Chat com o Dr. Fábio – Dia 12 de fevereiro de 2015 Tema: Novas perspectivas no tratamento das Leucemias Agudas Total atingido de pessoas na sala: 25 usuários Limite permitido na sala: 40 usuários Duração: 1h30 Perguntas respondidas: 26 Convidado: Dr. Fábio Pires de Souza Santos - Médico Hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein Moderador: Miguel Mod Estado: São Paulo Seja bem-vindo ao Chat! 10:03:30 - moderador : Bom dia a todos! Vamos dar início ao chat ABRALE. 10:04:01 - moderador : Tema: Novas perspectivas no tratamento das Leucemias Agudas. Duração do chat: 11h às 12h30. 10:04:15 - moderador : Convidado: Dr. Fábio Pires de Souza Santos - Médico Hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein 10:04:36 - moderador : Seja bem vindo Dr. Fábio. Vou liberar a primeira pergunta. 10:04:58 - convidado fala para moderador: Ok, obrigado! 10:05:03 - Oscar : Olá Dr. bom dia! Qual a principal diferença da leucemia aguda para crônica? E qual possui maior gravidade? 10:05:36 - convidado : Para entender isso, precisa entender como funciona o processo de produção de cels do sangue 10:05:57 - convidado : Inicia com uma célula muito jovem (célula tronco - como se fosse uma célula bebe) 10:06:11 - convidado : Que depois amadurece e vira uma célula adulta 10:06:28 - convidado : Esse processo ocorre na medula óssea 10:06:47 - convidado : Na leucemia crônica, esse processo está mantido, porém em uma intensidade muito maior 10:07:11 - convidado : ou seja, vc tem células maduras (células adultas) do sangue circulando, só que em quantidade muito maior 10:07:25 - convidado : Na leucemia aguda, esse processo está profundamente alterado 10:07:55 - convidado : Vc tem apenas as células bebe presentes, que chamamos de blastos, que são células muito jovens, que não funcionam direito 10:08:42 - convidado : E por isso, a alteração do sangue é muito maior na leucemia aguda do que na crônica, e, consequentemente, tende a ser uma doença mais grave 10:09:29 - convidado : dito isso, algumas leucemias agudas conseguimos curar uma fração muito alta dos pacientes - ou seja, não da para dizer que obrigatoriamente todas são doenças mais graves, pois existem muitos tipos de leucemias 10:10:43 - Katy : Quais são as novidades no tratamento da leucemia mieloide aguda? 10:11:26 - convidado : Acho que os maiores avanços no tratamento da leucemia mielóide aguda são: 10:11:39 - convidado : 1) Melhora no transplante 10:12:02 - convidado : Hoje temos uma taxa de complicações mais baixa com o TMO 10:12:43 - convidado : E também podemos fazer transplantes mesmo para quem não tem doador 100% compatível, usando doadores 50% compatíveis (chamados Transplantes Haploidênticos) 10:12:56 - convidado : 2) Novas tecnologias de análise genética 10:13:24 - convidado : Conseguimos avaliar todas as alterações genéticas presentes em um paciente com leucemia mieloide aguda 10:13:46 - convidado : E muitas destas alterações estão associadas com resposta a tratamentos específicos 10:14:00 - convidado : 3) Novos medicamentos sendo desenvolvidos 10:14:34 - convidado : Destes, o que estou mais empolgado e acho que tem possibilidades mais palpáveis de virar um remédio "de verdade" são os inibidores de IDH1/IDH2 10:14:55 - convidado : IDH1 e IDH2 são enzimas que estão alteradas em 15-20% dos pacientes com LMA 10:15:22 - convidado : Dois medicamentos (de uma empresa americana chamada Agios) inibem essas enzimas 10:15:53 - convidado : Conseguem resultados de resposta completa em 30-40% dos pacientes com LMA recidivada (que voltou depois de uma quimioterapia) 10:16:17 - convidado : E não são quimioterápicos, são comprimidos que o paciente toma 10:16:36 - convidado : Dito tudo isso, eles só funcionam em quem tem alteração destas enzimas 10:16:53 - convidado : Ou seja, apenas em 15-20% dos pacientes 10:17:41 - convidado : Mas, isso é uma tendência -- Leucemia Mieloide Aguda não é uma doença, mas 30-40 doenças diferentes - e o que dita o melhor tto de um paciente é a genética dele - por isso a importância do avanço no. 2 10:18:26 - convidado : Eu prevejo que não irão surgir novos remédios para todos os pacientes com LMA - mas remédios para subtipos específicos de LMA, baseados nas alterações genéticas 10:18:48 - convidado : Eu acho que é isso 10:19:47 - moderador : Conecte-se com outros pacientes e médicos para trocar experiências sobre o tratamento! Acesse agora www.amaravida.com.br e participe dessa rede social que busca facilitar a troca de experiências e informações entre pacientes, familiares, profissionais da saúde, médicos, empresas, mídia e todos que atuam para mudar a história da oncohematologia no país e no mundo em um ambiente exclusivo e seguro. 10:20:00 - moderador : http://www.amaravida.com.br 10:20:31 – jana : Meu filho teve LLA T iniciou o tratamento em 10 fevereiro de 2013 sempre respondeu muito bem e foi considerado médio risco. Fez 6 punções finais de MTX e sua alta de manutenção está marcada p final deste mês. Minha duvida por ele ser LLA T não teria q ser tempo maior de manutenção ou 2 anos de tratamento são suficientes? Ele sempre foi um paciente sem nenhuma reação desagradável, suportou todo o tratamento muito bem, sem intercorrências. Idade dele atual 7 anos. Obrigada 10:23:58 - convidado : A manutenção de LLA, de modo geral, dura em torno de 30 meses para meninos e 24 para meninas. Mas isso varia de protocolo para protocolo. Precisa ver com o médico de seu filho quanto tempo de manutenção está previsto no protocolo que ele está seguindo. Repare, por favor, que isso é tempo de manutenção - manutenção é aquela quimio leve, que toma em comprimidos ou injeções sem precisar ficar internado. Não conta nesse tempo o período de quimioterapia mais intensiva, que deve ser feito com o paciente internado. A manutenção deve durar pelo menos 24 meses, idealmente 30 meses para meninos (em alguns protocolos, porém não todos). 10:25:41 - Marisa : Meu filho fez 03 anos de tratamento e dois de acompanhamento, hoje está curado. Teve LLA, se tratou em Belo Horizonte. 10:25:57 - Pedro : Fico muito feliz em saber que a medicina avança e com certeza diminuirá o sofrimento dos pacientes que em sua maioria são crianças. 10:27:42 - tata : este tipo de tratamento é o que chamam de medicina personalizada? 10:27:57 - convidado : Sim, isso mesmo 10:28:19 - Diego : A LLA Ph+ também é tratada com o Glivec? 10:28:39 - convidado : Sim, o glivec deve fazer parte do tto da LLA Ph+ desde o início 10:28:49 - convidado : Junto com quimioterapia 10:29:22 - didi : bom dia 10:29:33 - fer : BOM DIA 10:29:41 - convidado : bom dia 10:29:48 - didi : gostaria de saber a diferença entre a leucemia e o câncer na medula? A leucemia se dá a partir de uma deformação da célula da medula? 10:30:46 - convidado : Leucemia é uma forma de câncer que surge na medula óssea. Não tem diferença de câncer na medula. Sim, a leucemia surge a partir de alterações genéticas na célula do sangue da medula 10:31:39 - moderador : A ABRALE oferece apoio psicológico gratuito. Os atendimentos são realizados na sede em São Paulo ou de forma on-line para todo o Brasil. Entre em contato e obtenha mais informações: 0800 773 9973 | (11) 3149 5190 | [email protected] 10:31:59 - fer : é comum paciente de Mieloma Múltiplo ter LMA? 10:33:18 - convidado : Olá - isso pode acontecer sim, embora não seja comum. 10:33:49 - Diego : Mas os resultados são bons assim como acontece na LMC? 10:35:46 - convidado : Os resultados a longo prazo não são tão bons como ocorre na LMC em fase inicial. Ainda o paciente com LLA Ph+ deve em algum momento realizar transplante de medula óssea, na maioria dos casos. Alguns estudos sugerem que o paciente que apresente uma resposta muito boa (medido por um exame chamado PCR) talvez não precise de um transplante, porém isso ainda não esta estabelecido como prática corrente. 10:36:38 - jana responde para convidado: sim vou conversar melhor c o médico do meu filho, já que ele teve alta de blocos e químico de internação em outubro de 2013. 