ÉPOCAS DE ADUBAÇÃO N ITROGENADA, COM E SEM COMPACTAÇÃO NO ARROZ, EM ALTA FLORESTA - MT Alan Carlos Batistão (1); Anderson Lange (2); André Lavezo (1); Antônio Carlos Buchelt (1); Aureane Ferreira (1); Cleris Diana Borsa (1). 1 2 Acadêmicos do curso de agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Alta Floresta .– email: [email protected] ; Professor Orientador, Depto de agronomia, UNEMAT. e-mail: [email protected] Resumo: Este trabalho objetivou avaliar a melhor época de adubação nitrogenada no arroz e a interferência da compactação superficial no desenvolvimento da cultura. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados c om parcelas subdivididas, com quatro repetições. Foram testados quatro épocas de adubação de N, pré-semeadura, semeadura, 20 DAE (dias após a emergência das plântulas) e 40 DAE em cobertura, nas subparcelas, sendo que na parcela principal, testou -se a compactação ou não do solo . A dose de nitrogênio utilizada foi de 40 kg.ha -1, sendo a fonte do nutriente a uré ia. Foi avaliada a produtividade, perfilhamento, altura de plantas e peso das sementes. A ausência de compactação do solo resultou em maior produtividade e peso das sementes, não havendo diferença para perfilhamento e crescimento e altura de plantas. As ép ocas de aplicação do N não afetaram a cultura. Palavras-chave: época de adubação, dinâmica do nitrogênio, aeração Introdução O nitrogênio (N) é, em geral, o elemento que as plantas n ecessitam em maior quantidade, o que mais limita o desenvolvimento, pro dutividade e biomassa da maioria das culturas. As forma s preferenciais de absorção de N pelas plantas são o amônio (NH4+) e o nitrato (NO 3-). Compostos nitrogenados simples, como uréia e alguns aminoácidos, também podem ser absorvidos, mas são poucos encon trados na forma livre. Segundo Sousa et al, (2004), o N faz parte de muitos compostos, principalmente das proteínas, também participa diretamente da fotossíntese, pois faz parte da composição da clorofila. Para a cultura do arroz, é o elemento principal pa ra obter alta produtividade, sendo importante para o crescimento de colmos , raízes e folhas, aumentando o número de perfilhos, o tamanho da panícula e do grão. Seu excesso prejudica o crescimento da planta, causando aborto de flores, reduzindo o tamanho da panícula e diminuindo a produção de grãos (CENTEC, 2004) . A recomendação de adubação nitrogenada é complexa, devido à dinâmica de transformações do elemento no solo (imobilização, mineralização, nitrificação, desnitrificação, mineralização perdas por vola tilização e lixiviação) e aos fatores que influenciam no aproveitamento pelas plantas (Sousa et al., 2004). Segundo Centec (2004), a aplicação de N à cultura do arroz é baseada no teor de matéria orgânica do solo e das caracter ísticas da cultivar. O N é aplicado normalmente em cobertura e parcelado. Para Filho (1987), a primeira apli cação dever ser realizada no iní cio do perfilhamento, estando relacionada com número de perfilhos e panículas. A segunda é realizada na diferenciação do primórdio floral, quando o cacho de arroz ainda está se formando dentro da planta, o que proporciona melhor enchimento de grãos na panícula. Também a aplicação pode ser realizada antes ou no momento da semeadura jun tamente com outros nutrientes. De acordo com Filho (2004), os nut rientes quando adicionados ao solo, não são totalmente aproveitados pela cultura, pois a eficiência de adubação depende de vários fatores, como cultivar, fontes, doses, época e modo de aplicação, práticas culturais, radiação solar e tipo de solo. Para Arau jo (2008), as propriedades físicas do solo interferem diretamente a absorção de água e conseqüentemente , de nutrientes pelas raízes das plantas. As condições