avaliacao das fases de mortalidade embrionaria de pintos de corte

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Medicina Veterinária
Geórgia Caetano de Almeida
AVALIAÇÃO DAS FASES DE MORTALIDADE EMBRIONÁRIA DE PINTOS DE
CORTE EM INCUBATÓRIO DE EMPRESA LOCALIZADA EM LAPA - PR
CURITIBA
2016
Geórgia Caetano de Almeida
AVALIAÇÃO DAS FASES DE MORTALIDADE EMBRIONÁRIA DE PINTOS DE
CORTE EM INCUBATÓRIO DE EMPRESA LOCALIZADA EM LAPA - PR
Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso
de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do
Paraná, como requisito parcial para obtenção do título
de Médico Veterinário.
Professora Orientadora: Profa. Dra. Anderlise Borsoi.
Orientadora Profissional: Milena Machado dos Santos.
CURITIBA
2016
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitora Promoção Humana
Prof. Ana Margarida de Leão Taborda
Pró-Reitor
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitora Acadêmica
Prof. Carmen Luiza da Silva
Pró-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Diretor de Graduação
Prof. João Henrique Faryniuk
Secretário Geral
Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz
Coordenador do Curso de Medicina Veterinária
Prof. Welington Hartmann
Supervisora de Estágio Curricular
Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns
Campus Barigui
Rua Sydnei A Rangel Santos, 238
CEP: 82010-330 – Curitiba – PR
Fone: (41) 3331-7958
TERMO DE APROVAÇÃO
Geórgia Caetano de Almeida
AVALIAÇÃO DAS FASES DE MORTALIDADE EMBRIONÁRIA DE PINTOS DE
CORTE EM INCUBATÓRIO DE EMPRESA LOCALIZADA EM LAPA - PR
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título
de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Curitiba, ____ de _______ de 2016.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Anderlise Borsoi
Presidente
__________________________________________
Prof. Dr. Celso Grigoletti
__________________________________________
Prof. José Maurício França
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pelos dons recebidos, e por sempre me guiar pelos
melhores caminhos.
Aos meus pais, Neiva e Joel, sem seu apoio e amor nada seria possível.
Agradeço a minha orientadora Profa. Anderlise Borsoi pela paciência e grande
dedicação.
A todos os professores do curso de Medicina Veterinária da Faculdade
Evangélica do Paraná que contribuíram para a base da minha formação. Aos
professores da Universidade Tuiuti do Paraná que abriram as portas, se dedicaram e
também transmitiram seus conhecimentos.
Aos meus amigos, especialmente ao Guilherme, que me acompanharam nessa
jornada, me fortaleceram com palavras de carinho e conforto, me aguentaram, e me
motivaram a chegar até o final. Todos que tive o prazer de conhecer e conviver nessa
etapa de minha vida foram essenciais nessa trajetória.
A minha orientadora de estágio Milena Machado, o meu sincero obrigada pela
amizade, convivência e experiências transmitidas.
A todos do empresa onde realizei o estágio, obrigada pela grande
oportunidade, convivência, dedicação e ensinamentos, agradeço pelas amizades e
companheirismo.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO ................................................................................ 14
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO .............................................................................. 14
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL ......................................................................... 14
2.3 HORAS DE ESTÁGIO ......................................................................................... 14
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16
3.1 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO .............................................................. 16
3.2 FATORES QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO ..... 18
3.2.1 Fatores relacionados à matriz .......................................................................... 18
3.2.2 Fatores relacionados à estocagem .................................................................. 20
3.2.3 Fatores relacionados à incubação .................................................................... 21
3.2.3.1 Temperatura .................................................................................................. 22
3.2.3.2 Umidade relativa do ar .................................................................................. 23
3.2.3.3 Viragem ......................................................................................................... 24
3.2.3.4 Ventilação...................................................................................................... 25
3.3 ANÁLISE DE OVOS NÃO ECLODIDOS ............................................................. 27
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 29
5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................... 30
5.1 AVALIAÇÃO DE BIOSSEGURIDADE EM GRANJAS MATRIZES...................... 30
5.1.1 Localização, isolamento e acesso das instalações .......................................... 30
5.1.2 Cuidados com ração e água............................................................................. 33
5.1.3 Destino de aves mortas .................................................................................... 34
5.1.4 Controle de pragas ........................................................................................... 35
5.1.5 Preparação dos aviários ................................................................................... 35
5.1.6 Monitoramento, registro e comunicação de resultados .................................... 36
5.2 AVALIAÇÃO DE BIOSSEGURIDADE NO INCUBATÓRIO ................................. 36
5.3 SANIDADE EM MATRIZES................................................................................. 39
5.3.1 Prolapso ........................................................................................................... 39
5.3.2 Canibalismo...................................................................................................... 40
5.3.3 Artrites .............................................................................................................. 41
5.3.4 Bronquite Infecciosa das Galinhas ................................................................... 41
5.4 MANEJO NA RECRIA DE MATRIZES ................................................................ 42
5.4.1 Ambiência na fase de recria ............................................................................. 43
5.4.2 Alojamento da recria......................................................................................... 44
5.4.3 Debicagem ....................................................................................................... 45
5.4.4 Fornecimento de água na recria ....................................................................... 45
5.4.5 Arraçoamento na recria .................................................................................... 46
5.4.6 Pesagem e seleção .......................................................................................... 47
5.4.7 Transferência ................................................................................................... 47
5.5 MANEJO NA PRODUÇÃO DE MATRIZES ......................................................... 48
5.5.1 Alojamento da fase de produção ...................................................................... 48
5.5.2 Ambiência na fase de produção ....................................................................... 48
5.5.3 Fornecimento de água na produção ................................................................. 49
5.5.4 Arraçoamento na produção .............................................................................. 49
5.5.5 Pesagem .......................................................................................................... 51
5.5.6 Manejo reprodutivo ........................................................................................... 51
5.5.7 Manejo de ovos ................................................................................................ 52
5.6 VACINAÇÃO DE MATRIZES .............................................................................. 54
5.7 MONITORAMENTO SANITÁRIO ........................................................................ 54
5.8 ROTINA INCUBATÓRIO ..................................................................................... 56
5.8.1 Vacinação in ovo .............................................................................................. 56
5.8.2 Ovoscopia e embriodiagnóstico ....................................................................... 57
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- AVIÁRIOS DE GRANJA MATRIZ LOCALIZADOS EM ÁREA ISOLADA
................................................................................................................................. .31
FIGURA 2- BARREIRA VEGETAL ............................................................................ 32
FIGURA 3- ARCO DE DESINFECÇÃO .................................................................... 33
FIGURA 4- PORTA ISCAS CONTENDO SEMENTE DE GIRASSOL E PÓ DE
CONTATO ................................................................................................................. 35
FIGURA 5- VISTA EXTERNA DA BARREIRA SANITÁRIA DO INCUBATÓRIO ...... 37
FIGURA 6- PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA DE MATERIAIS................................ 38
FIGURA 7- PROLAPSO ............................................................................................ 39
FIGURA 8- LESÕES POR CANIBALISMO ............................................................... 40
FIGURA 9- ARTICULAÇÕES EDEMACIADAS ......................................................... 41
FIGURA 10- OVÁRIO APRESENTANDO LESÕES .................................................. 42
FIGURA 11- GALPÃO DARK HOUSE DE RECRIA .................................................. 43
FIGURA 12- AVÁRIO DE PRODUÇÃO DE MATRIZES ........................................... 49
FIGURA 13- AVALIAÇÃO DE CLOACA. À ESQUERDA CLOACA DE MACHO
INATIVO, À DIREITA MACHO ATIVO SEXUALMENTE ........................................... 52
FIGURA 14- COLETAS DE SWAB DE TRAQUEIA À ESQUERDA E DE CLOACA À
DIREITA .................................................................................................................... 56
FIGURA 15- VACINADORA ...................................................................................... 57
FIGURA 16- IDENTIFICAÇÃO DE OVOS CLAROS DURANTE OVOSCOPIA ........ 58
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO CORRESPONDENTE AOS DIAS
DE INCUBAÇÃO ....................................................................................................... 18
TABELA 2 - CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O
PERÍODO DE ESTÁGIO ........................................................................................... 29
TABELA 3- VAZIO SANITÁRIO PARA GRANJAS MATRIZES ................................. 32
TABELA 4- VAZIO SANITÁRIO PARA INCUBATÓRIO ............................................ 38
TABELA 5- TEMPERATURAS IDEAIS CONFORME A IDADE DAS AVES ............. 44
TABELA 6- PROGRAMA DE LUZ NA RECRIA ........................................................ 44
TABELA 7- VAZÃO DE ÁGUA DE ACORDO COM A IDADE DAS AVES ................ 46
TABELA 8- TIPOS DE RAÇÃO CONFORME A IDADE DAS AVES ......................... 46
TABELA 9- TIPOS DE RAÇÃO CONFORME A IDADE DAS AVES ......................... 50
TABELA 10- CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO EMBRIODIAGNÓSTICO ................ 59
TABELA 11- ILUSTRAÇÕES DAS ANOMALIAS MACROSCÓPICAS COMUMENTE
OBSERVADAS.......................................................................................................... 62
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- COMPARAÇÃO DA INFERTILIDADE E ECLODIBILIDADE DE OVOS
PROVENIENTES DE MATRIZES DE DIFERENTES IDADES ................................. 60
GRÁFICO 2- FASES DE MORTALIDADE EMBRIONÁRIA DE ACORDO COM A
FAIXA ETÁRIA DAS MATRIZES ............................................................................... 61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CM
Centímetros
CO2
Gás carbônico
DRA
Doutora
DR
Doutor
G
Grama
G/M³
Grama por metro cúbico
LTDA
Limitada
LUX/M²
Luminosidade por metro quadrado
M³
Metro cúbico
IN
Instrução Normativa
N°
Número
O2
Oxigênio
PPM
Partícula por Milhão
PROF
Professor
PROFA
Professora
S.
Salmonella
SP.
Espécie
SPP.
Subespécie
RESUMO
O presente relatório apresenta as atividades desenvolvidas durante o estágio
curricular obrigatório, requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário.
Foi realizado o acompanhamento das atividades nas granjas matrizes de frangos de
corte e incubatório de uma empresa do ramo avícola localizada na cidade de Lapa,
sudeste do estado do Paraná, durante o período de 01 de agosto à 28 de outubro de
2016. O objetivo do presente trabalho foi correlacionar taxas de fertilidade e eclosão
de pintos com a idade das matrizes e avaliar as fases de mortalidade embrionária,
correlacionando com a idade das matrizes, elencando as principais causas. Foi
possível observar que matrizes mais jovens apresentam melhores índices de
fertilidade e eclodibilidade. A fase em que ocorreu maior mortalidade embrionária foi
durante 1 a 4 dias de incubação em todos os grupos analisados. As possíveis causas
de mortalidade macroscópicas observadas com mais frequência foram deformidade,
contaminação fúngica e mal posicionamento do embrião. O embriodiagnóstico foi
importante ferramenta para apontar as causas de problemas de eclosão e
mortalidade, proporcionando ação rápida de controle, assim evitando maiores
prejuízos.
Palavras chave: Embriodiagnóstico. Incubatório. Matrizes. Mortalidade embrionária.
13
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas a avicultura se desenvolveu de maneira considerável no
mundo, especialmente no Brasil, que é considerado o terceiro maior produtor e o maior
exportador mundial de carne de frango, alcançando 142 países. Para efeito ilustrativo,
a produção de frangos de corte superou 13,1 milhões de toneladas em 2015, sendo o
estado do Paraná colaborador com a maior parcela, 32,46% da carne produzida. Em
ovos, o Brasil produziu cerca de 39 bilhões de unidades e foram alojadas cerca de 49
milhões de matrizes de corte no ano de 2014 (ABPA, 2015).
A carne de frango é uma importante fonte de proteína na alimentação dos
brasileiros, os quais consomem 43 kg desta carne e 191 unidades de ovos per capita,
por ano. Para que o Brasil se mantenha nesta posição de excelência, é fundamental
um monitoramento sanitário e tecnológico atuante em todo o sistema produtor avícola
para melhorar e suportar essa importante atividade econômica (ABPA, 2016).
