Módulo 12 Introdução à Macroeconomia Nos módulos

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Módulo 12 ­ Introdução à Macroeconomia Nos módulos anteriores nos detivemos nas análises de como são determinados os preços e as quantidades dos bens produzidos partindo do ponto de vista dos consumidores e das firmas. Observamos como evoluem os preços e a produção tomando por base análises individualizadas de cada mercado específico. Era uma análise centrada nas questões microeconômicas. A macroeconomia preocupa­se com as grandes questões econômicas que determinam o nosso bem­estar, o de nossas famílias e de todos da sociedade. Por sua vez, estuda o comportamento global do sistema econômico, não se detendo meramente na análise do comportamento individual das unidades econômicas. Ela procura analisar a economia como um todo, procurando observar a determinação e o comportamento de grandes agregados, como renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, demanda agregada, oferta agregada, entre outros. Questões do tipo: por que está difícil arrumar um emprego? Por que os preços estão subindo a todo o momento? Por que o COPOM não reduz a taxa de juros Selic? Por que o governo apresenta déficit orçamentário? O país está acumulando bens ou está se endividando? Cada uma destas perguntas envolve um conceito central de economia, quais sejam: desemprego, inflação, taxa de juros da economia, déficit orçamentário do governo, balança comercial. Todos estes conceitos são fundamentais para a compreensão da economia e para a determinação das decisões de política econômica de um país. Portanto, o objetivo primordial da macroeconomia é entender o funcionamento da economia de forma a permitir tanto o conhecimento, quanto a atuação sobre o nível da atividade econômica de um determinado país, ou de um conjunto de países. Para isto, a macroeconomia centra­se no estudo de uma série de variáveis básicas, que lhe permite estabelecer objetivos concretos e construir a política econômica de um país. 12.1. Estrutura Básica da Macroeconomia Para a macroeconomia, existem quatro mercados fundamentais a serem analisados, quais sejam: o mercado de bens e serviços, o mercado de trabalho, o mercado monetário e de títulos e o mercado cambial. No mercado de bens e serviços efetua­se a agregação de todos os bens produzidos pela economia durante certo período de tempo, e define­se o chamado produto nacional, o qual representa exatamente esta agregação. O nível geral de preços representa justamente a média de todos os preços dos bens produzidos por esta economia. Neste mercado, portanto, são determinados o nível de produção agregada e o nível geral de preços. Esta determinação está condicionada pelo comportamento da demanda e da oferta agregadas de bens e serviços. A demanda agregada representa a demanda de quatro grandes agentes econômicos: consumidores, empresas, governo e o setor externo. A oferta agregada representa a evolução do
nível de emprego e da capacidade instalada na economia. O equilíbrio no mercado de bens e serviços é dado pela igualdade entre demanda agregada de bens e serviços e oferta agregada. No mercado de trabalho realiza­se a compra e venda de mão­de­obra, e analisa­se aqui como se estabelecem salários e o nível de emprego. Temos neste mercado a agregação de todos os tipos de trabalho existentes na economia. A demanda de mão­de­obra depende do custo efetivo da mão­de­obra para as empresas (taxa de salário real) e do nível de produção desejado. A oferta de mão­de­obra depende do custo efetivo da cesta básica de consumo dos trabalhadores (salário real) e do crescimento da população economicamente ativa. O equilíbrio deste mercado ocorre quando a oferta de mão­de­obra iguala a demanda de mão­de­obra. Como as transações da economia dependem da utilização de moeda, a macroeconomia se detém na analise de um mercado monetário. No mercado monetário procura­se avaliar o comportamento da moeda e sua influência na determinação do nível geral de preços e nas quantidades produzidas, e também seu papel no desempenho da economia como um todo. A interação entre a demanda de moeda e da oferta de moeda determinam a taxa de juros, e a condição de equilíbrio deste mercado é a igualdade entre demanda e oferta de moeda. Neste mercado são determinadas a taxa de juros e o estoque de moeda. Juntamente com o mercado monetário, analisa­se o comportamento do mercado de títulos, onde alguns agentes emprestam recursos (agentes que gastam menos do que ganham) a outros agentes deficitários (aqueles com níveis de gastos acima do seu nível de renda). Procura­se definir qual a importância deste fluxo de recursos para a determinação das principais variáveis macroeconômicas. Neste mercado são definidos os preços dos títulos e também atuam sobre a determinação da taxa de juros. Como a taxa de juros é determinada na realidade tanto no mercado monetário como no mercado de títulos, geralmente faz­se a análise destes dois mercados em conjunto, constituindo o mercado financeiro. O mercado de divisas existe porque existem transações com o resto do mundo em moeda estrangeira. No mercado cambial, procura­se analisar os fluxos de moeda estrangeira no país, e o que estes fluxos representam em termos de intercâmbio econômico com o resto do mundo e qual o impacto desta interação nas variáveis relevantes da economia. A oferta de divisas depende das exportações e da entrada de capitais financeiros, e a demanda de moeda estrangeira está condicionada pelo volume de importações e pela saída de capital financeiro. Neste mercado é determinada a taxa de câmbio, e seu equilíbrio corresponde ao ponto onde a oferta de divisas iguala a demanda por divisas. Quando o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio, temos um regime de taxas de câmbio fixas; quando a determinação da taxa de câmbio é determinado pela interação entre oferta e demanda de divisas, temos um regime de taxas de câmbio flutuantes. A chamada “flutuação suja” ocorre quando o Banco Central, num regime de taxas flutuantes, interfere no mercado cambial comprando ou vendendo divisas para controlar a flutuação da taxa de câmbio.