físicas e estruturais do solo possuem relação direta com os processos físico-químicos ligados à absorção de nutrientes, pois a fertilidade do solo é representada pela união dos parâmetros físicos, químicos e biológicos do solo (ARAUJO, 2008). Para Ribeiro (1999), a compactação diminui a taxa de infiltração, a condutividade hidráulica e o fluxo de água no solo, fatores essências para absorção de água e nutriente pelas raízes, além de reduzir a entrada de oxigênio no solo, podendo interferir na transformação do N -amoniacal em N-nítrico. Este trabalho objetivou avaliar a melhor época de adubação nitrogenad a no arroz e a interferência da compactação superficial no desenvolvimento da cultura. Materiais e métodos O estudo foi realizado em uma área de renovação de pastagens, no município de Alta Floresta, estado de Mato Grosso no ano agrícola de 2008/2009. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é tropical chuvoso com nítida estação seca, com temperatura media de 26 °C e precipitação anual em torno de 2264 mm. A estação chuvosa está compreendida entre os meses de novembro a março e o período de e stiagem compreende os meses de maio a agosto (FERREIRA, 2001). O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados co m parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas eram de 2,5 x 5,30 m. foram testadas a compactação superficial do solo após a semeadura (parcelas principais) e quatro épocas de aplicação do N destinado a cobertura, nas subparcelas: pré-semeadura (10 dias antes da semeadura), semeadura, 20 DAE (dias após a emergência) e 40 DAE, utilizando a dose de 40 kg ha-1 de N, na forma de uréia. Na aplicação em pré -semeadura, o N foi incorporado com grade niveladora após aplicação em superfície, na semeadura foi enterrado a 7 cm, junto à adubação de base e em cobertura, na superfície do solo. O tratamento de pré-semeadura foi realizado dia 28/11/2008. A semeadura foi realizada no dia 08/12/2008 com 0,25 m de espaçamento entre as linhas. Os tratamentos de 20 DAE e 40 DAE foram realizados nos dias 04/01/ 2009 e 24/01/2009 respectivamente. Para semeadura, foram utilizados 75 kg ha-1 de sementes da variedade AN Jatobá, de porte baixo, ciclo médio, resistente ao acamamento e moderadamente suceptível a brusone foliar. Foram adicionados na adubação de base, 16 kg ha-1 de N, 120 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K 2O, na forma de uréia, super si mples e cloreto de potássio. O controle de plantas invasoras foi realizado manualmente, utilizando enxada e arranque manual. Foram colhidas as quatro linhas centrais da parcela. Foram analisadas as seguintes variáveis: número de perfilhos por m 2, altura média de plantas, peso de 100 sementes e produtividade de grãos. Para análise estatística foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Em nenhum tratamento foi observado sintomas de deficiência de nitrogênio na cultura. Para a variável número de perfilhos por m 2, não houve diferença significativa entre os tratamentos compactação e não compactação (Tabela 1). O tratamento 20 DAE mostrou -se superior em relação aos demais (Tabela 2). O motivo da compactação solo não afetar esta variável pode ser explicado pelo fato da mesma diminuir a condutividade hidráulica do solo, balanceando a absorção de nitrogênio entre os tratamentos. A altura de plantas não foi influenciada pela compactação do solo e nem pelas épocas de aplicação do nit rogênio (Tabelas 1 e 2). O que pode ser explicado pela genética da cultivar, que possui porte baixo e resistência ao acamamento sendo que os fatores ambientais não interferiram nesse caractere. Em trabalhos de Guimarães & Moreira (2001), o crescimento vege tativo do arroz diminuiu com o aumento da densidade do solo, que