A viabilidade e qualidade dos pintos e, consequentemente, dos frangos de corte
dependem de vários fatores. Os fatores podem ser controláveis ou não, relacionados
à produção e incubação dos ovos, desde a coleta ao armazenamento, parâmetros
físicos, além da influência do estado sanitário e nutricional das matrizes. As
características físico-químicas dos ovos se modificam de acordo com essas variáveis,
culminando na necessidade de manejos diferenciados para os ovos a fim de se obter
o melhor rendimento que cada lote de matrizes pode proporcionar.
O objetivo do presente trabalho foi acompanhar as atividades de granja de
matrizes de frango de corte e incubatório durante o estágio curricular obrigatório em
Medicina Veterinária, com foco na avaliação de mortalidade embrionária em embriões
de pintos de corte.
14
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO
O presente estágio foi realizado em uma empresa do ramo avícola localizada
na cidade de Lapa, sudeste do estado do Paraná.
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO
A orientação durante o estágio curricular foi realizada pela Profa. Dra. Anderlise
Borsoi, Médica Veterinária, responsável pela disciplina de Inspeção de Produtos de
Origem Animal e professora em Doença das Aves, do curso de Medicina Veterinária
na Universidade Tuiuti do Paraná.
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL
O estágio foi orientado pela Médica Veterinária Milena Machado dos Santos,
sanitarista de granjas matrizes e responsável técnica de granjas de produção de
matrizes de frangos de corte e incubatório.
2.3 HORAS DE ESTÁGIO
O período de estágio na empresa foi de 01 de agosto a 28 de outubro de
2016, totalizando 420 horas.
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO
A empresa em que foi realizado o estágio curricular obrigatório é considerada
atualmente líder mundial no processamento de proteína animal. Atualmente, está
presente em cinco continentes com unidades industriais e centros de distribuição,
atuando no processamento de carne ovina, bovina, suína e de aves, bem como na
prática da comercialização de couros e outros produtos.
Em relação à avicultura, cerca de 14 milhões de frangos eram abatidos por dia,
com operações realizadas nos Estados Unidos, México, Porto Rico, Brasil e Reino
15
Unido. A unidade industrial situada no município de Lapa, localizada no estado do
Paraná, continha abatedouro, fábrica de rações, incubatório e 3 núcleos de recria de
matrizes como patrimônios próprios. Na recria e produção de matrizes de frangos de
corte, a empresa contava com a participação de 25 produtores integrados, fornecendo
assistência técnica e insumos para a criação das aves, proporcionando renda às
famílias rurais e premiações mediante o cumprimento de determinados requisitos. No
incubatório, os 50 funcionários presentes tinham como objetivo manejar a incubação
de cerca de 5 milhões de ovos todos os meses. No setor de frango de corte existiam
320
produtores
integrados.
O
abatedouro
tinha
aproximadamente
1.500
colaboradores, e realizava o abate diário de em média 200.000 aves.
A empresa foi a pioneira da área na América Latina a conquistar o certificado
de qualidade ISO 9000, posteriormente migrou para o sistema ISO 9001 para a gestão
da qualidade, e atualmente atua com um sistema de qualidade baseado no controle
de processo. Além disso, a empresa preocupa-se com o meio ambiente e com a
responsabilidade social. Na unidade de Lapa existem alguns programas de inclusão,
como por exemplo: programa jovem aprendiz, que oferece oportunidade de trabalho
a jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho; recrutamento de pessoas
com deficiência física para inserção no mercado de trabalho e capacitação profissional
dos colaboradores com o programa de talentos internos e externos.
16
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
O início do desenvolvimento embrionário ocorre no trato reprodutor da galinha,
mais precisamente no oviduto, aproximadamente 3 horas após a ocorrência da
fertilização. O primeiro período de desenvolvimento é denominado pré-oviposital, dura
18 a 20 horas e ocorre a uma temperatura de 41,5ºC, que é a temperatura corporal
da ave adulta (MESQUITA, 2011). Durante esse período se estabelece uma intensa
diferenciação e multiplicação celular, seguido da oviposição. Após 15 minutos da
oviposição inicia-se o processo de esfriamento físico, quando ocorre a formação da
câmara de ar na região de maior concentração de poros, que se completa 3 a 4 horas
após a postura (GONZALES, 2003).
Quando o ovo é colocado em condições ideais de incubação, isto é,
temperatura de 37,5 °C, umidade relativa de 60%, oxigenação e viragem adequadas,
o
desenvolvimento
embrionário
ocorre
proporcionando
o
nascimento
em
aproximadamente 21 dias (GONZALES e CESARIO, 2003).
O desenvolvimento embrionário nas aves é um processo complexo que pode
ser dividido em quatro fases principais: diferenciação, multiplicação, crescimento e
maturação, sendo cada uma dependente de fatores fisiológicos específicos
(BOERJAN, 2006). A diferenciação celular é caracterizada pela formação de células
especializadas que têm o papel de formar os órgãos vitais do embrião. Após se
tornarem
especializados,
os
grupos
celulares
iniciam
mitoses
sucessivas
acompanhadas de hipertrofia e hiperplasia, caracterizando a multiplicação e o
crescimento celular, o que acarretara na formação dos tecidos e órgãos. Uma vez que
estes estão formados, inicia-se o processo de maturação, com a finalidade de
estabelecer as funções específicas de cada órgão e tecido (MESQUITA, 2011).
Os anexos embrionários presentes no ovo têm como função assegurar uma
adequada nutrição, proteção e respiração ao pintainho. O saco vitelino é responsável
pela nutrição, funcionando como uma ponte entre o embrião e gema. O âmnion, fica
em contato direto com o embrião e confere proteção do meio externo. As últimas duas
membranas, córion e alantóide, juntam-se para formar o corionalantóide, cuja função
17
principal é a respiração até 18 dias, quando inicia-se a respiração pulmonar
(GALINDO e LISETTE, 2005).
Segundo Gonzales (2003), nos primeiros 4 dias de incubação ocorre a
adaptação embrionária às condições de incubação que lhe são oferecidas e recomeça
o processo de desenvolvimento, caracterizado por intensa multiplicação celular e
diferenciação das estruturas. Durante o 5º até o 18° dia de incubação ocorre uma
intensa hipertrofia celular, ou seja, um crescimento embrionário em grandes
proporções. No último período de desenvolvimento embrionário, do 19º até o 21º dia
de incubação, ocorrem importantes eventos que condicionam o nascimento fetal:
posicionamento da cabeça embaixo da asa direita, formação do aparelho respiratório,
perfuração da membrana interna e rompimento da casca para o nascimento
(MESQUITA, 2011). A tabela 1 relata a sequência dos eventos do desenvolvimento
embrionário a partir do primeiro dia de incubação.
O processo de desenvolvimento embrionário é dependente de reações
bioquímicas, que proporcionam energia para realização das quatro fases. Na primeira
semana de incubação a glicose, disponível no albúmen, é a principal fonte de energia.
Ao longo da segunda metade do período de incubação, inicia-se a troca gasosa do
embrião com o meio externo, iniciando o processo de beta-oxidação, o qual permite a
utilização dos ácidos graxos presentes na gema, tornando-se a principal fonte de
energia para o embrião (CALIL, 2007). No período próximo a eclosão é necessário um
maior aporte energético, então ocorre a absorção total da gema, e a glicose passa a
ser novamente uma fonte de energia (MORAN, 2007).
18
TABELA 1- DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO CORRESPONDENTE AOS DIAS
DE INCUBAÇÃO
Período de incubação
Evento biológico
1º ao 4º dia
Aparecimento do trato digestivo, espinha e vasos sanguíneos na
superfície do saco vitelino; início da formação do sistema nervoso, olhos,
cabeça, orelhas, coração, patas e asas. O âmnion circunda
completamente o embrião.
5º ao 12º dia
Olhos, bico, penas e poros da pele formados. Abdômen proeminente
devido ao desenvolvimento das vísceras.
13º ao 18º dia
Formação das unhas. Posicionamento do embrião para quebrar a casca.
Penetração do intestino para o interior do corpo.
19º ao 21º dia
A gema é totalmente inserida ao corpo; o embrião ocupa todo o interior
do ovo; ocorre o fechamento do umbugo; a cabeça do pintainho
permanece sob a asa esquerda e o bico apontando para a câmara de ar.
O ar do interior do ovo começa a ficar rarefeito, forçando o músculo
alisador da cabeça a agir, iniciando começa a coçar-lo uma série de
movimentos bruscos e descoordenados que penetram a câmara de ar,
então o nascimento acontece.
FONTE: ADAPTADO DE GALINDO E LISETTE, 2005
3.2 FATORES QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
A viabilidade e qualidade dos frangos de corte dependem diretamente de
vários fatores, controláveis ou não, relacionados à incubação dos ovos, incluindo o
armazenamento dos ovos, parâmetros físicos durante o processo, além da influência
do estado sanitário e nutricional matrizes. As características físico-químicas dos ovos
se modificam de acordo com essas variáveis, culminando na necessidade de manejos
diferentes para os ovos a fim de se obter o melhor rendimento que cada lote pode
proporcionar (QUEVEDO, 2009).
3.2.1 Fatores relacionados à matriz
A idade da matriz influencia o peso, a qualidade e a composição do ovo.
Matrizes mais jovens tendem a produzir ovos e pintainhos mais leves, com menor
eclodibilidade e elevada mortalidade embrionária comparada aos ovos de matrizes
adultas, fatos que podem ser atribuídos à maior densidade do albúmen e de espessura
da casca. Estas características ocasionam uma redução da perda de umidade, das
trocas gasosas e da disponibilidade de nutrientes, comprometendo a viabilidade
19
embrionária nos estágios iniciais do desenvolvimento (FASENKO, 2003; ROCHA et
al., 2008).
Quando adultas, os folículos e os ovos se tornam maiores, aumentando a
relação entre o peso da gema e o peso do ovo (VIEIRA, 2001). À medida em que as
matrizes envelhecem o intervalo entre as ovulações torna-se mais longo, resultando
em uma redução da taxa de postura e aumento no tamanho do ovo, pois a mesma
quantidade de gema proveniente de síntese hepática é depositada em um menor
número de folículos (MESQUITA, 2011). Em ovos de matrizes mais velhas ocorre uma
diminuição da condutância de gases e prejuízo para o metabolismo embrionário,
interferindo na concentração de glicose sanguínea e aporte nutricional do embrião,
acarretando em prejuízos ao seu desenvolvimento (CARDOSO et al., 2002).
Em estudos realizados por Ferreira et al. (2005) foram avaliadas as diferenças
na qualidade dos ovos de matrizes novas de 28 semanas e velhas com 57 semanas.
O peso do ovo e a porcentagem de gema das matrizes velhas foram superiores às
matrizes mais novas. Contudo, os ovos das matrizes mais novas apresentaram
maiores porcentagens de albúmen e casca.
Avaliando a eclodibilidade dos ovos das matrizes desde 27 até 60 semanas de
idade, Tona et al. (2001) constataram uma menor mortalidade embrionária e melhor
eclodibilidade dos ovos produzidos por matrizes de 40 a 42 semanas de idade.
Independentemente da idade da matriz, as maiores taxas de mortalidade embrionária
ocorreram na primeira semana e ao final do período de incubação.
Elibol et al. (2002) também estudaram o efeito da idade da matriz sobre a
eclodibilidade e observaram que as taxas de eclosão diminuíam conforme o aumento
da idade das matrizes. Essa redução na eclodibilidade foi atribuída à alta mortalidade
tardia, a partir dos 18 dias de incubação, que ocorreu nos embriões de matrizes com
52 semanas de idade. De acordo com os autores, o aumento da mortalidade
embrionária final pode ser explicado por diferenças na qualidade do albúmen e pior
qualidade dos ovos de matrizes velhas. Na avaliação de matrizes com idade de 30 a
53 semanas, a idade não exerceu efeito significativo quando a eclodibilidade.
20
3.2.2 Fatores relacionados à estocagem
A estocagem dos ovos férteis após a postura, é uma prática comum e
necessária nos incubatórios, pois evita a mistura de ovos de diferentes lotes ou idades,
e permite a incubação de uma maior quantidade de ovos por vez (SCHMIDT et al.,
2002). Segundo Boleli (2003), os ovos férteis podem permanecer estocados por vários
dias sem perder a viabilidade e eclodibilidade, desde que as condições ambientais
estejam apropriadas. Em termos de fase da mortalidade embrionária, quanto maior o
período de armazenamento, maior a mortalidade precoce, o mesmo ocorre com a
quantidade de pintainhos de má qualidade, devido à perda inadequada de umidade,
má cicatrização dos umbigos, penugem pegajosa e maior janela de nascimento
(MACHADO et al., 2010).