A abordagem global feita pela macroeconomia permite não apenas estabelecer relações entre os grandes agregados, mas também permite compreender melhor as interações entre estes diversos mercados. Não existe conflito entre as análises da microeconomia e da macroeconomia, há apenas uma diferença de enfoque. Enquanto a microeconomia examina o comportamento das famílias e das empresas, supondo os agregados econômicos constantes (coeteris paribus), a macroeconomia examina o comportamento destes agregados ignorando as diferenças entre as famílias e os indivíduos. Por exemplo, a microeconomia estuda a determinação dos preços numa única indústria, considerando constantes os preços das demais indústrias, a macroeconomia estuda o nível geral de preços, sem considerar as mudanças dos preços relativos dos bens das diferentes indústrias. As preocupações primordiais da macroeconomia são com os aspectos de curto prazo, as análises de longo prazo são feitas pela Teoria do Crescimento Econômico. 12.2. Metas da Política Macroeconômica Resumidamente, podemos dizer que os principais objetivos da análise macroeconômica concentram­se na determinação do comportamento das seguintes variáveis: nível geral de preços, nível de produto, taxa de salários, nível de emprego, taxa de juros, quantidade de moeda, preço e quantidade de títulos, taxa de câmbio e quantidade de divisas. Todas estas variáveis são fundamentais para definir a política macroeconômica de um país. Esta política é constituída pelo conjunto de medidas governamentais destinadas a influir sobre o desempenho da economia como um todo. A política macroeconômica possui os seguintes objetivos: a) Elevação do nível de emprego; b) Controle dos processos inflacionários; c) Distribuição de renda mais eqüitativa; d) Crescimento econômico. As chamadas políticas de estabilização concentram­se sobretudo nas questões relativas ao emprego e à estabilização de preços, já que estas são preocupações de curto prazo. A distribuição de renda envolve tanto aspectos de curto prazo, relacionados ao nível de emprego e de salários, quanto questões de longo prazo. Já as análises acerca do crescimento econômico envolvem questões eminentemente de longo prazo. 12.2.1. A questão do emprego Com o surgimento do sistema capitalista de produção e conseqüente utilização do trabalho assalariado em larga escala, emerge o mercado de trabalho como uma
instituição fundamental ao funcionamento da economia. De uma forma bastante ampla, ele pode ser entendido como a compra e venda de serviços de mão­de­obra, representando o locus onde trabalhadores e empresários confrontam­se e, dentro de um processo de negociações coletivas que ocorre algumas vezes com a interferência do Estado, determinam conjuntamente os níveis de salário, o nível de emprego, as condições de trabalho e os demais aspectos relativos às relações entre capital e trabalho. Uma das principais preocupações da macroeconomia é entender as oscilações que acontecem no mercado de trabalho, procurando detectar as razões que levam a economia a apresentar porcentagens elevadas de desemprego em alguns momentos e analisar medidas possivelmente eficazes para combatê­lo. Até a década de 1930, a maioria dos economistas não tinha uma preocupação com o problema do desemprego, porque predominava até então a visão liberal de que os mercados seriam levados ao equilíbrio com pleno emprego de recursos, pela simples interação entre oferta e demanda, sem a interferência dos governos. Segundo este pensamento, não haveria problemas significativos no mercado de trabalho. Para os economistas da época, o desemprego não refletia falta de vagas no mercado de trabalho, existindo tão somente o desemprego friccional (resultante do funcionamento normal da economia) ou o desemprego sazonal ou cíclico (resultante dos altos e baixos da atividade econômica)[1]. No entanto, com a crise econômica provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Os