jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 1 Edição especial Janeiro/2009 Uma revista da Saber Viver Comunicação www.saberviver.org.br Coordenação editorial: Silvia Chalub Edição e reportagem: Ana Letícia Leal Estagiária de jornalismo: Ester Machado Secretária de redação: Ana Lúcia da Silva Consultoria lingüística: Leonor Werneck Ilustração: Liliana Ostrovsky Foto: Paulo Múmia, agência Pedra Viva Colaboraram nesta edição: Alexandre Milagres, chefe do setor de pneumologia e coordenador do Programa de Controle da Tuberculose do Hospital Municipal Raphael de Paula Souza,no Rio de Janeiro; Carlos Basília, coordenador do Fórum de ONG/Tuberculose do Rio de Janeiro; Cristina Alvim Castello Branco, pedagoga, técnica educacional do Fundo Global de Tuberculose; Estevão Portela, infectologista e pesquisador do IPEC-Fiocruz; Liandro Lindner, jornalista, coordenador da Unidade de Articulação com a Sociedade Civil e Comunicação do Programa Nacional de Controle da Tuberculose - PNCT - do Ministério da Saúde; Margareth Pretti Dalcolmo, pneumologista, pesquisadora clínica e coordenadora do Ambulatório do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/ENSP/ Fiocruz; Roberto Pereira, coordenador do Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro; Ronaldo Hallal, infectologista e assessor técnico da Unidade de Assistência e Tratamento do Ministério da Saúde. Editoração eletrônica: Metara Comunicação Impressão: Gráfica Josélia Tiragem: 50 mil Agradecimentos: A George Gouveia e Mara Moreira,do Grupo Pela Vidda Rio, e ao Marcelo Ficher, do Metara Comunicação, por suas observações, e especialmente às pessoas que colaboraram dando seus depoimentos para as matérias. Correspondências à redação: Caixa Postal 15.088 - Rio de Janeiro (RJ) Cep 20.031-971 [email protected] Apoio: N Histórias especiais ão foi fácil escolher a foto de capa desta edição. A dúvida era entre as fotografias de Bartolomeu e de Luís Cláudio, ambos portadores do vírus da aids e ex-pacientes de tuberculose. Suas histórias, contadas nas páginas 6 e 7, têm muito em comum. Num primeiro momento, sintomas gravíssimos acompanhados de mau atendimento. Depois, a piora. Enfim, a cura, graças à ajuda de gente que entra para a história como verdadeiros anjos. Um deles descobriu o HIV devido aos sintomas da tuberculose; o outro adoeceu de tuberculose quando não levou a sério o tratamento contra o vírus da aids. Confira! Quem é nosso leitor há mais tempo já notou: esta edição da Saber Viver é especial. Ela não se destina, como os números anteriores, apenas às pessoas infectadas pelo vírus da aids. A revista foi escrita também para aqueles que têm, já tiveram ou suspeitam estar com tuberculose. Por isso, se você se encaixa num dos dois casos, segure este exemplar e leia com calma. Aqui tem informações fundamentais que vão ajudar você a evitar, a descobrir ou a tratar a co-infecção tuberculose-HIV/Aids. Bom proveito! Sumário Fique por dentro 03 Saiba porque a co-infecção HIV/TB é perigosa 04 05 Grupo carioca dá exemplo ao país Primeiro a tuberculose, depois a aids 06 Primeiro a aids, depois a tuberculose 07 Perguntas e respostas 08 Se der para prevenir, melhor 11 Área útil 12 Fique por dentro e ajude a combatê-la “ Quando tive tuberculose, não conseguia andar e, mesmo assim, tinha que ir ao médico. Tinha que escolher entre comprar pão para o meu filho ou pegar ônibus para ir à consulta. Cheguei a passar fome”, conta Rita Smith. “Isso foi há dez anos, mas vejo que tudo ainda se repete com os outros”, lamenta ela, que é moradora da Rocinha, favela no município do Rio de Janeiro. A tuberculose (TB) enfraquece muito o organismo. Tanto que foi a principal causa de morte no Ocidente até o início do século passado. Presente em versos famosos, como os de Manuel Bandeira, a doença havia ganho, até mesmo, um ar poético. Com o avanço da ciência, o índice de cura da tuberculose chegou a 95%. Parecia que a humanidade estava quase livre desse mal. Infelizmente, porém, o número de mortes voltou a aumentar. