As grandes crises financeiras - parte 2

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Portal Sul América de Investimentos
Desmistificando o Risco
16/09/11
As grandes crises financeiras - parte 2
No último artigo, comentamos sobre alguns momentos turbulentos ocorridos até o começo da década de 1990. O texto de hoje relembra os casos mais recentes que balançaram o mercado financeiro, mas não a ponto de comprometer suas estruturas. Afinal, como comentamos no primeiro
artigo, crises são recorrentes no setor financeiro, mas com tranquilidade, paciência e confiança no
gestor, é possível sair delas sem sofrer grandes estragos.
Vamos à história!
1997 - Crise da Ásia
Em 1997, um rápido processo de fuga de capitais e desvalorização cambial entre os chamados
Tigres Asiáticos - Tailândia, Malásia, Coréia do Sul, Hong Kong, Indonésia e Filipinas - espalha
medo nos mercados internacionais, em grande parte pela surpresa de ver mercados supostamente
sólidos e confiáveis sucumbirem a uma crise financeira. O mercado dos emergentes foi afetado,
mas o Brasil conseguiu passar.
1998 - Crise Russa
A Rússia sofreu muito com a crise asiática, principalmente com a desvalorização do preço das commodities, já que os principais produtos de exportação do país eram o petróleo e o gás. Paralelo a
isso, a moeda russa, o rublo, desvalorizou-se mais de 50% em função da estratégia adotada pelo
governo de deixar o câmbio flutuar. E para piorar a situação, o governo declarou moratória de 90
dias ao pagamento da dívida externa. Por aqui, o Ibovespa teve desvalorização de 63%.
1999 - Crise do Brasil
A crise russa afetou diretamente os emergentes, pois uma crise de confiança foi gerada sobre esses países, pois achava-se que o que havia acontecido com a Rússia poderia acontecer com eles.
No Brasil, isso resultou em uma fuga maciça de capitais e como consequência, o Governo não
pôde sustentar o regime cambial vigente e passou a deixar o real, que estava sobrevalorizado, flutuar. A ação resultou em uma queda expressiva da moeda brasileira. A cotação passou de US$1,21
em janeiro para US$1,90, em março e o mercado operou em baixa por oito meses consecutivos,
chegando a perder 38%.
No entanto, no longo prazo essa estratégia foi determinante para o crescimento da economia brasileira. Perdemos uma montanha de dólares num momento em que a crise começou a se tornar
mais aguda, mas após a posse de Armínio Fraga como presidente do Banco Central, a entidade
adotou o câmbio flutuante e isso salvou o país.
2000 - Bolha da internet
Também conhecida como a bolha das empresas “pontocom”, essa crise ocorreu durante o boom
da internet entre os anos de 1995 a 2001. Com o crescimento da rede, as empresas listadas na
Nasdaq passaram por uma supervalorização, fato que contribuiu para o surgimento de milhares de
outras empresas ligadas à internet, interessadas em abocanhar uma fatia do crescimento surreal
que o mercado virtual vivia. No dia 10 de março de 2000, a Nasdaq chegou ao pico de 5048 pontos, o que correspondia a um crescimento de mais de 100% no período de um ano. Com toda essa
especulação, o desfecho dessa história não poderia ser diferente: a bolha estourou! Milhares de
empresas foram destroçadas e muitos investidores perderam verdadeiras fortunas.
A crise tirou US$ 5 trilhões do valor de mercado das empresas de tecnologia entre março de 2000
e outubro de 2002. Até hoje a Nasdaq não se recuperou do tombo, pois opera em torno dos 2500
pontos.
2001 - World Trade Center
Os ataques terroristas às torres gêmeas causaram consequências graves a Wall Street. Após o
atentado de 11 de setembro, a Bolsa de Nova Iorque ficou quatro dias sem operar, registrando perdas de US$ 590 bilhões na sua reabertura. O índice Dow Jones teve seu pior desempenho em pontos na história, caindo 14,3% em uma semana. No Brasil, o Ibovespa chegou a cair 7,26% no dia 13
de setembro. O ano foi marcado também pela crise na Argentina, o apagão energético no Brasil e o
escândalo financeiro da Enron, nos EUA. A combinação desses fatores fez a Bovespa cair 60% em
oito meses, mas recuperou-se rapidamente. Em três meses, a Bolsa já havia superado as perdas.
