ANGELICA DA SILVA ANGELITA CORREA SOARES ARIANE BRUSAMARELLO CAMILA POFFO LORAINE MELISSA DAL-RI NADIA TIEPO NIZA VANESSA SILVEIRA RELATÓRIO: VER-SUS: Vivência e Estágios na Realidade do Sistema Único de Sáude BALNEÁRIO CAMBORIÚ 2015 1 INTRODUÇÃO A territorialização em saúde se coloca como uma metodologia capaz de operar mudanças no modelo desenhando novas assistencial e nas práticas sanitárias vigentes, configurações loco-regional, baseando-se no reconhecimento e esquadrinhamento do território segundo a lógica das relações entre ambiente, condições de vida, situação de saúde e acesso às ações e serviços de saúde (TEIXEIRA,1998) É importante salientar que a saúde publica é vista em vários países do mundo de forma diferente, isso que a faz uma pratica social de saúde que visa intervir nos problemas de saúde considerados como legítimos por uma certa sociedade e época.A história das representações de saúde e doença foram sempre pautadas pela inter-relação entre os seres humanos e o ambiente que os cercam. Atualmente, considerando a importância adquirida pelos projetos de reforma sanitária, através do movimento popular, buscou-se polarizar em várias dimensões da vida social (família, escola, comunidade) e individual (cuidados com o corpo, desenvolvimento de hábitos saudáveis), a discussão sobre as dimensões individuais e coletivas da saúde/doença torna-se oportuna e de extrema importância para a busca do bem estar biopsicossocial da população. Sendo assim, ao se tratar das questões percorrendo historicamente a Saúde Pública no Brasil, o presente estágio e vivência realizados pelo projeto VER-SUS nos proporcionou uma visão mais amplificada e multidisciplinar do Sistema Único de Saúde, no qual podemos vivenciar e observar a realidade do cotidiano de trabalho das organizações e serviços de saúde pública. 2. APRESENTAÇÃO O período de imersão realizado pelo projeto VER SUS foram de 7 dias de atividades para a integração da equipe no qual foram realizados atividades tais como debates e dinâmicas com temas relacionados a história e a realidade do sistema SUS. Foram três dias de formação e três dias de vivências, a equipe se dividiu formando vários grupos para fazer as vivencias em diferentes localidades que estão relacionados ao Sistema Único de Saúde, incluindo ONGs e associações. Para a divisão dos grupos, cada facilitador ficou responsável por um grupo, nosso grupo foi composto por 7 integrantes, de diferentes cursos da área da saúde (fonoaudiologia, psicologia, farmácia, odontologia,medicina), visando a integração e a troca de experiências de cada integrante.Neste primeiro contato com o grupo, tivemos o conhecimento dos lugares no qual iríamos visitar. 1º DIA DE VIVÊNCIA: UBS - Bairro Murta - ITAJAÍ, SC No primeiro dia da vivência visitamos UBS (Unidade Básica de Saúde – Atenção primária) Murta localizada na cidade de Itajaí que possui 49 equipes de ESF. Fomos recebidas pela enfermeira da ESF (Estratégia da Saúde e da Família) na sala onde ela realiza o acolhimento. São beneficiados pelo programa mais médicos e possuem 2 ESF (equipe 23ª e 40ª). A 23ª ESF é composta por 1 médico, 1 enfermeiras e 2 técnicas em enfermagem. Possuem aproximadamente 7000 habitantes contemplados pela unidade, que é dividida em micro áreas com perfil populacional não homogêneo. São pessoas com poder aquisitivo mais alto e também outras com baixas condições socioeconômicas que caracterizam maior quantidade de gestantes e crianças. Também tem regiões onde há maior concentração de idosos, pessoas oriundas de outras cidades e casais jovens adultos. Alguns deles não utilizam a UBS/ESF visto que possuem convênios de saúde privados/particulares. Há uma região de alta vulnerabilidade denominada área de invasão (Vila da Miséria), onde os moradores se apropriam de terras próximas ao rio. A região é assistida pela ONG da empresa Politerminals, visto que possui um terminal da região e consequentemente emprega boa parte da população. A ONG disponibiliza no contraturno escolar, com atividades