UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ MARTIELLY SANTANA DOS SANTOS EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO NO CRESCIMENTO, MORFOANATOMIA, ULTRAESTRUTURA FOLIAR E PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Ocimum africanum Lour. (LAMIACEAE) ILHÉUS/BAHIA 2013 ii MARTIELLY SANTANA DOS SANTOS EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO NO CRESCIMENTO, MORFOANATOMIA, ULTRAESTRUTURA FOLIAR E PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Ocimum africanum Lour. (LAMIACEAE) Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Linha de Pesquisa: Cultivos em Ambiente Tropical Úmido. Orientador: Delmira da Costa Silva Co-orientadores: Fábio Pinto Gomes Larissa Corrêa do Bomfim Costa ILHÉUS/BAHIA 2013 iii MARTIELLY SANTANA DOS SANTOS EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO NO CRESCIMENTO, MORFOANTOMIA, ULTRAESTRUTURA FOLIAR E PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Ocimum africanum Lour. (LAMIACEAE) Ilhéus, BA, 25/ 02 /2013 ______________________________________ Prof. Dr. Delmira da Costa Silva UESC/DCB (Orientadora) ______________________________________ Prof. Dr. André Dias de Azevedo Neto UFRB/ CETEC ________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Schramm Mielke UESC/DCB iv DEDICATÓRIA A luz do meu caminho e da minha vida, Mãe v AGRADECIMENTOS Ao meu Deus pela vida maravilhosa e cheia de oportunidades que me concedeu. Aos meus pais, Maria das Graças e José Roberto, que são os responsáveis pela minha educação. Vocês são meus exemplos de honestidade, persistência e vontade de vencer. À minha irmã Francielly, pelo carinho e pelas brigas tão importantes na construção desse amor! Te amo muitão e faço tudo pensando em você e no que ainda poderei lhe proporcionar!!! À vovó Maria da Glória, por toda a ajuda que me deu. Sem a senhora eu não conseguiria ir tão longe. Ao Tiago, que me incentivou, apoiou e com muito amor ajudou-me a colocar esse projeto em prática. Te amo muito!! Á dona Therezinha e Sr° Reginaldo pelo carinho e preocupação! À minha cunhada, Rívia por todo carinho, apoio e preocupação. Obrigada por ajudar nas coletas e nas contagem dos milhares de folhas de minha plantinha! (risos). À profª Delmira da Costa Silva, por ter me iniciado na carreira científica (2007), pelos conselhos, orientações e incentivo dados na construção e andamento do trabalho! À minha co-orientadora, professora Larissa Corrêa do Bomfim Costa, que foi um anjo em minha vida pessoal e acadêmica, que com carinho ensinou-me a ser uma pesquisadora que ama o que faz. Ao meu co-orientador, professor Fábio Pinto Gomes, agradeço pelo carinho, atenção e orientações na vida acadêmica e pessoal. Obrigada por acreditar no meu trabalho e por incentivar a continuar com humildade e amor a profissão escolhida. Ao professor Marcelo Mielke que colaborou para realização deste trabalho e sem saber, desde a graduação, vem motivando a minha escolha profissional. Além de ser um ser humano espetacular. Ao professor Carlos Ledo por tirar as minhas dúvidas nas análises estatísticas. À Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em especial ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, pela oportunidade de realizar o curso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo. Ao Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da Universidade Estadual de Santa Cruz em nome dos professores Pedro Mangabeira e Eduardo Gross por ceder não só a infraestrutura, mas por confiar no meu trabalho e incentivar sempre minha trajetória com palavras positivas e animadoras. Obrigada! vi À FIOCRUZ da Bahia e ao Centro de Pesquisa do Cacau (CEPLAC) por ceder a infraestrutura e os funcionários para auxiliares nas análises de dados da pesquisa. Ao laboratório de Produtos Naturais da Universidade Estadual de Santa Cruz em nome da Professora Rosilene Aparecida por auxiliar nas análises químicas do óleo essencial. À secretária da Produção Vegetal Caroline Tavares pela competência e atenção dada a cada aluno desse programa. Aos meus amigos da equipe Jatropha: Léo o visionário; Priscila o centro do nosso grupo; Alayana a doce cantora; Téssio o oráculo e Ilana a risonha. Foi muito bons os momentos vividos com vocês. Valeu!!! As minhas tias Luci, Telma e Lia por todo o carinho. À tia Danuza pelas oportunidades dadas no início de minha trajetória de estudo. A toda família Mendes, em especial os meus padrinhos Márcia e Jorge. Aos meus amigos Lu e Augusto pela parceria durante todo o projeto, principalmente pela ajuda na parte mais pesada do trabalho... as pesagens diárias dos vasos. Não sei o que faria sem vocês. Sou grata por todo carinho e dedicação ao projeto!! Então, como diz Augusto: “Acabou o milho, acabou a pipoca” (risos). À Patrícia Casaes, que foi mais que uma amiga, sempre segurando-me no colo quando tive vontade de chorar. Você ilumina a vida de todos que estão ao seu redor. Aos meus queridos amigos do Centro de Microscopia Eletrônica, Valéria, Mari, Alberto, Lane, Tielle, Dona Jaci, Thaise, Diego. Valeu Galera!! Ao meu amigo, José Pereira que dividiu comigo muitos momentos divertidos no laboratório. Obrigada por todos os questionamentos feitos ao longo do meu trabalho. Eles foram essenciais para o meu crescimento enquanto pesquisadora. Afinal, são as perguntas que movem o mundo. Aos amigos que fiz na Pós-Graduação de Produção Vegetal, em especial, Viviane Barazetti, Flávia Pinto, Jordany, Verônica, Natalia. Ao laboratorista, Gerson (Cegonha) pelo apoio, carinho e amizade que foi construída junto com o experimento e que irá durar para sempre!! À Jú que dividiu comigo não só o apt°, mas todos os momentos de estresse adquiridos depois de um dia de muito trabalho e muitas gargalhadas durante nossas hipóteses quase científicas para entender nossos namorados! (risos). À Fernanda pelas altas gargalhadas nos finais de semana durante nossas ideias mirabolantes de conquistar o mundo! (risos) Aos funcionários de campo, Sr. Roberto, Marcelo, Alan e em especial a Manoel Delino pela grande amizade, carinho e apoio nos momentos mais complicados da montagem do experimento. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa e para a minha vitória. OBRIGADA!! vii EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO NO CRESCIMENTO, MORFOANATOMIA FOLIAR E PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Ocimum africanum Lour. (LAMIACEAE) RESUMO O uso de plantas medicinais tem estimulado interesse devido à sua facilidade de cultivo e obtenção de fitoterápicos. Quando submetidas ao estresse hídrico algumas espécies medicinais apresentam alterações no crescimento, anatomia, produção e composição química do óleo essencial comprometendo assim o produto final da cadeia produtiva. No intuito de verificar os efeitos do estresse hídrico na espécie Ocimum africanum, mudas foram cultivados em vasos de 10L contendo substrato e submetidas ao estresse de 100, 80, 70, 60% da capacidade de campo, que foram referentes aos potenciais hídricos do ramo, medidos antes do amanhecer, de, respectivamente -0,5 ; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa. As plantas foram coletadas em três épocas, e a biomassa seca foi obtida por meio da secagem em estufa de circulação forçada à 70ºC. Os parâmetros fisiológicos foram avaliados através da produção de biomassa, potencial hídrico de antemanhã do ramo, trocas gasosas foliares e eficiência de uso da água com base na produção de óleo essencial. O óleo foi extraído por hidrodestilação utilizando aparelho de Clevenger, e analisado por cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de massa. As modificações morfoanatômicas e ultraestruturais foram observadas utilizando as técnicas convencionais de anatomia vegetal, microscopia eletrônica de varredura e transmissão. As plantas de O. africanum, sob déficit hídrico, apresentaram reduções nas trocas gasosas foliares e do teor de pigmentos cloroplastídicos ao longo do tempo. O consumo hídrico também foi reduzido e a produção de biomassa foi afetada negativamente, acarretando menor rendimento do óleo essencial e menor eficiência do uso da água para a produção de biomassa (EUAbm). Contudo, um aumento no teor e na eficiência de produção de óleo essencial (óleo produzido/ água consumida) foram constatados entre os potenciais de -0,9 e -1,6 MPa. Além disso, não foram verificadas grandes alterações na composição química do óleo essencial em relação ao potencial de -0,5 MPa, que apresentou isoeugenol como constituinte majoritário nas folhas e inflorescências nos diferentes potenciais hídrico do ramo. Para a anatomia verificou-se um acréscimo da densidade de tricomas glandulares e tectores, sendo a maior densidade desses tricomas observada na epiderme da face abaxial. Nas análises ultraestruturais observou-se degradações na membrana nuclear, do cloroplasto e do vacúolo, desorganização dos tilacóides e a presença de plastoglóbulos nas células de tecidos foliares de plantas submetidas aos potenciais hídricos do ramo de -1,6 e -1,9MPa. Para O. africanum o potencial de -0,9 MPa, ou seja 80% da capacidade de campo, mostrou-se como a melhor condição para o crescimento e produção de óleo essencial para essa espécie. Considerando-se a produção e a qualidade do óleo essencial, o cultivo torna-se economicamente viável nessa condição. Palavras-chave: Irrigação, Manjericão, Morfofisiologia, Terpenos. viii EFFECTS OF WATER DEFICIT ON GROWTH , LEAF MORPHOANATOMY AND Ocimum africanum Lour. (LAMIACEAE) ESSENTIAL OIL PRODUCTION ABSTRACT The use of medicinal plants has stimulated interest because of its ease of cultivation and phytoterapics obtainment. When submitted to water stress some medicinal species present changes on growth, anatomy, production and the essential oil chemical composition, thus compromising the production chain final product. In order to investigate the effects of water stress on the Ocimum africanum species, seedlings were grown in 10L pots containing substrate and submitted to the stress of 100, 80, 70 and 60% of field capacity, which were related to the branch water potential of -0.5, -0.9, -1.6 and -1.9 MPa, respectively, measured before dawn. The plants were collected in three periods, and the dry biomass was obtained by drying in a forced circulation kiln at 70 °C. The physiological parameters were evaluated through the biomass production, branch pre-dawn water potential, leaf gas exchange and water use efficiency based on the essential oil production. The oil was extracted by hydrodistillation using the Clevenger apparatus and analyzed by gas chromatography coupled to a mass spectrometer. The morphoanatomic and ultrastructural changes were observed using the conventional techniques of plant anatomy, scanning electronic microscopy and transmission. O. africanum plants under water deficit showed reductions in leaf gas exchange and chloroplastid pigment content over time. The water consumption was also reduced and the biomass production was negatively affected, resulting in lower yields of the essential oil and less water use efficiency for biomass production (EUAbm). However, an increase in the essential oil content and production efficiency (oil produced / consumed water) were observed between the -0.9 and -1.6 MPa potentials. Furthermore, there were no major changes in the essential oil chemical composition in relation to the -0.5 MPa potential, which presented isoeugenol as the main constituent on leaves and inflorescences at different branch water potentials. For the anatomy, there was an increase in the density of glandular and tector trichomes, and the highest density of these trichomes was observed in the abaxial epidermis. In ultrastructural analysis, degradations in the chloroplasts and vacuoles nuclear membrane, thylakoids disorganization and the presence of plastoglobules in leaf tissues cells of plants submitted to the branch water potentials of -1.6 and -1.9 MPa were observed. For O. africanum, the -0.9 MPa potential, which corresponds to 80% of field capacity, was proved as the best condition for the essential oil growth and production for this species. And considering the essential oil production and quality, the cultivation becomes economically viable in this condition. Keywords: Irrigation, Basil, Morphophysiology, Terpenes ix LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I Figura 1. Curva de retenção de água do substrato utilizado no experimento. 25 Figura 2. Produção de mudas; B- transplante para os vasos com o 26 substrato. C- Vista geral do experimento montado com as condições climáticas sendo monitoradas pela estação meteorológica (seta) Figura 3. A- Variação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA); BVariação da temperatura e da umidade relativa do ar (UR), dentro da casa de vegetação durante o período experimental. 27 Figura 4. Determinação do tempo de extração do óleo essencial das folhas ŷ= 0,068 + 0,0657x - 0,0003x2 + R2= 0,98 e das inflorescências ŷ= -0,708 +0,0369x - 0,0002x2 R2= 0,94 29 Figura 5. Consumo hídrico diário das plantas de Ocimum africanum durante os 60 dias após aplicação dos tratamentos (DAAT) de déficit hídrico. 31 Figura 6. Variação do potencial hídrico de antemanhã do ramo (Ψw) em plantas de Ocimum africanum sob diferentes capacidades de campo durante o período experimental. 32 Figura 7. A- Fotossíntese liquida; B- Condutância estomática e C- Taxa transpiratória de Ocimum africanum aos 20 (círculos vazios), 40 (quadrados cheios) e 60 (triângulos vazios) dias após aplicação dos tratamentos de déficit hídrico. 34 Figura 8. A- Taxa fotossintética líquida em função da condutância estomática. B- Taxa de transpiração em função da condutância estomática em plantas de Ocimum africanum submetidas ao déficit hídrico. 35 Figura 9. A- Eficiência intrínseca de uso da água (A/gs) B- Eficiência instantânea de uso da água (A/E) em Ocimum africanum submetida ao déficit hídrico.. 37 Figura 10. A- Concentração de clorofila a B- Clorofila b C- Carotenóides e D- Razão da clorofila a/b em plantas de Ocimum africanum aos 20 (círculos vazios), 40 (quadrados cheios) e 60 dias triângulos vazios) após aplicação dos tratamentos de déficit hídrico. 38 x Figura 11. Plantas de Ocimum africanum com 60 dias após a aplicação dos tratamentos de deficiência hídrica evidenciando a diferença no crescimento (T1= -0,5 MPa; T2=-0,9 MPa ;T3= -1,6 MPa e T4= -1,9 MPa). 40 Figura 12. Teor do óleo essencial: A- Folhas; B- Inflorescências de Ocimum africanum após 60 dias da imposição do déficit hídrico. 44 Figura 13. A- Rendimento do óleo essencial das folhas B- inflorescências de Ocimum africanum após 60 dias da imposição do déficit hídrico. 45 Figura 14. A- Eficiência de uso da água para a produção de biomassa BEficiência de uso da água para a produção de óleo essencial das folhas de O. africanum aos 60 dias após aplicação dos tratamentos. 46 Figura 1. A) Hábito de Ocimum africanum; B) Detalhe da flor; C) Sementes mostrando a formação da mucilagem quando irrigada (seta) e sementes enegrecidas.. 63 Figura 2. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de varredura da superfície foliar de Ocimumafricanum; (A) Vista geral da epiderme, face abaxial; (B) Tricoma tector; (C) Tricoma glandular peltado. 63 Figura 3. Seção transversal da folha de Ocimum africanum submetida a diferentes regimes hídricos: - 0,5 MPa (A) ; -0,9 MPa (B); -1,6 MPa (C); -1,9 MPa (D) . Barra = 50µm. 64 Figura 4. Espessura da epiderme, face adaxial (círculos cheios), face abaxial (círculos vazios), de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos. 65 Figura 5. Espessura do parênquimas paliçádico (círculos cheios) e parênquima esponjoso (círculos vazios) de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos. 66 Figura 6. Espessura do mesofilo (círculos vazios) e do limbo foliar (círculos cheios) de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos (-MPa). 67 CAPÍTULO II xi Figura 7. Eletromicrografias de microscopia eletrônica de varredura das superfícies adaxial (A, B, C, D) e abaxial (E, F, G, H) da folha de Ocimum africanum submetido aos potenciais hídricos de -0,5 MPa (A e E); -0,9 MPa (B e F); -1,6 MPa ( C e G) e -1,9 MPa (D e H). 69 Figura 8. A- Densidade de tricomas glandulares peltados e B- tricomas tectores (B) nas faces adaxial e abaxial de Ocimum. africanum nos diferentes potenciais hídricos (-MPa). Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média 71 Figura 9. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão das células do mesofilo foliar de plantas de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídrico do ramo. A-B: Aspecto geral da célula do parênquima paliçádico evidenciando a ruptura da membrana nuclear (seta) no potencial hídrico de 1,9 MPa; C- Detalhe do plastoglóbulos no potencial de -0,9 MPa. D- Presença de vesículas, devido ao rompimento do tonoplasto (seta). E-F- contração da membrana plasmática (seta). Cl: cloroplasto; nu: núcleo; ga: grão de amido;va: vacúolo; pc: parede celular; pg: plastoglóbulos 72 Figura 10. Eletromicrografia de transmissão de células do mesofilo foliar de plantas de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídricos do ramo. A-B Aspecto ultraestrutural normal dos cloroplastos e do grana no potencial hídrico do ramo de -0,5 MPa. C-D Cloroplastos do tratamento de -0,9 MPa evidenciando alterações na forma da organela. E- F Tratamento de -1,6 MPa, evidenciando a presença de plastoglóbulos (seta) e desorganização de tilacóides no cloroplasto com estrutura eletrodensa na periferia (estrela). G-H Potencial de -1,9 MPa evidenciando o rompimento da membrana do cloroplasto (cabeça de seta) e a desorganização no empilhamento do grana (seta). Cl: cloroplasto; nu: núcleo; ga: grão de amido; va: vacúolo; pg: plastoglóbulos Figura 11. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão de células do mesofilo foliar em plantas de Ocimum africanum submetidas ao potencial hídrico de -1,9 MPa. A-B Vista geral de célula do parênquima esponjoso evidenciando cloroplasto rompido e a formação de vesículas (setas). C-D Vista geral da célula do parênquima paliçádico com cloroplastos degradados e grãos de amido expostos no citoplasma (seta), além da presença de plastoglóbulos (estrelas). Cl: cloroplasto; ga: grão de amido. 73 74 xii Figura 12. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão de células do mesofilo foliar de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídricos do ramo. A- Potencial hídrico do ramo de -0,5 MPa evidenciando aspecto ultraestrutural normal dos cloroplastos com grão de amido (ga) e pequenos plastoglóbulos (seta). B-C Tratamento de -1,9 MPa, evidenciando a desorganização de tilacóides no cloroplasto e a ocorrência de pequenos aglomerados de plastoglóbulos . Cl: cloroplasto; ga: grão de amido; mi: mitocôndria. 75 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Fertilizantes químicos utilizados durante o experimento na adubação de plantio e de cobertura 24 Tabela 2 Análise físico-química do substrato experimental. 24 Tabela 3. Níveis de significância da ANOVA comparando os efeitos do déficit hídrico (DH) e o tempo em dias (T) e a interação entre o déficit hídrico e o tempo (DH x T) para as variáveis de trocas 33 gasosas (A, gs, E, A/gs e A/E) em plantas de Ocimum africanum durante 20, 40 e 60 dias após a aplicação do tratamento (DAAT). Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6. Valores médios (± erro padrão) das variáveis de crescimento de Ocimum africanum após 60 dias da imposição dos 43 tratamentos de déficit hídrico nos potenciais hídricos do ramo de -0,5; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa. Concentração relativa (%) dos constituintes químicos do óleo essencial obtido da biomassa seca de folhas de Ocimum 49 africanum submetidos aos tratamentos de déficit hídrico, tendo os potenciais hídricos do ramo os valores de -0,5 ; -0,9 ; -1,6 e -1,9 MPa. Concentração relativa (%) dos constituintes químicos do óleo essencial obtido da biomassa seca das inflorescências de 50 Ocimum africanum submetidos aos tratamentos de déficit hídrico, tendo os potenciais hídricos do ramo os valores de 0,5; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa. xiv LISTA DE VARIÁVEIS, SÍMBOLOS E UNIDADES A Taxa fotossintética líquida (μmol CO2 m-2 s-1) A/gs Eficiência intrínseca de uso da água (μmol CO2 mol H2O-1) A/E Eficiência instantânea de uso da água (μmol CO2 mol H2O-1) AF Área foliar (cm2) Ci Concentração de CO2 nos espaços intercelulares DAAT Dias após aplicação dos tratamentos DPV Déficit de pressão de vapor entre o ar e a folha (kPa) E Taxa transpiratória (mmol H2O m-2 s-1) EUA óleo Eficiência no uso da água (g L-1) H2O m-2 s-1) Eficiência no uso da água para a produção de óleo essencial (g L-1) gs Condutância estomática ao vapor de água (mol H2O m-2 s-1) ga Grão de amido Ψw Potencial Hídrico do ramo (-MPa) MSR Massa seca da raiz (g) MSC Massa seca do caule (g) MSF Massa seca da folha (g) MSI Massa seca da inflorescência (g) MFE Massa foliar especifica ( g m-2 ) NF Razão massa de caule (g g-1) NI Número de inflorescências Pc Parede celular Pg Plastoglóbulos RMC Razão massa de caule (g g-1) RMF Razão massa de folha (g g-1) RMI Razão massa de Inflorescência (g g-1) RMR Razão massa de raiz (g g-1) R:PA Razão raiz/parte aérea (g g-1) RFA Radiação Fotossinteticamente ativa (µmol fótons m-2 s-1) EUA xv SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................... vii ABSCTRAT...................................................................................... viii 1. INTRODUÇÃO GERAL.................................................................... 1 2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 5 2.1 Família Lamiaceae e o gênero Ocimum L. ..................................... 5 2.2 Plantas medicinais e os fatores ambientais que afetam a produção e a composição química do óleo essencial...................................... 7 2.3 Déficit hídrico: efeitos e respostas na morfofisiologia de plantas..... 10 2.4 REFERENCIAS................................................................................ 13 3 CAPÍTULO I- Crescimento, assimilação de carbono e eficiência no uso da água na produção e composição química do óleo essencial de Ocimum africanum Lour. (Lamiaceae) sob déficit hídrico. 3.1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 20 3.2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................ 23 3.2.1 Material botânico e as condições de cultivo..................................... 23 3.2.2 Potencial hídrico do ramo (ψw)........................................................ 26 3.2.3 Trocas gasosas foliares.................................................................... 26 3.2.4 Eficiência de uso da água (EUA).................................................... 27 3.2.5 Avaliação do crescimento................................................................. 27 3.2.6 Extração e quantificação química do óleo essencial........................ 28 3.2.7 Teor de pigmentos............................................................................ 29 3.2.8 Delineamento experimental.............................................................. 29 3.3 RESULTADO E DISCUSSÃO.......................................................... 30 3.4 CONCLUSÃO.................................................................................. 50 REFERÊNCIAS................................................................................ 51 3.5 xvi 4 CAPÍTULO II – Anatomia, micromorfologia e ultraestrutura foliar de O. africanum Lour. (Lamiaceae) submetidas a déficit hídrico. 4.1 INTRODUÇÃO................................................................................... 57 4.2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................. 59 4.2.2 Cultivo da espécie.............................................................................. 59 4.2.3 Análise anatômica.............................................................................. 60 4.2.4 Análise ultraestrutural......................................................................... 60 4.2.5 Delineamento experimental................................................................ 61 4.3 RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................ 61 4.4 CONCLUSÃO..................................................................................... 75 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 76 6 REFERÊNCIAS................................................................................... 77 1 1. INTRODUÇÃO GERAL As plantas medicinais vêm ganhando destaque no mercado nacional e internacional, pela produção e venda dos óleos essenciais, que são matérias primas para as indústrias de cosméticos, farmacêutica, alimentícia e de perfumaria, normalmente, comercializada na sua forma bruta ou beneficiada. Entre as espécies medicinais, deste mercado destacam-se as da família Lamiaceae. A família Lamiaceae está representada por cerca de 264 gêneros e 6.990 espécies de ampla distribuição, ocorrendo principalmente nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, África, América Central e do Sul, mas tendo como principal centro de diversidade o continente africano. São ervas anuais ou perenes, subarbustos ou arbustos, e só raramente mencionadas como árvores de pequeno porte (BARROSO, 1991). Na família Lamiaceae, o gênero Ocimum L. tem destaque. Compreendendo aproximadamente 60 espécies, que são popularmente conhecidas como alfavaca e/ou manjericão (ALBUQUERQUE; ANDRADE, 1998; BLANK et al., 2004). São espécies ricas em óleos essenciais que apresentam um elevado valor agregado nos mercados nacionais e internacionais, devido aos componentes majoritários presentes neste óleo, com destaque para o eugenol e linalol. Segundo Blank et al., (2004) o preço do óleo essencial de manjericão doce (Ocimum basilicum) no mercado internacional atingiu valores próximos a US$ 110,00/litro. Esse preço dá-se principalmente pelo interesse das indústrias de perfumes finos. Além disso, muitas espécies do gênero apresentam destaque pela ação farmacológica e inseticida comprovadas. Pesquisas realizadas com Ocimum gratissimum relevaram ação antibactericida, 2 antifúngica (NAKAMURA et al.,1999; DUBEY et al., 2000; LEMOS et al., 2005) e antioxidante (PEREIRA; MAIA, 2007), sendo sua atividade atribuída ao eugenol, componente majoritário do óleo essencial. De Paula at al. (2004; 2003) estudando o óleo essencial de duas variedades de Ocimum selloi (eugenol e estragol) verificaram atividade repelente contra o mosquito Anopheles braziliensis Chagas. Contudo, apesar da importância do gênero nos aspectos medicinais e econômicos, ainda são escassos estudos botânicos e agronômicos com a espécie O. africanum. Tal escassez de estudo está intimamente relacionada à elevada variabilidade morfológica e química existente nas espécies do gênero, que ocorre devido à hibridização interespecífica e poliploidia, por isso vêm sendo realizados estudos com marcados moleculares (ALBUQUERQUE et al., 1998; BLANK et al., 2007; VANI et al., 2009; CAROVIC–STANKO, et al., 2010a). Segundo Carovic –Stanko, et al., (2010b) há dois clados separados dentro do gênero, sendo que a espécie O. africanum esta presente no clado da espécie O. americanum. Ainda segundo este autor a espécie O. africanum tem como sinonímia Ocimum X citriodorum. Considerando esta sinonímia, foi relatado que o óleo essencial desta espécie apresentou ação antioxidante (HAKKIM et al., 2008) e antibacteriana (CAROVIC´-STANKO et al., 2010a). Para garantir a eficácia do óleo essencial é necessário avaliar a sua qualidade, que inicia nos aspectos relacionados a adaptabilidade e ao cultivo da espécie. Entre os principais fatores que afetam a produção e composição química do óleo essencial destacam-se o estádio de desenvolvimento da planta, sazonalidade, disponibilidade de radiação luminosa, temperatura, nutrientes e água (SIMÕES; SPITZER, 2004; MORAIS, 2009). Este último fator vem ganhando destaque, pois a agricultura irrigada pode ser considerada como um dos setores que mais desperdiça água quando comparado ao setor industrial e doméstico. Para a agricultura irrigada manter-se sustentável, em termos ambientais, é necessário o uso eficiente da água. O uso eficaz da água para a irrigação pode ser alcançado através de avaliações dos tipos de cultivos, sistemas de irrigação e gestão de uso da água, baseando-se em métodos de manejo e técnicas que permitem aumentar a eficiência de uso da água, tais como: método do turno de rega, déficit hídrico regulado e secagem parcial da zona radicular (COELHO et al., 2005). 3 Em plantas medicinais e aromáticas as alterações no metabolismo secundário, em decorrência do estresse, podem estimular e ativar a produção de óleos essenciais (MORAIS, 2009). O teor e a composição química do óleo essencial podem ser afetados quando essas espécies são submetidas ao estresse hídrico. Em pesquisa realizada com espécies do gênero Cymbopogon foram observados aumentos no rendimento do óleo essencial, bem como dos componentes majoritários geraniol e citral sob condições de estresse hídrico moderado (SANGWAN et al., 2001). Resultados semelhantes para o rendimento do óleo essencial foram obtidos para espécies do gênero Petroselinum (PETROPOULOS et al., 2008) e Ocimum (KHALID, 2006). Sendo que este último apresentou também, um aumento no conteúdo de prolina e carboidratos, componentes responsáveis pelo ajuste osmótico (KHALID, 2006). Apesar dos resultados favoráveis para o aumento no rendimento do óleo, estudos têm relatado que quando submetidas ao estresse hídrico, espécies medicinais reduzem o crescimento e diminuem a produção de biomassa fresca e seca da parte aérea, como verificado em Cymbopogon nardus e C. pendulus (SANGWAN et al., 2001) em Ocimum basilicum e O. americanum (KHALID, 2006), Tanacetum parthenium (CARVALHO et al., 2003) e Salvia officinalis (BETTAIEB et al., 2009). O estresse hídrico provoca diversas alterações em vários fatores fisiológicos e bioquímicos, tais como: fechamento estomático, aumento na síntese de ácido abscísico, de solutos compatíveis, alterações no conteúdo e elasticidade da parede celular, diminuição da emissão de folhas e redução da área foliar (JOLY; ZAERR, 1987; KOZLOWSKI; PALLARDY, 2002). Enquanto no caule, ocorre aumento na resistência ao fluxo hídrico nos tecidos vasculares e nas raízes (TAIZ; ZEIGER, 2004). Em nível tissular, Melo et al., (2007) estudando a anatomia de Setaria anceps e Paspalum paniculatum sob condições de estresse hídrico, observaram reduções no diâmetro do metaxilema, córtex radicular, feixe vascular, espessura do limbo foliar e aumento no tamanho de células buliformes. Além disso, no trabalho desenvolvido por Bosabalidis e Kofidis (2002) com duas cultivares de oliva, submetidas aos potenciais hídricos foliares 4 de -0,03 MPa e -1,5 MPa foi observadoaumentos significativos na densidade estomática, espessura da cutícula, número e alongamento de esclereides. Batista et al., (2010) e Chartzoulakis et al., (2002) estudando cultivares de café (Bourbon amarelo e B. catimor) e abacate (Persea americana) respectivamente, submetidas as estresse hídrico, observaram alterações na espessura dos parênquimas paliçádicos e esponjosos, do limbo e da cutícula foliar. Mudanças nos aspectos anatômicos de espécies em condições de estresse hídricos podem ser consideradas mecanismos de aclimatação, pois alteram a difusão de dióxido de carbono nos espaços intercelulares do mesofilo podendo contribuir para a manutenção da taxa fotossintética, apesar da baixa condutância estomática. Considerando que o estresse hídrico pode ocasionar alterações nos aspectos anatômicos e fisiológicos, bem como na relação entre as rotas do metabolismo primário e secundário, podendo favorecer o aumento na produção de óleos essenciais em espécies medicinais aromáticas. O estudo dos impactos da disponibilidade de água no solo sobre o crescimento das plantas, bem como a compreensão dos aspectos botânicos e agronômicos da espécie podem ajudar na obtenção de subsídios para o seu cultivo em condições de déficit hídrico. Dessa forma, o objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do estresse hídrico no crescimento, trocas gasosas foliares, morfoanatomia, ultraestrutura foliar, rendimento e composição química do óleo essencial de Ocimum africanum. 