sobre comportamento e cogniçào: transtornos de ansiedade

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SOBRE COMPORTAMENTO E COGNIÇÃO:
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Adgmar Pereira Pessoa1
Silberto Lourenço Ribeiro2
RESUMO
A coleção Sobre Comportamento e Cognição é uma obra organizada em volumes
independentes e complementares entre si e reúne trabalhos de profissionais em Psicologia
Cognitivo-Comportamental, Análise do Comportamento, Psiquiatria e Medicina
Comportamental do Brasil. O presente artigo tem como objetivo: Fazer um levantamento de
todos os capítulos da coleção que fazem referência ao tema “ansiedade” do 1º ao 20º volumes.
Método: A coleta de dados procedeu a partir da separação dos capítulos relativos aos
transtornos de ansiedade. Para proceder à análise, os capítulos foram classificados em duas
categorias, NBD – Não baseado em dados e BD – Baseado em dados. A classificação
permitiu identificar os capítulos em subdivisões (1) conceitual, teórico, desenvolvimento de
método de intervenção e (2) estudos de casos clínicos e populacional. Optou-se por apresentar
os capítulos classificados como BD em sua subdivisão: casos clínicos e estudo populacional.
A construção de um banco de dados contendo todos os capítulos sobre transtorno de
ansiedade permitiu identificar os casos clínicos e os estudos populacionais presentes na
coleção. Os estudos apontam ainda o autor de maior número de publicações; tipos de
transtornos mais freqüentes nos capítulos BD; distribuição dos capítulos por volume e o ano
que ocorreu maior número de publicações sobre ansiedade na coletânea. Resultados: Os
resultados apontaram um declínio no índice de publicação de estudos realizados nessa área,
nos últimos anos e carência de dados nos capítulos Baseado em dados.
Palavras-Chave: Ansiedade; Transtornos da Ansiedade; Terapia cognitivo-comportamental.
1
Artigo apresentado pela graduanda do curso de Psicologia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE –
Gov. Valadares/MG sob orientação do professor Marco Antônio Amaral Chequer.
2
Artigo apresentado pelo graduando do curso de Psicologia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE –
Gov. Valadares/MG sob orientação do professor Marco Antônio Amaral Chequer.
1
INTRODUÇÃO
A ansiedade já é conhecida pela espécie humana de longa data, porém, somente na
modernidade adquire o status epidêmico, despertando a atenção de centros de saúde pública
de todo o mundo. Os transtornos ansiosos vêm gerando cada vez mais interesse em
pesquisadores do mundo todo, pois tem aumentado a ocorrência notadamente deste tipo de
patologia (ANGELOTTI e FORTES, 2006).
De acordo com Torres (2001), ainda nos deparamos com algo que parece ter
permanecido inalterado na vida do ser humano: o papel que as emoções assumem em nosso
cotidiano. A ansiedade, dentre todas elas, apresenta-se de grande relevância:
... (procurei) determinar uma finalidade nas ações humanas que fosse por todos os
homens, unanimemente, considerada boa e que fosse por todos eles procurada.
Encontrei apenas isso: o objetivo de escapar da ansiedade. Não apenas descobri que
toda a humanidade considera isso bom e desejável, mas também que ninguém é
movido a agir ou a dizer uma única palavra sem que espere, por meio dessa ação ou
palavra, banir a ansiedade do seu espírito (HAZM, 1956 citado por TORRES, 2001,
P. 228).
A vida moderna tem propiciado muitas situações complexas, tendo resultado
dificuldade nos indivíduos em manter a serenidade e esperar pelos acontecimentos
naturalmente na vida. Ao contrário, tendemos a antecipá-los, a nos preocuparmos
demasiadamente com eles e – em um grau já psicopatológico – temê-los.
Os transtornos de ansiedade acontecem cada vez mais freqüentes na população e
revelam sintomas que podem ser classificados como disfuncionais para a manutenção da
tranqüilidade na rotina do paciente. O sofrimento se estende à família, que muitas vezes não
dispõe de informações para compreender a patologia.
