FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA CLORANFENICOL Sinónimos: Levomicetina. Fórmula Molecular: C11H12Cl2N2O5 Peso Molecular: 323,13 Descrição: Antibiótico bacteriostático do grupo dos anfenicóis. Dados Físico-Químicos: Pó fino cristalino branco, branco acinzentado, ou cristais finos, agulhas ou placas alongadas. Pouco solúvel em água, facilmente solúvel em etanol a 96% e propilenoglicol. Ponto de fusão: 150,5 – 151,5 °C. Rotação óptica: +18,6º (c=4,86, etanol, 27ºC). Rotação óptica: -25,5º (acetato de etilo, 25ºC). Absorção UV máx.: 278 nm. Propriedades e usos: É facilmente absorvido por via oral, alcançando-se uma concentração sanguínea de 10 µg/ml ou mais aproximadamente em 1 ou 2 horas após uma dose única de 1 g por via oral. De igual modo se descreveram concentrações plasmáticas de quase 18,5 µg/ml após doses múltiplas de 1 g. O cloranfenicol distribui-se abundantemente nos tecidos e líquidos corporais; entra no LCR, onde se alcançam concentrações de aproximadamente 50% das existentes no sangue, inclusive na ausência de meninges inflamadas; atravessa a barreira placentária e passa à circulação fetal, ao leite materno e aos humores aquoso e vítreo dos olhos. Aproximadamente 60% do fármaco circulante unem-se às proteínas plasmáticas. A vida média do cloranfenicol oscila entre 1,5 e 4 horas. A vida média prolonga-se no caso de doentes com doença hepática grave e nos recém-nascidos. O cloranfenicol é sobretudo excretado pela urina, mas só de 5 a 10% de uma dose oral é que aparecem inalterados; o resto é inactivado no fígado, na sua maior parte por conjugação com ácido glucurónico. Cerca de 3% são excretados pela bílis e 1% através das fezes. Actua por interferência da síntese proteica bacteriana. Apresenta uma acção especialmente acentuada sobre bactérias Gram negativas aeróbicas e anaeróbicas e sobre Gram+ aeróbicos, particularmente Salmonella thyphi, Haemophilus influenzae, e Bordatella pertussis. Também é activo contra espiroquetas, rickettsias, clamídias e micoplasmas. A possibilidade do aparecimento de reacções adversas graves devidas ao cloranfenicol como a aplasia medular, limitou os seus usos clínicos, embora ainda seja frequentemente utilizado em muitos países, tendo que ser efectuados regularmente controlos sanguíneos durante o tratamento. Utiliza-se no tratamento de patologias muito diversas, embora normalmente hoje em dia seja um antibiótico de segunda eleição: -Meningite e epiglotite por Haemophlus influenzae. FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA -Abcesso cerebral ou subdiafragmático por Bacteroides fragilis. -Infecções por rickettsias como tifo endémico, febre maculosa, etc. -Outras infecções como antraz, gastroenterites graves (incluindo as enterites por Salmonella ou Yersinia), gangrena gasosa, infecções sistémicas graves por Campylobacter fetus, erlichiose, granuloma inguinal, listeriose, melioidose grave, peste, psitacose, febre Q, tularémia e doença de Whipple. Também é utilizado em casos de infecções oculares, sendo aplicado localmente em forma de colírios e pomadas oftálmicas, e topicamente em forma de unguentos, pomadas, ou soluções. Por via rectal é irritante e a sua absorção é irregular. Dosagem: -Por via tópica em pomadas e unguentos a 1% ou em soluções a 0,5 %. -Por via oftálmica em colírios a 0,5 % ou em pomadas a 1 %. -Por via oral, em adultos e crianças com idades superiores a 2 semanas: dose usual de 50 mg/kg/dia, administrada a cada 6 h. Podem-se administrar até 100 mg/kg/dia em caso de meningite ou em infecções graves causadas por micro-organismos moderadamente resistentes, embora se devam reduzir logo que possível. Quando não há alternativa à utilização de cloranfenicol, para os prematuros e recém-nascidos com menos de 2 semanas a dose é de 25 mg/kg/dia, divididos por quatro tomadas. Para a insuficiência renal