5 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Família Lamiaceae e o gênero Ocimum Representada por cerca de 264 gêneros e 6.990 espécies, a família Lamiaceae, antigamente conhecida como Labiate, é constituídas por ervas anuais ou perenes, subarbustos ou arbustos, e raramente mencionadas como árvores de pequeno porte. A família apresenta ampla distribuição, ocorrendo principalmente nas regiões tropical e subtropical da Ásia, África, América Central e do Sul (BARROSO, 1991). Devido à produção de óleos essenciais muitas espécies desta família são importantes pelo uso medicinal, aromático, cosmético, condimentar e alimentício. As espécies do gênero Ocimum são cultivadas na Europa e na América devido suas propriedades medicinais. No Brasil encontram-se espécies naturalizadas e cultivadas, tais como: O. basilicum L., O. americanum L., O. gratissimum L., O. minimum L. e O. tenuiflorum L. Sendo a África o possível centro de origem e diversificação do gênero (ALBURQUERQUE et al., 1998). As plantas podem ser consideradas com verdadeiras fábricas químicas, pelo seu potencial em sintetizar substâncias altamente complexas, tais como hidrocarbonetos terpênicos, álcoois, aldeídos, cetonas, fenóis e ácidos orgânicos (SIMÕES; SPITZER, 2004). No gênero Ocimum a diversidade química entre as espécies é grande em termos qualitativos e quantitativos para o óleo (VANI et al., 2009) e flavonóides (GRAYER et al., 2004;VIEIRA et al., 2003). São constituintes majoritários das espécies do gênero Ocimum estragol, eugenol, metil-eugenol, citral, linalol, geraniol e timol (SIMON et al.,1990; BLANK et al., 2004; KHALID et al., 2006; VANI et al., 2009). Esses compostos são responsáveis pelas ações antimicrobiana (FARAGO et al., 2004), inseticida (DE PAULA et al., 2003, DE PAULA et al., 2004) e antioxidante (PEREIRA; 6 MAIA, 2007). Além disso, no mercado internacional as espécies do gênero Ocimum que apresentam altos teores do componente majoritário como o linalol tem elevados preços, por ser este componente muito utilizado como aromatizante pelas indústrias alimentícias e como fixador da fragrância mundialmente conhecida como perfume Chanel n° 5 (ERENO, 2006). Entretanto, o linalol também é sintetizado pelas indústrias químicas e vendido para algumas indústrias de perfumes. A diferença está nos preços de mercado e, segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC, 2005), o litro do linalol sintético foi cotado entre US$ 18,00 a US$ 22,00, enquanto o produto natural chega a ser cotado a US$ 50,00 o litro. Devido à elevada cotação no mercado internacional, a obtenção do óleo era feita no século passado por meio do extrativismo da espécie arbórea da Amazônia Aniba roseadora D. conhecida popularmente como pau-rosa (PRAVUSCHI, et al., 2010). Essa obtenção insustentável da matéria-prima a partir do corte dos troncos das árvores levou A. roseadora à lista de espécies em extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), na categoria de perigo. Diante desse quadro várias espécies vêm sendo pesquisadas como fonte alternativa de obtenção dessa matéria-prima, sendo o manjericão a que apresenta maior potencial agronômico para a extração do linalol por produzir elevado teor de óleo e possuir ciclo de vida curto. No Brasil o cultivo do manjericão (Ocimum basilicum) já é uma realidade. Na cidade de Votuporanga, em São Paulo, foi instalada em 2005 uma pequena empresa que exportou o primeiro lote comercial do óleo para uma empresa canadense do setor de perfumaria. Segundo o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) no início à expectativa era de uma produção de 15 toneladas por hectare, colhida duas vezes por ano, mas devido à adaptação da espécie as condições climáticas em vez de duas colheitas ao ano foram feitas quatro, uma a cada 90 dias, tendo uma produção estimada de 60 toneladas por hectares (ERENO, 2006; IAC, 2005). Outro constituinte majoritário do óleo essencial das espécies do gênero Ocimum que merece destaque é o eugenol. Assim como o linalol o eugenol é uma fonte importante para as indústrias de perfumaria (OLIVEIRA et al., 2009). 7 Além disso, é matéria-prima para a obtenção de vanilina, usada na aromatização de doces e cigarros perfumados (COSTA, 2000). Apesar da importância das espécies do gênero nos aspectos medicinais e econômicos, ainda são escassos estudos botânicos e agronômicos da espécie O. africanum. Em geral, existe uma grande dificuldade na classificação das espécies do gênero Ocimum devido ao grande número de subespécies e variedades ocorrentes. Entre as principais características utilizadas na diferenciação destas espécies, considera-se o tamanho e a cor das folhas, flores e inflorescência, assim como a composição química de seus óleos. Tal diversidade morfológica e química provavelmente é originada pela polinização cruzada, comum entre as espécies do gênero, facilitando assim a hibridização interespecífica e a poliploidia (BLANK et al., 2004; VANI et al.,2009). Segundo Cárovic-Stanko, et al., (2010a) há dois clados separados dentro do gênero, sendo que a espécie O. africanum esta presente no clado da espécie O. americanum. Ainda segundo este autor, a espécie O. africanum tem como sinonímia Ocimum X citriodorum. Considerando está sinonímia, foi relatado que o óleo essencial desta espécie (Ocimum X citriodorum) apresentou ação antibacteriana (CAROVIC´- STANKO et al.,, 2010 b) e antioxidante (HAKKIM et al.,, 2008). 2.2 Plantas medicinais: Fatores ambientais que afetam a produção e composição química do óleo essencial. Os óleos essenciais são substâncias voláteis extraídas de plantas aromáticas, constituindo matéria-prima de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia. Produzidas em diferentes órgãos da planta (folhas, flores, madeiras, ramos, caules e frutos), são compostos formados por várias substâncias químicas, como álcoois, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos, havendo sempre a prevalência de uma ou duas delas, que assim irão caracterizar os aromas. São sintetizados e armazenados em diferentes estruturas secretoras especializadas, tais como: tricomas glandulares, células idioblastos, canais oleíferos (SIMÕES; SPITZER, 2004). 8 A síntese dos óleos essenciais ocorre através de rotas específicas do metabolismo secundário que possui estreita relação com o metabolismo primário. O processo sintético primário é a fotossíntese, por meio da qual as plantas utilizam a energia solar para a produção de compostos orgânicos. (CASTRO et al., 2004). Os metabólitos secundários podem ser divididos em três grupos quimicamente distintos: terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados. Os terpenos, ou terpenóides, constituem a maior classe de produtos secundários, formados por unidades de isoprenos. As substâncias desta classe são, em geral, insolúveis em água e sintetizados a partir de acetil CoA ou de intermediários glicolíticos ( TAIZ; ZEIGER, 2004). A rota do ácido mevalônico envolve a condensação de três moléculas de acetil CoA. Esse intermediário de seis carbonos sofre uma série de reações culminando na produção do isopentenil difosfato (IPP 2), que é a unidade básica na formação dos terpenos. O IPP pode ser sintetizado também a partir de intermediários da glicólise (Piruvato) ou do ciclo de Calvin (Gliceraldeído-3fosfato), através da rota do metileritritol fosfato (MEP) que ocorre nos cloroplastos e outros plastídios (CROTEAU et al., 2000; CASTRO et al., 2004; TAIZ E ZEIGER, 2004). A classificação da composição química dos óleos essenciais dá-se pelo número de unidades de isoprenos (também conhecidas como unidades C5). Os terpenos com duas unidades C5 (10 carbonos) são classificados como monoterpenos; os com três unidades de C5 (15 carbonos) são os sesquiterpenos e os de quatro unidades de C5 (20 carbonos) são classificados como diterpenos. Os maiores terpenos são os triterpenos (30 carbonos), tetraterpenos (40 carbonos) e politerpenóides ([C5]n carbonos, onde n>8) (TAIZ; ZEIGER, 2004; CASTRO et al.,, 2004). Do ponto de vista ecológico muitas espécies vegetais secretam determinadas substâncias aromáticas para atração de insetos, pássaros e mamíferos nas épocas mais favoráveis para a floração e frutificação. Frequentemente essa emissão está sincronizada com as horas de atividade do polinizador ou do frugívero (LACHER, 2000). O estudo de plantas medicinais vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, principalmente nos aspectos relacionados à adaptabilidade e ao 9 cultivo destas plantas em substituição ao extrativismo que ainda impera com inúmeras espécies vegetais. A quantidade e a composição química do óleo essencial de uma planta medicinal podem variar em função do estádio de desenvolvimento da planta, dos tratos culturais adotados, das condições de cultivo e do próprio ambiente (MORAIS, 2009). Para a produção de plantas medicinais, é necessário o estabelecimento de práticas agronômicas pouco agressivas, que estimulem o crescimento e o vigor das mesmas, sem comprometimento da qualidade do produto fitoterápico a ser comercializado. Em outras palavras, as plantas precisam crescer bem, possuir resistência aos estresses bióticos e abióticos e produzir a maior quantidade possível de biomassa ou de substâncias com atividade medicinal inerente a cada espécie. E nesse sentido, os esforços são para maximizar a produção dos constituintes ativos dessas espécies utilizando informações sobre o efeito das condições ambientais, tais como: luz, temperatura, adubação e a escassez de água. Entre os fatores abióticos a luz e a disponibilidade hídrica são os que mais afetam a produção de biomassa, pois tem um efeito negativo no crescimento e no desenvolvimento vegetal. Nas plantas medicinais a deficiência hídrica pode afetar o teor, rendimento e composição química dos óleos essenciais variando com o tipo, a intensidade e a duração do estresse. Estudo realizado com as espécies Cymbopogon pendulus (Steud) e C. nardus (L.) Rendle var confertiflorus mostrou variação na fração de monoterpenos de acordo com a intensidade e a duração da deficiência hídrica, sendo que aos 45 dias após a imposição do estresse moderado, houve aumento significativo de geraniol e a diminuição de citral para a espécie C. nardus L. (SINGH-SANGWAN, et al.,1994). Resultados semelhantes foram observados por Simon et al., (1990) que ao avaliarem os efeitos do déficit hídrico em Ocimum basilicum encontraram aumento no conteúdo do óleo essencial e alteração na composição do mesmo sob estresse hídrico leve (- 0,68 MPa) e moderado (1,12 MPa). Sob déficit hídrico moderado, o conteúdo de óleo passou de 3,1 para 6,2 µL g-1 de massa seca. Silva et al., (2002) estudando o efeito de diferentes níveis de estresse hídrico sobre as características de crescimento e a produção de óleo essencial de Melaleuca alternifolia Chell, verificaram que a deficiência hídrica foi 10 responsável pelo incremento na biomassa, porém sem diferenças significativas no teor e na composição química dos principais componentes do óleo essencial. Enquanto, Marchese et al., (2010) avaliando a espécie Tanacetum parthenium L, conhecida popularmente como artemísia, após 14, 38, 62 e 86 horas da suspensão da irrigação, com os potencias hídricos correspondente a 0,54; -1,34; -2,51 e -3,97 MPa respectivamente, verificaram aumento no teor de artemisinina comprometimento após da as 38 produção horas de do corte biomassa da irrigação, fresca nesta sem o condição, considerada pelos autores como déficit hídrico moderado. Em plantas medicinais a relação estresse hídrico, produção de biomassa e de óleo essencial, algumas vezes comporta-se como via de mão dupla, pois em condições de estresse leve a produção de compostos terpênicos tende a aumentar, porém com o estresse severo há uma redução no crescimento, ou seja, menor biomassa e consequentemente menor rendimento de óleo essencial. A relação contraditória observada pode estar relacionada com a alocação diferencial de recursos (partição de fotoassimilados) dentro da planta. Essa relação é conhecida como fonte/dreno, na qual as fontes são folhas e caules verdes, enquanto o dreno são os meristemas, idioblastos que acumulam alcaloides e taninos e tricomas glandulares que acumulam os óleos essenciais (LEONARDO 2007; CUTTER, 1986). Entender como os possíveis fatores abióticos interferem na fisiologia, crescimento e na constituição química do óleo essencial é fundamental para a determinação de novas técnicas agronômicas. No caso das plantas medicinais, estes estudos visam o aumento da produção de biomassa e o rendimento do óleo essencial, sem alterar a composição química e sem comprometer o seu valor terapêutico, atendendo assim as exigências do mercado consumidor (CASTRO et al., 2004; COSTA et al., 2010). 2.4 Déficit hídrico: efeitos e respostas na morfofisiologia de plantas. No ambiente são observadas várias condições adversas que podem limitar o desenvolvimento e reduzir as chances de sobrevivência dos vegetais. Quando ocorrem, tanto permanentemente ou eventualmente no ambiente, podem ocasionar o estresse. O estresse é frequentemente definido como o 11 desvio significativo das condições ótimas para a vida, induzindo mudanças e respostas em todos os níveis funcionais do organismo, as quais são reversíveis, no início, mas podem se tornar permanentes, ocasionando até a morte (LARCHER, 2000). O estresse hídrico é causado principalmente pela falta de água, devido à seca ou alta salinidade no solo. Em caso de solos salinos e outras condições, como inundações e baixas temperaturas no solo, a água está na solução do solo, mas as plantas não conseguem absorver, situação conhecida como “seca fisiológica” (LISAR et al., 2012). Apesar das primeiras respostas aos estresses por déficit hídrico e salino serem idênticas, sob o estresse salino prolongado as plantas respondem, além da desidratação, à toxicidade de íons. Essa resposta pode ser dada através da prevenção à entrada de sal (exclusão em toda a planta ou em nível celular) ou redução da concentração de sais no citoplasma (por compartimentalizar sal nos vacúolos) (MUNNS et al., 2006; CHAVES et al., 2009). O déficit hídrico é um dos principais fatores de estresse que afetam quase todos os organismos, incluindo o homem em termos de saúde e alimentação. As plantas terrestres, na sua maioria, estão ou serão expostas ao estresse hídrico por um período curto ou longo, em algum momento do seu ciclo de vida, e tendem a desenvolver alguns mecanismos de aclimatação às mudanças das condições ambientais (AKINCI; LOSEL, 2012). Segundo Larcher (2000) a seca ocorre quando há um período de baixa precipitação, na qual o conteúdo de água no solo é reduzido, de forma a tornar-se indisponível para as plantas. Normalmente, o estado de dessecação do solo é acompanhado por alta demanda evaporativa e altos níveis de radiação e temperatura, ou seja, nas plantas que estão sob estresse hídrico à disponibilidade de água nas suas raízes torna-se limitante ou a taxa de transpiração é intensa. A resistência da planta ao estresse está dividida em duas categorias: tolerar e evitar o estresse. No caso do déficit hídrico, evitar à seca é a capacidade da planta em manter o potencial hídrico alto nos tecidos mesmo sob condições de seca, enquanto tolerar a seca é a capacidade da planta para manter as suas funções normais, mesmo com o valor de potencial hídrico reduzido (LISAR et al., 2012). 12 Em condições de déficit hídrico o crescimento e desenvolvimento dos vegetais são afetados através da redução da turgescência celular, da taxa fotossintética, transpiração, processos de abertura e fechamentos dos estômatos, divisão e expansão celular, assim como o fornecimento de compostos orgânicos e inorgânicos para a síntese de novo protoplasma e paredes celulares (AKINCI; LÖSEL, 2012). Além disso, algumas respostas morfofisiológicas ao estresse são bem evidentes, tais como aumento da respiração, inibição da fotossíntese, redução da produção de biomassa, baixa fertilidade, senescência prematura, clorose foliar, alterações anatômicas e aumento no consumo de energia para os processos de reparação (BOSABALIDIS et al., 2002; PETROPOULOS et al., 2008; BAGHALIAN et al.,2011; REHEM et al.,2012; BAHREININEJAD et al.,2013). A deficiência hídrica pode ainda ser caracterizada por modificações anatômicas e ultraestruturais, tais como reduções no tamanho das células dos tecidos clorofilianos, condensação da cromatina, alterações dos cloroplastos, distorção dos tilacóides, redução na quantidade e tamanho dos grãos de amido, aumento no número de plastoglóbulos e formação de vesículas (GILES et al., 1974; OLMOS et al., 2007; WANG et al., 2012). Investigações anatômicas feitas com a espécie medicinal Rosmarinus officinalis (OLMOS et al., 2007) mostraram que a espessura do mesofilo, o tamanho das células epidérmicas e dos espaços intercelulares foram significativamente reduzidos nas condições de maior deficiência e, em nível ultraestrutural, foram ainda observadas, nesta espécie alterações nos cloroplastos e acúmulos de plastoglóbulos. Dessa forma, o efeito do déficit hídrico na assimilação de CO2, crescimento e produção de óleo essencial pode ter sua compreensão mais explorada com o estudo das características anatômicas, ultraestruturais e bioquímicas. Apesar de haver diversas pesquisas na literatura que apontem os efeitos do estresse por seca em espécies medicinais, ainda são escassos estudos que considerem os aspectos anatômicos e fisiológicos, como por exemplo, a eficiência no uso da água na produção do óleo essencial. 