físicas, educativas e sociais para crianças de 6 a 14 anos. A UBS realiza diversos serviços à população, atividades de educação em saúde ocorrem todas as 2ª terças-feiras do mês, onde os participantes escolhem os temas a serem abordados. Realizam reuniões preventivas de promoção a saúde em alguns dias no mês, focando em determinados públicos-alvo. O bairro da Murta enfrenta diversos problemas relacionados adicção a químicos/etílicos e violência. Tendo em vista a periodicidade de casos, as reclamações/encaminhamentos para a assistência social é frequente, entretanto tais encaminhamentos não são devidamente solucionados. Dessa forma, a atuação da UBS é limitada e encontra falhas derivada de um sistema que não é intrínseco a seu serviço. 1º DIA DE VIVÊNCIA: CCI - Centro de Convivência dos Idosos A tarde fomos visitar o Centro de Convivência dos idosos em Itajaí, atualmente o centro conta com 248 matriculados que frequentam duas vezes por semana, O Centro de Convivência do Idoso (CCI) Hermógenes Marcelino Mendes fica localizado na Rua Carolina Vailati, ao lado do Centro Médico de Referência Affonso Celso Liberato, no bairro São Judas em Itajaí. A Equipe conta com 20 pessoas sendo: uma educadora pedagógica (alfabetizadora), auxiliares (zelador/cozinheiro/jardineiro), nutricionista (terceirizada), parceria com fundação municipal de esporte (educadores físicos) As ações realizadas no centro são: oficinas de Crochê, Bordado, Fuxico, Pinturas em Tecido, Alfabetização, além de atividades físicas e recreativas, com jogos diversos: Canastra, Dominó, Bocha, Bingos, dança passeios entre outros. 2º DIA DE VIVÊNCIA: Associação do Câncer - AMOR PRÓPRIO No segundo dia no período matutino realizamos nossa terceira vivência na associação do câncer Amor Próprio em Itajaí. Ela visa acolher, compreender e apoiar o usuário e a família e suas necessidades relacionadas à patologia, valorizando a recuperação e proteção da saúde, bem como prestar serviços assistenciais em todo processo de reabilitação da pessoa com câncer de mama e/ou útero. Atende a toda a região da AMFRI (Itajaí, Balneário Piçarras, Bombinhas, Camboriú, Ilhota, Itapema, Luíz Alves, Navegantes, Penha e Porto Belo). A ONG conta com duas psicólogas (voluntárias), uma assistente social (remunerada), uma secretária (remunerada), também tem parceira com o Núcleo de Fisioterapia da UNIVALI e o apoio de outros profissionais voluntários nas áreas de Biodança, Reiki e Do-ing. Pudemos participar de uma aula de Biodança com a professora Lurdes, voluntária há um ano. Esta dança procura conectar, recuperar o movimento da vida e potencializar a sua essência. Segundo Lurdes, devemos “superviver” e não “sobreviver”. Foi a primeira associação a implantar a campanha do Outubro Rosa em Itajaí no de 2010. Nesta época ocorrem carreatas e caminhadas de conscientização, além da organização da produção de camisetas para venda. Com o valor arrecadado pagam as despesas, exceto o aluguel e a luz que são conveniados com a prefeitura. De acordo com relato da assistente social Fernanda, o autoexame acaba mascarando a doença, pois quando o nódulo é palpável, o câncer já está muito avançado. Filiada ao FEMAMA, a ONG conta com um projeto que defende a igualdade no tratamento da doença com todos os recursos necessários, uma vez que existe certa resistência da ANVISA quanto à aprovação dos medicamentos usados no tratamento do câncer metastático e também colocaram a importância da petição para que a ANVISA reconheça o tratamento. Ressaltaram que por lei, qualquer diagnóstico de câncer deve iniciar tratamento em 60 dias. A voluntária Odete que entrou na ONG há quinze anos, quando foi diagnosticada com câncer, atualmente produz próteses de tecido e painço (sementes) para doação às mulheres que necessitam, já que o SUS não disponibiliza próteses de silicone externa a todas, e também para as que não se adaptam a prótese de silicone. A assistente social relatou também ter participado do VER-SUS e acredita muito na integralidade e na humanização dentro do SUS, frizou bastante a importância da opção por trabalhar na Saúde Pública e não na privada. 