10:36:48 - convidado : Dito tudo isso, hoje em dia o resultado de tto de LLA Ph+ é muito melhor (digo, muito melhor) do que era antes de termos o Glivec. As taxas de cura ficaram bem mais altas, e alguns pacientes podem até mesmo se curar sem transplante. Isso não era a realidade no passado 10:37:51 - convidado fala para jana: Jana, se ele teve alta de blocos de quimio em Outubro estamos falando de apenas 4 meses de quimio de manutenção. Isso é muito pouco. Tem algo errado Nenhum protocolo determina tão pco tempo. 10:38:05 - convidado fala para jana: Converse melhor com ele para entender o que está acontecendo 10:38:22 - convidado fala para jana: Desculpa, fiz o cálculo errado 10:38:31 - convidado fala para jana: Estou em 2014 ainda, hehehe 10:38:57 - convidado fala para jana: São 16 meses de manutenção - ainda assim é pouco 10:40:34 - Nana : Quais são os sintomas das leucemias agudas? E como diagnosticar? 10:42:20 - convidado : A tríade de sintomas é: Cansaço (por anemia), febre e infecções (por alteração dos glóbulos brancos) e sangramento (por queda das plaquetas). Estes são os sintomas mais comuns, mas diversos outros mais raros podem ocorrer. Diagnostica-se leucemia aguda com mielograma e exames mais complexos como imunofenotipagem de medula óssea e cariótipo (análise citogenética) 10:43:59 - Carla fala para convidado: Fui diagnosticada com LMA M3 em fev de 2013. Fiquei 3 meses hospitalizada, entrei em remissão após as químio 10:44:27 - jana responde para convidado: sim Dr. tinha essa duvida obrigada e vou conversar e esclarecer tudo eles seguem aqui se não estou enganada é o protocolo alemão obrigado pelas respostas 10:44:57 - convidado fala para Carla: Ótimo! 10:47:57 – Ícaro pergunta para convidado: Dr. quando o transplante é indicado para paciente de LLA? 10:50:29 - convidado : Para pacientes com LLA de alto risco - que apresentam contagem de glóbulos brancos muita alta ao diagnóstico, que tenham alterações citogenéticas específicas, e que tenham doença residual positiva 10:51:07 - convidado : Além de estar sempre indicado para pacientes com LLA refrataria (que não responde ao tto) ou recidivada (que voltou depois da remissão) 10:52:07 - moderador : A ABRALE oferece apoio jurídico gratuito. Os atendimentos são realizados na sede em São Paulo ou por telefone para todo o Brasil. Entre em contato e obtenha mais informações: 0800 773 9973 | (11) 3149 5190 | [email protected] 10:52:26 - didi : a medula encontra-se no osso? 10:54:46 - convidado : Sim, a medula óssea está dentro dos ossos longos, do quadril e da coluna vertebral 10:55:20 - Carla : Minha questão é se com a possibilidade de recidiva, que sei que gira em torno de 40%, eu deveria pensar na possibilidade de eu precisar de um transplante? Sei q caso haja recidiva ainda há a possibilidade de serem usados outros protocolos, com arsênico, por exemplo... 10:55:43 - Carla : Estou tolerando bem a metade das doses de MTX e purinethol, e os exames PML rara estão sempre negativos 10:57:12 - convidado : Carla, a possibilidade de recidiva de M3, em tto correto com ATRA, é de menos de 10% na maioria dos pacientes. Não esta indicado na M3 realizar transplante de medula óssea como parte do tratamento inicial. O transplante esta indicado apenas naqueles pacientes cuja doença volta. 11:01:12 - Nana : Minha mãe foi diagnosticada com Leucemia Promielocítica Aguda. Já ouvi falar de mielóide e linfóide, mas esse não conheço nada. É muito grave? Tem tratamento? Obrigada! 11:02:23 - convidado : Oi Nana - a Leucemia Promielocitica Aguda é a M3, que falamos acima com a Carla. É um tipo de leucemia mieloide. É uma doença grave, porém com o tratamento correto a cura chega em 85-90% dos casos. 11:03:22 - convidado : O melhor tratamento hoje em dia envolve um remédio chamado ATRA e outro remédio chamado Arsênico. Esse é o melhor esquema para pacientes com Promielocítica que não apresentem risco elevado (contagem de leucócitos muito alta [>10.000]) ao diagnóstico. 11:04:00 - convidado : Caso o arsênico não esteja disponivel, ou a paciente tenha risco alto, ai indica-se tratamento com ATRA e quimioterapia convencional 11:06:28 – Carla : E agora Tomei o Vesanoid desde o primeiro dia de internação, e em razão do protocolo Phetema, o uso a cada 75 dias, também sem muitos efeitos colaterais 11:06:44 - convidado : E isso mesmo! 