SV Tuberculose 2009

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jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 1
Edição especial
Janeiro/2009
Uma revista da Saber Viver Comunicação
www.saberviver.org.br
Coordenação editorial:
Silvia Chalub
Edição e reportagem:
Ana Letícia Leal
Estagiária de jornalismo:
Ester Machado
Secretária de redação:
Ana Lúcia da Silva
Consultoria lingüística:
Leonor Werneck
Ilustração:
Liliana Ostrovsky
Foto:
Paulo Múmia, agência Pedra Viva
Colaboraram nesta edição:
Alexandre Milagres, chefe do setor de
pneumologia e coordenador do Programa
de Controle da Tuberculose do Hospital
Municipal Raphael de Paula Souza,no Rio
de Janeiro; Carlos Basília, coordenador
do Fórum de ONG/Tuberculose do Rio
de Janeiro; Cristina Alvim Castello
Branco, pedagoga, técnica educacional
do Fundo Global de Tuberculose; Estevão
Portela, infectologista e pesquisador do
IPEC-Fiocruz; Liandro Lindner, jornalista,
coordenador da Unidade de Articulação
com a Sociedade Civil e Comunicação
do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose - PNCT - do Ministério
da Saúde; Margareth Pretti Dalcolmo,
pneumologista, pesquisadora clínica e
coordenadora do Ambulatório do Centro
de Referência Prof. Hélio Fraga/ENSP/
Fiocruz; Roberto Pereira, coordenador do
Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro;
Ronaldo Hallal, infectologista e assessor
técnico da Unidade de Assistência e
Tratamento do Ministério da Saúde.
Editoração eletrônica:
Metara Comunicação
Impressão:
Gráfica Josélia
Tiragem:
50 mil
Agradecimentos:
A George Gouveia e Mara Moreira,do
Grupo Pela Vidda Rio, e ao Marcelo
Ficher, do Metara Comunicação, por
suas observações, e especialmente às
pessoas que colaboraram dando seus
depoimentos para as matérias.
Correspondências à redação:
Caixa Postal 15.088 - Rio de Janeiro (RJ)
Cep 20.031-971
[email protected]
Apoio:
N
Histórias
especiais
ão foi fácil escolher a foto de capa
desta edição. A dúvida era entre
as fotografias de Bartolomeu e de
Luís Cláudio, ambos portadores do vírus
da aids e ex-pacientes de tuberculose. Suas
histórias, contadas nas páginas 6 e 7, têm
muito em comum. Num primeiro momento, sintomas gravíssimos acompanhados de
mau atendimento. Depois, a piora. Enfim, a
cura, graças à ajuda de gente que entra para
a história como verdadeiros anjos. Um deles descobriu o HIV devido aos sintomas da
tuberculose; o outro adoeceu de tuberculose quando não levou a sério o tratamento
contra o vírus da aids. Confira!
Quem é nosso leitor há mais tempo já notou: esta edição da Saber Viver é especial.
Ela não se destina, como os números anteriores, apenas às pessoas infectadas pelo
vírus da aids. A revista foi escrita também
para aqueles que têm, já tiveram ou suspeitam estar com tuberculose. Por isso, se você
se encaixa num dos dois casos, segure este
exemplar e leia com calma. Aqui tem informações fundamentais que vão ajudar você a
evitar, a descobrir ou a tratar a co-infecção
tuberculose-HIV/Aids. Bom proveito!
Sumário
Fique por dentro
03
Saiba porque a co-infecção HIV/TB é perigosa 04
05
Grupo carioca dá exemplo ao país
Primeiro a tuberculose, depois a aids
06
Primeiro a aids, depois a tuberculose
07
Perguntas e respostas
08
Se der para prevenir, melhor
11
Área útil
12
Fique por dentro e ajude a combatê-la
“
Quando tive tuberculose, não conseguia andar e, mesmo assim, tinha
que ir ao médico. Tinha que escolher
entre comprar pão para o meu filho ou
pegar ônibus para ir à consulta. Cheguei a passar fome”, conta Rita Smith.
“Isso foi há dez anos, mas vejo que tudo
ainda se repete com os outros”, lamenta ela, que é moradora da Rocinha, favela no município do Rio de Janeiro.
A tuberculose (TB) enfraquece muito o organismo. Tanto que foi a principal causa de morte no Ocidente até o
início do século passado. Presente em
versos famosos, como os de Manuel
Bandeira, a doença havia ganho, até
mesmo, um ar poético.