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) dizem que, no mundo todo, uma em cada três pessoas está infectada pelo bacilo causador da tuberculose (o bacilo de Koch). A maioria não adoece, devido às defesas naturais do organismo. Mesmo assim, entre as pessoas infectadas pelo bacilo, de oito a dez milhões ficam doentes e dois milhões morrem todos os anos. Somente no Brasil, em 2007, o Ministério da Saúde registrou 80 mil casos novos de tuberculose e cerca de 5 mil mortes. É muita gente adoecendo! Bacilo As bactérias foram a primeira forma de vida a surgir na Terra, há três bilhões de anos. Depois dos vírus, são as criaturas mais simples que existem, medindo entre meio e cinco milésimos de milímetro. As bactérias em forma de bastão são chamadas de bacilos. Vírus Dez mil vezes menores que as bactérias. Alguns cientistas nem os consideram seres vivos, porque não têm metabolismo próprio: usam as células dos organismos que invadem para se reproduzir. Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três... trinta e três... trinta e três... — Respire. tuberculose/HIV Tuberculose tem cura Pneumotórax Manuel Bandeira (1930) — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 3 tuberculose/HIV Aids e tuberculose: uma doença complica a outra A infecção por tuberculose (TB) de Rita foi diagnosticada por um teste chamado PPD. Em seguida, ela foi submetida ao anti-HIV, teste para saber se tinha o vírus da aids (HIV). O resultado para o HIV foi negativo, o que ajudou os médicos a conduzirem o tratamento da forma mais adequada à paciente. O bacilo causador da tuberculose e o vírus causador da aids costumam morar nos mesmos organismos. Por isso, sempre que a tuberculose for diagnosticada em uma pessoa, o teste anti-HIV deve ser realizado. Sempre que um teste anti-HIV dá positivo, o PPD deve ser realizado. Aliás, foi justamente o vírus da aids, surgido nos anos 80, que agravou o problema da tuberculose. O HIV enfraquece as defesas naturais do organismo, o que dá espaço para que doenças oportunistas surjam e sejam disseminadas. E a doença oportunista mais comum tem sido a tuberculose, que é a causa de morte mais freqüente entre portadores do vírus da aids. A co-infecção TB/HIV é um grave problema de saúde pública. Mesmo assim, há profissionais de saúde brasileiros agindo como se o problema não existisse. No país, segundo a pneumologista Margareth Pretti Dalcolmo, apenas 56% dos pacientes com tuberculose são testados para HIV. Margareth é fundadora e coordenadora técnica do Ambulatório de Tuberculose do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, no Rio de Janeiro. Ela considera “inadmissível” que ainda se trate a tuberculose sem fazer o teste anti-HIV: “Até porque a presença do HIV no organismo muda o curso da tuberculose, exigindo que se faça um tratamento diferente”, aponta. Veja por que a reunião das duas doenças é perigosa O vírus da aids enfraquece as defesas do corpo, que fica com mais dificuldades para combater a tuberculose. A tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas que vivem com HIV/aids. 4 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009 O bacilo da tuberculose passa de pessoa a pessoa, através das pequenas gotas de saliva, expelidas quando se tosse ou espirra, ficando em suspensão no ar por algum tempo. Ele é transmitido com mais facilidade em locais com pouco espaço para circulação, onde muitas pessoas dormem num mesmo cômodo, ou em lugares sem janelas. Este é o caso da favela da Rocinha, onde mora Rita Smith. Ela, que já era agente comunitária de saúde, há um ano resolveu fazer mais: fundou o Grupo de Apoio de Ex-Pacientes e Amigos em Combate à Tuberculose (Gaexpa), que atua no tratamento e na prevenção da doença. O grupo já conta com mais de trinta voluntários. entrevista A amizade é mais forte que a doença O importante é ter alguém ao lado Rita Smith com Ronaldo Ferreira, do Grupo de Apoio de Ex-Pacientes e Amigos em Combate à TB Saber Viver – Por que formou o Grupo de Apoio? Rita Smith – Como agente comunitária de