11:06:52 - Carla fala para Nana: Se quiser falar comigo estou a sua disposiçao 11:07:34 - pj : tive linfoma não hodgkin em 2007 fui operado (gastrectomia parcial) pois na época pensaram que era adenocarcinoma e só depois de uma imunostoquimica que chegaram na conclusão que era linfoma. Após isso fiz quimioterapia. já se passaram 7 anos e graças a Deus faço a cada ano os exames e nunca mais apresentou nada. Posso me considerar curado? 11:08:37 - convidado : A maioria dos linfomas agressivos volta dentro de 4-5 anos. Se era um linfoma agressivo, acredito que pode se considerar curado sim. 11:11:23 - jana fala baixinho para convidado: dr Fábio conversei com meu marido e gostaríamos de agendar uma consulta com o sr. somos do RJ mais podemos sem problemas ir a SP, para o nosso filho não medimos esforços, favor enviar o contato do sr. obrigada 11:12:49 - moderador : Aguardamos novas dúvidas, aproveitem a oportunidade! 11:13:11 - convidado fala baixinho para jana: Oi Jana- o meu telefone do consultório é 112151-8709. 11:13:33 - convidado : Aproveitar para falar do nosso protocolo de pesquisa de leucemias agudas e mielodisplasia aqui do Einstein 11:14:08 - convidado : Nos últimos 3 anos, recrutamos vários pacientes com leucemias mieloide aguda e mielodisplasias para participar de protocolo de avaliação genética 11:14:19 - convidado : Esse projeto ira continuar nos próximos 3 anos 11:14:28 - convidado : Esperamos recrutar 700 pacientes 11:14:54 - convidado : O objetivo é realizar análise genética das células leucêmicas do paciente 11:15:25 - convidado : Para participar, o paciente precisa assinar Termo de Consentimento 11:15:47 - convidado : E encaminhar uma amostra de sangue/medula/DNA do momento do diagnóstico ou da volta da leucemia 11:16:11 - convidado : E, caso o paciente esteja em remissão da doença, encaminhar uma amostra de saliva 11:16:20 - convidado : ou uma amostra de sangue em remissão 11:17:03 - convidado : Iremos explicar mais detalhes quando o estudo for aprovado pelos comitês regulatórios necessários 11:17:31 - convidado : O projeto será para pacientes com Leucemia Mieloide Aguda, Sindrome Mielodisplásica, Mielofibrose, Policitemia Vera e Trombocitemia Essencial 11:18:07 - convidado : O estudo é financiado pelo Ministério da Saúde através da Portaria PRONON, que financia projetos de pesquisa e assistência em oncologia 11:18:26 - convidado : Aguardem detalhes futuros - iremos divulgar o estudo amplamente 11:20:00 - Anja : infelizmente estou chegando atrasada (moro em PE sem horário de verão) tratei LNH mediastino cel B em 2000 c QT + RT, depois de 9 anos diagnostico de SMD secundária.... acompanho c hemato e uso eritropoetina (HMg baixa).... há possibilidade de evoluir p Leucemia? tenho 59 anos 11:21:44 - convidado : Oi Anja - a SMD secundária a quimioterapia é uma doença de potencial gravidade, que tem risco sim de evoluir para leucemia, infelizmente. Isso depende muito das alterações citogenéticas e do tratamento sendo feito. Foi considerada a possibilidade de um transplante de medula óssea ? 11:22:50 - pj fala para convidado: Obrigado pela atenção 11:23:06 - Carla : Acredito que a pesquisa científica vai possibilitar o encontro da cura para as leucemias 11:24:15 - Anja : não pela minha idade... continuo acompanhando na onco p controle do linfoma.... grata pela orientação. 11:25:54 - moderador : Curta a página da ABRALE no Facebook e fique por dentro de todas as novidades da onco-hematologia. Acesse: http://www.facebook.com/PaginaAbrale 11:26:46 - moderador : O chat está encerrado, obrigado a todos que participaram. Se permaneceu alguma dúvida ao final do chat, peço por gentileza que envie para nosso fale conosco ([email protected] ou 0800 773 9973) que teremos o prazer em responder! 11:26:58 - moderador : Obrigado Dr. Fábio pela disponibilidade, a ABRALE agradece sua colaboração voluntária.