Após fertilizado, o desenvolvimento embrionário pode ser paralisado em
temperaturas abaixo do zero fisiológico, conceituado como a temperatura mínima na
qual o embrião consegue se desenvolver, sendo 23,9ºC para aves. O ovo deve ficar
pelo menos 24 horas em repouso para o blastocisto ser ajustado, caso contrário a
mortalidade embrionária é mais frequente (GONZALES e CESARIO, 2003). Quando
o ovo é colocado em condições de incubação, isto é, temperatura, umidade,
oxigenação e viragem adequadas, o desenvolvimento embrionário continua e é
concluído em 21dias (GONZALES, 2003).
A eclodibilidade e a qualidade do pintainho podem diminuir quando o período
de estocagem dos ovos excede três dias, independentemente da temperatura, pois
ocorre uma diminuição da qualidade de albúmen devido à eliminação de gás
carbônico, modificando o pH e podendo levar a alterações morfológicas da
blastoderme ou à morte embrionária (SCHIMIDT et al., 2002; TONA et al., 2001).
A umidade relativa do ar, temperatura do ambiente e porosidade da casca são
fatores que influenciam na quantidade de água perdida através da evaporação no
período de armazenamento do ovo. Estudo realizado por Meijerhojf (2001) demonstra
que períodos de estocagem de até 4 dias a perda de umidade será ao redor de 1%
do seu peso inicial, sendo este percentual relativamente pequeno quando comparado
com a perda total de umidade que ocorre durante a incubação, aproximadamente
14%. Portanto, é necessário a menor perda umidade possível no período que
21
antecede a incubação, pois se for excessiva, a quantidade final perdida será maior do
que a ideal, afetando negativamente a eclodibilidade. Sendo assim, a umidade
recomendada para a sala de estocagem de ovos é entre 70% e 85%, com temperatura
entre 13ºC e no máximo 22ºC, abaixo do zero fisiológico do embrião (SCHMIDT et al.,
2002).
Fasenko et al. (2003) afirmaram que os efeitos da estocagem na eclodibilidade
dos ovos dependem do tempo de estocagem e do estágio de desenvolvimento em
que o embrião se encontra na postura. Embriões em estágios mais avançados são
mais resistentes à maiores períodos de estocagem do que embriões menos
desenvolvidos, fato explicado por Reijrink et al. (2009) ao constatarem que embriões
mais avançados contêm mais células, e permanecem em um estado de maior
quietude, já embriões menos desenvolvidos podem sofrer danos irreversíveis durante
a estocagem, levando-os a morte.
Acerca da idade da matriz, Tanure et al. (2009) encontraram influência do
período de armazenamento nas taxas de eclosão tanto para matrizes jovens como
velhas, no estudo a eclosão diminuiu à medida que o tempo de estocagem aumentou,
observando que o armazenamento prolongado influencia negativamente a
eclodibilidade, especialmente para matrizes mais velhas. Schmidt et al. (2002)
também avaliaram a correlação do período de estocagem e idade de matrizes,
concluindo assim que períodos longos devem ser evitados em matrizes velhas, pois o
ovo possui um albúmen de menor consistência o que favorece a flotação do
blastoderma e consequente mortalidade.
3.2.3 Fatores relacionados à incubação
A incubação de ovos férteis representa uma parte fundamental do sistema de
produção avícola, afetando diretamente a rentabilidade de toda a cadeia produtiva. O
objetivo dos incubatórios são maximizar os índices de eclosão e sincronizar o
nascimento dos pintainhos (CALIL, 2007). O desempenho zootécnico do frango de
corte depende diretamente da qualidade das aves alojadas que, associado ao controle
da incubação, podem ser utilizados como avaliação do desempenho do incubatório
(SCHIMIDT et al., 2002).
22
O período total de incubação é de aproximadamente 21 dias, os ovos
permanecem 19 dias na incubadora, em seguida são transferidos para a vacinação e
por fim, para o nascedouro (MORO, 2007). A eclodibilidade depende diretamente de
um procedimento de incubação adequado. As evoluções tecnológicas e científicas
possibilitaram um maior conhecimento para gerenciar as variáveis físicas mais
importantes do processo, como temperatura, umidade, ventilação e viragem dos ovos.
Então, o sucesso da incubação envolve condições adequadas de manejo,
considerando as pressões impostas às aves pelo ambiente, fatores biológicos e
também físicos (CALIL, 2007).
3.2.3.1 Temperatura
A temperatura do embrião durante a incubação é considerada o fator físico
mais importante que determina o sucesso da incubação de ovos de frangos de corte.
O conjunto entre temperatura da incubadora, capacidade de dissipação do calor entre
o embrião e a incubadora e produção de calor metabólico do próprio embrião
determinam a temperatura ideal. Sendo assim, os incubatórios comerciais de ovos de
frangos de corte colocam os ovos em máquinas capazes de garantir que os fatores
citados se mantenham em níveis adequados, garantindo bons índices de eclosão
(HULET, 2007).
Em 1937 Barott realizou uma das primeiras pesquisas acerca de temperatura
de incubadoras, demonstrando através de experimentos que os melhores índices de
eclodibilidade, desenvolvimento embrionário e desempenho no final de todo o ciclo de
produção são encontrados quando os ovos são incubados a uma temperatura de
37,8°C. De acordo com Gonzales e Cesario (2003), baixas temperaturas atrasam o
desenvolvimento, em contrapartida altas aceleram. A temperatura ótima de
desenvolvimento embrionário é de 37,5ºC a 38,0ºC. Ovos que permanecem em altas
temperaturas, acima de 38,8ºC nos 10 primeiros dias de incubação, eclodem antes do
que os ovos que permanecem a 35,8ºC (SCHMIDT et al., 2002).
Ovos de matrizes de diferentes idades necessitam do mesmo tempo de
incubação e permanência nos nascedouros, porém de temperaturas de incubação
diferentes (ALMEIDA et al., 2006). Embriões de matrizes adultas geram mais calor do
23
que aqueles de matrizes mais jovens. Durante o desenvolvimento embrionário a
temperatura metabólica aumenta, sendo necessário diminuir a temperatura fornecida
pela incubadora (VALLE, 2008).
As principais consequências de uma hipertermia são a redução da eclosão dos
ovos do lote e má qualidade do pintainho. Além disso, ocorre redução do peso corporal
e tamanho relativo do coração, problemas locomotores, aumento da mortalidade
embrionária na fase final e mau posicionamento (GLADYS et al., 2000).
Molenaar et al. (2010) testaram o efeito de duas temperaturas (37,8°C e
38,9°C) durante o período de 7 a 19 dias de incubação sobre a taxa de sobrevivência
dos embriões e a utilização dos nutrientes disponíveis para o crescimento e maturação
de suas funções. Observaram que a elevação na temperatura causou uma redução
do comprimento dos pintainhos em 0,2 cm e aumentou o peso da gema residual em
1,2g. O peso líquido do pintainho não apresentou diferença estatística. A temperatura
alta teve também como consequência um maior peso da gema residual e menores
taxas de proteína e energia total presentes nos tecidos dos pintainhos. Fatores que
somados diminuem as chances de sobrevivência dos pintainhos no campo já na
primeira semana de vida, pois podem apresentar redução no consumo de alimentos
com essa idade. Hulet et al. (2007) avaliaram os pesos de frangos de corte aos 21, 35
e 44 dias de idade submetidos a 39,7°C e a 37,5°C durante a incubação. O resultado
obtido foram aves lentas e sem disposição para alimentar-se e ingerir água no grupo
que sofreu estresse térmico na incubadora. Como consequência, ocorreu uma
redução no peso final desse tratamento, aos 35 dias de idade as aves apresentaram
um peso de aproximadamente 59g abaixo do peso do tratamento submetido a
temperatura ideal.
3.2.3.2 Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar é também um fator importante durante a incubação
com efeitos diretos sobre a eclodibilidade, os valores recomendados são de 50% a
60% A taxa de perda evaporativa de peso do ovo é controlada, em grande parte, pela
umidade relativa da máquina incubadora (BOLELI, 2003).
24
Uma das razões para que ocorra perda controlada de água durante o
desenvolvimento embrionário é para possibilitar o surgimento da câmara de ar em um
dos polos do ovo. Essa estrutura deve ter tamanho suficiente para que no momento
da bicagem da membrana interna haja disponibilidade suficiente de ar para a ave.
Durante a incubação até a transferência é aceitável que seja perdido de 12% a 14%
do peso devido à evaporação da água (ROSA e ÁVILA, 2000). Perdas de peso
inferiores a 6,5% antes da realização da bicagem da membrana interna pelo embrião
acarretam na formação inadequada da câmara de ar impossibilitando a adequada
transição para respiração pulmonar do embrião. Em contrapartida, perdas superiores
a 14%, aumentam as chances de desidratação prejudicando a qualidade do embrião
ou causando uma mortalidade (MOLENAAR et al., 2010).
Umidade relativa muito alta impede o nascimento porque o embrião não perde
a quantidade de água necessária. Em umidade baixa, ocorre desidratação das
membranas, afetando a permeabilidade e trocas gasosas nos últimos dias de
incubação (TONA et al., 2001).
Barbosa et al. (2008) avaliaram os efeitos da umidade relativa sobre taxa de
eclosão, peso dos pintainhos na eclosão. Foram selecionados ovos de matrizes de
três diferentes idades (26, 41 e 56 semanas) e incubados com umidades relativas
distintas (48%, 56% e 64%). Os autores constataram que, independentemente da
idade da matriz, a perda de peso dos ovos foi maior à medida que a umidade relativa
diminuiu. As melhores taxas de eclosão foram obtidas nos ovos submetidos à umidade
relativa de 56%. Os maiores pesos dos pintainhos foram encontrados em ovos
incubados com 64% de umidade, demonstrando que esse fator físico pode provocar
efeitos no desempenho e frangos de corte.
3.2.3.3 Viragem
A viragem dos ovos é um fenômeno natural observado durante o choco das
galinhas. Com o intuito de simular esse mecanismo as incubadoras artificiais
promovem a viragem mecânica visando reduzir o mau posicionamento embrionário,
prevenir a adesão do embrião nas membranas da casca, garantir a utilização
adequada do albúmen e facilitar as trocas gasosas (TONA et al., 2003).
25
A viragem do ovo durante a incubação envolve parâmetros como frequência e
eixo em que o ovo é acondicionado na máquina, eixo de viragem do mesmo, ângulo
de viragem, plano de rotação e o estágio da incubação em que é necessária a viragem
dos ovos. O procedimento de viragem deve ser feito 24 vezes ao dia, com o ângulo
entre 20º a 45º no plano horizontal, na rotina dos incubatórios geralmente são
utilizados 45º ± 5º a cada hora (NEVES, 2005).
Em estudos realizados por Elibol e Braket (2003) para verificar o efeito da
frequência de viragem dos ovos durante a incubação, os ovos incubados foram
divididos em três tratamentos de acordo com a frequência de viragem (24, 48 e 96
vezes por dia) durante o terceiro até o décimo primeiro dia de incubação. Observaram
maior taxa de eclosão e menor mortalidade embrionária na fase final quando
utilizaram a frequência de viragem de 96 vezes por dia. Os mesmo autores realizaram
em 2006 uma pesquisa que avaliava efeito do ângulo de viragem sobre a
eclodibilidade, mortalidade embrionária e incidência de mau posicionamento dos
embriões. As angulações estabelecidas foram de 35°, 40°e 45° realizadas em uma
frequência de 24 vezes ao dia. Os resultados obtidos demonstraram que a
eclodibilidade não foi afetada pela angulação de viragem, porém, a incidência de
mortalidade na fase inicial foi reduzida quando utilizaram a angulação de 40°. A
incidência de mau posicionamento dos embriões foi superior no tratamento submetido
a angulação de 35°.
3.2.3.4 Ventilação
A ventilação durante o processo de incubação de ovos férteis é influenciada
pelo aquecimento, resfriamento, umidificação e circulação do ar. Sua função é
fornecer adequadas taxas de O2 e eliminar CO2 (SILVA, 2005).
A produção de calor metabólico pelos embriões inicia a partir do 4º dia de
incubação. No 9º dia a temperatura do embrião é maior do que a temperatura presente
no interior da incubadora devido à alta produção de calor metabólico. Então, é
necessário que o todo esse calor produzido seja removido com o auxílio de um
sistema de ventilação adequado, dissipando o calor produzido através da passagem
do ar por toda a superfície da casca do ovo (LOURENS, 2004).
