Pela Espanha Alheia: espaços vividos, espaços ficcionados

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Pela Espanha Alheia: espaços vividos, espaços ficcionados
Sara Cerqueira Pascoal
Resumo
Se é verdade que a Literatura tem estabelecido relações metodológicas com outras Ciências
Humanas e Sociais, como a História, a Sociologia, a Filosofia, a Antropologia ou a
Psicologia, que têm redundado em frutuosas revelações, já as suas relações com a
Geografia são tímidas e por vezes relutantes. A despeito das brilhantes intuições dos nossos
primeiros geógrafos – Amorim Girão ou Orlando Ribeiro – que cedo mediram o valor das
relações entre geografia e literatura, em Portugal, são ainda muito parcos os estudos que
usam fontes literárias na reconstituição do saber geográfico. Há, no entanto, algumas
contribuições, que seguem a esteira de investigadores estrangeiros, como Tuan, Pocock,
Moretti, Chevalier, Bailly, entre outros, e sobretudo de grupos de investigação, como o
Grupo de História do Pensamento Geográfico. Recentemente, em Portugal, o uso de fontes
literárias na análise geográfica tem sido efetuado por investigadores como Fernanda
Cravidão, Rui Jacinto e João Carlos Garcia ou Francisco Choupina. Já da parte da
Literatura, as relações têm sido menos frequentes e pouco ousadas.
A presente comunicação, intitulada “Pela Espanha alheia. Espaços vividos espaços
ficcionados”, pretende situar-se na encruzilhada da Literatura Comparada e da Geografia da
perceção, adotando uma metodologia geocrítica. Partindo de um corpus heterogéneo de
cerca de 10 relatos de viagem de autores portugueses a Espanha, tendo por barreira
cronológica a segunda metade do século XIX, intenta este estudo reconstruir o espaço
percorrido por esses autores; espaço real que configura uma viagem real, mas também,
espaço literariamente construído, rememorado ou ficcionado. Fundamentando-se numa
análise desconstrutivista do discurso, a partir de tabelas onde se isolam topónimos,
cronologia, referências literárias implícitas ou explícitas, fatores geográficos (dados sobre
povoamento, clima, paisagem, relevo, recursos económicos, sectores de atividade, rede
fluvial…), este estudo cruza aquilo que é o espaço vivido, real, com o espaço ficcionado
para construir a cartografia temática que servirá de base às intuições fundamentais das
características da viagem a Espanha na segunda metade de Oitocentos, nomeadamente, o
perfil do viajante, a organização da viagem, os meios de transporte, os roteiros de viagem
por Espanha, bem como temários fundamentais do relato de viagem por Espanha (a mulher
espanhola, a arte, a tauromaquia, a questão ibérica, etc). Esta reconstituição dos espaços
pretende contribuir, finalmente, para a compreender qual o papel da literatura de viagens
portuguesa na formação da identidade espanhola e na delimitação do que o country
branding e o turismo cultural hoje designam por “marca Espanha”.
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Sara Cerqueira Pascoal
[email protected]
ou
[email protected]
Sara Cerqueira Pascoal é docente no ISCAP desde 1997.
É Doutorada em Línguas e Literaturas Românicas, Mestre em Cultura Portuguesa e
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês). Presentemente,
desenvolve investigação no âmbito da Literatura Portuguesa de Viagens do século XIX,
numa abordagem geocrítica dos textos.
Os seus interesses de investigação incluem a Retórica Visual, a Semiótica, a Comunicação
Intercultural e a Cultura Portuguesa.
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Sara Cerqueira Pascoal is a Professor at ISCAP since 1997. She has a PHD in Romanic
Languages and Cultures, a Master’s degree in Portuguese Culture and an undergraduate
degree in Modern Languages and Literatures (Portuguese/French). She is currently doing
research on Portuguese travel literature of the XIX century, applying a geocritical approach
to these texts. She teaches Argumentation Theory and Practice.
Her research interests range from Visual Rhetoric to Semiotics, Intercultural
Communication, and Portuguese Culture.
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