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Rua Barão de Mauá, 100 - Guarulhos - SP - CEP 07012-040 - Ano XI - Nº 47 - fevereiro - março de 2008
“Antes de tudo, tenha
certeza de que
não esteja causando
algum mal
– primum non nocere”
Hipócrates
Humanização Hospitalar
Para sua reflexão,
responda às duas
perguntas do
Dr. Dráuzio Viegas
na página 7.
Os princípios técnicos e éticos na assistência
emergencial. Nas páginas 4 e 5, uma aula do
Professor-doutor Juang Horng Jyh
O Câncer e a importância do
diagnóstico precoce.
A demora ou direcionamento equivocado pode comprometer a sobrevida ou a
qualidade de vida do paciente.
Página 3
2
Promoção à Saúde
Seisa - Confraternização com
Clientes e Equipe da Saúde
Foto: Margarete Costa
O
Programa QualyVida SEISA, com foco na promoção e prevenção da saúde, em 29 de novembro
de 2007, encerrou suas atividades com uma Festa
de Confraternização dos Grupos de Pacientes “Celebrando a
Vida”, “Perder para Ganhar” e “Terceira.Idade”, pacientes estes
hipertensos, com excesso de peso e outras patologias, onde se
busca o controle e prevenção de agravamento das doenças, com
a presença de 170 pessoas.
“A equipe de médicos, nutricionistas, psicólogos, enfermeira, fisioterapeuta e educador de atividade física, compartilhou
emoções, alegrias, cantos, mensagens e danças junto aos pacientes,
já amigos e próximos, tendo a equipe a compreensão de que atender
pacientes está além de um diagnóstico médico, e ao longo de quatro
anos tem trabalhado temas relativos à promoção a saúde como,
por exemplo, atividade física, alimentação saudável, álcool, drogas,
tabagismo, uso de protetor solar, sexo seguro, estresse, aspectos
emocionais, higiene bucal, sexualidade na terceira idade, dentre
outros temas, sempre buscando um acolhimento humanizado e
propiciando, através de vivências, que o cliente tenha uma visão
mais otimista da vida”, enfatiza Iliana Michelin, organizadora geral
da festa e dos grupos de pacientes.
O evento contou também com a presença dos pacientes
do QualyVida Plus (obesos mórbidos) e dos profissionais da
equipe multiprofissional, que os acompanham no ambulatório,
destacando-se o depoimento e certificados aos pacientes com
adesão ao tratamento.
A nutricionista Leni Rocha Claro participante da
equipe multiprofissional, diz que o hábito alimentar saudável
é um dos componentes fundamentais para o desenvolvimento
do ser humano:
“O equilíbrio do organismo é a soma das diversas
variáveis onde se inclui a relação entre genética, metabolismo,
Foto: Margarete Costa
Alguns membros da Equipe Multiprofissional
de Promoção à Saúde
ambiente, comportamento e emoção.
Para isso modificamos o comportamento alimentar
inadequado depois diminuímos o excesso e então mudamos a
qualidade da dieta, embora regimes e dietas enfatizem a idéia
de punição. Então, creio na reeducação alimentar como ponto
de partida para o sucesso do objetivo a ser alcançado” afirmou
a nutricionista..
Segundo a fisioterapeuta Paula Lenira Freitas a reabilitação foi global, com os pacientes da Terceira Idade: “Com amor
O entusiasmo é constante em todos os
encontros
e inteligência no decorrer dos trabalhos exercitamos o autoconhecimento que liberta o corpo e a mente.”
“Pressupondo que o ser humano só entende o que ama,
assim amando os seus corpos eles puderam entender seus desequilíbrios, buscando a felicidade com liberdade de se expressar
com movimentos corporais, dançaram, cantaram e se expressaram
através da Arte de Viver com Felicidade. Como diz a música `Viver
e não ter a vergonha de se feliz... Cantar e Cantar e Cantar a beleza
de ser um eterno aprendiz´, cantaram juntas a equipe e pacientes”,
concluiram Iliana Michelin e Paula Lenira Freitas.
