Tema: Rastreabilidade de medição Walderson Vidal Adriano Bitencurte NBR ISO/IEC 17025 5.6 - Rastreabilidade da medição Todo equipamento utilizado em Ensaio e/ou Calibração, incluindo equipamento para medições auxiliares, que tenham efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado do ensaio, calibração ou amostragem, deve ser calibrado antes de entrar em serviço. NBR ISO/IEC 17025 • Quando não for possível a rastreabilidade ao SI, o laboratório deve fornecer confiança nas medições, através da rastreabilidade a padrões apropriados, como: – uso de materiais de referência certificados – uso de métodos especificados e/ou padrões consensados – participação de comparações interlaboratoriais VIM 6.10 - Rastreabilidade Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar relacionado a referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais, através de um cadeia contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas. NIT-DICLA-030 Item 7.2 Para assegurar que as medições feitas no laboratório sejam rastreáveis ao SI, a Cgcre/Inmetro exige que o laboratório garanta que a calibração de seus padrões de referência e instrumentos que precisem ser calibrados externamente sejam realizadas em laboratórios que possam demonstrar competência, capacidade de medição e rastreabilidade para a calibração específica que for executada. Considera-se que os seguintes laboratórios atendem a estes requisitos: NIT-DICLA-030 • Laboratórios integrantes do Inmetro, do Serviço da Hora do Observatório Nacional (SH/ON) ou do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD); • Laboratórios Nacionais de Metrologia signatários do Acordo de Reconhecimento Mútuo do CIPM e que participem das comparações chave (key comparisons) organizadas pelo BIPM ou por Organizações Regionais de Metrologia (ex.: SIM, EUROMET e APMP); NIT-DICLA-030 • Laboratórios de calibração credenciados Cgcre/Inmetro para essa calibração específica; pela • Laboratórios de calibração, que sejam credenciados para essa calibração específica, por Organismos de Credenciamento de Laboratórios signatários dos Acordos de Reconhecimento Mútuo da ILAC e/ou da EA e/ou da IAAC para o credenciamento de laboratórios de calibração. Dificuldades Relatadas • Realização de calibração em medidas de modulação digital: – Error Vector Magnitude, – Phase Error, – Frequency Error para modulação do tipo: GMSK, 8PSK, QPSK e 16QAM. Obs: Tais medições são realizadas por simuladores de radiocomunicações, utilizados em ensaios de telefone celular (AMPS, CDMA, GSM/GPRS/EDGE) Dificuldades Relatadas Para transmitir sinais digitais em uma portadora, é necessária a modulação destas informações (bits). A modulação digital codifica uma seqüência de bits de comprimento finito em um dentre vários possíveis sinais transmitidos. Intuitivamente, o receptor minimiza a probabilidade de erros de bit decodificando o sinal recebido como o sinal no conjunto de possíveis sinais transmitidos que é mais próximo ao sinal recebido. Portanto é possível analisar sinais em um espaço vetorial definido, a análise vetorial é aplicada nas técnicas de modulação específica (GMSK, 8-PSK, 16QAM - p. 20, 31 e 31)*. Dificuldades Relatadas Dificuldades Relatadas • Na teoria é possível associar matematicamente fase e magnitudes do vetor (Erro de fase e EVM). Ex: • Note que o EVM, matematicamente é o modulo dos vetores I-Q measured e i-Q reference. Para calcular o phase error, podemos aplicar à seguinte formula: • cos(Phase error) = i-Q measured * i-Q reference / || iQ reference || * || i-Q measured || • Podemos concluir que a base de tempo é uma das grandezas que tem influência sobre as medidas de modulação digital. Dificuldades Relatadas • Analisadores de Protocolos Validação da Camada Física A camada física define as especificações elétricas, mecânicas, funcionais e de procedimentos para ativar, manter e desativar o link físico entre sistemas finais. Características como níveis de Tensão, temporização de alterações de tensão, taxas de dados físicos, distâncias máximas de transmissão, conectores físicos e outros atributos similares são definidas pelas especificações da camada física. Dificuldades Relatadas • Exemplo Analisador de Protocolo modelo HP37900 Validação da Interface física aplicando as Recomendações da SDT-220-250-707 – ABR/98 – CPAT Interfaces de Transmissão Características Elétricas e Físicas Dificuldades Relatadas • Realização de calibração em SDH – Medidas importantes: • Exatidão da Freqüência nas interfaces STM • Offset da Frequência do Gerador de Relógio • Sensibilidade das entradas Ópticas (em função dos comprimentos de onda) • Nível de Saída Ópticas (em função dos comprimentos de onda) • Conformidade de Pulsos das interfaces STM Apresentação de casos práticos Ensaio 1: Interferência a um sinal espúrio de CW Analisador de Transmissão Digital Multímetro Transmissor BB RF Atenuador 30 dB (a) Atenuador Variável Sensor de Potência Divisor de Potência (a) CC M Atenuador 30 dB (b) Receptor RF BB CC CC Fonte de alimentação Medidor de Potência CC Gerador de Sinais Freqüencímetro Analisador de Transmissão Digital Ensaio 1: Interferência a um sinal espúrio de CW O ensaio consiste em determinar o nível e a freqüência dos sinais recebidos pelo receptor, que causam uma taxa de erro > 10E-6 no sinal demodulado por este receptor. - Na configuração de ensaio mostrada no slide anterior, através do Atenuador Variável ajusta-se o nível na entrada do receptor, até obter-se uma taxa de erro =10E-6. - Ativa-se o gerador de sinais com as freqüências definidas no ensaio e nível ajustado até que seja obtida a taxa de erro > 10-6 no sinal demodulado pelo receptor. - Obtida esta taxa, o nível e a freqüência do sinal recebido na entrada do receptor são definidos pelo valor indicado no Medidor de Potência, pelo Atenuador 30 dB(b) e pelo Freqüencímetro. A contribuição da calibração destes equipamentos influencia diretamente na incerteza total do resultado. Devem portanto ser calibrados. Note-se que para determinar o sinal recebido não foi necessário conhecer o nível na saída do Gerador de Sinais, nem as atenuações do Atenuador 30 dB(a), do Atenuador Variável e do Divisor de Potência. Portanto a contribuição da calibração destes equipamentos para a incerteza total do resultado do ensaio é nula. NBR ISO/IEC 17025, item 5.6.2.2.1 - Para laboratórios de ensaio, os requisitos apresentados em 5.6.2.1 (Calibração) aplicam-se a equipamentos de medição e ensaios utilizados com funções de medição, a não ser que tenha sido estabelecido que a contribuição associada da calibração pouco contribui para a incerteza total do resultado do ensaio Ensaio 2: Sinalização de monocanal Telefone ESE B BB La ESE A RF RF DC IN DC IN Lb 100 Ω Fonte de Alimentação(a) Multímetro A Atenuador 30 dB (a) Atenuador 30 dB (b) Atenuador Variável (a) Sa Ponte de Alimentação BB + - Sb Va Vbat A CH 1 Osciloscópio Década Resistiva Multímetro CH 2 Fonte de Alimentação(b) If Para alguns ensaios de características de sinalização, o requisito define que a tensão de linha (Vbat) seja de 48 V e a que a corrente de enlace (If) seja de 20 mA. A tensão Vbat é obtida através de uma Fonte de Alimentação (b). A verificação desta tensão é feita pelo multímetro calibrado. A corrente If, também medida com o multímetro calibrado é ajustada através da Década Resistiva. Note-se que a exatidão dos valores de tensão e corrente dependem da calibração do multímetro. A indicação da tensão gerada na Fonte de Alimentação e o valor da resistência indicada na Década Resistiva em nada contribuem para a incerteza total do resultado do ensaio e não necessitam de calibração. Ensaio 3: Faixa de variação de tensão de entrada na Unidade Retificadora (UR) O ensaio visa determinar a faixa de variação da tensão de entrada com a qual a UR deve operar, em regime contínuo, mantendo a tensão e a corrente de saída dentro de certas características. Variador de Tensão Fase + Neutro - Carga SR Multímetro UR´s 1...2...3...n Multímetro Alicate Amperímetro A variação da tensão de entrada é obtida através de ajuste do Variador de Tensão. Para obter os valores gerados pelo variador de tensão, se faz uso do multímetro calibrado. O Variador de tensão também não necessita calibração. Estes são alguns exemplos que comprovam que na necessidade de geração de sinais que possibilitem a realização de ensaios, é muito mais coerente verificar estes sinais com instrumentos calibrados ao invés de utilizar a indicação destes geradores e suas respectivas tabelas de calibração. Considerações Finais: Periodicidade e Calibração de Instrumentos Pelo exposto o que se pretende argumentar é que nem todos os instrumentos de testes utilizados na montagem do “setup” do ensaio necessitam ser calibrados, cabendo ao avaliador ter como critério, a cobrança de rastreabilidade, somente dos instrumentais utilizados com funções de medição. Enquanto que nos instrumentais de apoio utilizados na geração de sinais, faz-se necessário somente uma verificação compatível. É de conhecimento tácito que o período de calibração dos instrumentos de medição utilizados nos ensaios é de 1 ano. Porém não existe nenhuma regra que defina esta obrigatoriedade, nada impede que o Laboratório adote como política o período 2 anos entre duas calibrações sucessivas, associado a procedimentos internos de verificação intermediárias, com métodos adequados e suficientes.. Referências • DOQ-CGCRE-018-REV 00 – SET/2006 – Orientação para Calibração de Instrumentos Analógicos e Digitais de Medição na Área de Eletricidade • DOQ-CGCRE-007-REV 00 – ABRIL/2003 – Informações sobre os Acordos de Reconhecimento Mútuo no campo do Credenciamento de Laboratórios • DOQ-CGCRE-003- Orientações sobre Calibração e Rastreabilidade das Medições e, Laboratórios de Calibração e de Ensaio • NIT-DICLA-030 – REV 01 – JUL/03 – Rastreabilidade ao Sistema Internacional de Unidades no Credenciamento de Laboratórios • SDT-225-100-706 – JUL/92 – Especificações Gerais de Equipamentos Multiplex 2.048 kbit/s • SDT-220-250-707 – ABR/98 – CPA-T Interfaces de Transmissão Características Elétricas e Físicas • NBR ISO/IEC 17025:2005 – Item 5.6 – Rastreabilidade da Medição Obrigado!! Walderson Vidal Adriano Bitencurte