Com o avanço da ciência, o índice de
cura da tuberculose chegou a 95%. Parecia que a humanidade estava quase
livre desse mal. Infelizmente, porém, o
número de mortes voltou a aumentar.
Dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS) dizem que, no mundo
todo, uma em cada três pessoas está
infectada pelo bacilo causador da tuberculose (o bacilo de Koch). A maioria
não adoece, devido às defesas naturais
do organismo. Mesmo assim, entre as
pessoas infectadas pelo bacilo, de oito
a dez milhões ficam doentes e dois milhões morrem todos os anos. Somente
no Brasil, em 2007, o Ministério da
Saúde registrou 80 mil casos novos de
tuberculose e cerca de 5 mil mortes. É
muita gente adoecendo!
Bacilo
As bactérias foram a primeira forma de vida a surgir na Terra, há três
bilhões de anos. Depois dos vírus, são as criaturas mais simples que existem, medindo entre meio e cinco milésimos de milímetro. As bactérias
em forma de bastão são chamadas de bacilos.
Vírus
Dez mil vezes menores que as bactérias. Alguns cientistas nem os consideram seres vivos, porque não têm metabolismo próprio: usam as células
dos organismos que invadem para se reproduzir.
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
tuberculose/HIV
Tuberculose
tem cura
Pneumotórax Manuel Bandeira (1930)
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 3
tuberculose/HIV
Aids e tuberculose:
uma doença complica a outra
A
infecção por tuberculose (TB)
de Rita foi diagnosticada por
um teste chamado PPD. Em seguida, ela foi submetida ao anti-HIV,
teste para saber se tinha o vírus da
aids (HIV). O resultado para o HIV
foi negativo, o que ajudou os médicos a conduzirem o tratamento da
forma mais adequada à paciente. O
bacilo causador da tuberculose e o
vírus causador da aids costumam
morar nos mesmos organismos. Por
isso, sempre que a tuberculose for
diagnosticada em uma pessoa, o
teste anti-HIV deve ser realizado.
Sempre que um teste anti-HIV dá
positivo, o PPD deve ser realizado.
Aliás, foi justamente o vírus da
aids, surgido nos anos 80, que agravou o problema da tuberculose. O
HIV enfraquece as defesas naturais do organismo, o que dá espaço
para que doenças oportunistas surjam e sejam disseminadas.
E a doença oportunista mais
comum tem sido a tuberculose, que
é a causa de morte mais freqüente
entre portadores do vírus da aids. A
co-infecção TB/HIV é um grave
problema de saúde pública.
Mesmo assim, há profissionais
de saúde brasileiros agindo como se
o problema não existisse. No país,
segundo a pneumologista Margareth Pretti Dalcolmo, apenas 56%
dos pacientes com tuberculose são
testados para HIV. Margareth é
fundadora e coordenadora técnica
do Ambulatório de Tuberculose do
Centro de Referência Professor
Hélio Fraga, no Rio de Janeiro. Ela
considera “inadmissível” que ainda
se trate a tuberculose sem fazer o
teste anti-HIV: “Até porque a presença do HIV no organismo muda
o curso da tuberculose, exigindo
que se faça um tratamento diferente”, aponta.
Veja por que a reunião das
duas doenças é perigosa
O vírus da aids enfraquece as defesas do corpo, que fica com mais dificuldades
para combater a tuberculose.
A tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas que vivem com
HIV/aids.
4 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009
O
bacilo da tuberculose passa de pessoa a pessoa, através das pequenas
gotas de saliva, expelidas quando se tosse ou espirra, ficando em suspensão no ar por algum tempo. Ele é transmitido com mais facilidade em
locais com pouco espaço para circulação, onde muitas pessoas dormem
num mesmo cômodo, ou em lugares sem janelas. Este é o caso da favela
da Rocinha, onde mora Rita Smith. Ela, que já era agente comunitária de
saúde, há um ano resolveu fazer mais: fundou
o Grupo de Apoio de Ex-Pacientes e Amigos
em Combate à Tuberculose (Gaexpa), que atua
no tratamento e na prevenção da doença. O
grupo já conta com mais de trinta voluntários.
entrevista
A amizade é mais forte que a doença
O importante é ter
alguém ao lado
Rita Smith com Ronaldo Ferreira, do
Grupo de Apoio de Ex-Pacientes e
Amigos em Combate à TB
Saber Viver – Por que formou
o Grupo de Apoio?