níveis de investimento e de produção caíram vertiginosamente, gerando uma queda nos níveis de emprego sem precedentes na história, o que acabou por atingir as economias dos países de todo o mundo. Houve uma explosão nos índices de desemprego tanto nos EUA quanto no resto do mundo, o que provocou uma queda vertiginosa da atividade econômica. Para se ter uma idéia da profundidade da crise, entre 1929 e 1933 o produto nacional dos EUA caiu 30% e a taxa de desemprego chegou a 25% da força de trabalho em 1933. Esta depressão evidenciou a necessidade de se analisar mais detidamente as oscilações do mercado de trabalho. Foi com a teoria de John Maynard Keynes que a questão do desemprego foi mais profundamente analisada e que se aprofundou a análise macroeconômica. Keynes evidenciou que as economias capitalistas não tinham a capacidade de promover automaticamente o pleno emprego e a sociedade vivia às voltas com inúmeras pessoas buscando emprego constantemente sem conseguir. Keynes introduz na análise macroeconômica a preocupação com o papel do Estado na economia, seu grau de intervenção e sua ação como produtor de bens e serviços. O Estado teria um papel fundamental na promoção do emprego e no equilíbrio da economia. O desemprego tende a refletir desequilíbrios no mercado de trabalho, expressando a falta de capacidade do sistema econômico em prover ocupação produtiva para todos aqueles que desejam. O desemprego ocorre quando a pessoa não desenvolve uma atividade produtiva, mas está procurando uma oportunidade de trabalho. Ele é caracterizado por duas formas básicas: desemprego aberto e desemprego oculto.
Nas sociedades onde a situação de desemprego é protegida pelo sistema social, caracterizado por programas abrangentes de intermediação de mão­de­obra, requalificação profissional e seguro­desemprego, entende­se que somente aquelas pessoas que efetivamente não realizaram qualquer atividade produtiva e mantiveram uma pressão permanente sobre o mercado de trabalho por uma nova ocupação devem ser consideradas desempregadas. Essa situação é denominada de "desemprego aberto". É preciso ter cuidado na classificação da condição de desemprego nos países onde o sistema de proteção social ao desemprego é inexistente ou limitado. Nessas economias, o desempregado, em geral, deve financiar a procura de trabalho, resolver o problema de renda decorrente da perda do emprego anterior e definir, de maneira autônoma, uma estratégia para a busca de uma nova ocupação. Nesse sentido, a procura de trabalho pode estar associada à existência de alguma atividade remunerada realizada de maneira irregular e descontínua, impedindo que o desempregado utilize completamente o tempo existente para buscar oportunidade de trabalho. Denomina­se essa situação de "desemprego oculto por trabalho precário". As conjunturas econômicas muito desfavoráveis podem desestimular a procura de trabalho, criando uma situação de desocupação mais prolongada que induz o desempregado a perder suas esperanças de obter, em curto prazo, um novo trabalho. Esse é o "desemprego oculto por desalento". O nível de desemprego da economia é medido estatisticamente pela taxa de desemprego, e ela representa a relação entre o número de desempregados (D) e o total da força de trabalho ou população economicamente ativa (PEA). Entende­se por PEA o conjunto de elementos empregados (E) e desempregados(D), num dado instante do tempo, e captado por um inquérito estatístico, a partir da definição de atividade econômica dos indivíduos. Assim temos que a taxa de desemprego total se apresenta como segue: Onde: Td: taxa de desemprego total; D: população desempregada total; PEA: força de trabalho total. A taxa de desemprego aberto é definida como a relação entre a população em desemprego aberto e a população economicamente ativa. Assim, temos: Onde: Tda: taxa de desemprego aberta; Da: população em desemprego aberto; PEA: total da força de trabalho.
