A OPINIÃO DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA SOBRE OS FATORES LIMITANTES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA CLAUDIA FACINI REIS, DANUBIA SEVERO MORO, ANDERSON TROGELLO, JAQUELINE HICKMANN, MAELIN SILVA1, DANIELA FRIGO FERRAZ2 INTRODUÇÃO Para compreendermos o sentido da frase “O Mal estar docente” é simples. Uma vez que ainda como alunos estamos diretamente relacionados com as conseqüências do mal estar de nossos professores... As variantes são muitas e existem vários fatores que levam um professor experiente a sofrer com o mal estar docente3. È sabido que nos últimos anos os professores estão com um número maior de alunos em suas classes ou até mesmo tendo que ser responsáveis, por um número cada vez maior de turmas. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da educação mostrou que a taxa de alunos matriculados nas escolas, independente de ser Ensino médio, Fundamental ou superior tem crescido muito, chegando em 2003 a passar de três milhões de alunos matriculados (BRASIL, 2004). Sabe-se que existem vários fatores que causam insatisfação nos professores.Um desses fatores é a questão da indisciplina nas escolas (MANNONI, 1977). Como lidar? Como resolver? São questões até hoje estudadas e praticadas em algumas instituições que se preocupam com o bem estar dos docentes e dos alunos. Essa questão “indisciplina” é bastante relativa dependendo do entendimento e do verdadeiro sentido da palavra disciplina. Existem algumas teorias que são aceitas até hoje e que na maioria das instituições vem sendo não só aceitas, mas também utilizadas como regras. O que cada professor entende por disciplinamento? Qual é o limite particular estabelecido por cada professor? Se para alguns docentes uma certa atitude é extremamente proibida e quando desrespeitada causa nele sentimento de revolta, desobediência, desrespeito e a certeza de que uma punição deva ser aplicada, para outros docentes talvez não tenha sido nada importante e assim não causou nele aumento no nível de stress, sendo assim não contribuiu para o aumento do que denominamos aqui de Mal estar docente relacionado com a questão da indisciplina. Esse é apenas um 1 Graduandos do curso de Ciências Biológicas / UNIOESTE / Campus Cascavel. Profª assistente do curso de Ciências Biológicas / UNIOESTE / Campus Cascavel / Orientadora do trabalho. 3 O mal estar docente é uma doença social produzida pela falta de apoio da sociedade aos professores, tanto no terreno dos objetivos do ensino como no das recompensas materiais e no reconhecimento do status que lhes atribui. (ESTEVE, 1998). 2 dos fatores. Além disso, podemos relatar outros fatores que proporcionam em nossos professores insatisfação e que influenciam no mal estar docente como a falta de tempo para cursos de aperfeiçoamento ou de formação contínua; congressos; remuneração não condizente com o mercado; stress e outros (ESTEVE, 1998; ESTRELA,1992; FREIRE, 2002 e MANNONI,1977). Partindo dessa problemática, esse trabalho teve como objetivo principal analisar se ocorre a sensação de mal estar docente entre o professor, sujeito da pesquisa e verificar quais os fatores que influenciam para o desencadeamento desse, tanto pessoal como profissionalmente. METODOLOGIA O trabalho abordou os fatores determinantes e agravantes do mal estar docente, mediante uma pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, que se baseia em pequenas amostras e permite melhor compreensão do contexto do problema. Algumas características definem melhor a pesquisa qualitativa: Compromisso com a perspectiva das pessoas estudadas: os fenômenos são sempre estudados a partir das perspectivas e pontos de vista dos pesquisados; a pesquisa qualitativa normalmente envolve uma descrição acurada do fenômeno e do cenário social pesquisado, não somente a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas, mas também dos pesquisadores (OLIVEIRA, 1997). Foi realizada através de questionário, com questões abertas que foi entregue ao professor (sujeito da