Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Victor Manoel Cunha de Almeida1 Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva2 Flávia D’Albergaria Freitas3 Resumo O objetivo deste estudo foi investigar quais fatores influenciam a percepção do desempenho em feiras ao consumidor (B2C) no setor de vestuário brasileiro, na perspectiva dos expositores. Em virtude da escassa existência de estudos acadêmicos sobre feiras ao consumidor, o referencial teórico sobre os fatores que afetam a percepção de desempenho das feiras de negócios (B2B) foi utilizado para o estabelecimento de seis proposições, relacionando a percepção de desempenho com os objetivos de vendas; construção de marca; construção de relacionamento; obtenção de informação; motivação e lançamento de novos produtos. Dado o caráter exploratório, o método usado foi o estudo de casos múltiplos. As evidências empíricas permitiram suportar cinco das seis proposições originais e ainda a sugestão de uma proposição empírica, de que as Feiras ao Consumidor podem servir como um canal outlet/ off-price para vender os estoques excedentes de produtos da marca de vestuário, que não foram escoados nos canais convencionais. Palavras-chave: Feiras ao consumidor. Desempenho em feiras. Setor de vestuário Factors that form the perception of performances in B2C fairs under the perspective of the exhibitor Abstract The aim of this article was to investigate the factors that influence the perception of performance at business fairs to consumers (B2C) in the Brazilian apparel sector, from the perspective of exhibitors. However, due to the scarce literature on the topic, the relevant theoretical literature regarding factors that affect perception of performance at business fairs (B2B) was used to establish six propositions which relate perception of performance to sales objectives, brand building, relationship building, information gathering, motivation, and launching of new products. Given the exploratory nature of this research, the multiple casestudy method was chosen. The empirical evidence lent support to five of the six original propositions. Besides, it was possible to establish an empirical proposition that Business to Consumer Fairs can be used as an outlet / off-price channel to sell surplus products that have not been sold through ordinary apparel brand channels. Keywords: Consumer shows. Performance at fairs. Apparel sector. 1 2 3 Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Professor adjunto da mesma Universidade. Email: [email protected]. Mestranda em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Mestranda em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 123 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas Introdução O fenômeno de feiras vem crescendo no contexto internacional. Elas constituem uma ferramenta importante de marketing em diversas indústrias, tanto no formato business-to-business (B2B) quanto no business-to-consumer (B2C). De acordo com o Censo da Indústria de Feiras, realizado pelo Center for Exhibition Industry Research (CEIR), nos Estados Unidos, Canadá e México foram realizadas, em 2010, mais de 14 mil feiras de negócios (GOPALAKRISHNA; LILIEN, 2012). Segundo pesquisa da Trade Show Week, em 2006, 12% das empresas pesquisadas destinaram mais de 60% do seu orçamento de marketing para feiras e a maioria (84%) dos entrevistados afirmou que as feiras de que participavam estão integradas à sua política de vendas e marketing (IAEE, 2013). A importância do mercado de feiras também tem crescido no cenário brasileiro (AMORIM, 2007). De acordo com a União Brasileira dos Promotores de Feiras (UBRAFE), foram realizadas em 2011 cerca de 180 grandes feiras nacionais e internacionais de negócios em mais de 20 cidades brasileiras. Além dessas grandes feiras, ocorrem ainda centenas de feiras e exposições menores, de caráter regional e local, realizadas em dezenas de cidades de todos os estados do país. Ainda de acordo com a UBRAFE, essas feiras são os mais importantes encontros de negócios do Brasil para mais de 40 segmentos. Segundo a organização, a expectativa é que, em 2012, essas feiras reunirão mais de cinco milhões de participantes e mais de 50 mil expositores, sendo 42 mil nacionais. Esses números representariam um recorde desde o início da contagem, em 1992, e um crescimento de 17% em relação ao número de feiras realizadas em 2010 (UBRAFE, 2012). A avaliação do desempenho de feiras tem sido um assunto bastante discutido na literatura internacional, no entanto, não encontra eco na literatura brasileira (SETUBAL; SOUZA, 2004). Além disso, o escopo do objeto de investigação acadêmica tem sido tipicamente restrito às feiras de negócios (B2B). Assim, a motivação para o presente estudo surge da constatação da crescente importância das feiras e da escassa existência de estudos acadêmicos sobre esse fenômeno no ambiente brasileiro, notadamente no que diz respeito às feiras ao consumidor (B2C). Esta importância cresce especialmente no setor de vestuário, já que o setor é o mais representativo em termos de número de feiras (SEBRAE, 2007). Este estudo pretende, portanto, preencher uma lacuna da literatura brasileira sobre o fenômeno em estudo, mais especificamente sobre como avaliar, 124 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor na perspectiva dos expositores, o desempenho de feiras ao consumidor (B2C) no setor de vestuário. O objetivo deste estudo, então, é verificar quais são os fatores que, na perspectiva do expositor, influenciam a percepção do desempenho em feiras ao consumidor. Para tanto, procurou-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: “Quais são os fatores formadores da percepção de desempenho na perspectiva de expositores em feiras B2C no mercado brasileiro de vestuário?” A partir da revisão de literatura sobre o fenômeno de feiras B2B, serão elaboradas proposições em relação aos fatores que influenciam a percepção do desempenho em feiras ao consumidor, que serão testadas por meio da metodologia de estudo de casos múltiplos. Assim, o presente artigo está estruturado em seis seções. A primeira seção é esta introdução. Em seguida é apresentada a revisão de literatura. A terceira seção apresenta o modelo conceitual e as proposições. A quarta seção aborda o método de pesquisa. A quinta seção apresenta os resultados e por fim, na sexta seção as conclusões do estudo são discutidas. 1 Revisão de literatura Nesta seção, são expostas as principais contribuições teóricas e empíricas identificadas na literatura relacionadas a feiras, contemplando as tipologias de feiras, os objetivos dos expositores e os principais modelos de avaliação do desempenho de feiras de negócios. Em seguida, são apresentados os principais estudos encontrados que tratam do fenômeno das feiras ao consumidor. Ao final, com o intuito de focalizar o fenômeno no cenário nacional, são apresentados os principais estudos identificados na literatura brasileira. 