segundo os autores, a compactação influencia negativamente no crescimento radicular, interferindo na absorção de nutrientes na fase vegetativa da planta. O peso de 100 sementes mostrou -se superior quando o solo não foi compactado (Tabela 1). Ainda em relação à compactação, a aplicação tardia de N, aos 40 DAE resultou em menor peso de 100 sementes (Tabela 2). É possível que a compactação superficial do solo aliada a aplicação tardia de N e a f alta de chuvas freqüentes para o ano em questão tenha alterado a movimentação vertical do N no solo, dificultando sua absorção. A produtividade foi influencia da pela compactação do solo, sendo superior quando o solo não foi compactado. Em relação às épocas de aplicação do N, não houve influência das mesmas na produtividade do arroz. Nos trabalhos de Beutler et al, (2004), os resultados foram semelhantes . Com o aumento da resistência do solo à penetração e da densidade, a produtividade relativa do arroz dimi nuiu. O aumento da compactação diminui o volume de macro e micro poros, limitando a absorção de nutrientes e a aeração do sistema radicular, dificulta a penetração das raízes, proporcionando um mau desenvolvimento das mesmas e conseqüentemente interferindo negativamente na produtividade da cultura. Tabela 1: Influência da compactação do solo nas características agronômicas da cultura do arroz de terras altas. Blocos Planta (cm) Perfilho (m 2) 100 grãos (g) Prod. (kg.ha -1) N compactado 85,06 a 350,37 a 2,37 a 4270,25 a Compactado 84,93 a 319,06 a 2,28 b 3819,50 b CV % 3,56 14,33 3,73 10,12 Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si ( Tukey 5%). Compactação refere-se a adensamento superficial do solo após a semeadura do arroz . Tabela 2. Influência das épocas de aplicação de nitrogênio no solo, como dose suplementar a semeadura, nas características agronômicas da cultura do arroz . Tratamentos Pré-sem Semeadura 20 DAE 40 DAE Planta (cm) 83,60 a 83,70 a 86,27 a 86,70 a Pré-sem Semeadura 84,57 A 85,70 A Sem compactação Perfilho (m 2) 313,25 b 348,50 ab 409,25 a 330,50 ab Com compactação 297,25 A 302,00 A 100 grãos (g) 2,33 a 2,41 a 2,33 a 2,43 a Prod. (kg.ha -1) 4456,33 a 4007,66 a 4584,00 a 4033,00 a 2,40 A 2,36 A 3887,66 A 3770,00 A 20 DAE 83,20 A 351,25 A 2,30 A 3808,33 A 40 DAE 84,47 A 325,75 A 2,08 B 3882,00 A CV % 3,56 14,33 3,73 10,12 Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas ou minúsculas, nas colunas, não diferem entre si (Tukey 5%). Pré-sem: 10 dias antes da semeadura, sendo o N incorporado; Semeadura: incorporado com a fertilização de base; 20 e 40 DAE (dias após emergência), aplicado em superfície, na entrelinha do arroz . Conclusão A maior produtividade foi evidenciada nos tratamentos sem compactação. A adubação nitrogenada no período de 20 dias após a emergênci a das plântulas, sem a compactação, apresentou maior perfilhamento em relação aos demais. Bibliografia ARAUJO, M. A. Influência das propriedades físicas do solo sobre a nutrição de plantas. Divulgação Técnica: Manah, n.177, mar - abr, 2008. Acesso hem: http://www.manah.com.br/publica coes-tecnicas/divulgacoestecnicas/marabr 2008 --influencia-das-propriedades-fisicas-do-solo-sobre-a-nutricao-de-plantas--no177.aspx. BEUTLER, A. N., et al. Compactação do solo e intervalo hídrico ótimo na produtividade de arroz de sequeiro. Revista Brasileira de Agropecuária, Brasília, v. 39, n. 6, p. 575-580, jun. 2004. CENTEC – Instituto de Ensino Tecnológico. Produtor de Arroz. Fortaleza: Demócrito Rocha, ed. 2, 2004, 56 p. FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá, Secretaria de esta do da Educação, 2001. p. 418 -421. FILHO, M. P. B., et al. Nutrição e adubação de arroz (sequeiro e irrigado). 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