Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Construção e modelagem de isotermas de adsorção no equilíbrio químico Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Para processos que ocorrem no equilíbrio químico, podem-se obter curvas de adsorção, ou isotermas de adsorção, se os processos ocorrerem em temperatura constante. 1 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Classificação das isotermas de adsorção Charles H. Giles, Anthony P. D'Silva and Ian A. Easton, A general treatment and classification of the solute adsorption isotherm part. II. Experimental interpretation, Journal of Colloid and Interface Science, 47(3) (1974) 766-778. Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução 2 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução A razão entre a Q e C é constante. Isoterma tipicamente encontrada quando a Ci é muito baixa. Saturação progressiva dos sítios de adsorção do adsorvente. É um caso particular do tipo “L”, onde o aumento inicial é muito acentuado. Indica que alta afinidade adsorventeadsorbato. Ilustra interação em duas etapas. A interação é mais intensa a partir do ponto de inflexão. 3 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução A afinidade do adsorvente PHC por Cd(II) é maior do que a adsorvente CAC. 4 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução As montmorilonitas têm mais afinidade Por Cd(II). 5 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução As montmorilonitas e as kaolinitas têm mais afinidade por Cd(II) ou Pb(II) ? Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico 1- O modelo matemático mais utilizado é o de Langmuir. Esse modelo foi Adaptado a partir de estudos de adsorção de gases em superfícies sólidas. Considerando-se o seguintes sistema em equilíbrio: A + B ⇔ AB Onde A representa o adsorbato, B o adsorvente e AB o adsorbato A adsorvido No adsorvente B. Nesse equilíbrio, a constante de equilíbrio é representada pela expressão: K= θ (1 − θ ).Ceq Onde θ representa a fração de sítios ocupados e (1- θ) a fração de sítios não ocupados, Ceq representa a concentração residual do adsorbato em solução no equilíbrio. 6 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Rearranjando-se a equação anterior, tem-se: θ= K L .Ceq 1 + K L .Ceq Levando-se em consideração que θ = Qe/Qmáx, a equação de Langmuir é Comumente escrita como: Qe = Qemáx K L .Ceq 1 + K L .Ceq Esse modelo leva em consideração que a interação do adsorbato forma uma monocamada sobre a superfície do adsorvente. Ele ainda considera que todos os sítios de adsorção são energeticamente idênticos e que não há interações laterais entre os mesmos. Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Os modelos que apresentam dois parâmetros ajustáveis podem ser analisados pela metodologia linear. Forma não-linear: Qe = Qemáx K L .Ceq 1 + K L .Ceq Forma linearizada: Ceq Qemáx 1 = + máx máx Qe K L .Qe Qe Assim, construindo-se gráficos de (Qemáx /Qe) vs Ceq, pode-se calcular os valores dos parâmetros Qemáx e KL. 7 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Exemplo de um processo de linearização de Langmuir Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico O fator de separação (RL) também pode ser calculado utilizando-se a Seguinte expressão: RL = 1 1 + K L Co Onde Co é concentração inicial do adsorbato em solução. RL Atribuição 0 1 >1 0<RL<1 Irreversível Linear Desfavorável Favorável 8 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Exemplo de variação do RF com a Ci e a temperatura Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico 2- O modelo de Freundlich é utilizado em adsorções em múltiplas camadas do Adsorbato sobre o adsorvente. Assim, assume-se que os sítios de adsorção são Diferentes energéticamente. A equação matemática comumente utilizada para esse modelo é: Qe = K F .C 1 nF eq KF é uma constante proporcional à capacidade de adsorção e n é uma constante Relacionada à intensidade da adsorção. Essa constante tende a apresentar valores entre 0 – 1. À medida que essa constante se aproxima de zero, os sítios de adsorção do adsorvente tornam-se mais heterogêneos. De maneira geral, valores iguais ou menores do que a unidade são indicações de processos de adsorção comandados por quimissorção. Para valores bem acima de 1, há fortes evidências de interações laterais entre as espécies do adsorbato (chamado adsorção cooperativa). 9 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico A equação linearizada de Freundlich é: 1 ln Qe = ln K F + ln Ceq nF Assim, construindo-se gráficos de ln Qe vs ln Ceq, pode-se calcular os valores dos parâmetros KF e nF. Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Exemplo de linearização de Freundlich 10 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico , 187 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Muitas vezes, os modelos de Langmuir e Freundlich não produzem bons resultados em relação às suas linearizações, como mencionado anteriormente. Quando obtém-se curvas convexas em lugar de retas, duas possibilidades podem ocorrer: [1] O processo de adsorção ocorre em mais de um tipo de sítio de adsorção. Então, uma nova equação de Langmuir (equação modificada ou equação estendida) pode ser utilizada: p L ,i eq máx e e i =1 L ,i eq Q = ∑Q K C 1+ K C Essa equação deve ser linearizada parte por parte, para se encontrar valores de KL,i e Qe,imax , onde i=1,2,3,... é igual à quantidade de p porções lineares detectadas. 11 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico [2] Há competição entre duas espécies de moléculas de adsorbatos pelos sítios de adsorção do adsorvente. Genericamente, quando duas espécies químicas i e j estão presentes no adsorbato, a equação modificada de Langmuir torna-se: Qe,i = Qemáx K L ,i Ceq ,i 1 + K L ,i Ceq ,i + K L , j Ceq , j Levando-se em consideração a competição entre q espécies, tem-se: Qe,i = Qemáx.i K L ,i Ceq ,i q 1 + ∑ K L , j Ceq, j j =1 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Da mesma forma, o modelo de Freundlich também pode ser expandido Para contemplar a presença de mais de um sítio de adsorção e/ou a competição Entre duas ou mais espécies de adsorbato em solução: onde o coeficiente ai,j representa o termo de inibição da adsorção do componente j pelo componente i. 12 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico 3- O modelo de Langmuir-Freundlich: Esse modelo é representado pela equação: máx e Qe = Q ( K LF .Ceq ) nLF 1 + ( K LF .Ceq ) nLF Onde KLF é a constante de equilíbrio para um sólido com sítios de adsorção heterogêneos e nLF é o parâmetro de heterogeneidade, tipicamente localizado entre 0 – 1. Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico 4- O modelo de Redlich-Peterson Qe = K RP Ceq 1 + aRP Ceqβ KR (L g-1) e aR (L mg-1) são constantes do modelo e β é um expoente admensional (0 ≤ β ≤ 1). Forma linearizada: K R Ceq = ln aR + β ln Ceq ln Q − 1 e A linearização desse modelo somente é possível assumindo-se vários valores prévios da constante KR. 13 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução 5- O modelo de Sips A partir de um equilíbrio sólido/solução genérico: nA + B = AnB A= Adsorbato B= Adsorvente Estabelece-se o modelo de Sips como uma extensão do modelo de Langmuir: máx e Qe = Q K S .CeqnS 1 + K S .CeqnS Assim, o parâmetro ns fornece um valor médio da quantidade de moléculas do adsorbato presentes por sítio do adsorvente (ns pode ser fracionário) Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução 5- O modelo de Dubinin-Radushkevich Qe = QDR . exp− ( K DRε 2 ) ε = RT ln1 + 1 Ceq QDR= Constante relacionada com capacidade de adsorção em monocamada KDR= Constante relacionada com energia de adsorção 1 ln Qe = ln QDR − K DR R 2T 2 ln 2 1 + C eq E= 1 RT = 2 K DR − 2 xslope Slope = − K DR R 2T 2 E= Energia média de adsorção (kJ mol-1) 14 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico 15 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Modelagem matemática no equilíbrio químico Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Termodinâmica de sorção no equilíbrio químico Os parâmetros termodinâmicos são comumente encontrados pelas Expressões: K eq = A.e ∆S ∆H − R RT Formas linerizadas dessa equação: ln K eq = ∆S ∆H ∆S ∆H OU log K eq = − − 2,303R 2,303RT R RT ∆G = ∆H − T∆S ∆G = − RT ln K eq 16 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Gráfico de van´t Hoff para o cálculo de ∆H e ∆S A inclinação de cada curva é igual – ∆H/R (ou – ∆H/2,303R) e o intercepto é igual a ∆S/R (ou – ∆S/2,303R) Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Gráfico de van´t Hoff para o cálculo de ∆H e ∆S Nem sempre os gráficos de van´t Hoff produzem resultados lineares perfeitos. Dessa maneira, os parâmetros termodinâmicos variam com a temperatura. Nesses casos, os parâmetros são obtidos encontrando-se uma relação polinomial entre ln Keq e 1/T, do tipo: y = A + Bx + Cx 2 2 1 1 1 ln K eq = A. + B. + C. T T T 3 17 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Gráfico de van´t Hoff para o cálculo de ∆H e ∆S Exemplo de variação não-linear de ln Keq com a temperatura 2.8 Experimental Regressão linear a Regressão polinominal de 2 ordem 2.6 ln Keq 2.4 2.2 2.0 1.8 0.00300 0.00305 0.00310 0.00315 0.00320 0.00325 0.00330 0.00335 0.00340 1/T Y=A+B*X Y = A + B1*X + B2*X^2 A B1 B2 -45.67609 32928.34128 -5.59801E6 22.45087 14032.73852 2.19041E6 A B R-Square = 0.99549 11.67806 -2931.38777 1.24405 388.64329 R-Square = 0.96584 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Gráfico de van´t Hoff para o cálculo de ∆H e ∆S A derivada dessa expressão fornece: 1 1 ln K eq = A + B + C T T 2 ln K eq ∆H 1 = B + 2C. = − ∂ R T (1 / T ) Assim, as entalpias são encontradas em função da temperatura, utilizando-se os valores de B e C, encontrados no ajuste polinomial. 18 Fenômenos de adsorção em interfaces sólido/solução Determinação do ∆H isostérico (na mesma fração de cobertura) θ = 3,00 µmol/g ∂ ln 1 Ceq ∆H =− R ∂ 1 T θ 19