1.1 Feiras São três as tipologias comumente identificadas na literatura para classificação das feiras: a primeira classifica as feiras por tipo de público; a segunda, por cobertura da feira; e a terceira, pelo tipo de transação. Na tipologia por tipo de negócio, as feiras são classificadas em feiras de negócios (trade shows) e exposições (expositions). As feiras de negócios são frequentadas por empresas manufatureiras, distribuidores e ouGestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 125 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas tros vendedores, que expõem seus produtos a clientes, clientes potenciais, parceiros de negócios e imprensa. O público em geral (consumidores ou usuários finais) é excluído desse tipo de evento (BONOMA, 1983). As trade shows, de acordo com o Convention Industry Council (CIC), instituição norte-americana que reúne trinta e duas associações ligadas à organização de feiras e convenções, são feiras de produtos ou serviços para membros de uma indústria ou de indústrias relacionadas (CIC, 2007). Já as exposições são abertas ao público, tipicamente mediante o pagamento de um ingresso, e podem ser do tipo fair ou consumer show, também conhecidas como public show. As fairs são em sua maioria rurais, podem durar uma semana ou mais e apenas em alguns casos permitem a venda de produtos que não aqueles produzidos pela comunidade local. As public shows, por outro lado, são temáticas – de barcos, automóveis, e de antiguidades – e orientadas à venda de produtos aos visitantes (BONOMA, 1983). Os termos consumer show, gate show e publics show são considerados sinônimos pelo CIC, utilizados para designar feiras que são abertas ao público, mas que em geral requerem o pagamento de ingresso. As trade fairs, por sua vez, são definidas pelo CIC como um termo internacional para feiras (CIC, 2007). Na tipologia por tipo de cobertura, as feiras podem ser classificadas segundo a cobertura geográfica ou a cobertura de mercado. O tipo de feira, de acordo com esses dois critérios, determina o perfil dos visitantes em relação ao cargo que desempenham numa empresa e ao poder que possuem de influenciar as decisões de compra da empresa. Este critério divide as feiras em regionais ou nacionais. O que define se uma feira é regional ou nacional tipicamente é a distância percorrida por seus participantes (BELLO; BARCZAK, 1990). As feiras internacionais possuem algumas particularidades em relação às domésticas, pois, entre outros benefícios, possibilitariam encontrar parceiros para estabelecer joint ventures e estabelecer ou melhorar a imagem global de uma marca (RICE, 1992). Já o critério de cobertura de mercado possibilita a classificação das feiras em vertical – composta por empresas de uma única indústria – ou horizontal – composta por empresas de várias indústrias, com uma temática em comum. Este critério é amplamente utilizado, inclusive nos estudos sobre feiras internacionais (RICE, 1992; PONZURICK, 1996). 126 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Na tipologia por tipo de transação, as feiras podem ser classificadas em três grupos, de acordo com o tipo de transação que promovem: de revenda, na qual os compradores compram os produtos para revenda; para consumo empresarial (B2B), em que as empresas compram produtos que elas próprias vão consumir; e de varejo (B2C), quando o comprador é o consumidor final (CHAPMAN, 1987). Há ainda as feiras de negócios privadas. Em geral, são organizadas em paralelo a grandes feiras, e patrocinadas por uma única empresa, que é também a única expositora. Ocorrem em locais próximos ao evento principal. Essas feiras são utilizadas tipicamente por empresas do setor de tecnologia para educar os clientes em relação a novos e complexos produtos, aumentar e fortalecer sua rede de relacionamentos e reforçar a lealdade de seus clientes à sua marca (RUSSEL, 1999; WEITZMAN, 2000). Durante a feira, especialistas da indústria, executivos seniores e engenheiros e designers dos novos produtos da empresa conversam com os clientes e potenciais clientes (RUSSEL, 1999). Algumas dessas empresas exibem também produtos de seus parceiros ou fornecedores. No entanto, essas feiras não substituem as de negócios tradicionais, que permanecem sendo os únicos locais em que é possível ver uma amostra abrangente dos produtos da indústria (RUSSEL, 1999; WEITZMAN, 2000). As feiras de negócios são eventos de curto prazo que, normalmente, ocorrem em intervalos regulares (BONOMA, 1983; SMITH; GOPALAKRISHNA; SMITH, 2004). Elas têm o propósito de exibir e vender bens a compradores qualificados. Os compradores que a frequentam em geral pertencem a uma indústria específica ou a indústrias relacionadas. Muitas dessas feiras são organizadas pelas próprias associações vinculadas à indústria e têm o propósito de atender apenas aos membros da associação: em alguns casos, os membros são os únicos clientes autorizados a participar da feira (LEE, 2003). Existe um consenso na literatura sobre a necessidade da empresa associar as feiras à sua estratégia de comunicação de marketing integrada; em outras palavras, as feiras exigiriam um plano de marketing específico, cujos objetivos deveriam estar alinhados à estratégia de marketing da empresa (PITTA; WEISGAL; LYNAGH, 2006), especialmente em mercados industriais (YUKSEL; VOOLA, 2010). No entanto, tipicamente, as empresas não o fazem de forma coordenada (PITTA; WEISGAL; LYNAGH, 2006). Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 127 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas 1.2 Objetivos dos expositores Os objetivos que levam as empresas a participarem das feiras de negócios podem ser classificados em “de venda” (selling) e “não-venda” (non-selling) (BONOMA, 1983). Esta divisão é utilizada recorrentemente, na literatura sobre o tema (KERIN; CRON, 1987; O’ HARA; HERBIG, 1993; BLYTHE; RAYNER, 1996). De uma forma geral, menos da metade dos expositores não tem objetivos pré-definidos (BETTISOUTLAND; JOHNSTON, 2012), além disso, os estudos apontam que os objetivos ligados à venda tendem a ser considerados pelos expositores como mais importantes que os não ligados à venda (KERIN; CRON, 1987; BLYTHE, 1999; TANNER JR., 2002). Assim sendo, os expositores geralmente não costumam avaliar as atividades não ligadas a vendas e os que avaliam costumam fazê-lo de maneira informal, através de conversas após as feiras. Em alguns casos, os expositores nem sequer costumam avaliar as vendas que foram originadas através das feiras (BLYTHE; RAYNER, 1996). Os objetivos que os expositores esperam atingir ao participarem de feiras de negócio são: vender; prospectar novos clientes; ter acesso a tomadores de decisão; informar sobre produtos, serviços e pessoal; servir clientes através do contato; introdução de novos produtos; teste de novos produtos; imagem da empresa; reunir informações; e manter e elevar o moral da empresa (BONOMA, 1983; KERIN; CRON, 1987). Estudos posteriores identificaram outros objetivos vislumbrados pelos expositores ao participarem das feiras de negócios. Um desses objetivos seria a possível melhoria na habilidade de vendas nas feiras de negócios (O’ HARA; HERBIG, 1993). Ao participarem das feiras, as equipes de vendas precisariam estar preparadas e com isso ampliariam suas habilidades, não só relativas à negociação, como à comunicação de uma forma mais ampla. As feiras, junto com outros instrumentos, fazem parte do composto de comunicação da empresa (KIRCHGEORG; SPRINGER; KASTNER, 2010) e como nem todos os contatos feitos durante o evento têm objetivos de venda, as equipes de vendas presentes nos estandes precisam ser preparadas para identificar os objetivos dos visitantes para se comunicarem de maneira mais efetiva e, assim, construírem relacionamentos (BLYTHE, 2010). Algumas empresas reconhecem a importância das feiras para a construção de relacionamentos pessoais de longo prazo (SHIPLEY; EGAN; WONG, 1993). Pelo menos uma parte dos expositores e visitan128 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor tes frequenta as feiras com o intuito de estabelecer algum tipo de relacionamento (BLYTHE, 2002). O relacionamento se desenvolve devido à participação repetida e periódica de