Xenofobia na Europa

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Com 57% dos votos expressos, os suíços aprovaram a proibição da construção das torres
nas mesquitas. Apesar de só existirem quatro minaretes construídos em todo o país, o tema
foi aproveitado pela extrema-direita para explorar os medos da sociedade em relação aos
estrangeiros, dirigindo-os em especial aos imigrantes originários de países com forte
presença da religião islâmica. "O mais doloroso não é a proibição dos minaretes, mas a
mensagem transmitida por esta votação", afirmou Farhad Afshar, coordenador das
Organizações Islâmicas na Suíça. A comprovar esse sentimento, durante a campanha várias
mesquitas foram vandalizadas.
O ano de 2009 começou com o anúncio do recorde francês de expulsão de imigrantes. Em
Paris, o ministro da imigração, Brice Hortefeux, mostrou-se orgulhoso em Janeiro por ter
ultrapassado o objectivo de expulsão de 26 mil imigrantes indocumentados, definido por
Sarkozy para o ano anterior.
A criação do "delito de solidariedade", como nos tempos da ocupação nazi, também
continuou a gerar polémica na política francesa. A criminalização dos que dão auxílio aos
imigrantes indocumentados revoltou uma parte importante da sociedade e gerou mesmo um
movimento de autarcas, como o luso-francês Hermano Ruivo, na defesa da regularização
dos imigrantes "sem papéis".
Do outro lado do canal, os trabalhadores de uma refinaria entraram em protesto em Fevereiro
contra a contratação de imigrantes italianos e portugueses, vindos dos países de origem para
trabalharem mais horas por menos dinheiro. A greve por "Empregos britânicos para
trabalhadores britânicos" chamou a atenção da opinião pública europeia e foi aproveitada
pela extrema-direita do BNP para multiplicar a propaganda racista e xenófoba.
A violência xenófoba abalou a Irlanda do Norte em Junho, quando vinte famílias ciganas
oriundas da Roménia foram atacadas com garrafas e pedras, após serem alvo de
provocações racistas durante vários dias. No total, 115 pessoas tiveram de procurar refúgio
numa igreja de Belfast.
No Sul da Europa, Berlusconi não quis deixar os seus créditos por mãos alheias e fez
aprovar uma lei que criminaliza a imigração ilegal, proposta pela xenófoba Liga Norte. O
objectivo assumido foi o de prender os 650 mil imigrantes ilegais que permaneçam em Itália,
embora até Berlusconi tenha consciência que a concretizar-se esse objectivo, vários sectores
da economia paralisariam por completo. Meses antes da aprovação desta lei, os 900
imigrantes detidos em Lampedusa revoltaram-se contra as condições deste Centro de
Expulsão e as políticas anti-imigração do governo italiano. Muitos estavam em greve de fome
há vários dias.
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O resultado do referendo suíço a proibir a construção de minaretes foi um dos sinais mais
visíveis do regresso da xenofobia aos países europeus. Mas a perseguição aos imigrantes foi
reforçada na lei de outros países.
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