Universidade Federal do Vale do São Francisco Campus de Ciências Agrárias Curso de Engenharia Agronômica Disciplina: Fruticultura II Cultura da Aceroleira Docente responsável: Prof. Dr. Ítalo Herbert Lucena Cavalcante [email protected] Petrolina-PE 2015 Origem e Importância Acerola ou Cereja das Antilhas Origem: Antilhas 1946: Descoberta da Vitamina C no frutos e início dos plantios comerciais na Costa Rica Origem e Importância 1955: Trazida ao Brasil professora UFRPE Japão: “commodities”, mais de 12 produtos registrados Alemanha: consumo de 40 litros de suco de acerola per capita/ano Produção e Produtividade Quantidade Produzida Ano: 2006 Brasil Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará toneladas 24.451 151 9 132 35 1.045 Amapá 74 Tocantins 19 Maranhão 375 Piauí 322 Ceará Rio Grande do Norte 2.185 179 Paraíba 3.275 Pernambuco 7.700 Alagoas 453 Sergipe 993 Bahia 2.693 Minas Gerais 230 Espírito Santo 225 Rio de Janeiro 275 São Paulo 2.830 Paraná 1.049 Santa Catarina 6 Rio Grande do Sul 2 Mato Grosso do Sul 51 Mato Grosso 25 Goiás 32 Distrito Federal 86 Sertão Pernambucano - PE São Francisco Pernambucano - PE Agreste Pernambucano - PE Mata Pernambucana - PE Metropolitana de Recife - PE 40 5.789 526 1.125 219 Produção e Produtividade Produtividades: Média do Brasil: 6,9 ton/ha/ano Média de Petrolina em 2008: 20 ton/ha/ano Potencial: 56 toneladas/hectare/ano Botânica Dicotiledônea Família: Malpighiaceae Curiosidade: homenagem ao fisiologista italiano Marcello Malpighi O nome científico??? Malpighia glabra (1762) = Malpighia punicifolia => espécie diferente Nome correto: Malpighia emarginata D.C. Denominação adotada no Conselho Internacional de Recursos Genéticos Vegetais (IBPGR,1986) Botânica # Arbusto ou árvore de pequeno a médio porte que pode atingir até 4m de altura # Tronco único ou ramificado, ramos densos e espalhados e curvados para baixo. # Folhas opostas com peciolo curto, ovaladas ou eliptico-lanceoladas medindo de 2.5 a 7.5cm. de coloração verde-escuro e brilhante na face superior e verde pálido na inferior. # Possui inflorescência com 2 a 4 flores em média, hermafroditas, de coloração rósea a violeta esbranquiçada. # Frutos são drupas de forma arredondada, ovalada ou cônica e quando maduros na cor vermelha, roxa ou amarela. As acerolas crescem isoladas ou em cachos de dois ou mais frutos sempre na axila das folhas. Apresentam peso variando de 3 a 16 gramas. Florescimento e Frutificação # Elevada produção de flores mas pegamento pequeno # Autopolinização ou polinização cruzada (maior tamanho dos frutos) Emissão do botão => Antese (7 dias) Antese => Amadurecimento (21 a 32 dias) Início da frutificação => entre 1.8 e 2.0 anos (propagação por estacas) entre 2.0 a 2.5 anos (propagação por sementes) Mas sob irrigação => início de produção + 6 a 7 meses do plantio Vida útil de um pomar de acerola é 12 anos => no Vale São Francisco de 8 a 10 anos Fluxos de florada Clima e Solo Desejado: climas tropical e subtropical Temperaturas médias entre 25°C e 27°C são ideais para o cultivo. Altitude: Desde o nível do mar até 800m de altitude Exigência hídrica: 1.300 a 1.700mm bem distribuídos Precipitações acima de 1.800mm favorecem a formação de frutos aquosos com menor teor de açúcares e vitamina C. A planta desenvolve-se bem em solos nas faixas de pH 4.5 até 6.5, profundos e argiloarenosos com boa drenagem Observação: sensível a solos encharcados Propagação Sementes Germinação de 20% a 30%. Plantas matrizes Compra de sementes? Uniformidade do pomar Sementeira 1,0m (largura) x 10m (comprimento) x 15 cm (altura) 1m2 = 5 litros de esterco de curral + curtido, 1009 de superfosfato simples + 30g de cloreto de potássio + solo Semeadura 15 dias após o preparo em sulcos de 1 cm de profundidade, distanciados 10cm Emergência: 20 a 30 dias após semeadura Repicagem: ao atingirem 10cm Período de aclimatação: 15 dias, mudas com 30 a 40cm para transplantio Propagação Vegetativa Variabilidade genética Estaquia Tipo de estaca? Tamanho de estaca? Época de retirada da estaca? AIB? Juvenilidade? Tombamento no Vale do São Francisco Propagação Enxertia Pegamentos: Fenda cheia – 40% Inglês simples – 73,3% Borbulhia em placa – 86,7% Na literatura: fenda cheia com 90% de pegamento Para enxertia deve-se adotar: cavalos com 3 a 4meses e diâmetro caulinar entre 0,5 e 0,6mm e garfos com + 15cm com 6 a 8 gemas. Início de produção: 5 meses (por sementes 10 meses) Variedades Junko As plantas são robustas, de porte médio, tendo copa medianamente volumosa. em comparação com as demais, é a permanência dos frutos na planta por vários dias, após o amadurecimento. Os frutos são de tamanho médio, cor púrpura, com casca levemente irregular, apresentando algumas saliências e depressões longitudinais. A polpa é bastante firme. Frutos com boa conservação pós-colheita, permanecendo com aspecto comercial por mais de 15 dias, quando armazenada a 12 °C. O sabor é bastante ácido por causa do alto teor de vitamina C, que geralmente é superior a 2.500 mg.100g-1, nos frutos maduros Variedades Flor Branca Plantas de menor porte, com ramos dispersos, copa compacta e arejada, que são bastante sensíveis a estresses abióticos como seca, salinidade e carências nutricionais, de modo que suas folhas facilmente adquirem coloração amarelada nessas condições. Sob irrigação, a cultivar Flor Branca pode produzir flores durante o ano inteiro e pode ser inserida como cultivar polinizadora de outras cultivares. A consistência da polpa é muito frágil, de modo que os frutos rapidamente se deformam e liberam seu conteúdo aquoso. Variedades Sertaneja Alta produtividade ( até mais de 60ton/ha), precocidade, iniciando a produção com aproximadamente 6/7 meses após o plantio no local definitivo e um conteúdo de vitamina C superior a 1500mg/100g de polpa Variedades Cabocla Dupla finalidade Alto conteúdo de vitamina C (superior a 1.000 mg de ácido ascórbico por 100 g de polpa) Produtividade aproximada de 16 t/ha Variedades Rubra Variedade inicialmente de mesa Alto conteúdo de vitamina C (superior a 1.000 mg de ácido ascórbico por 100 g de polpa) Produtividade aproximada de 40 kg/ano Variedades Variedades Outras Variedades Junco, Costa Rica e Okinawa Seleção de novos genótipos Alto conteúdo de suco Ricos em vitamina C (acima de mil mg de ácido ascórbico/I00g de polpa) Casca vermelha, grossa e polpa firme, Exigência de mercados Mercados europeu e japonês exigem acerola com teor de sólidos solúveis mínimo equivalente a 7,0 °Brix (Europa) e 7,5 °Brix (Japão). Consumo fresco: relação sólidos solúveis/acidez (superior a 10) Instalação do pomar Preparo do solo: Uma aração seguida de duas gradagens Calagem, se necessária, com base na análise de solo, após a primeira gradagem pH ideal entre 4.5 e 5.5 Preparo com 20 litros de esterco de curral curtido (como fonte de nitrogênio e de micronutrientes) e de adubos fosfatado e potássico Plantio das mudas: Sulcos (profundidade de 0,40 a 0,60 m) Covas (dimensões de no mínimo 0,40 x 0,40 x 0,40 m e, dependendo do tipo de solo, podem chegar a 0,60 x 0,60 x 0,60 m) – Preparo padrão