A taxa oficial de desemprego não mede toda a recessão, pois deixa de considerar os trabalhadores desestimulados, os subempregados e os que não têm registro em carteira. 12.2.2. A Estabilidade de Preços A inflação é o aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Isto significa que todos os bens produzidos na economia terão seus preços elevados durante um período de tempo. Por definição, a inflação é um fenômeno monetário, e isto significa que à medida que o nível geral de preços se eleva, há uma depreciação no valor real da moeda. A taxa de inflação mede o percentual de aumento no nível médio de preços da economia. Ela representa uma média ponderada da elevação dos preços. Isto significa que os preços de alguns produtos aumentam mais do que o de outros, no entanto a inflação implica sempre em alta generalizada de preços, isto é, há uma tendência para o aumento geral de preços. A macroeconomia preocupa­se em determinar as causas do crescimento da inflação, bem como em avaliar quais os custos deste aumento para a sociedade, para propor soluções e avaliar as conseqüências das políticas adotadas no combate ao aumento generalizado de preços. No entanto, é preciso ter em mente que um pouco de inflação faz parte dos ajustes de uma sociedade em crescimento. Uma elevada taxa de inflação significa que os preços estão aumentando rapidamente, e acarreta uma série de problemas sobre a distribuição de renda, sobre as expectativas da sociedade, sobre o Balanço de Pagamentos e sobre o desempenho da atividade econômica como um todo. O processo inflacionário pode ter diversas causas, mas sua questão básica pode ser representada pela disputa entre diferentes agentes econômicos pela distribuição de renda. A inflação representaria, assim, um conflito distributivo pela repartição do produto numa economia mal administrada. Para a teoria econômica existem duas correntes básicas que explicam as causas da inflação: uma acredita que a inflação seria provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda), e a outra acredita que a inflação seria causada por elevações de custos e redução da oferta agregada (inflação de custos). A inflação provoca uma distorção nos preços relativos dos produtos, quando os preços de alguns produtos ou insumos aumentam mais do que o de outros. As relações de troca entre a agricultura e a indústria podem piorar se os preços dos insumos industriais usados na produção agrícola crescem mais do que os preços dos produtos agropecuários. Além disso, a distorção nos preços relativos pode provocar distorções na distribuição de renda, prejudicando determinadas camadas sociais. Se não existirem mecanismos generalizados de indexação de preços e de renda, aqueles segmentos que auferem rendimentos fixos, como os trabalhadores assalariados, tendem a perder com a inflação, em benefício dos grupos que possuem rendimentos passíveis
de reajuste periódico, como os empresários e profissionais liberais. Assim, a inflação provoca uma redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos. A classe trabalhadora é, sem dúvida, aquela que mais perde com a elevação das taxas de inflação. Quando as taxas de inflação superam os aumentos de preços a nível internacional, o produto nacional torna­se relativamente mais caro do que os produtos estrangeiros. Isto favorece as importações (compra de bens de consumo e de produção ou serviços, por parte de um determinado país e provenientes de outro país), e representa um desestímulo às exportações (envio de mercadorias comunitárias com destino a um terceiro país). O resultado disto é uma deterioração do saldo da balança comercial (diferença entre as exportações e importações). A deterioração rápida e contínua do valor da moeda, provocada por um processo inflacionário desestimula a aplicação dos recursos no mercado de capitais financeiros e estimula a aplicação destes recursos em bens como terras e imóveis, que costumam se valorizar. Uma vez diagnosticada a inflação, se ela for inflação de demanda, poderá ser combatida por políticas monetária restritivas, com a redução da oferta de moeda e com cortes no crédito, ou com políticas fiscais restritivas, como o corte de gastos do governo e aumento de impostos. Todas estas medidas fazem com que a demanda agregada se reduza. Se a inflação for de custos, poder­se­á utilizar políticas monetária e fiscal restritivas, mas o impacto delas sobre o processo inflacionário será menor do que se a inflação fosse de demanda. É preciso ter em mente que as causas da inflação diferem entre os países, a depender do estágio de desenvolvimento e da estrutura de mercado. Mesmo dentro de um país, os fatores inflacionários diferem de período para período, sendo preciso para determinar qual a política econômica mais adequada para combater o processo inflacionário, analisar detidamente todas as variáveis relevantes no período em questão. A redução do desemprego pode gerar pressões por aumento de preços e o aumento na utilização dos fatores produtivos, o que poderia ocasionar um conflito entre as metas de redução da inflação e ampliação do emprego. 12.2.3. Distribuição Eqüitativa de Renda As diferenças nas rendas dos indivíduos se originam no funcionamento do mercado de trabalho e na distribuição da riqueza. As rendas e receitas de cada um dos agentes econômicos irá depender da quantidade de recursos produtivos que eles possuem, do volume destes recursos que são vendidos no mercado e do preço de venda destes recursos (tal qual vimos no módulo II, através da análise de fluxo de renda). A renda de um país em um determinado período é o produto da utilização de recursos produtivos neste período. A distribuição de renda em um país, dentre os diferentes agentes econômicos, resulta não apenas das rendas obtidas livremente dos fatores produtivos, mas ela é