visitantes e expositores nas feiras de negócios (YEE, 2006), por isso, é importante a separação dos clientes seguindo um critério de clientes-chave (key accounts), para possibilitar um melhor gerenciamento dos contatos (BLYTHE, 2002). Os resultados intangíveis obtidos com a coleta de informações podem constituir um importante objetivo (BETTIS-OUTLAND; JOHNSTON, 2012), com as feiras funcionando como uma ferramenta de aprendizado (BETTIS-OUTLAND, et al., 2010). A feira poderia proporcionar economia de custos àqueles que têm o objetivo de reunir informações sobre mercados distantes daqueles em que atua, uma vez que o evento torna possível reunir essas informações em um único espaço físico e num curto período de tempo. Essas informações poderiam ser de três tipos: acesso à informação dos competidores; acesso a informações dos parceiros de canais de distribuição; e acesso a informações relativas a novas tecnologias. Através da reunião destes três tipos de informações, as empresas podem aumentar a qualidade de seu processo de tomada de decisões (SHARLAND; BALOGH, 1996), uma vez que essas informações poderiam ser usadas para o planejamento das vendas, desenvolvimento de novos produtos e políticas comerciais (BETTIS-OUTLAND, et al., 2010) . O objetivo de testar novos produtos foi identificado como um objetivo comum entre visitantes e expositores (BLYTHE, 1999). As feiras ao consumidor podem ser úteis para a introdução de produtos de consumo inovadores, porque podem ajudar a reduzir as barreiras – o risco percebido e as vantagens relativas – para a adoção de novos produtos pelos potenciais compradores (BARCZAK; BELLO; WALLACE, 1992). Assim, as feiras podem tornar a atividade de vendas mais eficiente, pois o esforço de vendas tende a ser menor quando o cliente já foi exposto ao produto durante a feira, acelerando o processo de compra (SMITH; GOPALAKRISHNA; SMITH, 2004). No entanto, as empresas industriais subutilizam as feiras no processo de desenvolvimento de novos produtos ao apenas testá-los e lançá-los, uma vez que ofereceriam condições interessantes para que fossem utilizadas na geração de ideias e na avaliação de protótipos no desenvolvimento de novos produtos (BELLO; BARCZAK, 1990). O Quadro 1 sintetiza os objetivos identificados na literatura. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 129 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas Quadro 1 – Resumo dos objetivos dos expositores Fatores Objetivo Informar sobre produtos e pessoal Bonoma (1983) Vender Bonoma (1983); Kerin e Cron (1987); Blythe (1999) Introdução de novos produtos Kerin e Cron (1987); Barczak et al. (1992); Smith et al. (2004) Teste de novos produtos Kerin e Cron (1987); Bonoma (1983); Blythe (1999) Geração de novas ideias para novos produtos Bello e Barczak (1990) Avaliação de protótipos Bello e Barczak (1990) Reunir informações Bonoma (1983); Kerin e Cron (1987); Sharland e Balogh (1996) Prospectar novos clientes Bonoma (1983); Blythe (1999); Kerin e Cron (1987) Ter acesso a tomadores de decisão Bonoma (1983) Servir clientes através do contato Bonoma (1983); Kerin e Cron (1987) Construir relacionamento Shipley et al (1993); Blythe (2001); Yee (2006); Blythe (2010) Imagem da empresa Bonoma (1983); Kerin e Cron (1987) Manter e elevar o moral da empresa Bonoma (1983) Melhoria nas habilidades de vendas O’Hara e Herbig (1993), Blythe (2010) Vendas Novos Produtos Informações Relacionamento Imagem Motivacional Autores Fonte: Elaborado pelos autores. 1.2 Avaliação do desempenho em feiras A avaliação do desempenho em feiras é um tema que ocupa lugar de destaque na literatura, uma vez que é importante entender que fatores alavancam o desempenho como forma de tornar essa participação mais eficiente (LEE; KIM, 2008). O desempenho da feira pode ser medido de maneira semelhante à utilizada para aferir o impacto da propaganda nas vendas. De forma similar à propaganda, a exposição em uma feira produz tanto um impacto direto quanto um impacto indireto nas vendas, visto que contribui para aumentar o nível de conhecimento sobre produtos já existentes ou novos produtos (GOPALAKRISHNA; LILIEN, 1995). 130 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Uma das formas que uma empresa teria de medir o sucesso da feira seria pela capacidade que ela tem em atrair os visitantes ao seu estande, pelos contatos feitos com o público que foi atraído e pela eficiência de conversão desses contatos em leads de vendas. Estes três estágios estariam relacionados às atividades táticas dos expositores. A capacidade de atrair o público-alvo resultaria das ações realizadas antes da feira, e das atividades promocionais impessoais (técnicas de captação de atenção, tamanho e localização do estande, e a presença de competidores) realizadas durante a feira. Já os dois estágios seguintes dependeriam de atividades promocionais pessoais, relacionadas com o treinamento e a quantidade de atendentes nos estandes (GOPALAKRISHNA; LILIEN, 1995). Vale ressaltar que tais atividades de marketing executadas durante o evento teriam uma influência de fatores antecedentes ligados ao relacionamento e ao conhecimento que a empresa já tem. Esses recursos poderiam ser específicos à feira, tais como tamanho do estande e sua localização na feira, ou recursos de marketing, como as competências gerenciais e as habilidades para o estabelecimento de parcerias (YEE, 2006). A percepção dos expositores sobre o desempenho das feiras está relacionada não só com as atividades desempenhadas antes, durante e depois das feiras, como também com os objetivos estabelecidos pelos expositores. Os expositores que consideram tão somente os objetivos relacionados à venda percebem o desempenho da feira como inferior se comparado aos expositores que estabelecem objetivos não ligados a vendas – a promoção da imagem da marca ou das competências da empresa (TANNER JR., 2002). Assim, os fatores que compõem os objetivos também refletem as dimensões formadoras do construto desempenho de feiras: atividades ligadas a vendas; coleta de informações; construção de imagem; construção de relacionamento; e atividades motivacionais (HANSEN, 2004). A percepção de desempenho em feiras é, portanto, um construto multidimensional (LEE; KIM, 2008). 1.4 Feiras ao consumidor As feiras ao consumidor tipicamente possuem o objetivo de venda de produtos ao consumidor final, mas também podem ser realizadas com o objetivo de auxiliar a introdução de novos produtos, porque podem ajudar a reduzir as barreiras – o risco percebido e as vantagens relativas Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 131 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas – para a adoção de novos produtos pelos potenciais compradores (BARCZAK; BELLO; WALLACE, 1992). O aumento no reconhecimento da marca também pode ser um dos objetivos dos expositores em feiras ao consumidor. De acordo com pesquisa realizada em 2003 nos EUA pela Jack Morton Worldwide, o marketing experiencial, em eventos nos quais os consumidores interagem diretamente com os produtos e com representantes de vendas, é muito eficiente para construir reconhecimento da marca e para gerar vendas para uma variedade de produtos. Ainda de acordo com a pesquisa, 62% dos homens e 53% das mulheres afirmaram que o marketing experiencial influenciaria extremamente ou muito sua tomada de decisão quando quisessem comprar computadores, softwares ou equipamentos relacionados (GRUBB, 2012). As tendências para o setor de feiras ao consumidor são a intensificação do uso da internet; o aumento da interação com os consumidores; e as mudanças no composto de comunicação. Espera-se um aumento substancial do número de ingressos vendidos pela internet; um aumento de recursos disponíveis nos sites das feiras, proporcionando maior interatividade; e a possibilidade de realizar treinamentos via internet para os expositores. O aumento da interação pode se dar de três formas: através de ações no estande, que possibilitem que o consumidor interaja com o produto exibido; através de educação para os consumidores; e via workshops e seminários sobre temas como novas tecnologias (SHERMAN, 2007). 