Rita Smith – Como agente comunitária de saúde da Rocinha, minha
função era levar os medicamentos
e só. Eu ouvia as pessoas pedindo
socorro e não tinha como ajudar.
SV – Como o Grupo funciona?
RS – Acompanhamos quem não
têm condições de se tratar sozinho.
Quem não sabe ler, quem não consegue tomar a medicação...
SV – Vocês recebem algum benefício em troca?
RS – Não. Conseguimos alguns tíquetes-refeição e vales-transporte
para os voluntários, mas deixamos
para quando os doentes precisam.
SV – Que conselho você dá
para quem quiser criar um
trabalho parecido?
RS – É preciso coragem para dar o primeiro passo. É duro, mas é possível. Pode
começar com uma ou duas pessoas. O
importante é apoiar quem precisa.
SV – Apoiar como?
RS – A solidão do doente é terrível.
Acho até que não é a tuberculose que
mata, mas a depressão. Tem muita
gente jogada por aí, sem forças para se
cuidar. Por isso faço questão de abraçar quem está doente.
SV – Você não teme adoecer novamente por conta desse contato?
RS – Se a gente não fizesse nada,
iria ter mais gente doente. E, depois
de um tempo de tratamento, o bacilo
já não é transmitido.
SV – No seu tratamento, o que
foi importante para você?
RS – Tinha sempre alguém a meu
lado. Quando eu mesma não acreditava que pudesse ficar boa, alguém
acreditava. Eu não tinha força nenhuma, mas tinha sempre alguém para
me ajudar a engolir um comprimido.
janjan
2009
2009
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Especial
Especial
Tuberculose-HIV/Aids
Tuberculose-HIV/Aids
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Viver
Viver
- 5- 5
sua história
O casal Bartolomeu e Lourdes.
E
A tuberculose foi
o primeiro
sintoma da aids
m 2007, José Bartolomeu Batista estava tossindo muito, com
catarro, mas pensava que fosse uma
gripe forte. Quando sua mulher,
Maria Lourdes Andrade da Silva,
levou-o ao hospital, os médicos diagnosticaram a tuberculose pulmonar.
Ainda durante o tratamento, Lourdes percebeu que a boca do marido
estava cheia de sapinho, da garganta
aos lábios. Só então o casal foi submetido ao teste anti-HIV. O dele deu
positivo e o dela, negativo. Casados
há 22 anos, os dois moram na favela
da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Com a doença, Bartolomeu emagreceu quase 30 quilos. Não conseguia
caminhar. Precisava tomar banho
na cama. Desse jeito, sua mulher,
que trabalhava como doméstica,
teve que deixar o emprego. Para
comprar comida, Lourdes vendeu
o que tinha em casa. Fez um bazar,
expondo os objetos em frente à sua
casa. Móveis, televisão, roupas, panelas, ferro: foi tudo vendido. Não
ficaram nem cama e colchão.
De tão doente, ele não podia se cuidar.
De tão sozinha, ela não podia se
afastar dele. Por isso, o casal considera Rita Smith e Ronaldo Ferreira
verdadeiros anjos. Na função de
agentes comunitários de saúde, Rita
e Ronaldo levavam os remédios e auxiliavam nos cuidados com o doente.
Mas, como membros do Grupo de
Apoio da comunidade, foram além:
obtiveram algumas cestas básicas
para o casal, providenciaram alguns
dos remédios que o posto de saúde
não fornecia e recolheram parte do
dinheiro necessário para o transporte às consultas médicas.
Hoje, Bartolomeu está totalmente
curado da tuberculose e segue à risca o tratamento da aids. Quando o
sol bate forte, cata latinhas na praia
com Lourdes. Sem perspectivas de
conseguir novos trabalhos, o casal
deseja voltar a Recife, de onde veio
há mais de 20 anos. A casa está à
venda, mas Rita e Ronaldo, os anjos,
pensam que eles devem ficar: “Tinham que ser remunerados para trabalharem pelos próximos pacientes
da Rocinha”, opina Rita.
6 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009
Luís Cláudio aprendeu a se cuidar.
L
uís Cláudio Cornélio, de 42
anos, toma anti-depressivo e
faz terapia duas vezes por semana.
Ele começou a tratar da cabeça em
2002. Viu que, sem a colaboração
dela, o corpo acaba se deixando
vencer pelo vírus da aids. Com ele
a coisa foi braba.
sua história
Não se tratou do HIV
e desenvolveu
tuberculose
rios especialistas, mas infectologista
ninguém tinha lembrado de chamar.
