Portugal: rumo a uma verdadeira economia aberta

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ID: 46106938
11-02-2013 | Emprego & Universidades
Tiragem: 16995
Pág: 5
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 8,86 x 32,91 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
OPINIÃO
Portugal: rumo a uma
verdadeira economia
aberta
PEDRO PITA BARROS
Professor catedrático da Nova School of Business and Economics
P
ortugal está a tornar-se uma economia mais
aberta. A actual crise económica obrigou a
que o aparelho produtivo português se voltasse para o exterior. A rápida diminuição do
défice das contas com o exterior deve-se quer à redução das importações quer ao aumento do esforço exportador. Assiste-se mesmo a que actividades que se
confinavam ao espaço nacional procurem outros países,comoéocasodaarquitectura,porexemplo.
Pensar no que será a economia portuguesa pós-crise obriga a que se faça uma reflexão sobre como evitar
outra década de estagnação económica e de acumular
de desequilíbrios. Um padrão de crescimento económico duradouro futuro só será possível se, depois do
esforço actual de abertura de novos mercados até para
actividades que normalmente não eram consideradas
exportáveis, houver uma manutenção (e preferencialmentereforço)dessacapacidadedeestarpresentenas
trocas internacionais. Portugal terá que se tornar uma
economiamaisabertaainda.
Há, por isso, que antecipar como manter a pressão
para permanecer nos mercados internacionais quando houver uma recuperação da actividade económica
nomercadodoméstico.
Uma eventual forma de o fazer é tornar Portugal
um país atractivo para empreendedores e empresários europeus em geral, que tenham como referência
o funcionamento do mercado único, ou pelo menos
da zona do euro, e não apenas o que se passa dentro
dasfronteirasnacionais.
Um bom exemplo dessa situação é o que se passa
na gestão das artes, desde há alguns anos. O hábito de
ter curadores recrutados no mercado internacional,
como Suzanne Cotter vinda de Inglaterra para o Museu de Serralves, é uma forma de garantir uma gestão
dinâmica, a par com o que de melhor se faz internacionalmente. A mesma tradição de recrutamento internacional tem sido seguida pelo Teatro Nacional de
S. Carlos, por exemplo. Ao mesmo tempo, há portugueses a ocupar cargos de direcção em vários museus
de renome internacional. Esta inserção no mercado
internacional das artes é, provavelmente, irreversível
egarantepresençanummercadoglobal.
À escala e com as adaptações necessárias a cada
sector económico, é o caminho que Portugal deverá
procurar seguir, para ter maior capacidade de sustentarcrescimentoeconómiconolongoprazo.
Os líderes empresariais futuros terão de considerar a Europa, o seu espaço natural de presença económica. As empresas deverão recrutar os seus recursos
humanos nesse mesmo espaço económico. Ter trabalhadores de várias nacionalidades ajudará a manter o
interesse em vários países, bem como conhecer e
aproveitaroportunidadesnessespaíses.
Para o efeito, os factores de mobilidade internacional de pessoas deverão ser facilitados, seja no sistema
de educação (superior, para futuros trabalhadores
mas também no primário e secundário para filhos de
trabalhadores de outros países), seja no sistema de
pensões,sejanomercadodearrendamento,etc...
Tomar como objectivo fazer de Portugal uma verdadeiraeconomiaabertaaoscidadãoseuropeus. ■
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