III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR FÍSICA + BIOINFORMÁTICA 22 A 25 DE ABRIL DE 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS Modelagem molecular do Captopril com os domínios catalíticos da ECA Flávio A. P. Paiva1 (IC)*; Dr. Milton T. Sonoda1 (PQ); Dr. Odonírio A. Jr.1 (PQ) 1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro [email protected] Keywords: Captopril; Docking; Enzima Conversora de Angiotensina. INTRODUÇÃO A Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) é uma dipeptil-carboxidipeptidase que possui dois domínios catalíticos, N-domínio (ND) e Cdomínio (CD). A principal função da ECA é clivar Angiotensina I (Ang I) em Angiotensina II (Ang II), que possui atividade vasoconstritora [1], sendo portanto um alvo terapêutico importante para o desenvolvimento de inibidores para o tratamento de hipertensão. O Captopril, primeiro inibidor da ECA descoberto na década de 70 experimentalmente [2], é um fármaco competitivo peptídeo-mimético e estéreo-específico. Apenas o estereoisômero LCaptopril é bioativo como inibidor da ECA. Neste trabalho estudamos a estéreo-especificidade do Captopril nos dois domínios catalíticos da ECA. MÉTODOS Modelamos as cargas parciais RESP da Captopril a partir de cálculos HF/6-31G* no Gaussian09 [3]. Empregamos o pacote AutoDock 4 para os cálculos de docking e clustering das estruturas [4]. Nestes cálculos foi empregado o Algorítimo Genético Lamarckiano, onde foram obtidas 200 conformações por sistema ligantereceptor. RESULTADOS AND DISCUSSÃO No complexo CD com o L-Captopril temos uma grande quantidade de conformações (4 clusters com população de 15 a 30 conformações cada) em um nível de energia relativamente alto, em torno de -2.2 Kcal/mol, próximos entre si e estruturalmente próximos, ligados ao Zn2+ pelo S, com conformações muito próximas à estrutura observada experimentalmente por cristalografia de raios-x [5]. Estes resultados indicam que a ligação seja favorecida entropicamente. Por outro lado, no complexo ND com o LCaptopril, os cálculos de docking prevêem uma interação bidentada entre o Zn2+ e o S e a carbonila do captopril, indicando que para este domínio a afinidade se dá entalpicamente, com energia livre de ligação de aproximadamente -6.0 Kcal/mol. Infelizmente não existem estruturas experimentais do complexo ND com o L-Captopril. Contudo, o modo de ligação bidentado foi considerado em um trabalho teórico do complexo captopril com a β- lactamase [6]. Ainda, foi observado clusters com conformações de interação monodentada pelo S com grande população (35 a 50), de alta afinidade (4 Kcal/mol) separados por energias de aproximadamente 0.5 Kcal/mol. No caso do D-Captopril em complexo com o CD, as conformações observadas não apresentaram interações específicas do ligante com o Zn+2, resultando em complexos de baixa afinidade, com energias em torno de -0.5 e -1.5 Kcal/mol, como era esperado pela conhecida estéreo especificidade deste fármaco. Com respeito ao D-Captopril com o ND, os clusters de menores energias (~ -6.0 Kcal/mol) apresentam conformação bidentada, porém eles são pouco significativos por terem poucas conformações (~ 10). Já os 3 clusters com maior número de conformações, que ocorrem em torno de -2.5 Kcal/mol, apresentam modos de ligação muito distindos entre si, ora interagindo com o Zn2+ com o S, ora com o carboxilato, ou com o S, mas com o corpo do ligante fora do bolsão de ligação. Entendemos que esses modos de ligação distintos competem entre sí, diminuindo a afinidade efetiva. CONCLUSÃO A metodologia de docking molecular utilizada foi eficiente para diferenciar as afinidades de ligação, previstas pelo estéreo-especificidade. Além disso, pode-se mostrar que as interações do fármaco com os domínios análogos ECA se dão de maneiras distintas. Enquando o L-Captopril se liga ao ND por interações entálpicas, no caso do CD contribuições entrópicas parecem ser importantes. Para o D-Captopril, não bioativo, os cálculos mostram que este não interage favoravelmente com o CD, enquanto que com o ND ele apresenta competição entre pelo menos três diferentes modos de ligação pouco prováveis. AGRADECIMENTOS Agradeço à FAPEMIG/PIBIC-UFTM pelo apoio financeiro à este projeto. _____________________ 1 Masuyer, Geoffrey; et. al. Scientific Reports, 2012, 2, 717. Corradi, H. R.; et al. Biochemistry, 43, 2007, 5473–5478.3 G. D. Gopen and J. A. Swan, American Scientist 78, 1990, 550. 3 Gaussian 09, Revision D.01, M. J. Frisch; et. al. Gaussian, Inc., Wallingford CT, 2009. 4 Huey, R.; et. al. J. Computational Chemistry, 28, 2007, 1145-1152 5 Corradi, H. R.; et. al. Journal of molecular biology, 357, 2006, 964–74. 6 Antony J; et. al. J. Comput. Chem., 23, 2002,1281–1296. 2