Setor de Educação de Jovens e Adultos ÁREA: Códigos e Linguagens – Língua Portuguesa PODCAST: Discurso direto e discurso indireto DURAÇÃO: 4min55seg. – Olá! Meu nome é Juliana, sou professora de Língua Portuguesa. – Neste programa, vamos falar sobre discurso direto e discurso indireto. Vamos tentar entender qual é a finalidade desses discursos nos textos e quais são os efeitos de sentido que provocam. – Mas, antes, é importante esclarecer: o que é discurso? É a mesma coisa que palestra ou sermão, como o discurso de um presidente? Não neste caso! – Aqui, vamos usar a palavra “discurso” com outro sentido, próprio do estudo da língua portuguesa. – Comum nos textos narrativos, o discurso trata das falas dos personagens que participam dos fatos narrados. Há duas formas diferentes de reproduzir a fala de um personagem: o discurso direto e o discurso indireto. – Vamos começar pelo discurso direto? – Vou ler um trecho do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Preste atenção: Parecia que uma luta interessante ia ter lugar; as duas adversárias mostravam-se ambas fortes e decididas, porém D. Clementina para logo recuou; e, como querendo não passar por vencida, sorriu-se maliciosamente e, apontando para a moreninha, disse, afetando um acento gracejador: – Ela é travessa como o beija-flor, inocente como uma boneca, faceira como o pavão, e curiosa como... uma mulher. – Ao ouvir a leitura, você consegue perceber claramente quando o narrador termina de falar e quando o personagem começa a falar, não é mesmo? Este é um exemplo de discurso direto: a representação fiel da fala dos personagens. – Repare que a entrada da fala de D. Clementina no texto é marcada pelo verbo disse: D. Clementina disse. No discurso direto, chamamos os verbos que introduzem a fala dos personagens de verbos de dizer. São eles: “falou”, “disse”, “respondeu”, “perguntou”, só para citar alguns exemplos. – O discurso direto tem mais uma característica: o emprego dos sinais de pontuação específicos do diálogo: dois-pontos mais travessão ou aspas. A estrutura do diálogo é o que ajuda a separar visualmente a fala do personagem da fala do narrador. – Ficou claro? Então vamos passar para o discurso indireto. Podcast Fundação Bradesco 1 Setor de Educação de Jovens e Adultos – Vou ler o trecho de outro romance da literatura brasileira: Casa de pensão, de Aluísio Azevedo. Preste atenção: O estudante protestava, jurando que não podia ambicionar melhor tratamento do que lhe dispensaram; reconhecia, porém, que já causava muito incômodo, e por conseguinte devia retirar-se. Não queria abusar. Hortênsia afiançava e repetia que ele não dera incômodo de espécie alguma. Tudo aquilo era feito com muito gosto! – Você consegue perceber, nesse trecho, que o narrador relata, com as próprias palavras, a conversa entre dois personagens: o estudante e Hortênsia? – Diferentemente do trecho de A moreninha, em que a fala de D. Clementina era claramente separada da fala do narrador, no trecho de Casa de pensão, o narrador prefere contar, ele mesmo, o que está observando e o que os personagens estão conversando. Esta é a principal característica do discurso indireto: é o próprio narrador que transmite as falas ou pensamentos dos personagens. – Então não esqueça: no discurso direto, o narrador reproduz fielmente, e visivelmente, a fala dos personagens; no discurso indireto, o narrador conta com as próprias palavras o que os personagens falam ou pensam. – Os discursos direto e indireto não são exclusividade dos romances. Eles aparecem em praticamente todos os textos narrativos, literários ou não literários. – Agora que você aprendeu um pouco mais sobre discurso direto e discurso indireto, identifique-os em suas próximas leituras e aproveite para exercitar o emprego deles em seus textos. – Sou Juliana, professora de Língua Portuguesa. – Um grande abraço e até a próxima! Podcast Fundação Bradesco 2