JORNAL DE SANTA CATARINA 15 MARCOS PORTO OPINIÃO Isaque de Borba Corrêa, historiador e morador de Balneário Camboriú Que tempo é melhor? Balneário Camboriú assumiu características urbanas e hoje os terrenos vagos que ainda restam também receberão edifícios Por que a cidade cresce para o alto Casas próximas à praia tornaram-se raras e os poucos terrenos vagos que há na orla receberão prédios. A comodidade de poder deixar o apartamento fechado, no caso dos veranistas, sem a necessidade constante de manutenção faz, com que a procura pelos apartamentos cresça a cada ano. A segurança também é o diferencial. Quase todos os edifícios têm porteiros em tempo integral. Presidente do Sindicato das Empresas de Compra,Venda e Locação de Imóveis de Balneário Camboriú, Sérgio Santos conta que o município oferece imóveis para todos os públicos, mas o mais interessante, segundo ele, é que os negócios mudaram. A procura já é maior pela compra do que pela locação, há anos estagnada. – Entre os fatores que influenciam estão a qualidade do serviço das construtoras, a facilidade da compra e a condição das rodovias. A duplicação da BR-101 facilitou a chegada de quem mora fora. Segundo Santos, catarinenses são os maiores compradores, seguidos de gaúchos, paranaenses e paulistas: – Muita gente compra para investimento. Percebemos que o poder aquisitivo do pequeno e médio empresário cresceu. A maior von- tade deles é morar em Balneário após a aposentadoria. Prova disso está no Censo. De 2000 para 2010, a população passou de 70 mil para quase 110 mil. Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Balneário, Carlos Julio Haacke Junior diz que a procura é maior por imóveis entre R$ 500 mil e R$ 800 mil. Mas há apartamentos de R$ 10 milhões. Muito trânsito e nada de sol à beira-mar Para quem mora em Balneário Camboriú, verão é sinônimo de dor de cabeça, principalmente no trânsito. Congestionamentos que literalmente param a Avenida Brasil e falta de estacionamento são os problemas mais frequentes entre dezembro e março, quando a população passa de 110 mil para um milhão. A circulação limitada de veículos acaba com a chegada do outono. Mas especialistas afirmam que, se medi- das não forem tomadas, o balneário virará uma São Paulo e as pessoas levarão horas para chegar ao trabalho, a poucos quilômetros de casa. – Na década de 60, os prédios ofereciam uma garagem, às vezes, nenhuma. Hoje, há edifício com até quatro vagas. Isso acarreta um problema muito sério – diz o geólogo Marcos Polette, professor da Univali. O especialista lembra que, no ano passado, a prefeitura interrompeu por seis meses a aprovação de novos projetos na construção civil e passou a exigir que as construtoras oferecessem vagas de estacionamento como medida compensatória. – Estamos cientes desse crescimento e estamos investindo em saneamento, drenagem pluvial e no abastecimento de água – garante o secretário Municipal de Planejamento, Auri Pavoni. Os próprios moradores sentem o impacto das novas construções. Ana Cláudia Pedro, 32 anos, mora a menos de 10 minutos da praia. Mas a praticidade de deixar o carro em casa é muitas vezes é ignorada. – Trabalho a semana toda. Sábado e domingo gosto de dormir um pouco mais e aproveitar a praia à tarde. Mas a sombra ocupa a areia. Daí pego o carro e vou à Praia Brava – conta a advogada. Acompanho o crescimento da cidade faz 50 anos, mas como historiador posso ir mais além. Sou tetraneto do primeiro morador, Baltazhar Pinto Corrêa, que recebeu uma sesmaria do Imperador para o Canto da Praia em 1826. Meu avô Manoel Germano Corrêa foi o primeiro pescador artesanal a montar um rancho de canoa na Praia Central. Iniciou com um pequeno, de palha, em 1901 e, em 1908, construiu outro, de tábuas e telhas, entre onde é hoje o Marambaia e a lagoa. Em uma entrevista em 1950, ele contou que por volta de 1910 só existiam cinco casas na orla: a de Manoel Pinto, seu tio-avô, a de Manoel Agostinho Cardoso, ambas no Canto da Praia, a de Galdino Hilário e Francisco Garcia, na Ponta, e a de Carlos Fernandes, no Centro. Em 1922, foi construída a primeira casa de veraneio. A madeira veio pelo mar, de Blumenau. Já em 1952, o município passou de 49 casas para 620. A maioria construída pelos teutosbrasileiros do Vale. Em 1928, Jacob Alexandre Schmitt, que seria prefeito de Blumenau em 1933, construiu o primeiro hotel, o Strand Hotel. O primeiro edifício foi o Eliane, de pé na esquina da Brasil com a Rua 951, erguido nos anos 1960. Na mesma década, o Edifício Kennedy foi por muito tempo o mais alto do Estado, depois veio o Imperador, o Imperatriz e hoje perdemos a conta. Que tempo é melhor? Os dois têm vantagens e desvantagens. Antigamente tinha poucas casas e nenhuma infraestrutura, mas a praia era limpa e sossegada. Hoje a cidade é cosmopolita, com os mesmos problemas de uma cidade grande e não se conhece mais ninguém. 140m 146,6m 170m 196m ● Até 2014, mais 250 prédios 5 mil serão entregues em Balneário. ● Isso representa quase Em estudo em Balneário Camboriú 62 andares Mirante do Vale - SP 50 andares Grande Pirâmide Egito Alameda Jardins - Bal. Camboriú 45 andares *Será entregue em 2015, na Barra Norte apartamentos a mais