Um coral integrado por
Foto: Margarete Costa
todos os pacientes hipertensos,
regido pelo médico cardiologista
Dr. Carlos Humberto Gamberini, entoou canções como
“Noite Feliz” e “Como é Grande
Meu Amor por Você”, no tema
“Celebrando a Vida”, trabalhado há alguns anos em todos os
encontros. O Dr.Gamberini
refere que, no seu ponto de vista,
a saúde é o equilíbrio do bemestar físico, social, psicológico
e espiritual, não somente com
Psicológa Rosimeire
o olhar do médico voltado a
Lopes, homenageando
um diagnóstico clínico, mas
os pacientes do
tendo sempre a visão integral
QualyVida Plus com
adesão ao tratamento do paciente.
da Obesidade Mórbida
Em sua mensagem de
Natal compartilhou com os clientes o sentido da vida que
nasce todos os dias devendo ser celebrada a cada minuto.
Acreditando no trabalho com foco na promoção à
saúde, prestigiaram o evento o diretor do Grupo Carlos
Chagas Dr. Antonio Carlos Garcia, o superintendente
Carlos Américo Rente e a gerente geral da Seisa, Lídia
Bueno de Miranda, além de gestores e outros colaboradores da empresa.
Este encontro contou com o apoio da Seisa-Assistência Médica,
Banda Lira de Guarulhos, pelo Coral regido pela Dra.Edna
Nakano (endocrinologista do Grupo Carlos Chagas) e dos
Laboratório Torrent, Libbs, Ache,Aventis, Medley e Biolab.
Centro de Estudos em Notícias – Informativo bimestral do Centro de Estudos do Hospital Carlos Chagas dirigido aos profissionais de saúde.
Diretoria biênio 2006/2007 – Presidente: Dr. Fusato Tamanaga; Vice-presidente: Eduardo Kamei Yukisaki; Diretora Executiva: Iliana Michelin; Vice-Diretor Executivo: Dr. Francisco Romano; Diretora de Documentação: Drª. Lílian
S. Balini Caetano; Diretor de Cursos: Dr. José Carlos Yamashiro; Auditor: Dr. Edmundo Vieira Prado Filho; 1ª. Tesoureira: Regina Célia M. Baptista; 2ª. Tes.: Eliane Maria F. Alemão; 1º. Secretário: Dr. Luiz Cláudio Bosco Massarolo;
2º. Sec.: Rubens A. M. Batista; Suplente: Enf. Rosângela de Oliveira Santos - Conselho Editorial: Dr. Dácio Montans; Eduardo Kamei Yukisaki; Dr. Fusato Tamanaga Dr. Mauro Uehara (in memorium) – Diretora Responsável: Iliana
Michelin – Projeto e Produção: Heldier Tadeu Damasceno & AGPM – Agência Guarulhos de Publicidade e Marketing – Projeto Gráfico e diagramação: Fernando Porfírio
Interdisciplinar
3
Importância do diagnóstico precoce
do câncer no prognóstico: o papel dos
especialistas não-oncologistas
O
câncer, por ser uma patologia com
localizações e aspectos clínico-patológicos
múltiplos e não possuir sintomas ou
sinais patognomônicos na maioria dos casos, pode
ser detectado em vários estágios de sua evolução
histopatológica e clínica. Disto resulta, em grande
parte, a dificuldade do seu diagnóstico e a afirmativa
de que a suspeita de câncer pode surgir diante dos
sintomas mais variados possíveis.
O paciente, ao procurar um médico, segue
apenas seus sintomas e sinais, e não procura diretamente um especialista. Setenta por cento dos
diagnósticos de câncer são feitos por médicos nãocancerologistas, o que evidencia a importância destes
profissionais no controle da doença.
Portanto, após várias etapas investigativas, o
médico chega a uma suspeita diagnóstica, e a partir
deste ponto encaminha o paciente para o seguimento
específico. Contudo, demoras ou direcionamentos
equivocados durante este período podem comprometer a sobrevida ou a qualidade de vida do paciente.
O câncer não possui características clínicas
específicas e pode acometer qualquer tecido, órgão
ou sistema do corpo humano. A sintomatologia da
neoplasia maligna é muito variada e se relaciona com
o tumor primário e com as suas complicações locais e
distantes. Síndromes diversas, como febre de origem
desconhecida, anorexia, emagrecimento, manifestações de substâncias biologicamente ativas produzidas
pelo tumor, e os achados clínicos relacionados com as
metástases à distância são repercussões orgânicas que
podem compor o quadro clínico do câncer.
