universidade federal do paraná fernanda

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
FERNANDA MORISHITA
AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA
OBTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED-NOVAS CONSTRUÇÕES DE
UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIO
CURITIBA
2009
FERNANDA MORISHITA
AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA OBTENÇÃO
DA CERTIFICAÇÃO LEED-NOVAS CONSTRUÇÕES DE UM EDIFÍCIO DE
ESCRITÓRIO
Trabalho apresentado para obtenção parcial
do Título de MBA em Gestão Ambiental no
Curso de Pós-Graduação em MBA em
Gestão
Ambiental
Departamento
de
Economia Rural e Extensão, Setor de
Ciências Agrárias, Universidade Federal do
Paraná.
Orientador: Prof. MsC. Antonio Elias Abrão
CURITIBA
2009
Aos meus pais, Kazu e Ayaco,
e irmãs, Renata e Cláudia, pelo amor e carinho em todas as horas.
Ao meu esposo Marcelo, pelo apoio incondicional
em todos os momentos importantes.
Agradecimentos
Ao meu professor orientador Antonio Elias Abrão,
pelo
carinho,
paciência
e
pelos
anos
de
aprendizado.
Ao mestre Manoel Coelho, por ter me guiado nos
caminhos da Arquitetura, meu exemplo de grande
arquiteto e profissional.
Aos meus amigos, pelo companheirismo em todas
as horas e pela compreensão sempre.
“Para que tudo fique como está, tudo precisa ser mudado.”
Il Gattopardo- Giuseppe Tomasi di Lampedusa
“Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado.
Mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado.”
James Baldwin
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
10
2. OBJETIVO GERAL
15
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
16
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
17
4.1. O MOVIMENTO VERDE
19
4.2. BEDDINGTON ZERO ENERGY DEVELOPMENT (BEDZED)
24
4.3. CUSTOS DE UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
27
4.4. MATERIAIS SUSTENTÁVEIS
28
4.5. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
31
4.5.1. Procel Edifica
33
4.5.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental
35
4.5.3. LEED – Leadership in Energy & Environmental Design
39
4.5.3.1. Adaptação do Selo LEED para o Brasil
47
4.5.3.2. Projetos Certificados e Pré-Certificados com o LEED no Brasil
49
4.5.3.2.1. Certificação da Agência do Banco Real
49
4.5.3.2.2. Pré-certificação do Laboratório Delboni Auriemo
54
4.5.3.2.3. Pré-certificação do Edifício Rochaverá Corporate Towers
57
5. METODOLOGIA
61
5.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS
62
5.1.1. Espaço Sustentável
62
5.1.2. Uso Eficiente da Água
68
v
5.1.3. Energia e Atmosfera
70
5.1.4. Materiais e Recursos
74
5.1.5. Qualidade Ambiental Interna
79
5.1.6. Inovação e Processo de Design
87
5.2. TABULAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO
88
5.3. ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO
93
5.4. ESTUDO DE CASO – PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO APLICADOS
AO PROJETO DE REFERÊNCIA
97
5.4.1. Espaço Sustentável
101
5.4.2. Uso Eficiente da Água
106
5.4.3. Energia e Atmosfera
107
5.4.4. Materiais e Recursos
109
5.4.5. Qualidade Ambiental Interna
118
5.4.6. Inovação e Processo de Design
120
6. RESULTADOS ESPERADOS
122
7. CONCLUSÃO
130
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
132
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 01
Edifício Seagram
17
Figura 02
Croqui da Casa da Cascata
19
Figura 03
Foto da Casa da Cascata
20
Figura 04
Foto aérea da Cia. de Seguros Willis Faber & Dumas
21
Figura 05
Foto interna da Cia. de Seguros Willis Faber & Dumas
21
Figura 06
Edifício Gregory Bateson
22
Figura 07
Vista aérea do bairro BedZED
24
Figura 08
Detalhe da unidade habitacional
25
Figura 09
Painéis solares e chaminés
26
Figura 10
Gráfico de análise do custo de uma edificação
27
Figura 11
Quadro de análise do custo das soluções sustentáveis
28
Figura 12
Selo de eficiência energética para edifícios Procel
35
Figura 13
Certificado AQUA
36
Figura 14
Gráfico de exigência de classificação AQUA
38
Figura 15
Croqui do projeto The Reef Club
38
Figura 16
Check list da ferramenta LEED NC
39
Figura 17
Quadro de pré-requisitos
41
Figura 18
Quadro de créditos
42
Figura 19
Quadro de níveis de certificação
45
Figura 20
Quadro de custo do processo de certificação
46
Figura 21
Quadro de acréscimo de custo para construção certificada
47
Figura 22
Agência Banco Real
49
Figura 23
Certificado da Agência Banco Real
50
Figura 24
Sistemas construtivos
51
Figura 25
Edifício Delboni Auriemo
54
Figura 26
Certificado do Edifício Delboni Auriemo
55
Figura 27
Soluções de projeto
56
Figura 28
Vista 1 do Edifício Rochaverá
58
Figura 29
Vista 2 do Edifício Rochaverá
58
Figura 30
Cobertura verde
60
Figura 31
Quadro de índice de reflexão solar de cobertura
67
vii
Figura 32
Quadro de índice de redução de consumo de energia
72
Figura 33
Quadro de índice de utilização de energia renovável
72
Figura 34
Perspectiva da fachada norte do projeto em análise
97
Figura 35
Perspectiva da fachada sudeste do projeto em análise
97
Figura 36
Sistema de execução de laje jardim
104
Figura 37
Exemplo de cobertura verde