13 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L. H. de. El género Ocimum L. 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Para avaliar os efeitos do déficit hídrico na espécie medicinal Ocimum africanum mudas foram propagadas via seminal e submetidas a 100, 80, 70, 60% da capacidade de campo referentes aos potenciais hídricos do ramo, medidos antes do amanhecer, de -0,5; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa, respectivamente. Os parâmetros avaliados foram: produção de biomassa seca, potencial hídrico antemanhã do ramo, trocas gasosas foliares e eficiência de uso da água com base na produção de óleo essencial. O óleo das plantas dos diferentes tratamentos foi extraído pelo processo de hidrodestilação utilizando o aparelho de Clevenger e analisado por cromatografia gasosa acoplado a um espectrômetro de massa. As plantas de O. africanum, sob déficit hídrico, apresentaram reduções nas trocas gasosas foliares e do teor de pigmentos cloroplastídicos ao longo do tempo. O consumo hídrico também foi reduzido e a produção de biomassa foi afetada negativamente, acarretando menor rendimento do óleo essencial e menor eficiência do uso da água para a produção de biomassa (EUAbm). Contudo, um aumento no teor e na eficiência de produção de óleo essencial (óleo produzido/ água consumida) foram constatados entre os potenciais de -0,9 e -1,6 MPa. Além disso, não foram verificadas grandes alterações na composição química do óleo essencial em relação ao potencial de -0,5 MPa, que apresentou isoeugenol como constituinte majoritário nas folhas e inflorescências nos diferentes potenciais hídrico do ramo. Para O. africanum o potencial hídrico de -0,9 MPa, ou seja 80% da capacidade de campo, mostrou-se como e a melhor condição para o crescimento e produção de óleo essencial espécie. E considerando a produção e qualidade do óleo essencial, o cultivo torna-se economicamente viável nessa condição. Palavras-chave: Irrigação, Manjericão, Fotossíntese, Terpenos. 19 CHAPTER I - GROWTH, CARBON ASSIMILATION AND WATER USE EFFICIENCY IN THE PRODUCTION AND CHEMICAL COMPOSITION OF THE Ocimum africanum Lour. (Lamiaceae) ESSENTIAL OIL UNDER WATER DEFICIT ABSTRACT Water availability is a factor of great importance for plants, by acting on their growth, support and physiological and biochemical processes. When there is water deficit, plants can develop skills to adapt themselves to the new environment, however these mechanisms can affect their development and, in the case of medicinal plants, the synthesis of essential oil. To evaluate the effects of water deficit in the medicinal species Ocimum africanum, seedlings were propagated via semen and submitted to the field capacity of 100, 80, 70 and 60% related to the branch water potentials of -0,5, -0.9, -1.6 and -1.9 MPa, respectively, measured before dawn. The evaluated parameters were: dry biomass production, branch pre-dawn water potential, leaf gas exchange and water use efficiency based on essential oil production. The oil of the plants of the different treatments was extracted by the hydrodistillation process using the Clevenger apparatus and analyzed by gas chromatography coupled to a mass spectrometer. O. africanum plants under water deficit showed reductions in leaf gas exchange and chloroplastid pigment content over time. The water consumption was also reduced and the biomass production was negatively affected, resulting in lower yields of essential oil and less water use efficiency for biomass production (EUAbm). However, an increase in the essential oil content and production efficiency (oil produced/ consumed water) were observed between the -0.9 and -1.6 MPa potentials. Furthermore, there were no major changes in the essential oil chemical composition in relation to the -0.5 MPa potential, which presented isoeugenol as the main constituent on leaves and inflorescences at different branch water potentials. For O. africanum, the 0.9 MPa potential, which corresponds to 80% of field capacity, was proved as the best condition for the essential oil growth and production for this species. And considering the essential oil production and quality, the cultivation becomes economically viable in this condition. Keywords: Irrigation, Basil, Photosynthesis, Terpenes. 20 INTRODUÇÃO Nas plantas medicinais, aromáticas e condimentares, a produção e concentração de princípios ativos dependem não só dos fatores genéticos, mas das interações genótipo e ambiente que acarretam uma série de alterações morfofisiológicas, bioquímicas e moleculares, que podem afetar negativamente o crescimento e a produtividade (GOBBO-NETO; LOPES, 2007; MORAIS, 2009). O estresse hídrico por escassez de água, em geral, decorre de dois fatores preponderantes: baixa disponibilidade de água no solo e as altas taxas de transpiração, condições comuns nos climas árido e semi-árido. Acredita-se que em algum momento do ciclo de vida, muitas plantas passarão por períodos de deficiência hídrica (AKINCI E LÖSEL, 2012). Assim, a adaptabilidade das plantas a essas condições é influenciada pela duração e magnitude do estresse, além da variabilidade genética (LARCHER, 2000). O déficit hídrico resulta em várias respostas fisiológicas, tais como fechamento dos estômatos, reduções do potencial hídrico, da condutância estomática, da taxa fotossintética e da transpiração, bem como inibição do crescimento, aumento no acúmulo de ácido abscísico (ABA) e de solutos compatíveis como prolina, trealose, manitol, glicina betaína (LISAR et al., 2012; REHEM et al., 2012). Dentre estas repostas, a fotossíntese é particularmente sensível aos efeitos da falta de água e diretamente relacionada com o crescimento. Sob condição de seca a redução da taxa fotossintética é atribuída à eventos sequenciais tais como: limitação estomática, baixa eficiência de carboxilação, comprometimento metabólico e estrutural nos cloroplastos, alteração na atividade das enzimas fotossintéticas (TEZARA et al.,1999; LAWLOR, 2002; PARRY et al.,2002). O fechamento parcial dos estômatos durante os estádios iniciais da seca é essencial para o controle na taxa de transpiração, podendo ser importante ferramenta biológica para aumentar a eficiência no uso da água (EUA), pois mais CO2 pode ser absorvido por unidade de água transpirada nesses períodos. Para tirar proveito deste tipo de resposta das plantas, técnicas de irrigação foram desenvolvidas com objetivo de melhorar a EUA como a 21 “secagem parcial da zona radicular” e “déficit hídrico regulado”. Esta última técnica vem sendo analisada em várias espécies medicinais Amaranthus spp (LIU E STÜTZEL 2004) Catharanthus roseus (JALEEL et al.,2008), Ocimum basilicum e O. americanum L. (KHALID, 2006), visando aumentar a produção de óleo essencial. Ao longo do tempo os efeitos causados pela seca são facilmente notados na produção de biomassa das plantas, uma vez que o crescimento em extensão nessa condição depende da pressão de turgor, do módulo de elasticidade da parede e do alongamento celular (JOLY E ZAERR, 1987; LAMBERS et al.,, 2008). Normalmente, há o aumento na razão raiz/parte aérea, devido alteração na relação fonte/dreno, ou seja, o aumento dessa razão ocorre devido ao menor investimento na produção de biomassa da parte aérea (TAIZ; ZEIGER, 2004). No que se refere à exploração de recursos do metabolismo secundário o estudo de plantas medicinais vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, principalmente nos aspectos relacionados à adaptabilidade e ao cultivo destas plantas visando à substituição do extrativismo que ainda impera no uso de inúmeras espécies vegetais. A quantidade e a composição química do óleo essencial de uma planta medicinal podem variar em função das condições de cultivo e do próprio ambiente (SIMÕES; SPITZER, 2004). No cenário atual de mudanças globais que ameaçam principalmente a disponibilidade dos recursos naturais, dentre estes a água necessária e imprescindível para o cultivo de inúmeras espécies vegetais, o estabelecimento de metodologias de cultivos adequadas à baixa disponibilidade hídrica é uma demanda, cada vez mais crescente. Dessa forma, o conhecimento do nível de reposição de água pelos vegetais pode contribuir para a melhoria na produção e na qualidade da matéria-prima, permitindo uma maior competitividade no mercado. Neste contexto, espécies do gênero Ocimum podem ser consideradas como fortes candidatas ao cultivo em regiões com baixas precipitações. De acordo com Blank et al., (2004) a implantação da cultura do manjericão doce (O. basilicum) para a obtenção do óleo essencial pode ser uma atividade alternativa promissora para os produtores do Nordeste do Brasil, devido à cotação desse óleo no mercado internacional, que atinge o valor próximo de 22 US$ 110,00/litro, e sua adaptabilidade as condições ambientais dessa região. Apesar da grande importância econômica das espécies desse gênero, ainda são escassos estudos botânicos e agronômicos para a espécie Ocimum africanum. A espécie O. africanum é um subarbusto que apresenta um ciclo de vida curto em torno de 90 dias. O caule é ereto, ramificado com aproximadamente 60 cm de altura, formato quadrangular em seção transversal, apresentando tricomas ao longo de sua extensão. Suas folhas são simples, ovadas, pilosa e estão distribuídas no caule de forma oposta e cruzada. As inflorescências são apicais, com flores alvas e pequenas possuindo muitos tricomas glandulares e tectores. Assim, o conhecimento do nível de reposição de água pode contribuir para a melhoria na produção e na qualidade da matéria-prima, permitindo uma maior competitividade no mercado. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivos (i) verificar os efeitos do déficit hídrico nas trocas gasosas e teor de pigmentos na espécie O. africanum, ao longo do tempo de imposição do estresse; (ii) Avaliar a influência da deficiência hídrica na partição e acúmulo de biomassa; (iii) avaliar o teor, rendimento e composição química do óleo essencial; (iv) quantificar a eficiência no uso da água como base na produção de biomassa e de óleo essencial nas folhas e inflorescências da espécie. 23 MATERIAIS E MÉTODOS Material botânico e as condições de cultivo O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação no Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz, localizada próxima à região urbana do município Ilhéus, BA (14°47'00" S, 39°02'00" W), no período de 07 de janeiro a 17 de abril de 2012. As mudas de Ocimum africanum Lour. foram propagadas por sementes em recipientes de 200 mL e após 15 dias, ao atingirem 10 a 15 cm de altura foram transplantadas para vasos de 10 L (Figura 1 a-b), contendo substrato previamente adubado (Tabela 1) conforme a análise da composição físico-química do substrato e as exigências da cultura (Tabela 2). A adubação de cobertura foi realizada a cada 15 dias, a partir do 10° dia. Tabela 1. Fertilizantes químicos utilizados durante o experimento na adubação de plantio e de cobertura. Tabela 2. Análise físico-química do substrato experimental. 24 Para o controle do balanço hídrico os vasos foram pesados inicialmente para obtenção da massa seca do solo. Após o transplante as plantas foram irrigadas até a capacidade de campo (1,3 L de água), obtida previamente em ensaio preliminar, onde foram utilizados vasos e substrato experimental, sendo este irrigado até a saturação e os vasos cobertos com papel alumínio para evitar a evaporação. O peso dos vasos foi monitorado através do método gravimétrico até peso constante. Depois de 20 dias de aclimatação, a irrigação foi suspensa e os vasos foram cobertos com papel alumínio para o controle da água transpirada. Cinco dias depois da interrupção da irrigação foram iniciados os tratamentos. O controle da irrigação foi feita com pesagem dos vasos em dias alternados e o controle da quantidade de água a ser aplicada foi feita pela diferença entre o peso atual e aquele correspondente à capacidade de campo 100, 80, 70 e 60%. Além disso, ao longo do período experimental foram feitas coletas do solo para a determinação do teor de água no solo e do potencial mátrico. Os valores do potencial mátrico (Ψm) do substrato, para cada tratamento durante o período experimental, foram estimados a partir de equação derivada da curva de retenção de água no solo, realizada no laboratório de solo da Universidade Federal de Viçosa (Figura 1). Potencial mátrico (Kpa) 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 0,284 0,223 0,176 0,147 0,136 Amostra de solo ( Kg/Kg) 0,124 0,098 Figura 1- Curva de retenção de água do substrato utilizado no experimento. 25 Com os valores da curva de retenção foi ajustada a equação e os valores obtidos a partir do teor de água no solo, coletados durante o experimento, foram aplicados nesta equação para estimar o potencial mátrico (Ψm) experimental que foram de -147,4; -283,8; -587,8 e -1090,7 kPa correspondente aos teores de água no solo de 16,3; 14,5; 12,5 e 10,8%, respectivamente. As condições climáticas foram monitoradas utilizando-se uma estação meteorológica Hobo Micro Station Data Logger (Onset Coputer, Massachusetts, EUA) (Figura 2c). A radiação fotossinteticamente ativa (RFA) foi monitorada por meio de sensores quânticos S-LIA-M003, enquanto a temperatura (T°C) e umidade relativa do ar (UR%) foram registradas utilizando os sensores Hobo H8 Pro Series (Onset, Coputer, Massachusetts USA). Os sensores de RFA (Radiação Fotossinteticamente Ativa), temperatura e umidade relativa do ar foram programados para realizarem leituras em intervalos de 5 minutos. B A C Figura 2. A- Produção de mudas; B- transplante para os vasos com o substrato. C- Vista geral do experimento montado com as condições climáticas sendo monitoradas pela estação meteorológica (seta) As variáveis ambientais foram medidas durante todo o período experimental, sempre das 06:00 às 18:00h. Sendo que a média diária da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), dentro da casa de vegetação, esteve entre 8,6 a 23,2 mol fótons m-2 dia-1, a temperatura entre 24°C a 30,7 °C e a umidade relativa do ar (UR) entre 64,26% e 93,9% (Figura 3). 