pesquisa) e permaneceu com ele por um período de quinze dias conforme cronograma estipulado ao professor. As questões propostas no questionário eram de caráter pessoal, onde o professor foi ao longo dos dias relacionando os fatores internos e externos da escola que não satisfaziam a expectativa deste tanto no âmbito pessoal como profissional. RESULTADOS E DISCUSSÃO Levando em conta os fatores limitantes da prática pedagógica, mencionados no questionário pelo professor, que direta ou indiretamente ocasionam insatisfação e desconforto pessoal e profissional, podemos relacionar esses fatores com o ambiente escolar e social, pois o professor dedica grande parte do seu tempo as funções pedagógicas dentro e fora da escola. O que comprova que realmente ocorre a sensação de mal estar docente (ESTEVE, 1998). É possível comprovar e entender os resultados obtidos na pesquisa quando o professor coloca que dentre esses fatores limitantes um dos que mais se destaca é a indisciplina dos alunos, conforme fala que segue: “A indisciplina é realmente um fator decepcionante para o professor...”. Compreende-se que a indisciplina realmente está entre os principais problemas práticos enfrentados pelo professor, já que vários autores destacam essa problemática (MANNONI ,1977; ESTEVE, 1998; ESTRELA, 1992). Em outro ponto da pesquisa o professor menciona como outro fator agravante do mal estar docente, a questão da falta de tempo: “Falta de tempo para rechear as aulas e torná-las mais atraentes”. Conforme ESTEVE (1998), entre as cinco principais fontes de ansiedade do professor está a falta de tempo para as práticas pedagógicas. Quando o mesmo autor cita que a falta de recompensa material também é um problema, é possível mais uma vez citar um fator determinante do mal estar docente, quando é afirmado pelo professor que ele se sente insatisfeito nesse aspecto. Correlacionando outras respostas obtidas pelo professor tais como: “... tenho problemas de saúde hoje em dia, que talvez sejam atribuídos aos conflitos vivenciados dentro da escola”. Podemos concluir que o mal estar docente realmente ocorre entre os nossos professores, algumas vezes chegando a repercutir negativamente na saúde do professor. Este fato é confirmado por ESTEVE (1998), ao dizer que muitas vezes “O professor chega a se sentir afetado em sua saúde física ou mental por causa das tensões acumuladas dentro da escola”.Sabe-se então que o mal estar docente ocorre e afeta os professores de maneira pessoal e profissional, atingindo também todo o contexto educacional, portanto, é um problema social, que muitas vezes imobiliza os professores. É necessário então que o professor, os alunos, e a sociedade, de modo geral, busquem reconstruir a autonomia profissional produzindo uma nova história mais criativa, ativa, crítica e participativa. É certo que não serão medidas simplistas que irão resolver esse problema, já que o mal estar docente relaciona-se ao próprio mal estar dos homens em geral, pois antes de ser professor ele se constitui homem e sujeito de sua história, sofrendo nesta todas as conquistas e insucessos inerentes a sua condição humana (FERRAZ, et. al. 1999). REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BRASIL. Disponível em: www.governofederal/ministeriodaeducação.gov. Acesso em 07/2004. ESTEVE. J. Mal estar docente. A sala de aula e a saúde dos professores. 4ª ed; São Paulo: Edusc, 1998. ESTRELA. M. Relação pedagógica. Disciplina e indisciplina na aula. 3ª ed. Portugal: Porto Editora, 1992. FREIRE. P. Pedagogia do oprimido. 32ª ed. Rio de Janeiro: Paz Terra, 2002. KARLIN. S. & BERGER, R. Como lidar com o aluno problema. 1ª ed. Minas Gerais: Interlivros, 1977. LEMBO. J. Por que falham os professores. 1ª ed. São Paulo: Epu, 1975. MANNONI. M. Educação impossível. 1ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1972. OLIVEIRA, S. Metodologia científica: Projetos de pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1997. AGRADECIMENTOS Às professoras, Daniela Frigo Ferraz e Maristela Jorge Padoin.