1.5 Estudos sobre feiras no ambiente brasileiro Alguns estudos e pesquisas realizados no Brasil também investigaram os objetivos que levam as empresas a participarem de feiras de negócios. Esses estudos apontam como objetivos a promoção de imagem, marca e produtos; a atualização tecnológica (máquinas, equipamentos, novos materiais); a aproximação e/ou parceria com fornecedores; a aproximação e/ou conquista de clientes; o “contato ao vivo” com o cliente; a visibilidade; o conhecimento de tendências do setor e características de mercado e segmentos específicos; o conhecimento de novas tecnologias de produção e a apresentação da empresa ao mercado nacional (SOUZA, 2001). A troca de informações seria também importante para pequenas empresas que participam de feiras (CARVALHO, 132 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor 2004). Como as relações entre os agentes são intensificadas e são oferecidas uma quantidade elevada de informações, as empresas deveriam tratar as feiras como uma oportunidade de aprendizagem, procurando aperfeiçoar sua participação principalmente através da organização das informações coletadas durante a feira; e da incorporação dessas informações nos processos, serviços e produtos da empresa (SOUZA, 2004). Uma pesquisa realizada pelo SEBRAE aponta que os expositores possuem múltiplos objetivos quando expõem. Os dois principais objetivos apontados pelos respondentes foram divulgar produtos ou serviços e melhorar a imagem da empresa junto aos seus públicos. O terceiro objetivo mais apontado pelos expositores foi reforçar a visibilidade da empresa em seu setor e o quarto foi prospectar negócios futuros. Na opinião dos expositores, participar em feiras é importante para manter a competitividade de suas empresas no mercado. Entretanto, muitos expositores questionam o retorno que as feiras podem trazer para a empresa (SEBRAE, 2007). Os visitantes de feiras setoriais tipicamente frequentam estes eventos a trabalho. Já nas feiras comerciais, alguns visitantes frequentam a feira a trabalho e outros vão a essas feiras voluntariamente, a lazer, assim como frequentam um shopping center (HAMAN, 2006). Essa similaridade com os shopping centers propiciaria a realização de atividades de entretenimento, que poderiam estar incluídas no preço ou não. Essas ações de entretenimento são realizadas com o intuito de atrair um maior número de participantes para as feiras e podem ser consideradas como um serviço que visa a aumentar o valor agregado oferecido ao visitante e sua sensação de bem-estar no espaço da feira (HAMAN, 2006). Além disso, a comodidade proporcionada pelo evento, como horário abrangente e localização centralizada e privilegiada, estimula a intenção de retorno dos visitantes (ABDALLA, 2012). 2 Método O objetivo deste estudo é verificar quais são os fatores que, na perspectiva do expositor, influenciam a percepção do desempenho em feiras ao consumidor. Para tanto, procurou-se responder à seguinte pergunta de pesquisa: “Quais são os fatores formadores da percepção de desempenho na perspectiva de expositores em feiras B2C no mercado brasileiro de vestuário?” Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 133 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas 2.1 Modelo conceitual e proposições Com base na revisão de literatura, foram levantadas seis proposições em relação aos fatores que influenciam a percepção de desempenho em feiras ao consumidor (ver Figura 1). Figura 1 – Modelo e proposições de análise Objetivos Percepção de Desempenho Vendas P1: A Feira B2C pode ser utilizada para desenvolver atividades relacionadas a vendas. Coleta de informações P2: A Feira B2C pode ser utilizada para a coleta de informações sobre fornecedores, clientes, tendências ou tecnologia. Construção de relacionamento P3: A Feira B2C pode ser utilizada para construção de relacionamento com clientes, fornecedores, distribuidores e concorrentes. Construção de imagem P4: A Feira B2C pode ser utilizada para proporcionar visibilidade à marca e torná-la mais conhecida pelo público consumidor. Atividades Motivacionais P5: A Feira B2C pode ser utilizada como uma forma de motivar as equipes de vendas, clientes ou fornecedores. Novos produtos P6: A Feira B2C pode funcionar como um laboratório para teste de novos produtos, antes de levá-los às lojas. Fonte: Elaborada pelos autores. 2.2 Natureza do estudo e método de pesquisa De acordo com a taxonomia apresentada por Vergara (2006), a pesquisa pode ser qualificada segundo dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a presente pesquisa é exploratória e descritiva. É exploratória porque ainda há poucos estudos que abordam a pergunta da pesquisa, tratando-se de uma área em que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, especialmente no que diz respeito às feiras ao consumidor. É também descritiva, porque pretende descrever a percepção dos expositores de feiras de vestuário quanto a seu desempenho em feiras. 134 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Existem dois caminhos básicos para gerar conhecimento científico. O primeiro é dedutivo, em que o pesquisador parte de um modelo geral e o aplica empiricamente, para verificar se ele é válido para diferentes realidades. O segundo, indutivo, tem como ponto de partida um caso ou um conjunto pequeno de casos. A partir desses casos específicos, o pesquisador tenta então gerar generalizações para uma população maior. O método dedutivo é utilizado para investigar temas de pesquisa, cujo arcabouço teórico é escasso e incerto. Este tipo de pesquisa torna-se ineficiente e pode levar o pesquisador a conclusões deslocadas da realidade (BONOMA, 1985). Portanto, a escolha de uma abordagem qualitativa é especialmente interessante para entender o fenômeno das feiras ao consumidor no contexto brasileiro, tema que dispõe de pouco conhecimento produzido até o momento. Por essa razão, o método de estudo de casos múltiplos foi escolhido, uma vez que não existe um caso único que represente um exemplo crítico a respeito do fenômeno estudado. Além disso, o estudo de casos múltiplos permite explorar o tema de forma mais abrangente e a adição de cada nova observação pode aumentar mais a qualidade da análise (EINSENHARD; GRAEBNER, 2007). O método escolhido para abordar a questão de pesquisa torna oportuna uma discussão sobre a validade externa do presente estudo. É certo que muitos autores rejeitam qualquer possibilidade de generalização de um estudo qualitativo e há, ainda, outros que consideram possível a generalização analítica dos resultados a outras situações sob a forma de hipóteses de trabalho. Para esses, seria necessário especificar as características do contexto e da população a fim de tornar possível a identificação de situações similares e diversificar de forma sistemática os locais e casos cobertos, para com isso aumentar o potencial de generalização (LAOERRIÈRE, 2008). No presente estudo, essas foram algumas das preocupações que se teve. Em primeiro lugar, as características do contexto e da população foram especificadas, definindo como objeto de pesquisa as feiras ao consumidor do setor de vestuário brasileiro, e em seguida se diversificou os casos escolhidos, utilizando cinco diferentes casos, abordando empresas com diferentes níveis de experiência em relação ao fenômeno estudado. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 135 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas 2.3 Coleta de dados Foram entrevistados cinco expositores, sendo quatro expositores de feiras ao consumidor (B2C) e um de feira de negócios. Os quatro expositores de feiras ao consumidor eram das seguintes empresas de vestuário: Mini Humanos, Farm, Redley e Tozco. Para diversificar o conjunto de informantes, optou-se por entrevistar expositores com diferentes experiências em feiras. Além disso, incluiu-se na amostra um caso desviante, isto é, um caso em que faltam as características comuns aos demais casos da categoria de análise (SILVERMAN, 2008), sendo nesse estudo, então, considerado um caso de expositor que participa somente de feiras de negócio (B2B), a MD Too. O Quadro 2 resume as características das empresas expositoras e dos executivos que foram entrevistados. Quadro 2 – Características dos entrevistados e de suas respectivas empresas Empresa Porte Fundação Atuação Entrevistado Mini Humanos Pequeno 2004 Moda infantil. Vende para o atacado e para o varejo. Vinicius Panisset, Não possui loja própria, mas vende em seu ateliê. Sócio-proprietário MD Too Médio 1977 Moda feminina. Vende para o atacado e para o varejo. Possui 4 lojas próprias e um show-room, para vendas no atacado. Paulo Diniz, Diretor financeiro e proprietário Marcelo Bastos, Sócio-proprietário Farm Grande 1997 Moda feminina. Vende para o atacado e para o varejo. Possui 18 lojas próprias e um show-room, para vendas no atacado. Empresa nasceu em feiras ao consumidor. Redley Grande 1985 Moda feminina e masculina. Vende para o atacado e para o varejo. Possui 3 lojas próprias no RJ e representantes no restante do Brasil. Marcio Araújo, Gerente de atacado Tozco Microempresa 2005 Moda feminina e masculina. Não possui lojas próprias, mas vende para lojas multimarcas e em seu ateliê. Aline Rodrigues, Sócia-proprietária Fonte: Elaborado pelos autores. As entrevistas foram realizadas com os principais executivos responsáveis pelas atividades relacionadas à participação da empresa em feiras. As perguntas do roteiro de entrevista semiestruturado, utilizado para as entrevistas com os expositores, foram elaboradas de forma a permitir explorar em profundidade as informações sobre as quatro categorias de análise: 136 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor 1) 2) 3) 4) o papel das feiras na estratégia de marketing das empresas; as feiras e o mix de canais das empresas; objetivos ao participar de feiras; avaliação de desempenho em feiras. 3 Resultados Nesta seção, é apresentada a análise dos relatos dos entrevistados. A seção está dividida em seis partes, cada uma delas abordando uma das proposições de pesquisa: atividades relacionadas a vendas; coleta de informações; construção de relacionamento; construção de imagem; atividades motivacionais; e novos produtos. 3.1 Atividades relacionadas a vendas Quando os executivos foram perguntados sobre quais seriam seus objetivos ao participarem de feiras, estes destacaram aqueles ligados a vendas. “[Nossos objetivos são] primeiro, novos clientes e o aumento do seu faturamento. Seriam os dois fatores primordiais” (PAULO DINIZ, MD TOO). Em linha com a literatura, os expositores enfatizaram que as atividades relacionadas a vendas constituem os principais objetivos de suas participações em feiras ao consumidor, e com isso, a percepção de desempenho é algumas vezes inclusive aferida, comparando o custo de participação com os resultados obtidos durante o evento. Um dos entrevistados destacou a necessidade da participação na feira gerar vendas suficientes para, no mínimo, cobrir os custos para expor na feira: [Estabeleço objetivos] de vendas. A gente sabe que vai ter que pagar, que vai ter tal custo e que precisa vender um certo número de peças na feira por dia. Ela também normalmente tem que ser melhor que a edição do ano anterior (VINICIUS PANISSET, Mini Humanos). Outro aspecto destacado pelos entrevistados diz respeito ao potencial de margem maior. Quando perguntado sobre as vantagens de expor na feira, um dos entrevistados (que costuma vender para lojas multimarcas) destacou que a feira ao consumidor é um canal direto, em que não há intermediários, o que possibilitaria uma margem maior ao expositor: Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 137 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas Na feira a gente consegue um valor de venda maior, porque tem uma redução de até 30% ou mais no preço que vai pra loja. [...] O lojista coloca em torno de 2.5 de marcação em cima do preço. Então, se eu vendo uma camisa por R$ 30,00, ele vai vender por R$ 75,00. A gente tem que baixar o preço pra loja, pra nossa marca não bater com marcas mais conhecidas, como uma Colcci, Cavalera (ALINE RODRIGUES, Tozco). As evidências permitem, portanto, suportar empiricamente a proposição de pesquisa (P1), de que a percepção de desempenho da Feira B2C é influenciada pelas atividades relacionadas a vendas. Outro aspecto que foi realçado pelos entrevistados diz respeito ao caráter “outlet” ou “off-price” adotado por alguns expositores. Um dos entrevistados, que iniciou suas atividades em feiras ao consumidor, aponta que à medida em que começou a vender em lojas próprias, e que a clientela das feiras foi começando a mudar de perfil, a empresa passou a utilizar a feira ao consumidor como um canal onde podia escoar os estoques que não vendiam em suas lojas: A Feira Hype já estava dando alguns sinais de que aquele público bacanérrimo que a gente via no começo estava diminuindo... Tinha gente bacana ainda, mas aquele público bacanérrimo a gente já não via mais. Em abril de 2003, a gente já tinha loja no Shopping da Gávea, e o público estava cada vez pior. Em junho de 2003, a gente decidiu fazer [feira] com peças de coleções passadas (MARCELO BASTOS, Farm). Segundo outro entrevistado, as feiras ao consumidor, por constituírem um tipo de canal com baixas barreiras de entrada e saída, também podem levar a empresa a vender produtos de coleções anteriores, mais baratos: A gente começou lá [no Mercado Mistureba] vendendo nossas peças mais caras. Mas no final, a gente estava vendendo nossas peças mais baratas, porque entraram uns concorrentes vendendo peças a R$ 15,00. Eu não tenho [que] e nem quero competir com isso... Porque é outro patamar (ALINE RODRIGUES, Tozco). No entanto, a venda de produtos de coleções anteriores ou de pontas de estoque em feiras ao consumidor também é vista com cautela por algumas empresas, que temem que essa participação da empresa na feira cause conflitos de canal, já que alguns consumidores podem deixar de consumir nas lojas para comprar depois nestas feiras a um preço mais baixo: 138 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Você vê que muitas pessoas já estão se acostumando a essas feiras... Então a gente tá vendo pessoas que deixam de comprar nas lojas, na época normal, esperando acontecer o bazar [...]