26 A B Figura 3. – A- Variação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA) e BVariação da temperatura e da umidade relativa do ar (UR), dentro da casa de vegetação durante o período experimental. Potencial hídrico antemanhã do ramo (Ψw) Devido à reduzida espessura do pecíolo das folhas, a medição do potencial hídrico foi realizada com ramo da planta contendo cerca de 20 a 30 folhas. O potencial hídrico do ramo foi avaliado após aplicação dos tratamentos em cinco repetições, utilizando uma câmara de pressão 1000 (PMS Instrument Company, EUA) segundo a metodologia descrita por Scholander (1965). As medições foram realizadas in situ a cada oito dias durante todo o período experimental, totalizando sete medições. Essas medições foram feitas sempre nos horários de 2:00 às 4:00h da manhã. Trocas gasosas foliares Após 20, 40 e 60 dias da aplicação dos tratamentos de deficiência hídrica, avaliou-se as trocas gasosas em folhas maduras e expandida do terceiro ou quarto nó a partir da extremidade basal da inflorescência, utilizandose um sistema portátil de medição de fotossíntese Li-Cor LI-6400 XT (USA). As medições foram realizadas sempre das 08:30 às 12:00 h. Foram avaliadas a taxa fotossintética líquida (A), a condutância estomática (gs), a transpiração (E) 27 e a razão entre as concentrações interna e externa de CO2 (Ci/Ca), sob luz saturante artificial de 1000 μmol fótons m -2 s-1 e a concentração atmosférica de CO2 (Ca) de 380 μmol mol-1. As eficiências instantânea (A/E) e intrínseca (A/gs) de uso da água foram calculadas a partir dos valores obtidos. Eficiência de uso da água (EUA) A eficiência no uso da água no experimento foi expressa de quatro formas: Eficiência instantânea de uso da água (A/E), que foi calculada pela razão entre a taxa fotossintética líquida (A) e a taxa de transpiração (E); Eficiência intrínseca de uso da água (A/gs), que foi calculada pela razão entre a taxa fotossintética líquida (A) e a condutância estomática (gs). Além disso, foi avaliada a eficiência no uso da água com base na produção de biomassa total (g/L), calculada pela razão entre a biomassa produzida e água consumida e de óleo essencial (g/L), calculada pela razão entre o rendimento do óleo essencial das folhas e inflorescências produzido e a água total consumida (transpirada). Avaliação do crescimento Após 60 dias da aplicação dos tratamentos foram determinadas a biomassa seca das raízes (MSR), caules (MSC), folhas (MSF) e total (MST) por meio de secagem em estufa de circulação forçada de ar a 70º C, até atingir peso constante. Além disso, foram realizadas medidas da altura das plantas (ALT) e a da área foliar (AF) utilizando-se um medidor eletrônico de área foliar, modelo LI-3100 (Li-Cor, inc. Lincoln, Nebraska, USA). A partir dos dados de massa seca e área foliar foram calculadas: a massa foliar específica (MFE= MSF/AF), a razão de massa de raízes (RMR = MSR/MST), a razão de massa de caules (RMC= MSC/MST), a razão de massa da folha (RMF=MSF/MST), a razão de massa de folhas (RMF=MSF/MST), a razão de área foliar (RAF=AF/MST), a taxa de crescimento relativo (TCR= lnMST2 - lnMST1 / T2 T1) e a taxa assimilatória líquida TAL=[ (lnMST2- lnMST1 / T2 - T1) x (lnAF2lnAF1) / (AF2 - AF1)], segundo Hunt (1990). 28 Extração, quantificação e composição química do óleo essencial. Para a determinação do tempo máximo de extração do óleo das folhas e inflorescências, no intuito de evitar gasto de tempo e recursos foi realizado um ensaio preliminar com plantas de Ocimum africanum coletadas do Horto de Plantas Medicinais da UESC. Foram feitas cinco baterias de extrações no processo de hidrodestilação, com três repetições, aos 30, 60, 90, 120 e 150 minutos (Figura 4). Figura 4. Determinação do tempo de extração do óleo essencial das folhas ŷ= 0,068 + 0,0657x - 0,0003x2 + R2= 0,98 e das inflorescências ŷ= -0,708 +0,0369x - 0,0002x2 R2= 0,94. Cada ponto representa a média de três repetições e as barras o erro padrão da média. O tempo de extração do óleo das folhas e inflorescências determinado no ensaio foi de aproximadamente 90 minutos. Para o experimento, o óleo essencial das folhas e inflorescências foi extraído pelo processo de hidrodestilação em aparelho de Clevenger, utilizando-se 100 g de matéria seca, em 1,5L de água destilada, por 90 minutos, em quadruplicata. O hidrolato, ou seja, o óleo e a água foram separados utilizando o solvente diclorometano e o sulfato de sódio anidro (em excesso) e concentrado. Após a separação o óleo foi quantificado (determinação da porcentagem m/m e m/v). O rendimento de óleo foi calculado por meio do teor multiplicado pelo valor médio de biomassa seca da folha e da inflorescência da planta (g planta-1). 29 Os óleos foram caracterizados pelo índice de refração (IR), e posteriormente, por cromatografia gasosa acoplada a um espectrômetro de massa de alta resolução (CGAR), utilizando o Cromatógrafo a Gás. A fim de conhecer a constituição química foi realizada a análise de CG-EM (Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas). Os diversos constituintes químicos dos óleos essenciais foram identificados através da comparação computadorizada com a biblioteca do aparelho, literatura e índice de retenção de Kovats (Adams, 1995). Os índices de retenção de Kovats (IK) foram calculados através da injeção de uma série de padrões de n-alcanos (C8-C26) injetados nas mesmas condições cromatográficas das amostras. Teor de Pigmentos cloroplastídicos O teor de pigmentos cloroplastídicos foi determinado por meio do medidor portátil de clorofilas SPAD-502 (Konica, Minolta,Japan), aos 20, 40 e 60 dias após a aplicação dos tratamentos (DAAT) em folhas completamente maduras, localizadas no terceiro nó. A partir dos valores de índice SPAD calculou-se o teor de clorofilas a e b e de carotenóides usando-se as equações propostas por Santos et al., (2012) específicas para a espécie O. africanum. Delineamento experimental O experimento foi montado segundo o modelo estatístico do delineamento inteiramente casualizado (DIC) no esquema de parcela subdividida no tempo, com quatro regimes hídricos, quatro coletas (0, 20 40 e 60 dias) e 10 repetições com um total de 160 plantas. Os dados foram submetidos ao teste F da análise de variância. Para as médias dos tratamentos foram ajustados modelos de regressão polinomial pelo programa estatístico SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2010). E para as médias dos dias dentro de cada tratamento foram realizados o teste de Tukey a 5%. Os gráficos foram feitos no software Prism GraphPad 6.01 (SALES, 2012). 30 RESULTADOS E DISCUSSÃO A reposição de água perdida durante todo o período experimental foi maior no tratamento de 100% da capacidade de campo apresentando variações nos valores médios entre 0,24 a 0,35 litros por dia. Já nos tratamentos de 80, 70 e 60% da capacidade de campo, o consumo hídrico diário foi de 0,12; 0,10 e 0,08 L dia -1 (Figura 5). Tal fato está relacionado à maior taxa transpiratória das plantas controle (100% capacidade de campo) quando comparadas aos demais tratamentos. 100% Consumo diário de água ( Ldia -1) 0,40 80% 70% 60% 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 0 10 20 30 40 50 60 70 Dias após aplicação dos tratamentos Figura 5. Consumo hídrico diário das plantas de Ocimum africanum durante os 60 dias após aplicação dos tratamentos (DAAT) de déficit hídrico. Os pontos representam média de 15 repetições por tratamento A redução da irrigação ocasionou queda gradual no potencial hídrico do ramo (antemanhã) ao longo do período experimental. Foram observados valores médios de -0,3 a -0,5 MPa para as plantas bem irrigadas e variações de -1,5 MPa até -2,2 MPa para a condição de maior déficit hídrico. Os valores médios do potencial hídrico do ramo obtidos nos tratamentos foram -0,5; -0,9; 1,6 e -1,9 MPa para as capacidades de campo de 100, 80, 70 e 60%, 31 respectivamente. Aos quinze dias após aplicação dos tratamentos foi possível constatar que as diferenças no potencial hídrico do ramo entre os tratamentos já estavam estabelecidas (Figura 6). Figura 6. Variação do potencial hídrico de antemanhã do ramo (Ψw) em plantas de Ocimum africanum sob diferentes capacidades de campo durante o período experimental. Os pontos representam a média de quatro a cinco repetições e as barras o erro padrão da média. Leonardo (2007) e Vargas (2007) ao estudarem variedades de Ocimum basilicum observaram reduções significativas do potencial hídrico foliar ao longo de tempo de imposição do estresse. De acordo com Nascimento (2009) em condições naturais de campo o desenvolvimento do déficit hídrico no solo ocorre de maneira gradual e mais lenta, enquanto que com experimentos em vasos a resposta à exposição ao estresse é mais rápida em razão do espaço radicular restrito. O tempo de chegada ao potencial hídrico dos tratamentos de O. africanum quando comparado aos demais relatados (LEONARDO, 2007; VARGAS, 2007) pode está associado às variações ambientais, diferenças granulométricas do solo e o tamanho dos recipientes usados para os cultivos das espécies. A redução gradativa da disponibilidade de água no solo e consequentemente, a queda do Ψw nas plantas de O. africanum, afetaram as trocas gasosas foliares, o teor de pigmentos cloroplastídicos, o acúmulo de 32 biomassa e a produção de óleo essencial. Ocorreu interação significativa entre o tempo e o déficit hídrico para a taxa fotossintética, condutância estomática e transpiração e não significativa para a eficiência intrínseca e instantânea do uso da água (Tabela 3). Tabela 3. Níveis de significância da ANOVA comparando os efeitos do déficit hídrico (DH) e o tempo em dias (T) e a interação entre o déficit hídrico e o tempo (DH x T) para as variáveis de trocas gasosas (A, gs, E, A/gs e A/E) em plantas de Ocimum africanum durante 20, 40 e 60 dias após a aplicação do tratamento (DAAT). Fonte de variação Déficit Hídrico (DH) Dias (T) DH * T p > 0,05 (ns) p < 0,05 (*) A *** *** ** p < 0,01 (**) gs *** *** ** p < 0,001 Variável E *** *** ** A/gs ** * ns A/E *** * ns (***) Com a deficiência hídrica os valores da taxa fotossintética, condutância estomática e taxa transpiratória foram reduzidos e apresentaram ajustes lineares nos diferentes dias após a aplicação dos tratamentos de deficiência hídrica (Figura 7). A taxa fotossintética aos 20 dias apresentou valores estimados de 10,3 e 5,1 µmol CO2 m-2 s-1, enquanto aos 60 dias os valores foram de 9,7 e 2,1 µmol CO2 m-2 s-1 nos potenciais de -0,5 e -1,9 MPa, respectivamente. De modo geral, para essa variável, houve uma queda de 50% aos 20 dias, de 61% aos 40 e 78% os 60 dias para o potencial hídrico de -1,9 MPa quando comparado a -0,5 MPa (Figura 7a). Para a condutância estomática, aos 20 dias de imposição dos tratamentos, os potenciais hídricos de -0,5, -1,6 e -1,9 MPa proporcionaram valores de 0,07; 0,04 e 0,03 µmol H2O m-2 s-1 , enquanto que aos 60 dias nesses mesmos potencias hídricos os valores foram de 0,06, 0,02 e 0,01 µmol H2O m-2 s-1, respectivamente (Figura 7b). Para a transpiração, aos 20 dias os valores estimados para os potenciais de -0,5, -1,6 e -1,9 MPa foram de 0,90, 0,54 e 0,44 mmol H2O m-2 s-1 e ao final do período experimental (60 dias), os valores foram 0,84, 0,3 e 0,15 mmol H2O m-2 s-1, respectivamente (figura 7c). 33 A B C Figura 7. A- Fotossíntese liquida; B- Condutância estomática e C- Taxa transpiratória de Ocimum africanum aos 20 (círculos vazios), 40 (quadrados cheios) e 60 (triângulos vazios) dias após aplicação dos tratamentos de déficit hídrico. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. 34 O padrão similar de resposta entre A e gs sugere que a taxa fotossintética esteja relacionada ao fechamento parcial dos estômatos, que afeta a etapa difusiva da fotossíntese. Os decréscimos em gs foram acompanhados pela queda das taxas de transpiração nos menores potenciais hídricos ao longo do tempo de imposição do estresse. Esta observação é corroborada pelas relações lineares da fotossíntese e transpiração em função da condutância estomática (Figura 8a-b). Segundo Vargas (2007) se A e gs variam proporcionalmente numa relação linear, pode haver redução da concentração interna de CO2 (Ci) e baixos potenciais hídricos implicam em decréscimo da eficiência de carboxilação. 16 ŷ = 127,62**x + 1,135** (R² = 0,92) A (µmol CO2 m-2 s-1) 14 12 10 8 -0,5 MPa 6 -0,9 MPa 4 -1,6 MPa 2 -1,9 MPa 0 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 gs (mol H 2O m-2 s-1) 1,8 ŷ = 14,461**x + 0,023** (R² = 0,85) E ( mmol H2O m-2 s-1) 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 -0,47 MPa 0,6 -0,92 MPa -1,58 MPa 0,4 -1,88 MPa 0,2 0,0 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 gs ( mol H 2O m-2 s-1) Figura 8. A- Taxa fotossintética líquida em função da condutância estomática. B- Taxa de transpiração em função da condutância estomática em plantas de Ocimum africanum submetidas ao déficit hídrico. Os pontos representam médias de três repetições. 35 Assim, como no presente estudo, as espécies Mentha spicata L., Rosmarinus officinalis L. (DELFINE et al.,, 2005) e Vigna unguiculata ( SOUZA et al.,, 2004) sob deficiência hídrica apresentaram reduções em A, gs e E seguidos de reduções do potencial hídrico foliar e das concentrações de CO 2 intercelular, com o aumento da deficiência hídrica. Resultado semelhante foi verificado por Vargas (2007) ao avaliar três cultivares de manjericão, Ocimum basilicum L.(‘Maria Bonita’, ‘Mara’ e ‘Genovese’). Considerando, que a primeira e mais sensível resposta das plantas ao déficit hídrico é o fechamento dos estômatos (TAIZ E ZEIGER, 2004). Na espécie O. africanum o fechamento estomático observado nos menores potenciais hídrico foi o responsável pela redução na assimilação de carbono e na perda de água por transpiração, sendo assim um importante mecanismo de proteção contra a desidratação foliar. De maneira geral, ao longo do tempo as maiores oscilações dos valores médios observados para as variáveis A, gs e E foram obtidas para os menores potenciais hídricos do ramo (-1,6 e -1,9 MPa) quando comparado a condição de controle (-0,5 MPa). Isso indica que a intensidade do déficit hídrico foi acentuada pelo o efeito do tempo de estresse imposto. No entanto, a compreensão dos efeitos do tempo sob uma condição de estresse é muito complexa, principalmente porque envolve diversos fatores ambientais associados tais como altos valores de temperatura, de radiação luminosa e de déficit de pressão de vapor. Para os resultados de eficiências intrínseca (A/gs) e instantânea (A/E) de uso da água não foram observadas interações significativas entre o déficit hídrico e o tempo de imposição do estresse. No entanto, o tratamento apresentou significância de p < 0,01 para A/gs e de p < 0,001 para A/E (Tabela 3). Assim, considerando o apenas o efeito do déficit hídrico sobre as eficiências de uso da água foram ajustados modelos lineares, sendo que os valores estimados foram 152,1; 171,1 e 176,2 µmol CO2 mol 11,7; 12,1 e 13,1 µmol CO2 mol -1 -1 H2O para a A/gs e de H2O para A/E nos potenciais de -0,5, -1,6 e - 1,9 MPa, respectivamente (Figura 9 a-b). 36 A B Figura 9. A- Eficiência intrínseca de uso da água (A/gs) B- Eficiência instantânea de uso da água (A/E) em Ocimum africanum submetida ao déficit hídrico. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média Em condições de déficit hídrico moderado as reduções na condutância estomática e na taxa transpiratória podem favorecer o aumento da eficiência intrínseca e instantânea de uso da água, maximizando a relação entre consumo de água e assimilação de carbono. E na espécie O. africanum, o fechamento estomático, em função da seca, indica um comportamento conservativo de água quando submetida ao déficit hídrico, independente do tempo de imposição ao estresse. Para os pigmentos cloroplastídicos, verificou-se que as concentrações de clorofila em função dos tratamentos, aos 20 e 60 DAAT foram explicadas por modelos quadráticos, enquanto que aos 40 DAAT a resposta apresentou ajuste linear (Figura 10). Aos 20 DAAT foi observado um aumento nas concentrações de pigmentos, sendo que o potencial hídrico estimado de -1,6 MPa proporcionou as concentrações de 6,6 ; 2,4; 1,2 e 2,7 mg dm-3 de clorofila a, b, carotenóides e razão clorofila a/b, respectivamente. Resultados semelhantes foram observados por Azhar et al., (2011) ao avaliarem os feitos de déficit hídrico em mudas de Trachyspermum ammi sob 60% da capacidade de campo após 20 dias da suspensão da irrigação, Costa (2009) ao estudar andiroba (Carapa guianensis Aubl.) após 15 dias (Ψw = -1,35 MPa ) e Leonardo (2007) ao 37 pesquisar a espécie Ocimum basilicum após 10 dias da suspensão da irrigação (Ψw = - 2,4 MPa). O aumento inicial nas concentrações dos pigmentos no protoplasto na espécie O. africanum pode ter ocorrido em virtude da redução do teor de água na folha ocasionado pela desidratação do tecido. Além disso, a aumento da concentração desses pigmentos pode estar relacionada à redução da área foliar. A C B D Figura 10. A- Concentração de clorofila a B- Clorofila b C- Carotenóides e DRazão da clorofila a/b em plantas de Ocimum africanum aos 20 (círculos vazios), 40 (quadrados cheios) e 60 dias ( triângulos vazios) após aplicação dos tratamentos de déficit hídrico. Os pontos representam média de quatro repetições e as barras o erro padrão da média. 