2º DIA DE VIVÊNCIA: Pequenos Doutores- ITAJAí Hoje mais um dia diferente, cheio de descobertas e muita aprendizagem, dia dos “pequenos doutores” entrarem em ação e nos ensinar um pouco sobre o seu papel para promoção a saúde. Dentro da Universidade do Vale do Itajaí/UNIVALI, conhecemos uma outra realidade de intervenção que visa a promoção a saúde, com animais que desempenham papéis de facilitadores em terapias junto com os fisioterapeutas, fonoaudiólogos, dentre outros profissionais. A presença dos animais nas terapias tem como objetivo facilitar o processo terapêutico tanto nas atividades realizadas quanto na relação e fortalecimento do vínculo entre especialista e paciente, um projeto que surgiu em 2012, sendo uma ONG sem fins lucrativos, tendo atualmente três biólogos responsáveis, dividindo-se em três tipos de modalidades de atividade: 1º - Atividade Assistida: tem o objetivo de seguir um ritmo mais lúdico, sem efeitos terapêuticos. Atualmente este tipo de serviço é prestado em um asilo uma vez no mês. 2º - Terapia Assistida: tem um foco mais terapêutico, realizado uma vez por semana com o mesmo paciente, sendo esse serviço solicitado pelo especialista (ex.: fonoaudiólogo, fisioterapeuta, etc.). Neste contexto a função do cão é facilitar o processo terapêutico e em alguns casos fortalecer o vínculo entre a criança e o terapeuta. 3º - Educação Assistida: se caracteriza por atividades nas escolas com o objetivo de facilitar o processo de inclusão do aluno, orientando na organização do tempo para realizar as tarefas solicitadas pelos professores, processo de socialização, como também o processo de ensino através de jogos lúdicos envolvendo a criança e o cão. Obs.: Sempre lembrando que o papel do cão é o de facilitador em todos os processos. Atualmente também o Grupo dos Pequenos Doutores trabalham com promoção a saúde através de palestras, usando o cão como estratégia para articular e orientar sobre temas como vacinas, planejamento familiar, entre outros. A forma de abordagem, pegando como exemplo o planejamento familiar, busca trabalhar sobre o processo e o porquê da castração do cão, alterando posteriormente para o planejamento familiar, os métodos contraceptivos e assim em diante. Os cães utilizados para esse tipo de serviço são avaliados por um adestrador, seguindo de uma rotina de acompanhamento veterinário de três em três meses, tratamento anti-pulga todo mês e banhos anteriormente ao atendimento, visando a higiene e a qualidade do serviço prestado. Ressaltando que a ONG tem um alto custo para a manutenção sendo que não há financiamento público ou privado, contando com a colaboração de seus próprios participante. CONCLUSÃO A conquista real de um objetivo se inicia quando todos temos a capacidade de pensar e sonhar juntos. A partir desse sonho, começamos a trabalhar e investir em tudo que dispúnhamos na construção do ideal. Em cada rosto, esforço, persistência e uma grande vontade de lançar-se ao futuro. Nos sete dias de vivência, vieram novas amizades e novas experiências que nos proporcionou uma visão mais abrangente e um novo olhar sobre o Sistema Único de Saúde. Chega o momento de alcançarmos a vitória maior e é aí que descobrimos o quanto ainda somos pequenos e temos muito ainda que aprender, pois cada experiência vivenciada neste projeto abriu uma porta para a construção de um novo sonho, o sonho de fazer parte do SUS. Para concluir quero aqui agradecer a toda comissão organizadora, facilitadores e viventes por todo esforço e dedicação de cada um. Todos os momentos que compartilhamos permanecerão para sempre em cada um de nós. “Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir, tenho muito pra contar, dizer que aprendi... Ver na vida algum motivo pra sonhar, ter um sonho todo azul, azul da cor do mar.” (Tim Maia) REFERENCIAS TEIXEIRA C. F.; PAIM J. S.; VILLASBÔAS A. L. SUS, modelos assistenciais e vigilância da saúde. Inf Epidemiol SUS, 7:7-28, 1998.