Modificações na Terapia Antirretrovital Inicial de Pacientes

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ
II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
DENISE GIRÃO LIMAVERDE LIMA
MODIFICAÇÕES NA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL INICIAL DE PACIENTES
ASSISTIDOS EM UM HOSPITAL DE DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS DO
CEARÁ: ANÁLISE E FATORES DETERMINANTES
FORTALEZA
2010
Denise Girão Limaverde Lima
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DENISE GIRÃO LIMAVERDE LIMA
MODIFICAÇÕES NA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL INICIAL DE PACIENTES
ASSISTIDOS EM UM HOSPITAL DE DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS DO
CEARÁ: ANÁLISE E FATORES DETERMINANTES
Monografia submetida à Escola de Saúde Pública do
Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Especialista em Farmácia Hospitalar
Orientadora:
Marta Maria de França Fonteles
FORTALEZA
2010
Denise Girão Limaverde Lima
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DENISE GIRÃO LIMAVERDE LIMA
MODIFICAÇÕES NA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL INICIAL DE PACIENTES
ASSISTIDOS EM UM HOSPITAL DE DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS DO
CEARÁ: ANÁLISE E FATORES DETERMINANTES
II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ
Aprovado em: 03/09/2010
Banca Examinadora:
Marta Maria de França Fonteles – Orientadora
Doutora
_______________________________________
Sâmia Graciele Maia Oliveira Jiacomini
Mestra
_________________________________
Gislei Frota Aragão
Doutor
______________________________
Denise Girão Limaverde Lima
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DEDICATÓRIA
Denise Girão Limaverde Lima
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“Deus quer,
o homem sonha,
a obra nasce”
Érico Verissimo
Denise Girão Limaverde Lima
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Aos meus pais, Rosildo e Celina, que sempre com muita sabedoria e amor me deram segurança
para lutar pelos meus sonhos, buscando sempre a felicidade;
Ao meu esposo, Jorge, exemplo de vida, perseverança e amor, presente de Deus,
compartilhando meus passos na busca de realizações;
Aos meus filhos, Jorginho e Allan, concretizações da minha felicidade, realizações da minha
vida, perpetuação do amor.
Denise Girão Limaverde Lima
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AGRADECIMENTOS
Denise Girão Limaverde Lima
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“A menor das ações é sempre melhor do que
a mais nobre das intenções.”
Robin S. Sharma
Denise Girão Limaverde Lima
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ESPECIALMENTE A DEUS, pela fé e por tudo de bom que Ele tem me proporcionado;
Ao Dr. Anastácio Queiroz, diretor do Hospital São José de Doenças Infecciosas do Ceará e ao
Dr. Luiz Alberto de Figueiredo, gestor da Farmácia deste Hospital, que possibilitaram a minha
participação nesta especialização;
Ao Dr. Érico Arruda, grande personalidade nacional em HIV-Sida, sempre me ajudando com
seus vastos conhecimentos;
À coordenadora de Atenção à Saúde da Escola de Saúde Pública-Ce, Dra. Isabel Cristina
Cavalcanti Carlos e a Coordenadora do II Curso de Especialização em Farmácia Hospitalar, Dra.
Solange Cecília Cavalcante Dantas pela dedicação e esforços para que o Curso acontecesse da
melhor maneira possível;
A todos os professores pelos conhecimentos transmitidos;
A secretária Monara Rochelle e a todos os outros funcionários da ESP-Ce envolvidos na
execução do Curso ,pela ajuda prestada;
A Orientadora, Profa., Dra. Marta Maria de França Fonteles pelos ensinamentos, compreensão e
dedicação nas horas difíceis;
Aos companheiros de turma pela solidariedade e amizade durante as dificuldades que passamos
juntos;
A todos os que de alguma forma me ajudaram ou contribuíram para a execução deste trabalho,
muito OBRIGADA!
Denise Girão Limaverde Lima
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RESUMO
Denise Girão Limaverde Lima
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RESUMO
A Aids representa um dos maiores problemas de Saúde Pública do Brasil. O
Ministério da Saúde desde 1996 passou a garantir acesso gratuito ao tratamento Antirretroviral
(TARV), o que causou impacto positivo na qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV.
Através do documento “Recomendações para Terapia Antirretroviral em
Adultos Infectados pelo HIV” – Consenso, normatiza o uso dos fármacos visando aumentar a
segurança do paciente durante o tratamento.
O hospital de referência em HIV-aids do estado do Ceará, Hospital São José
(HSJ-Ce), mantém atualmente cerca de 2600 pacientes recebendo TARV. Possui uma
“Comissão Interdisciplinar de Terapia Antirretroviral (CITA), que regulamenta o inicio e as
trocas de terapia, através de formulário específico, fonte de pesquisa deste estudo nos pacientes
que iniciaram TARV durante o ano de 2008 acompanhados até 2009 e realizaram trocas de
esquemas de 0145fármacos, sendo excluídos gestantes, crianças e pacientes que não se
mantiveram em acompanhamento no hospital no período do estudo. Foram pesquisados o perfil
epidemiológico dos pacientes, principais motivos de solicitações de troca de TARV, índice de
aprovação do novo esquema proposto e o tempo em que o paciente se manteve com TARV
inicial. Os resultados foram: Dos 301 pacientes analisados 67,8% eram do sexo masculino e
32,2% feminino, destes 22,1% realizaram troca de TARV no primeiro ano de tratamento; Nos
homens 69,1% e nas mulheres 73,1%, a maioria dos trocas aconteceram na faixa etária entre 2039 anos; A contagem de células CD4 no momento da troca encontrava-se entre 201-500 cels. e a
CV entre 10.001 a 106 copias/mL; Em 73,2% dos pacientes foram informadas doenças
oportunistas, sendo as principais neurotoxoplasmose (30,8%), candidíase (23,1%), tuberculose
(19,2%) e histoplasmose (15,4%); Em 88,5% dos pacientes as trocas aconteceram por reações
adversas aos medicamentos, sendo o AZT o fármaco mais substituído e a lamivudina o menos;
A maioria das trocas do AZT se deram por anemia, do LPV/r por reações gastrointestinais e do
EFV por reações de hipersensibilidade; O tempo em que os pacientes permaneceram com o
mesmo esquema teve grande variação, não permitindo analise conclusiva. Dos esquemas de
trocas propostos ,96,2% foram acatados, indicando que, de acordo com o Consenso, ofereciam
segurança ao paciente.
Denise Girão Limaverde Lima
12
ABSTRACT
Denise Girão Limaverde Lima
13
ABSTRACT
AIDS represents one of the biggest public health problems in Brazil. Since 1996,
the Ministry of Health ensured free access to Antiretroviral treatment (ART), which has had a
positive impact on the quality of life of people living with HIV.
Through the document "Recommendations for Antiretroviral Therapy in Adults
Infected with HIV” - Consensus, standardizes the use of drugs during the treatment to
increase patient safety
The Hospital São José (HSJ-Ce), the hospital used as reference for HIVAIDS in the state of Ceara, currently has about 2600 patients receiving ART . It has a
"Commission for Interdisciplinary Antiretroviral Therapy (CITA), which regulates the onset
of the therapy and exchanges through specific formulary, a source of research in this study in
patients who started ART during the year 2008 followed by 2009 and underwent exchange
scheme drugs, excluding pregnant women, children and patients who were not kept supported
by the hospital during the study period. We surveyed the epidemiological profile of patients,
the main reasons for requests for exchange of HAART, and the approval ratings for the new
proposed scheme and the time the patient remained with initial HAART. The results were as
follows: Among the 301 patients studied; 67.8% male and 32.2% females; 22.1% had their
exchange of ART in the first year of treatment, 69.1% in men and 73.1 %, in women. Most of
the exchanges occurred between the ages of 20-39 years, the CD4 cell count at the time of the
exchange was between 201-500 cells, and the CV between 10,001 to 106 copies / mL. 73.2%
of patients were informed of opportunistic diseases, mainly cerebral toxoplasmosis (30.8%),
candidiasis (23.1%), tuberculosis (19.2%) and histoplasmosis (15.4%). In 88.5% of patients
changes occurred due to adverse reactions to medications, the most replaced was the drug
AZT and the lamivudine the least. The majority of the AZT exchanges is given by anemia,
the LPV /r by Gastrointestinal reactions and the EFV by hypersensitivity reactions. The time
the patients remained with the same scheme varied a lot not allowing conclusive analysis.
From the exchange schemes proposed, 96.2% have been accepted, indicating that, according
to
the
Consensus,
it
offered
safety
Denise Girão Limaverde Lima
to
the
patient.