. Tem cliente que quer se vestir bem, com a moda, e que paga bem. Procura a moda, é independente. Outros têm o preço como grande problema, então eles esperam para comprar no bazar (MARCIO ARAUJO, Redley). Nas feiras ao consumidor, essa preocupação em não prejudicar as vendas de outros canais, sejam eles lojas multimarcas ou próprias, pode afetar a política de preços praticada durante as feiras: Eu não posso vender mais barato porque vou acabar canibalizando as minhas lojas. O lojista muitas vezes pergunta: “ah, mas você faz evento?”, “faço”, “ah, mas por quanto você vende suas camisas lá?” (ALINE RODRIGUES, Tozco). As evidências permitem, portanto, a formulação de uma proposição empírica (a posteriori), de que (P7) Feiras ao Consumidor podem servir como um canal outlet/off-price para vender os estoques excedentes de produtos da marca de vestuário, que não foram escoados nos canais convencionais. 3.2 Coleta de informações De acordo com a literatura, nas feiras, as empresas poderiam buscar informações referentes a clientes, fornecedores, concorrência e tendências. No caso específico deste estudo, destacam-se evidências relacionadas à coleta de informações relativas ao consumidor final. Principalmente para as pequenas empresas, que vendem essencialmente através de lojas multimarcas, a feira é um local em que é possível encontrar e obter um conhecimento mais apurado sobre o perfil dos consumidores que compram sua marca: A vantagem da feira é que além de preço, você pode ter noção do que as pessoas estão gostando ou não. [...] E testar se aquele público que a gente imagina ser o nosso, realmente é. A gente imagina: ‘ah, o nosso público é de gente entre 20 e 35 anos’.[...] é aquela ilusão. [...] Então, 70% é esse público que a gente tá imaginando, mas nós também estamos atingindo 30% que não é quem nós miramos (ALINE RODRIGUES, Tozco). Com isso, além de suportar empiricamente a segunda proposição de pesquisa (P2), de que a percepção de desempenho da Feira B2C é inGestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 139 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas fluenciada pelas atividades relacionadas à coleta de informações sobre fornecedores, clientes, tendências ou tecnologia, as evidências sugerem a formulação de uma proposição empírica (a posteriori), de que (P2a) Feiras ao Consumidor podem servir para a obtenção de um conhecimento mais apurado sobre o perfil do consumidor final da marca. 3.3 Construção de relacionamento A literatura estabelece que durante os eventos, as empresas expositoras podem utilizar os estandes para a construção de relacionamento com clientes, fornecedores, distribuidores, associações de classes, entre outros. Todavia, não foram encontradas evidências de que um dos objetivos das empresas investigadas fosse a construção de relacionamento na cadeia de valor. No entanto, ao abordarem a questão da canibalização e conflito de canal, alguns expositores comentaram que nas feiras eventualmente são feitos contatos com lojistas que mostram interesse em revender suas marcas. O canal de distribuição da multimarca não pode ser canibalizado. Por exemplo, eu não posso fechar negócio com alguém de Campinas só porque ele veio à feira e gostou da marca, adorou a marca. Se eu tenho um cliente [distribuidor, varejista] em Campinas, eu não posso ter outro cliente [distribuidor, varejista] em Campinas, no mesmo corredor comercial. A gente pode ter mais de um cliente [distribuidor, varejista] por cidade, mas existem corredores comerciais. Eu não posso ter no mesmo corredor comercial um lojista canibalizando a venda do outro. Então por isso a gente faz o cadastro, passa para o representante entrar em contato e depois ele passa pra gente um parecer desse contato. (MARCIO ARAUJO, Redley). Contudo, os expositores parecem não perceber a importância desses momentos para construir relacionamentos. Pode-se especular que, nas feiras ao consumidor, os expositores precisam interagir com um número muito maior de clientes do que nas feiras de negócios, sobrando poucas oportunidades para construírem esse relacionamento com distribuidores, fornecedores e outros participantes do setor. Desta forma, no presente estudo não foram identificadas evidências que possam suportar empiricamente a terceira proposição de pesquisa (P3), a de que a percepção de desempenho da Feira B2C é influenciada pelas atividades relacionadas à construção de relacionamentos com clientes, fornecedores, distribuidores e concorrentes. 140 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor 3.4 Construção de imagem Nas feiras de negócios, a construção de imagem é um dos fatores que compõem a percepção de desempenho por parte dos expositores. Na feira, eles conseguem expor a marca e os produtos aumentando o reconhecimento (awareness). A análise das entrevistas leva a concluir que tal objetivo também é relevante nas feiras ao consumidor. Uma das empresas entrevistadas – Farm – começou a sua trajetória em feiras e atualmente possui uma rede de lojas próprias. Devido ao baixo grau de investimento, as feiras de vestuário têm sido utilizadas por confecções para entrar no mercado de venda direta ao consumidor, assim, uma das preocupações dessas empresas é também a possibilidade de construção de uma marca. A feira é vista como uma forma barata de exposição e construção de marca. O motivo principal é o de um dia ser uma grande marca, de vender pro Brasil inteiro, pra muitas lojas, ter uma escala maior. Mas o motivo inicial era se mostrar. Então, a feira [B2C] é um meio barato de você entrar no mercado... principalmente quando você não é conhecido (VINICIUS PANISSET, Mini Humanos). Alguns entrevistados afirmaram que a imagem da marca era o segundo objetivo que eles reconheciam como mais relevante após a geração de vendas ao participarem das feiras ao consumidor. Desta forma, as evidências permitem suportar empiricamente a proposição de pesquisa (P4) de que a percepção de desempenho da Feira B2C é influenciada pelas atividades que permitem proporcionar visibilidade à marca e torná-la mais conhecida pelo público consumidor. 3.5 Atividades motivacionais De acordo com a literatura, nas feiras de negócios é possível desenvolver atividades motivacionais com colaboradores, clientes e fornecedores. Não foram identificadas, entretanto, evidências de que as feiras ao consumidor sirvam ao propósito de motivar clientes e fornecedores. Todavia, as feiras podem ser usadas para treinar e desenvolver a equipe de vendas. Neste sentido, as feiras ao consumidor foram também identificadas como um espaço onde é possível testar membros da força de vendas: Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 141 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas Uma coisa interessante é que essas feiras servem como um laboratório. [...] Então a gente bota vendedores que querem entrar pra empresa, virar gerentes [...] Teve um vendedor que a gente colocou na gerência desse último evento e o desempenho dele foi fantástico. Ele teve uma excelente performance. Quando ele voltou pra loja, ele ganhou uma promoção para a vaga de gerência que estava aberta. Pela experiência e pela liderança que ele apresentou dentro da feira. E isso é muito legal, porque na próxima feira, todo mundo quer ir, porque é uma possibilidade de mostrar um bom trabalho pra diretoria, pra gerência... (MARCIO ARAUJO, Redley). As evidências permitem, portanto, suportar empiricamente a proposição de pesquisa (P5) de que a percepção de desempenho da Feira B2C é influenciada pelas atividades relacionadas à motivação [mais especificamente] da força de vendas. 