56º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010 Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 20 Polimorfismo do Y-GATA C4 na população brasileira e associação com linhagens do cromosomo Y de origem subsaariana Palha, TJBF1; Ribeiro-Rodrigues, EM1; Ribeiro-dos-Santos, A1; Santos, S1 Laboratório de Genética Humana e Médica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará [email protected] 1 Palavras-chave: Y-STR; GATA C4; YHRD; População Brasileira; África Subsaariana. O Y-STR GATA C4, também conhecido como DYS635, apresenta elevada variabilidade nas diversas populações do mundo e é comumente usado em estudos populacionais e análises forenses. Atualmente, 14 alelos já foram descritos, sendo que o alelo C4*17 foi descrito somente em populações da África subsaariana e em algumas populações afrodescendentes de outros continentes. Por este motivo, o alelo C4*17 tem sido descrito por alguns autores como um bom marcador de ancestralidade africana. Diversos trabalhos, utilizando diferentes marcadores genéticos, já foram publicados relatando a contribuição de linhagens africanas subsaarianas na formação da população brasileira, historicamente formada por uma mistura de europeus, africanos e indígenas. Com o objetivo de identificar a presença (ou não) do C4*17 na população brasileira nós analisamos 1948 indivíduos das cinco regiões do Brasil: 878 indivíduos da região Norte, 285 da Nordeste, 139 da Centro-Oeste, 458 da Sudeste e 188 da região Sul. As amostras de DNA foram obtidas por extração orgânica com fenol/clorofórmio. A amplificação foi feita por PCR multiplex desenvolvida no Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA, e foi conjunta com outros loci Y-STR, comumente utilizados em análises forenses. As eletroforeses ocorreram no seqüenciador capilar ABI 3130 (Applied Biosystems) usando como amostra controle o DNA 007 (Applied Biosystems). A determinação do tamanho dos fragmentos e a designação dos alelos foi feita no programa GeneMapper v. 3.2. Na população brasileira foram observados 9 diferentes alelos para o marcador GATA C4, com diversidade genética estimada em 77%. Os alelos variaram entre C4*17 e C4*26, sendo que C4*18 não foi observado em nenhum indivíduo da população. Os alelos mais freqüentes foram C4*23 (33%) e C4*24 (23%). O C4*17 foi observado em apenas seis indivíduos da população brasileira (0,3%), sendo um da região nordeste, dois no centro-oeste, e três do sudeste. Essas amostras que apresentaram o C4*17 foram seqüenciadas confirmando a presença de 17 unidades de repetições. Realizamos uma busca no banco de dados YHRD (www.yhrd.org – acesso em 08/06/10), e dos 23.137 haplótipos depositados, apenas 33 apresentaram C4*17: 27 descritos em populações da África subsaariana e 6 em populações afrodescendentes. Embora tenha sido comprovada a associação entre haplótipos Y-STRs e haplogrupos definidos por SNPs, devido à alta taxa de mutação dos Y-STRs nem todos podem definir um haplogrupo. De acordo com alguns autores, é provável que C4*17 tenha sido originado por um evento de mutação único, sendo que as associações obtidas no YHRD indicam que a presença do C4*17 no haplótipo Y-STR significa pertencer ao haplogrupo E, subclado E1b1a (M2), mais comum na África subsaariana. A presença desse alelo específico confirma a contribuição da linhagem africana subsaariana, pela análise do Y-DNA, na formação da população brasileira. Apoio financeiro: FINEP, UFPA