Angelotti e Fortes (2006) afirmam que as primeiras definições do conceito de
ansiedade surgiram por volta de 1869 quando Beard utilizou para descrever pacientes com
sintomas leves de ansiedade e depressão o termo “neurastenia”, denominação que serviu
também para incluir de maneira ampla os que sofriam de histeria, obsessões, hipocondria e
ansiedade.
...a ansiedade é um nome usualmente dado à condição resultante da presença de um
estímulo que precede tipicamente um estímulo aversivo, com um intervalo de
tempo suficiente para que se observem mudanças comportamentais: fortes,
respostas emocionais, elas próprias aversivas, respostas do sistema nervoso
2
autônomo, comportamento de esquiva, interferência com o comportamento
operante (SKINNER, 1953 citado por SILVA, 1997, p. 92).
Para Leite (2001, p.164), “a ansiedade é um estado de corpo característico das
situações onde a pessoa não tem uma resposta de fuga-esquiva adequada para cessar a
ocorrência de uma dada estimulação aversiva”.
A ansiedade é caracterizada por Salles e Lõhr (2005) como reações complexas do
organismo a eventos ambientais específicos. Ela surge quando a pessoa está diante da possível
ocorrência de eventos perigosos ao sujeito. Para Silva (1997) ansiedade é uma palavra que
descreve um evento privado, e como tal se originou em nosso repertório verbal por via de uma
das formas pelas quais aprendemos a descrever nosso mundo interno.
A ansiedade, como afirma Shinohara (1997) consiste em um complicado padrão de
respostas cognitivas, afetivas, fisiológicas e comportamentais, evolutivamente desenvolvidas
para nossa proteção. Os comportamentos podem ser para mobilização de defesa ou fuga
podendo ocorrer inibição de qualquer movimento de risco. As respostas fisiológicas de
ativação autonômica preparam o indivíduo para fugir ou lutar. Subjetivamente, ocorre
apreensão e medo. No nível cognitivo envolvem sintomas senso-perceptuais (hipervigilância,
consciência auto-focada), dificuldades de pensamento (baixa-concentração, bloqueio e
dificuldade para raciocinar) e sintomas conceituais (distorções cognitivas, ativação de crenças
relacionadas com medo, imagens ameaçadoras e aumento na freqüência de pensamentos
automáticos).
A palavra ansiedade etimologicamente deriva do grego e traz idéia de constrição.
No Houaiss encontram-se várias definições que dão pistas sobre as sensaçõe que
permeiam o quadro:
1. grande mal estar físico e psíquico, aflição, agonia;
2. desejo veemente e impaciente;
3. falta de tranqüilidade;
4. PSICOP estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum perigo
que se revela indeterminado e impreciso e diante do qual o indivíduo se julga indefeso
(ANGELLOTI E FORTES 2006).
Peres (2001) afirma que os indivíduos vivenciam ansiedade porque suas crenças a
respeito de si mesmo e do mundo tornam-nos propensos a interpretar uma grande variedade
de situações como ameaçadoras. De acordo com o autor os pensamentos que influenciam a
3
ansiedade podem incluir distorções cognitivas como catástrofe, generalização excessiva e
ignorar o positivo.
As crenças centrais do ansioso são principalmente relacionadas ao medo que a
pessoa tem de se ferir ou atacar. A maioria dessas crenças é questão de aceitação,
competência, responsabilidade, controle e dos sintomas de ansiedade em si. Contudo, o autor
ressalta que a ansiedade tem a função valiosa de ajudar as pessoas a se protegerem ou
escaparem de situações perigosas e que, portanto, não é um inimigo, pelo contrário pode ser
útil na vivência dos indivíduos. Leite (2001) concorda que a ansiedade moderada pode ajudar
com fatores motivacionais, mobilizando o indivíduo e melhorando seu desempenho.
