Um Ensaio para Aplicação de Ferramentas de Engenharia de Produção em Megaeventos de Entretenimento: O Processo de Projeto preconizado para um Sistema de Administração de Operações de Eventos de Entretenimento-A modelagem baseada em megaeventos de rock Carlos Frederico Barros Professor Adjunto Engenharia de Produção - PURO-UFF/Universidade Federal Fluminense e Pesquisador- GARTA - Grupo de Análise do Risco Tecnológico Ambiental COPPE/UFRJ - Coordenação do Programas de Pós Graduação e Pesquisa em Engenharia [email protected] Resumo Este trabalho examina como podemos usar técnicas e ferramentas de Engenharia de Produção aplicadas a megaeventos, especialmente neste caso a megaeventos de musica ao ar livre tipo Rock in Rio, que foi a referencia inicial para se compreender a complexidade e dimensão. O objetivo é propor a criação de um sistema de gerenciamento de operações ,inicialmente para megaeventos de musica,a partir de um modelo básico reparametrizável para eventos similares.Nesta fase,definimos e detalhamos conceitualmente o processo do projeto e suas fases a serem desenvolvidas. Palavras chaves: Engenharia do Entretenimento,Industria cultural,Economia da Cultura ,Gestão da Produção 1. Introdução Este trabalho possui como objetivo criar um anteprojeto que demonstre as aplicações potenciais de ferramentas de Engenharia de Produção ,fazer um macro modelo deste tipo de evento usando referencialmente o Caso Rock in Rio e propor as fases seguintes para se criar um sistema de administração de eventos de grande porte em entretenimento(mega eventos).Dentre os aspectos que a existência de um sistema de administração deste tipo pode evitar e foram percebidos como gargalos estão: potencialidade de ser um evento mundial com sua expertise própria associada passível de ser comercializada, a não percepção pelos gestores públicos e privados das várias dimensões do impacto do evento e a formalidade das atividades envolvidas, assim como oportunidades, a sistematização a ser feita para o transito e segurança do evento e o uso do evento com novas tecnologias de administração. Sumarizando, modelar um megaevento de entretenimento musical, referenciando-se no Evento Rock in Rio,visando sistematizar sua administração das operações e detectar as potenciais aplicações de Engenharia de Produção Estes aspectos citados demonstram que o sucesso de sinergizarmos as oportunidades e redução dos gargalos podem ser viabilizados se tivermos uma abordagem sistêmica que possibilite uma gestão organizada, racional e otimizada do evento. Da mesma forma, tivemos a oportunidade de detectar sobre as similaridades do processo de produção cenográfica com as de um evento de entretenimento como o Rock in Rio, sendo que para o processo de produção cenográfico é feito uma abordagem de forma a criar uma estrutura de gestão que facilita a avaliação do valor monetário a ser aplicado, a sua aprovação, o seu controle seja no desencaixe ou na evolução física no tempo, assim como nos desdobramentos espaciais como localização e logística. Fica claro que o Rock in Rio tem um padrão de qualidade elevado, configurando um valor agregado à marca. Entendemos então que o processo de modelagem e uso de ferramentas de gestão a serem propostas vão de encontro a manutenção do Rock in Rio como uma marca de valor, a consecução do evento com menores custos e uma operação otimizada em todo seu contexto,assim como uso desta modelagem em atividades similares. 2-Objetivo do Projeto Fazer a modelagem do evento Rock in Rio através do desenho de um sistema de Administração de Operações de Eventos de Entretenimento. 