saúde da Rocinha, minha função era levar os medicamentos e só. Eu ouvia as pessoas pedindo socorro e não tinha como ajudar. SV – Como o Grupo funciona? RS – Acompanhamos quem não têm condições de se tratar sozinho. Quem não sabe ler, quem não consegue tomar a medicação... SV – Vocês recebem algum benefício em troca? RS – Não. Conseguimos alguns tíquetes-refeição e vales-transporte para os voluntários, mas deixamos para quando os doentes precisam. SV – Que conselho você dá para quem quiser criar um trabalho parecido? RS – É preciso coragem para dar o primeiro passo. É duro, mas é possível. Pode começar com uma ou duas pessoas. O importante é apoiar quem precisa. SV – Apoiar como? RS – A solidão do doente é terrível. Acho até que não é a tuberculose que mata, mas a depressão. Tem muita gente jogada por aí, sem forças para se cuidar. Por isso faço questão de abraçar quem está doente. SV – Você não teme adoecer novamente por conta desse contato? RS – Se a gente não fizesse nada, iria ter mais gente doente. E, depois de um tempo de tratamento, o bacilo já não é transmitido. SV – No seu tratamento, o que foi importante para você? RS – Tinha sempre alguém a meu lado. Quando eu mesma não acreditava que pudesse ficar boa, alguém acreditava. Eu não tinha força nenhuma, mas tinha sempre alguém para me ajudar a engolir um comprimido. janjan 2009 2009 | Edição | Edição Especial Especial Tuberculose-HIV/Aids Tuberculose-HIV/Aids | Saber | Saber Viver Viver - 5- 5 sua história O casal Bartolomeu e Lourdes. E A tuberculose foi o primeiro sintoma da aids m 2007, José Bartolomeu Batista estava tossindo muito, com catarro, mas pensava que fosse uma gripe forte. Quando sua mulher, Maria Lourdes Andrade da Silva, levou-o ao hospital, os médicos diagnosticaram a tuberculose pulmonar. Ainda durante o tratamento, Lourdes percebeu que a boca do marido estava cheia de sapinho, da garganta aos lábios. Só então o casal foi submetido ao teste anti-HIV. O dele deu positivo e o dela, negativo. Casados há 22 anos, os dois moram na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Com a doença, Bartolomeu emagreceu quase 30 quilos. Não conseguia caminhar. Precisava tomar banho na cama. Desse jeito, sua mulher, que trabalhava como doméstica, teve que deixar o emprego. Para comprar comida, Lourdes vendeu o que tinha em casa. Fez um bazar, expondo os objetos em frente à sua casa. Móveis, televisão, roupas, panelas, ferro: foi tudo vendido. Não ficaram nem cama e colchão. De tão doente, ele não podia se cuidar. De tão sozinha, ela não podia se afastar dele. Por isso, o casal considera Rita Smith e Ronaldo Ferreira verdadeiros anjos. Na função de agentes comunitários de saúde, Rita e Ronaldo levavam os remédios e auxiliavam nos cuidados com o doente. Mas, como membros do Grupo de Apoio da comunidade, foram além: obtiveram algumas cestas básicas para o casal, providenciaram alguns dos remédios que o posto de saúde não fornecia e recolheram parte do dinheiro necessário para o transporte às consultas médicas. Hoje, Bartolomeu está totalmente curado da tuberculose e segue à risca o tratamento da aids. Quando o sol bate forte, cata latinhas na praia com Lourdes. Sem perspectivas de conseguir novos trabalhos, o casal deseja voltar a Recife, de onde veio há mais de 20 anos. A casa está à venda, mas Rita e Ronaldo, os anjos, pensam que eles devem ficar: “Tinham que ser remunerados para trabalharem pelos próximos pacientes da Rocinha”, opina Rita. 6 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009 Luís Cláudio aprendeu a se cuidar. L uís Cláudio Cornélio, de 42 anos, toma anti-depressivo e faz terapia duas vezes por semana. Ele começou a tratar da cabeça em 2002. Viu que, sem a colaboração dela, o corpo acaba se deixando vencer pelo vírus da aids. Com ele a coisa foi braba. sua história Não se tratou do HIV e desenvolveu tuberculose rios especialistas, mas infectologista ninguém tinha lembrado de chamar. Febre alta, a ponto de inundar os lençóis de suor; falta total de apetite, anemia