38 Aos 40 DAAT houve acréscimo nas concentrações de clorofila a, b, carotenóides e para os Ψw de -0,5 e -0,9 MPa e uma redução acentuada nos Ψw de -1,5 e -1,9 (Figura 10). Segundo Leonardo (2007) decréscimos nos teores de pigmentos cloroplastídicos e/ou de proteína podem ser sintomas característicos de estresse oxidativo em plantas sob seca. A razão clorofila a/b foi maior nas plantas cultivadas no Ψw de -0,5 MPa, quando comparado com os Ψw de -1,5 e -1,9 MPa (Figura 10d). Ainda segundo o autor, isso ocorre devido à degradação das moléculas de clorofila a, por danos oxidativos, ser mais rápida quando comparado à degradação da clorofila b. Além disso, Bahreininejad et al., (2013) verificaram que a redução no teor de pigmentos podem ser, pelo menos em parte, explicada pelo o aumento do teor de prolina, uma vez que esta e os pigmentos fotossintéticos são sintetizados a partir do mesmo substrato. Com 60 DAAT verificou-se a redução nas concentrações dos pigmentos fotossintéticos para todos os tratamentos, quando comparado às concentrações obtidas aos 20 e 40 DAAT (Figura 10). Este comportamento indica o início da senescência foliar e ao estádio final do desenvolvimento da planta, que apresenta o ciclo de aproximadamente 90 dias. O estresse causado pela seca se desenvolve de maneira gradual. A relativa sensibilidade das funções afetadas por este tipo de estresse é revelada por uma sequência de eventos bioquímicos e fisiológicos que são refletidas no crescimento e desenvolvimento do vegetal (LARCHER, 2000). Portanto, a deficiência hídrica em O. africanum atuou na redução dos pigmentos cloroplastídicos de maneira progressiva ao longo do tempo e da intensidade do estresse, afetando negativamente as trocas gasosas foliares e, consequentemente alterando a produção de biomassa. As plantas de O. africanum cultivadas nas condições de maior déficit hídrico tiveram o crescimento afetado, podendo sua resposta ser verificada visualmente pela redução acentuada dos órgãos vegetativos e reprodutivos (Figura 11). 39 Figura 11 - Plantas de Ocimum africanum com 60 dias após a aplicação dos tratamentos de deficiência hídrica evidenciando a diferença no crescimento (T1= -0,5 MPa; T2=-0,9 MPa ;T3= -1,6 MPa e T4= -1,9 MPa). A massa seca de raiz, caule, folha, inflorescência e total apresentaram ajustes lineares crescentes com o aumento da disponibilidade de (Tabela 4). Para o acúmulo de massa seca total as variáveis que mais contribuíram foram o caule e a inflorescência, com aumento de 32 e 42%, respectivamente para o potencial hídrico do ramo de -0,5 MPa (Tabela 4). Assim, como o caule recebeu um investimento expressivo da produção de biomassa, sendo importante para o balanço de carbono na planta. O crescimento das plantas normalmente diminui de acordo com a duração e intensidade da seca. O decréscimo da produção de biomassa em espécies medicinais submetidas a condições de deficiência hídrica vem sendo observada, como em Matricaria recutita L. (BAGHALIAN, et al., 2011) Thymus daenensis subsp daenensis, Celak (BAHREININEJAD et al., 2013) Artemisia annua L. ( MARCHESE et al., 2010) e Salvia officinalis L.(BETTAIEB, et al., 2009). Esses autores atribuem a redução do crescimento a vários aspectos, tais como redução na massa seca de folhas, flores, caules, índice de área foliar, teor de pigmentos, entre outros. Além desses fatores, a partir das variáveis analisadas no presente estudo pôde-se afirmar que em O. africanum a redução na produção de biomassa dos diferentes órgãos está relacionada a diminuição da condutância estomática, da taxa fotossintética e do teor de 40 pigmentos cloroplastídicos ao longo do período experimental para as condições de maior estresse. No Ψw de -1,9 MPa, a partição da biomassa seca de caule, folha e inflorescência apresentou-se mais homogênea, ou seja, com valores médios de produção muito próximos. Essa resposta do vegetal a condição de seca é melhor compreendida pela análise da razão de massa seca, que apresenta uma visão geral mais completa, sobre o efeito do déficit hídrico sobre a partição da biomassa entre diferentes órgãos da planta. As razões massa de caule, folha e inflorescência apresentaram respostas lineares (Tabela 4). No Ψw de -1,9 MPa quando comparado ao Ψw 0,5 MPa foi verificado o aumento de 6% para RMC, de 41% para RMF e uma redução de 19% para RMI. Enquanto, a razão massa de raiz (RMR) apresentou comportamento quadrático como o ponto de máxima estimado de 0,09 g g-1 para o potencial hídrico do ramo de -1,4 MPa, enquanto que, a R:PA apresentou resposta quadrática com o ponto de máxima de 0,10 g g-1 no potencial de -1,2 MPa (Tabela 4). Os resultados da razão massa de raiz e a relação raiz:parte aérea evidenciam complexo sistema que envolve absorção de nutrientes e o desenvolvimento vegetal. A parte aérea de uma planta crescer em função da absorção de água pelas suas raízes, sendo que a água é o fator limitante de crescimento. Acredita-se existir um balanço funcional entre absorção de água pelas raízes e a fotossíntese. Em O. africanum verificou-se que o investimento na produção de raiz nas plantas quando submetidas nas condições de déficit ocorreu devido a redução na biomassa total. Já a redução na biomassa da parte aérea está relacionada ao decréscimo na área foliar e no número inflorescência e folhas. As variáveis altura, área foliar, número de folhas,massa foliar específica, taxa de crescimento relativo e taxa assimilatória líquida apresentaram ajustes lineares, como os menores valores estimados obtidos nas plantas sob menor disponibilidade hídrica. Enquanto, a área foliar individual apresentou um tendência quadrática com o ponto de máxima estimado de 0,013 g m -2 para o potencial de -0,8 MPa (Tabela 4). 41 Resultados semelhantes aos observados para O. africanum vêm sendo reportado em muitas espécies medicinais e aromáticas (KHALID, 2006; BETTAIEB, et al., 2009; BAGHALIAN et al.,2011; MARCHESE et al., 2010;BAHREININEJAD et al., 2013). A redução da biomassa ocorre devido ao efeito direto do déficit hídrico na redução da condutância estomática, da taxa fotossintética e da transpiração. Além disso, atribui-se a redução nas trocas a gasosas foliares de O. africanum às alterações ultraestruturais observadas nos cloroplastos, tais como ruptura e desorganização das membranas dos tilacóides (Capítulo II), afetando assim as funções fisiológicas. 42 Tabela 4. Valores médios (± erro padrão) das variáveis de crescimento de Ocimum africanum após 60 dias da imposição dos tratamentos de déficit hídrico nos potenciais hídricos do ramo de -0,5; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa. R² = 0,908 Variável MSR MSC MSF MSI MST RMR RMC RMF RMI R:PA ALT MFE NI NF AFI AF TCR TAL Potencial Hídrico de antemanhã do Ramo (-MPa) 0,5 MPa 0,9 MPa 1,6 MPa 1,9 MPa 3,14 ± 0,54 1,99 ± 0,13 1,47 ± 0,17 1,19 ± 0,12 11,86 ± 0,24 7,92 ± 0,92 5,34 ± 0,09 4,74 ± 0,31 6,33 ± 0,55 4,81 ± 0,49 3,67 ± 0,24 3,46 ± 0,31 15,66 ± 0,58 9,46 ± 0,90 5,25 ± 0,51 4,78 ± 0,48 36,99 ± 0,90 24,18± 2,26 15,73 ± 0,47 14,17± 1,04 0,08 ± 0,01 0,09 ± 0,01 0,09 ± 0,01 0,09 ± 0,01 0,32 ± 0,01 0,32 ± 0,01 0,34±0,01 0,34 ± 0,01 0,17 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,23 ± 0,02 0,24 ± 0,01 0,42 ± 0,01 0,36 ± 0,01 0,33± 0,03 0,33 ± 0,02 0,09 ± 0,02 0,10± 0,02 0,10 ± 0,01 0,09 ± 0,01 63,20 ± 2,65 59,20 ± 1,07 52,60 ± 0,68 53,20 ± 0,97 42,79 ± 1,90 45,03 ± 2,04 50,12 ± 3,31 55,20 ± 3,31 129,40 ±6,82 88,00 ± 9,10 62,20 ± 5,77 53,60 ± 6,76 1148,8 ± 96,15 852,80 ± 79,89 620,20 ± 29,91 557,80 ± 50,42 0,013 ± 0,0005 0,013 ± 0,0004 0,012 ± 0,001 0,010 ±0,001 1477,80 ±109,65 1065,45± 90,32 733,52 ± 23,25 644,14± 86,21 33,73 ± 0,26 29,06 ± 1,07 24,72 ± 0,30 23,53 ± 0,74 0,61 ± 0,02 0,47 ± 0,02 0,38 ± 0,01 0,37 ± 0,01 Equações ŷ= -1,278**x + 3,513** ŷ= - 4,864**x + 13,423** ŷ= -1,988**x+7,003** ŷ= -7,522**x + 18,001** ŷ= -15,652**x+ 41,941** ŷ= -0,014x*2 + 0,038*x + 0,065* ŷ= 0,017*x + 0,309** ŷ= 0,050**x + 0,150** ŷ= -0,064**x + 0,459** ŷ= -0,027* x2+ 0,065**x +0,064* ŷ= -7,678** x + 66,412** ŷ= 8,478**x + 37,909** ŷ= -51,251**x + 146,08** ŷ= - 407,87**x +1294,4** ŷ = -0,003*x2 + 0,005x + 0,011 ŷ= -576,63**x + 1686,6** ŷ= -7,125**x +36,488* ŷ= -0,165**x + 0,659** R2 0,90 0,92 0,93 0,91 0,92 0,91 0,90 0,99 0,95 0,98 0,94 0,95 0,93 0,94 0,96 0,95 0,97 0,90 Abreviações e unidades: MSR (massa seca de raízes, g); MSC (massa seca de caules, g); MSF (massa seca de folhas, g); MSI (massa seca de inflorescência, g); (MST (massa seca total, g); RMR (razão de massa de raízes g g-1); RMC (razão de massa de caules g g-1); RMF (razão de massa de folhas g g-1); RMI (razão de massa de inflorescência g g-1); ALT (altura cm); MFE (massa foliar especifica g m-2); NI ( número de inflorescência); NF (número de folhas); AF (área foliar cm2 ); AFI ( área foliar individual dm-2); TCR (Taxa de crescimento relativo mg g-1 dia-1 );TAL (Taxa assimilatória líquida mg cm-2 dia-1). 43 Os efeitos do déficit hídrico na produção de biomassa se refletem no teor e rendimento do óleo essencial, podendo ser verificado, também, os efeitos na eficiência do uso da água por litro de óleo essencial produzido. Em algumas espécies medicinais, como no caso de espécies da família Lamiaceae, a síntese e o armazenamento de óleos essenciais ocorrem nas folhas e inflorescências (SINGH-SANGWAN et al., 1994; BETTAIEB et al., 2009; KHALID, 2006; BAHREININEJAD et al., 2013). Dessa forma, a compreensão dos efeitos da seca sobre a produção desses órgãos pode fornecer informações úteis para obtenção da matéria-prima durante o processo de colheita e pós-colheita. Em O. africanum o teor do óleo essencial das folhas e inflorescências apresentou ajustes lineares com elevados coeficientes de determinação, ocorrendo os maiores valores médios obtidos nas condições de maior deficiência, ou seja, nos menores potenciais hídricos do ramo, como os valores estimados para a folha de 3,09% no Ψw -1,6 MPa e 3,20 % no Ψw -1,9 MPa. Verificou-se também que o teor de óleo das folhas foi sempre maior que das inflorescências (Figura 12 a-b). A B Figura 12. A- Teor do óleo essencial das folhas B- das inflorescências de Ocimum africanum após 60 dias da imposição do déficit hídrico. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. Os rendimentos do óleo essencial das folhas e inflorescências diminuíram à medida que as plantas foram submetidas às condições de déficit, tendo ajustes lineares. Para as folhas os valores médios estimados nos 44 potenciais de -0,5 MPa e -1,9 MPa foram de 3,18 % e 1,50 %, respectivamente. Enquanto, que para as inflorescências nos mesmos potenciais foram observados os valores de 13,68% e 4,99% (Figura 13 a-b). A B Figura 13. A- Rendimento do óleo essencial das folhas B- inflorescências de Ocimum africanum após 60 dias da imposição do déficit hídrico. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média Os resultados verificados para o rendimento o óleo das folhas e inflorescências são inversamente proporcionais aos observados para o teor. Esses resultados estão relacionados à queda no número de folhas e inflorescências nas plantas sob déficit hídrico, fato que influenciou diretamente no decréscimo da massa seca (Tabela 4) e, consequentemente, no rendimento de óleo (Figura 13 a-b). Para o teor do óleo essencial, o aumento verificado nas condições de déficit está de acordo com os relatados na literatura para espécies medicinais (SINGH-SANGWAN et al., 1994; PETROPOULOS et al., 2008; BETTAIEB et al., 2009; KHALID,2006 ). Bahreininejad et al., (2013) ao estudarem os efeitos do déficit hídrico em Thymus daenensis verificaram aumento no teor de óleo essencial de 1,63 para 2,55 % no primeiro ano de avaliação e de 2,19 para 3,22% no segundo ano para os tratamentos controle e de estresse hídrico severo, respectivamente. Ainda, segundo estes autores, resultado inverso foi observado para o rendimento do óleo essencial que foi reduzido significativamente logo no primeiro ano de avaliação, tendo a produtividade de 22,16 e 14,11 Kg ha-1 para as plantas bem irrigadas e sob estresse hídrico severo. Já Simon et al., (1992), estudando a deficiência hídrica 45 em O.basilicum, encontraram aumento no rendimento do óleo essencial e alteração na composição química sob déficit hídrico leve (-0,68 MPa) e moderado (-1,12 MPa). Sendo ainda verificado que no déficit hídrico moderado, o rendimento de óleo passou de 3,1 para 6,2 µL g-1. Tem sido sugerido que o estresse por seca aumente a densidade de tricomas glandulares com a redução da área foliar (SIMON et al., 1992). Além disso, o aumento do teor de óleo sob estresse hídrico pode estar associado ao fato das plantas produzirem altas concentrações de terpenos em detrimento da alocação de carbono para crescimento, sugerindo uma relação entre crescimento e defesa (TURTOLA et al., 2003). A eficiência do uso da água com base na produtividade de biomassa total (EUA bm) e óleo essencial (EUA óleo) apresentou respostas quadráticas com o ponto do máxima estimado de 5,54 g/L no Ψw de -1,1MPa. Enquanto que, para as folhas e inflorescências os pontos de máxima estimados foram de 0,75 e 2,7 g/L nos Ψw de -1,24 e -1,15 MPa, respectivamente (Figura 14). Tais resultados sugerem que as plantas investiram proporcionalmente mais de seus recursos fotossintéticos na produção de óleo essencial por unidade de água consumida no Ψw de -0,9, principalmente para as inflorescências. A B Figura 14. A- Eficiência de uso da água para a produção de biomassa BEficiência de uso da água para a produção de óleo essencial das folhas de O. africanum aos 60 dias após aplicação dos tratamentos. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. 46 Os estudos do déficit hídrico com plantas medicinais objetivando avaliar a eficiência do uso da água para a produção do óleo essencial ainda são escassos na literatura, mas recentemente, Bahreininejad et al., (2013) pesquisando a espécies Thymus daenensis sob déficit hídrico observaram que, no que segundo ano de cultivo a EUA da biomassa foi de 0,222 e 0,216 Kg m-3, enquanto para EUA do óleo foi 0,0047 e 0,0069 Kg m-3 para as condições controle e estresse hídrico severo, respectivamente. Na composição química do óleo essencial das folhas e inflorescências de O. africanum foram identificados um total de nove constituintes, sendo o isoeugenol o constituinte majoritário desses órgãos. A diferença entre a composição química do óleo das folhas e das inflorescências dá-se principalmente pela presença de linalol nas folhas e do -curcumeno, óxido de cariofileno, fenchol e (endo) fenchol nas inflorescências. Apesar das alterações observadas no teor, rendimento e eficiência no uso da água para a produção do óleo essencial das folhas e inflorescências, após 60 dias da aplicação dos tratamentos, a composição química apresentou pequenas variações na concentração relativa dos seus constituintes (Tabela 5 e 6). Nas folhas a concentração relativa do isoeugenol manteve-se estável nos diferentes potenciais hídricos, enquanto nas inflorescências, houve um aumento na concentração relativa do isoeugenol, tendo o Ψw de -0,5 MPa 89,27% e os Ψw de -1,6 e -1,9 MPa a concentração de 92,59 e 90,50 %, respectivamente. Esses resultados diferem dos relatados na literatura para várias espécies medicinais (PETROPOULOS et al., 2008; BETTAIEB et al., 2009; KHALID, 2006; BAHREININEJAD et al., 2013 ) onde foram observadas alterações significativas da composição do óleo quando submetida a estresse por seca. No entanto, as variações na composição química observadas nestas pesquisas com diferentes espécies podem ser resultados de diferenças genéticas e de outros fatores ambientais. O isoeugenol é o isômero químico do eugenol. Este último é conhecido pela sua atividade antifúngica, antibacteriana e antioxidante já comprovada (LEMOS et al., 2005; NAKAMURA et al., 1999; DUBEY et al., 2000; PEREIRA; MAIA, 2007), apresentando ampla utilização nas industrias de perfumaria, cosméticos e farmacêutica (OLIVEIRA e tal. 2008; COSTA, 2000). Dessa forma, considerando a elevada concentração relativa do isoeugenol nas folhas 47 e inflorescências, mesmo sob déficit hídrico, O.africanum pode ser considerada como potencial fornecedora de eugenol para as indústrias. Além disso, o manejo da colheita e pós-colheita pode ter seus custos reduzidos pela ausência do beneficiamento das folhas e inflorescências. 