Questionário - Proficiência Clínica Área: Coagulação Rodada: Dez/2015 Tema DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA DOENÇA DE VON WILLEBRAND Elaborador Tania Rubia Flores da Rocha. Farmacêutica Bioquímica (USP); mestrado em Análises Clínicas (USP); Chefe do Laboratório de Hemostasia do Serviço de Hematologia do Hospital das Clínicas da faculdade de Medicina –USP; Membro da Comissão de Laboratório de Hemostasia do Ministério da Saúde. Texto Introdutório A doença de von Willebrand (DVW) é um distúrbio hemorrágico resultante de defeito quantitativo e/ou qualitativo do fator von Willebrand (FVW). Mais comumente, a DVW é uma doença genética, congênita, transmitida como caráter autossômico, resultante de mutações no gene que codifica o FVW. A prevalência da DVW varia de acordo com o enfoque que é dado para a sua avaliação. Baseando-se em estudos de triagem populacional, a prevalência oscila entre 0,8 e 2%. Contudo, quando são investigados pacientes com sintomas hemorrágicos, a prevalência encontrada é de 30 a 100 casos/1.000.000, que é semelhante à prevalência da hemofilia A. No Brasil, esta doença parece ser subdiagnosticada, pois o número de casos reportados é bastante inferior ao de pacientes com hemofilia. Em crianças, os sintomas mais comuns são equimoses e epistaxe, sendo que a frequência de epistaxe diminui na vida adulta. Sangramentos aumentados após trauma e cirurgias, especialmente após extração dentária ou outros procedimentos na boca e nariz, podem ocorrer em qualquer idade e podem ser a apresentação inicial. A prevalência de sangramento gastrointestinal aumenta com a idade, refletindo em aumento de angiodisplasia intestinal com o envelhecimento. São raros os sangramentos em tecidos moles, hematomas musculares e hemartroses, embora estes achados possam ser encontrados na DVW tipo 3, hematoma, hemorragia gastrointestinal, hemartrose e sangramento prolongado após procedimentos cirúrgicos. Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Das alternativas abaixo relacionadas, qual é a correta? 1. Condições do paciente como estresse e inflamação não alteram os níveis plasmáticos do FVW; 2. O melhor anticoagulante para coletar a amostra de sangue destinada ao teste cofator de ristocetina (FVW:RCo) é o EDTA por ser um forte quelante de cálcio e consequentemente protetor do FVW; 3. Para a realização do teste FVW: Antígeno (FVW: Ag) o plasma, obrigatoriamente deve ser duplamente centrifugado para evitar a contaminação das plaquetas na reação, o que diminui a sensibilidade de detecção; 4. O plasma do paciente quando estocado a -70°C, para a determinação do FVW:RCo deve ser descongelado por 5 minutos em Banho- Maria a 37°C imediatamente antes do início do teste para evitar a perda da função. Para o diagnóstico laboratorial da DVW são suficientes os seguintes testes: 1. TP, agregação plaquetária com ristocetina (RIPA) e Tempo de sangramento (TS); 2. TS, FVW: Ag e contagem de plaquetas; 3. Fator VIII coagulante (FVIII:C); FVW: Ag e FVW: RCo; 4. FVW:Ag, FVIII e TTPA. Um dos testes laboratoriais abaixo relacionados encontra-se alterado em todos os tipos da doença, exceto no subtipo 2N que pode estar normal. 1. Tempo de Protrombina; 2. RIPA; 3. Contagem de plaquetas no sangue periférico; 4. FVW:RCo; Qual das alternativas abaixo é a correta? 