Febre alta, a ponto de inundar os
lençóis de suor; falta total de apetite, anemia profunda e sono demais.
Luís chegava a perder três quilos
num só dia. Lembra dos enfermeiros
dizendo: “De hoje esse aí não passa!”
Quando, em 2000, um exame de Mas sua mãe foi buscar a infectorotina constatou o HIV, viu-se ex- logista que havia prescrito os pripulso do Corpo de Bombeiros Mi- meiros anti-retrovirais. Quando a
litar do Estado do Rio de Janeiro médica chegou, a situação estava
(CBMERJ). Alguns dias em casa fora de controle: “Eu falava que ia
bastaram para que a depressão che- morrer, e ela não dizia que sim nem
gasse: “Durante um ano não tomei que não”, recorda. Finalmente, o
os remédios. Dormia dois, três dias tratamento funcionou: a tuberculodireto”, lembra. “Aí veio o pacote se foi embora em seis meses e Luis
completo”, brinca, referindo-se à nunca mais deixou de se cuidar.
co-infecção tuberculose-HIV/Aids. Atualmente, sua imunidade está
alta e o risco de adoecer está longe.
A tuberculose de Luís não foi no Tendo vencido a tuberculose, ele só
pulmão, mas nos gânglios. Ironi- lamenta ter sido impedido de exercamente, teve de voltar ao local de cer a profissão. Anos depois, soube
trabalho, para o hospital. Lá, po- que isso não podia ter acontecido.
rém, não se sabia tratar um soropo- Formado em Direito recentemensitivo. A unidade dispunha de vá- te, ainda não voltou a trabalhar.
jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 7
descomplique
Co-infecção?
Tuberculose?? HIV???
O
nome é complicado e a doença também: co-infecção tuberculose-HIV/Aids.
Só de ler as palavras dá vontade de fechar a revista e ligar a televisão... Pois
é. Mas se você não se prevenir, essa doença de nome comprido pode entrar na
sua casa. E, com certeza, não é isso que você quer! Então se liga: a tuberculose
(TB) é uma doença grave, a aids também; quando reunidas (na co-infecção),
uma agrava a outra. Assim, quem tem o vírus da aids precisa fazer o teste para
saber se tem o bacilo da tuberculose. Da mesma forma, quem tem o bacilo da
tuberculose precisa fazer o teste para saber se tem o vírus da aids. Tanto o bacilo
quanto o vírus podem ficar escondidos no organismo por um tempo. Por isso,
mesmo que ainda não tenham surgido sintomas, os exames devem ser feitos.
Afinal, para se tratar bem, você deve saber exatamente o que tem.
TIRE SUAS DÚVIDAS
SOBRE TUBERCULOSE
O que é?
É uma doença causada por uma
bactéria, o bacilo de Koch. Na maioria
das vezes, atinge os pulmões, mas pode
atingir outras partes do corpo. Nas
pessoas que têm HIV, costuma atingir
primeiro os gânglios, se espalhando
devido às deficiências da defesa.
A tuberculose tem cura?
Sim. O tratamento leva pelo menos seis
meses e, se não for feito corretamente,
até o final, torna a bactéria resistente e
a doença mais difícil de ser tratada.
Quais são os sintomas?
Quando se manifesta nos pulmões,
tosse por mais de três semanas (com
ou sem catarro) e dor no peito (nem
sempre). Febre baixa (geralmente no
fim da tarde), suor noturno, falta de
apetite, perda de peso, cansaço fácil e
fraqueza são sintomas independentes da
parte do corpo infectada. Mas atenção:
esses sintomas podem ser discretos nos
portadores de HIV!
Como se pega?
Apenas quem está com a forma pulmonar da doença pode transmiti-la. Falando, espirrando ou tossindo, o doente
passa os bacilos para o ambiente, e quem
estiver por perto pode pegar. Entre duas
e quatro semanas depois de iniciado o
tratamento, a chance de transmissão é
bem pequena.
Moro com uma pessoa que está com
TB pulmonar. Devo separar a louça e
outros objetos dela?
Não. A tuberculose só é transmitida pelo
ar. Os objetos de uma pessoa doente não
transportam o bacilo. Procure um serviço
de saúde para orientar você sobre as medidas que devem ser tomadas.
Por que algumas pessoas que têm o
bacilo desenvolvem a tuberculose e
outras não?