De acordo com Falcone (1997) um transtorno de ansiedade depende da presença
das vulnerabilidades biológicas e psicológicas, além de um acontecimento estressante, que
funciona como um estímulo desencadeador do transtorno. “Indivíduos com transtorno de
ansiedade estão constantemente apreensivos com relação a algo terrível que vai acontecer”
(FALCONE,1997, p.100).
Segundo Savoia (2001) o transtorno de ansiedade social patológico pode ser
caracterizado como uma resposta de ansiedade intensa a estímulos sociais percebidos como
aversivos.
Santos (2000) argumenta que a ansiedade pode ser considerada normal ou
patológica levando em consideração quatro aspectos: Intensidade; Duração; Interferência e
Freqüência com a qual ocorrem os sintomas em estados emocionais como medo, expectativa,
ira, entre outros e ainda nas reações físicas sentidas pelas pessoas como sudorese, taquicardia,
tremores, calafrios, etc.
Entretanto, Silva (1997) afirma que todas as manifestações fisiológicas ativadas
pela avaliação de perigo desaparecem quando ocorre um falso alarme, ou seja, quando após
uma reavaliação, o organismo percebe que o perigo não existe realmente. O objetivo da
Terapia Cognitiva é desligar o alarme falso que é acionado causando ansiedade no sujeito,
porém, manter o alarme real, que o protege de situações de perigo (PERES, 2001).
Angelotti e Fortes (2006) afirmam que transtornos ansiosos aparecem de forma
quase imperceptível dificultando a identificação do limiar entre o normal e o patológico.
Segundo os autores o ambiente pode dar dicas de que algo vai mal: a família percebe algo
diferente, o trabalho não flui tão bem, alterações do sono, movimentos corporais cadenciais e
sistemáticos aparecem, aceleração verbal observada por amigos em conversas cotidianas,
entre
outros.
A
vulnerabilidade
psicológica
corresponde
a
uma
percepção
de
incontrolabilidade e imprevisibilidade em relação ao mundo quando ocorre o surgimento de
4
acontecimentos estressantes da vida, os quais funcionam como estímulo disparador que
conduz a um transtorno de ansiedade.
Do ponto de vista da análise do comportamento para entender a ansiedade é
preciso compreender aspectos centrais da abordagem, como por exemplo, a análise funcional
– possibilidade de se descrever quais as variáveis que estão controlando o comportamento que possibilita ao analista do comportamento identificar quais os estímulos que determinam a
emissão de determinado comportamento e quais conseqüências o mantêm, além de identificar
quais contingências estão operando um comportamento e ainda inferir quais que operaram no
passado. De posse destas informações torna-se possível propor novas relações de
contingências que alterem os padrões de comportamento dos indivíduos. (SANTOS, 2000).
Estudar a origem, manifestações e manutenção da ansiedade é de grande
relevância, uma vez que a melhor compreensão destas condições permite ampliar as
possibilidades de intervenções com o objetivo de torná-la uma aliada para o homem,
diminuindo os prejuízos que os sujeitos possam sofrer pela sua manifestação excessiva, ou
seja, mantendo-a no nível de respostas adaptativas, evitando que se torne tão intensa ou tão
freqüente que comprometa a qualidade de vida dos indivíduos por ela acometidos.
O objetivo do presente trabalho é analisar dados dos capítulos publicados na
coletânea “Sobre Comportamento e Cognição” relativos à temática sobre ansiedade.
MÉTODO
Fonte das informações:
Todos os capítulos publicados na coleção “Sobre Comportamento e Cognição”,
no período de 1997 a 2007, no total de 20 volumes. A coleção é produto das apresentações
realizadas nos encontros anuais da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina
Comportamental – ABPMC.