26
Até o 18° dia de incubação, a troca gasosa ocorre por meio de capilares (PIAIA,
2005). A captação de O2 e a liberação de CO2 aumentam conforme o desenvolvimento
embrionário. Com o passar dos dias de incubação, o gás entra para repor a água
perdida e forma a câmara de ar em uma das extremidades do ovo, a qual aumenta no
final do período de incubação (LA SCALA JR, 2003).
Após o rompimento da membrana interna da casca, a respiração embrionária
passa a ocorrer através do ar que existe na câmara de ar, inflando os pulmões e os
sacos aéreos pela primeira vez. A partir do 19° dia de incubação o requerimento de
oxigênio pelo embrião aumenta e a difusão não pode suprir essa exigência,
apresentando uma hipóxia o que estimula à bicagem interna e à eclosão. Em
condições de hipóxia, os embriões respondem com uma menor atividade metabólica,
menor crescimento de órgãos e menor peso total (PIAIA, 2005).
Mauldin (2003) constatou que aproximadamente 1.000 ovos requerem 4m³ de
ar fresco por dia até o 18º dia de incubação. Sendo assim, uma incubadora com
capacidade de 40.000 ovos necessita 162m³ de ar fresco por dia, então, o ar da
incubadora deve ser renovado uma vez a cada 3 horas. Silva (2005) sugere como
concentração ideal de CO2 0,1% a 0,4% em incubadoras de múltiplos estágios,
aumentando para 0,5% a 0,8% nos nascedouros.
O CO2 é um composto natural resultante de processos metabólicos durante o
desenvolvimento embrionário. A concentração máxima desse gás na incubadora
depende do número de ovos férteis e da taxa de ventilação, mas geralmente não
ultrapassa de 0,50% (ONAGBESAN et al., 2007). A sensibilidade do embrião com
relação às concentrações de CO2 varia conforme a idade, nos primeiros 4 dias de
incubação a concentração de CO2 podem chegar a 1% sem causar prejuízos na
eclodibilidade. Entre o 5º e o 8º dias de incubação os embriões sobrevivem com
concentração de CO2 de até 3%. Entre o 9º ao 12º dia, o tolerável é 5% (MOLENAAR
et al., 2010). Segundo De Smit et al. (2006), um aumento gradual da concentração de
CO2 durante os primeiros dez dias de incubação a níveis de 0,7% ou 1,5% pode
acelerar o desenvolvimento embrionário e melhorar a eclodibilidade.
Em estudo realizado por French (2010) constatou-se que para a obtenção de
janelas menores de nascimento a concentração de CO2 pode ser de até 2% nos
instantes que antecedem a bicagem dos primeiros embriões. Contudo, altas
27
concentrações de CO2 no final do período de incubação podem causar danos na
maturação do coração e dos pulmões.
3.3 ANÁLISE DE OVOS NÃO ECLODIDOS
No incubatório é necessário um acompanhamento dos índices de fertilidade e
eclodibilidade dos lotes, para isso utiliza-se a ovoscopia e embriodiagnóstico. Através
da ovoscopia é possível observar ovos não embrionados, viáveis e mortos sem a
necessidade de quebrá-los. Para um detalhamento da fase embrionária em que
ocorreu a mortalidade é necessário visualizar o ovo internamente, caracterizando o
embriodiagnóstico (GALINDO e LISETTE, 2005).
O embriodiagnóstico é capaz de apontar as causas dos problemas de eclosão,
facilitando uma ação rápida e evitando maiores prejuízos. Uma vez detectadas as
causas da não eclosão, as medidas corretivas podem ser diretamente tomadas no
setor relacionado, sendo na granja, incubatório, transporte ou até mesmo na fábrica
de ração responsável pela elaboração das dietas das aves reprodutoras (MARTIN,
2003).
De acordo com Rosa e Ávila (2000) durante a quebra de ovos é possível
observar mortalidade embrionária precoce (1 a 5 dias), intermediária (6 a 15 dias) e
tardia (16 a 21 dias). Nos ovos inférteis apenas visualiza-se um pequeno ponto denso
e branco correspondente ao disco germinativo não fertilizado (GALINDO e LISETTE,
2005).
Analisando a curva de mortalidade embrionária, Rosa e Ávila (2000)
observaram uma elevação nos índices mortalidade precoce. Na idade de 6 a 15 dias,
a curva passou por uma estabilização, e na fase tardia houve um novo aumento de
mortalidade. Fairchild (2003) também apontou que os dois períodos de maior
mortalidade embrionária ocorrem na primeira e última semana de incubação. Os
fatores citados pelos autores que podem influenciar a mortalidade de embriões foram:
envelhecimento e padrão sanitário das reprodutoras, manejo do ovo desde a postura
até a incubação, condições do funcionamento do incubatório, material genético,
nutrição da matriz e mau posicionamento embrionário.
28
Um dos principais fatores para um embriodiagnóstico bem realizado é procurar
indicadores padronizados para a avaliação. A mortalidade embrionária da primeira
fase de incubação (0 a 4 dias) pode ser identificada pela não visualização do olho. Na
fase intermediária pode-se observar penugem e absorção da gema, já no último
período de incubação o embrião morto apresenta gema totalmente absorvida
(GALINDO e LISETTE, 2005).
Existem alguns elementos óbvios que devem ser observados durante a quebra
dos ovos. O mofo, por exemplo, geralmente indica problemas no fluxo de ar no
incubatório e presença de fungo nos ninhos manuais. A presença de contaminação
também é de fácil visualização, sendo mais comum em ovos de matrizes mais velhas
devido à diminuição na espessura da casca. A má posição pode ser atribuída a ovos
virados e consequência da viragem das incubadoras. A má formação é uma causa de
mortalidade evidente, e pode estar associada a diferentes causas etiológicas,
entretanto, a associação a defeitos genéticos são as mais consideradas no momento
da avaliação. As anomalias mais encontradas são: quatro membros pélvicos,
duplicação do bico, ausência do bico, bico cruzado, ausência da caixa craniana,
presença de duas cabeças e ausência de globo ocular (GALINDO e LISETTE, 2005).
29
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o período de estágio curricular as atividades desenvolvidas
abrangeram a área de matrizes de frangos de corte, realizando o acompanhamento
dos núcleos de recria e produção, desde o alojamento dos pintainhos na recria até a
saída do lote na produção com aproximadamente 60 semanas de idade. Foi possível
acompanhar o processo de preparação dos galpões para recepção das aves, eficácia
do programa de biosseguridade aplicado, monitoramento da sanidade e manejo geral
das aves durante as fases de recria e produção. No incubatório foram acompanhados
os procedimentos de rotina, com enfoque em ovoscopia e embriodiagnóstico (tabela
2).
TABELA 2 - CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O
PERÍODO DE ESTÁGIO
Atividade Desenvolvida
Carga horária
Avaliação de biosseguridade em granjas matrizes
120 horas
Avaliação de biosseguridade no incubatório
50 horas
Acompanhamento da sanidade dos lotes
50 horas
Manejo na recria de matrizes
40 horas
Manejo na produção de matrizes
60 horas
Vacinação de matrizes
10 horas
Rotina incubatório
80 horas
Monitoramento Programa Nacional de Sanidade Avícola
10 horas
30
5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
5.1 AVALIAÇÃO DE BIOSSEGURIDADE EM GRANJAS MATRIZES
Biosseguridade, em seu sentido geral, significa o estabelecimento de um nível
de segurança sanitária dos seres vivos por medidas que diminuam os riscos de
ocorrência de enfermidades em uma determinada população (AMARAL et al., 2014)
Na produção de aves, um programa de biosseguridade é implementado através
do conjunto de políticas e normas operacionais rígidas que têm como objetivo impedir
que qualquer agente patogênico adentre nos aviários (BONNATI e MONTEIRO,
2008). Os itens analisados na avaliação da biosseguridade em granjas de matrizes da
JBS Foods, em forma de check list, eram: localização e isolamento das instalações;
barreiras físicas, naturais e sanitárias; acesso ao núcleo; higiene pessoal; limpeza e
desinfecção de equipamentos e veículos; compostagem; cuidados com ração e água;
controle de pragas e registros do lote.
Durante o estágio foi possível observar que o sucesso de um programa de
biosseguridade depende do treinamento e comprometimento de todas as pessoas
envolvidas no processo. Os benefícios de um programa de biosseguridade bem
aplicado são evidentes e refletem em diversas áreas, como na sanidade do lote de
matrizes, na qualidade da progênie e também na saúde humana. Além disso, o check
list complementava a remuneração dos integrados. As granjas de recria e de produção
de ovos da empresa possuíam um programa de biosseguridade efetivo, em constante
aperfeiçoamento e com monitorias frequentes.
5.1.1 Localização, isolamento e acesso das instalações
A localização geográfica da granja e o posicionamento dos galpões eram
avaliados no momento da construção, pois são de grande importância no equilíbrio da
sanidade das aves. As instalações deveriam ser construídas em uma distância segura
de outros sistemas de produção avícolas, incubatórios, abatedouros, fábricas de
ração, estradas com intenso fluxo de transporte de cargas vivas e da área urbana
31
(figura 1). A direção predominante dos ventos também deveria ser levada em conta,
a fim de evitar a disseminação de patógenos.
FIGURA 1- AVIÁRIOS DE GRANJA MATRIZ LOCALIZADOS EM ÁREA ISOLADA
Para evitar a entrada de pássaros nos aviários as telas e portões de
carregamento não podiam conter frestas. Outros cuidados que os produtores
deveriam ter eram: manter as portas dos galpões sempre fechadas, ausência de
ninhos de pássaros e árvores frutíferas na propriedade, limpeza e retirada de ração
da periferia dos silos e manter sempre bem aparadas as vegetações que circundavam
os aviários.
Dentro da granja as áreas sujas e limpas eram delimitadas. A área limpa
abrangia toda a área da barreira sanitária para dentro do núcleo. A região externa da
granja, acesso de saída dos núcleos e a parte externa ao interior das granjas,
compreendia a área suja. Na avaliação de biosseguridade o produtor deveria
assegurar à médica veterinária que os limites entre essas áreas eram respeitados.
Visto que os diversos patógenos existentes podem se disseminar facilmente
através de correntes de ar, a avaliação de biosseguridade tinha como foco observar a
presença e eficácia de barreiras físicas e sanitárias que impedissem a disseminação
desses agentes. As barreiras físicas estabeleciam os limites da granja, evitando livre
acesso de animais, pessoas e veículos não autorizados. Nesse item eram avaliadas
a integridade das cercas externas, observando a presença de possíveis frestas ou
aberturas. As barreiras naturais, conhecidas como cortinas verdes, eram basicamente
formadas por cedros e campo nativo (figura 2), e estavam presentes ao redor das
granjas.
32
FIGURA 2- BARREIRA VEGETAL
Tendo em vista que um importante vetor de enfermidades é o homem, foi de
grande importância monitorar as visitas, fluxo de materiais, equipamentos e veículos
que transitavam na granja. Para entrar na granja, tanto visitantes como funcionários,
deveriam primeiramente respeitar o vazio sanitário (tabela 3).
TABELA 3- VAZIO SANITÁRIO PARA GRANJAS MATRIZES
Incubatório
Vazio sanitário
necessário
24 horas
Fábrica de rações
24 horas
Granjas núcleo suínos
48 horas
Aves de corte
72 horas
Suínos terminação
72 horas
Abatedouro
72 horas
Laboratório
72 horas
Granja matrizes produção
24 horas
Granja Mycoplasma synoviae positiva
48 horas
Granja Mycoplasma gallisepticum positiva
72 horas
Granja S.enteritidis, S. typhimurum,
S. Heidelberg, S. Gallinarum, S. Pullorum
positiva
72 horas
Granja Salmonella spp. positiva
24 horas
Granjas matrizes produção mais velhas
24 horas
Desafios por Bronquite Infecciosa,
Pneumovírus, Coriza e Pasteurella
48 horas
Origem
Destino
Granja matrizes recria
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes
recria/produção
Granja matrizes recria
Granja sem problema
sanitário
Granja sem problema
sanitário
Granja sem problema
sanitário
Granja sem problema
sanitário
Granjas matrizes produção
mais novas
Granja sem problema
sanitário
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE SANIDADE DE GRANJAS DE AVÓS E
MATRIZES DE AVES JBS FOODS, 2016.