profunda e sono demais. Luís chegava a perder três quilos num só dia. Lembra dos enfermeiros dizendo: “De hoje esse aí não passa!” Quando, em 2000, um exame de Mas sua mãe foi buscar a infectorotina constatou o HIV, viu-se ex- logista que havia prescrito os pripulso do Corpo de Bombeiros Mi- meiros anti-retrovirais. Quando a litar do Estado do Rio de Janeiro médica chegou, a situação estava (CBMERJ). Alguns dias em casa fora de controle: “Eu falava que ia bastaram para que a depressão che- morrer, e ela não dizia que sim nem gasse: “Durante um ano não tomei que não”, recorda. Finalmente, o os remédios. Dormia dois, três dias tratamento funcionou: a tuberculodireto”, lembra. “Aí veio o pacote se foi embora em seis meses e Luis completo”, brinca, referindo-se à nunca mais deixou de se cuidar. co-infecção tuberculose-HIV/Aids. Atualmente, sua imunidade está alta e o risco de adoecer está longe. A tuberculose de Luís não foi no Tendo vencido a tuberculose, ele só pulmão, mas nos gânglios. Ironi- lamenta ter sido impedido de exercamente, teve de voltar ao local de cer a profissão. Anos depois, soube trabalho, para o hospital. Lá, po- que isso não podia ter acontecido. rém, não se sabia tratar um soropo- Formado em Direito recentemensitivo. A unidade dispunha de vá- te, ainda não voltou a trabalhar. jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 7 descomplique Co-infecção? Tuberculose?? HIV??? O nome é complicado e a doença também: co-infecção tuberculose-HIV/Aids. Só de ler as palavras dá vontade de fechar a revista e ligar a televisão... Pois é. Mas se você não se prevenir, essa doença de nome comprido pode entrar na sua casa. E, com certeza, não é isso que você quer! Então se liga: a tuberculose (TB) é uma doença grave, a aids também; quando reunidas (na co-infecção), uma agrava a outra. Assim, quem tem o vírus da aids precisa fazer o teste para saber se tem o bacilo da tuberculose. Da mesma forma, quem tem o bacilo da tuberculose precisa fazer o teste para saber se tem o vírus da aids. Tanto o bacilo quanto o vírus podem ficar escondidos no organismo por um tempo. Por isso, mesmo que ainda não tenham surgido sintomas, os exames devem ser feitos. Afinal, para se tratar bem, você deve saber exatamente o que tem. TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE TUBERCULOSE O que é? É uma doença causada por uma bactéria, o bacilo de Koch. Na maioria das vezes, atinge os pulmões, mas pode atingir outras partes do corpo. Nas pessoas que têm HIV, costuma atingir primeiro os gânglios, se espalhando devido às deficiências da defesa. A tuberculose tem cura? Sim. O tratamento leva pelo menos seis meses e, se não for feito corretamente, até o final, torna a bactéria resistente e a doença mais difícil de ser tratada. Quais são os sintomas? Quando se manifesta nos pulmões, tosse por mais de três semanas (com ou sem catarro) e dor no peito (nem sempre). Febre baixa (geralmente no fim da tarde), suor noturno, falta de apetite, perda de peso, cansaço fácil e fraqueza são sintomas independentes da parte do corpo infectada. Mas atenção: esses sintomas podem ser discretos nos portadores de HIV! Como se pega? Apenas quem está com a forma pulmonar da doença pode transmiti-la. Falando, espirrando ou tossindo, o doente passa os bacilos para o ambiente, e quem estiver por perto pode pegar. Entre duas e quatro semanas depois de iniciado o tratamento, a chance de transmissão é bem pequena. Moro com uma pessoa que está com TB pulmonar. Devo separar a louça e outros objetos dela? Não. A tuberculose só é transmitida pelo ar. Os objetos de uma pessoa doente não transportam o bacilo. Procure um serviço de saúde para orientar você sobre as medidas que devem ser tomadas. Por que algumas pessoas que têm o bacilo desenvolvem a tuberculose e outras não? Isso depende de vários fatores, incluindo a imunidade do organismo de cada um, e aí entra o problema da co-infecção TB/ HIV. Como o vírus da aids enfraquece as defesas do organismo, o portador do HIV tem mais chances de apresentar os sintomas da tuberculose. 