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LISTA DE FIGURAS,
QUADROS
E
TABELAS
Denise Girão Limaverde Lima
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LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
FIGURA
1 - Sítio de atuação dos fármacos anti- HIV
QUADROS
1 - Demonstrativo da progressão da AIDS
2 - Prognóstico da evolução da doença em relação á C.V. para o HIV-1
3 - Recomendações para inicio de terapia antirretroviral
GRÁFICOS
1 - Evolução da infecção pelo HIV-1 em função da contagem de células
CD4+ e da carga viral
2 - Histogramas da distribuição da contagem de CD4 e da carga viral
3 - Principais motivos de trocas das terapias antirretrovirais iniciais
4 - Distribuição de acordo com o sexo do paciente e fármaco modificado
5 - Média da idade dos pacientes de acordo com o fármaco modificado
6 - Histograma da distribuição do tempo em dias até a troca do fármaco
7 - Percentagem de fármacos trocados por esquemas
TABELAS
1 - Total de pacientes em relação ao sexo que iniciaram terapia antirretroviral 2008 e
realizaram troca no primeiro ano de tratamento
2 - Número de mudanças de terapia antirretroviral durante um ano de tratamento em
relação a faixa etária e ao sexo
3 - Número de mudanças de terapia antirretroviral durante um ano de tratamento em
relação ao sexo
4 - Número de pacientes sintomáticos e assintomáticos em relação ao sexo
5 - Quantidade de pacientes sintomáticos com doenças oportunistas informadas
e não informadas nos formulários de troca de Terapia antirretroviral
6 - Doenças oportunistas
7 - Distribuição de registro de linfócitos CD4 e Carga Viral entre os pacientes
observados a partir do formulário padrão de solicitação de início ou
modificação de tratamento do Hospital São José
8 - Comparação entre níveis de CD4 e média da carga viral
9 - Distribuição dos esquemas de terapia antirretroviral inicial dos pacientes do
Hospital São José no ano de 2008
10 - Fármacos mais utilizados nos esquemas antirretrovirais nas terapias Iniciais
11 – Perfil de todas as trocas de fármacos utilizados durante o estudo
12 - Fármacos utilizados nos esquemas iniciais, com número de trocas, motivos e
intervalo de tempo que causou a Reações Adversas aos Medicamentos por
paciente
13 - Correlação entre a existência das doenças oportunistas mais freqüentes e o fármaco
modificado
14 - Correlação entre os principais motivos de troca e cada fármaco modificado
Nos anos de 2008-2009
15 - Média de dias até a troca do esquema antirretroviral inicial de acordo com cada
fármaco
16 - Substituição dos fármacos nos esquemas iniciais do ano de 2008-2009 nas trocas
de Terapia Antirretroviral do Hospital São José – Ceará
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LISTA DE ABREVIATURAS
Denise Girão Limaverde Lima
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ABREVIATURAS
3TC- Lamivudina
ABC- Abacavir
AIDS- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ATZ- Atazanavir
AZT- Zidovidina
CD4- Linfócitos T CD4
CDC- Centers for Diseases Control Prevention
CITA- Comissão Interinstitucional de Terapia Antirretroviral
CMV- Citomegalovírus
CV- Carga viral
d4T- Estavudina
ddI- Didanosina
DRV- Darunavir
EFV- Efavirenz
EPV- Enfuvirtida
FSP- Fosamprenavir
HAART- Highly Active Antiretroviral Therapy
HBV- Hepatite Vírus B
HCV- Hepatite Vírus C
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
HSJ- Hospital São José
IC- Índice de Confiança
IDV- Indinavir
IO- Infecções Oportunistas
IP- Inibidor de Protease
Denise Girão Limaverde Lima
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ITRN- Inibidor da Transcriptase reversa análoga de nucleotídeo/nucleosideo
ITRNN Inibidor da Transcriptase reversa não análogos de nucleosideo.
LPV- Lopinavir
MRG- Médicos de Referencia em Genotipagem
NVP- Nevirapina
RIP- Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida
RTV- Ritonavir
SICLOM- Sistema de Controle Logístico de Medicamentos
SK- Sarcoma de Kaposi
SQV- Saquinavir
TARV- Terapia Antirretroviral
Tb- Tuberculose
TDF- Tenofovir
TR- Terapia Retroviral
UDI- Usuários de Drogas Injetáveis
UDM- Unidade Dispensadora de Medicamentos
Denise Girão Limaverde Lima
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SUMÁRIO
Denise Girão Limaverde Lima
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Considerações gerais sobre AIDS/HIV
2.1.1. Definição: Aids
2.1.2. História do HIV
2.1.3. Transmissão e replicação
2.1.4. Estabelecimento da infecção
2.2. Tratamento da Aids
2.2.1. Início de tratamento
2.2.2. Fármacos utilizados
2.3. Problemas relacionados com a terapia antirretroviral
2.3.1. Modificações na terapia antirretroviral
3. OBJETIVOS
3.1. Geral
3.2. Específicos
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.4.1. Local do estudo
4.2. Descrição do estudo
4.2.1. Critérios de inclusão e exclusão
4.2.2. Análises estatísticas dos dados e questões éticas
5. RESULTADOS
6. DISCUSSÃO
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS
9. ANEXOS
10. APENDICE
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INTRODUÇÃO
Denise Girão Limaverde Lima
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MODIFICAÇÕES NA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL INICIAL DE
PACIENTES ASSISTIDOS EM UM HOSPITAL DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS DO CEARÁ: ANÁLISE E FATORES DETERMINANTES
Devido à magnitude do problema da AIDS, houve uma
explosão de novos conhecimentos a cerca do HIV e sua notável capacidade de
desmantelar as defesas do organismo. É tão rápido o ritmo das pesquisas sobre a
biologia molecular e imunologia do HIV que qualquer revisão esta fadada a estar
desatualizada no momento de sua publicação (CONTRAN; KUMAR, COLLINS,
2000, P. 211).
1. Introdução
Por seu caráter pandêmico, a AIDS representa um dos maiores problema de saúde
pública atual. No Brasil, até junho de 2008 aproximadamente 506 mil casos de aids foram
notificados, e desde o primeiro caso identificado em 1980 até junho de 2007,
aproximadamente 205 mil pessoas já haviam morrido em conseqüência da doença (BRASIL.
Ministério da Saúde, 2009). No Ceará, desde o primeiro caso registrado em 1983 até julho de
2008 foram notificados 8.076 casos.
Na época em que foi descoberta, a infecção pelo Vírus da imunodeficiência
humana adquirida (HIV) tinha prevalência em homens entre 15 e 49 anos (15 homens/1
mulher), depois aumentou o número de casos em mulheres (1,5 homens/1 mulher). A partir de
1998, em pessoas entre 13 a 19 anos, houve uma inversão nesta razão. Atualmente existe uma
maior preocupação com o aumento da doença em adultos (homens e mulheres) com mais de
50 anos. No Ceará também é crescente o número de casos em indivíduos nesta faixa etária
(BRASIL, Ministério da Saúde, 2007).
O Ministério da Saúde (MS), desde 1996 (Lei 9.313), passou a garantir o acesso
gratuito ao tratamento antirretroviral a todas as pessoas que vivem com o HIV, o que causou
grande impacto positivo, com reconhecida melhora nos indicadores de morbidade,
mortalidade e qualidade de vida. Recomenda que, nas situações em que se faça necessária a
introdução de uma terapia de regate (TR), o médico assistente leve o caso à discussão com os
Médicos de Referência em Genotipagem (MRG), as câmaras técnicas ou serviço de referência
que tenha experiência em pacientes multifalhados e portadores de vírus multi-resistente
(CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL, 2008).
Denise Girão Limaverde Lima
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Segundo o site http://incerta.org/jornal/edicao-impressa/414/social/interiorizacaoda-aids-e-evidente-no-estado-do-ceara, “ao contrario da diminuição de mortalidade nos casos da doença,
no Ceará continua aumentando, ainda pela precária política de acesso ao tratamento antirretroviral, conforme”
esclarecimento do boletim epidemiológico da própria Secretaria Estadual de Saúde (SESA).
O hospital de referencia em HIV-AIDS do estado do Ceará, Hospital São José,
mantém atualmente cerca de 2600 pacientes (adulto, gestantes e crianças) recebendo Terapia
antirretroviral (TARV). Dentre estes, é grande o número que necessita receber uma terapia de
resgate, muitas vezes por já ter passado por vários esquemas e apresentar mais de uma
falência terapêutica em esquemas anteriores. Por isso, o Hospital possui um “Comitê de
tratamento antirretroviral” que, de acordo com recomendações do MS e através de
informações contidas em formulários específicos, regulamenta a troca de terapia em seus
pacientes.
Poucas são as recomendações consensuais para a escolha da terapia de resgate,
dada a carência de ensaios clínicos comparando diferentes estratégias. A maioria dos estudos
atuais fornece dados sobre experiências em terapias de resgate, porém mais voltados para uso
de novas drogas. A heterogenicidade dos pacientes em falha terapêutica também não permite
que regras absolutas sejam adotadas (CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL, 2008).
Com o crescente número de pacientes em uso de TARV a monitorização do
tratamento desde seu inicio se tornou uma das prioridades em saúde pública. Além da terapia
de resgate ter custos mais elevados, falhas na adesão resultam em mutações e seleção de vírus
resistentes (BISSON, et. al,2008).
Nos Estados Unidos e Europa, o tempo médio em que o paciente passa com a
TARV inicial é inferior a um ano e, embora hajam poucos dados, esse tempo parece ser
consideravelmente maior no Brasil e em outros países em desenvolvimento (RACHID;
SCHECHTER, 2008).
O maior conhecimento dos fatores associados à substituição de TARV inicial, da
documentação de registro das informações referentes ao paciente e da farmacoterapia de
mudança proposta são importantes para o manejo dos pacientes no contexto dos
medicamentos. Dessa forma, o presente estudo “MODIFICAÇÕES NA TERAPIA
ANTIRETROVIRAL INCIAL DE PACIENTES ASSISTIDOS EM UM HOSPITAL DE
Denise Girão Limaverde Lima
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DOENÇAS
INFECTO-CONTAGIOSAS
DO
CEARÁ:
ANÁLISE
E
FATORES
DETERMINANTES” pretende fornecer subsídios para melhor conhecimento do perfil das
modificações de TARV inicial nos pacientes do Hospital de modo a contribuir para a
qualidade, segurança e efetividade do tratamento, atentando para a racionalidade do uso
desses medicamentos.
2. Fundamentação Teórica
2.1. Considerações gerais sobre HIV/aids
2.1.1. Definição: aids
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) é uma doença que tem como
agente etiológico (HIV), um membro da família Retroviridae, da subfamília Ortheretrovirinae
e do gênero lentivirus (do latim lentis = lento). Possui genoma constituído de RNA em vez de
DNA, infecta e destrói os linfócitos humanos TCD4+, importantes células para manutenção da
imunidade celular, resultando em profunda imunossupressão, com aparecimento de infecções
oportunistas, neoplasias secundárias e manifestações neurológicas que podem levar o paciente
à morte (CONTRAN; KUMAR; COLLINS, 2000). O HIV possui a capacidade de se integrar
ao genoma da célula hospedeira através de enzimas transcriptase reversa, que promove a
transcrição do RNA viral para uma dupla fita de DNA, promovendo sua replicação (FAUCI;
LANE, 2002).
2.1.2. História do HIV
Desde o primeiro caso de HIV descoberto até os dias de hoje, cientistas das áreas
de virologia, patologia e imunologia buscam incansavelmente soluções para o tratamento da
AIDS, profilaxia e cura deste vírus (FAUCI; LANE,2002).
Relatos de pacientes que haviam morrido por infecções oportunistas haviam sido
descritos em 1962, na Revista Lancet, por médicos europeus que trabalhavam na África,
quando ainda não se conhecia o HIV (WIGG, 2008).