104
Figura 38
Gráfico da economia de água - Edifício Sabesp
107
Figura 39
Fachada Norte e Oeste do projeto em análise
108
Figura 40
Fachada Sul e Leste do projeto em análise
108
Figura 41
Quadro de número de empresas certificadas no FSC
117
Figura 42
Certificado do carpete especificado no projeto
119
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação– SS
88
Tabela 02 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – WE
89
Tabela 03 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – EA
90
Tabela 04 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – MR
91
Tabela 05 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – EQ
92
Tabela 06 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – IN
93
Tabela 07 Resultado da classificação dos pré-requisitos-etapa de implantação
93
Tabela 08 Resultado da classificação dos créditos-etapa de implantação
94
Tabela 09 Classificação dos pré-requisitos de projeto por fase de desenvolvimento
94
Tabela 10 Classificação dos créditos de projeto por fase de desenvolvimento
95
Tabela 11 Pontuação máxima por categoria obtida com créditos de
96
projeto arquitetônico
Tabela 12 Material reciclado – especificado no projeto
113
Tabela 13 Material reciclado – materiais similares mais ecológicos
115
Tabela 14 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação– SS
123
Tabela 15 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – WE 124
Tabela 16 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – EA
124
Tabela 17 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – MR 125
Tabela 18 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – EQ
126
Tabela 19 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – IN
1256
Tabela 20 Resultado da classificação dos pré-requisitos-impacto de implantação
127
Tabela 21 Resultado da classificação dos créditos-impacto de implantação
127
Tabela 22 Pontuação obtida com nenhum ou baixo impacto
128
ix
10
1. INTRODUÇÃO
A primeira definição de desenvolvimento sustentável foi cunhada pelo
World Commission on Environment and Development através do Brundtland Report
em 1987 afirmando que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às necessidades das
gerações futuras (BRUNDTLAND,1987).
Essa definição foi amplamente divulgada para que o desenvolvimento
econômico e social se processasse de modo ambientalmente sustentável. Na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92) foi aprovada a Agenda 21 que consiste em um
documento elaborado para assegurar a sustentabilidade mundial a partir do século
21 e estabelece o consenso de que as estratégias de desenvolvimento sustentável
deveriam integrar aspectos ambientais em planos e políticas de desenvolvimento.
Para que, efetivamente, se alcance o que se chama de desenvolvimento
sustentável, é preciso, segundo Silva (2003), buscar um equilíbrio entre o
socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável,
formando o ‘tripé’ que engloba as esferas sociais, econômicas e ambientais e que
levam ao desenvolvimento sustentável. Da esfera ambiental é esperado que haja o
equilíbrio entre proteção do ambiente físico e seus recursos, e o uso destes recursos
de forma racional, sem comprometer a qualidade de vida aceitável no planeta; no
âmbito social requer-se o desenvolvimento de sociedades justas, proporcionando
oportunidades de desenvolvimento humano e de um nível aceitável de qualidade de
vida para todos; e da dimensão econômica espera-se a facilidade de acesso a
recursos e oportunidades, aumentando a prosperidade para todos, sem ferir os
direitos humanos básicos.
Na esfera ambiental, o setor da construção civil é um dos grandes
responsáveis pela geração de impactos ambientais negativos. Dados mundiais do
United States Green Building Council (USGBC) apontam que os edifícios são
responsáveis por 17% do consumo de água potável, 25% do consumo de madeira,
33% das emissões de CO2 e 40% do uso de recursos naturais (materiais) e 40% do
consumo de energia. Nos Estados Unidos as edificações são responsáveis por 12%
do consumo de água, 39% das emissões de CO2, por 65% da geração de resíduos e
11
71% do consumo de eletricidade. Dados brasileiros, ainda que não tão precisos,
revelam índices semelhantes. A construção e operação de edificações consomem
40% dos recursos naturais extraídos, 34% de água, 55% de madeira não certificada
e produz 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos (ANAB,2008).
Pode-se afirmar que a indústria da construção representa a atividade
humana com maior impacto sobre o meio ambiente. Não é possível alcançar o
desenvolvimento sustentável sem que se estabeleça um modelo de construir mais
sustentável, buscando uma indústria da construção que forneça mais valor, polua
menos, ajude no uso sustentado dos recursos, responda mais efetivamente às
partes interessadas e melhore a qualidade de vida presente sem comprometer o
futuro (SILVA, 2003). Assim, justifica-se o enfoque dado ao aspecto ambiental da
sustentabilidade neste trabalho, que deve ser efetivamente considerado pela
indústria da construção civil.
