Circular nº 058/2016 Crise econômica pressiona biocombustíveis Produção de total de diesel, composta por 7% de biodiesel, deve perder 2,86 bilhões de litros em 2016 por redução na demanda logística; produtor de etanol vê saída nas exportações de anidro. O real teve uma valorização, o contexto político começou a mudar, mas a retração na atividade econômica do País ainda impacta negativamente alguns setores do agronegócio. Um deles é o de biocombustíveis, que pega carona com a pressão baixista sobre os combustíveis em geral. Muito associada à diminuição na demanda por logística de mercadorias, a produção nacional de biodiesel registrou queda de 2,4% nos cinco primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período de 2015, para 1,6 bilhão de litros, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Associação Brasileira Indústrias Óleos Vegetais (Abiove) avalia, em nota, que a crise "é sentida de forma direta no consumo de combustíveis, especialmente o diesel B (mistura de diesel mineral e biodiesel), usado no transporte de cargas". Em 2014, foram processados 58 bilhões de litros de diesel. No ano seguinte, o volume caiu para 57,2 bilhões já influenciado pelo mercado interno recessivo. Agora, caso o cenário seja mantido, o diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Donizete Tokarski, projeta um tombo de 5% para 2016, na variação anual - considerando que o biodiesel representa 7% da composição do diesel mineral. Na semana passada, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) destacou, em relatório, que as saídas de etanol hidratado das usinas do centro-sul e informações preliminares de vendas de gasolina A pelas refinarias indicam uma queda na demanda de combustíveis do ciclo Otto (gasolina C e hidratado) no mês de junho em relação ao mesmo período de 2015, sem informar os valores com exatidão. "Você tem uma parcela maior da população desempregada e menor consumo por combustíveis", explica o analista da consultoria INTL FCStone, Vitor Andrioli, em referência ao etanol hidratado, que pode ser adquirido direto na bomba dos postos. Na safra 2016/2017, iniciada em abril, as vendas totais de etanol para o mercado interno recuaram cerca de 5%. No entanto, isto também representa uma mudança de estratégia das usinas do setor. Tanto que, ao produtor, os preços do hidratado têm se sustentado nas últimas semanas, ora por avanço do açúcar e redução na oferta do biocombustível, ora por formação de estoques da indústria, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Alternativas No caso do etanol, Andrioli ressalta que o dólar valorizado desde o ano passado levou usineiros à realização de contratos de exportação. Além disso, a Califórnia voltou a adotar o Programa Padrão de Combustível de Baixo Carbono (LCFS, na sigla em inglês), que premia as usinas que fornecem o produto com menos emissões de gases do efeito estufa. "Não quero dizer que compensa a atuação do mercado interno, mas ajuda [o usineiro]", diz o especialista. Já para o biodiesel, a saída é o consumo voluntário, além dos 7% da mistura no diesel, autorizado pela ANP em junho para frotas rodoviárias, transporte ferroviário, máquinas agrícolas e industriais. "Temos capacidade de matéria-prima [soja] para avançar", lembra o executivo da Ubrabio. 22/07/2016 - Fonte: DCI 1