Em 1981, o Centers For Diseases Control Prevention (CDC) reportou o
aparecimento de cinco homossexuais aparentemente sadios, de Los Angeles, com pneumonia
causada por Pneumocystis carinii (atualmente Pneumocystis jerovecii) e vinte e seis
homossexuais, também aparentemente sadios, com Sarcoma de Kaposi (SK) em Nova York e
Denise Girão Limaverde Lima
25
Los Angeles, que após investigação apresentavam em comum severa depleção imunológica.
A partir daí, vários casos semelhantes apareceram tanto em homossexuais masculinos como
femininos, em usuários de drogas injetáveis (UDI), também em hemofílicos e pessoas que
receberam
transfusão
de
sangue
e
hemoderivados.
Iniciaram-se
então
estudos
epidemiológicos e pesquisas no intuito de descobrir qual seria o provável “novo vírus”
causador da doença que tinha contágio por contato homo ou heterossexual, sangue e ou
hemoderivados (FAUCI; LANE, 2002).
Cientistas franceses, em 1982, observaram que as células CD4 eram o principal
alvo desse vírus nas pessoas infectadas, pois essas células se encontravam gravemente
diminuídas nos estágios finais da doença, e que a linfadenopatia que esses pacientes
apresentavam seria uma violenta resposta imune do organismo (MEDEIROS, 2003).
Finalmente, em 1983, foi isolado o HIV, da extração de células de linfonodos das
pessoas doentes, e, em 1984, demonstrou-se que o vírus era realmente o agente causal da
AIDS (FAUCI; LANE, 2002).
Apesar dos casos de infecção pelo HIV-1 serem predominantes na maior parte do
planeta, existe também uma forma do vírus geneticamente diferente, porém relacionada por
possuir alguns antígenos em comum, chamada HIV-2. O HIV-2 foi isolado de pacientes com
AIDS principalmente na África Ocidental, embora alguns casos já tenham sido registrados em
outras regiões, porém associados a seus emigrantes. A infecção pelo HIV-2, do ponto de vista
clínico, se assemelha a do HIV-1, mas parece ter uma progressão ligeiramente mais lenta para
a AIDS (RAVEL, 1997).
2.1.5. Transmissão e Replicação
O HIV-1 é transmitido predominantemente por contato homossexual e
heterossexual, seguido de contato com sangue e hemoderivados, também pelas mães
infectadas para seus bebês, seja no período da gestação, parto ou aleitamento.
O vírus ao entrar na corrente sanguínea provavelmente é captado pelo baço e
órgãos linfóides, onde inicia sua multiplicação, daí se disseminando por todo o corpo. Não se
sabe ao certo qual a primeira célula a ser infectada, porém estudos apontam que sejam as
células da linhagem dentrítica, principalmente as Langerhans, que captam antígenos ou
partículas virais e formam agregados no tecido submucosa. Estas células, dependendo do grau
de maturidade, são infectadas diretamente pelo vírus e o passam para as células CD4 ou
Denise Girão Limaverde Lima
26
apenas os carregam e promovem o contato físico com esse tipo de linfócito. Após esse
contato, acontece uma ligação entre a proteína da superfície do vírus (gp120) com o receptor
da célula CD4 e aos co-receptores, principalmente CCR5 e CXCR4, que mediado pela
proteína gp41 proporciona uma fusão do vírus com a célula. Uma vez incorporado o genoma
viral à célula CD4, o RNA viral é convertido em DNA pela enzima transcriptase reversa e
ribonuclease H, que se incorpora ao genoma do CD4 pela enzima integrase, fazendo com que
novos RNA virais sejam produzidos e infectem novas células (FAUCI; LANE, 2002).
As células CD4 são os principais alvos do HIV-1, seguido das células monocíticas.
Essa afinidade com as células CD4 explica a profunda imunossupressão encontrada nos
pacientes com AIDS (CONTRAN; KUMAR; COLLINS, 2000)
2.1.6. Estabelecimento da Infecção
A infecção pelo HIV resulta em uma doença crônica e progressiva.
Uma vez no organismo, o HIV se dissemina para os tecidos linfóides, provocando uma
resposta imunológica que, pela heterogenicidade genética do vírus não é eficaz para eliminálo, permitindo que ele continue a se replicar. A infecção inicial tem elevada viremia e elevada
resposta imunológica, seguida de um período de soro conversão, com fase assintomática que
pode durar de meses até em media dez anos. Com a persistência da replicação viral, mais
células com receptores CD4 são produzidas e destruídas, aumentado a população viral e
comprometendo cada vez mais as defesas do organismo. Instala-se, então, a fase sintomática
da doença, com imunodeficiência progressiva, mostrado no gráfico abaixo (Gráfico 1).
O HIV-1 persiste no organismo nas células CD4, nos macrófagos e nas células
dentríticas, que são consideradas reservatórios, fato que parece ser um dos principais motivos
para não erradicação do vírus (WIGG, 2008).
Denise Girão Limaverde Lima
27
Gráfico 1: Evolução da infecção pelo HIV-1 em função da contagem de células CD4+ e da carga viral.
Fonte: WIGG, 2008
De acordo com o número de linfócitos TCD4+, a aids pode ser dividida em fases
(Quadro 1). Apesar do avanço do tratamento antirretroviral, essas divisões das fases
sintomáticas ainda não são bem definidas (WIGG, 2008). Por sua vez, a progressão da
infecção pode ser monitorada pelo exame de carga viral (contagem do número de cópias RNA
por milímetro de plasma), que pode ser observada no quadro abaixo (Quadro 2) e da
contagem dos linfócitos TCD4, também realizada no plasma sanguíneo. A carga viral,
quando elevada, indica a probabilidade de progressão da doença, e a contagem de CD4,
quando baixa, é o melhor preditor dos riscos associados a AIDS (RACHID; SCHECHTER,
2008).
CD4+ > 500 células /mm3
Fase assintomática ou inicial
CD4+ entre 200 – 500 células/mm3
Fase sintomática intermediaria
CD4+ entre 50 – 200 células/mm3
Fase sintomática tardia
CD4+ < 50 células/mm3
Fase avançada
QUADRO 1: Demonstrativo da progressão da AIDS
Fonte: WIGG, 2008
Denise Girão Limaverde Lima
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Carga viral (copias de RNA/mL)
Prognóstico
< 10.000
Baixo risco de progressão ou piora da doença
10.000 a 100.000
Risco moderado de progressão ou piora da
doença
Elevado risco de progressão ou piora da doença
> 100.000
QUATRO 2: Prognóstico da evolução da doença em relação á carga viral para o HIV-1
Fonte: WIGG, 2008
2.2. Tratamento da Aids
2.2.1. Início do Tratamento
Inúmeros autores são enfáticos ao afirmar que definir o período ideal para iniciar
o tratamento antirretroviral é uma das mais importantes decisões para se conseguir o sucesso
da terapia. A escolha da Terapia Antirretroviral depende das considerações entre os benefícios
e os riscos associados ao fármaco, já que a infecção pelo HIV é crônica e o tratamento se
prolongará por décadas (HAMMER, et. Al., 2008).
A terapia antirretroviral (TARV) tem objetivos virológicos (suprimir ao Máximo
a replicação viral, reduzindo a disseminação do vírus no organismo); imunológicos (manter a
função imune quantitativa e qualitativamente); clínicos (preservar a saúde e a vida do
paciente, evitando a progressão da doença); epidemiológicos (diminuir os riscos de
transmissão)
e
terapêuticos
(reduzir
os
efeitos
adversos,
melhorar
adesão)
(KUCHENBECKER, 2004).
Os pacientes devem ter conhecimentos básicos sobre a doença, exames que
realizarão periodicamente, a importância da regularidade dos horários e dose dos
medicamentos, e das mudanças de hábitos de vida que se farão necessários. Merecerá atenção
especial o conhecimento sobre os medicamentos, possíveis reações adversas precoces ou
tardias, bem como a possibilidade de manejo destas, caso ocorram (CONSENSO
BRASILEIRO DE TERAPIA ANTI- RETROVIRAL, 2008).
Não se sabe ou certo qual o momento ideal para se iniciar a TARV em pacientes
assintomáticos. A contagem de CD4 e CV que antes eram fortes preditores da necessidade de
Denise Girão Limaverde Lima
29
início da TARV hoje cedem espaço a outras condições clínicas não relacionadas à AIDS que
representam riscos aos pacientes com o vírus HIV. Em pacientes assintomáticos com CD4
elevado, a replicação viral e ativação imune crônica foram associadas a doenças não
tradicionalmente relacionadas com o HIV, como doenças cardiovasculares e neoplasias não
associadas a AIDS. Com o inicio precoce da TARV a supressão viral diminui a inflamação e
ativação imunológica crônica.
A idade é um fator que deve ser considerado para o tratamento. Pacientes com
idade avançada que começaram TARV tardiamente tiveram maior índice de óbito do que
aqueles que começaram mais precocemente. Estudos mostram que grupos de pacientes que
iniciaram TARV tardiamente apresentaram um risco 5 vezes maior para infecções
oportunistas, morte ou sérios eventos adversos não relacionados a AIDS (CONSENSO, 2008,
SUPLEMENTO II, 2010).
Diante de tais evidências e levando-se em consideração a disponibilidade de
opções terapêuticas mais cômodas e melhor toleradas, novos critérios por grupos de
indivíduos foram criados para início mais precoce do tratamento como mostra o Quadro 3
(CONSENSO DE 2008, SUPLEMENTO II 2010). Não apenas medicamentos antirretrovirais
fazem parte do tratamento dos pacientes infectados; está incluída também a quimioprofilaxia
para infecções oportunistas características da doença (CONSENSO BRASILEIRO DE
TERAPIA ANTI RETROVIRAL, 2008).
No Brasil (CONSENSO, 2008, SUPLEMENTO II, 2010), recomenda-se iniciar
TARV em pacientes:
- Sintomáticos independentemente da contagem de CD4;
- Assintomáticos com contagem de CD4 menor ou igual a 350 células/mm3;
- Gestantes independente da presença de sintomas e da contagem de células CD4.