3-Resultado Esperados –Proposta de um projeto para sistematização de mega-eventos, tendo com referência o Rock in Rio,passível de ser reutilizado com nova parametrização em eventos similares – Redução do investimento e de custos da operação do evento, Capacidade negocial ampliada junto aos gestores públicos,investidores, clientes e agentes econômicos. 4-Economia Musical e o processo de modelagem do Rock in Rio A cadeia musical tem 4 grandes fases: Pré-produção, Produção, Comercialização e Consumo. O Rock in Rio se insere na fase Consumo como evento mas tem inserção como elemento da economia da música em todas as fases, significando que este esforço de sistematização pode e deve se estender a todas as outras atividades pertinentes a cadeira produtiva. Estas modelagens permitirão uma visibilidade adequada aos investidores públicos e privados, aos gestores públicos, aos agentes econômicos envolvidos e aos administradores das operações de eventos de entretenimento. 5-Produto Final Modelo negocial e operacional do Rock in Rio pronto. 6-Aplicações Modelo disponível para se reparametrizado para eventos similares. 7-Proposta de Projeto Modelagem do processo de Projeto– Fases FASE 0 SENSIBILIZAÇÃO - Prototipação do sistema de administração de operações de eventos de entretenimentos Modelagem de aderência entre ferramentas de gestão e protótipo Objetivo da fase: Sensibilizar o grupo de gestão sobre as vantagens operacionais e econômicas de se ter um modelo sistematizado e padronizado para o evento Rock in Rio e outros eventos similares (status atual) FASE 1 PROJETO DA MODELAGEM - Construção dos macro e micro modelos Definição das ferramentas Parametrização da realidade nas ferramentas de gestão Objetivo da fase: Estabelecer o modelo de funcionamento sistematizado com as ferramentas de gestão definidas para serem usadas FASE 2 VALIDAÇAO DO MODELO - Teste do protótipo Afinamento de parametrização Objetivo da fase: Verificar a eficácia e a aderência do modelo na realidade do evento FASE 3 MODELO DO SISTEMA ADM. OPERAÇÕES DE EVENTOS DE ENTRETENIMENTO - Modelo operacional disponível Objetivo da fase: Colocar operacional o modelo, podendo ser aplicado a quaisquer eventos de entretenimento e similares 8-Status atual Estamos na fase de sensibilização ou ante projeto,que esta detalhada a seguir: FASE 0-SENSIBILIZAÇÃO CASE ROCK IN RIO DESENVOLVIMENTO DE MODELAGEM PARA ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES DE EVENTOS DE ENTRETENIMENTO DE GRANDE PORTE: Uma proposta de abordagem sistêmica 1– COMENTÁRIOS E INTRODUÇÃO Este desenvolvimento visa sistematizar o processo de planejamento e operação de eventos de entretenimento de grande porte. Embora sabedores do sucesso incontestável do Rock in Rio, buscamos formular um modelo inicial de administração de uma operação deste porte, visando otimizar o processo decisório quanto ao planejamento e controle das fases pré-produção, produção e pós-produção. Este documento estabelece as premissas e preconiza o uso de técnicas de Engenharia de Produção, assim como modelagens econométricas e estatísticas, equações de funcionamento buscando as variáveis dependentes e causais, uso de sistemas de informações geográficas, grafos e seus algoritmos, planejamento de lay out / arranjo físico, programação linear e inteira, gráfico de Gantt/PERT-CPM (MS Project), estruturas organizacionais dedicadas, planejamento e controle do processo de projeto e uso de tecnologia de informação através de um sistema MRPII/ERP. Na verdade, este documento é um arcabouço de um anteprojeto, onde busca-se sensibilizar da necessidade de desenvolvimento de um Sistema de Administração de Eventos de Entretenimento de Grande Porte, permitindo seu uso em quaisquer eventos possibilitando se ter um “estado da arte” da administração compatível com a dimensão dos recursos de capital, humanos, tecnológicos, de equipamentos, de instalações, de informações sócio-economicas e artísticos envolvidos. 