33
Também era necessário retirar qualquer adorno, tomar banho completo de
acordo com as normas determinadas pela empresa e vestir roupas fornecidas pelas
granjas, sempre respeitando os limites de área limpa e suja. Outro ponto avaliado era
a higienização de mãos e botas na entrada e saída dos aviários e sanitários, em como
a presença de cal hidratada nas entradas dos galpões. Todos os veículos que
necessitavam entrar na granja deveriam passar pelo arco de desinfecção, no qual
avaliava-se a integridade dos bicos e a presença de desinfetante (figura 3).
FIGURA 3- ARCO DE DESINFECÇÃO
Quaisquer objetos que fossem levados para o interior da granja passavam por
um processo de fumigação em um fumigador existente na barreira sanitária. Esse
procedimento era realizado através da queima de paraformaldeído em pó, o tempo e
quantidade de produto químico utilizado variavam de acordo com o tamanho do
fumigador.
5.1.2 Cuidados com ração e água
As rações fornecidas às aves podem ser importantes fontes de contaminação
do lote, portanto, o programa de biosseguridade avaliava o armazenamento da ração
nos silos das granjas, cobrando dos produtores que esses locais ficassem sempre
fechados para evitar o contato de pássaros com a ração. Era orientado que fossem
coletadas amostras de ração de cada recebimento, guardando-as devidamente
identificadas no almoxarifado da granja durante 45 dias.
A água dos aviários deve ser abundante, limpa, fresca e isenta de patógenos.
A monitoria era realizada através de análises periódicas de cloro e pH, segundo
34
normas da empresa a faixa ideal era de 3 a 5 ppm e 6,0 respectivamente. Quando os
resultados não atingiam o padrão poderia ser utilizados blocos de cloro ou corretores
de pH. Avaliava-se também a presença de água em todos os pontos da linha do nipple
e a integridade das caixas de água, as quais deveriam permanecer limpas e fechadas.
A pesquisa de coliformes na água era realizada no alojamento da recria e durante a
produção nas 25 e 48 semanas.
5.1.3 Destino de aves mortas
As carcaças de animais mortos constituem também um grande risco de entrada
de enfermidades nos plantéis. Algumas granjas possuíam o sistema de incineração,
o qual é o mais recomendado. Porém, a grande maioria recolhia as aves mortas ao
longo do dia, depositavam em caixas de mortalidade existentes na área de serviço de
cada aviário e no fim do dia colocavam-nas na composteira.
O processo de compostagem é seguro e ambientalmente correto, pois permite
que as carcaças sejam deterioradas sem que o de material contaminado seja inserido
diretamente no solo. O material proveniente desse processo pode ser utilizado em
outras atividades sem riscos, pois durante o processo de compostagem, a maioria dos
microrganismos patogênicos existentes são destruídos.
Na avaliação de biosseguridade era observado se o processo de compostagem
estava sendo realizado de forma correta. A primeira camada da compostagem deveria
ser de 15 a 20 cm de maravalha limpa ou cama de aviário. Na segunda camada as
carcaças eram colocadas com o dorso para cima, atingindo no máximo 15 cm de
altura. Então, as aves eram cobertas com cama do aviário, utilizando o dobro da
espessura da segunda camada, e todo o processo se repetira até o término da célula
de compostagem. Não era permitido que qualquer parte das carcaças ficassem
expostas. O material permanecia nesse processo até 90 dias do término da última
camada, e então era utilizado como adubo orgânico. Outro ponto importante era
orientar que essa tarefa fosse a última realizada no dia e era necessário conter cal
hidratada na porta de entrada desses locais, ou até mesmo um par de botas específico
para essa atividade.
35
5.1.4 Controle de pragas
O controle de roedores e insetos era realizado através de um mapeamento
prévio de pontos estratégicos para a colocação de iscas e posterior confecção de um
croqui específico para cada granja. Os principais pontos eram ao redor dos aviários,
cercas, silos, composteira, depósito de maravalha e portaria. Os raticidas eram
utilizados na forma de grãos de girassol, blocos parafinados e pó de contato.
Era orientado que os pontos de iscagem fossem revisadas quinzenalmente
pelos
funcionários
das
granjas
com
posterior
preenchimento
da
planilha
correspondente. A médica veterinária analisava esta planilha e o estado dos porta
iscas, os quais deveriam estar no local indicado do croqui, numerados, limpos e com
raticidas em bom estado de conservação (figura 4).
FIGURA 4- PORTA ISCAS CONTENDO SEMENTE DE GIRASSOL E PÓ DE
CONTATO
5.1.5 Preparação dos aviários
Após a retirada das aves das granjas iniciava-se os procedimentos de
higienização. Primeiramente toda a cama era retirada, em seguida utilizava-se sabão
para a limpeza dos equipamentos e toda a área interna dos aviários, o produto
permanecia 1 dia e então ocorria o enxague. Logo após ocorria a primeira desinfecção
do interior do aviário. Coletava-se swabs de arrasto do chão e equipamentos para a
pesquisa de Salmonella sp., quando positivo o procedimento de desinfecção era
repetido, caso contrário a cama nova já poderia ser colocada. No caminhão de cama
coletava-se mais material para amostra, pequenos sacos plásticos devidamente
identificados e estéreis eram enviados com a nova cama para análise de Aspergillus
36
sp. e Salmonella spp. Se os resultados das análises estivessem conformes, ou seja,
negativos para esses agentes patogênicos, os demais equipamentos eram colocados
nos galpões e então uma nova desinfecção ocorria. Lacrava-se o galpão por cerca de
3 dias e enfim o local estava pronto para alojar o novo lote de matrizes.
5.1.6 Monitoramento, registro e comunicação de resultados
Todas as planilhas preenchidas durante o lote eram analisadas pela médica
veterinária, dentre elas o registro de materiais que passaram pelo fumigador com a
finalidade de garantir que o procedimento é realizado, medicamentos realizados nas
aves, registro de visitas e veículos para facilitar a rastreabilidade quando necessário
e o termo de compromisso, no qual todos os funcionários das granjas afirmavam não
possuir qualquer espécie de ave doméstica e/ou ornamental em seus lares.
Para garantir a sanidade dos lotes era realizado um monitoramento com
análises de soro, propé, mecônio e água, analisados em um laboratório da própria
empresa e com coletas em datas especificadas pelos sanitaristas responsáveis.
5.2 AVALIAÇÃO DE BIOSSEGURIDADE NO INCUBATÓRIO
O incubatório é o ambiente comum a toda a produção de ovos das granjas e
uma fonte potencial de infecção para as aves. O processo de incubação tem como
objetivos a melhoria na produtividade e a garantia da qualidade de aves de um dia.
Neste local, existe um controle rígido de temperatura, umidade, ventilação e viragem,
assegurando assim pintainhos uniformes e livres de enfermidades (ROSA, 2014).
O programa de biosseguridade aplicado no incubatório tinha o intuito de evitar
a entrada de patógenos, reduzir os riscos de multiplicação e sua contaminação
bacteriana e fúngica, e assim reduzir possíveis perdas e prejuízos.
Monitorias
frequentes eram realizadas avaliando diversos aspectos de biosseguridade,
garantindo eficácia das medidas adotadas e qualidade do produto final.
Assim como em granjas matrizeiras, o incubatório era localizado distante de
outros sistemas de produção animal. Na barreira física avaliava-se a integridade das
cercas e instalações, evitando frestas e portas abertas, com o objetivo de impedir a
37
entrada de pássaros e roedores. As barreiras naturais eram formadas por cedros e
árvores nativas sempre aparadas, sendo proibido a presença de árvores frutíferas.
A entrada e saída de veículos era controlada, visto que são fontes importantes
de contaminação cruzada. Os veículos que adentravam no pátio do incubatório
deveriam passar pelo arco de desinfecção, onde continha detergente e desinfetante a
base de glutaraldeído ou amônia quaternária. A barreira sanitária era composta por
vestiários e fumigadores (figura 5).
FIGURA 5- VISTA EXTERNA DA BARREIRA SANITÁRIA DO INCUBATÓRIO
O procedimento de banho e fumigação seguiam o padrão realizado nas granjas
de matrizes. No incubatório também existia o período de vazio sanitário necessário
para a entrada no estabelecimento, assim como demonstra a tabela 4.
O incubatório era dividido em área limpa e área suja. Na área limpa encontravase o almoxarifado, o escritório, o refeitório, o fumigador, a sala de ovos, as salas de
incubação, a sala de preparo de vacinas, a sala de vacinação e a sala de lavagem de
carros de incubação. Já a área suja era composta pela sala de nascedouros, sala de
pintos, expedição, sala de quebra de resíduos e sala de lavagem de caixas. O fluxo
de ar no interior do incubatório deveria seguir o sentido da área limpa para a área suja,
e, do mesmo modo, o fluxo de pessoas e materiais. Na entrada da área limpa e na
saída da área suja existiam pedilúvios e rodolúvios com água e desinfetante a base
de glutaraldeído e álcool gel, sendo mais uma maneira de evitar a entrada de
microrganismos.
38
TABELA 4- VAZIO SANITÁRIO PARA INCUBATÓRIO
Origem
Vazio sanitário necessário
Granja matrizes recria/produção
Sem vazio
Fábrica de rações
24 horas
Aves de corte
48 horas
Abatedouro
48 horas
Laboratório
48 horas
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE BIOSSEGURIDADE NO INCUBATÓRIO
JBS FOODS, 2016.
A lavagem de bandejas, carrinhos e caixas de nascedouros eram
criteriosamente avaliados no monitoramento de biosseguridade (figura 6). Os
reservatórios de água estavam sempre limpos e protegidos, com laudos frequentes
comprovando qualidade microbiológica e físico-química da água.
FIGURA 6- PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA DE MATERIAIS
O controle de roedores era realizado de forma semelhante das granjas,
avaliando quinzenalmente a integridade das iscas e posicionamento conforme croqui.
Um importante item de biosseguridade era a existência de um procedimento
específico para a incubação de ovos cama ou considerados sujos. Estes, devido à
grande carga bacteriana presente deveriam permanecer em incubadoras especificas,
sem contato com ovos de ninho.
A médica veterinária observava a limpeza e desinfecção dos caminhões que
transportavam ovos e pintainhos, auditando o posto onde esse procedimento ocorria.
As diversas planilhas que controlavam temperatura, umidade, desinfecção e
demais atividades realizadas no incubatório eram avaliadas frequentemente pela
responsável técnica.
39
Para a monitoria sanitária do incubatório eram realizadas análises semanais de
água destilada, placa de exposição, swab do triturador, swab de caixas de
nascedouros e amostras de vacinas.
5.3 SANIDADE EM MATRIZES
O grande desenvolvimento da avicultura fez com que os desafios sanitários
crescessem na mesma proporção. Devido a produção de matrizes ser de longos
períodos, é essencial um acompanhamento frequente da sanidade dos lotes para
evitar perdas de produtividade e de descarte de aves. Durante o estágio as causas
mais comuns de mortalidade, diminuição de produtividade e descarte das aves foram:
prolapsos, canibalismo, artrite e bronquite.
5.3.1 Prolapso
Durante a postura do ovo existe uma inversão normal do útero ou da mucosa
vaginal, porém em alguns casos esta mucosa leva mais tempo para retornar a
cavidade ocasionando o prolapso (figura 7). Se existe tendências de canibalismo no
lote, as demais aves podem bicar a mucosa, causando trauma e inflamação, o que irá
dificultar ainda mais sua retração (GONSALVES, 2011).
FIGURA 7- PROLAPSO
40
A falta de planejamento dos programas de luz somada com excesso de peso
corporal podem acarretar no surgimento de anomalias na produção, como ovos de
gemas duplas, fator que aumenta o índice de prolapso nos plantéis. A primeira fase
de postura da ave é um ponto crítico para o aparecimento de casos de prolapsos,
devido às maiores proporções de ovos de gema dupla (RUTZ et al., 2007).
Foi observado prolapso em lotes que estavam na fase inicial da postura, dos
quais geralmente apenas algumas aves apresentavam o problema, demonstrando
que manejo estava sendo feito de forma correta, com alimentação e luminosidade de
acordo com a idade das aves.