Procedimento:
A classificação dos transtornos de ansiedade foi elaborada conforme descrição do
DSM-IV (2000), a seguir: transtornos de pânico com agorafobia; transtornos de pânico sem
agorafobia; transtorno obsessivo-compulsivo (TOC); transtorno de estresse pós-compulsivo;
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); transtorno de ansiedade generalizada;
5
transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral; transtorno de ansiedade
induzida por substância; transtorno de ansiedade não especificado; agorafobia sem história de
transtorno de pânico; fobia específica; fobia social. Foram selecionados os capítulos da
coleção, sejam teóricos ou aplicados, relacionados à temática sobre “ansiedade”.
Primeiro momento foi realizado um levantamento dos capítulos da coletânea
relacionado ao ano de publicação; distribuição por volume; autor com maior número de
publicações.
Os capítulos foram classificados em duas categorias, baseado em dados e não
baseado em dados, tendo subcategorias, conforme descrito abaixo:
Não baseado em dados (NBD)
●Subcategoria: Conceitual - Capítulos que discutem ou definem conceitualmente
aspectos de conceitos ligados à temática da “ansiedade”.
●Subcategoria: Teórico - Capítulos que discutem algum tema relacionado à teoria
tanto comportamental quanto temas ligados a outras abordagens. Inclui também capítulos que
discutem assuntos ligados a aplicação da psicologia, à sociedade, clínica.
●Subcategoria: Desenvolvimento de método de intervenção → Capítulos que
mostram estratégias e apresentam propostas de tratamentos / modelos de ações e intervenções,
bem como lidar com doenças e apresentam propostas de atendimentos em clínicas, hospitais,
escolas, orientações a famílias.
Baseado em dados (BD)
●Subcategoria: Apresentação de casos clínicos → Capítulos que apresentam a
transcrição de atendimentos, e/ou analisam casos clínicos mesmo não apresentando o relato
literal do cliente. Capítulos também que analisa patologias, experiências na clínica,
instituições bem como análise de livros, músicas e filmes.
Subcategoria: Estudo populacional - Capítulos que apresentam análises baseadas
em dados coletados empiricamente (observação, experimento, questionário, planilha,
filmagem, gravação de playbacks) e apresentem resultados.
Uma análise, mais detalhada, procedeu em relação aos capítulos classificados
como Baseados em Dados, tendo as informações sobre o público estudado separados em
relação ao sexo; idade; estado civil; escolaridade; duração do tratamento; uso de medicação;
diagnóstico e tipo de intervenção psicológica.
6
RESULTADOS
A coleção “Sobre Comportamento e Cognição” apresenta um total de 20 volumes,
compostos de 54 capítulos sobre o tema ansiedade. Com relação à autoria, os 54 capítulos
foram produzidos por 69 autores diferentes. Destacam-se autores cujos nomes se repetem
devido à colaboração em outros capitulos. Do total de 54 capitulos: 31 são Não Baseados em
Dados e 23 são baseados em dados, discriminados em subcategorias.
Como se pode observar na figura 1 que no ano de lançamento da Coleção Sobre
Comportamento e Cognição, em 1997, aparece 5 capítulos relacionados à ansiedade. O que se
confirma nos anos seguintes atingindo em 2001 seu maior número de publicações, num total
de 13 capítulos. Entretanto, observando os anos posteriores, ocorre manutenção da quantidade
de publicações até o ano de 2004. A partir dessa data observa-se declínio expressivo do
número de capítulos publicados até o ano de 2007.
Comparando o ápice que gira em torno de 25 % dos textos no ano de 2001 e o total
atual de publicações no ano de 2007 com apenas 5% percebe-se uma queda em torno 80% do
total de capitulos publicados.
