211 Trabalho 45 - 1/3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇA COM DIAGNÓSTICO DE HIDROCEFALIA Luciana Pacheco Soares (1) Rafaela Pereira Vila Real (2) Virna Yane Bezerra Lopes(3) Camila Pontes Rocha(4) INTRODUÇÃO: No interior do cérebro existem espaços chamados de ventrículos que são cavidades naturais que se comunicam entre si e são preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano ou simplesmente líquor, como também é conhecido. O termo hidrocefalia refere-se a uma condição na qual a quantidade de líquor aumentado dentro da cabeça. Este aumento anormal do volume de líquido dilata os ventrículos e comprime o cérebro contra os ossos do crânio provocando uma série de sintomas que devem ser sempre rapidamente tratados para prevenir danos mais sérios. Muitas vezes pode ser detectada antes mesmo do nascimento, quando se emprega o exame de ultra-som no acompanhamento da gravidez. O líquido cefalorraquidiano passa, no cérebro, de um ventrículo para o seguinte (existem, ao todo, quatro) através de canais relativamente estreitos, circulando depois na superfície do cérebro e sendo, finalmente, absorvido pela sistema sanguíneo. Existe ainda uma parte do líquido que circula ao longo da medula espinhal. A hidrocefalia ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção desse líquido. A condição mais comum é uma obstrução da passagem do líquor, seja por prematuridade, cistos, tumores, traumas, infecções ou uma malformação do sistema nervoso como a mielomeningocele. Em casos raros, a causa é o aumento da produção do líquido em vez de obstrução. Quando o líquido cefalorraquidiano é constantemente produzido mas, de facto, está impedido de circular, acumula-se e causa um aumento, por vezes muito grande, da pressão no interior do cérebro. Os ventrículos incham e o tecido cerebral pode vir a sofrer lesões. É tipicamente associado com dilatação ventricular e aumento da pressão intracraniana; pode ocorrer em crianças (diversas faixas etárias) ou adultos, tendo causas específicas. As causas para a hidrocefalia podem decorrer de três mecanismos:Secreção aumentada de LCR, como ocorre nos tumores do plexo coróide (papilomas); Obstrução das vias de circulação do LCR, seja no interior do sistema ventricular, seja na sua saída para o espaço subaracnóideo, ou nas cisternas da base tais como: cisto colóide, craniofaringeomas, meduloblastomas, tumores, estenose; Bloqueio na absorção do LCR, conseqüente à aderência ao nível das vilosidades aracnóideas ou trombose dos seios durais. Manifestações Clínicas Nas crianças pequenas (abaixo de 2 anos), os ossos do crânio não estão soldados ainda e a hidrocefalia se torna óbvia. A cabeça cresce e a fontanela (moleira) pode estar tensa ou mesmo abaulada. O couro cabeludo parece esticado e fino e com as veias muito visíveis. Palpando-se a cabeça, é possível perceber um aumento do espaço entre os ossos do crânio. A criança pode parecer incapaz de olhar para cima, com os olhos sempre desviados para baixo e podendo ainda apresentar vômitos, irritabilidade, sonolência e convulsões. Nas crianças maiores (acima de 2 anos), como os ossos já se soldaram, o excesso de líquor levará a um aumento da pressão dentro da cabeça o que pode ocasionar cefaléia, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, incoordenação motora, alterações na personalidade e dificuldade de concentração. Outro sinal comum é uma piora gradual no desempenho escolar. Tais sintomas exigem avaliação médica imediata. Se houver alargamento dos ventrículos cerebrais, ele poderá 212 Trabalho 45 - 2/3 ser facilmente observado por ultra-sonografia, tomografia ou ressonância magnética. OBJETIVOS: Aplicar a sistematização da assistência de enfermagem a um paciente portador de hidrocefalia, descrever o quadro clínico de um paciente portador desta patologia, buscar diagnósticos e intervenções de enfermagem intermitentes ao caso estudado, reconhecer sinais e sintomas do paciente voltado a essa patologia. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, qualitativa, tipo estudo de caso. O estudo foi realizado em um hospital de referência em saúde infantil do Estado do Ceará. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumentos: exame físico na criança e consulta ao prontuário durante o mês de abril de 2010. Nesse estudo usamos o prontuário da criança com diagnóstico de hidrocefalia, durante o período de aplicação dos instrumentos de pesquisa. Durante o estudo foram obedecidas as normas da Resolução 196/96. RESULTADOS: J.V.D.P., masculino, 5 meses, solteiro, natural de Caucaia-CE, residente em Fortaleza. Paciente com diagnóstico de hidrocefalia e sepse. Proveniente de transferência de um hospital infantil e admitido em outro hospital de referência em saúde infantil do Estado do Ceará no dia 10/05/10, sem acompanhante. No dia da admissão encontrava-se sedado, reativo, sincrônico ao VM, hipersecretivo, hidratado, anasarca, acianótico. Com AVC em VSCE single lúmen. Alimentação por SNG, entubado, presença de SVD. Realizou-se os seguintes exames: gasometria arterial, hemograma completo, líquor, TC de crânio, diagnosticando o germe Klebsiella e Hidrocefalia. Ao exame físico de admissão, crânio apresentou-se aumentado de tamanho com PC = 44 cm, couro cabeludo sem alterações visíveis e perceptíveis, olhos e ouvidos sem alterações com acuidade visual e auditiva normais, tórax simétrico. Ausculta pulmonar MVU + som timpânico à percussão, com presença de ruídos adventícios do tipo roncos, normopnéico. Ausculta cardíaca: RCR em 2T, BNF, sem sopro, taquicárdio. Abdômen flácido e RHA +. Eliminações intestinais e diurese preservada. Desidratado leve, febre, acianótico. SSVV- FC: 185 bpm, FR: 56rpm, T: 37, 8 º C, Sat. O2: 94%. Avaliações e diagnóstico médico: A suspeita de hidrocefalia deve ser feita nas crianças que têm os sintomas; verificação na anamnese com a mãe sobre dados do pré-natal, exame neurológico (com medição de perímetro cefálico diário). Observar macrocefalia e/ou sinais de hipertensão intracraniana. Observar o quadro clínico. Em lactentes: crescimento excessivo do perímetro cefálico, e sinais decorrentes do aumento da PIC (fontanela tensa; disjunção das suturas; couro cabeludo adelgaçado e com rica drenagem venosa; sinal do sol poente; sinal do pote rachado). Exames Complementares tais como: TC- de maneira fidedigna, confirma e fornece elementos para avaliação do grau e da extensão da dilatação ventricular, podendoinclusiveevidenciarsuaetiologia. Exame de LCR pode contribuir revelando um processo inflamatório crônico, ou alterações compatíveis com lesões tumorais. CONCLUSÃO: O estudo de caso realizado permitiu o conhecimento dos fatores de risco locais e gerais que favorecem o desenvolvimento da Hidrocefalia. Foi observada a importância da sistematização individualizada de enfermagem para pacientes portadores da patologia. Esse acompanhamento permitiu a elaboração de um planejamento e intervenções de enfermagem para dar suporte ao cliente, com conseqüente avaliação dos resultados e sua validação. As linhas de tratamento devem ser bastante debatidas entre as pessoas que atuam nessa área, pois a conduta pode trazer conseqüências e seqüelas ao paciente. Deverá ser pesquisado o aspecto psicossocial, biológico e físico em que o portador da Hidrocefalia está inserido. A enfermeira (o) também deve estar atenta ao informar sobre os cuidados que o cliente deverá ter ao sair do hospital, tornando-se indispensável o trabalho da enfermagem para educar o paciente, mostrando-lhe a melhor 213 Trabalho 45 - 3/3 forma do mesmo voltar mais rapidamente à vida social. O trabalho preventivo e terapêutico da enfermagem visa a proporcionar alívio dos sintomas e prevenções das complicações, baseado nos registros dos achados e na evolução do cliente. Referências: 1. Brunner & Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. Guanabara Koogan S.A, editora. Volume 3; 2005. 2. Carpenito, Lynda Juall. Manual de diagnóstico de enfermagem. 8ª ed. Artmed, editora. Porto Alegre; 2002. 3. Ferreira, J. P. & col. Pediatria: Diagnóstico e tratamento. Artmed. Porto Alegre; 2005. 4. Goldenzwaig, Nelma Rodrigues S. Choiet. Administração de Medicamentos na Enfermagem. 6ª ed. Guanabara Koogan, editora. Ano 2006/2007.2. 5. Nanda. Diagnóstico de Enfermagem da Nanda: definições e classificações- 2007-2008. (Org) Nort Americam Nursing Diagnosis Association. Artes Médicas Sul, editora. Porto Alegre; 2008. Palavras chaves: Hidrocefalia, líquor, pressão intracraniana. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção à Saúde ao indivíduo nas diferentes fases da vida. (1) Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre da Universidade Fortaleza. Monitora do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar – SALVE. Endereço: Rua Neudélia Monte, 1004. Bairro: José de Alencar. CEP: 60830-135. Email: [email protected] (2) Acadêmica de Enfermagem do 6º semestre da Universidade de Fortaleza. Monitora do Curso de Atendimento Pré-Hospitalar – SALVE. (3) Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre da Universidade de Fortaleza; (4) Acadêmica de Enfermagem do 8º semestre da Universidade de Fortaleza;