São múltiplas as finalidades dos exames complementares na área da oncologia e a solicitação destes
exames visa a avaliar o tumor primário, as funções
orgânicas, a ocorrência simultânea de outras doenças
e a extensão da doença neoplásica (estadiamento).
Alguns tumores se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é usada como
meio diagnóstico, como parâmetro de estadiamento, como controle da terapêutica ou como fator
prognóstico. Essas substâncias são conhecidas como
marcadores tumorais.
Tumor Primário
Mama
Próstata
Porém, o diagnóstico definitivo de um câncer
é feito apenas após a análise cito ou histopatológica do
tumor. Sem uma comprovação anátomo-patológica
não é possível dar seguimento ao processo de definição
diagnóstica e terapêutica.
A partir da avaliação clínica e dos resultados
dos exames complementares que se estabelece o estadiamento do tumor, isto é, as extensões local, regional
e sistêmica da doença.
Diversos sistemas de estadiamento foram concebidos, porém o mais utilizado é o preconizado pela União
Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado
Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos,
que se baseia na extensão anatômica da doença, levando
em conta as características do tumor primário (T), as
características dos linfonodos das cadeias de drenagem
linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a
presença ou ausência de metástases à distância (M). Estes
parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4,
de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente.
O estadiamento implica que tumores com
a mesma classificação histopatológica e extensão
apresentam evolução clínica, resposta terapêutica e
prognóstico semelhantes, e auxilia na obtenção de
informações sobre o comportamento biológico do
tumor, na seleção do tratamento, na previsão das
complicações, na determinação do prognóstico e na
avaliação da resposta à terapêutica.
Vejamos uma comparação entre os diferentes estádios diagnósticos e a sobrevida, em
algumas patologias:
Estômago
Cólon
Cérvice
Pulmão
Estádios
Sobrevida livre
de doença em 5
anos (%)
I
89%
II
76%
III
32%
IV
24%
T1
99%
T2
69%
T3
36%
T4
17%
T1-2,N0M0
>80%
T3-4 N+M0
35%
T4
<10% em 2 anos
0
99%
I
90%
II
79%
III
40-60%
IV
8%
0
100%
I
95%
II
60-80%
III
30%
IV
<20%
I
80%
II
44%
III
40%
IV
14% em 2 anos
Portanto, uma investigação rápida e eficaz
do quadro inicial do paciente, e o encaminhamento
imediato ao Oncologista para a realização adequada
do estadiamento e início precoce da terapêutica são requisitos fundamentais para obter uma melhor resposta
global ao tratamento das neoplasias malignas.
Dra.Laura Yolanda Chialanza Garcia
Título de Especialista em Hematologia e Hemoterapia
da SBHH
Médica oncohematologista do Serviço de Oncologia e
Hematologia da Hemomed no Hospital Carlos Chagas
4
Técnica e Ética
Aspectos Técnicos & Éticos
Professor Dou
A
célebre frase: “Antes de tudo, tenha a
certeza de que não esteja causando algum mal – primum non nocere” que foi
proferida pelo “Pai da Medicina”, Hipócrates há
muitos séculos atrás, tem norteado muitos princípios éticos e terapêuticos na prática médica.
Isto quer dizer que o profissional, para praticar
a medicina corretamente e com ética, deve ter
conhecimento completo, adequado e atualizado
sobre todos os procedimentos que irá aplicar em
cada um dos seus pacientes.
Baseando nesta premissa, que nos permite traçar os principais tópicos e cuidados que
deverão estar presentes na abordagem inicial do
atendimento ao paciente, principalmente em setores e circunstâncias (situações) emergenciais:
1- Avaliação clínica objetiva Î Todo e
qualquer solicitação de atendimento, por mais
simples que seja e, seja ela feita por colegas,
enfermeiras, familiares do paciente ou mesmo,
pelo próprio paciente, somente deverá provocar
uma resolução nossa, após a realização de uma
avaliação clínica que deve ser objetiva para verificar a queixa, fazendo os principais exames físicos
e já traçando direcionamentos para todas as suas
possíveis etiologias e correlacionando com os
fatores predisponentes mais prováveis.