Figura 1: Distribuição dos artigos por ano de
publicação
15
13
10
10
5
8
6
5
3
2
4
3
0
1997
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Na figura 2, aparece a distribuição dos capítulos nos seis volumes de maior
publicação. Como se pode ver, o volume 12 foi o mais expressivo. Os títulos dos capítulos
são: Volume 3, “A aplicação da análise do comportamento e da terapia cognitivocomportamental no hospital geral e nos transtornos psiquiátricos”; volume 6,
“Questionando e ampliando a teoria e as intervenções clínicas em outros contextos”;
volume 8, “Expondo a variabilidade”; volume 9, “Contribuições para a construção da
7
teoria do comportamento”; volume 12 “Clinicas, pesquisa e aplicação”; volume 13,
“Contingências e metacontigências: contextos sócio-verbais e o comportamento do
terapeuta”.
Figura 2: Distribuição dos capítulos por volume
10
9
9
8
7
6
5
5
5
5
5
4
4
3
2
1
0
.
volume 3
volume 6
volume 8
volume 9
volume 12
volume 13
Dos 54 capítulos selecionados, a distribuição e o percentual de publicação,
conforme as composições da autoria são ilustradas na figura 3. Verifica-se que a maior
parte dos capítulos foi publicada por autores diversos (72%) e tendo quatro autores com
maior número de publicações (28%) de um total de 54 capítulos classificados.
Figura 3: Distribuição percentual dos capítulos por
autoria
7%
7%
7%
7%
72%
Helene de O. Shinohara
Makilim N. Baptista
Diversos autores
Nione Torres
Sandra L. Calais
De acordo com a tabela 1, 31 capítulos estão classificados como NBD
subdivididos em Teóricos: 22 capítulos Conceitual: 04 capítulos; Método de intervenção:
05 capítulos. Os capítulos classificados como BD somam um total de 23, subdivididos em
Casos clínicos: 14; Estudo populacional: 09.
8
Tabela 1: Classificação dos capítulos analisados
Descrição das categorias para classificação dos 54 capítulos
Não baseado em dados (NBD)
22 capítulos teóricos
4 capítulos métodos de intervenção
5 capítulos conceitual
14 capítulos de casos clínicos
09 capítulos estudos populacional
Baseado em dados (BD)
Para a categoria BD (n=23), conforme a figura 4, foi analisada a distribuição
dos tipos de transtornos de ansiedade abordados pelos autores. Verifica-se que o transtorno
do pânico tem destaque com 29% (n=7), seguido do transtorno de ansiedade generalizada
com22% (n=5) e do transtorno obsessivo-compulsivo com 22% (n=5); transtornos de fobia
social com 09% (n=2); fobia especifica 09% (n=2); estresse pós-traumático 09% (n=2).
Figura 4: Relação dos transtornos nos capítulos
Baseado em Dados
8
6
4
2
0
7
5
5
2
2
2
Transtorno do pânico com ou sem agorafobia
Transtorno Obsessivo-com pulsivo
transtorno de ansiedade generalizada
Transtorno e estresse pós traumatico
Fobia especifica
fobia Social
Em relação aos capítulos BD, foi analisado cada um deles, conforme descrição do
quadro 1.
Observa-se que o nível de escolaridade dos pacientes submetidos a tratamentos,
em sua maioria com nível superior, demonstra a presença de transtornos ansiosos em todos os
níveis sociais, acometendo indivíduos independentemente do nível cultural.
A quantidade de crianças atendidas foram 02 (duas), o que demonstra pouca
publicação de relatos de ansiedade na infância. Com idosos, apenas um atendimento foi
publicado.
Em relação à idade, na faixa que compreende 20 e 30 anos de idade aparecem 05
atendimentos. Houve predominância da faixa de idade entre os 30 e 45 anos de idade, com o
total de 06 atendimentos. A faixa etária mais atingida pelos transtornos de ansiedade, de
acordo com atendimentos relatados na coleção Sobre Comportamento e Cognição,
9
compreende a idade adulta, faixa etária que corresponde, de acordo com a Teoria do
Desenvolvimento, a época em que os adultos buscam estabilidade financeira, emocional e
familiar. Supõe-se que a probabilidade de que o paciente não tenha alcançado os objetivos
propostos nessa etapa de vida possa desencadear transtornos de ansiedade.