Também de acordo com o Consenso de 2008 suplemento II de 2010 A TARV
deve ser considerada para pacientes com CD4 entre 350 e 500 células nas seguintes condições:
- Coinfecção pelo vírus da hepatite B em pacientes com indicação de tratamento para hepatite
B;
- Coinfecção pelo vírus da hepatite C;
- Idade igual ou superior a 55 anos;
- Doença cardiovascular estabelecida;
- Nefropatia do HIV;
- Neoplasias, incluindo os não definidores de AIDS;
- Carga viral elevada, superior a 100.000 copias.
Denise Girão Limaverde Lima
30
Situação Clínica e Imunológica
Recomendação
Assintomáticos sem contagem de CD4 Não tratar (1)
disponível ou CD4 > 500 células/mm3
Assintomáticos com CD4 entre 500 e 350 Considerar tratamento para determinados
subgrupos (2)
células/mm3
Assintomáticos
com
células/mm3
CD4
<
350 Tratar
Quimioprofilaxia para IO de acordo com
CD4(3)
Sintomáticos
Tratar
Quimioprofilaxia para IO de acordo com
CD4(3)
QUADRO 3- Recomendações para inicio de terapia antirretroviral
Fonte: Consenso 2008, suplemento II 2010.
Notas:
(1) Na impossibilidade de acesso à contagem de linfócitos T-CD4+, terapia antirretroviral e as profilaxias,
primárias devem ser consideradas para pacientes com menos de 1200 linfócitos totais/mm3 (ou queda anual maior que 33%),
especialmente se hemoglobina <10g/dL (ou queda anual maior que 11,6%), pela grande probabilidade da contagem de
linfócitos TCD4+ ser <200/mm3.
(2) O tratamento deve ser considerado para subgrupos que apresentem as seguintes situações: nefropatia do
HIV; idade > 55 anos; coinfecção HBV e/ou HCV; risco cardiovascular elevado, neoplasia, carga viral > 100 mil copias/mL.
(3) IO= infecção oportunista pneumonia por P.jirovecii quando CD4 < 200 células/mm3 e toxoplasmose
quando CD4 < 100 células/mm3 e presença de IgG antitoxoplasmose.(Consenso 2008, suplemento II 2010).
2.2.2. Fármacos Utilizados
Em 1985, a droga zidovudina (AZT) foi sintetizada para tratamento
antineoplásico, e não teve a eficácia esperada para esse fim. Iniciaram-se testes de seu uso
para tratamento de pacientes com HIV e, em 1987 foi aprovada, sendo considerado o primeiro
fármaco de uso contra o HIV-1. A Indústria Farmacêutica até hoje vem dispensando grandes
esforços no sentido de desenvolver fármacos mais eficazes, com menor toxicidade e melhor
tolerância, permitindo melhores esquemas terapêuticos e melhores opções de mudanças
desses esquemas nos casos em que se faz necessário (RODRIGUEZ-NÓVOA, 2006).
Atualmente existem mais de vinte fármacos aprovados pelo Food and Drugs
Administration (FDA) para a TARV do HIV-1. Esses fármacos estão divididos em classes, de
Denise Girão Limaverde Lima
31
acordo com o mecanismo e o local de ação que atuam ((KEISER, 2008), como mostra a
figura 1, e são eles:
1. Inibidores da Transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos (ITRN):
Atuam no sitio de ligação da enzima com o substrato, agindo como inibidores competitivos ou
como substratos, inibindo a transcrição do RNA viral e DNA.
Inibidores de nucleotídeos: Zidovudina (AZT), Didanosina (ddI), Estavudina (d4T),
Lamivudina (3TC), Abacavir (ABC).
Inibidores de nucleotídeos: Tenofovir (TDF)
2. Inibidores da Transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNN): Agem no
sítio de ligação vizinho ao sítio de ligação ativa, como inibição alostérica. São eles:
Nevirapina (NVP), Efavirenz (EFV).
3. Inibidores da Protease do HIV-1 (IP): Ligam-se ao sítio ativo da protease viral,
impedindo a clivagem dos poliproteínas, inibindo a maturação do vírus.
Peptídicas: Saquinavir (SQV), Indinavir (IDV), Ritonavir (RTV), Lopinar (LPV), Atazanavir
(ATZ), Fosamprenavir (FSP).
Não peptídicas: Darunavir (DRV).
4. Inibidores da Entrada do HIV-1.
4.1. Inibidor de Fusão do HIV-1: Impede a entrada do vírus nos LTCD4+, bloqueando a
fusão do envelope viral com a membrana celular, ligando-se as duas terminações da gp41 do
envelope do HIV-1: Enfuvirtida (ENF).
4.2. Inibidor da Adsorção do HIV-1: Inibe adsorção do HIV-1 como antagonista da
interação entre co-receptor CCR-5 e a gp120 do envelope do HIV-1: Maraviroc.
Denise Girão Limaverde Lima
32
Figura 1:Sítios de atuação dos fármacos anti- HIV.
Fonte:WIGG, 2008.
1 – Inibidor da adsorção do HIV CCR5; 2 – Inibidor da fusão; 3 – Inibidor da transcriptase reversa;
4 – Inibidor da integrase; 5 – Inibidor da protease.
O desenvolvimento de novos fármacos é fortemente influenciado pelo
conhecimento dos já existentes, e como o vírus irá desenvolver resistência a esses fármacos,
avanços devem ser feitos em relação ao conhecimento de patogênese viral (DUNNE, 2007).
Ao escolher um esquema terapêutico, o médico deverá levar em consideração,
além dos fármacos que escolherá, fatores como:
- Real possibilidade de adesão ao esquema, prescrito de acordo com a vida e a rotina do
paciente;
- Grau de toxicidade a curto e longo prazo;
- Presença de co-morbidades;
- Interação com outros medicamentos em uso e tipo de alimentação do paciente;
- Custos dos medicamentos (CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL, 2008).
O esquema inicial da terapia anti HIV-1 que inclui associação de três ou mais
fármacos, o mais usado atualmente, chamado popularmente “coquetel”, é a Terapia
Antiretroviral Altamente Eficiente - “HAART” (do inglês, Highly Active Antiretroviral
Denise Girão Limaverde Lima
33
Therapy). Esse esquema, além de potencializar os fármacos associados, diminui as chances de
mutações do vírus, já que é mais difícil o vírus desenvolver resistência a varias drogas ao
mesmo tempo (MEDEIROS, 2006).
Vários são os esquemas de TARV propostos por médicos e pesquisadores nas
mais diversas situações em que o paciente se encontra ou tolera medicamentos, contudo, o
Ministério da Saúde, em seu documento “Recomendações para terapia antirretroviral de
adultos e adolescentes infectados pelo HIV” (com uma versão para tratamento de crianças e
outra para gestantes) atualizado e publicado periodicamente; normatiza o tratamento,
orientado como ele deve ser conduzido.
A escolha do medicamento para tratar a fase aguda da infecção tem por objetivo a
supressão da alta replicação viral, redução da disseminação do vírus no organismo,
diminuição do risco de transmissão do HIV e máxima preservação do sistema imune.
No primeiro esquema da TARV se possível deve-se incluir três medicamentos,
sendo dois ITRN associados a um ITRNN, ou dois ITRN associado a um IP. Estes
medicamentos de primeira opção foram escolhidos a partir de estudos que demonstraram
eficácia satisfatória.
Existem também duas combinações triplas de ITRN que tem eficácia clínica
avaliada por estudos, que são AZT + 3TC + ABC ou d4T + 3TC + ABC, porém exibem alta
taxa de falha terapêutica em pacientes com carga viral elevada. A monoterapia pode ser
utilizada para quimioprofilaxia em gestantes infectadas pelo HIV. Estudos mostram que
terapia dupla de ITRN também pode apresentar boa resposta virológica (GUIDELINES FOR
THE USE OF ANTIRETROVIRAL, 2008).
O esquema deve ser escolhido de acordo com a necessidade de cada paciente, de
modo que ofereça a maior segurança possível, de forma racional, observando eficácia e
custos. Outras combinações não preconizadas não devem ser utilizadas pra evitar riscos de
interações farmacológicas desfavoráveis, potencialização de efeitos adversos e por não terem
eficácia clinica comprovada (LOMAR; DIAMENT, 2005).
O indicador da eficácia da TARV é a monitorização da carga viral, que deve ser
medida entre 3 e 6 semanas após o inicio do tratamento, e se apresentar reduzida em relação
ao período pré-medicação ou indetectável (RACHID; SCHECHTER, 2008).
Denise Girão Limaverde Lima
34
2.3. Problemas Relacionados com a Terapia Antirretroviral
A TARV tem melhorado consideravelmente a vida dos pacientes nos últimos
anos, diminuindo a taxa de morbidade e mortalidade, contudo a falha terapêutica tem
aparecido em aproximadamente 40% dos pacientes tratados (HEESWIJK, 2003)
Vários são os motivos que podem levar a TARV a falência, dentre eles a falha de
adesão e efeitos adversos dos medicamentos. Variações genéticas individuais são uma das
maiores responsáveis por respostas diferentes ao uso de antirretrovirais (RODRIGUEZNÓVOA, 2006).
A falta de adesão é um serio problema que deve ser avaliado sob vários aspectos e
sempre tem conseqüências indesejáveis. É necessário que o paciente tome mais de 95% da
dose prescrita para que a TARV tenha a eficácia esperada (OSTERBERG; BLASCHKE,
2005).
O não cumprimento do esquema pode acarretar o aparecimento de falha
terapêutica e falha imunológica, tornando mais difícil o tratamento. A falha terapêutica
também pode ser conseqüência da baixa absorção do medicamento, interação entre os
fármacos e pouca potência antiviral do medicamento, resultando no aparecimento de cepas
resistentes. Essas cepas originadas das mutações provocadas pelas drogas, em geral se tornam
resistentes a outras drogas da mesma classe antirretroviral, originando uma resistência
cruzada. A falha imunológica é observada quando o paciente volta a apresentar infecções
oportunistas pela diminuição de LTCD4+ (KHANLOU, et. al., 2005).
A interrupção da TARV aumenta a probabilidade de aparecimento de riscos
cardiovasculares e complicações renais quando comparada aos pacientes que em tratamento
mantém a carga viral suprimida (HAMMER, et. al., 2008).