3.6 Novos produtos A literatura aponta as feiras como sendo um evento que pode ser usado para lançar novos produtos, podendo-se inclusive testá-los e avaliá-los. Para algumas empresas investigadas neste estudo, a feira ao consumidor constitui a única oportunidade de contato com o consumidor final e elas efetivamente usam a feira para testar os seus produtos. Feira é um bom negócio. É um laboratório pra você divulgar o teu produto, pra você divulgar a tua marca, pra você testar o teu produto. A feira te ajuda a não errar, ela te dá uma chance de você não errar. Lógico que depende do segmento. Se você vai pra uma feira de automóveis, já investiram milhões nos carros, [...] Mas na área de moda é uma oportunidade pra você mudar rápido (PAULO DINIZ, MD Too). As evidências permitem, portanto, suportar empiricamente a proposição de pesquisa (P6) de que a percepção de desempenho da Feira B2C é influenciada pelas atividades relacionadas ao teste de novos produtos. Síntese dos resultados O Quadro 3 resume os resultados deste estudo. Ao analisar o quadro, nota-se que os objetivos relacionados a vendas foram os mais mencionados e que nem todos os expositores mencionaram objetivos nas diferentes categorias durante as entrevistas. 142 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor Quadro 3 – Objetivos para participar de feiras ao consumidor Categoria Mini Humanos Vendas Estabelece objetivos de vendas Visa recuperar o investimento da participação, Prospectar novos clientes Farm Redley Tozco MD Too Prospectar novos clientes Possibilidade de maior margem Prospectar novos clientes Novos clientes Aumento do faturamento Informações Testar se o público é que imaginam Relacionamento Usou o canal para o lançamento da marca Motivacional Testar membros da força de vendas Novos Produtos Laboratório para divulgar novos produtos Risco de conflito de canal Escoar estoques das coleções antigas Escoar estoques Risco de conflito de canal Mudança de perfil da feira para peças mais baratas Risco de conflito de canal Imagem Canal Outlet Fonte: Elaborado pelos autores. Considerações finais O presente estudo tem como objetivo responder à seguinte pergunta de pesquisa: Quais são os fatores formadores da percepção de desempenho na perspectiva de expositores em feiras B2C no mercado brasileiro de vestuário? Uma vez que a literatura sobre o fenômeno feiras ao consumidor (B2C) é rarefeita e praticamente inexistente no Brasil, para responder à Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 143 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas pergunta de pesquisa fez-se necessário usar como referência o conhecimento a priori, predominantemente, sobre feiras B2B. Assim, constatou-se que, tal qual apontam os estudos sobre as feiras de negócios, o fator ligado a vendas é o mais percebido pelos expositores de feiras B2C. Além dele, emergiram também os fatores relativos à coleta de informação, construção de imagem, atividades motivacionais e novos produtos. Diferentemente do que aponta a literatura referente a feiras B2B, não foram encontradas evidências de que a construção de relacionamento seja um fator relevante para a percepção de desempenho das feiras B2C. Esse achado pode ser explicado pelo número elevado de transações que tipicamente ocorrem em uma feira B2C em comparação com uma feira B2B. São vendedores tentando minimizar o tempo de contato com os visitantes (compradores) para maximizar as vendas e consequente suas comissões. Não são representantes de vendas, como é típico nas feiras B2B, que entendem o contato na feira como sendo uma etapa na construção de uma venda e que, por isso mesmo, estão dispostos a investir tempo na construção ou manutenção do relacionamento. Adicionalmente, os expositores de feiras B2C podem não reconhecer os visitantes (compradores) como genuinamente pertencentes ao público-alvo da sua marca, especialmente quando os produtos vendidos na feira são excedentes dos canais convencionais. A análise dos casos permitiu ainda a sugestão de uma proposição empírica (a posteriori) de que as Feiras ao Consumidor podem servir como um canal outlet /off-price para vender os estoques excedentes de produtos da marca de vestuário, que não foram escoados nos canais convencionais. De fato, alguns entrevistados mencionaram que essa prática constitui uma tendência das feiras de vestuário no Brasil. Uma possível explicação para esse fenômeno seria a preocupação dos expositores com a defesa da imagem da marca. Em outras palavras, a participação nas feiras B2C poderia minimizar a necessidade da realização de liquidações nos canais convencionais. Todavia, percebe-se que cresce nesses expositores a preocupação com o risco do surgimento de conflitos de canal, mais especificamente para aquelas marcas que vendem seus produtos a lojas multimarcas. O presente estudo, portanto, contribui de forma relevante para o estudo do fenômeno das feiras ao consumidor, mediante a generalização analítica de proposições de pesquisa que foram suportadas empiricamente. O modelo conceitual de fatores determinantes da percepção de desempenho em feiras ao consumidor, proposto nesse estudo, poderá ser 144 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor testado em estudos futuros, objetivando a sua generalização estatística. A contribuição gerencial deste estudo é proporcionar ao executivo a compreensão de que o desempenho que a empresa pode exibir ao participar de uma feira ao consumidor não é unidimensional, ligado exclusivamente a vendas. Uma visão mais abrangente do desempenho, que leve em conta as múltiplas dimensões, pode levar o expositor a explorar as feiras de forma mais holística. Cada uma das dimensões do desempenho é capaz de acrescentar valor à empresa, todavia, exigindo um cuidadoso planejamento e preparação prévios, sem os quais tal valor não será capturado – ou sequer percebido. Uma limitação importante do presente estudo está relacionada à amostra utilizada. Algumas empresas de vestuário participam tanto de feiras B2B quanto de feiras B2C, pois vendem a esses dois tipos de mercado. Portanto, a categorização dos respondentes em expositores de feiras de negócios e expositores de feiras ao consumidor, apesar de útil para o presente estudo, pode não refletir com precisão a realidade das empresas quanto à sua participação em feiras. Outra limitação importante diz respeito aos informantes. Em quatro das empresas investigadas, o informante é proprietário, todavia, em uma delas – Redley – não foi possível entrevistar um dos sócios. Nesse caso específico, o informante foi o gerente de atacado, que é o responsável pela participação da empresa em feiras. O presente estudo sinaliza novas oportunidades de pesquisa. Em primeiro lugar, seu caráter exploratório sugere o aprofundamento do estudo do fenômeno mediante a realização de novas pesquisas para a obtenção de suporte empírico adicional para as proposições, seja para generalização analítica, seja para generalização estatística. Outra sugestão seria a replicação da pesquisa para feiras B2C para investigar esse fenômeno a) em outras categorias de produtos; b) em outros estados brasileiros, visando identificar possíveis diferenças regionais. Recebido em dezembro de 2012. Aprovado em abril de 2013. Referências ABDALLA, M. M. Preditores da intenção de retorno às feiras de negócios: um estudo com o público visitante da VI Costa Verde Negócios de Angra dos Reis-RJ. Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 10, n. 1, p. 116-129, 2012. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 145 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas AMORIM, L. Feiras: na trilha dos bons negócios. Feiras do Brasil. Disponível em: <http:// www.feirasdobrasil.com.br/revista.asp?area=artigos&codigo=253>. Acesso em: 10 Jun. 2007. BARCZAK, G. J.; BELLO, D. C.; WALLACE, E. S. The role of consumer shows in new product adoption. The Journal of Consumer Marketing, v. 9, n. 2, p. 55-67, 1992. BELLO, D. C.; BARCZAK, G. J. Using industrial trade show to improve new product development. The Journal of Business and Industrial Marketing, v. 5, n. 2, p. 43-56, 1990. BETTIS-OUTLAND, H. et al. The return on trade show information (RTSI): a conceptual analysis. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 25, n. 4, p. 268-271, 2010. BETTIS-OUTLAND, H.; JOHNSTON, W. J. Using trade show information to enhance company success: an empirical investigation. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 27, n. 5, p. 384-391, 2012. BLYTHE, J. Visitor and exhibitor expectations and outcomes at trade exhibition. Marketing Intelligence and Planning, v. 17, n. 2, p. 100-108, 1999. ______. Using trade fairs in key account management. Industrial Marketing Management, v. 31, p. 627-635, 2002. ______. Trade fairs as communication: a new model. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 25, n. 1, p. 57-62, 2010. ______; RAYNER, T. The evaluation of non-selling activities at British trade exhibitions: an exploratory study. Marketing Intelligence and Planning, v. 14, n. 5, p. 20-24, 1996. BONOMA, T. V. Get more out of your trade show. Harvard Business Review, v. 61, n. 1, p. 75-83, 1983. ______. Case Research in marketing: opportunities, problems, and a process. Journal of Marketing Research, v. 22, p. 199-208, 1985. CARVALHO, K. C. Gestão das informações sobre o ambiente na pequena empresa: estudo comparativo de casos sobre o processo estratégico no setor de serviços (hoteleiro) da região de Brotas. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. CHAPMAN, E. A. Exhibit marketing: A survival guide for managers. New York: McGrawHill, 1987. CIC. CONVENTION INDUSTRY COUNCIL – APEX Industry Glossary. Disponível em: <http: //www.conventionindustry.org/glossary/>. Acesso em: 25 maio 2007. EINSENHARD, K. M.; GRAEBNER, M. E. Theory building from cases: opportunities and challenges. Academy of Management Jornal, v. 50, n. 1, p. 25-32, 2007. GOPALAKRISHNA, S.; LILIEN, G. L. A three-stage model of industrial trade show performance. Marketing Science, v. 14, n. 1, p. 22-42, 1995. ______; ______. Trade shows in the business marketing communications mix. In: LILIEN, G. L.; GREWAL, R. Handbook on Business to business marketing. [S.l.]: Edward Elgar Publishing Limited, 2012. Cap. 13, p. 226-243. GRUBB, D. J. The allure of the B2C event market Disponível em: <http://www.expoweb. com/Trends/2005Se8312005112338AM.htm>. Acesso em: 14 fev. 2012. 146 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> Fatores formadores da percepção do desempenho em feiras B2C na perspectiva do expositor HAMAN, R. Entretenimento em feiras comerciais sob a ótica da hospitalidade: a Erótika Fair. Dissertação (Mestrado em Hospitalidade) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006. HANSEN, K. Measuring performance at trade shows – scale development and validation.. Journal of Business Research, v. 57, p. 1-13, 2004. IAEE. IAEE State of the Industry report. Disponível em: <http://www.iaee.com/download s/1363625519.20373900_4f8d3b04e1/stateoftheindustry070123.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2013. KERIN, R. A.; CRON, W. L. Assessing trade show functions and performance: an exploratory study. Journal of Marketing, v. 51, n. 3, p. 87-94, 1987. KIRCHGEORG, M.; SPRINGER, C.; KASTNER, E. Objectives for successfully participating in trade shows. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 25, n. 1, p. 63-72, 2010. LAOERRIÈRE, A. Os critérios de cientificidade dos métodos qualitativos. In: ______ A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. São Paulo: Vozes, 2008. p. 410-436. LEE, H. Brand association in the tradeshow industry: an application of the service brand preference model. Tese (Master in Science Degree). University of Nevada, 2003. ______; KIM, Y. Differential effects of determinants on multi-dimensions of trade show performance: By three stages of pre-show, at-show, and post-show activities. Industrial Marketing Management, v. 37, p. 784-796, 2008. O’HARA, B. S.; HERBIG, P. A. Trade shows: what do the exhibitors think? A Personal selling perspective. The Journal of Business and Industrial Marketing, v. 8, n. 4, p. 18-25, 1993. PITTA, D. A.; WEISGAL, M.; LYNAGH, P. Integrating exhibit marketing into integrated marketing communications. Journal of Consumer Marketing, v. 23, n. 3, 2006. PONZURICK, T. G. International buyers perspective toward trade shows and other promotional methods. Journal of Marketing, p. 9-19, 1996. RICE, G. Using the interaction approach to understand international trade shows. International Marketing Review, v. 9, n. 4, p. 32-45, 1992. RUSSEL, K. E. Private shows offer optimum targeting. Advertising Age’s Business Marketing, v. 84, n. 7, p. 29, 1999. SEBRAE. O mercado brasileiro de feiras. 2007 (Série Mercados) 2007. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/integra_documento?documento=F48AD038A5DFCB08832573 A70065EA32>. Acesso em: 10 jun. 2007. SETUBAL, J. B.; SOUZA, Y. S. Feiras setoriais e seu potencial para a aprendizagem organizacional: um estudo sobre produtores de componentes de calçados do Vale do Rio Sinos. Teoria e Evidência Econômica, v. 12, n. 23, p. 129-155, 2004. SHARLAND, A.; BALOGH, P. The value of non-selling activities at international trade shows. Industrial Marketing Management, v. 25, p. 59-66, 1996. SHERMAN, P. D. 8 consumer show trends to watch: industry leaders discuss current market conditions impacting consumer event. Expo Web. 2007. Disponível em: <http://www. expoweb.com/Consumer_Shows/2007June8ConsumerShowTrendstoWatch.htm>. Acesso em: 20 out. 2007. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo> 147 Victor Manoel Cunha de Almeida, Paula Raja Gabaglia D’Araujo e Silva e Flávia D’Albergaria Freitas SHIPLEY, D.; EGAN, C.; WONG, K. S. Dimensions of trade show exhibiting management. Journal of Marketing Management, v. 9, p. 55-63, 1993. SILVERMAN, D. Interpretação de Dados qualitativos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. SMITH, T. M.; GOPALAKRISHNA, S.; SMITH, P. M. The complementary effect of trade show on personal selling. International Journal of Research in Marketing, v. 21, p. 6176, 2004. SOUZA, Y. S. Aprendizagem organizacional: feiras e eventos como oportunidade para a cadeia coureiro-calçadista do Vale do Rio dos Sinos. ENANPAD 25. 2001. ______. Organizações de aprendizagem ou aprendizagem organizacional. RAE – Eletrônica, v. 3, n. 1, 2004. TANNER JR., J. F. Levelling the playing field: factors influencing trade show success for small companies. Industrial Marketing Management, v. 31, p. 229-239, 2002. UBRAFE. UBRAFE União Brasileira dos Promotores de Feiras. Disponível em: <http:// www.ubrafe.org.br/download/2012_Portugues.pdf>. Acesso em: 10 ago.2012. VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de pesquisa em administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006. WEITZMAN, J. One exhibitor, one product line and a select, captive audience: Private trade shows bypass competitors. Crain’s New York Business, v. 16, n. 14, 2000. YEE, L. L. Relationship learning at trade shows: its antecedents and consequences. Industrial Marketing Management, v. 35, p. 166-177, 2006. YUKSEL, U.; VOOLA, R. Travel trade shows: exploratory study of exhibitors’ perceptions. Journal of Business & Industrial Marketing, v. 25, n. 4, p. 293-300, 2010. 148 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 13, p. 123-148, jan./jun. 2013 Disponível em: <http://seer2.fapa.com.br/index.php/arquivo>