Dos 07 casos apresentados houve predominância do transtorno em indivíduos
solteiros, 04 casos.
Constata-se índice elevado de indivíduos que utilizam a medicação em conjunto
com tratamento psicoterápico, sendo assim podemos dizer que o uso da medicação é de
fundamental importância em alguns casos em que o paciente apresenta um grau de sofrimento
elevado devido ao transtorno. Os dados apontaram que dos 14 atendimentos apenas 04
pacientes não informaram o uso de medicação.
Dos 14 estudos de caso apresentados houve prevalência do transtorno do pânico
com maior número de publicações.
Em relação à duração das sessões destaca-se o caso de transtorno do pânico com
intervenção mais demorada. Dois casos aparecem com acompanhamento entre 32 sessões e 20
sessões, respectivamente. Percebe-se que a Análise do Comportamento não necessariamente
trabalha com número de sessões padronizados, podendo o tratamento se estender dependendo
da necessidade do paciente, entretanto, deve-se ressaltar que o índice de casos que
apresentaram quantidade de sessões foi insuficiente para se fazer uma análise da duração dos
tratamentos.
F
20
anos
Solt.
F
26
anos
Solt.
M
42
anos
Solt.
Ensino
Superior
(em
curso)
Ensino
Superior
(em
curso)
Ensino
Superior
Diagnóstico
Uso de
Medicação
Duração do
Tratamento
Escolaridade
Estado
Civil
Idade
Sexo
Quadro 1: Analise dos dados dos casos clínicos
32 sessões
Sim
Transtorno
do
Pânico
Não consta
Sim
TEPT
3 meses
Sim
Depressão
Profunda
Estresse
Intervenção
Principio do distanciamento
compreensivo; enfoque funcional
analítico; relaxamento progressivo;
analise funcional
Estratégia educativa quanto ao
diagnostico; afetivograma; avaliação
da tríade cognitiva; elaboração do
mapa de memória; utilização de
generalização; prevenção a recaída;
aliança com amparo social.
Aplicação de técnicas de TCC;
dessensibilizaçao dos medos, estresse;
confrontamento e enfrentamento;
10
crônico
F
11
anos
Solt.
6º série
Não consta
Sim
Transt
ansiedade
M
32
anos
Solt.
Ensino
Superior
Não consta
Sim
Transt. do
Pânico
Não
Consta
10
anos
M
23
anos
Solt.
M
32
anos
Solt.
31
anos
34
anos
Solt.
F
F
M
F
F
F
30
anos
Solt.
casada
casado
20
anos
Solt.
65
anos
Solt.
31
anos
casada
Não
consta
Ensino
Superior
(em
curso)
Ens.
Superior
(em
curso)
Superior
(em
curso)
Ens.
Superior
Não consta
diário de registro
Alteração das contingências;
modelagem através do reforçamento
positivo.
Modelagem do vocabulário;
procedimento de fading out;
procedimentos de
Algumas atividades de sondagem
Analise funcional e jogos
Não
consta
TOC
Não consta
Não
consta
Transt
ansiedade
Estratégia educativa quanto ao
diagnostico; estratégia de identificação
das contingências que produzem os
sentimentos e os comportamentos.
Não consta
Sim
Transt. do
Pânico
Terapia de Aceitação e de
compromisso (ACT)
Não consta
Não
consta
Fobia
social
TOC
Não consta
Sim
20 meses
Sim
4 meses
Sim
Não consta
Sim
Não consta
Não
consta
Utilização da fantasia e imagens da
infância.
Técnica de relaxamento, protocolo de
registro de atividade, exposição e
prevenção de resposta (EPR),
avaliação do nível de ansiedade em
unidades.
Ensino
Superior
(em
curso)
Superior
(em
curso)
Superior
Incompl.
Não
consta
Transt. do
Pânico
Psicoterapia analítico funcional
(F.A.P).
Transt. de
Ansiedade
social
Treino de habilidades sociais, roleplaying.
