lepidóptera, cinco a herbicidas e cinco combinam resistência ambos. Uma das vantagens do uso de organismos geneticamente modificados (OGM) é proporcionar menor uso de defensivos. A metodologia empregada foi o estudo de caso com realização de entrevista e aplicação de questionário. Nessa metodologia, busca-se a análise de um ou poucos objetos de forma mais aprofundada, visando o conhecimento mais detalhado do mesmo. Nesta linha, o estudo de caso possibilita investigação ou caracterização mais ampla e aproximativa, no intuito de formular questões mais precisas que possam nortear estudos posteriores. Os dados referem-se a uma propriedade situada em Mato Grosso com semeadura de algodão 1ª safra. O estudo compara o manejo empregado no algodão geneticamente modificado para tolerância ao glufosinato de amônio (Evento LLCotton25) OGM01; resistente a insetos e tolerante ao herbicida glufosinato de amônio (Eventos 281-24-236/3006-210-23) OGM02; e convencional CONV. O custo com insumos agrícolas totalizou R$ 2.923,56/ha no OGM01, R$ 2.612,43/ha no OGM02 e R$ 2.762,81/ha no CONV. As principais diferenças de custos verificadas entre os cultivares de algodão estiveram relacionadas aos itens sementes, herbicidas e inseticidas. O maior gasto com sementes foi verificado no algodão OGM02, com R$ 437,50/ha, 128,3% superior ao verificado no OGM01 e 438,5% acima do CONV. Essa diferença deve-se ao pagamento do uso de tecnologia (royalty). Por outro lado, o algodão OGM02 apresentou os menores gastos com herbicidas e inseticidas. Por ser resistente a lagartas, o desembolso com controle de insetos foi de R$ 540,28/ha no OGM02, 45,4% inferior ao OGM01 e 40,9% menor que no CONV. Considerando o gasto com herbicidas, o maior custo foi verificado no algodão CONV (R$ 496,64/ha), devido principalmente à necessidade de pulverização em jato dirigido para o controle de plantas daninhas. As duas cultivares OGMs analisadas nesse levantamento são resistentes ao glufosinato de amônio. Nesses casos, o desembolso com herbicidas foi 13,0% menor no OGM01 e 19,1% no OGM02 em relação ao convencional. Apesar de gerar maior desembolso em termos de sementes, o cultivar OGM02 apresentou os menores gastos com insumos agrícolas. A diferença foi compensada pelo menor gasto em herbicidas e inseticidas. Vale ressaltar que essa análise não contemplou possíveis diferenciais produtivos e de rendimento de fibra, ficando restrita apenas à ótica dos custos com produtos químicos. Outro ponto que vale ser ressaltado é que a safra 2012/13 caracterizou-se pela grande pressão de lagartas, em especial a Heliothis virescens e Helicoverpa spp.. Esse fator pode ser apontado como um dos que mais favoreceu o uso da cultivar resistente a insetos (OGM02). Brasilia, 3-6 Setembro 2013