2- MACRO DECISÕES E SEUS SUPORTES 1-DIMENSIONAMENTO DO EVENTO E PLANEJAMENTO DE MACRO LOCALIZAÇÃO. FERRAMENTAS I – Uso de GIS (Sistema de Informações Geográficas) -Caso não esteja definido o local, avaliar e definir dentre os locais possíveis o de melhor otimização das variáveis vetores envolvidas. Função de = f (transporte público, impacto redondezas, suprimentos, renda, segurança, incentivos fiscais/outros) - Caso local pré-definido, detectar as deficiências para melhor tratá-las. - Seja a nível local, regional, nacional ou internacional. II – MICROLOCALIZAÇÃO FÍSICA INTERNA - Busca a lógica do fluxo de consumo através da Análise de Bloco de diagramas de interrelação. - Partindo de um conceito de lay out de posição fixa do palco/principal unidade de entretenimento. - Para dimensionamento do nº de unidades de serviço e localização usar Algoritmo Ford Fulkerson/teoria dos grafos. - Para dimensionamento das atividades unidades de serviços dentro do Site, usar balanceamento de linha/teoria das filas/regras heurísticas de utilização incremental. - Seja a nível local, regional, nacional ou internacional. III- ESTRUTURA DE CAPITAL E EVOLUÇÃO FÍSICA FERRAMENTA DE SIMULAÇÃO - - Uso de planilha com SW Forecast e/ou Planilha de Excel desenvolvida com Modelo de Payable / Receivable trazidos a valor presente e taxa de retorno liquido do investimento Analise financeira de fluxo de caixa e aporte de capital Gráfico de Gantt através do MS Project para avaliação físico-financeiro. IV – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DEDICADA PARA GERENCIAMENTO DO PROJETO Dimensionamento qualitativo e quantitativo. Uso do modelo Competência x Atendimento com técnicas estatísticas de nível de serviço para definir quadro executivo e operacional. Competência MKTG OPERAÇÕES FINANÇAS Pré Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Produção Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho PósProdução Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Conteúdo e nº de Horas de Trabalho Atendimento Dedicação Fases 3-ESTRUTURAÇÃO METODOLÓGICA PARA DESENVOLVIMENTO DE MODELAGEM DE FUNCIONAMENTO - Segue abaixo o modelo conceitual do processo de projeto de evento de porte - O conceito para administração do evento é de uma empresa tipo sociedade de propósito especifico, tendo como suporte operacional um sistema com a filosofia MRPII/ERP on the job. - Os subconjuntos seriam centros de trabalho e as grandes fases os processos produtivos. - Em cenografia, hoje, já se opera neste modelo com total sucesso. 4- EVENTO COM TRÊS GRANDES FASES / PROCESSO PRODUTIVOS. PRÉ-PRODUÇÃO PRODUÇÃO PÓS-PRODUÇÃO - Desde o anteprojeto até o site do evento totalmente operacional - Operação do evento no site - Desmobilização física do site Administração das Relações financeiras e legais pendentes, Manutenção não operacional parcial do site e Administração mercadológica de marcas e subprodutos. 5- FASES / PROCESSO PRODUTIVO PRÉ-PRODUÇÃO PRODUÇÃO PÓS-PRODUÇÃO ADM. SITE PLATÉIA ADM. ELENCO DESMOBILIZAÇÃO DO SITE - MKTG/SALES ADM SITE PALCO STAGE AND BACK STAGE ADMINISTRAÇÃO DE MARCA/SUBPRODUT OS TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ADM. QUALIDADE ADMINISTRAÇÃO DO PÓS-EVENTO LEGAL ADM. CONTINGÊNCIA SUBCONJUNTO - PLANEJAMENTO S / CENTROS DE - FINANCEIRO TRABALHO - OPERAÇÕES RH 6- FASE PRÉ-PRODUÇÃO / PROCESSO PRODUTIVOS SUBCONJUNTOS – CENTROS DE TRABALHO A- PLANEJAMENTO - Operação de Ante Projeto/ Administração de projeto - Estratégias de localização, Casting, Dimensionamento, - Facilidades e Captação de Recursos - Administração Executiva do Projeto - Relacionamento Institucional/ Poder Público - Infra-estrutura externa ao site. - Definição de Casting B- FINANCEIRO • Payments (planejamento) - Infra-estrutura site/Engenharia Facilidades - Contratação Casting • Receivable (planejamento) - Bilheteria / Precificação - Patrocínio • Contabilidade Gerencial (Controle) - Controle de custos - Orçamentação do Projeto C - OPERAÇÕES - Produção do evento - Infra-estrutura física-avaliação inicial - Programação do evento/Cenografia/Áudio/Iluminação/Topografia - Projeto do Site - Analise do Projeto - Lay out/Interferência/Fornecedores/Custo - Montagem do site de engenharia cenotécnica /iluminação//vídeo/cine/ áudio - Infra-estrutura de serviços – Projeto e análise D - MKTG / SALES - Promoção e divulgação • Eventos • Subprodutos • Veiculação-Projeto de Mídias • Assessoria Imprensa - Vendas • Bilheteria / outros meios E- SISTEMA DE INFORMAÇÃO - Implantação base dados/web/sites Operação do sistema de controle e gestão F- LEGAL G- RECURSOS - Direitos autorais Seguros Captação de incentivos Taxas / Impostos Contratos HUMANOS Recrutamento e Seleção 7- FASE PRODUÇÃO/PROCESSO PRODUTIVO/ SUBCONJUNTOS / CENTROS DE TRABALHO - ADMINISTRAÇÃO SITE ESPECTADORES - Público - Segurança – Prevenção e Monitoração - Saúde - Sanitarismo - Alimentação - INFRAESTRUTURA /EQUIPAMENTOS DE PERCEPÇÃO - Sonorização - Acomodação - INTRA SHOWS - Segurança/Limpeza/Manutenção Técnica - ADMINISTRAÇÃO ELENCO - Recepção / Hospedagem - Transporte - RH Apoio - Roteirização - Departure - ADMINISTRAÇÃO SITE PALCO - Iluminação - Sonorização - Cenografia - Camarim - Engenharia / Técnica - ADMINISTRAÇÃO QUALIDADE - Controle e Follow-up de todas as atividades - Monitoração de clima comportamental da equipe - ADMINISTRAÇÃO CONTINGÊNCIA Planos de contingência de todas as atividades,inclusive de catástrofes(do meteorológico a falências de quaisquer partes) 8- FASE PÓS-PRODUÇÃO - PROCESSOS PRODUTIVOS – SUBCONJUNTOS – CENTROS DE TRABALHO. • DESMOBILIZAÇÃO SITE - Física - Estrutura de Produção • ADMINISTRAÇÃO DE MARCA / SUBPRODUTOS - Planos de ciclo de vida dos subprodutos - Manutenção institucional do evento/marca • ADMINISTRAÇÃO DO PÓS EVENTO - Pesquisa Satisfação - Casting - Público - Avaliação do Evento - Comitê de qualidade - Reunião de avaliação com as equipes do evento 9 - Conclusão Temos muito a realizar no uso de ferramentas de gestão na Indústria do Entretenimento, e este artigo nos leva a buscar criar no futuro uma agenda para explorar aplicações ao segmento, que se mostra como um vasto campo de atuação para Engenharia de Produção. Referências Bibliográficas - Blumenthal, Howard J.and Goodenough, Oliver R., This Business of Television, Editora Billboard books, Second edition, 2003. - Masi,Domenico de-A Globalização,o Brasil e a cultura-Artigo Jornal O Globo - Vogel, Harold L. Entertainment Industry Economics-a Guide for Financial Analysis. Fifth edition. Cambridge University Press. Cambridge, 2001 - Kamel,J.Augusto N.-Notas de aula da cadeira de Engenharia do Entretenimento.COPPE/UFRJ-2003 - Economia da Cultura, A Força da Indústria da Cultura no Rio de Janeiro, Organizador Luis Carlos Prestes Filho, Ed. Faperj-COPPE-UFRJ-2002. - Cosenza,Carlos A.N.-Notas de aula da cadeira de Localização Industrial-COPPE/UFRJ2003 - Masi, Domenico de,O ócio produtivo,Rio de Janeiro,Ed.Sextante-2000 Aranha, Maria L.Arruda e Martins,Maria H.Pires,Filosofando,Introdução a Filosofia2o.ed.-São Paulo,Ed.Moderna,1993 Dumazedier, J.Lazer e Cultura Popular,São Paulo,Ed.Perspectiva,1972 Urban Mega-Events, Evictions and Housing Rights: Canadian Case. Olds,Dr.Kris,Department of Geography, National University of Singapore Registro de literalidade no Escritório de Direitos Autorais-EDA-BN Biblioteca Nacional-Rio de Janeiro