TOC
Transt. do
Pânico
Exposição e prevenção de resposta
(ERP), reestruturação cognitiva,
atendimento domicilia.
Análise funcional; exposição gradual
aos estímulos que causam ansiedade;
exposição interoceptivas; técnica de
relaxamento.
Para os estudos populacionais, conforme quadro 2, 09 estudos foram publicados na
coleção Sobre Comportamento e Cognição, classificados como capítulos BD – Baseado em
Dados.
A população atendida constitui-se de indivíduos do sexo feminino e masculino em
quase todos os estudos apresentados o que mostra uma distribuição dos transtornos ansiosos
em homens ou mulheres.
Os estudos procederam aplicação em indivíduos com idade acima de 18 anos.
Apenas um caso de estudo com crianças foi relatado. Não houve preocupação dos autores em
informar o estado civil dos participantes do estudo.
11
O estudo apresentado pelo Centro de Psicologia Especializado em Medo (CPEM),
referente ao capítulo 1 do volume 8, intitulado “Síndrome do carro na garagem: fobia ou
perfeccionismo” foi o que registrou o maior número de participantes no estudo, num total de
124 participantes com diagnóstico de fobia específicos.
Os 09 (nove) estudos apresentados foram realizados em diferentes locais. Em sua
maioria em centros de estudos de psicologia. Um estudo foi realizado em clínica de nutrição,
no estado do Paraná, onde se percebe a preocupação de profissionais de outra área se
debruçando sobre as questões dos transtornos de ansiedade uma vez que não afetam apenas o
comportamento do ser humano, mas também no nível fisiológico. Sabe-se que a ansiedade
promove relativo aumento na compulsão por alimentos o que justifica a preocupação em
levantar estudos também na área da nutrição.
A técnica de intervenção mais utilizada nos transtornos de ansiedade foi o treino
de habilidade social, utilizada em dois casos, com adultos e crianças, respectivamente. A
dessensibilização sistemática foi empregada em dois casos: transtorno de pânico e fobia
específica.
18-42
anos
Não
consta
7-12
Anos
Solt.
Adultos
Não
consta
7
25
Diagnóstico
Número de
Participantes
Estado Civil
Idade
Quadro 2: Análise de dados dos estudos da população
Transt. de
ansiedade
Transt. de
ansiedade
Transt. de
ansiedade
Local
Núcleo
de
análise
comportamental do E.S
(NACES)
Clínica de nutrição da
Univers. Tuiuti / Paraná
Não
consta
19-37
Anos
21-76
anos
Não
consta
66,6%
casados
33,40%
solt
Não
consta
Acima
de 16
TOC
65
03
Trans.
Pânico
124
Fobia
especifica
Não
TOC
Análise funcional criteriosa; treino de
habilidade social.
Centro de psicologia
especializado em Medo
(CPEM)
Técnicas de habilidades sociais; técnicas
de relaxamento; autocontrole alimentar;
testes aplicados
Procedimento
de
Roediger
e
McDermott; inventario de ansiedade
Traço- Estado-IDATE; teste de memória
de reconhecimento imediato.
Avaliação de sintomas obsessivocompulsivo de Yale-Brown (Y-BOCS);
inventario Beck de depressão (BDI);
inventario Beck ansiedade (BAI).
Dessensibilização
sistemática;
contracondicionamento.
Dessensibilização
sistemática;
dessensibilização assistemática; treino de
relaxamento.
Centro assistência e
ensino de psicologia
Exposição prevenção de resposta (ERP);
Lista de tempo consumido em atividades
Não consta
65
18-65
anos
Intervenção
Instituto de psicologia
da UFRS
Clínica particular
12
anos
20-63
anos
const
a
46,3%
54
solt.
Não
consta
Não
consta
(CAEP)
Transt.
ansiedade
TEPT
18
Ambulatório de
ansiedade da
universidade de
São Paulo
Fundação estadual do
Bem estar do menor
FEBEM
rotineiras; protocolo de registro de
progresso; checklist de sintomas da YBocs.