Os efeitos adversos que mais comumente aparecem no inicio da TARV são
náuseas, anorexia, alteração do paladar, mal estar geral, insônia, astenia, rush cutâneo.
Lipodistrofia, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, acidose láctica, intolerância a glicose
e diabetes, dentre outros podem aparecer com a continuidade do tratamento (CONSENSO
BRASILEIRO DE TERAPIA ANTI-RETROVIRAL, 2008).
Denise Girão Limaverde Lima
35
2.3.1. Modificações na Terapia antirretroviral
Vários fatores podem ocasionar uma falência terapêutica, que é evidenciada pela
confirmação do aumento da carga viral (falência virológica), diminuição da contagem de
linfócitos TCD4 (falha imunológica) e pelo aparecimento de eventos clínicos (falha clínica).
Essas situações sugerem a necessidade de se modificar a TARV, utilizando um novo esquema
denominado Esquema de Resgate (CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTI
RETROVIRAL, 2008).
Esquemas iniciais de TARV podem falhar quando o paciente foi infectado por um
vírus que já apresentava resistência a pelo menos uma das drogas escolhidas, ou pelo
aparecimento de cepas resistentes, resultado de problemas de adesão e fatores
farmacocinéticos, dentre outros. O aparecimento de cepas resistentes é um dos principais
motivos de falência terapêutica (MEDEIROS, 2006).
Para se conhecer o perfil do HIV-1 que será tratado, o médico assistente dispõe
dos testes de genotipagem e fenotipagem, que são capazes de detectar a resistência dos vírus
aos antiretrovirais utilizados, mesmo em pacientes que já fizeram uso de múltiplas drogas. A
genotipagem identifica as mutações virais associadas à resistência a cada antirretroviral e a
fenotipagem representa a capacidade do vírus se replicar em determinadas concentrações de
antirretrovirais (RACHID; SCHECHTER, 2008)
Conhecer porque os pacientes mudam a terapia, aumentam as chances de sucesso
no tratamento e ajudam a reduzir o número dos que abandonam o uso dos medicamentos.
Adesão e toxicidade podem causar problemas à TARV levando a sua falência, (CESAR, et
al.,2010),
Denise Girão Limaverde Lima
36
OBJETIVOS
Denise Girão Limaverde Lima
37
3. Objetivos
3.1. Geral
Descrever os principais fatores determinantes envolvidos nas modificações da
terapia antirretroviral em pacientes atendidos em um hospital de referência na área de
infectologia do estado do Ceará, em início de tratamento e acompanhados durante o primeiro
ano utilizando a farmacoterapia especifica.
3.2 Específicos
- Delinear o perfil epidemiológico e da doença infecciosa (AIDS) na população estudada;
- Apresentar e analisar os motivos de solicitação de modificação de TARV inicial nos
pacientes do estudo e os índices de aprovação do novo esquema proposto e,
- Avaliar o tempo em que o paciente em início de TARV se mantém com o mesmo esquema
terapêutico na instituição hospitalar do estudo.
Denise Girão Limaverde Lima
38
MATERIAIS
E
MÉTODOS
Denise Girão Limaverde Lima
39
4. Materiais e métodos
4.1. Local do Estudo
O estudo foi realizado no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ),
unidade de referência em infectologia da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. O HSJ,
atualmente em processo de ampliação, possui 132 leitos, sendo 80 para clínica médica; 01
clínica cirúrgica; 38 para pediatria; 04 para tisiologia; 01 para pacientes fora de possibilidade
terapêutica e 08 para unidade de terapia intensiva (UTI). Dispõe, além de outros serviços
relacionados à infectologia, assistência completa para portadores do HIV, nas áreas de
medicina, odontologia, farmácia, enfermagem, fisioterapia, psicologia, nutrição e serviço
social, além de serviço de radiodiagnóstico, endoscopia digestiva e respiratória, patologia
clínica e atendimento de urgência 24 horas.
4.2. Descrição do Estudo
No período de primeiro de janeiro a 31 de dezembro de 2008, todos os pacientes
foram acompanhados por um período de um ano após o início do tratamento, dessa forma
tiveram seus dados levantados até o ano de 2009.
Trata-se de um estudo observacional, exploratório, descritivo e retrospectivo, de
base documental, onde foram analisados os “Formulários de Solicitação de Inicio ou
Modificação de Tratamento”, de todos os pacientes ambulatoriais que iniciaram a terapia
antiretroviral no período de todo o ano de 2008 e fizeram mudança de terapia durante o
primeiro ano de tratamento, de maneira seqüencial. Foram investigados 301 pacientes, dos
quais 68 tiveram solicitação de mudança de TARV e destes alguns tiveram mais de uma
solicitação de troca sendo gerados 78 formulários. Esses formulários são elaborados pela
Comissão Interinstitucional de Terapêutica Antirretroviral (CITA), preenchidos pelo médico
responsável pelo paciente em uso de TARV e encaminhados à CITA através do serviço de
farmácia. Após análise retornam à farmácia para a efetivação da dispensação, onde ficam
arquivados por um período de cinco anos.
O formulário da instituição, fonte de coleta dos dados do presente estudo, contém
itens referentes à identificação do paciente, se é sintomático ou assintomático, virgem de
tratamento, que fármacos já usou, o que usa atualmente, contagem de CD4 e carga viral atual e
anterior, motivo da solicitação de troca de terapia, novo esquema solicitado e parecer da
Denise Girão Limaverde Lima
40
comissão (ANEXO 1). Essas informações obtidas a partir do formulário, no período do
estudo, foram organizadas, quantificadas e analisadas, em uma planilha contendo indicadores
clínicos e variáveis como: idade, sexo, CD4, CV, motivo de troca de TARV inicial, tempo
com o mesmo esquema de TARV e número de pareceres favoráveis e desfavoráveis da
comissão terapêutica quanto ao pedido de mudança e percentagem de mudanças em
conformidade com o Consenso 2008.
As informações obtidas foram baseadas nos dados dos formulários. Também, o
consenso de AIDS/HIV 2008 foi usado para as análises de conformidades entre as mudanças
feitas e a literatura.
4.2.1. Critérios de Inclusão e Exclusão
Todos os formulários armazenados na Farmácia no período do estudo, referindose aos pacientes com tratamento inicial com TARV foram analisados, no período de 1º de
janeiro a 31 de dezembro de 2008.
Foram excluídos do estudo aqueles que não permaneceram em acompanhamento
no Hospital durante o primeiro ano, de mulheres grávidas, que em algumas situações só
utilizam TARV durante o período gestacional e de crianças menores de 19 anos.
4.2.2. Análises Estatísticas dos Dados e Questões Éticas
Os resultados foram expressos através de tabelas, nos casos de variáveis
qualitativas, e medidas de tendência central e de dispersão (média ± desvio padrão) nos casos
de variáveis quantitativas. Todos os dados foram analisados com o auxílio dos programas
SPSS versão 15.0 (SPSS Inc. Chicago, IL) e Epi Info versão 6.04b (Centers for Disease
Control and Prevention, Atlanta, GA). A comparação dos parâmetros de acordo com a droga
modificada foi feita através da análise de variância (ANOVA) e teste exato do coeficiente de
contingência. Valores de p<0,05 foram considerados como estatisticamente significantes.
Com relação aos aspectos éticos, o estudo foi projetado de acordo com as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos (CNS, 1996)
assegurando a privacidade dos pacientes e confidencialidade dos dados. Foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do HSJ e protocolado sob o nº. 048/2009.
Denise Girão Limaverde Lima
41
RESULTADOS
Denise Girão Limaverde Lima
42
5. Resultados
Durante o ano de 2008, foram cadastrados 391 pacientes no Sistema de Controle
Logístico de Medicamentos (SICLOM) para iniciar o recebimento de TARV no HSJ. Destes
foram excluídos 72 pacientes que não continuaram tratamento no hospital, 16 crianças e duas
gestantes, totalizando 301 pacientes para serem analisados, dos quais 204(67,8%) eram do
sexo masculino e 97 (32,2%) do sexo feminino. Do total 68(22,1%) realizaram troca de
TARV no primeiro ano de tratamento, sendo 42(61,8%) do sexo masculino com índice de
confiança (IC) de 95%: 49.9-73,6 e 26(38,2%) do sexo feminino com IC 95% : 26,4-50,1, não
sendo estatisticamente significante a diferença do número de trocas entre os sexos. A Tabela
1 mostra o número de pacientes do sexo masculino e feminino que iniciaram TARV no ano de
2008 e realizaram troca no primeiro ano de tratamento com suas respectivas percentagens.
Inicio de TARV
Trocas de TARV
Sexo
n
%
n
%
Masculino
204
67,8
42
61,8
Feminino
97
32,2
26
38,2
Total
301
100
68
100
TABELA 1- Total de pacientes em relação ao sexo que iniciaram terapia antirretroviral 2008 e realizaram troca
no primeiro ano de tratamento.
A Tabela 2 apresenta a relação entre a idade e o sexo dos pacientes do estudo que
tiveram mudanças no tratamento farmacológico com antirretrovirais. A faixa etária
predominante foi entre 20 e 39 anos, com 47(69,1%) pacientes, seguidas de 17(25%)
pacientes entre 40-59 anos e 4(5,9%) entre 60 e 80 anos. No sexo masculino a faixa
predominante foi entre 20-39 anos, com 28(66,7%) pacientes, seguido de 12(28,6%) pacientes
entre 40-50 anos e 2(7,7%) pacientes entre 60-80 anos.
Denise Girão Limaverde Lima
43
Faixa
Nº de Pacientes
Sexo Masculino
Sexo Feminino
etária
n
%
n
%
n
%
20-39
47
69,1
28
66,7
19
73,1
40-59
17
25
12
28,6
5
19,2
60-80
4
5,9
2
4,7
2
7,7
Total
68
100
42
100
26
100
TABELA 2- Número de mudanças de terapia antirretroviral durante um ano de tratamento em relação a faixa
etária e ao sexo.
Dentre os 68 pacientes que mudaram o esquema de TARV no primeiro ano de
tratamento, 59(86,8%) fizeram apenas uma mudança, 8(11,8%) fizeram duas mudanças e 1
(1,4%) paciente fez três mudanças de esquema, resultando em um total de 78 formulários de
solicitação de troca a serem pesquisados.