2002 - Lula
As eleições presidenciais anunciavam uma tragédia, ao menos para os investidores estrangeiros.
A eleição de Lula causou um temor mundial sobre a possibilidade de o Governo mudar os rumos
da economia e adotar os ideais petistas. O medo levou o Risco Brasil ao patamar recorde de 1.227
pontos, o dólar atingiu a cotação histórica de R$ 4 e o Ibovespa sofreu uma baixa de 65% entre
janeiro e outubro de 2002.
O mercado só se acalmou quando percebeu que o novo Governo daria continuidade às políticas
econômicas da gestão FHC. Devagar os investidores começaram a voltar e o Lula viajou em céu de
brigadeiro de 2003 a 2007. É nesse momento que a bolsa ganha um peso importante no mercado
de capitais.
2008 - Subprime
A crise que afeta o mercado financeiro nos EUA e arrasta os negócios no mundo teve origem nas
hipotecas americanas. Com o baixo juro e as boas condições de financiamento, muitas pessoas
compraram imóveis e se endividaram. O juro subiu, a economia desaqueceu e a inadimplência
aumentou. Os bancos que emprestaram dinheiro começam a mostrar o rombo. Além disso, o preço
dos imóveis caiu. Pagando uma prestação mais alta e com o valor do bem menor, os norte-americanos reduziram o consumo. Às portas da recessão, os EUA anunciaram a maior reforma no sistema
de regulamentação financeira desde 1929. O plano mudou a forma como o governo regulamenta
milhares de negócios.
2010 – Grécia
A Grécia vive uma forte crise fiscal que pode ter profundas implicações para a economia mundial.
Os pais têm enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertou preocupações entre
os investidores. O problema vivido pela Grécia foi que o país gastou bem mais do que podia, solicitando empréstimos e viu sua dívida crescer. Nesse período, o gasto público aumentou e o salário
do funcionalismo subiu muito.
Com o aumento da dívida os investidores se tornaram relutantes em emprestar mais dinheiro ao
país. Os juros subiram fazendo com que o estoque da dívida ficasse mais caro.
Em 2010, o país recorreu a um pacote de ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da União
Européia. Este empréstimo foi uma tentativa de dar a Grécia mais tempo para sanear sua economia. O pacote inclui corte de gastos no valor de US$ 28 bilhões e prevê um aumento de impostos
e privatizações.
A situação atual
Não se sabe se a crise que se alastrou pelo mundo está longe de seu fim. Muito se discute sobre
quais serão as consequências do atual momento. Só o tempo irá dizer quem tem razão, o que é
preciso entender, como visto nas últimas páginas, é que crises são cíclicas. Já passamos por várias
e muitas estão por vir, pois elas fazem parte do mercado e se repetem de tempos em tempos. O
importante é estar preparado para enfrentá-las.
O mundo é mais dinâmico e imprevisível do que gostaríamos que fosse. Se o objetivo é diminuir o
risco, o melhor é trabalhar com as possibilidades e deixar de lado as certezas. Mas, no ambiente
de mercado as pessoas gostam de criar certezas onde é impossível criá-las.
Quando se acredita que a economia irá crescer para sempre é que grandes problemas são criados.
Foi isso que gerou a crise do pontocom, subprime em 2008 e a crise da Grécia, Irlanda e Portugal.
O que podemos esperar da atual crise?
Cedo ou tarde, o mercado retomará o seu movimento. Podemos esperar mudanças políticas e
sociais importantes nos próximos meses e anos, mas, no final das contas, as coisas voltarão ao
normal, pois as pessoas continuarão a viver, consumir e gerar recursos. Ganharão aqueles que
aceitarem a situação e procurarem as oportunidades geradas.
Por mais que seja difícil afirmar, este ano espera-se por um crescimento de 4,0%, maior do que o
crescimento mundial, que não deverá passar de 1,8%. E será muito maior do que o crescimento
dos países desenvolvidos, que será próximo de zero. O Brasil está numa posição muito confortável
e essa é uma grande oportunidade para nós tornarmos grandes. Não será fácil, mas pelo menos
estamos no caminho certo.
Redator: Fábio Traldi
Sul América Investimentos
Rua Pedro Avancine, 73 2ºandar
São Paulo – SP CEP: 05679-160
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