1. O tipo 1 da DVW é o mais grave com manifestação clínica semelhante à hemofilia A grave; 2. Os tipos 1 e 3 da DVW apresentam alteração quantitativa do FVW; 3. O tipo 3 da DVW é o mais leve com manifestação hemorrágica apenas após traumatismos graves; 4. A DVW de subtipo 2B apresenta o FVIII:C em níveis plasmáticos indetectáveis. Página 1 de 3 Questionário - Proficiência Clínica Área: Coagulação Rodada: Dez/2015 Questão 5 Questão 6 Questão 7 Questão 8 Questão 9 Questão 10 Questão 11 Questão 12 Na DVW do tipo 2 pode-se encontrar os resultados laboratoriais: 1. TTPA prolongado; TP prolongado; FVW: Ag diminuído; FVW:RCo normal; 2. TTPA normal; FVIII:C normal; FVW:Ag normal e FVW:RCo diminuído; 3. Contagem de plaquetas abaixo do normal e RIPA normal; 4. Relação dos níveis plasmáticos de FVW:Ag e FVW:RCo >0,7 (proporcional). O paciente com a DVW do tipo 3: 1. Apresenta RIPA normal; 2. Apresenta nível plasmático de FVW:Ag normal enquanto que o funcional está diminuído; 3. Apresenta níveis plasmáticos do FVW:Ag e Cofator de ristocetina inferiores a 1%; 4. Apresenta apenas o FVW:RCo abaixo de 1%. A diferenciação laboratorial entre a DVW dos subtipos 2B e 2A é realizada com o seguinte teste: 1. RIPA; 2. FVW:RCo; 3. Ligação FVW ao Colágeno (CB); 4. Ligação FVW ao FVIII:C. O paciente com a DVW do tipo 2M: 1. Apresenta níveis proporcionais entre o FVW:RCo e FVW:Ag; 2. Apresenta padrão multimérico normal; 3. Apresenta padrão multimérico com ausência dos altos pesos moleculares; 4. Apresenta padrão multimérico com ausência de todos os pesos moleculares. Assinale a alternativa incorreta: 1. O diagnóstico de DVW deve ser confirmado ou excluído somente depois de duas ou mais repetições dos testes específicos; 2. O padrão multimérico é um teste obrigatório para diagnosticar a DVW; 3. Os testes FVW:RCo e CB avaliam domínios diferentes da molécula do FVW; 4. Os níveis plasmáticos FVW aumentam na inflamação. Na DVW do tipo 1: 1. O TS é sempre prolongado, FVW:Ag é normal e FVW:RCo é diminuído; 2. O TS pode ser normal, a relação do FVW:RCo e FVW:Ag é desporporcional (< 0,7); 3. As alterações de FVIII:C e FVW:Ag e FVW:RCo e FVW:Ag são proporcionais (>0,7); 4. Nenhuma das alternativas é correta. Quanto à avaliação da função do fator von Willebrand: 1. Somente método agregométrico (FVW:RCo) é confiável; 2. Os testes imunológicos não são recomendados, apenas para a quantificação do antígeno do FVW; 3. O teste CB substitui o FVW: RCo, pois avaliam o mesmo sítio do FVW; 4. Nenhuma das alternativas é correta. Qual situação abaixo não está relacionada com o aumento dos níveis plasmáticos do FVW? 1. Infecção; 2. Inflamação; 3. Gravidez; 4. Grupo sanguíneo O. Página 2 de 3 Questionário - Proficiência Clínica Área: Coagulação Rodada: Dez/2015 Questão 13 Questão 14 Questão 15 Referências Assinale a alternativa incorreta: 1. O teste FVW:RCo avalia o domínio A1 da molécula de FVW (ligação FVW a GPIb da plaqueta); 2. O subtipo 2B da DVW, o FVW tem grande afinidade pela GPIb da plaqueta; 3. O subtipo 2N da DVW pode ser confundido com hemofilia B, leve ou moderada; 4. Na pseudo DVW ou DVW tipo plaquetário, a GPIb da plaqueta tem grande afinidade pelo FVW . A diferenciação laboratorial da DVW do subtipo 2B da DVW tipo plaquetário pode ser feita com o teste: 1. RIPA; 2. Agregação de plaquetas normais e plaquetas do paciente, lavadas, ressuspensas com plasma do paciente e plasma normal, respectivamente na presença de Ristocetina; 3. FVW:RCo; 4. FVW:Ag A agregação plaquetária com ristocetina (RIPA) é: 1. Hipoagrente no tipo 1; 2. Hiperagregante no subtipo 2A; 3. Hipoagregante no subtipo 2M; 4. Normal no tipo 3. • Roberts JC, Flood VH. Laboratory diagnosis of von Willebrand disease. Int. Jnl. Lab. Hem. 2015, 37 (Suppl. 1), 11–17. • Favaloro EJ, Bonar R, Chapman K, Meiring M, Funk Adcock D. Differential sensitivity of von Willebrand factor (VWF) 'activity' assays to large and small VWF molecular weight forms: a cross-laboratory study comparing ristocetin cofactor, collagen-binding and mAb-based assays. 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