Dos 08 pacientes que realizaram duas mudanças, 1 (2,4%) era do sexo feminino e
sete (6,7%) do sexo masculino. A modificação de três esquemas foi de 1(2,4%) paciente do
sexo masculino (Tabela 3).
Masculino
Nº de
Feminino
Total de pacientes
trocas
n
%
n
%
n
%
1
34
80,9
25
96,2
59
86,8
2
7
16,7
1
3,8
8
1,8
3
1
2,4
-
-
1
1,4
TABELA 3- Número de mudanças de terapia antirretroviral durante um ano de tratamento em relação ao sexo.
Foram notificados como sintomáticos no inicio do tratamento 41(60,3%)
pacientes, como não sintomáticos 11(16,2%) e sem informações nos formulários 16(23,5%)
pacientes. Dos sintomáticos, 30(73,2%) eram do sexo masculino e 11(26,8%) do sexo
feminino. Dos não sintomáticos, seis (54,5%) eram do sexo masculino e cinco (45,5%) do
sexo feminino.
Denise Girão Limaverde Lima
44
Masculino
Feminino
Total
n
%
n
%
n
%
Sintomático
30
73,2
11
26,8
41
100
Assintomático
06
54,5
05
45,5
11
100
TABELA 4- Número de pacientes sintomáticos e assintomáticos em relação ao sexo.
Nos formulários de 30(73,2%) pacientes sintomáticos foram relatadas doenças
oportunistas da AIDS, em 19(63,4%) pacientes apenas uma doença oportunista foi descrita,
em 10(3,3%) 2 duas doenças e em 1(3,3%) pacientes 3 doenças foram relatadas. Em
11(26,8%) pacientes nenhuma doença foi citada.
Pacientes
sintomáticos
c/doenças
oportunistas
1 doença
2 doenças
3 doenças
Total
n
%
n
%
n
%
n
%
Informada
19
63,4
10
33,3
1
3,3
30
73,2
Não
informada
-
-
-
-
-
-
11
26,8
TABELA 5- Quantidade de pacientes sintomáticos com doenças oportunistas informadas e não informadas nos
formulários de troca de Terapia antirretroviral.
As doenças oportunistas predominantes foram neurotoxoplasmose, candidíase,
tuberculose, histoplasmose, diarréia, citomegalovirus e herpes dentre outras expressas na
tabela 6.
Denise Girão Limaverde Lima
45
Doença Oportunistaa
Histoplasmose
Neurotoxoplasmose
Pneumocistose
Tuberculose
CMV
Calazar
Sarcoma Kaposi
Candidíase
Mielite Transversa
Leishmaniose Visceral
Total
Entre as doenças
n
%
4
11,8
8
23,5
3
8,8
5
14,7
3
8,8
1
2,9
1
2,9
6
17,6
1
2,9
2
5,9
34
100,0
Entre os
pacientes (%)
15,4
30,8
11,5
19,2
11,5
3,8
3,8
23,1
3,8
7,7
130,8
Tabela 6. Doenças oportunistas.
a. Mais de uma doença por caso.
A contagem absoluta de TCD4 foi informada em 52(62,7%) formulários, em
26(33,3%) não foi informada. Variou entre 2 células/mm3 e 755 células/mm3. A CV foi
informada em 47(60,3%) formulários e não informados (NI) em 31(39,7%). Variou entre não
detectável (ND), que representam valores menores que 50 cópias /mL a maior 500.000
cópias/mL. A Tabela 7 mostra as faixas dos valores da contagem de células CD4 e carga viral
por número de pacientes e o Gráfico 2 a distribuição dessas dosagens.
Denise Girão Limaverde Lima
46
Nº de pacientes
3
CD4/mm
CV
n
%
<50
9
17,3
50-200
18
34,6
201-500
Nº de Pacientes
24
46,2
>500
1
1,9
Total
52
100
ND
50 a 103
cópias/mL
10.001 a 106
cópias/mL
>106
cópias/mL
Total
n
%
6
12,8
10
21,3
19
40,4
12
25,5
47
100
TABELA 7- Distribuição de registro de linfócitos CD4 e Carga Viral entre os pacientes observados a partir do
formulário padrão de solicitação de início ou modificação de tratamento do Hospital São José.
Gráfico 2. Histogramas da distribuição da contagem de CD4 e da carga viral.
Nos pacientes com contagem de CD4 < 500 células a média da CV foi de 66314
cópias, e naqueles com CD4 > 500 a média da CV foi de 875 copias/mL, representado um
resultado significante (p=0,018), demonstrando que pacientes com melhor contagem de
células CD4 apresentaram menor média de CV, que pode ser visto na Tabela 8.
Denise Girão Limaverde Lima
47
Contagem do CD4
Menor que 500
Média
Erro padrão da
Média
66314
17175
Carga Viral
Maior que 500
Média
Erro padrão da
Média
875
101
Tabela 8. Comparação entre níveis de CD4 e média da carga viral
*Valor de p = 0,018
A Tabela 9 mostra os esquemas com fármacos antirretrovirais utilizados nos
pacientes do estudo, logo no início do tratamento. Os esquemas utilizando combinações de 2
drogas inibidoras da transcriptase reversa análoga de nucleotídeo/nucleosídeo (ITRN) com 1
droga inibidora da transcriptase reversa não análoga de nucleosídeo (ITRNN) predominaram
nos esquemas iniciais, sendo utilizados em 34(50%) pacientes. A formulação AZT+3TC
associada ao EFV foi predominante, sendo utilizada em 27(54%) pacientes. Esquemas de 2
ITRN associado a IP potencializado com ritonavir foram usados em 30(44,1%) pacientes,
sendo predominante a combinação AZT+3TC com LPV/r utilizada em 21(70%) pacientes.
Outros esquemas utilizando 2 ITRN+1 IP, 3 ITRN+1 ITRNN e 2 ITRV+2 IP apareceram em
apenas 4(5,9%) pacientes.
Nº de pacientes/esquemas
Esquemas iniciais
n
%
2 ITRN+1 ITRNN
34
50,0
2 ITNR+2 IP
30
44,1
2 ITRN+1 IP
02
2,9
3 ITRN+1 ITRNN
01
1,5
3 ITRN+2 IP
01
1,5
TABELA 9- Distribuição dos esquemas de terapia antirretroviral inicial dos pacientes do Hospital São José no
ano de 2008.
Entre os ITRN o fármaco mais utilizado foi a lamivudina presente em 66(97,1%)
esquemas, seguido da zidovudina em 59(86,8%) esquemas. Lopinavir potencializado com
ritonavir foi o IP mais utilizado 22(62,9%), seguido de Atazanavir potencializado com
ritonavir utilizado por 10(28,5%) pacientes. Atazanavir e fosamprenavir apareceram em
3(8,6%) esquemas. Na categoria ITRNN o Efavirenz foi o fármaco de maior escolha em
Denise Girão Limaverde Lima
48
30(85,7%) esquemas, seguidos de nevirapina presente em apenas 5(14,3%) esquemas (Tabela
10).
Fármacos mais utilizados
Classe do Antirretroviral
n
%
3TC
66
97,1
AZT
59
86,8
LPV/r
22
62,9
ATZ/r
10
28,5
EFV
30
85,7
NVP
5
14,3
ITRN
IP
ITRNN
TABELA 10- Fármacos mais utilizados nos esquemas antirretrovirais nas terapias iniciais.
A Tabela 11 mostra o perfil de todas as trocas de fármacos durante o período do
estudo, incluindo as modificações realizadas para os pacientes que necessitaram de mais de
uma mudança de TARV durante o primeiro ano de tratamento.
Entre fármacos
n
%
Terapia
ARV
seguida
da
Terapia
ARV
final
AZT
3TC
LPV
RTV
ABC
DDI
D4T
EFV
NVP
ATV
TDF
Total
66
76
27
37
7
2
2
35
4
10
5
271
24,4
28,0
10,0
13,7
2,6
0,7
0,7
12,9
1,5
3,7
1,8
100,0
Percentual
entre os
pacientes
84,6
97,4
34,6
47,4
9,0
2,6
2,6
44,9
5,1
12,8
6,4
347,4
Entre fármacos
n
%
43
78
22
42
11
4
2
28
4
23
19
276
Tabela 11. Perfil de todas as trocas de fármacos utilizados durante o estudo.
Denise Girão Limaverde Lima
15,6
28,3
8,0
15,2
4,0
1,4
0,7
10,1
1,4
8,3
6,9
100
Percentual
entre os
pacientes
55,1
100,0
28,2
53,8
14,1
5,1
2,6
35,9
5,1
29,5
24,4
353,8
49
As reações adversas aos medicamentos (RAM) apareceram como principais
motivos de trocas de TARV iniciais nos formulários analisados, com 69(88,5%) substituições,
seguidas por 05(6,4%) faltas de adesão, 03(3,8%) para iniciar esquema RIP em pacientes
c/Tuberculose e 01(1,3%) para potencializar esquema terapêutico.
Gráfico 3 – Principais motivos de trocas das terapias antirretrovirais iniciais.
RIP-Tb: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida-Tuberculose
As trocas por RAM foram as seguintes: - Dos 59 pacientes que iniciaram TARV
com AZT 25(42,4%) mudaram de esquema, sendo 22(88%) por apresentarem anemia num
período de tempo que variou entre 7 e 350 dias. Também aconteceram: 1 troca por
plaquetopenia, alteração gastrointestinal e outras por motivo não informado, somando um
total de 3(12%) trocas. As trocas do Efavirenz 19(63,3%), aconteceram principalmente por
reações de hipersensibilidade, num total de 11(57,9%), seguida de 8(42,1%) trocas por
tonturas, insônia, pesadelos e alucinações. O tempo de uso até a troca variou entre 14 e 229
dias. O Lopinavir, responsável pela troca em 17(77,3%) esquemas, apresentou troca por
reações gastrointestinais em 16(94,1%) dos pacientes, acontecendo também 1(5,9%) caso de
reação de hipersensibilidade, seu tempo de uso variou de 15 a 154 dias. O atazanavir, usado
em 12 esquemas, 10 deles associados ao ritonavir, teve 3(25%) substituições entre 72 e 329
dias por causar icterícia em 2(66,7%) pacientes e reação de hipersensibilidade em 1(33,3)
paciente.