8 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009 Tenho HIV. Se meu PPD der positivo, o que vai acontecer comigo? Nesse caso existe um risco de você desenvolver tuberculose, ficando doente. Isso pode ser evitado por um medicamento que previne a doença. Mas, se você tiver a doença tuberculose e tomar os remédios corretamente, em seis meses estará curado. TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE HIV/aids ocorre, em média, entre 8 e 10 anos após a infecção pelo HIV. ça. Isso porque, enquanto as células começam a ser destruídas pelo vírus, outras vão sendo formadas. A pessoa só adoece quando o vírus destrói um número significativo de células de defesa. É então que se diz que ela tem aids. Isso Tenho TB. Se meu teste de HIV der positivo, o que vai acontecer comigo? Você vai ser avaliado pelo médico e, se for necessário, será indicado um tratamento. Apesar de ainda não ter cura, a aids já é uma doença controlável. descomplique Tenho HIV, mas meu médico nunca me falou em TB. O que devo fazer? Puxe o assunto você mesmo. Existe um teste chamado PPD que mostra se você teve contato com o bacilo da tuberculose em algum momento de sua vida. Se o resultado for negativo, você deve repeti-lo anualmente. Como se pega? Principalmente através da relação sexual O que é? desprotegida, pois o vírus está presente no Nosso corpo tem células que nos defenesperma e na secreção vaginal. Também dem de infecções. O HIV, ao entrar no corpo, destrói essas células e deixa o orga- contrai-se o vírus pelo compartilhamento nismo mais sujeito a pegar infecções em de seringas. Por exemplo: usar a seringa de outra pessoa ou fazer sexo sem camisigeral, especialmente reativar infecções antigas que estão adormecidas no corpo. nha são situações de risco. O leite materno também transmite o HIV, portanto a Quais são os sintomas? mãe soropositiva não pode amamentar de A doença pode se manifestar com jeito nenhum. sintomas discretos, como febre e dor de cabeça persistentes, perda de peso, Tenho tuberculose mas meu médidiarréia, manchas na pele, gânglios ou co nunca me falou em HIV. O que devo fazer? ínguas embaixo do braço, no pescoço ou na virilha e que podem levar muito Puxe o assunto você mesmo, já que uma tempo para desaparecer. Mas algumas pessoa que tem aids corre o risco de depessoas só descobrem que têm o vírus senvolver a tuberculose. Peça para fazer o teste, para saber se você tem o vírus. quando aparecem doenças graves, como pneumonia, alguns tipos de Tenho tuberculose, mas não tenho câncer, candidíase, toxoplasmose e a vida sexual. Preciso fazer o teste própria tuberculose. anti-HIV? Por que algumas pessoas que têm o Precisa. O HIV não é transmitido somente pela relação sexual. Além disso, ele vírus não apresentam sintomas? pode estar há muitos anos no seu corpo, e A pessoa pode ter o HIV por muitos o primeiro sinal pode ser a tuberculose. anos sem apresentar nenhuma doen- jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 9 dicas Abra as janelas da sua casa! Cinco coisas que você pode fazer para não ser infectado pelo bacilo de Koch 1 O vento e a luz do sol podem eliminar os bacilos. Por isso, mantenha sua casa com as janelas abertas e prefira estar em ambientes bem arejados. 2 Quando visitar uma pessoa hospitalizada, informe-se com a equipe de saúde sobre os cuidados respiratórios você deve tomar. 3 Fique ligado nos sintomas da tuberculose. Se achar que uma pessoa está com a doença, recomende que ela procure uma unidade de saúde. 4 5 Imunize as crianças com a vacina BCG (mas crianças portadoras do HIV não devem tomar esta vacina). Uma dica de educação, boa para a saúde de todos, é sempre proteger a boca e o nariz ao tossir ou espirrar. Sexo? Só de camisinha! Na hora de transar, todo cuidado é pouco para evitar a infecção pelo vírus da aids 1 2 3 Lembre que o HIV passa de quatro jeitos: sangue, sexo desprotegido (através da secreção vaginal e esperma) e leite materno. Use sempre camisinha. Não guarde camisinhas por muito tempo em locais abafados, como bolsos ou porta-luvas de carros, pois elas ficam mais sujeitas a rasgar. 