2- Podemos começar com a abordagem
inicial ao paciente que chega ao setor de emergência, aplicando os preceitos básicos do ABC
da reanimação, ou seja, verificar e garantir a permeabilidade das Vias Aéreas e, caso necessário,
executar a assistência ventilatória com máscara
facial acoplada a uma bolsa de reanimação com
válvula (AMBU). Fazer compressões torácicas
(massagem cardíaca), se não sentir pulsos (carotídeos). Oferecer oxigênio sempre que possível,
com adequação do fluxo por meio de acessórios
apropriados para cada situação. Lembrar que
o suporte vital, também inclui a manutenção
hidroeletrolítica e dietética.
3- O paciente deve ser monitorizado (PA,
Tº, FR, FR, StO2) o mais precoce possível.
4- A estabilização hemodinâmica deve ser
o alvo imediato dos pacientes que chegam com
riscos de hipovolemia (tais como: diarréias, vômitos, febre, politraumas, hemorragias e sepse).
Devem ser administrados cristalóides 20 mL/
kg EV em aberto, podendo chegar a 60mL/
kg e até mesmo 100mL/kg, na primeira hora.
Após a administração de volumes consideráveis
e se ainda não obtiver boa resposta, deve ser
acrescentado uma droga vasoativa (dopamina,
adrenalina, noradrenalina). Na escolha de
cristalóides, devem ser lembrados as diferentes
composições existentes entre o Ringer lactato e
o Soro Fisiológico, sendo o primeiro hiposmolar,
com menor quantidade de sódio e cloro e que
contém K e Ca, além de lactato.
5- Identificação Î Tão logo após ter realizado os cuidados emergenciais, é fundamental
que o profissional se apresente adequado e claramente aos pais ou acompanhantes, permitindo
ser identificado como o “porto” (ponto) de referência, do qual eles terão a certeza de que você
fará o melhor para a saúde do seu ente-querido
e obtendo assim, todo o apoio e a confiança que
são delicados nestes momentos críticos. Lembrar
que arrebatar uma boa “primeira impressão” é
a melhor garantia de um relacionamento profissional profícuo.
6- HMA Î Levantar as condições que
podem estar ligadas à história da moléstia atual
(HMA), fazendo indagações: quando, como,
onde, porquê, ... sinais e sintomas, fatores
concomitantes e quais as medidas prévias que
já foram aplicadas.
Quando for oferecer qualquer informação aos pacientes e seus familiares, deverá
informar com a certeza de que esteja havendo
um esclarecimento entendido por parte deles,
utilizando uma linguagem clara e simples, com
paciência, muita paciência, para poder atingir
este objetivo. Deve informar com profissionalismo, isto é, nunca minimizar ou exagerar o
quadro clínico real do paciente.
7- Prescrição Î Na hora de fazer a
prescrição:
1-) Prescrever em letras legíveis. E se tiver
que fazer mudanças terapêuticas, deve justificá-
Técnica e Ética
5
na Assistência Emergencial
utor Juang Horng Jyh
las, fazendo todas as anotações na evolução.
2-) Evitar abreviações e o uso de siglas.
Utilizar somente as siglas convencionadas internacionalmente e ainda, ter a certeza de que toda
a sua equipe já esteja familiarizada.
3-) Procurar facilitar o preparo e a diluição dos medicamentos. Por exemplo, ao invés
de prescrever 5,1 mL ou 9,9 mL (NaCl 20%,
ou KCl 19,1%, ou Gluconato de Ca 10%),
preferir 5 mL e 10 mL.
4-) Prescrever sempre a dose e não o
volume. Exemplo: Midazolam – 2,5 mg, nunca
0,5 mL, pois existem apresentações com concentrações diferentes, mesmo produzidos pelo
mesmo laboratório farmacêutico.
5-) Definir bem a quantidade da diluição
do medicamento, bem como a sua velocidade
de infusão. Também deve estar claro qual deve
ser o seu diluente, se é o soro fisiológico ou o
soro glicosado a 5%.
6-) Checar as possíveis interações medicamentosas para todas as medicações prescritas
e também, verificar as possíveis interações patologias – medicamentos. Também devem ser
observadas se as medicações são fotossensíveis,
para que sejam protegidas da luz.