condicionada pela ação do setor público, seja pelo estabelecimento de impostos e subsídios, seja pela promoção de políticas sociais e de desenvolvimento. A política econômica dos governos, em alguns momentos, objetiva evitar que as diferenças na renda entre os indivíduos se acentuem significativamente e passem a representar obstáculo ao crescimento desta sociedade. Para diminuir estas diferenças, o Estado se utiliza de um conjunto de medidas cujo objetivo principal é modificar a redistribuição da renda entre os indivíduos ou grupos sociais. Os principais instrumentos utilizados pelos governos para a redistribuição de renda são a utilização do sistema tributário, medidas de intervenção direta no mecanismo de mercado e a utilização de gastos de transferência, como o seguro­desemprego e subsídios associados à política educacional. 12.2.4. Crescimento Econômico Crescimento econômico significa colocar à disposição da coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional. O aumento do nível de vida e do emprego está ligado ao crescimento econômico, na medida em que ele representa um processo sustentado ao longo do tempo, no qual os níveis de atividade econômica aumentam constantemente. Assim, quando há crescimento econômico, a curva de possibilidades de produção (analisada no módulo I) desloca­se para a direita, seja pela elevação nos estoques de fatores de produção, seja pelo uso mais produtivo destes fatores resultante de avanço tecnológico. É interessante que se faça a diferenciação entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico: ∙ Crescimento econômico: expansão do produto real da economia durante um certo tempo, sem implicar mudanças estruturais e distribuição de renda; ∙ Desenvolvimento econômico: aumento do produto real per capita associado a melhoria dos indicadores sociais, melhoria da distribuição de renda, e crescimento do produto industrial no produto total. A elevação do produto nacional pode ser alavancada por políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva, no caso de existir desemprego e capacidade ociosa. Caso a economia esteja já produzindo no limite de uso de seus recursos produtivos, uma elevação do produto nacional que resulte em crescimento econômico dependerá de um aumento nos recursos produtivos disponíveis ou de um avanço tecnológico que eleve a produtividade e por conseguinte a produção. No entanto, as políticas econômicas de estímulo ao crescimento hoje devem levar em conta os efeitos da elevação do produto nacional sobre o meio ambiente, para que o resultado do crescimento seja o desenvolvimento sustentável e não a degradação ambiental, a poluição, o esgotamento das reservas naturais, que representem um risco à própria população. Assim, mais do que o crescimento econômico, a principal meta de política econômica dos governos atualmente é o
desenvolvimento econômico sustentável, levando em conta não apenas o crescimento da renda nacional, mas a distribuição desta renda e o impacto do crescimento econômico no ambiente. Para medir o crescimento econômico podem ser empregadas duas medidas: ∙ A taxa de crescimento do PIB[2] em termos reais; ∙ O PIB real por habitante, ou PIB per capita. A busca do crescimento econômico pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, na medida em que a elevação do produto nacional pode efetivamente reduzir os conflitos sociais sobre a distribuição da riqueza. No entanto, nos países subdesenvolvidos, inclusive no Brasil, as metas de crescimento e distribuição de renda eqüitativa não se conciliam e o crescimento econômico tem ocorrido através de um aprofundamento da distribuição desigual de renda, favorecendo os segmentos mais ricos da população. Sendo assim, o Estado deve avaliar bem quais são os problemas mais urgentes da sociedade para definir quais as metas de política econômica que devem ser enfatizadas, tomando o cuidado com os possíveis conflitos entre diferentes objetivos. Cada combinação de políticas afetará os grupos da sociedade de forma diferente e qualquer que seja a escolha do administrador público ela estará sujeita à objeção política da parcela da população afetada negativamente por suas escolhas. ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ [1] O desemprego friccional resulta da mobilidade da mão­de­obra. Ocorre quando um ou mais indivíduos se desempregam de um trabalho para procurar outro. Também poderá ocorrer quando se atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro da mesma área. O desemprego sazonal resulta, basicamente, da variação do ritmo da atividade ecônomica ao longo do ano. É uma forma de subemprego comum nas regiões agrícolas, motivado pelo caráter sazonal do trabalho em certos setores agrícolas. [2] PIB é o produto interno bruto e representa a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país.
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