Isso depende de vários fatores, incluindo
a imunidade do organismo de cada um,
e aí entra o problema da co-infecção TB/
HIV. Como o vírus da aids enfraquece
as defesas do organismo, o portador do
HIV tem mais chances de apresentar os
sintomas da tuberculose.
8 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009
Tenho HIV. Se meu PPD der positivo, o que vai acontecer comigo?
Nesse caso existe um risco de você
desenvolver tuberculose, ficando
doente. Isso pode ser evitado por um
medicamento que previne a doença.
Mas, se você tiver a doença tuberculose e tomar os remédios corretamente, em seis meses estará curado.
TIRE SUAS DÚVIDAS
SOBRE HIV/aids
ocorre, em média, entre 8 e 10 anos após a
infecção pelo HIV.
ça. Isso porque, enquanto as células
começam a ser destruídas pelo vírus,
outras vão sendo formadas. A pessoa só
adoece quando o vírus destrói um número significativo de células de defesa.
É então que se diz que ela tem aids. Isso
Tenho TB. Se meu teste de HIV der
positivo, o que vai acontecer comigo?
Você vai ser avaliado pelo médico e, se for
necessário, será indicado um tratamento.
Apesar de ainda não ter cura, a aids já é
uma doença controlável.
descomplique
Tenho HIV, mas meu médico
nunca me falou em TB. O que
devo fazer?
Puxe o assunto você mesmo. Existe
um teste chamado PPD que mostra
se você teve contato com o bacilo da
tuberculose em algum momento de
sua vida. Se o resultado for negativo, você deve repeti-lo anualmente.
Como se pega?
Principalmente através da relação sexual
O que é?
desprotegida, pois o vírus está presente no
Nosso corpo tem células que nos defenesperma e na secreção vaginal. Também
dem de infecções. O HIV, ao entrar no
corpo, destrói essas células e deixa o orga- contrai-se o vírus pelo compartilhamento
nismo mais sujeito a pegar infecções em de seringas. Por exemplo: usar a seringa
de outra pessoa ou fazer sexo sem camisigeral, especialmente reativar infecções
antigas que estão adormecidas no corpo. nha são situações de risco. O leite materno também transmite o HIV, portanto a
Quais são os sintomas?
mãe soropositiva não pode amamentar de
A doença pode se manifestar com
jeito nenhum.
sintomas discretos, como febre e dor
de cabeça persistentes, perda de peso, Tenho tuberculose mas meu médidiarréia, manchas na pele, gânglios ou co nunca me falou em HIV. O que
devo fazer?
ínguas embaixo do braço, no pescoço
ou na virilha e que podem levar muito Puxe o assunto você mesmo, já que uma
tempo para desaparecer. Mas algumas pessoa que tem aids corre o risco de depessoas só descobrem que têm o vírus senvolver a tuberculose. Peça para fazer o
teste, para saber se você tem o vírus.
quando aparecem doenças graves,
como pneumonia, alguns tipos de
Tenho tuberculose, mas não tenho
câncer, candidíase, toxoplasmose e a
vida sexual. Preciso fazer o teste
própria tuberculose.
anti-HIV?
Por que algumas pessoas que têm o Precisa. O HIV não é transmitido somente pela relação sexual. Além disso, ele
vírus não apresentam sintomas?
pode estar há muitos anos no seu corpo, e
A pessoa pode ter o HIV por muitos
o primeiro sinal pode ser a tuberculose.
anos sem apresentar nenhuma doen-
jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 9
dicas
Abra as janelas da sua casa!
Cinco coisas que você pode fazer para
não ser infectado pelo bacilo de Koch
1
O vento e a luz do sol podem eliminar os bacilos. Por isso,
mantenha sua casa com as janelas abertas e prefira estar em
ambientes bem arejados.
2
Quando visitar uma pessoa hospitalizada, informe-se
com a equipe de saúde sobre os cuidados respiratórios
você deve tomar.
3
Fique ligado nos sintomas da tuberculose. Se achar que uma
pessoa está com a doença, recomende que ela procure uma
unidade de saúde.
4
5
Imunize as crianças com a vacina BCG (mas crianças portadoras do HIV não devem tomar esta vacina).
Uma dica de educação, boa para a saúde de todos, é sempre
proteger a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.
Sexo? Só de camisinha!
Na hora de transar, todo cuidado é pouco para
evitar a infecção pelo vírus da aids
1
2
3
Lembre que o HIV passa de
quatro jeitos: sangue, sexo
desprotegido (através da secreção vaginal e esperma)
e leite materno.
Use sempre camisinha.