5.3.2 Canibalismo
Assim como os demais animais, o comportamento das aves também é
influenciado pelo fotoperíodo. Em criações comerciais o período de luminosidade é
regulado artificialmente visando aumentar o desempenho produtivo e econômico, sem
prejudicar a saúde dos animais. Porém, sem um programa de luz adequado é comum
o aparecimento de canibalismo no plantel (figura 8). Outros fatores que também
podem estar associados ao comportamento agressivo de matrizes são: elevada
densidade no galpão, altas temperaturas, deficiência nutricional, maturidade sexual
do macho adiantada e comportamento de diferentes linhagens de aves comerciais
(GONSALVES, 2011).
FIGURA 8- LESÕES POR CANIBALISMO
41
Nos lotes de maior incidência, o produtor era orientado que passasse várias
vezes ao dia retirando as aves que já possuíam alguma lesão primária, pois o sangue
chama atenção das demais, incitando cada vez mais o canibalismo. Lesões na região
da cabeça e próximo à cloaca eram as mais observadas.
5.3.3 Artrites
As artrites caracterizam-se por um edema das articulações tibiotársica,
tarsometátarsica e interfalangeanas da galinha (figura 9). As aves acometidas
apresentavam-se apáticas, com dificuldade locomotora e rapidamente se tornavam
refugos do lote. As causas de artrites em aves comerciais podem variar de agentes
patogênicos, como Reovírus, Mycoplasma synoviae e Orthoreovirus, quanto por
causas não infecciosas relacionadas ao manejo e ambiência (RECK et al., 2012).
Aviários com camas úmidas e crostosas apresentavam maiores índices dessa
enfermidade. Durante as necropsias foi possível observar presença de exsudato
seroso ou serossanguinolento nas articulações lesionadas.
FIGURA 9- ARTICULAÇÕES EDEMACIADAS
5.3.4 Bronquite Infecciosa das Galinhas
A bronquite infecciosa das galinhas, causada pelo vírus do gênero Coronavírus,
é altamente contagiosa e ocasiona grandes perdas econômicas à indústria avícola. O
agente possui tropismo pelas células dos aparelhos respiratórios, geniturinário e
ocasionalmente pode afetar o trato intestinal (COOK et al., 2012).
No mês de agosto ocorreram alguns casos dessa enfermidade em lotes de
matrizes durante o pico de produção. A empresa realizava um protocolo de vacinação
42
próprio e os resultados de titulação do exame sorológico eram satisfatórios. Sendo
assim, os casos de bronquite podem ser explicados pelo frio intenso que ocorreu na
região semanas antes. As cortinas dos aviários permaneciam mais tempo fechadas,
acarretando em maiores níveis de amônia, lesionando os epitélios do trato respiratório
superior e aumentando as portas de entrada do vírus. Outro fator importante foi o
estresse fisiológico que a ave enfrentou durante o pico de produção, diminuindo sua
imunidade e consequentemente elevando a susceptibilidade dos lotes.
As aves encontravam-se apáticas, febris e rapidamente vinham a óbito. Nas
necropsias foi possível observar atrofia e lesões nas células do ovário (figura 10), em
nenhuma foram encontrados uratos nos rins. A produção e qualidade dos ovos foi
minimamente afetada, sendo que os lotes acometidos rapidamente se recuperavam
sem grande número de mortalidade.
FIGURA 10- OVÁRIO APRESENTANDO LESÕES
5.4 MANEJO NA RECRIA DE MATRIZES
A recria compreende o período de vida de aves de um dia até 22 semanas.
Nesta fase o desenvolvimento de tecidos corporais, empenamento, sistemas
imunológico, cardiovascular, e esquelético (BRIANEZ, 2012). Procedimentos
adequados nesse período garantem bons resultados no desenvolvimento e
maturidade sexual, influenciando diretamente a fase de produção.
43
5.4.1 Ambiência na fase de recria
A ambiência é de suma importância para o desenvolvimento das aves,
principalmente nos primeiros dias de vida, sendo importante controlar a umidade, a
temperatura e a luminosidade (figura 11). A umidade nos primeiros dias nunca deveria
ser inferior a 70%, visto que os pintainhos saiam de nascedouros com umidade de
90%, e uma diferença muito grande poderia causar desidratação. Ao longo do
crescimento a umidade deveria permanecer entre 40% a 75%.
FIGURA 11- GALPÃO DARK HOUSE DE RECRIA
No início da vida as aves estão desenvolvendo seu sistema de
termorregulação, o que as torna extremamente sensíveis às alterações da
temperatura ambiental. Portanto, é essencial manter a temperatura do galpão dentro
da zona de conforto térmico das aves, evitando mudanças fisiológicas e
comportamentais (BRIANEZ, 2012). Durante o período de estágio, tanto galpões dark
house como convencionais possuíam um rígido controle térmico, ajustando a
temperatura conforme a idade do lote de acordo com orientações técnicas da empresa
(tabela 5), sempre observando a distribuição e comportamento das aves. Caso a
temperatura ultrapassasse os limites estabelecidos, sistemas de segurança eram
ativados, primeiramente os ventiladores, em seguida os nebulizadores e, por fim, os
alarmes.
44
TABELA 5- TEMPERATURAS IDEAIS CONFORME A IDADE DAS AVES
Idade
Temperatura ideal
1ª semana
29 a 32 °C
2ª semana
26 a 29 °C
3ª semana
23 a 26 °C
A partir da 4ª semana
21 a 23 °C
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE RECRIA DE MATRIZES DE FRANGO DE
CORTE JBS FOODS, 2016.
Até a 10ª semana de vida os animais não respondem ao estímulo luminoso, e
a partir desta idade tornam-se sensíveis às variações de luminosidade, motivo pelo
qual durante a recria as aves eram conduzidas em galpões escuros. Para o início da
maturidade sexual, os animais eram submetidos a um processo gradativo de
estímulos luminosos, aumentando a amplitude do dia tanto pela manhã, quanto pela
tarde. Era necessário monitorar o peso do lote para decidir a quantidade de luz
fornecida às aves. A tabela 6 demonstra em condições ideais um programa de luz
aplicado na recria de machos e fêmeas.
TABELA 6- PROGRAMA DE LUZ NA RECRIA
Idade
Quantidade de horas de luminosidade
Intensidade
1-2 dias
23 horas
30 lux
3 dias
20 horas
30 lux
4-5 dias
18 horas
30 lux
6-14 dias
16 horas
30 lux
>15 dias
9 horas
3-5 lux
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE RECRIA DE MATRIZES DE FRANGO DE
CORTE JBS FOODS, 2016.
5.4.2 Alojamento da recria
As aves de um dia alojadas nos galpões de recria eram originárias dos
avozeiros da própria empresa, e transportadas por caminhões com carroceria limpa,
desinfetada, ventilação apropriada e temperatura controlada. Os machos eram
acondicionados em caixas plásticas azuis e as fêmeas em amarelas, com capacidade
45
de lotação de 100 aves cada, possuindo furos para que ocorra troca de ar,
proporcionando um maior conforto das aves e evitando mortes.
Após a chegada do caminhão na granja e antes do descarregamento,
realizava-se a coleta de sangue, mecônio, aves vivas, chifonetes do fundo de algumas
caixas, água e propés dos aviários. As caixas com aves eram descarregadas e
colocadas nos aviários devidamente preparados, com bebedouros, comedouros
infantis e papéis com ração, sendo importante que o aviário e a cama estivessem já
aquecidos. Os animais eram contados, pesados e separados em categorias de peso
(leve, normal, pesados).
5.4.3 Debicagem
A empresa contava com a presença de uma equipe especializada para
executar a debicagem. O objetivo era evitar que o macho machuque muito a cabeça
das fêmeas na fase de produção durante a cópula. A debicagem consistia na
cauterização de aproximadamente 1/3 do bico dos machos com idade entre 3 e 4
semanas. Quando realizado corretamente, o bico superior e inferior ficam do mesmo
tamanho. Era necessário observar possíveis sangramentos e retomada do consumo
de ração nos momentos após o procedimento.
5.4.4 Fornecimento de água na recria
O fornecimento de água era realizado através de bebedouros do tipo nipple,
com 20 a 25 aves por bico nas primeiras semanas, e 12 aves por bico a partir da 4ª
semana de vida. A vazão de água deveria ser ajustada de acordo com a idade com
a finalidade de evitar problemas na cama (tabela 7). A altura do bebedouro também
deveria ser adequada de acordo com o tamanho dos animais, sendo modificada
frequentemente.
46
TABELA 7- VAZÃO DE ÁGUA DE ACORDO COM A IDADE DAS AVES
Idade das aves
Vazão de água
1ª a 4ª semana
40-50 ml/min
5ª a 9ª semana
50ml/min
10ª a 14ª semana
50-60 ml/min
A partir da 15ª semana
60-80 ml/min
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE RECRIA DE MATRIZES DE FRANGO DE
CORTE, JBS FOODS, 2016.
5.4.5 Arraçoamento na recria
Nos primeiros 3 dias as aves recebiam ração em papéis, com o objetivo de
estimular o consumo. Na primeira semana de vida tanto os machos como as fêmeas
recebiam ração a vontade, depois disso a quantidade do alimento era controlada para
que não exercessem a meta de peso estimada pela equipe técnica. Até a 4ª semana
o arraçoamento era realizado manualmente, posteriormente a corrente era colocada
e retirava-se o comedouro infantil. Durante o acompanhamento da rotina dos técnicos
foi possível observar a grande importância de um arraçoamento, quantidade e tipo de
ração (tabela 8) corretos para cada idade, objetivando a uniformidade do lote e um
ótimo desenvolvimento esquelético. O volume de ração era ajustado semanalmente
de acordo com o peso das aves.
TABELA 8- TIPOS DE RAÇÃO CONFORME A IDADE DAS AVES
Tipos de ração
Idade
Inicial
0-4 semanas
Crescimento
5-18 semanas
Pré-postura
19-25 semanas
Macho crescimento
5-22 semanas
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE RECRIA DE MATRIZES DE FRANGO DE
CORTE JBS FOODS, 2016.
47
5.4.6 Pesagem e seleção
O controle de peso das aves dentro do padrão de cada linhagem é fundamental,
tornando-se importante um bom sistema de pesagem, com balanças reguladas e
manejo adequado. O objetivo do controle do peso corporal era alcançar as metas de
peso para a idade com boa uniformidade do lote. A pesagem era realizada em dia e
horário especificados pela orientação técnica da empresa. As aves eram cercadas (no
mínimo 3% do lote para fêmeas e 6% para os machos) e pesadas semanalmente. Nas
primeiras pesagens utilizava-se balança de precisão, e os pintainhos eram pesados
um a um. Com o crescimento das aves eram utilizadas balanças digitais, as aves eram
presas pelas asas e então pesadas. Após o término avaliava-se o peso médio, a
uniformidade e o coeficiente de variação dos lotes.
A seleção tinha como objetivo separar as aves em diferentes categorias de
acordo com os pesos, com a finalidade de diminuir a competição entre aves de
tamanho diferentes, e assim manter a uniformidade no aviário. Os boxes eram
divididos nas categorias: leve leve, leve, normais e pesadas. A seleção era realizada
em semanas específicas de acordo com o padrão estabelecido pela empresa.
5.4.7 Transferência
Durante o período de estágio também foi possível acompanhar o procedimento
de transferência das aves de recria para produção e posteriormente o
descarregamento. Esse procedimento é muito estressante para as aves, devido a
mudança ambiental que sofrerão, entrando em contato com o outro sexo e com
ambiente muito mais luminosos do que os usuais. A transferência ocorria durante a
manhã, horário de maior conforto térmico para as aves.
Antes de iniciar o carregamento, as aves eram cercadas dentro do aviário,
utilizando-se divisórias do próprio galpão e caixas de transporte para as aves. As aves
deveriam ser apanhadas individualmente e cuidadosamente pelas asas e colocadas
nas caixas (7 galos ou 9 galinhas por caixa). As caixas de transporte eram de plástico,
e à medida que as aves eram colocadas, estas iam sendo carregadas no caminhão
com o auxílio de uma esteira.
48
5.5 MANEJO NA PRODUÇÃO DE MATRIZES
A fase de produção para matrizes é iniciada a partir da produção do primeiro
ovo, o que ocorre geralmente a partir de 22 semanas de idade. O objetivo geral de um
manejo adequado é o fornecimento de ovos férteis e incubáveis, com o mínimo de
ração consumida (BRIANEZ, 2012).
5.5.1 Alojamento da fase de produção
O caminhão vindo da recria posicionava-se próximo aos portões dos aviários,
e os funcionários, com o auxílio de uma rampa, faziam o descarregamento e a
liberação das aves no galpão. A transferência dos machos era feita antes das fêmeas
com o intuito de adequar a foto estimulação para o amadurecimento sexual final e
para que se acostumassem com o arraçoamento nas calhas. O galpão de postura
deveria estar pronto para receber as aves, com comedouros, bebedouros e ninhos.