aconselha-se a redução das doses para metade, quando se administra por via parenteral. Dado que a vida média plasmática do cloranfenicol aumenta consideravelmente em doentes com insuficiência renal e hepática conjunta, dever-se-á ajustar a dose. Efeitos secundários: Pode dar lugar a efeitos graves e até mesmo mortais, tais como leucopenia, agranulocitose, anemia aplástica, trombopenia e aplasia medular. Por vezes podem ser provocados acidentes do tipo nervoso, com delírio, confusão mental, alucinações, etc. Em terapias de longa duração podem ocorrer nevrites com cegueira, embora não sejam frequentes A nível dérmico foram observados acidentes sobretudo em grávidas, doentes desnutridos e pessoas tratadas conjuntamente com corticosteróides e citostáticos. Muito raramente ocorre sensibilização alérgica. Cuidados: Deve ser utilizado com cuidado em mulheres gestantes, dado que o cloranfenicol atravessa a barreira placentária aparecendo no leite materno, de forma que é potencialmente tóxico para o feto ou o lactente. Interacções: Deve-se evitar a sua associação a activos leucopenizantes tais como sulfamidas, sais de ouro, anti-inflamatórios, pirazolonas, FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA paracetamol e barbitúricos. O cloranfenicol pode potenciar a acção e/ou toxicidade dos anticoagulantes orais (acenocumarol), antidiabéticos (clorpropamida, tolbutamida), antiepilépticos como a fenitoína e ciclosporina. Pode reduzir o metabolismo de tacrolimus e ciclofosfamida à sua forma activa. O cloranfenicol e a cimetidina potenciam mutuamente a toxicidade. A administração de cloranfenicol juntamente com fenobarbital ou rifampicina inibe o efeito do primeiro e aumenta a toxicidade do segundo. Podem surgir resistências cruzadas com lincomicina, ciclofosfamida e penicilinas, diminuindo portanto a sua acção. O paracetamol aumenta a acção e/ou toxicidade do cloranfenicol. O cloranfenicol pode diminuir o efeito do ferro e da vitamina B12 e interferir com a acção dos contraceptivos orais. Incompatibilidades: Ácido ascórbico, carbenicilina, eritromicina, hidroxicina, meticilina, metoclopramida, derivados fenotiazínicos (como clorpromazina, proclorperazina e prometazina), fenitoína de sódio, polimixina B, várias tetraciclinas, vancomicina e o complexo vitamínico B. Conservação: Em embalagens bem fechadas. PROTEGER DA LUZ. Exemplos de formulação: Loção tópica para infecções dermatológicas Cloranfenicol ............................................................. 2 g Loção de calamina................................................. 200 g Bioenxofre................................................................... 4 g Ácido trans-retinóico.............................................. 0,05 g Cânfora....................................................................... 1 g Acetonido de triamcinolona...................................... 0,2 g Resorcina.................................................................... 5 g Modus operandi: Dissolver todos os componentes da fórmula, excepto a loção de calamina, num pouco de álcool. Adicionar esta mistura à loção de calamina juntamente com 0,05% de Acetato de vitamina E e agitar. Cápsulas de cloranfenicol e mucolíticos Cloranfenicol ……………………….………………. 300 mg Carbocisteína ………………………………………. 200 mg para 1 cápsula nº 50 Cloranfenicol ……………………….………………. 300 mg Dextrometorfano …………..……………………..…. 30 mg para 1 cápsula nº 50 FICHAS DE INFORMAÇÃO TÉCNICA Modus operandi: Ver o volume que os pós ocupam e comparar com a tabela de volumes para saber o número de cápsula a utilizar. Bibliografia: - Martindale, Guía completa de consulta farmacoterapéutica, 1ª ed. (2003). - The Merck Index, 13ª ed. (2001). - Monografías Farmacéuticas, C.O.F. de Alicante (1998). - Formulario básico de medicamentos magistrales, M. ª José Llopis Clavijo e Vicent Baixauli Comes (2007).