Não guarde camisinhas por
muito tempo em locais abafados, como bolsos ou porta-luvas de carros, pois elas ficam
mais sujeitas a rasgar.
4
Veja se a camisinha está dentro do período de validade e se
tem o selo do INMETRO.
5
Abra a embalagem com cuidado e
preste atenção no que faz: se não
forem colocadas corretamente, tanto a camisinha masculina quanto a
feminina podem falhar.
10 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009
prevenção
O tratamento que
evita a co-infecção
tuberculose-HIV/Aids
A opção serve para quem tem o vírus da aids
e não apresenta sintomas de tuberculose
Algumas vezes, o bacilo da tuberculose (TB) fica quieto no organismo, esperando
uma ocasião para desenvolver a doença. Este é mais um motivo para todo mundo
que tem HIV fazer o PPD (exame que identifica se a pessoa já teve contato com o
bacilo da TB no passado). Se o PPD der positivo, mas a doença ainda não tiver dado
o primeiro sinal, o tratamento preventivo pode eliminar o bacilo do organismo. Todo
portador de HIV deve fazer o tratamento preventivo da tuberculose se:
Convive ou já conviveu com pessoas que estão ou estiveram com tuberculose;
Tem resultado positivo para o PPD e negativo para a radiografia do tórax normal;
Na radiografia de tórax apareceu uma cicatriz de tuberculose;
Já teve resultado positivo para PPD, mas nunca se tratou.
Como é o tratamento preventivo?
Por que fazer?
É feito com apenas um medicamento, a isoniazida, distribuída gratuitamente nos postos de saúde. É muito
importante que ela seja tomada
corretamente, durante seis meses,
e que o paciente esteja em contato
permanente com o médico. Caso
surjam sintomas de tuberculose,
será necessário mudar o tratamento.
A isoniazida, que é usada no
tratamento preventivo da tuberculose, não interfere na ação dos
medicamentos contra o vírus da
aids. Mas quando o soropositivo
adoece de tuberculose, é obrigado a usar um medicamento que
costuma interferir na a função
da maioria dos anti-retrovirais.
Algumas pessoas preferem nem começar um tratamento para não serem obrigadas a parar de beber.
Se este é o seu caso, saiba que não é preciso trocar o
álcool pelo medicamento. Converse com seu médico
sobre a bebida. Ele vai ajudar você a encontrar um
jeito de se tratar, mesmo bebendo. Sem sombra de
dúvida, não é o ideal. Mas é melhor fazer o tratamento e beber, do que beber e não fazer o tratamento.
álcool
Nenhum
tratamento
exige que
se largue
o álcool
jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 11
área útil
Comitês metropolitanos
O
Projeto Fundo Global Tuberculose
Brasil abrange 10 regiões metropolitanas e o município de Manaus. A cada
área corresponde um comitê, que se reúne
regularmente para avaliar o impacto das
ações desenvolvidas e identificar as necessidades, segundo a dinâmica da realidade
local. Os participantes são representantes
do governo e da sociedade civil. Entre em
contato com o Comitê da sua região:
Baixada Santista, SP: Beto Volpe [email protected]
(13) 3466.4007
Belém-PA: Antonio Ernandes M.
da Costa
[email protected]
[91) 3224-3887
Belo Horizonte, MG: Edilson Moura
[email protected]
(31) 3215-7340 / 3215-7339
Fortaleza, CE: Telma Alves Martins [email protected]
(85) 3101-5284 / 3101-5199
Manaus-AM: Joyce Matsuda [email protected]
(92) 3642-6397 / 3657-5408
Porto Alegre, RS: Carla Jarczewski [email protected]
(51) 3901-1084 / 3901-1163
Recife, PE: Raphaela Delmondes [email protected]
(81) 3181-6522 / 3181-6255
Rio de Janeiro, RJ: Dra. Lisia de Freitas [email protected]
(21) 3250-2234
Salvador, BA: Rosângela Palheta [email protected]
(71) 3353-8809 / 3270-5823
São Luis, MA: Claudia Rachel Ribeiro
[email protected]
(98) 3212-4329 / 3212-8263
São Paulo, SP: Vera Maria N. Galesi [email protected]
(11) 3066-8764 / 3082-2772 / 5641-0316
Site
Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil
www.fundoglobaltb.org.br
Ligação gratuita O
Ministério da Saúde tira suas dúvidas sobre a co-infecção; basta ligar para
0800 61 1997 e perguntar o que quiser.
A Saber Viver é distribuída gratuitamente
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