Filogenia molecular e origem da partenogênese em lagartos

Propaganda
51º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2005
Hotel Monte Real • Águas de Lindóia • São Paulo • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-05-4
Palavras-chave: Leposoma , filogenia molecular,
Amazônia e Mata Atlântica, partenogênese
Pellegrino, KCM; 2Rodrigues, MT; 3Yonenaga-Yassuda, Y; 4Sites Jr, JW
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Saúde, Universidade Católica de Goiás, GO; 2Departamentos de Zoologia e
3
Genética e Biologia Evolutiva, IBUSP-SP, 4Department of Integrative Biology, Brigham Young University (BUY), Utah, Estados Unidos.
1
1
Filogenia molecular e origem
da partenogênese em lagartos
microteídeos do gênero Leposoma
(Squamata: Gymnophthalmidae)
das florestas amazônica e atlântica
Os lagartos microteídeos do gênero Leposoma ocorrem exclusivamente nas florestas tropicais da América Central
e do Sul, desde a Costa Rica até a costa Atlântica no leste do Brasil. Com base em estudos recentes, sabe-se
que o gênero inclui atualmente 14 espécies atribuídas a dois grupos distintos com base em similaridade
morfológica: parietale na Amazônia e scincoides na Mata Atlântica. No grupo parietale, L. percarinatum, é
partenogenética e uma das espécies do grupo scincoides, Leposoma baturitensis, é relictual, estando restrita
a Serra de Baturité, um brejo florestado nas Caatingas do estado do Ceará. Não existe nehuma hipótese
filogenética para as relações de parentesco no gênero, bem como evidência para o monofiletismo dos grupos
parietale e scincoides. Neste trabalho, é conduzido um estudo filogenético e filogeográfico com base na análise
combinada de 1.830 pares de bases do DNA mitocondrial (12S, ND4, citocromo b) e nuclear (c-mos), em
uma amostra de 62 exemplares pertencentes a quatro espécies da Amazônia (guianense, osvaldoi, percarinatum,
southi) e cinco espécies (annectans, baturitensis, nanodactylus, puk, scincoides) e outras duas ainda não descritas
da floresta Atlântica (spn1 e spn2). As espécies Anotosaura vanzolinia e Colobosauroides cearensis são utilizadas
como grupos externos. Nas análises filogenéticas foram explorados os critérios de máxima parcimônia,
verossimilhança e métodos Bayesianos. O monofiletismo dos grupos parietale e scincoides é fortemente
apoiado por índices de suporte dos ramos (valores de “bootstrap” maiores que 90% e de probabilidade
posterior igual a 1.0). L. puk, L. nanodactylus e L. baturitensis são recuperadas como espécies basais do grupo
scincoides. O posicionamento de L. baturitensis sugere que o isolamento das montanhas da Serra de Baturité
deva ser muito antigo sem indicação de um subseqüente contato de suas florestas com aquelas da costa
leste brasileira. Populações de L. scincoides de localidades ao sul da Bahia não são monofiléticas. Na espécie
partenogenética L. percarinatum existem dois clones muito divergentes geneticamente (cerca de 10% em
seqüências corrigidas do citocromo b), indicando que o DNA mitocondrial pode ter sido herdado de duas
diferentes espécies maternas ancestrais, sendo que cada clone representaria unidades taxonômicas distintas.
Os dados obtidos até o momento não indicam com segurança as espécies maternas de L. percarinatum, mas
sugerem as espécies L. southi, L. parietale e L. osvaldoi como potenciais candidatos de estarem envolvidos na
origem da partenogênese em L. percarinatum da floresta Amazônica.
382
Download