8- Com relação aos Procedimentos Invasivos Î devemos evitar sempre as possíveis
iatrogenias. Assim, o conhecimento técnico e
o exercício da prática da técnica são essenciais
para o sucesso. Devemos ter o conhecimento
real dos planos anatômicos, para poder prever
ou mesmo, evitar os riscos proporcionados por
tais procedimentos. Escolher adequadamente
os instrumentos e equipamentos para alcançar
sempre com segurança e os melhores desempenhos. No caso de acesso venoso central, que é
uma abordagem emergencial muito comum nos
Prontos Socorros, devemos estar atentos a escolher sempre a via mais segura e a aplicar a melhor
técnica conhecida e atualizada. Para a realização
de qualquer procedimento, os pacientes também
devem estar adequadamente monitorados e os
seus pais ou responsáveis devem estar cientes dos
objetivos, bem como dos seus possíveis riscos e
os reais benefícios. E todos os procedimentos
realizados devem ser documentados.
9- Assistência integral ao paciente crítico
Î deve ser realizada por uma Equipe Multiprofissional, onde os seus integrantes devem estar
completamente envolvidos e comprometidos
com as metas e os objetivos terapêuticos a serem
administrados, ou seja, a atuação multiprofissional deve ser integrada e coordenada para poder
otimizar esta assistência. Assim, estaremos proporcionando uma assistência à saúde com mais
segurança, qualidade e ética.
10- Com relação à solicitação dos
Exames Complementares Î devemos ter a
clareza da sua real importância e já ter o objetivo previamente definido. Sem estas premissas,
incorremos à má prática médica, pois o exame
complementar deve ser solicitado para fazer uma
complementação ou a confirmação diagnóstica,
algumas vezes para se fazer a exclusão de possíveis
patologias e, na maioria das vezes, para fazer o
acompanhamento da evolução terapêutica. É
importante saber que todo e qualquer exame
solicitado gera um custo ou para o paciente e o
seu convênio médico, ou para os cofres públicos.
Por isso, a sua solicitação deve seguir ditames
técnicos e racionais. Além disso, devem ser
considerados os viés que um exame pode gerar,
da coleta do material biológico, à impressão dos
seus resultados e mesmo à sua interpretação pelo
profissional.
A insuficiência de tempo para o atendimento ao paciente, para a realização de um
exame clínico e a verificação de HMA adequados, ou mesmo a insuficiência de técnica
(conhecimento) do profissional, levam ao que
podemos chamar de Uso Irracional de Exames
Complementares, com solicitações exagerados
destes exames que, muitas vezes, geram procedimentos invasivos e até mesmo onerosos.
Isto, sabidamente leva ao aumento do custo
terapêutico, às iatrogenias, ao tempo de internação e a acarretar transtornos aos pacientes e
seus familiares.
11- Com relação à transferência de pacientes Î devem ser observados os seguintes
tópicos:
1-) As condições clínicas do paciente devem estar aptas para suportar a sua remoção, ou
seja deve estar hemodinamicamente estável
e com as medidas de
suporte vital adequadamente instituídas.
2-) Manter o
paciente sob monitoração e assistência
contínua.
3-) Antes do
transporte do paciente, fazer o contato
prévio com o serviço que irá recebê-lo
(contato médico-médico e caso necessário,
também enfermagem-enfermagem), passando
as informações que sejam relevantes para que
medidas fundamentais possam ser efetuadas
tão logo na chegada. Deve ser averiguado se os
equipamentos e os monitores estão adequados
a garantir o suporte vital durante o transporte
e, que a equipe do transporte esteja completa e
apta para esta operação. Encaminhar junto, o
prontuário completo do paciente, incluindo o
horário das últimas medicações administradas,
bem como dos procedimentos e dos resultados
dos exames complementares.
12- Manter-se continuadamente reciclado e atualizado Î com relação aos seus
conhecimentos médicos é primordial para
garantir o êxito profissional. Devemos buscar,
sempre que possível, as informações técnicocientíficas baseadas em evidências para servir
como suporte básico para as tomadas de decisões
terapêuticas.
Devemos lembrar que hoje em dia, pelas
facilidades proporcionadas pela internet, é cada
vez mais comum aos leigos de consultarem o
“Dr. Google” para se informarem dos progressos
médicos. Daí, a importância do médico de se
manter atualizado profissionalmente para poder
fornecer informações mais adequadas e com
mais qualidade e profissionalismo.
Concluindo, a Assistência nos Setores
Emergenciais da Saúde deve ser praticada com
técnica e ética para poder garantir qualidade e
segurança, o que irá resultar na redução do custo
terapêutico, do tempo de internação, das iatrogenias e que diretamente, também irá reduzir a
morbidade e a mortalidade hospitalar.