48 Tabela 5: Concentração relativa (%) dos constituintes químicos do óleo essencial obtido da biomassa seca de folhas de Ocimum africanum submetidos aos tratamentos de déficit hídrico, tendo os potenciais hídricos do ramo os valores de -0,5 ; -0,9 ; -1,6 e 1,9 MPa. Os valores representam a média de 3 repetições, com o erro padrão da média. Potencial Hídrico de antemanhã do ramo (-MPa) 0,5 0,9 1,6 -1,9 Constituintes IK literatura Linalol (Z) metil cinamato (Z) isoeugenol (E)-cariofileno cis-tujupseno Monoterpernos oxigenados Sesquiterpenos Total Identificado (%) 1098 1301 1402 1418 1429 IK experimental 1095 1302 1396 1425 1433 (%) 0,76 ± 0,25 4,95 ± 0,31 92,00 ± 0,60 0,63 ± 0,08 0,54 ± 0,07 98,71 1,17 99,88 0,28 ± 0,26 4,51 ± 0,17 94,24 ± 0,44 0,49 ± 0,05 0,43 ± 0,04 99,03 0,92 99,94 0,70 ± 0,26 5,09 ± 0,60 92,89 ± 1,15 0,71 ± 0,15 0,62 ± 0,14 98,67 1,33 100 0,38 ± 0,01 5,19 ± 0,20 93,54 ± 0,21 0,47 ± 0,01 0,43 ± 0,01 99,10 0,90 100 49 Tabela 6: Concentração relativa (%) dos constituintes químicos do óleo essencial obtido da biomassa seca das inflorescências de Ocimum africanum submetidos aos tratamentos de déficit hídrico, tendo os potenciais hídricos do ramo os valores de -0,5 ; -0,9 ; 1,6 e -1,9 MPa. Os valores representam a média de 3 repetições, com o erro padrão da média. Potencial Hídrico de antemanhã (-MPa) 0,5 0,9 1,6 1,9 Constituintes IK literatura 1087 Fenchol 1220 (endo) Fenchol acetato 1301 (Z) metil cinamato 1402 (Z) isoeugenol 1418 (E)-cariofileno 1429 cis-tujupseno 1480 curcumeno 1581 óxido de cariofileno Monoterpernos oxigenados Sesquiterpenos Sesquiterpenos oxigenado Total Identificado (%) IK experimental 1096 1218 1302 1400 1427 1434 1484 1580 0,91 ± 0,22 0,11 ± 0,11 2,25 ± 0,08 89,27 ± 1,28 2,92 ± 0,32 2,30 ± 0,24 1,56 ± 0,03 0,31 ± 0,15 92,54 6,77 0,31 99,62 (%) 0,84 ± 0,12 0,58 ± 0,04 0,20 ± 0,20 2,41 ± 0,12 1,56 ± 0,02 88,70 ± 0,81 92,59 ± 0,23 3,09 ± 0,27 1,97 ± 0,09 2,73 ± 0,25 1,76 ± 0,07 1,54 ± 0,01 0,21 ± 0,21 92,15 94,73 5,83 5,27 0,21 98,19 100 0,58 ± 0,26 2,36 ± 0,18 90,50 ± 1,47 2,26 ± 0,51 2,18 ± 0,50 1,32 ± 0,04 0,53 ± 0,12 93,43 5,77 0,53 99,2 50 CONCLUSÕES O déficit hídrico, ao longo do tempo, afetou negativamente as trocas gasosas foliares e os teores de pigmentos cloroplastídicos, acarretando redução no crescimento, rendimento do óleo e na eficiência de uso da água para a produção de biomassa. O aumento no teor e na eficiência de uso da água para produção de óleo essencial (óleo produzido/ água consumida) foi constatado nas condições de déficit moderado. Além disso, não foram constatadas grandes alterações na composição química do óleo das folhas e inflorescências de Ocimum africanum. Dessa forma, a irrigação de 80% da capacidade de campo é a melhor condição para o crescimento e produção de óleo essencial espécie. Considerando a produção e a qualidade do óleo essencial, o cultivo torna-se economicamente viável nessa condição. Porém, ainda são necessários estudos mais refinados que visem o manejo da irrigação, em condições de campo, buscando conciliar o rendimento máximo de óleo essencial com a economia financeira e ambiental, no que se refere ao uso dos recursos hídricos. 51 REFERÊNCIAS ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography and mass spectroscopy. Illinois: Allured, 1995. 698p. AZHAR, N.; HUSSAIN,B.; ASHRAF,M,Y.; ABBASI,K,Y. 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O objetivo do trabalho foi avaliar alterações na anatomia, micromorfologia e ultraestruturais da folha de espécie.Ocimum africanum Lour. (Lamiaceae) submetidas à deficiência hídrica. O estudo foi conduzido em casa de vegetação em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos de deficiência hídrica (100, 80, 70 e 60 da capacidade de campo) correspondente aos potenciais hídricos dos ramos (-0,5; -0,9; -1,6 e -1,9 MPa). Após os 60 dias de imposição dos tratamentos foram coletadas cinco repetições de cada tratamento para as análises anatômicas, micromorfológicas e ultraestruturais. Foram utilizadas as técnicas convencionais de anatomia vegetal, microscopia eletrônica de varredura e transmissão. As plantas de O. africanum sob défict hídrico apresentaram as maiores espessuras do parênquima paliçádico, esponjoso, epiderme abaxial e adaxial, mesofilo e limbo foliar para o potencial hídrico do ramo entre -0,9 e -1,6 MPa. Verificou-se um acréscimo da densidade de tricomas glandulares e tectores, sendo a maior densidade desses tricomas observada na face abaxial da epiderme nos tratamentos de menores potenciais hídricos. Enquanto, nas análises ultraestruturais observou-se degradações na membrana nuclear, do cloroplasto e do vacúolo (tonoplasto), desorganização dos tilacóides e a presença de plastoglóbulos em células de tecidos foliares de plantas submetidas aos potenciais hídricos do ramo de -1,6 e -1,9 MPa. A manutenção da integridade da estrutura celular é um fator importante na capacidade da planta suportar ao estresse por seca e a irrigação de 80% da capacidade de campo, ou seja -0,9 MPa, ocasionou menores alterações anatômicas e ultraestruturais mostrando- se mais adequada para o manejo da cultura. Palavras-chave: Manjericão, Estresse abiótico, Alterações tissulares. 56 CHAPTER II- ANATOMY, MICROMORPHOLOGY AND LEAF ULTRASTRUCTURE OF Ocimum africanum LOUR. (LAMIACEAE) SUBMITTED TO WATER DEFICIT ABSTRACT Water is the limiting factor for the plant development because it directly affects the cell division and expansion processes, causing changes in anatomy, micromorphology and ultrastructure. The purpose of this study was to evaluate changes in anatomy, micromorphology and ultrastructure of Ocimum africanum Lour. (Lamiaceae) species leaf submitted to water deficit. The study was conducted in a greenhouse in a completely randomized design (CRD) with four treatments of water deficit (100, 80, 70 and 60 of field capacity) corresponding to the branches water potentials (-0.5; -0, 9, -1.6 and -1.9 MPa). After 60 days of treatment imposition five replicates of each treatment were collected for anatomical, micromorphological and ultrastructural analysis. The conventional techniques of plant anatomy, scanning electron microscopy and transmission were used. O. africanum plants under water deficit showed the greatest thickness of palisade and spongy parenchyma, adaxial and abaxial epidermis, mesophyll and leaf limb for the branch water potential between -0.9 and -1.6 MPa. There was an increase in the density of glandular and tector trichomes, with the highest density of these trichomes observed on the abaxial epidermis in the lower water potential treatments. In ultrastructural analysis, degradations in the chloroplasts and vacuoles (tonoplast) nuclear membrane, thylakoids disorganization and the presence of plastoglobules in leaf tissues cells of plants submitted to the branch water potentials of -1.6 and -1.9 MPa were observed. Maintaining the cell structure integrity is an important factor in the ability of the plant to withstand drought stress and the irrigation of 80% of field capacity, corresponding to -0.9 MPa, caused minor anatomical and ultrastructural changes, shown to be more appropriate for culture management. Keywords: Basil, Abiotic stress, Tissue changes. 57 INTRODUÇÃO Entre todos os recursos que os vegetais necessitam para crescer a água é o mais abundante e ao mesmo tempo o mais limitante. Mesmos pequenos desequilíbrios no fluxo de água podem causar mau funcionamento de inúmeros processos celulares (TAIZ;ZEIGER, 2004). O déficit hídrico provoca diversas alterações no metabolismo dos vegetais, podendo resultar, também, em modifLicações anatômicas, micromorfológicas e ultraestruturais nas células e tecidos vegetais (SILVA et al., 1999; WANG et al., 2012; BATISTA et al., 2010). A primeira e mais sensível resposta verificada ao déficit hídrico é a condutância estomática. De acordo com Larcher (2000) na fase final, mas antes da degeneração da célula, são observados, em nível estrutural, aumentos no tamanho dos tilacóides dos cloroplastos e das cristas mitocondriais, com posterior desintegração destas estruturas, bem como da membrana nuclear e dos polirribossomos. Melo et al., (2007) estudando a anatomia de Setaria anceps e Paspalum paniculatum, sob condições de déficit hídrico, observaram reduções no diâmetro do metaxilema, córtex radicular, feixe vascular, espessura do limbo foliar e aumento no tamanho de células buliformes. Quando submetidas ao estresse, as plantas podem apresentar modificações em vários processos fisiológicos, entre estes diminuição da emissão e redução da área foliar, aumento da densidade estomática e tricomas; fechamento estomático e modificações no conteúdo e elasticidade da parede celular (JOLY;ZAERR, 1987; KOZLOWSKI; PALLARDY, 2002;). As alterações anatômicas e ultraestruturais podem ser consideradas como mecanismos de adaptação, uma vez que, alteram a difusão de dióxido de carbono nos espaços intercelulares, contribuindo assim para a manutenção da taxa fotossintética, mesmo com baixa condutância estomática (CASTRO et al., 2009). Nas plantas medicinais além das alterações tissulares e ultraestruturais há ainda os efeitos diretos do déficit hídrico sob o metabolismo secundário 58 afetando, por exemplo, a produção do óleo essencial (SILVA et al., 2002; KHALID, 2006; PETROPOULOS et al., 2008; BETTAIEB et al., 2009). Pertencente à família Lamiaceae, o gênero Ocimum compreende mais de 60 espécies, que são popularmente conhecidas como alfavaca e/ou manjericão (BLANK et al., 2004). No gênero, a espécie Ocimum basilicum ganha destaque no mercado nacional e internacional, devido à presença do constituinte majoritário linalol que é utilizado como fixador nas indústrias de perfumaria. Muitos são os trabalhos que relatam os efeitos do déficit hídrico em variedade de O. basilicum Bonita’, (‘Maria ‘Genovese’ e ‘Mara’) (VARGAS,2007; LEONARDO, 2007). Porém, poucas são as informações sobre os efeitos da deficiência hídrica na anatomia, micromorfologia e ultraestrutura do gênero, principalmente para a espécie Ocimum africanum. A rota do ácido mevalônico envolve a condensação de três moléculas de acetil CoA. Esse intermediário de seis carbonos sofre uma série de reações culminando na produção do isopentenil difosfato (IPP 2), que é a unidade básica na formação dos terpenos. O IPP pode ser sintetizado também a partir de intermediários da glicólise (Piruvato) ou do ciclo de Calvin (Gliceraldeído-3fosfato), através da rota do metileritritol fosfato (MEP) que ocorre nos cloroplastos e outros plastídios e que pode ser afetada pela disponibilidade de hídrica (CROTEAU et al., 2000; CASTRO et al., 2004; TAIZ E ZEIGER, 2004). O estudo das relações hídricas em plantas medicinais é imprescindível para o estabelecimento das condições ideais de cultivo, pois pequenas alterações nas condições hídricas podem afetar negativamente as características no crescimento e produtividade, fato que está interligado a modificações anatômicas e a danos ultraestruturais. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos (i) caracterizar a morfologia da espécie; (ii) micromorfológica ; (iii) avaliar as possíveis alterações ultraestruturais; (iv) quantificar a densidade de tricomas glandulares e tectores em folhas de O. africanum submetidas à deficiência hídrica. 59 MATERIAIS E MÉTODOS Cultivo da espécie O experimento foi realizado na casa de vegetação no Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz localizada próxima à região urbana do município Ilhéus, BA (14°47'00" S, 39°02'00" W), no período de 07 de janeiro a 17 de abril de 2012. As condições climáticas foram monitoradas utilizando-se uma estação meteorológica Hobo Micro Station Data Logger (Onset Coputer, Massachusetts, EUA). As mudas de Ocimum africanum foram cultivadas em vasos de 10 litros contendo substrato previamente adubado. As plantas foram irrigadas até a capacidade de campo (1,3 L de água). Após os 20 dias de aclimatação, a irrigação foi suspensa e os vasos foram cobertos com papel alumínio para o controle da água transpirada. Cinco dias depois da interrupção da irrigação foram iniciados os tratamentos. O controle da irrigação foi feita com pesagem em dias alternados e o controle da quantidade de água a ser aplicada foi feita pela diferença entre o peso atual e aquele correspondente à capacidade de campo 100, 80, 70 e 60%. A caracterização dos tratamentos foi determinada por meio do potencial hídrico do ramo, avaliado após a imposição do estresse durante todo o período experimental, com seis medições em cinco repetições, utilizando uma câmera de pressão 1000 (PMS Instrument Company, EUA) segundo a metodologia descrita por Scholander (1965). As medições foram realizadas in situ no período de 2:00 às 4:00 h da manhã. Sendo os tratamentos -0,5 (bem irrigadas), -0,9; -1,6 e -1,9 MPa. Após 60 dias da imposição dos tratamentos foram realizadas coletas para as análises anatômicas e ultraestruturais da folha. 60 Análise anatômica Foram selecionadas folhas maduras e completamente expandidas do terceiro nó do ápice para a base, sendo as coletas feitas sempre na região mediana da folha. Foram coletadas cinco repetições de cada tratamento perfazendo um total de 20 amostras, correspondendo cada repetição a uma planta do tratamento. As amostras foram fixadas em glutaraldeído 2,5% em tampão cacodilato de sódio 0,1 M pH 6,9 desidratadas em serie etanólica crescente e incluídas em metacrilato@. As amostras incluídas foram seccionadas em micrótomo rotativo a 9 µm de espessura e coradas com azul de toluidina a 1% (O’ BRIEN 1964). As análises e a documentação dos resultados foram realizadas em microscópio fotônico, Leica @ modelo DMI 3000 B. Nestas análises foram efetuadas medições em 10 campos distintos de cada amostra, sendo mensurada a espessura da epiderme nas faces adaxial e abaxial; do parênquima paliçádico e esponjoso; do mesofilo e do limbo (mesofilo + epiderme) foliar utilizando o software Leica application suite V3. Análise ultraestrutural Para a análise ultraestrutural o material foi fixado em glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio pH 6,9 pós- fixado em tetróxido de ósmio, desidratado em série etanólica e incluídas e resina Epon@. Cortes ultrafinos de aproximadamente 50-60 nm de espessura foram obtidos com auxílio de um ultramicrótomo Leica UC6, equipado com navalha de diamante. Os cortes foram coletados em grades contrastados com uma solução de acetato de uranila por cinco minutos e citrato de chumbo por 3 minutos em pH 12,0. Em seguida as amostras foram observados no microscópio eletrônico de transmissão marca Philips, modelo Morgagni 260 D, a voltagem de aceleração de 80 kV. Microscopia eletrônica de Varredura Para avaliar a densidade de tricomas foram realizadas análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV). As amostras e cada tratamento 61 foram fixadas com solução de glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio, pH 6,9 desidratadas em série etanólica crescente de 60 a 100% , levadas à secagem em ponto crítico aparelho modelo CPD030, marca BALZERS, e cobertos com uma camada de ouro de 30 nm de espessura de ouro, utilizando o aparelho SPUTTER COATER, modelo SCD 050, marca BALZERS, para observação no microscopia eletrônico de varredura modelo JEOL JSM-6390 LV. Foram feitas quatro repetições de cada tratamento e cinco campos de cada amostra para as epidermes das faces adaxial e abaxial. As contagens foram feitas através de eletromicrografias, com área de 100 mm2. Delineamento experimental O experimento foi montado segundo o modelo estatístico do delineamento inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos de deficiência hídrica. Para as análises anatômicas, ultraestruturais e micromorfológicas foram utilizadas cinco repetições por tratamento. Os dados obtidos foram submetidos ao teste F da análise de variância. Para as médias dos tratamentos foram ajustados modelos de regressão polinomial pelo programa estatístico SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2010). E os gráficos foram feitos usando o Software Prism GraphPad 6.01 (SALES, 1992-2012). RESULTADOS E DISCUSSÕES Ocimum africanum Lour. é um subarbusto que apresenta um ciclo de vida curto de aproximadamente 90 dias. O caule é ereto e ramificado com aproximadamente 60 cm de altura com um formato quadrangular e como tricomas ao longo de sua extensão. Suas folhas são simples, ovadas e pilosas e estão distribuídas no caule de forma oposta e cruzada. As inflorescências são apicais, com flores alvas e pequenas possuindo tricomas. As sementes são pequenas e compridas de coloração negra que quando umedecidas apresentam mucilagem, característica do gênero (ALBURQUERQUE et al., 1998; COSTA, et al.,2010) (Figura 1a-c). 62 A C B Figura 1- A) Hábito de Ocimum africanum; B) Detalhe da flor; C) Sementes mostrando a formação da mucilagem quando irrigada (seta) e sementes enegrecidas. A espécie O. africanum apresenta tricomas glandulares e tectores em ambas as faces epidérmicas. Os tricomas da espécie estão localizados nas faces adaxial e abaxial e podem ser classificados como glandulares peltados, com quatro células secretoras protegidas por uma cutícula, e tectores pluricelulares com ornamentações da região mediana até o ápice (Figura 2 a c). A B C Figura 2. