64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 REPRODUÇÃO DO MUSGO Octoblepharum albidum (CALYMPERACEAE) EM MATA ÚMIDA E RESTINGA 1 1 1 1 1* Camila M.C. Alves , Renata O. Knupp , Suellen S. Feitosa , Luciana P.P. Costa , Adaíses S. Maciel-Silva 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; *[email protected] 0.85 0.80 0.75 Resultados e Discussão Plantas da Restinga apresentaram maior tendência à reprodução via esporófitos quando comparadas às plantas da Mata (Média±dp = 95±5,7; 75±28,5). Colônias da Mata apresentaram maior número de plantas com gemas do que na Restinga (83±16,5; 27±22,4). Frequência de protonema foi similar entre plantas de ambas localidades (81±19,7; 53±25,6). Colônias da Mata e Restinga diferiram significativamente (α<0,05) quanto a: comprimento da planta, filídio e seta esporofítica; número de ramos sexuais ♂ e ♀, e gametângios ♂ e ♀. As colônias da Restinga apresentaram maiores valores médios comparadas às colônias da Mata, com exceção do número de gametângios ♀ (Figura 1 A-G). Apesar disso, diferenças no comprimento do filídio, número de ramos e de gametângios ♀ foram de pouca significância biológica (Figuras 1 C, E e G). Colônias de O. albidum de outras áreas de Restinga (comparadas a Mata), também apresentaram plantas e setas esporofíticas de maior comprimento, maior número de ramos e gametângios ♂ [3]. A resposta das plantas em Restinga pode indicar maior obtenção de luz e consequente crescimento vegetativo e reprodutivo, visto que a Restinga, comparada à Mata, é uma região arbustiva e de dossel esparso, sujeita à maior radiação solar e temperatura média mais elevada [4]. 5,2 0.70 0.65 0.71 0.70 0.69 4,7 0.68 0.67 0.66 0.65 0.64 0.63 1.1 D Restinga Suape PE Restinga 0.62 Suape PE Mata Mata 10,4 0.9 0.8 5,0 0.7 0.6 Média ± EP Média ± 0.95 IC 0.5 1.02 10,9 1.00 0.98 0.96 0.94 0.92 9,2 0.90 0.88 0.86 Média ± ep Média ± 0.95 IC 0.84 0.82 Suape MataPE Mata Suape PE Restinga Restinga 0.57 3,6 C 0.56 0.55 0.54 0.53 0.52 3,2 0.51 0.50 0.49 0.48 Suape PE Mata Mata 0.45 Restinga Suape PE Restinga Localidade2,1 E 1,8 0.40 0.35 SuapeMata PE Mata Suape PE Restinga Restinga Localidade F Restinga 0.58 Suape PE Restinga 0.50 Localidade Localidade N úmero de ramos femininos (log x+1) Suape PE Mata Mata 1.0 5,1 B C omprimento da seta esporofítica (log) 0.90 0.60 N º gametângios masculinos (log) Área de estudo e amostragem: 1) Localidades de Mata e Restinga (Suape - PE; 8° 21’ 16,22”S 34° e 58’ 4,19”W; 8° 21’ 6,72”S e 34°57’ 41,66”W); 2) Quatro colônias em cada localidade (distantes ca. 2m); 3) uma amostra de ca. 2 25 cm de cada colônia. Frequência de esporófitos, gemas e protonema: 1) Trinta plantas de cada colônia; 2) presença de esporófitos e presença de gemas e/ou protonema nos filídios; 3) contagem de ramos sexuais ♀ e ♂ por planta; 4) número de gametângios ♀ e ♂ por ramo sexual; 5) comprimento da planta, da seta esporofítica e do filídio. Análise de dados: Comparação de médias utilizando-se uma Anova aninhada com os modelos: Efeito da localidade; Efeito da colônia (localidade). Os dados foram previamente transformados em log ou log x+1. São apresentados os dados médios brutos nos gráficos. 0.72 0.95 1.04 Metodologia 0.73 10,2 A SuapeMata PE Mata 0.72 N º de g ame tângios femininos (log x+1) 1.00 C omprimento do filídio (log) C omprimento do indivíduo (log) Plasticidade fenotípica é a capacidade de um organismo alterar sua fisiologia/morfologia em resposta a alterações das condições ambientais. Essa característica é comum em plantas por serem sésseis e responderem diferentemente a estímulos ambientais [1]. Partindo desta premissa, nosso objetivo foi comparar colônias do musgo tropical Octoblepharum albidum Hedw. (Calymperaceae) em dois ecossistemas adjacentes de Floresta Atlântica (Mata e Restinga), a fim de detectar variações morfológicas relativas à reprodução. Esta espécie é amplamente distribuída em diversos ecossistemas brasileiros [2] e apresenta reprodução diversificada via esporófitos (produção de esporos), gemas e protonemas. 1.05 N úmero de ramos masculinos (log x+1) Introdução 0.70 G 4,4 Suape PE Restinga Restinga Localidade 0.68 0.66 0.64 0.62 3,2 0.60 0.58 0.56 0.54 0.52 SuapeMata PE Mata Localidade SuapeRestinga PE Restinga Localidade Figura 1 A-G. (A) Comprimento da planta (mm). B. Comprimento dos filídios (mm). (C) Comprimento da seta esporofítica (mm). (D) Número de ramos ♂. (E) Número de ramos ♀. (F) Número de gametângios ♂. (G) Número de gametângios ♀. Conclusões Restinga e Mata têm microclimas distintos, mesmo quando próximas (ca. 763m). Observamos que plantas de Restinga eram maiores, com mais ramos e gametângios ♂, maiores setas e maior incidência de esporófitos que as da Mata. Isso pode conferir vantagem às plantas da Restinga: 1) eventos de fertilização e produção de esporófitos e 2) maior sucesso de dispersão de esporos. A variação morfológica observada pode dever-se a plasticidade fenotípica e/ou diferenciação ecotípica. Plantas de ambas localidades veem sendo cultivadas sob condições similares e devem elucidar essa questão. Agradecimentos Ao Jardim Botânico da UFRRJ (espaço para a pesquisa), à FAPERJ (APQq1) e PROPPG/UFRRJ (Bolsa IC). Referências Bibliográficas [1] Schlichting, C.D. 1986. The evolution of phenotypic plasticity in plants. Annual Review of Ecology and Systematics 17: 667693. [2] Gradstein, S.R.; Churchill, S.P. & Allen, N.S. 2001. Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memories of the New York Botanical Garden 86: 1-577. [3] Maciel-Silva, A.S.; Coelho, M.L.P. & Pôrto, K.C. 2013. Reproductive traits in the tropical moss Octoblepharum albidum differ between rainforest and coastal sites. Journal of Bryology no prelo. [4] Scarano, F.R. 2002. Structure, function and floristic relationships of plant communities in stressful habitats marginal to the Brazilian Atlantic Rainforest. Annals of Botany 90: 517524.