AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO PROLONGADA DO DICLOFENACO DE SÓDIO EMPREGANDO MEMBRANAS DE LÁTEX NATURAL COMO CARREADOR Augusto Villela Loffredo1, Patricia B. Aielo1, Rondinelli Donizetti Herculano1* UNESP - Faculdade de Ciências e Letras, Departamento de Ciências Biológicas, ASSIS, São Paulo, Brasil Avenida Dom Antonio, 2100, Parque Universátio, CEP: 19806-900 E-mail: [email protected] RESUMO Membranas feitas do látex natural extraído da Hevea brasiliensis têm sido usadas como próteses e enxertos médicos devido a suas características de bio-compatibilidade e estímulo natural à angiogênese. O objetivo principal deste projeto de pesquisa consiste em incorporar diclofenaco de sódio em membranas de látex natural. O comportamento do sistema de liberação prolongada (SLP) foi estudado utilizando o diclofenaco de sódio como modelo de fármaco. A escolha do diclofenaco de sódio para este projeto de pesquisa deve-se ao fato de que este composto possui propriedades antipiréticas, analgésicas e antiinflamatórias. Resultados recentes mostraram que membranas de látex natural podem ser usadas como carreador de fármacos, liberando estes por até 15 dias. A taxa de liberação do diclofenaco de sódio foi monitorada e quantificada utilizando o método de espectroscopia ótica (UV-VIS). Estas membranas foram caracterizadas por várias técnicas, incluindo: espectroscopia ótica (UV-VIS) e microscopia eletrônica de varredura. Palavras-chave: biomateriais; látex natural; diclofenaco de sódio; liberação prolongada de fármacos. 1. INTRODUÇÃO Quando se fala em fármacos injetados intravenosamente, é válido ressaltar que apenas uma parte em dez mil atinge seu alvo final, em concentrações adequadas para provocar o efeito terapêutico esperado. Tal proporção deve-se aos inúmeros obstáculos anatômicos, químicos e biológicos verificados entre o local de administração do fármaco e o órgão ou tecido alvo. Por isso a liberação prolongada de fármacos é um tópico importante para várias iniciativas em nanotecnologia. Essa técnica pode causar um tremendo impacto na sociedade, como a criação de sistemas otimizados que garantem a liberação destes fármacos num sítio específico e a uma taxa controlada. Dentre os vários paradigmas de liberação controlada destaca-se o uso de sistemas liberadores de drogas sustentados em materiais poliméricos. O látex natural extraído da seringueira Hevea brasiliensis foi utilizado como matriz para um “novo” sistema de liberação controlada (SLC) porque tem se mostrado promissor em aplicações biomédicas. Membranas feitas deste material têm sido usadas como próteses e enxertos médicos devido a suas características de bio-compatibilidade e estímulo natural a angiogênese. A agregação de diclofenaco de sódio nos sistemas de liberação prolongada (SLP) visou à interação membranafármaco, para uma maior otimização nos processos de antiinflamação localizada, evitando algumas complicações plausíveis desse processo. 2. OBJETIVOS Avaliar o potencial de liberação do diclofenaco de sódio utilizando membrana de látex de Hevea brasiliensis como carreador em um sistema de liberação controlada, por meio de análises espectrofotométricas, físicas e químicas. Aumentar a eficácia e rapidez dos tratamentos, bem como evitar a perda dos fármacos e efeitos colaterais. 3.MATERIAL E MÉTODOS Os materiais utilizados neste projeto foram: Membranas de látex natural (3mL ) extraído da seringueira Hevea brasiliensis; Diclofenaco de sódio 3mL (10 mg/mL); 200 mL de solução aquosa; Espectrofotômetro; Centrífuga; Béqueres, Placas de Petri, Cubetas; Software Origin Pro 8 para elaboração dos gráficos e análise de resultados; O látex natural utilizado neste projeto de pesquisa foi extraído da Fazenda Experimental de seringueiras Hevea brasiliensis da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP). Depois da extração, amônia foi utilizada para manter o látex líquido, e este material foi centrifugado a 8000g. A centrifugação reduziu algumas proteínas contidas no látex natural que causam reações alérgicas. As membranas foram confeccionadas por “casting”. A fabricação consistiu em depositar 3mL de látex sobre a placa circular. A caracterização destas membranas foi feita utilizando espectroscopia ótica. Fig. 01: Forma (a); Espessura de 1,5mm (b); Elasticidade (c); Flexibilidade da membrana de látex natural (d). As membranas de látex natural foram fabricadas depositando 3mL de látex natural acrescidos de 3mL de diclofenaco de sódio em solução com concentração de 10mg/mL. Estas membranas incorporadas com o fármaco foram colocadas em 200 mL de solução aquosa (Figura 1). O comportamento da liberação foi observado retirando alíquotas da solução (onde a membrana esteve presente) durante 350 horas. A liberação do diclofenaco de sódio foi caracterizada empregando a técnica por espectroscopia por UV-VIS. Fig. 02: Esquema da liberação do fármaco pela membrana de látex natural 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO O comportamento da liberação foi observado retirando alíquotas da solução (onde a membrana estará presente) durante 200 horas. Este estudo demonstrou que a liberação segue uma função bi-exponencial y(t)=y0+A1e−t/τ1+A2e−t/τ2 correspondendo que uma parte do diclofenaco se encontra na superfície da membrana (liberação rápida) enquanto que outra parte se encontra dentro da membrana de látex natural. Demonstramos que o diclofenaco pode ser sustentado em membranas de látex natural e que a cristalinidade do fármaco foi preservada. Fig. 03: a-) Curva de liberação do diclofenaco em função do tempo, b-) Curva de calibração do diclofenaco versus absorbância. 5. CONCLUSÕES Pôde-se concluir, com a pesquisa, que a liberação do fármaco (absorbância) aumentou em função do tempo e da concentração, comprovando que as membranas de látex extraídas da Hevea brasiliensis atuaram de maneira eficaz como matriz para o sistema de liberação prolongada (SLP). 6. REFERÊNCIAS HERCULANO RD, SILVA CP, ERENO C, CATANZARO-GUIMARÃES SA, KINHOSHITA A, GRAEFF CFO. Natural rubber latex used as drug delivery system in guided bone regeneration (GBR). Materials Research. 12(2) (2009) pp.253-256. HOWLAND, RD. Farmacologia Ilustrada / Richard D. Howland, Mary J. Mycek; tradução Augusto Langeloh – Porto Alegre, 2007. Artmed,pp 530. OLIVEIRA JAA, HYPPOLITO MA, COUTINHO J, MRUÉ F. Miringoplastia com a utilização de um novo material biossintético. Revista Brasileira Otorrinolaringologia. 69(5) (2003) pp. 649-655. HERCULANO RD, GUIMARÃES SAC; ORCINI W, MORAIS RCN, DUARTE MAH; KINHOSITA A; GRAEFF, CFO. Metronidazole release using natural rubber latex as matrix. Materials Research. (2010). 13(1) pp. 13(1) 57-61.