Tema apresentado na XVII Jornada de Pediatria
de Guarulhos-setembro/2007-Centro de Estudos
do Hospital Carlos Chagas.
6
Caso Clínico
TSH – Oma
(Tumor Hipofisário raro- somente 300 casos descritos na literatura mundial- prevalência 1:1000)
C
aso clínico: WDM, masculino, 78 anos. QD: diminuição
da acuidade visual há 4 anos.
HPMA: paciente procurou neurocirurgião que diante da queixa solicitou
Ressonância Magnética de hipófise que
mostrou macroadenoma hipofisário com
4 cm no maior diâmetro considerado
inoperável na época. O paciente evoluiu com queda progressiva do estado
geral, adinamia, fraqueza em MMII e
amaurose em OE tendo sido internado
no HCC recentemente onde apresentou
os seguintes exames: LH 1 UI/L ( VN
1,26-10,05), FSH 2 UI/L (VN 1,3713,58), Testosterona total 12 ng/dL
(VN 181-758) , Testostorona livre 1,5
ng/mL (VN 43-424), GH 0,33 ng/mL (
0-5), IGFI 25 ng/mL (VN 78-258), PRL
17, 53 ng/mL (VN 4,04-15,2), ACTH
19,5 pg/mL (VN 10-50), Cortisol 2 ug/
dL (VN 4,3- 22,4), TSH 8,14 UI/L (
VN 0,35- 4), T4L 2,45 ng/dL (VN 0,71,48), T3 1,5 ng/mL (0,6- 1,81), T4
21,7 ug/dL (5,5- 10,8), ATPO 12 UI/mL
(< 12), ATG 172 UI/mL (<34), TRAB
negativo, Cortisol livre 14,8 ug em 24 hs (VN
10 – 90), sódio 138 m EQ/L, potássio 4 mEQ/L
( 3,5- 5,5), densidade urinária 1010, volume
urinário nas 24 hs normal. Ultra-sonografia
de tireóide glândula com
textura , ecogenicidade e volume normais. Ressonância
Magnética de hipófise macroadenoma hipofisario com
6 cm no maior diâmetro
envolvendo seio cavernoso
e artérias carótidas internas,
comprimindo o III ventrículo levando a dilatação
moderada dos ventrículos
laterais. HD: 1. Adenoma
produtor de TSH ou TSH
oma. 2. Panhipopituitarismo com deficiências de LH,
FSH, GH e ACTH. Tratamento: O paciente iniciou
reposição de cortisol com prednisona 5 mg/
dia e depois com acetato de corticosterona na
dose de 25 mg/ m2 dia para suprir a deficiência de cortisol. Concomitantemente recebeu
octreotide 100 mg SC a cada 8 hs no intuito
Exame de Imagem
de diminuir o TRH e o TSH e controlar o
hipertireoidismo, caso não haja a resposta
esperada o paciente irá receber metimazol
e propranolol nas doses habituais e será
posteriormente submetido a cirurgia
transesfenoidal para melhorar a acuidade
visual e descomprimir o III ventrículo.
Comentários: incidem principalmente na
quarta década mas existem casos descritos
desde 11 até os 84 anos. Os pacientes
geralmente apresentam níveis aumentados
de hormônios tireoideanos mediante
níveis inadequadamente normais ou não
muito elevados de TSH, geralmente <10
UI/L. As primeiras manifestações costumam ser o comprometimento do campo
visual ou cefaléia e acromegalia e hiperprolactinemia poderão estar presentes,
esta última em 1/3 dos casos.
A cirurgia transesfenoidal associado ou não a radioterapia também fazem
parte do seu tratamento.
O paciente foi tratado com octreotide 100 mg SC a cada 8 horas e
já na primeira semana de tratamento
apresentou normalizaçao dos níveis
de TSH e T4L, com acentuada melhora
do estado geral, tendo então recebido alta
hospitalar com posterior reavaliação no
retorno ambulatorial.
Dra.Maria Farah
Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia
Doutorado em Endocrinologia
pela FMUSP-SP
Médica Endocrinologista do Hospital Carlos Chagas e SEISA
Assistência Médica
TSH - Oma e Manifestações
neurológicas da Doença de
Behcet (que será descrita
em nossa próxima edição),
foram assuntos abordados na
discussão de Caso Clínico 1ª.