para frutíferas Muda colocada no nível do terreno, compactando-se a terra em volta do torrão Mudas com 30 a 40cm de altura, dos 4 aos 6 meses de idade Após o plantio, rega com 10 a 20 L de água Instalação do pomar Tutoramento Instalação do pomar Espaçamento: Escolhido em função de: Manejo a ser adotado (mecanizado ou não) Porte da variedade (ereto ou globular) Fertilidade do solo Os espaçamentos recomendados são: 5m x 3m; 3,5m x 2.5m e 4m x 2.5m Os espaçamentos utilizados: variam entre 4,0 x 3,0 m a 6,0 x 4,0 m O plantio intercalado de variedades de acerola compatíveis é recomendado por com o objetivo de aumentar o vingamento de frutos, por favorecer a polinização cruzada entre genótipos diferentes. Tratos culturais Controle de plantas daninhas Capina manual (mais utilizado) ou mecanizada Roçagem Herbicidas Em todos os casos não ferir o tronco e as raízes, que são superficiais Deve ser mantida sem ervas a área de projeção da copa e mais um metro Consórcio Nos primeiros anos do pomar, entre linhas => feijáo, amendoim, batata-doce e mandioca ou fruteiras como abacaxi, mamão ou maracujá As culturas intercalares devem manter um metro de distância das plantas de acerola e receber adubação especifica Tratos culturais Podas Essencial para a aceroleira Associada ao sistema de condução adotado para a cultura Poda de formação Manter copa baixa, em forma de vaso aberto Podar a gema apical da haste única a 50cm para estimular a brotacão das gemas laterais Manter três a quatro ramos principais (pernadas), dispostos simetricamente e em diferentes alturas da haste principal, entre 30 e 50 cm de altura As pernadas devem ser distribuídas radialmente nos 20cm terminais da haste principal Tratos culturais Poda de condução ou corretivas Essencial para a manutenção da conformacão da planta Deve ser executada após a colheita (após um ciclo fenológico de produção), quando a planta estiver praticamente sem flores ou frutos Deve-se eliminar ramos ladrões e mal localizados e também as brotações que surgem nos ramos principais Deve-se fazer o "levantamento da saia“da planta a uma altura de 50 a 60cm para evitar o contato dos ramos com o solo, evitando assim o surgimento de doenças Poda drástica Feita anualmente quando a planta estiver em repouso vegetativo (chuvas) com a finalidade de reduzir o porte da planta a até 2,0m Tratos culturais Adubação e calagem Potássio (K): elemento extraído em maior quantidade pelos frutos, seguido do nitrogênio (N), cálcio (Ca) e fósforo (P) Parcelamentos: N (3), K (2) e P (1), em 5 ou 6 meses "FTE" de liberação lenta, sendo recomendada a fórmula "BR 9" que contem zinco (6.0%). boro (2.0%). cobre (0.8%). ferro (6.0%). Manganês (3.0%) e molibidênio (0.1 %) Tratos culturais Tratos culturais Irrigação Métodos de irrigação pressurizados (aspersão e localizada) e por gravidade (sulcos) Escolha do método: recursos hídricos, topografia do terreno, clima, solo e disponibilidade de recursos financeiros No Vale do São Francisco: Microaspersão e gotejamento Tratos culturais Polinização Aberta Pragas Rusticidade da cultura Bicudo do botão floral Anthonomus acerolae Percevejo vermelho Crinocem sanctus Pragas Cocholinha parda Coccus hespiridium Planta atacada pela cochonilha parda Pragas Pulgão da aceroleira Aphis spp. Percevejo de renda Gargaphia torresi) Pragas Cigarrinha Aethalion reticulatum Moscas das frutas Pragas Características da incidência de pragas na aceroleira Prioridade à utilização de práticas culturais que reduzam a incidência Controle biológico Controle químico: registro de produtos, período de florescimento, insetos polinizadores e resíduo Doenças Características da incidência de doenças na aceroleira Prioridade à utilização de práticas culturais que reduzam a incidência Importância da poda Produtos com curto período de carência Doenças Antracnose Colletotrichum sp Doenças Antracnose Colletotrichum sp Doenças Cercosporiose Cercospora sp. Doenças Tobamento ou damping off da muda Rhizoctonia sp. Doenças Lasiodiplodia theobromae O controle da seca ascendente dos ramos e cancros no caule e ramos Combate: poda dos tecidos afetados dos ramos e a proteção das feridas com pasta cúprica Rhizopus sp Podridão mole dos frutos Os frutos maduros exibem estruturas esbranquiçadas. posteriormente tornandose escuras, recobrindo toda a superfície e caem prematuramente no solo. Doenças Fitonematóides - Meloidogyne Sintomas: formação de entumescimentos nas raízes, denominados "galhas". Quando a amarelecimento na parte aérea Redução no tamanho das folhas e nanismo, podendo resultar em declínio e morte das plantas. Combate: Mudas sadias em substrato isento de fitonematoides Plantio em áreas livres do nematoide Doenças Quando o plantio é realizado sob a presença de fitonematoides, Efetuar o monitoramento da população, uso de cobertura morta, aplicação de resíduos orgânicos ou compostos sob a forma líquida ou sólida. A adubação e irrigação adequadas também favorecem a tolerância da cultura e sustentabilidade no agrosistema . Incorporar no solo leguminosas, no inicio de florescimento (Crotalaria spectabilis e C. paulinea) 20 dias antes do plantio das mudas sadias Redução de nematóides das galhas (55-66%) 90 dias após a aplicação de Bacillus thuringiensis e S. thuringiensis var. israelensis Fungos micorrízicos?? Colheita Alterações no fruto maduro Degradação de clorofila paralelamente ao aparecimento de carotenóides; Decréscimo na acidez Aumento dos açúcares redutores Acentuada perda na vitamina "C“ Recomendações Fase mais delicada do cultivo da acerola Colher nas horas mais brandas do dia No período de produção plena, colher 2 a 3 vezes por semana ou diariamente Rendimento de uma pessoa: 40 a 50kg de frutos por dia Colheita Estádios de maturação do fruto (duração de 5 dias em média) 1. totalmente verde; 2. virando mais verde que amarelo; 3. início da pigmentação. com predominância de amarelo; 4. predominância de vermelho; 5. totalmente vermelho; 6. roxo ou vermelho escuro Quando colher??? Destino: Polpa: predominância do vermelho intenso Vitamina C: até estádio 3 Colheita Recomendações do IBRAF (1995) para frutos de acerola Brix: entre 7 e 7.5 ; Vitamina "C": 1.200mg/100g de polpa: Cor: mais de 80% rosada, virando para o vermelho; Tamanho do fruto: mais de 15mm de diâmetro; Peso do fruto: mínimo de 4,9 g: Firmeza da fruta, ausência de ferimentos. Pós-colheita Frutos colhidos com predominância do amarelo sobre o verde e armazenados em embalagens permeáveis vida útil pós-colheita de 7 dias sem frio 10 a 15 dias com uso do frio (+ 7°C). Após a colheita a acerola suporta de 4 a 5 dias a temperatura ambiente Colheita verde => 6 a 7 dias Refrigeração após a colheita Possibilita a comercialização da fruta fresca em mercados próximos por 10 dias Pós-colheita Recomendações do IBRAF (1995) Colheita Transporte para unidade beneficiador Seleção Colheita Lavagem Congelamento frutas inteiras Acondicionamento Pesagem Soldagem Rotulagem Congelamento Transformação polpa congelada Despolpamento Acondicionamento Pesagem Soldagem Rotulagem Congelamento Avaliação econômica Fonte: