Castanha-de-macaco

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Informativo Técnico
Castanha-de-macaco
Cariniana micrantha Ducke
Versão impressa ISSN 1679-6500
Versão on-line ISSN 1679-8058
Identificação
Família: Lecythidaceae.
Nomes vulgares: cachimbeira, castanha-de-macaco,
castanha-vermelha, cerú, tauari, tauari-cachimbo, tauaricoco e tauari-vermelho.
Espécies relacionadas de maior interesse: Outras
espécies do gênero Cariniana são conhecidas pelos
mesmos nomes vulgares e, geralmente, comercializadas
sem distinção. C. decandra tem sido coletada como C.
micrantha devido à semelhança no tronco, apesar da
primeira apresentar pecíolos decurrentes e folhas maiores
(até 22,5cm em plantas jovens e 7-13,5cm em adultas)
de forma oval a orbicular, base obtusa a arredondada,
ápice curto-acuminado e margem inteira; a lâmina é
glabra e brilhante; as venações primárias e secundárias
são salientes e as terciárias são pouco visíveis a olho nu.
Outras espécies relacionadas à C. micrantha se diferenciam,
principalmente, pelas flores: C. rubra, que ocorre em Goiás
e Mato Grosso, tem pétalas vermelhas; C. domestica, com
pétalas vermelhas, raramente brancas ou alaranjadas,
ocorre no sul da Amazônia. Ambas apresentam
domáceas nas folhas, como C. micrantha, porém
diferenciam-se pela forma, tamanho e textura das folhas.
Usos da espécie
fibrosa. Os ramos são glabros, mas quando jovens, são
revestidos de pêlos acinzentados e lenticelas esparsas. As
folhas são simples, com disposição alterna e textura
cartácea; o pecíolo curto (0,3-0,5cm) é canaliculado e
levemente alado; a lâmina é oblonga a lanceolada, glabra
e verde-clara, medindo 5-10cm de comprimento, de base
cuneada ou arredondada, ápice agudo a acuminado e
margens crenuladas. A inflorescência em panícula subterminal e terminal mede 4-10cm de comprimento; as
flores pequenas (<1cm de comprimento) são brancoamareladas e aromáticas. O fruto é um pixídio de
coloração marrom avermelhada; possui formato
turbinado; o opérculo é deiscente e a columela é longa e
triangular; o pericarpo é lenhoso e espesso, sendo
externamente áspero, lenticelado e opaco e internamente
liso, glabro e com depressões formadas pelas sementes.
A semente angulosa, com superfície áspera e coloração
marrom, mede 1,5cm de comprimento e 0,7cm de
largura; possui ala unilateral membranácea, translúcida
e marrom-clara, medindo 3,5cm de comprimento e 5cm
de largura. A plântula apresenta dois cotilédones opostos,
simples, foliáceos, lisos, glabros e com formato
palmatilobado; as primeiras folhas são alternas e simples,
com formato elíptico a obovado e margens crenuladas.
No início do estabelecimento, os formatos distintos dos
cotilédones e das primeiras folhas facilitam o
reconhecimento da espécie no campo.
A madeira é o principal produto da espécie, sendo
moderadamente pesada (0,55 a 0,60g/cm3) de cerne
castanho-amarelado e alburno mais claro. É fácil de
trabalhar, recebe bom acabamento de lustre regular e,
com tratamento preventivo, a sua durabilidade pode ser
aumentada. Apresenta secagem muito rápida, embora
com leve tendência à rachadura superficial, encanoamento, torcimento e encurvamento. Em geral, é
empregada em carpintaria e em marcenaria, tendo
grande demanda no mercado interno e externo. Em
Manaus, em 1998, o metro cúbico da madeira serrada
foi comercializado a US$ 250,00 a 300,00. Atualmente,
é exportada para o Japão, Estados Unidos e Alemanha.
As sementes são comestíveis, nutritivas e de sabor
agradável.
A espécie é típica de florestas maduras de terra-firme
da Amazônia Central, sendo encontrada nos estados do
Amazonas, Pará e Rondônia. Ocorre em áreas de solos
argilosos, pobres em nutrientes, bem estruturados e bem
drenados, com precipitação anual de 1.500-2.500mm e
temperatura média anual entre 24°C e 32°C. As
sementes, ricas em proteínas (18%) e gorduras (70%),
mesmo protegidas pelo pericarpo espesso e lenhoso dos
frutos, sofrem intensa predação por pássaros e,
principalmente, por macacos; após a dispersão, são
suscetíveis a predação por formigas e roedores.
Descrição botânica
Floração e Frutificação
A árvore é emergente ou co-dominante no dossel da
floresta e pode atingir até 60m de altura e 150cm de
DAP. O tronco cilíndrico possui base reta ou sapopemas
baixas (até 50cm de altura). A casca é externamente
marrom-escura a cinza, com fissuras rasas e sem
desprendimento; internamente, é vermelho-clara e
Na região de Manaus, há registros de floração entre
novembro e junho e de frutificação entre março e outubro.