Reunião-Doenças do SNC em
28/02/2008 no Espaço Médico
do Hospital Carlos Chagas
Café da manhã com discussões de Casos Clínicos
Visando a Discussão de Casos Clínicos e
trocas de informações, achados clínicos e
laboratoriais com as várias especialidades nas
áreas diagnóstica e terapêutica, estas reuniões
acontecerão mensalmente com a coordenação
do Doutores Marcos Duchene, do Serviço de
Ressonância Magnética, e Maria Farah, Endocrinologista do Grupo Carlos Chagas, no
Espaço Médico do Hospital Carlos Chagas,
Rua Barão de Mauá, 100 - 7º andar.
Os médicos de todas as áreas estão convidados
a participar da discussão ou encaminhando
casos de interesse geral.
Os interessados deverão entrar em contato
com o Dr .Marcos Duchene, através do telefone 6463 6131 ou Centro de Estudos do
Hospital Carlos Chagas, telefone 6463 5105
ou pelo e-mail [email protected].
Reflexão
7
Humanização no Hospital Carlos Chagas
Drauzio Viegas Professor de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC
Foto: Margarete Costa
Quero fazer a vocês 2 perguntas:
PERGUNTA 1
Vocês, que trabalham no Hospital Carlos Chagas,
acham que merecem ser amados pelos seus doentes e suas
famílias? Ou mesmo considerados como amigos?
Nem sempre, não é? Porque nem todos, que
trabalhamos, como profissionais, em qualquer área de
um hospital, merecemos ser amados ou ser razão para
gratidão, amizade ou mesmo admiração - muitas vezes
nos falta a humanização.
Em todos os setores do hospital, desde o estacionamento e recepção até os consultórios, quartos,
centros cirúrgico e obstétrico, UTI e administração
é essencial à humanização na relação com os clientes
(doentes) e suas famílias.
Porque estamos lidando com pessoas em um
momento muito especial – a doença – em que ficam
fragilizados com o sofrimento e possibilidade de morte
ou de seqüelas incapacitantes para o resto da vida. Mais
do que nunca elas precisam de nós Um dos motivos do
alto conceito do Hospital Carlos Chagas na comunidade
tem sido o cuidado com os pacientes e suas famílias – por
isso é necessário não nos esquecermos da humanização
em nossas atitudes.
O que é a HUMANIZAÇÃO?
É usar nosso conhecimento com sensibilidade.
E não só pelos médicos e enfermeiros, mas por
todos. É usar os conhecimentos de cada um dentro da
sua área - no hospital uma área não é menos importante
que a outra. Cada uma tem a sua função.
Sensibilidade é a delicadeza, o interesse verdadeiro
pela outra pessoa que está precisando de nós e pode
mostrar-se ansiosa demais, angustiada, irritante – ela
está passando por um momento muito difícil de sua
vida. É essencial compreendermos isso e ajudá-la,
mesmo que não seja fácil para nós – podemos também
estar com problemas pessoais difíceis de resolver e
que nos fazem sofrer. Mas nosso trabalho é especial, é
dedicação, estamos em um hospital.
É muito importante ter sensibilidade nas grandes e
pequenas coisas: demonstrar respeito, chamar as pessoas
pelo nome, cumprimenta-las, o aperto de mão e olhar
olho no olho é o começo de um bom relacionamento e
amizade. Saber fazer um bom diálogo. Facilitar a comunicação entre o doente e sua família, permitir os horários
de visitas mais livres e não ser grosseiro com eventuais
deslizes que ocorrerem, permitir a presença do pai na
sala de parto e da mãe no quarto do filho, ter um lugar
especial para as crianças e adolescentes viverem melhor
no hospital – a brinquedoteca. Ter compaixão – elas
precisam mais deste sentimento do que de piedade. Não
é favor, é humanização.
E em todos os momentos – ao chegar ao hospital, como ser recebida no estacionamento e na
recepção, como ser encaminhada para outros setores
e ser bem atendida. Os médicos lembrarem sempre
de examinar os pacientes e explicar com simplicidade o que está acontecendo. As enfermeiras serem
atenciosas e carinhosas.
PERGUNTA 2
Para reflexão de cada um: quem sabe, um dia, nós
estaremos no lugar desses doentes?