Denise Girão Limaverde Lima
50
A Tabela 12 mostra as classes de fármacos utilizados na TARV inicial,
apresentado a freqüência em que foram usados e trocados, motivos e quantidade de trocas no
período mínimo e máximo de tempo em que as mudanças ocorreram. As trocas dos esquemas
iniciais em relação aos motivos pelas quais aconteceram apresentou valor significante
(p<0,001).
Classe/
Fármaco
Nº de
esquemas
iniciais
Nº de trocas/
Fármacos
ITRN
n
%
n
%
3TC
66
97,1
-
-
AZT
59
86,8
25
42,4
LPV/r
22
69,9
17
ATV/r
10
28,5
FSP/r
03
ITRNN
EFV
Motivo da
troca
Nº de
pacientes
Intervalo de
tempo (dias)
n
%
-
-
-
Anemia
22
88
07-350
77,3
Gastrointestinal
16
94,1
15-154
03
25
Ictericia
02
66,7
72-329
8,6
-
-
-
-
-
n
%
n
%
n
%
30
85,7
19
63,3
11
57,9
14-229
-
-
-
-
IP
-
Hipersensibilidade
NVP
05
14,3
-
-
-
TABELA 12- Fármacos utilizados nos esquemas iniciais, com número de trocas, motivos e intervalo de tempo
que causou a Reações Adversas aos Medicamentos por paciente.
O ABC foi substituído nos 4(5,9%) esquemas em que foi iniciado, em 1(25%)
pacientes por reação de hipersensibilidade e nos 3(75%) outros por desabastecimento do
fármaco nas unidades dispensadoras do país.
Em relação ao sexo o AZT e EFV foram mais substituídos nos esquemas de
pacientes do sexo masculino enquanto o LPV e o ATV foram mais substituídos no feminino.
A NVP apresentou igual número de trocas entre os dois sexos e o ABC foi substituído em
pacientes do sexo masculino. Não foi observada uma associação significante entre as
variáveis sexo (gênero) do paciente e fármaco trocado (p=0,068) como mostra o gráfico 4.
Denise Girão Limaverde Lima
51
Gráfico 4. Distribuição de acordo com o sexo do paciente e fármaco modificado.
*Valor de p = 0,068
A média de idade dos pacientes que substituíram os esquemas em relação aos
fármacos esta expressa no gráfico 5, não apresentando significância estatística entre idade do
paciente e troca de fármacos (p=0,179). As trocas de AZT e LPV aconteceram com média de
37 anos, EFVcom 42 anos, ATV com 34 anos e ABC apresentou média de 24 anos.
Denise Girão Limaverde Lima
52
Gráfico 5. Média da idade dos pacientes de acordo com o fármaco modificado.
*Valor de p = 0,179
Não houve correlação significativa (p=0,709) entre o fármaco modificado e a
doença oportunista relatada, demonstrado na Tabela 13.
Fármaco
modificado
AZT
LPV
ABC
EFV
NVP
ATV
Neurotoxoplasmose
n
%
2
50,0
1
25,0
0
0,0
0
0,0
1
25,0
0
0,0
Doença oportunista
Tuberculose
n
%
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
Candidiase
n
%
2
33,3
0
0,0
1
16,7
3
50,0
0
0,0
0
0,0
Tabela 13. Correlação entre a existência das doenças oportunistas mais freqüentes e o fármaco modificado.
*Valor de p = 0,709
Denise Girão Limaverde Lima
53
A correlação dos principais motivos de trocas com os fármacos modificados
apresentou valor significativo (p<0,0001) como apresentado na Tabela 14.
Fárma
co
modifi
cado
AZT
LPV
ABC
EFV
NVP
ATV
Anemia
N
%
22
100,0
0,0
0
0
0,0
0,0
0
0
0,0
0,0
0
Motivo da troca
Hipersensibilidade Gastrointestinal
N
%
N
%
0
0,0
1
5,9
1
7,1
16
94,1
1
7,1
0
0,0
11
78,6
0
0,0
0
0,0
0
0,0
1
7,1
0
0,0
Falha de adesão
N
%
0
0,0
0
0,0
0
0,0
1
50,0
1
50,0
0
0,0
Tabela 14. Correlação entre os principais motivos de troca e cada fármaco modificado no anos de 2008-2009.
*Valor de p < 0,0001
O tempo em dias de uso da TARV inicial até a troca do esquema apresentou
grande variação, apresentada no Gráfico 6.
Gráfico 6. Histograma da distribuição do tempo em dias até a troca do fármaco.
Denise Girão Limaverde Lima
54
A média de tempo de inicio do tratamento até a substituição do esquema
terapêutico em relação aos fármacos não apresentou valor significante (p=0,688) e está
demonstrado na Tabela 15.
Tempo em
dias
AZT
Média
103
LPV
Média
96
Fármaco modificado
ABC
EFV
Média
Média
87
83
NVP
Média
92
ATV
Média
158
Tabela 15. Média de dias até a troca do esquema antirretroviral inicial de acordo com cada fármaco.
*Valor de p = 0,688
Em 70(89,7%) formulários apenas 1 fármaco foi trocado, em 6(7,7%) 2 fármacos,
em 1(1,3%) 4 fármacos e em 1(1,3%) o esquema apenas recebeu ritonavir para potencializar o
esquema (Gráfico 7).
Gráfico 7- Percentagem de fármacos trocados por esquemas.
Denise Girão Limaverde Lima
55
A Tabela 16 mostra o perfil de substituição dos fármacos utilizados nos esquemas
iniciais do estudo.
Fármaco
TARV
Substituições de fármacos
(Pacientes e percentagens)
Inicial
AZT
TDF – 14
ABC – 8
ddI – 2
d4T – 1
n=25
56%
32%
8%
4%
EFV
LPV/r – 10
ATV/r – 7
NVP – 2
ABC – 1
n=20
50%
35%
10%
5%
LPV/r
ATV/r – 11
EFV – 7
NVP – 1
n=19
57,9%
36,8%
5,3%
ABC
AZT – 3
TDF – 1
ddI – 1
n=5
60%
20%
20%
ATV/r
EFV – 4
LPV/r – 2
n=6
66,7%
33,3%
NVP
EFV – 3
n=3
100%
TDF
AZT – 1
n=1
100%
FSP/r
LPV/r – 1
n=1
100%
d4T
ABC – 1
n=1
100%
DDI
d4T – 1
n=1
100%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
TABELA 16- Substituição dos fármacos nos esquemas iniciais do ano de 2008-2009 nas trocas de Terapia
Antirretroviral do Hospital São José - Ceará.
Dos 78 formulários que foram submetidos a aprovação pela Comissão
Interinstitucional de Terapêutica Antirretroviral, 75(96,2%) foram aprovados e 3(3,8%)
receberam criticas ao novo esquema proposto e sugestão de qual novo esquema deveria ser
Denise Girão Limaverde Lima
56
adotado. Os 3 acataram a sugestão do novo esquema. Todos os formulários não aprovados
receberam sugestões baseadas no Consenso 2008.
Estavam incompletos 42(53,8%) formulários, faltando o preenchimento de
algum item para a solicitação do esquema, 36(46,2%) encontravam-se totalmente
preenchidos.
Denise Girão Limaverde Lima
57
DISCUSSÃO
Denise Girão Limaverde Lima
58
6. Discussão
Existem poucos estudos abordando a problemática das trocas de TARV durante
o primeiro ano de tratamento, muitos artigos estão mais voltados a fatores associados a não
adesão, problema comum entre países desenvolvidos ou em desenvolvimento (BONOLO;
GOMES; GUIMARÃES, 2007), dificultando a correlação entre resultados e uma discussão
mais aguçada sobre a temática. Estudos durante o inicio de TARV seriam de grande valia,
visto que, quanto mais precoce a detecção de problemas relacionados, menor probabilidade de
aparecimento de cepas resistentes (HOSSEINIPOUR; SCHECHTER, 2010) e outros
problemas associados, que tornam difícil o tratamento. Pacientes que permanecem em TARV
inicial por mais de 1 ano apresentam menos falhas terapêuticas, morte e tem maior sucesso no
tratamento(MUKHERJEE, et al, 2006).
Foram considerados como pacientes em “adesão” apenas aqueles que
permaneceram por 1 ano, de 2008 a 2009 em tratamento no HSJ, aqueles que não tiveram
continuidade foram excluídos não sendo investigados se as ausências se deram por abandono,
transferência para outra unidade dispensadora (UDM), morte ou outros motivos.
Pesquisas atuais indicam um aumento do número de mulheres com HIV nos
últimos anos em conseqüência do incremento da transmissão heterossexual (BRITO;
CASTILHO; SZWARCWAL, 2001), com inversão da proporção entre o maior número de
homens em relação às mulheres, inclusive no estado do Ceará (BRASIL, Ministério da Saúde,
2007), contudo, durante o ano de 2008 no HSJ-Ce, o número de pacientes masculinos
cadastrados para inicio de TARV foi superior ao número de pacientes do sexo
feminino.Apesar destes dados do aumento do número de mulheres, o estudo encontrou
valores semelhantes aos de uma pesquisa realizada no Caribe e países da America Latina
CESAR, et al., 2010, onde no período estudado apenas 35% dos pacientes eram mulheres,
com idade média de 37 anos. O estudo cita que pacientes do sexo feminino realizaram maior
número de troca de TARV no primeiro ano de tratamento, porém neste estudo não houve
diferença estatística significante no número de trocas entre os sexos.
Atualmente a tuberculose é uma dos maiores desafios para a saúde pública no
mundo, sendo o Brasil o país com o maior número de casos na América Latina (Consenso
2008). Embora a incidência de tuberculose, assim como de candidíase, pneumonia,
neurotoxoplasmose, herpes, Sarcoma de Kaposi, criptococose e infecções intestinais por
Denise Girão Limaverde Lima
59
protozoários tenham sofrido queda estatística significante, houve no nordeste um aumento de
casos de tuberculose e neurotoxoplasmose entre pacientes com HIV/AIDS (BRITO;
CASTILHO; SZWARCWAL, 2001), como também podemos verificar no presente estudo
onde entre os pacientes sintomáticos estas doenças aparecem entre as predominantes. A
tuberculose é a principal causa de morbidade e mortalidade em pacientes HIV no mundo, e no
Brasil encontra-se como a 2ª doença mais freqüente (SCHECHTER, 2007).