Estratégias educativas e
comportamentais; registro diário de
comportamento; treino de relaxamento;
exercício de exposição a ansiedade
antecipatória.
Estratégias educativas; técnicas de
relaxamento; diário com relatos.
CONCLUSÃO
Os dados desta pesquisa revelam um total de 54 capítulos: 31 Não Baseados em
Dados e 23 Baseados em dados, discriminados em subcategorias.
Os capítulos não baseado em dados foram classificados: 22 capítulos teóricos; 4
capítulos métodos de intervenção; 5 capítulos conceitual.
Dos capítulos analisados como baseado em dados (BD), 14 registram casos
clínicos e 09 capítulos apresentam estudo populacional. Vários modelos de técnicas de
intervenção foram registradas, especificamente, no transtorno do pânico, tendo o profissional
da área comportamental, à sua disposição, boas condições para intervenção no trabalho com
pacientes ansiosos.
Os dados do trabalho demonstram que o transtorno do pânico é um dos mais
prevalentes transtornos de ansiedade na população geral relatado nos capítulos BD.
Análise realizada nos capítulos BD – estudo populacional encontrou na população
com idade entre 30 e 45 anos o grupo sobre o qual se observa maior incidência desse
transtorno.
Constata-se informação insuficiente sobre o tempo de duração para o tratamento
de pacientes acometidos pelo transtorno relatados nos estudos sobre ansiedade na coleção.
O volume 12 “Clínicas, pesquisa e aplicação” (conforme figura 2), aparece nos
estudos com o maior número de publicações sobre transtornos de ansiedade.
Na análise dos capítulos da Coleção Sobre Comportamento e Cognição evidenciase uma queda no número de publicações deixando transparecer uma descontinuidade nos
estudos em busca de novas técnicas de intervenção capazes de ajudar indivíduos no
enfrentamento dos transtornos de ansiedade.
13
O ano de 2003 destaca-se como o segundo ano com maior número de publicações
sobre transtornos de ansiedade na coletânea, com um total de 10 capítulos publicados, sendo
que 09 destes capítulos foram publicados no volume 12.
Com relação à autoria, os 54 capítulos do estudo foram produzidos por 69 autores
diferentes, não dando destaque a nenhum autor cujo nome se repete com uma quantidade de
publicação expressiva na coletânea, podendo concluir que não existe autor diretamente
ligados com o tema transtorno de ansiedade na coletânea.
Cabe a ciências do comportamento desenvolver pesquisas no sentido de ampliar
seus conhecimentos acerca de um modelo de intervenção que alcance a população de forma
geral ou desenvolver técnicas específicas voltadas para os diferentes níveis culturais.
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ABSTRACT
The collection on behavior and cognition is a work organized in volumes independent and
mutually complementary and brings together work of professionals in Cognitive-behavioral
psychology, behavior analysis, Psychiatry and Behavioral Medicine in Brazil. Goal: Make an
inventory of all the chapters of the collection that refer to the theme "anxiety" of 1 to 20
volumes. Method: Data collection proceeded from the separation of chapters on disorders of
anxiety. To make the analysis, the chapters were classified into two categories, NBD - not
based on data and DB - Based on data. The classification has identified the chapters in
subdivisions (1) conceptual, theoretical, development of methods of intervention and (2)
studies of clinical cases and population. We chose to present the chapters classified as BD in
his subdivision: clinical cases and population study. The construction of a database containing
all the chapters on anxiety disorder of the cases identified clinical and population studies in
the collection. Research suggests even the author of many publications, most frequent types of
disorders in chapters BD; distribution of chapters per volume and the year that was greater
number of publications on anxiety in the collection. Results: The results showed a decline in
the rate of publication of studies in this area in recent years and lack of data in chapters based
on data.
Key words: Anxiety; Anxiety disorders; cognitive-behavioral therapy.
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