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de varredura da superfície foliar de Ocimumafricanum; (A) Vista geral da epiderme, face abaxial; (B) Tricoma tector; (C) Tricoma glandular peltado. 63 As folhas de O. africanum apresentam mesofilo do tipo dorsiventral com o parênquima paliçádico constituído por uma camada de células, enquanto o parênquima esponjoso apresenta variações de quatro a cinco camadas celulares, com pequenos espaços intercelulares (Figura 2). A epiderme, nas duas faces, apresenta-se uniestratificada constituída por células de formato retangular. Estômatos cômodo tipo anomocíticos estão distribuídas em ambas as faces da epiderme, sendo mais frequente na face abaxial, sendo a folha caracterizada como anfihipoestomática. A B C D FIGURA 3. Seção transversal da folha de Ocimum africanum submetida a diferentes regimes hídricos: - 0,5 MPa (A) ; -0,9 MPa (B); -1,6 MPa (C); -1,9 MPa (D) . Barra = 50µm. A espessura das células epidérmicas das faces adaxial e abaxial sofreu redução nos tratamentos de maior déficit hídrico, apresentando respostas quadráticas com valores estimados de 18,03 e 15,21 µm respectivamente, nos potenciais hídricos de -1,4 e -1,0 MPa (Figura 4). Para todos os tratamentos, a face adaxial apresentou-se sempre mais espessa que a epiderme abaxial em todos os tratamentos. 64 Figura 4. Espessura da epiderme, face adaxial (círculos cheios), face abaxial (círculos vazios), de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. Para a face adaxial a redução se deu de forma mais acentuada no potencial hídrico de 0,9 MPa com uma leve recuperação nos tratamentos mais drásticos. Já as células da face abaxial apresentaram inicialmente um aumento dessa espessura no potencial de -0,9 MPa seguida de redução dessa espessura nos tratamentos de -1,6 e -1,9 MPa. Segundo Bosabalidis, et al., (2002) células epidérmicas pequenas pode apresentar mais resistência ao colapso que as grandes. Além disso, considerando que de maneira geral a epiderme da face adaxial recebe a maior incidência de radiação luminosa, uma pequena redução na espessura das células pode favorecer uma distribuição mais uniforme da luz no interior das folhas e aumentar a eficiência da etapa fotoquímica da fotossíntese (BATISTA et al., 2010). 65 Em O. africanum a espessura do parênquima esponjoso foi maior que a do parênquima paliçádico, principalmente nas condições de maior deficiência hídrica aplicada. A espessura dos dois tecidos clorofilianos apresentou resposta quadrática (Figura 5) em função do potencial hídrico do ramo. Sendo que o valor estimado de -1,3 MPa proporcionou as maiores espessuras, tendo os valores máximos de 103 e 134 µm para o parênquima paliçádico e esponjoso, respectivamente. Figura 5. Espessura do parênquimas paliçádico (círculos cheios) e parênquima esponjoso (círculos vazios) de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos. Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. O aumento da espessura dos tecidos foliares nas condições de -0,9 MPa a -1,3 MPa está relacionado ao maior alongamento das células, uma vez que o número de camadas nos diferentes potenciais hídricos não foi alterada (Figura 3). Bosabalidis e Kofidi (2002) ao avaliarem os efeitos do déficit hídrico em duas cultivares de Olea europeae (‘Mastoidis’ e ‘Koroneiki’) nos potencias hídricos de -0,3 (controle) e -1,5 MPa (seca) verificaram diferenças significativas, com aumento na espessura da epiderme da face adaxial e abaxial e dos parênquimas paliçádico e esponjoso na condição de déficit hídrico. Resultados semelhantes foram observados por Guerfel et al., (2009) 66 para as cultivares cv. ‘Chemlali’ e cv. ‘Chétoui’ de Olea europaea L. cultivadas sob deficiência hídrica. O parênquima paliçádico e o esponjoso estão diretamente relacionados com os processos que envolvem a fotossíntese, uma vez que o maior volume de espaço intercelular entre as células destes tecidos juntamente com os estômatos presentes na epiderme facilitam a difusão de O 2 e CO2. Assim, um maior desenvolvimento desses tecidos pode permitir aumento da fixação de CO2 e consequentemente na eficiência de carboxilação, mesmo com a abertura dos estômatos em curto espaço de tempo (CASTRO et al., 2009). Além disso, é nos espaços intercelulares do parênquima esponjoso que ocorre a interface entre ar e água, permitindo que a radiação seja refratada e refletida resultando em uma distribuição mais uniforme da luz e favorecendo o aproveitamento do processo fotossintético. Figura 6. Espessura do mesofilo (círculos vazios) e do limbo foliar (círculos cheios) de Ocimum africanum submetido aos diferentes potenciais hídricos (MPa). Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média. A deficiência hídrica provocou alterações na estrutura anatômica foliar de O. africanum, ocasionando aumento tanto da espessura do mesofilo quanto do limbo foliar, quando comparado à condição mais irrigada (-0,5 MPa). No 67 mesofilo o potencial hídrico foliar de -1,3 MPa proporcionou os valores máximos estimados de 236 µm, enquanto que para o limbo foliar o mesmo potencial hídrico proporcionou uma espessura de 270 µm (figura 6). Essa resposta de aumento da espessura do mesofilo nas condições de déficit hídrico está relacionada à redução da área do limbo foliar e ao aumento da massa foliar especifica, conforme demonstrado no capítulo I. Batista et al., (2010) ao avaliarem 15 cultivares de café sob déficit hídrico, verificaram que a maior espessura do limbo foliar do cultivar Palma ocorreu com o potencial hídrico de -1,4 MPa. Estes autores consideraram que as alterações anatômicas observadas para essa cultivar foram decorrentes das maiores espessuras da cutícula, das células da face adaxial da epiderme e dos parênquimas paliçádico e esponjoso. Além disso, Silva et al., (1999) ao analisarem a influência do estresse hídrico em seis variedades de Phasealus vulgaris verificaram que as maiores espessuras do mesofilo estão correlacionadas com o aumento da massa foliar específica das plantas sob seca. O déficit hídrico, em geral, normalmente está relacionado a altas temperaturas, excesso de radiação luminosa e altos valores do déficit de pressão de vapor (DPV). Na estrutura anatômica da folha, o aumento das espessuras dos parênquimas clorofilianos em plantas sob déficit hídrico ou condições de pleno sol são responsáveis por minimizar o aquecimento foliar devido à canalização e dispersão da luz (BATISTA et al., 2010). Além disso, a aumento dos espaços intercelulares do parênquima esponjoso pode auxiliar na etapa difusiva da fotossíntese devido a redução da resistência do mesofilo ao CO2 (NASCIMENTO et al., 2006). Na análise micromorfológica da superfície foliar foram constatadas alterações na densidade de tricomas glandulares peltados e tectores situados nas duas faces epidérmicas. A maior densidade desses tricomas foi observada sempre na epiderme da face abaxial em relação a adaxial (Figuras 7 e 8). 68 A E B F C G D H Figura 7 - Eletromicrografias de microscopia eletrônica de varredura das superfícies adaxial (A, B, C, D) e abaxial (E, F, G, H) da folha de Ocimum africanum submetido aos potenciais hídricos de -0,5 MPa (A e E); -0,9 MPa (B e F); -1,6 MPa ( C e G) e -1,9 MPa (D e H). 69 A densidade de tricomas glandulares peltados apresentou ajuste linear para a epiderme da face adaxial com 9 tricomas por mm-2 no tratamento de 1,5 MPa e quadrático para a face abaxial com o valor máximo estimado 10 tricomas por mm-2 para os potenciais hídricos de -1,5 MPa. Para os tricomas tectores foi observada ajuste quadrático com valor máximo estimado de 23 tricomas mm-2 para face adaxial e linear para a epiderme da face abaxial, que apresentou um total de 31 tricomas no potencial de -1,9 MPa (Figura 8). A B Figura 8. A- Densidade de tricomas glandulares peltados e B- tricomas tectores (B) nas faces adaxial e abaxial de Ocimum. africanum nos diferentes potenciais hídricos (-MPa). Os pontos representam média de cinco repetições e as barras o erro padrão da média 70 Em O. africanum o aumento na densidade de tricomas glandulares e tectores observados nos tratamentos de menores potenciais hídricos podem estar relacionados à redução na área do limbo foliar. Em situações de seca as plantas tendem a apresentar menor área foliar, pois o desenvolvimento do órgão é prejudicado pela redução nos processos de divisão e expansão celular. De acordo com et al., (1999) e Guerfel et al., (2009), a presença de tricomas tectores nas superfícies foliares pode auxiliar na construção de um microclima úmido que reduz a transpiração. Além disso, estes tricomas são importantes para ajudar na redução do aquecimento foliar, uma vez que reflete os raios solares que incidem na folha. Para a ultraestrutura foliar de O. africanum foram verificadas alterações para as condições de maior deficiência hídrica, ou seja, os menores potenciais hídricos. As principais alterações incluíram rompimento da membrana nuclear, presença de corpos lipídicos nos cloroplastos, degeneração da membrana do tonoplasto com a formação de vesículas e a contração da membrana plasmática, devido a perda do turgor celular no potencial hídrico de -1,9 MPa (Figura 9 a-f). Além disso, foi verificado que os cloroplastos das plantas sob o potencial hídrico de -0,5 MPa (bem irrigadas) apresentaram uma estrutura típica na forma elipsoidal, localizados próximos a parede celular, o sistema de lamelas apresenta granas bem organizados e grãos de amido presente no estroma (Figura 8 a-b). E sob as condições de seca, notou-se que o empilhamento do grana foi menos frequente nas plantas do tratamento -1,6 e 1,9 MPa com alterações nos tilacóides intergranais (Figura 8 e-h). Cl 71 Figura 9 - Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão das células do mesofilo foliar de plantas de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídrico do ramo. A-B: Aspecto geral da célula do parênquima paliçádico evidenciando a ruptura da membrana nuclear (seta) no potencial hídrico de -1,9 MPa; C- Detalhe do plastoglóbulos no potencial de 0,9 MPa. D- Presença de vesículas, devido ao rompimento do tonoplasto (seta). E-F- contração da membrana plasmática (seta). Cl: cloroplasto; nu: núcleo; ga: grão de amido;va: vacúolo; pc: parede celular; pg: plastoglóbulos. 72 Cl Figura 10- Eletromicrografia de transmissão de células do mesofilo foliar de plantas de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídricos do ramo. A-B Aspecto ultraestrutural normal dos cloroplastos e do grana no potencial hídrico do ramo de -0,5 MPa. C-D Cloroplastos do tratamento de -0,9 MPa evidenciando alterações na forma da organela. E- F Tratamento de -1,6 MPa, evidenciando a presença de plastoglóbulos (seta) e desorganização de tilacóides no cloroplasto com estrutura eletrodensa na periferia (estrela). G-H Potencial de -1,9 MPa evidenciando o rompimento da membrana do cloroplasto (cabeça de seta) e a desorganização no empilhamento do grana (seta). Cl: cloroplasto; nu: núcleo; ga: grão de amido; va: vacúolo; pg: plastoglóbulos. 73 Foi verificado que no potencial hídrico de -1,9 MPa algumas células dos parênquimas paliçádico e esponjoso apresentaram rompimento total da membrana dos cloroplastos com a exposição do amido de assimilação. Além disso, o rompimento da membrana ocasionou a formação de pequenas vesículas (Figura 11 a-d). Possivelmente, a destruição da membrana dessas organelas esteja relacionada ação de espécies reativas de oxigênio (O-2; H2O2; OH) uma vez que foi observado aumento no número e tamanho dos plastoglóbulos no tratamento de maior deficiência hídrica, ou seja -1,9 MPa quando comparado ao controle (0,5 MPa) (Figura 12 a-b). Figura 11- Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão de células do mesofilo foliar em plantas de Ocimum africanum submetidas ao potencial hídrico de -1,9 MPa. A-B Vista geral de célula do parênquima esponjoso evidenciando cloroplasto rompido e a formação de vesículas (setas). C-D Vista geral da célula do parênquima paliçádico com cloroplastos degradados e grãos de amido expostos no citoplasma (seta), além da presença de plastoglóbulos (estrelas). Cl: cloroplasto; ga: grão de amido. 74 Figura 12. Eletromicrografia de microscopia eletrônica de transmissão de células do mesofilo foliar de Ocimum africanum submetidas a diferentes potenciais hídricos do ramo. A- Potencial hídrico do ramo de -0,5 MPa evidenciando aspecto ultraestrutural normal dos cloroplastos com grão de amido (ga) e pequenos plastoglóbulos (seta). B-C Tratamento de -1,9 MPa, evidenciando a desorganização de tilacóides no cloroplasto e a ocorrência de pequenos aglomerados de plastoglóbulos . Cl: cloroplasto; ga: grão de amido; mi: mitocôndria. Cl Os plastoglóbulos são partículas de lipoproteína localizadas dentro dos cloroplastos e são responsáveis pela proteção das membranas dos tilacóides e das proteínas do aparato fotossintético contra os radicais livres e consequentemente o estresse oxidativo. Estão relacionados à condições ambientais e seus fatores de estresse, tais com o déficit hídrico ( AUSTIN, 2006). Portanto, os plastoglóbulos visualizados no interior dos cloroplastos de O. africanum (Fig 12 a-c) podem representar um mecanismo utilizado por esta espécie para evitar possíveis danos ao aparato fotossintético. Danos ultraestruturais nos cloroplastos foram observados nas espécies Malus prunifolia e Malus hupehensis (WANG et al., 2012) e Zea mays L. (GILES et al.,, 1974) quando submentidas a condições de déficit hídrico. A manutenção da integridade da estrutura celular é um fator importante na capacidade da planta suportar o estresse por seca e as alterações observadas na ultraestrutura foliar de O. africanum sob déficit hídrico podem esclarecer os mecanismos utilizados pelo vegetal para sobreviver nessas condições. 75 CONCLUSÃO As modificações observadas no espessamento dos tecidos foliares e nas densidades dos tricomas glandulares e tectores, bem como as alterações na organização dos tilacóides, a destruição das membranas dos cloroplastos e a presença de plastoglóbulos evidenciam a sensibilidade de O. africanum ao déficit hídrico mais severo, sendo que a irrigação de 80% da capacidade de campo, ou seja -0,9 MPa, ocasionou menores alterações anatômicas e ultraestruturais mostrando- se mais adequada para o manejo da cultura. A degradação dos cloroplastos observados na espécie sob deficiência hídrica permitirão explicar possíveis alterações nas trocas gasosas foliares, pois é nessa organela que ocorre às etapas da fotossíntese. Estudos anatômicos e micromorfológicos poderão fornecem informações da autoecologia de O. africanum sob condições de estresse ambiental, porém fazse necessários mais estudos em condições de campo. 76 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando as condições ambientais na qual o experimento foi realizado é possível concluir que a intensidade e duração do déficit hídrico reduziram progressivamente as trocas gasosas foliares e os teores de pigmentos cloroplastídicos, que acarretaram decréscimo na produção de biomassa, no rendimento do óleo essencial e na eficiência no uso da água para essa variável. Enquanto que, para o teor e eficiência de uso da água com base na produção de óleo essencial foi constatado acréscimo nas condições de déficit hídrico moderado, devido ao aumento na densidade de tricomas glandulares e tectores. Os óleos essenciais das folhas e inflorescências não apresentaram grandes alterações na composição nas diferentes potenciais hídrico do ramo. As variações fisiológicas e de produção de óleo observadas neste estudo estão associadas às alterações anatômicas, ultraestruturais e micromorfológicas. Dessa forma, o cultivo de O. africanum em condições de déficit hídrico regulado pode aumentar a produção do óleo essencial. Porém, estudos futuros, em condição de campo, poderão explorar a possibilidade de implementar estratégias de irrigação específicas para a espécie, buscando otimizar o rendimento máximo de óleo essencial e componentes aromáticos. 77 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L. H. de. El género Ocimum L. (Lamiaceae) en el nordeste del Brasil. 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