5.5.2 Ambiência na fase de produção
Um ambiente controlado proporciona às aves maior bem estar e conforto,
refletindo diretamente na produtividade do lote. A temperatura para que conforto
térmico de aves adultas seja atingido é próxima dos 20°C. Quando o valor era muito
superior ao recomendado era recomendado abrir gradativamente as cortinas, com a
persistência do calor iniciava-se a ventilação e nebulização, por fim o alarme era
acionado. A umidade nunca deveria ser inferior a 40% ou superior a 75%. Era
importante avaliar a altura em que se encontrava o termohigrômetro dos aviários, pois
deveriam estar situados 10 centímetros acima da cabeça das aves. Para uma
avaliação da ambiência o comportamento das aves era verificado continuamente,
observando se estavam ativas, bem distribuídas no aviário e expressando seus
comportamentos naturais (figura 12).
Durante o período de estágio foi possível perceber que a cama do aviário é um
grande desafio tanto para o técnico quanto para o produtor. A umidade da região
contribuía para camas com crostas. Por isso, era importante que o manejo da cama
49
fosse realizado semanalmente. Em dias de sol preferencialmente, recomendava-se
que a cama fosse mexida em toda a extensão do aviário, adicionando cal hidratada e
em seguida o tombador de cama era passado, com o objetivo de trazer o lado seco
da cama para a superfície.
A quantidade de horas de luz diárias e intensidade (lux) eram seguidos de
acordo com normas técnicas da empresa variando de acordo com a idade do lote,
porem era necessário fornecer no mínimo 50 lux/m² de acordo com as normas de
bem-estar animal aplicadas pela empresa.
FIGURA 12- AVÁRIO DE PRODUÇÃO DE MATRIZES
5.5.3 Fornecimento de água na produção
A água utilizada deveria ser proveniente de sistema fechado, ou seja,
subterrânea ou protegida, com reservatório mínimo para 48 horas de consumo. A
altura dos bebedouros era constantemente ajustada de acordo com o tamanho das
aves.
5.5.4 Arraçoamento na produção
A alimentação de reprodutoras e um fator essencial na manutenção da
uniformidade e do peso corporal próximo do padrão. A composição das rações, o
manejo alimentar e o manejo geral devem ser considerados juntos na avaliação do
desempenho. A superalimentação no início do ciclo de postura pode induzir um
crescimento exagerado de folículos ovarianos, afetando adversamente (BRIANEZ,
2012).
50
Machos e fêmeas eram alimentados separadamente, permitindo o controle
efetivo do peso corporal e da uniformidade de cada sexo. As técnicas de alimentação
separada por sexos estão baseadas na diferença de tamanho entre machos e fêmeas.
Os comedouros de fêmeas possuem um cano ou corrente, o que diminui o tamanho,
impedindo o acesso dos machos devido a largura de sua cabeça. Para os machos
eram utilizados comedouros do tipo calha suspensa, abaixados somente durante o
arraçoamento, com quantidade de ração pesada e nivelada manualmente. A ração de
machos e fêmeas eram diferenciadas, bem como das diversas fases de produção de
ovos assim como demonstra a tabela 9.
TABELA 9- TIPOS DE RAÇÃO CONFORME A IDADE DAS AVES
Tipo de ração
Idade das aves
Pré-postura
19-24 semanas
Postura I
25-36 semanas
Postura II
37-50 semanas
Postura III
51-65 semanas
Macho
22-65 semanas
Descarte
1 semana antes do abate
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DE PRODUÇÃO DE MATRIZES DE FRANGO
DE CORTE JBS FOODS, 2016.
O horário exato de fornecimento da ração deveria seguir orientações técnicas,
sendo necessário ocorrer antes do nascer do sol. Era preciso garantir a presença de
água nos bebedouros antes do início do arraçoamento e respeitar exatamente o
volume de ração preconizado, o qual era ajustado semanalmente pelo setor técnico
da empresa. A distribuição ocorria de forma uniforme em toda a extensão dos
comedouros. Após o primeiro giro completo da corrente de ração no comedouro das
fêmeas, abaixava-se os comedouros dos machos, colocando-os em uma altura que
dificultasse o acesso das fêmeas. Recomendava-se ocorresse apenas um giro
completo na corrente das fêmeas, com tempo inferior de 4 minutos de fornecimento.
O tempo decorrido para que o lote consuma toda a ração deverá ser de até 3 horas
no pico de produção.
51
5.5.5 Pesagem
O dia e horário da pesagem eram previamente orientados pelo técnico
responsável por cada granja de produção. Uma amostragem de aves, no mínimo 2,5%
de fêmeas e 10% de machos por box, era cercada e então pesava-se individualmente
os animais. O peso médio e a uniformidade dos lotes eram calculados, com estes
dados o técnico realizava os ajustes semanais de ração e em certas circunstâncias
remanejava ou retirava as aves desuniformes.
5.5.6 Manejo reprodutivo
O manejo reprodutivo é imprescindível para o sucesso do processo de
produção de ovos. Inicia-se já na recria, aonde todo o manejo realizado corretamente
irá proporcionar um escore de peso e maturidade sexual adequados para que ocorra
produção de ovos férteis, alta taxa de eclosão e um maior número de ovos por fêmea
(BRIANEZ, 2012).
Conforme seu peso corporal, as aves eram recebidas e alojadas em diferentes
categorias de peso, visando uma maior uniformidade do lote e evitando o descarte de
animais por competições desiguais. A seleção das aves deveria ocorrer diariamente
através da criteriosa observação dos animais, retirando do lote animais lesionados ou
que não apresentavam indícios de produtividade.
Durante o estágio foi possível acompanhar várias avaliações de fertilidade. A
seleção dos machos era realizada através da observação de características físicas
como: coloração e umidade da cloaca, coloração da barbela e crista, patas,
empenamento das asas e avaliação do peito.
Machos férteis apresentavam cloaca avermelhada, úmida e com sujidades no
entorno, crista e barbela vermelhas e vigorosas, sem lesões nas patas e região da
cloaca depenada e escore de peito 3. Em contrapartida, os galos inférteis eram
caracterizados por cloacas pálidas e secas, repleta de penas ao redor, dificuldade
locomotora, crista e barbela pálidas, escore de peito acima ou abaixo de 3 (figura 13).
52
FIGURA 13- AVALIAÇÃO DE CLOACA. À ESQUERDA CLOACA DE MACHO
INATIVO, À DIREITA MACHO ATIVO SEXUALMENTE
Para evitar baixa fertilidade em lotes velhos realizava-se o spiking após as 45
semanas. Neste processo os machos reprodutores jovens eram inseridos nos lotes
de fêmeas mais velhas, com o objetivo de substituir machos com baixa eficiência de
acasalamento e redução da qualidade espermática. Os machos de spiking
permaneciam em um box próprio até atingirem o peso mínimo de 20% superior ao
peso das fêmeas e posteriormente retirava-se os machos velhos do galpão para
colocação dos spikes. Nunca colocava-se machos novos com velhos com o intuito de
evitar disputas territoriais. Os machos velhos eram avaliados, os quais ainda
estivessem com indícios de fertilidade eram remanejados para outros galpões
caracterizando o intra-spiking.
A fêmea era considerada improdutiva quando apresentava crista e barbela
pálida, cabeça muito machucada devido ao canibalismo e espaçamento entre as
extremidades do ísquio menor do que 3 dedos, aproximadamente o diâmetro de um
ovo. A relação de machos por fêmea sempre deveria ser respeitada, sendo que no
alojamento, 22 a 23 semanas, era de 10 a 10,5 machos para 100 fêmeas, já em lotes
mais velhos a proporção diminuía para 7 a 8 machos para 100 fêmeas.
5.5.7 Manejo de ovos
Para produção de pintainhos com boa qualidade e uniformidade é necessário
que os ovos incubáveis sejam processados corretamente. Cuidados durante a coleta,
desinfecção, resfriamento, armazenagem e incubação são fundamentais para que o
desenvolvimento embrionário não seja comprometido.
53
No início da produção a prioridade era coletar os ovos cama, cerca de 20
coletas ao dia, geralmente até a 30ª semana de produção. Era recomendado que os
funcionários das granjas caminhassem nas laterais dos aviários, junto a mureta,
estimulando as aves a irem para os ninhos, realizando esse manejo até as 30
semanas ou enquanto o índice de ovos de cama estivesse acima de 2%.
Em ninhos automáticos eram realizadas 5 coletas de ovos ao dia, e nos
manuais 7 coletas, prestando sempre atenção na colocação correta do ovo nas
bandejas, ou seja, com a câmara de ar para baixo, proporcionando um adequado
crescimento embrionário. A importância da coleta de ovos serem o mais rápido
possível é para evitar a pré-incubação e desenvolvimento embrionário que aumenta o
número de mortes embrionárias precoces e diminui a eclosão.
Após a coleta ocorria a classificação dos ovos conforme características de
limpeza e integridade. Os itens avaliados eram: trincas, furos, deformações, resíduos
de fezes ou sangue, gema dupla e ovos pequenos com peso menor que 45 gramas.
Separava-se em ovos bons (ovos limpos de ninho), ovos “X” (ovos sujos de cama, e
de ninho) e ovos descarte (ovos trincados, duas gemas, pequenos e deformados).
A higienização dos ovos iniciava logo após a coleta, limpando as sujidades
sólidas com esponjas de aço. Nos ovos com sujidades úmidas excessivas era
recomendado utilizar água morna na temperatura de aproximadamente 32 °C. Logo
após, os ovos eram encaminhados para o fumigador específico para ovos, utilizando
3 a 6 g/m³ de paraformol durante 15 minutos.
Após desinfetados os ovos eram colocados a sala de ovo, a qual deveria ser
climatizada e ventilada, com temperatura de 21°C a 23°C e umidade relativa do ar
próxima de 75%. Esses cuidados visam interromper o desenvolvimento embrionário,
que começa a ocorre próximo ou maior que 24°C.
O transporte dos ovos para o incubatório era realizado diariamente, em
caminhões com temperatura e umidade semelhantes à sala de ovos, mantendo a
temperatura ideal até a chegada à sala de ovos do incubatório.
54
5.6 VACINAÇÃO DE MATRIZES
A vacinação é uma das ferramentas disponíveis para promover a imunização
das aves contra as principais enfermidades infecciosas a que possam estar expostas
durante sua vida. Para que seja eficaz deve ser complementada por medidas de
biosseguridade e ser realizada corretamente. Os programas de vacinações de
matrizes são variáveis de acordo com as condições regionais, prevalência das
doenças e intensidade dos desafios (BRIANEZ, 2012).
Na recria era realizada vacinação de coccidiose, doença de Gumboro,
encefalomielite aviária, doença de Newcastle e bronquite infecciosa das galinhas. As
vias de aplicação utilizadas eram: água de bebida, membrana da asa, ocular, spray e
intra-muscular.
Na produção as aves eram vacinadas apenas para bronquite infecciosa das
galinhas, sendo administrada na água de bebida ou spray, variando de acordo com a
preferência dos técnicos responsáveis.
5.7 MONITORAMENTO SANITÁRIO
Considerando a importância da produção avícola no contexto nacional e
internacional e a necessidade da padronização do monitoramento sanitário, a Portaria
nº 193 de 19 de setembro de 1994, consolidou o Programa Nacional de Sanidade
Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento. A atuação
desse programa baseia-se no monitoramento e certificação dos estabelecimentos
avícolas de reprodução, fiscalização do trânsito e participação em eventos
agropecuários de espécies avícolas, bem como, vigilância epidemiológica e sanitária
das principais doenças aviárias, destacando-se as de notificação da OIE como:
influenza aviária, doença de Newcastle, salmoneloses e micoplasmoses (AMARAL,
2014).