A dosagem da carga viral e a contagem de células TCD4 são referidas como
importantes instrumentos de monitorização de falha virologica laboratorial a serem
investigadas no acompanhamento e manejo de TARV, inclusive na hora da troca dos
fármacos (CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL, 2008;
HOSSEINIPOUR; SCHECHTER,2010; SCHECHTER, 2007; BISSON et al., 2008; KEISER
et al., 2009). Na presente pesquisa essas dosagens foram referidas em menos da metade dos
formulários analisados, mas observamos que, mesmo não citada a CV parece ter sido fator
importante para decisão de troca da TARV, já que elas aconteceram quando o valor
encontrava-se elevado. Onde não há acesso a dosagens de CV e CD4, o monitoramento clinico
avaliará o estado do paciente e determinará a troca da TARV (HOSSEINIPOUR;
SCHECHTER,2010; BISSON et al., 2008). Dados informam também que onde há rotina de
dosagem de CV acontecem mais trocas precocemente da TARV, e que a contagem de CD4
está em melhores níveis no momento da troca, oferecendo mais segurança ao paciente
(KEISER, et al., 2009). Já no estudo de RAJASEKARAN, et al., 2007 não foi observado
nenhuma correlação entre contagem de CD4 e falha terapêutica, já que as falhas aconteceram
em pacientes com vários níveis de CD4, fato este que pode ter acontecido pelas diferentes
definições de falha virológica entre vários estudos em diferentes países.
O manual de recomendações para Terapia antirretroviral em Adultos
Infectados pelo HIV (CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL) é
anualmente revisado, sofrendo algumas vezes modificações, porém, como a base de dados
deste estudo foi o ano de 2008, os resultados foram avaliados a partir das referências do ano
de sua realização.
A maioria dos esquemas iniciais foi composto por 2 ITRN+1 ITRNN, seguidos
por esquemas com 2 ITRN+ 1 IP/r, sendo AZT+3TC+EFV o predominante no primeiro caso
e AZT+3TC+LPV/r no segundo, estando de acordo com o que sugere o consenso 2008 e com
Denise Girão Limaverde Lima
60
achados de CESAR et al.,2010. Em KEISER et al.,2009 a Lamivudina com d4T ou
AZT+EFV foi o esquema predominante. A 3TC foi o fármaco mais utilizado nos esquemas
de TARVs iniciais do HSJ e no estudo das Ilhas caribenias e America Latina de CESAR et
al.,2010, e apresentou menor número de substituições. O AZT foi o fármaco com maior queda
do número nos esquemas iniciais para os finais, considerando-se todas as trocas realizadas no
período estudado. Outros esquemas com 3 ITRN aconteceram em pequena proporção, como
encontrado no estudo de RENAUD-THÉRY; at al., 2007.
O principal motivo das solicitações de mudanças de TARV no HSJ no ano de
2008 se referiu aos relatos de Reações Adversas aos Medicamentos, assim como em estudo
feito na Suíça e Sul da África (KEISER; et al., 2008), nas ilhas caribenias e America Latina
(CESAR et al.,2010). O tratamento das doenças oportunistas que acontece simultaneamente
com a TARV nos pacientes com AIDS provavelmente afetam a tolerância aos antirretrovirais,
aumentando o risco de toxicidade (CESAR et al., 2010).
O AZT, fármaco com maior percentagem de substituições, causou anemia em
88% dos pacientes, em CESAR et al, 2010 este evento aconteceu em mais de 70% dos
pacientes. O CONSENSO BRASILEIRO DE TERAPIA ANTIRRETROVIRAL 2008 prevê
esta alteração hematológica como também a lipodistrofia, que é mais comum após 1 ano de
tratamento. Nenhum caso foi encontrado provavelmente porque a pesquisa foi realizada
apenas no período de 1 ano. Outra troca considerável foi a do LPV/r que nos esquemas
iniciais foi o fármaco mais substituído por reações gastrointestinais e a do EFV por reações
de hipersensibilidade, confirmando dados relatados na literatura (LACY; et al., 2009).
Os fármacos trocados em relação ao sexo, idade e doenças oportunistas dos
pacientes não apresentaram nenhuma relação, contudo os principais motivos de troca em
relação aos fármacos apresentou elevada significância, confirmando que as RAM foram os
principais motivos de necessidade de substituição dos esquemas.
O tempo em que as mudanças ocorreram tiveram grande variação em cada
fármaco, porém a média ficou próximo a noventa dias.
Na maioria das trocas de TARV inicial do HJS no ano de 2008, apenas um
fármaco foi substituído no esquema diferente do que ocorreu no estudo de KEISER; et
al.,209, onde na maioria (54,9%) das trocas foram substituídos os dois ITRN.
Denise Girão Limaverde Lima
61
Nos esquemas em que o AZT foi o motivo da solicitação de troca, o TNF foi o
principal fármaco de escolha, seguido por ABC, ddI e d4T. No caso do EFV, a maioria das
trocas foi por LPV/r, seguida de ATV/r.
O número de aprovações dos esquemas propostos nos formulários de troca foi
bastante elevado (96,2%), indicando que estão de acordo com o que determina o Consenso
2008. Os formulários que não foram aprovados (3,8%) receberam sugestões dos médicos da
Comissão de mudança de TARV e foram todos acatados pelos médicos assistentes que
solicitaram a troca.
Em consonância com o que foi mencionado logo no inicio desta discussão,
onde se relatou a dificuldade de se identificar artigos feitos com este foco, dificultando as
discussões dos achados, durante a realização do nosso estudo outras limitações foram
observadas. Como exemplo disso, podemos citar o baixo índice de preenchimento dos
formulários de troca e a falta de registro nesses formulários de dados em relação ao aspecto
progressivo da doença. Também a provável não observância e, se observado, o não registro,
de outros medicamentos usados pelo paciente que pudessem interagir com o novo esquema
proposto, contribuindo com o aumento da toxicidade da TARV.
Denise Girão Limaverde Lima
62
CONCLUSÃO
Denise Girão Limaverde Lima
63
7. Conclusão
Quanto ao perfil epidemiológico e da doença, os pacientes do estudo que
fizeram modificações da TARV inicial no HSJ eram na maioria homens, na faixa etária entre
20 e 39 anos. O sexo masculino também apresentou maior número de doenças oportunistas,
sendo neurotoxoplasmose, candidíase e tuberculose as predominantes.
O maior número de trocas de TARV durante o primeiro ano de tratamento
aconteceu na faixa de CD4 entre 201 e 500 células/mm3 e de CV entre 103 a 106 copias/mL.
Os principais esquemas observados na população foram os compostos por 2
ITRN+1 ITRNN, sendo a lamivudina o fármaco mais utilizado e menos substituído.
A maioria das trocas se deu por Reações Adversas aos Medicamentos, sendo o
AZT o fármaco mais substituído, considerando-se todas as trocas do período estudado, por
causar anemia e o LPV/r o mais substituído nos esquemas iniciais pelas reações
gastrointestinais apresentadas.
As mudanças estavam em concordância com o consenso 2008, oferecendo
segurança ao paciente no manejo de TARV, contudo, muitos formulários não estavam
preenchidos como deveriam, deixando itens sem as informações solicitadas.
As trocas nos tratamentos iniciais ocorreram em 22,1% dos pacientes, porém
não foi possível se chegar a uma conclusão em relação ao tempo em que os pacientes
permaneceram com a TARV inicial pela grande variação encontrada nos registros do estudo e
pela falta de dados para uma melhor análise desse resultado.
Denise Girão Limaverde Lima
64
REFERÊNCIAS
Denise Girão Limaverde Lima
65
8. Referências
BISSON, G. P. et. al. Pharmacy refill adherence compared with CD4 cout changes for
monitoring HIV-infected adults on antiretroviral therapy. Plos Medicine. v. 5, n. 5, p. 07770789, mai, 2008.
BONOLO, P. F.; GOMES, R. R F. M.; GUIMARÃES, M. D. Adesão à terapia anti-retroviral
(HIV/AIDS): fatores associados e medidas da adesão. Epidemiol. Serv. Saúde. v. 16(4),
p.261-278, out-dez, 2007.
BOYD, M. A.; COOPER, D. segund-line combination antiretroviral therapy in resourcelimited settings: facing the challenges through research. Revista AIDS. v. 21 supl. 4, p. s55s63, jun., 2007.
BRASIL,
Ministério
da
Saúde.
DST-AIDS,
Disponível
em:
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISD3352823PTBRIE.htm. Acesso em: 5 agos, 2009.
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ANEXOS
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70
9. Anexos
Anexo 1
10. Apêndice
1.Apêndice
FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS
PACIENTE (INICIAIS): _________ PRONTUARIO Nº: __________ SEXO
_______
SINTOMÁTICO: NÃO ( )
M(
SIM ( )
Denise Girão Limaverde Lima
) F ( ) IDADE:
71
APÊNDICE
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72
10- Apêndice
Apêndice 1
DOENÇAS DEFINIDORAS DE AIDS: __________________________________________________
_____________________________________________________________________________
FÁRMACOS QUE JÁ USOU: _______________________________________________________
EM USO ATUAL DE: _____________________________________________________________
HÁ QUANTO TEMPO: ______________
CD4 ANTERIOR: __________________________ CD4 ATUAL: ___________________________
CARGA VIRAL ANTERIOR: ___________________ CARGA VIRAL ATUAL: ___________________
MOTIVO DA SOLICITAÇÃO: ( ) FALHA DE ADERÊNCIA
( ) FALHA TERAPÊUTICA
( ) INTOLERÂNCIA: TIPO: __________________________________
FÁRMACO: _____________________________
( ) OUTROS: ____________________________________________
TROCAS ANTERIORES: ( ) NÃO
( ) SIM
QUANTAS: ______________
ESQUEMA SOLICITADO: _________________________________________________________
PARECER DA COMISSÃO: ( ) AUTORIZADO
( ) NÃO AUTORIZADO
SUGESTÃO ACEITA: ( ) SIM
( ) NÃO
COMENTARIOS:________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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