Assim, a dispersão das sementes ocorre, geralmente, no
período mais seco do ano. A espécie é caducifolia, sendo
que a queda das folhas se inicia, geralmente, no final da
frutificação.
Ecologia
Informativo Técnico Rede de Sementes da Amazônia
Nº 15, 2007
Castanha-de-macaco
Cariniana micrantha Ducke
Obtenção de sementes
Germinação das sementes
O ideal é colher os frutos na copa, antes da deiscência
e da dispersão das sementes pelo vento. Mas, os frutos
ainda intactos, derrubados por macacos antes da
maturação, também podem ser coletados no chão. Os
frutos devem ser transportados em embalagens arejadas
e mantidos secos. Cada fruto pesa cerca de 140g (127g a
169g) e contém, em média, 19 sementes (10 a 30). Dessa
forma, para se obter 1000 sementes, necessitam ser
coletados cerca de 7,5kg de frutos.
A germinação é epígea e fanerocotiledonar. No viveiro,
em areia lavada, a germinação de sementes recémcolhidas começou aos 20 dias e terminou aos 35 dias
após a semeadura, alcançando 73% de germinação. No
laboratório, a temperatura ideal é 25°C. Por não
apresentarem dormência, as sementes não necessitam
de tratamento pré-germinativo.
Propagação vegetativa
Beneficiamento
Até o momento, não se conhece um método eficiente
de propagação vegetativa para a espécie.
Os frutos devem ser mantidos em ambiente seco e
ventilado para completar a maturação, até que seja
possível soltar os opérculos com uma leve batida em uma
superfície dura. Retirado o opérculo, as sementes caem
pela abertura do pixídio. Normalmente, há necessidade
de secar as sementes em ambiente ventilado e sombreado.
O teor de água das sementes varia em torno de 12% (10%
a 14%). Mil sementes pesam 157g e um quilograma de
sementes pode conter cerca de 6.350 unidades.
Produção de mudas no viveiro
As sementes devem ser semeadas em canteiros ou
embalagens individuais, contento substrato organoargiloso. Após a repicagem, as plântulas devem ser
mantidas em ambiente sombreado, podendo atingir
60cm de altura, após 7 meses, sob 30% de sombreamento.
As mudas são resistentes ao transplante e, quando
plantadas na estação chuvosa, apresentam elevada taxa
de sobrevivência.
Armazenamento das sementes
As sementes são classificadas como sub-ortodoxas ou
intermediárias, pois toleram dessecação (até cerca de 6%
de água), embora apresentem longevidade curta.
Atualmente, existem resultados de 63% de germinação,
quando as sementes foram acondicionadas em vidros
hermeticamente fechados e mantidas sob temperatura de
5±3°C, por 3 anos; quando acondicionadas em sacos de
papel, sob condições de 26±3°C e 60-70% de umidade
relativa, apresentaram 80% de germinação, após 1 ano. É
importante que as sementes estejam bem secas ao serem
armazenadas sob refrigeração, pois, quando úmidas, não
toleram temperaturas iguais ou inferiores a 15°C.
Fitossanidade
Bibliografia
(Lecythidaceae) na Amazônia Central. Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi - Botânica, 11: 27-41.
Mori, S.A. & Lepsch-Cunha, N. 1995. The Lecythidaceae of a
Central Amazonian Moist Forest. Memoirs of the New
York Botanical Garden, 75: 21-22.
Peres, C.A. 1991. Seed predation of Cariniana micrantha
(Lecythidaceae) by brow capuchin monkeys in Central
Amazonia. Biotropica, 23: 262-270.
Camargo, J.L.C. et al. 2003. Castanha-de-macaco, Cariniana
micrantha Ducke, Lecythidaceae. In: Ferraz, I.D.K. &
Camargo, J.L.C. (Ed.). Manual de Sementes da
Amazônia. f.2. Manaus, INPA. 6p.
Ferraz, I.D.K. et al. 2004. Guia de propágulos e plântulas da
Amazônia. Manaus, INPA. 26p.
Imakawa, A.M. & Ferraz, I.D.K. 1995. Germinação e
características biométricas de Cariniana micrantha Ducke
Não há informação sobre problemas fitossanitários.
Quando necessário, as sementes e mudas devem ser
protegidas do ataque de herbívoros.
Autores
José Luís Campana Camargo, [email protected]
Isolde Dorothea Kossmann Ferraz, [email protected]
Lílian Costa Procópio, [email protected]
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Caixa Postal 478, CEP. 69011-970, Manaus-AM, Brasil
Telefone: (92) 3643-3228
Expediente
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da Amazônia, projeto financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente/MMA. Este informativo
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PA/RR); Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC); Instituto Rondônia de Alternativas de
Desenvolvimento (IRAD); Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA);
e Associação das Empresas Exportadoras do Pará (AIMEX).
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Nº 15, 2007
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