Com o tema Humanização Hospitalar, o Dr. Dráuzio
Viegas, convidado pela Comissão de Humanização e
pelo Centro de Estudos do Hospital Carlos Chagas,
participou da Semana da Qualidade em novembro de
2007 no Hospital Carlos Chagas, evento promovido pelo
Escritório da Qualidade do Hospital.
Prof. Dr. Drauzio Viegas
Professor titular da Disciplina de Pediatria e Puericultura da Faculdade de
Medicina do ABC. Experiência em humanização na área da saúde.
Organizador do livro sobre brinquedoteca. “Isto é Humanizar” - Associação
Brasileira de Brinquedoteca,Wak Editora- [email protected]
Atualmente está escrevendo um livro com o título “Médicos Humanizados
e Desumanizados”.
Gestão da Qualidade - “Uma Visão Sistêmica”
Os sistemas de qualidade foram pensados, esquematizados, melhorados e implementados na década de 30,
iniciando nos EUA e posteriormente no Japão, na década
de 40. A preocupação com a qualidade de produtos e
serviços, fizeram com que outros países do mundo, a
partir da década de 50, implementassem a Gestão da Qualidade em suas empresas. Uma nova filosofia gerencial
baseada no desenvolvimento e aplicação de conceitos,
métodos e técnicas.
A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e
responsabilidade apenas de departamento específico, e
passou a ser um problema da empresa.
Essa gestão inovadora fez com que o objetivo de um sistema deva ser estabelecido por aqueles que o gerenciam,
se preocupando constantemente com todas as tarefas,
e não apenas com o resultado final do produto. Essas
mudanças inovadoras de atitudes, ajudaram as empresas
a entender melhor o seu processo, conseqüentemente
tendo uma visão geral da organização.
A Gestão da Qualidade hoje muito divulgada, principalmente no âmbito hospitalar, não foca setores ou
processos individualmente, e sim uma visão sistêmica,
exigindo ações coletivas e inovadoras, sob uma liderança
que promova unidade, a coesão dos colaboradores e a
integração do corpo clínico.
Essa visão dentro da gestão da qualidade, faz com
que a organização não se restrinja a mera vertente do
desenvolvimento tecnológico, e sim a interação entre os
processos e o seu gerenciamento.
Está aí a metodologia da ordenação de regras capazes
de sustentar uma cultura gerencial de excelência para
resultados eficientes e eficazes, implementando padrões
necessários à monitorização e medição de processos
produtivos, além do controle das metas e das diretrizes
estratégicas estabelecidas no planejamento institucional
pela liderança da empresa. Portanto, hospitais que aderem, constroem, implantam e promovem a qualidade
com uma visão sistêmica, merecem o reconhecimento
de todos como instituição de sucesso.
Vagner Oliveira
Coordenador do Escritório Qualidade do Hospital Carlos
Chagas.
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Vida
Lançamento editorial
A Influência do ERP na Liderança
“A
maioria dos profissionais e das em
presas ainda não
estão preparados para administrar, de forma eficaz,
projetos de informática com
objetivos estratégicos”.
Com esta análise Robson
Paz Vieira, Coordenador de TI,
Gestão da Qualidade e SAC na
SEISA - Serviços Integrados
de Saúde, escreveu o livro “A
Influência do ERP na Liderança, pela Giz Editorial (www.
gizeditorial.com.br):
“Por vários anos, a informática serviu de suporte ap-
enas às atividades empresariais.
É chegada a hora de se passar
a utilizá-la para impulsionar
as estratégias da organização,
agregando valor ou mesmo
transformando a forma tradicional de fazer negócios”, constatou o autor em suas atividades
acadêmicas e empresariais.
Este livro discute os
impactos da implantação de
um sistema ERP [Enterprise
Resource Planning ou Planejamento de Recursos Empresariais] em uma operadora de
plano de saúde onde o líder
tem que se adequar à inovação e também aborda conceitos de liderança e estilos
a serem adotados de acordo
com a situação.
Sobre o autor
Robson Paz Vieira é formado
em Ciências da Computação pela Universidade Santa
Cecília (UNISANTA), PósGraduação em Análise de
Sistemas pela FECAP, MBA
em Gestão Empresarial pela
Fundação Getulio Vargas
(FGV), Mestre em Administração com Ênfase em Liderança pela Universidade Santo
Amaro (UNISA) e Professor e
Coordenador na Universidade
Paulista (UNIP).
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