POSITIVISMO - Prof. Dr. Luiz Carlos dos Santos

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POSITIVISMO: uma postura filosófica
A concepção dialética tanto hegeliana quanto marxista foi o objeto do texto anterior, em cujo
conteúdo pretendeu-se abordar, de forma panorâmica, podendo verificar que a dialética é a
arte da argumentação, do diálogo e da retórica. Na acepção do filósofo George Wilhelm
Friedrich Hegel (1770-1831), a dialética é uma forma de conceber os fenômenos humanos em
termos de três movimentos básicos: tese, antítese e síntese. Contemporaneamente, o termo
refere-se a qualquer raciocínio que leve em consideração a natureza contraditória e
antinômica.
Já na visão de Karl Marx (1818-1883), a idéia central é a de que o ser humano é um ser de
natureza exclusivamente biológica e que o progresso material e econômico depende da
conscientização de que o capitalismo explora o trabalho assalariado, alienando-o dos
mecanismos de dominação existentes e perpetuando a divisão das pessoas em classes sociais
distintas. Tal doutrina concebe a economia como sendo a base e causa determinante dos
fenômenos históricos e sociais.
Em relação ao positivismo, o termo foi cunhado pelo filósofo socialista francês Claude Henri
Sait-Simon e popularizado por seu discípulo Auguste Comte, considerado o pai da Sociologia.
Em linhas gerais, o termo vincula-se à postura filosófica segundo a qual somente o
conhecimento científico é valido e genuíno, opondo-se ao conhecimento metafísico, mítico e
teológico.
Saliente-se que o positivismo não aceita outra realidade que não advenha dos fatos - daí sua
aproximação com o empirismo. Assim, de acordo com Comte apud Appolinário (2004),
existem cinco acepções para a palavra positivo: real (em oposição a quimérico, fantasioso);
útil (em oposição a ocioso); certo (em oposição a indeciso); preciso (em oposição a vago); e,
finalmente, positivo (em oposição a negativo). Ou seja, a filosofia positiva tem por objetivo
organizar, não destruir, conforme assevera Triviños (1987).
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Professor Doutor Luiz Carlos dos Santos, publicado no site www.lcsantos.pro.br
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Cabe registrar que o positivismo possui dois pressupostos fundamentais: a) realidade existe; e
b) através de um método adequado, será possível desvendar essa realidade. Enfim, as idéias
por trás da proclamação da República do Brasil, em 1989, segundo Appolinário (2004),
sofreram forte influência positivista, a ponto de a bandeira nacional brasileira carregar em sua
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fronte o lema positivista “Ordem e Progresso”.
Ressalte-se que o positivismo representou e refletiu a ascensão da burguesia vitoriosa da
Revolução de 1789, apoiada na ciência, na técnica e no industrialismo. A confiança da ciência
do mundo moderno, a par de certo otimismo progressista, foi a constante da nova classe que
se expandia, como que a inaugurar o novo estágio - tido como definitivo – da humanidade. O
positivismo era a filosofia que respondia a esse estado de espírito.
Infere-se que o positivismo fora produto direto da sua época. Com a Revolução Industrial já
francamente realizada, em pleno florescimento das ciências experimentais, que de avanço em
avanço iam conquistando terreno à antiga especulação racionalista, pôde Auguste Comte
tentar a síntese dos conhecimentos positivos do seu tempo. Frise-se que era muito recente e
retumbante o triunfo da física, da química e de algumas idéias biológicas, para que não se
sentisse atraído o espírito de um aluno da “escola politécnica”, em busca de um novo poder
espiritual, capaz de dar segurança e organização à sociedade do seu tempo. Enfatize-se,
contudo, que as intenções de reforma social, desde o início, nada mais aspirou a filosofia
comtiana do que ser um simples comentário geral dos resultados últimos das ciências
positivas.
Das lições empreendidas pode-se asseverar que filosofia positiva como o estudo geral dos
princípios básicos das ciências, deve ser considerada cada ciência fundamental em suas
relações com o sistema positivo inteiro, e quanto ao espírito que a caracteriza, isto é, sob
dupla relação de seus métodos essenciais e de seus resultados principais. Devendo ser a mais
simples e geral possível, não chega essa filosofia a ser monista, baseada num princípio único,
uniforme e homogêneo. A unidade que inspira o seu sistema é metódica, nunca de objeto ou
de matéria. E assim mesmo, sendo método inseparável de cada aplicação concreta às
diferentes ciências, sofre também alterações especiais, de acordo com o objeto imediato que
tenha em vista.
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Da literatura sobre a matéria, pode-se reafirmar que a filosofia de Augusto Comte tem origem
numa tentativa de “purificar” as modalidades de criação e admissão do conhecimento - que,
como visto, acaba por se reduzir ao conhecimento científico. Comte cria ou aprofunda um
racha entre conhecimentos provenientes de distintas fontes. O que passa a ser de interesse do
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cientista é aquele conhecimento que seguiu determinados parâmetros normativos
predeterminados.
Entende-se que a armadilha que acabou por encerrar as idéias de Comte foi o fato dele próprio
se ver preso, ou poder ser percebido como tal, num cenário compartimentado por limites que
fogem ao próprio objetivo original. Isto é, possuir como fundamento, como pressuposto de
sua construção teórica, algo que pretendia abolir - a especulação, o “insondável”. Ou seja, por
fim, a “metafísica” teve sua revanche e, de modo algum, parece ter sido demolida pelos
ataques do positivismo comtiano. Pelo contrário, pode-se sustentar, ela sobreviveu a
poderosos ataques e, nesse processo, validou ainda mais firmemente a necessidade e carência
de uma profunda discussão entre diferentes campos setoriais do saber. Isso com vistas a uma
reflexão sobre o sentido e circunstâncias do conhecimento.
Vale dizer, cada ciência, à medida que vai si tornando mais complexa, utiliza todos os
métodos das anteriores e mais um, que lhe é próprio - quanto mais complexa, mais rica de
métodos utilizáveis.
Assente-se que na conhecida frase de Lévy-Bruhl, o positivismo é uma filosofia
representativa de todo o século XIX, de ascensão da ciência, com brilhantes resultados da sua
aplicação no domínio da natureza. Na própria França, grande foi o número de pensadores que,
neste ou naquele aspecto, sofreram a influência da filosofia positivista.
Sequenciando o ciclo de textos sobre as concepções/modelos filosóficos enquanto referenciais
para a produção do conhecimento, a próxima nota focalizará o Neo-positivismo.
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Professor Doutor Luiz Carlos dos Santos, publicado no site www.lcsantos.pro.br
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