4 Veja se a camisinha está dentro do período de validade e se tem o selo do INMETRO. 5 Abra a embalagem com cuidado e preste atenção no que faz: se não forem colocadas corretamente, tanto a camisinha masculina quanto a feminina podem falhar. 10 - Saber Viver | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | jan 2009 prevenção O tratamento que evita a co-infecção tuberculose-HIV/Aids A opção serve para quem tem o vírus da aids e não apresenta sintomas de tuberculose Algumas vezes, o bacilo da tuberculose (TB) fica quieto no organismo, esperando uma ocasião para desenvolver a doença. Este é mais um motivo para todo mundo que tem HIV fazer o PPD (exame que identifica se a pessoa já teve contato com o bacilo da TB no passado). Se o PPD der positivo, mas a doença ainda não tiver dado o primeiro sinal, o tratamento preventivo pode eliminar o bacilo do organismo. Todo portador de HIV deve fazer o tratamento preventivo da tuberculose se: Convive ou já conviveu com pessoas que estão ou estiveram com tuberculose; Tem resultado positivo para o PPD e negativo para a radiografia do tórax normal; Na radiografia de tórax apareceu uma cicatriz de tuberculose; Já teve resultado positivo para PPD, mas nunca se tratou. Como é o tratamento preventivo? Por que fazer? É feito com apenas um medicamento, a isoniazida, distribuída gratuitamente nos postos de saúde. É muito importante que ela seja tomada corretamente, durante seis meses, e que o paciente esteja em contato permanente com o médico. Caso surjam sintomas de tuberculose, será necessário mudar o tratamento. A isoniazida, que é usada no tratamento preventivo da tuberculose, não interfere na ação dos medicamentos contra o vírus da aids. Mas quando o soropositivo adoece de tuberculose, é obrigado a usar um medicamento que costuma interferir na a função da maioria dos anti-retrovirais. Algumas pessoas preferem nem começar um tratamento para não serem obrigadas a parar de beber. Se este é o seu caso, saiba que não é preciso trocar o álcool pelo medicamento. Converse com seu médico sobre a bebida. Ele vai ajudar você a encontrar um jeito de se tratar, mesmo bebendo. Sem sombra de dúvida, não é o ideal. Mas é melhor fazer o tratamento e beber, do que beber e não fazer o tratamento. álcool Nenhum tratamento exige que se largue o álcool jan 2009 | Edição Especial Tuberculose-HIV/Aids | Saber Viver - 11 área útil Comitês metropolitanos O Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil abrange 10 regiões metropolitanas e o município de Manaus. A cada área corresponde um comitê, que se reúne regularmente para avaliar o impacto das ações desenvolvidas e identificar as necessidades, segundo a dinâmica da realidade local. Os participantes são representantes do governo e da sociedade civil. Entre em contato com o Comitê da sua região: Baixada Santista, SP: Beto Volpe [email protected] (13) 3466.4007 Belém-PA: Antonio Ernandes M. da Costa [email protected] [91) 3224-3887 Belo Horizonte, MG: Edilson Moura [email protected] (31) 3215-7340 / 3215-7339 Fortaleza, CE: Telma Alves Martins [email protected] (85) 3101-5284 / 3101-5199 Manaus-AM: Joyce Matsuda [email protected] (92) 3642-6397 / 3657-5408 Porto Alegre, RS: Carla Jarczewski [email protected] (51) 3901-1084 / 3901-1163 Recife, PE: Raphaela Delmondes [email protected] (81) 3181-6522 / 3181-6255 Rio de Janeiro, RJ: Dra. Lisia de Freitas [email protected] (21) 3250-2234 Salvador, BA: Rosângela Palheta [email protected] (71) 3353-8809 / 3270-5823 São Luis, MA: Claudia Rachel Ribeiro [email protected] (98) 3212-4329 / 3212-8263 São Paulo, SP: Vera Maria N. Galesi [email protected] (11) 3066-8764 / 3082-2772 / 5641-0316 Site Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil www.fundoglobaltb.org.br Ligação gratuita O Ministério da Saúde tira suas dúvidas sobre a co-infecção; basta ligar para 0800 61 1997 e perguntar o que quiser. A Saber Viver é distribuída gratuitamente