De acordo com Instrução Normativa nº 78, de 3 de novembro de 2003, todas
as granjas de reprodução avícola devem ser certificadas livres de Salmonella
gallinarum e de Salmonella pullorum e livres ou controlados para Salmonella enteritidis
e Salmonella typhimurium. De acordo com os resultados das análises realizadas em
55
laboratórios oficiais, um certificado reconhecendo o status sanitário do núcleo é
fornecido, e medidas sanitárias de controle e erradicação são indicadas em caso de
positividade (MAPA, 2009). As coletas de material deveriam ser realizadas com o
acompanhamento do médico veterinário oficial. Para monitoramento dessa instrução
normativa na as coletas realizadas eram as seguintes:

Na 1ª semana: pool de pintainhos mortos, swab de fundo do fundo das caixas,
pro-pé dos aviários;

Na 10ª semana: amostras de sangue para pesquisa de Salmonella pullorum;

Na 10ª, 25ª, 36ª,48ª e 60ª semana: propé dos aviários;

No 1º nascimento de cada lote na 25ª, 36ª,48ª e 60ª semana da matriz: ovos
bicados vivos e mecônio.
O controle e certificação de estabelecimentos avícolas para Micoplasmose
Aviária segue a IN nº 44, publicada em 23 de agosto de 2001 (MAPA, 2009). Durante
o período de estágio as amostras de sangue eram coletadas na 10ª, 25ª, 36ª, 48ª e
60ª semana de idade das matrizes para pesquisa de Mycoplasma synovie e
Mycoplasma gallisepticum.
Em 7 de abril de 2006 entrou em vigência a IN nº17, a qual tem como objetivo
a prevenção da influenza aviária e o controle e prevenção da doença de Newcastle
no território brasileiro. O plano trata-se de medidas de aplicações emergenciais em
caso de focos e define as responsabilidades e competências do serviço veterinário
oficial (MAPA, 2009). Segundo a normativa, deveriam ser coletados swabs de cloaca
e traqueia (figura 14) preferencialmente de lotes de matrizes mais velhas (acima de
60 semanas), sendo monitorado anualmente.
56
FIGURA 14- COLETAS DE SWAB DE TRAQUEIA À ESQUERDA E DE CLOACA À
DIREITA
5.8 ROTINA INCUBATÓRIO
5.8.1 Vacinação in ovo
Aos 19 dias de incubação os ovos eram retirados das incubadoras e colocados
cuidadosamente em carrinhos, e então encaminhados para a sala de vacinação. O
processo de vacinação era realizado automaticamente por máquinas (figura 16). A
vacinadora, contendo o bag com a vacina já preparada, era ligada iniciando o
processo de classificação para eliminar os ovos inférteis a fim de evitar que os
mesmos sejam vacinados sem a presença do embrião. Em seguida o procedimento
de vacinação ocorria, com a perfuração da casca dos ovos e a inoculação por uma
agulha específica do conteúdo do bag no ovo, ao término uma solução desinfetante
era depositada sobre o orifício da vacina para evitar entrada de contaminantes. Os
ovos eram vacinados para doença de Marek, doença de Gumboro e bouba aviária
(apenas no período de setembro a março). Em seguida ocorria a colocação dos ovos
nas bandejas de nascimento e encaminhados para os nascedouros, onde eram
mantidos em temperatura de 36,8°C, umidade relativa do ar de 70% e ventilação
constante, até completarem os 21 dias e ocorrer a eclosão dos ovos.
57
FIGURA 15- VACINADORA
Na sala de pintainho, as aves recebiam a vacina contra bronquite infecciosa,
administrada na forma de spray. Posteriormente as aves ficavam na sala separados
por lotes e por integrados, e então distribuídas de acordo com as programações de
alojamentos nas granjas de frango de corte.
5.8.2 Ovoscopia e embriodiagnóstico
Após o procedimento de fumigação, os ovos permaneciam em temperatura de
18°C a 23°C e dentro de 1 dia eram transportados ao incubatório em caminhões com
a mesma faixa de temperatura. Ao chegarem no incubatório, eram colocados na sala
de ovos, onde permaneciam ainda em temperatura de 18°C a 23°C, durante no
máximo 3 dias. Nesse momento as bandejas que deveriam ser analisadas na
ovoscopia e no embriodiagnóstico eram identificadas. Então, incubava-se os ovos dos
diferentes lotes em incubadoras com de 37,2°C a 37,6°C, umidade de 81% a 87% e
ventilação de 1,3 CO2 a 1,5 CO2, com viragem a cada hora em um ângulo de 45º.
Entre o 13º e 16º dia de incubação realizava-se o procedimento de ovoscopia.
Em ambiente escuro, ocorria a passagem de um feixe de luz proveniente de uma
lâmpada de pouca intensidade, com o objetivo de detectar algumas informações sobre
qualidade externa e interna do ovo, sem a necessidade de quebrá-lo. As
características que poderiam ser observadas eram: aspectos da casca, da câmara de
ar, da gema, do albúmen e do embrião. Avaliava-se 4 bandejas de incubação por
aviário dos lotes incubados, com frequência semanal desde a primeira semana de
incubação (matrizes com aproximadamente 25 semanas). Os ovos translúcidos e
58
trincados eram retirados durante a ovoscopia (figura 16). Então encaminhava-se no
19º dia de incubação os ovos para a vacinação e, por fim, ao nascedouro onde a
temperatura deveria ser de 36,6ºC a 37ºC, umidade relativa do ar de 83% a 90% e
ventilação de 20% a 90%.
FIGURA 16- IDENTIFICAÇÃO DE OVOS CLAROS DURANTE OVOSCOPIA
O procedimento de embriodiagnóstico, para identificação de infertilidade ou da
fase embrionária que ocorreu a mortalidade, era realizado através da quebra de ovos
retirados na ovoscopia e também daqueles não eclodidos retirados no momento da
sexagem. Alguma mortalidade embrionária durante a incubação é normal ocorrer, mas
a análise da mortalidade embrionária e anomalias podem ajudar a identificar quais
aspectos do sistema de produção de ovos necessitam de verificação e mudanças,
visando melhorar a eclodibilidade e a qualidade do pintainho. Com o intuito de facilitar
a realização do embriodiagnóstico e análise posterior dos dados, o padrão de
visualização das fases de incubação era seguido de acordo com a tabela 10.
Durante os meses de agosto e setembro de 2016 foram analisados 31.818 ovos
de ninho das linhagens Cobb® e Ross®, com o objetivo de avaliar a influência da idade
da matriz nas fases de mortalidade embrionária e quantidade de ovos inférteis. Foram
avaliados 17.784 ovos de matrizes com 26 a 33 semanas de idade, 10.884 ovos de
matrizes com 58 a 65 semanas de idade e 3.150 ovos de matrizes mais velhas, com
66 a 73 semanas de idade. O gráfico 1 apresenta a diferença encontrada nas taxas
de fertilidade e eclodibilidade de ovos de acordo com as diferentes idades das
matrizes.
59
TABELA 10- CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO EMBRIODIAGNÓSTICO
Fase de mortalidade
embrionária
0 a 4 dias de incubação
5 a 12 dias de incubação
Características avaliadas
Figura
correspondente
Não visualização do olho
Não visualização dos folículos das penas
(penugem)
13 a 18 dias de incubação
Início da absorção da gema
19 a 21 dias de incubação
Gema totalmente absorvida
Ovos bicados vivos e
Observação do posicionamento do bico e
mortos
vitalidade da ave
FONTE: ADAPTADO DO MANUAL TÉCNICO DO INCUBATÓRIO JBS FOODS, 2014.
60
GRÁFICO 1- COMPARAÇÃO DA INFERTILIDADE E ECLODIBILIDADE DE OVOS
PROVENIENTES DE MATRIZES DE DIFERENTES IDADES
Observou-se que a idade das matrizes interfere tanto na eclosão quanto na
fertilidade dos ovos, pois a medida que a matriz envelhece, o percentual de eclosão
diminui, ocorrendo o inverso com a quantidade de ovos inférteis. Algumas causas de
infertilidade são: machos muito novos ou velhos, proporção insuficiente de macho por
fêmeas, aves com excesso de peso e enfermidades em geral (ULMER-FRANCO et
al., 2010). Em estudo realizado por Barbosa et al. (2013) os ovos de matrizes mais
novas também apresentaram melhor fertilidade quando comparados aos ovos de
matrizes mais velhas.
Os resultados obtidos no embriodiagnóstico estão demonstrados no gráfico 2.
Em todas as idades foi possível observar um maior índice de mortalidade embrionária
na fase inicial (0 a 4 dias), podendo ser atribuído a problemas na temperatura de
incubação, longos períodos de estocagem dos ovos, variação de temperatura até o
momento da incubação, desinfecção e coletas incorretas (COBB-VANTRES, 2013).
A fase correspondente ao período do 5º e 12º dias de incubação apresentou
menor percentual de mortalidade. Nessa fase, o embrião pode morrer devido à
deficiências nutricionais da matriz, contaminação do ovo na granja e temperaturas
inadequadas de incubação (GONZALES e CESARIO, 2003). Na fase de 13 a 18 dias
de incubação a porcentagem de mortalidade embrionária foi menor em matrizes
jovens frente a encontrada em matrizes velhas, isso pode ser explicado pela
61
deficiência nutricional e exaustão fisiológica da matriz velha (GALINDO e LISETTE,
2005).
GRÁFICO 2- FASES DE MORTALIDADE EMBRIONÁRIA DE ACORDO COM A
FAIXA ETÁRIA DAS MATRIZES
Ovos bicados vivos foram mais comuns em matrizes com 58 a 65 semanas e
bicados mortos em matrizes com 66 a 73 semanas. Segundo manual de incubação
Cobb-Vantres® (2013), as possíveis causas são viragem inadequada, ovos virados,
danos na transferência e na vacinação.
Macroscopicamente foram observados fungos em maior quantidade nos ovos
de matrizes com 26 a 33 semanas, alguns autores citam que a contaminação fúngica
pode ser mais comum em ninhos manuais sem a realização da desinfecção correta,
mas nenhum estudo foi encontrado relacionando essa contaminação com a idade da
matriz (ROVARIS et al., 2014).O maior número de embriões com má posição e virados
apareceu em matrizes de 26 a 33 semanas, fato que pode ser explicado por alteração
de posição na viragem dos ovos e necessidade de informação dos produtores para
um correto armazenamento e coleta dos ovos. De acordo com o manual de incubação
da linhagem Cobb® (COBB-VANTRES, 2013), as anomalias mais comumente
encontradas em embriões no embriodiagnóstico são: cabeça entre as patas, cabeça
na ponta fina do ovo e cabeça embaixo da asa esquerda. As deformidades
62
embrionárias mais comuns são: cérebro exposto, ausência de olhos e bico deformado,
algumas dessas anomalias podem ser ilustradas de acordo com a tabela 11.
TABELA 11- ILUSTRAÇÕES DAS ANOMALIAS MACROSCÓPICAS COMUMENTE
OBSERVADAS
Anomalias macroscópicas
Contaminação fúngica
Deformidade
Má posição
Figura correspondente
63
CONCLUSÃO
Os resultados observados mostram que a idade da matriz tem influência na
fertilidade dos ovos e taxa de eclodibilidade, que apresentam-se melhores em
matrizes mais novas. A mortalidade embrionária inicial (0 a 4 dias) foi o dado mais
relevante nos três grupos analisados. Matrizes mais novas apresentaram maior
percentual de mortalidade final (19 a 21 dias), já matrizes com mais velhas
apresentaram maiores taxas nas fases embrionárias iniciais e intermediárias. O grupo
mais velho avaliado apresentou maior quantidade de ovos bicados mortos. As
principais causas dessas taxas de mortalidade foram a contaminação fúngica,
deformidade e má posição do embrião.
A idade da matriz demostrou-se como fator importante na fertilidade de ovos e
taxa de eclodibilidade, ainda pode ser notado que o embriodiagnóstico foi ferramenta
fundamental para identificação rápida dos problemas, permitindo agilizar as ações de
controle e evitando prejuízos econômicos em grande escala.
64
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acompanhamento da prática diária de manejo, sanidade do sistema de
produção de ovos de frango de corte e incubação propiciou a aquisição de
conhecimentos na área de produção industrial de aves.
Pode-se notar que na empresa os controles de cada etapa da produção eram
realizados com foco na sanidade dos lotes de matrizes e melhor desempenho
zootécnico das mesmas. No incubatório foi possível perceber intenso trabalho em
diagnóstico de problemas relacionados a fertilidade e eclodibilidade dos ovos.
Em ambos setores, matrizes e incubatório, para que a sanidade e eficiência
zootécnica fosse a esperada pela empresa, foi possível perceber que o trabalho do
médico veterinário é insubstituível, assim como é importante o envolvimento do
produtor para que as ações sanitárias e de manejo determinadas sejam aplicadas na
produção.
65
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