A arquitetura sustentável é aquela que se preocupa em minimizar os
impactos à natureza e ao homem, por meio do edifício em todo o seu ciclo de vida.
Desde a sua concepção, construção, utilização e manutenção até o seu desmonte
ou requalificação, as necessidades presentes devem ser cumpridas, porém, sem
comprometer a possibilidade de futuras gerações satisfazerem as necessidades de
seu tempo.
Mas nem sempre o fato de uma construção usar materiais locais e
naturais a classifica como sustentável. Uma construção natural pode ser chamada
de ecológica, mas para ser sustentável é preciso avaliar o nível de conforto
ambiental (térmico, acústico, luminoso e ergonômico) que ela oferece, a forma e
demanda de energia e água que o seu uso acarreta, o impacto que ela provoca no
entorno e o impacto que a sua construção e extração de seus materiais provoca. A
abordagem precisa ser sistêmica, compreendendo a edificação como um organismo
que interage com o ser humano e com o meio em que está inserida. (CORCUERA,
2008).
Decisões tomadas nas fases iniciais do processo de projeto influenciam todas
as demais fases do empreendimento em relação a custos, qualidade e eficiência
ambiental. A necessidade de subsidiar o processo de desenvolvimento dos projetos
de arquitetura visando à melhoria dos níveis de sustentabilidade dos edifícios faz
com que se faça necessário o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliação que
12
permita identificar deficiências e oportunidades de melhora do desempenho do
edifício (ABRÃO, 2007).
O primeiro sinal da necessidade em se avaliar o desempenho ambiental
de edifícios veio exatamente com a constatação que, mesmo os países que
acreditavam dominar os conceitos de projeto ecológico, não possuíam meios para
verificarem quão “verdes” eram de fato os seus edifícios. Como seria comprovado
mais tarde, edifícios projetados para sintetizar os conceitos de construção ecológica
frequentemente consumiam ainda mais energia que aqueles resultantes de práticas
comuns de projeto e construção. O segundo grande impulso no crescimento de
interesse pela avaliação ambiental de edifícios veio com o consenso entre
pesquisadores e agências governamentais quanto à classificação de desempenho
atrelada aos sistemas de certificação ser um dos métodos mais eficientes para
elevar o nível de desempenho ambiental tanto do estoque construído quanto de
novas edificações (SILVA, 2007).
A partir da década de 90 várias iniciativas de desenvolvimento de
metodologias de avaliação ambiental de edifícios começam a surgir na Europa,
Estados Unidos e Canadá, principalmente como parte da estratégia de cumprimento
das metas ambientais estabelecidas a partir da United Nations Conference on
Environmental and Development
(UNCED), também conhecida como ECO 92.
Estes métodos basearam-se principalmente no conceito de análise do ciclo de vida,
originalmente desenvolvido para a avaliação de impactos de produtos, e buscavam
encorajar a demanda do mercado por níveis superiores de desempenho ambiental,
provendo avaliações ora detalhadas, para o diagnóstico de eventuais necessidades
de intervenção no estoque construído, ora simplificadas, para orientar projetistas ou
sustentar a atribuição de selos ambientais para edifícios (SILVA, 2000).
A aplicação de sistemas de avaliação ambiental de edifícios se tornou
uma prática em diversos países da Europa, assim como nos Estados Unidos,
Canadá, Austrália e Japão. O mais conhecido dos sistemas de avaliação ambiental
de edifícios é o Building Research Establishment Environmental Assessment Method
(BREEM) criado no Reino Unido em 1990 e que embasou vários sistemas
orientados para o mercado como o Leadership in Energy and Environmental Design
(LEED) elaborado por membros do USGBC em 1999 e o Comprehensive
Assessment System for Building Environmental Efficiency (CASBEE) apresentado
13
em 2002 pela Japan Sustainability Bulding Consortium (JSBC). Estes sistemas
foram desenvolvidos para serem facilmente absorvidos por projetistas e pelo
mercado em geral, e têm, portanto, uma estrutura mais simples, normalmente
formatada como uma lista de verificação. Para divulgar o reconhecimento do
mercado pelos esforços dispensados para melhorar a qualidade ambiental de
projetos, execução e gestão operacional, todos eles são vinculados a algum tipo de
certificação de desempenho.
Entre os métodos orientados à pesquisa metodológica estão: o Building
Environmental Performance Assessment Criteria (BEPAC) de 1993 e seu sucessor,
o Green Building Challenge (GBC) desenvolvido por um consórcio internacional
iniciado pelo Canadá em 1996 (SILVA, 2003).
O Brasil formalizou a sua integração ao projeto do GBC durante a conferência
Sustainable Buildings 2000 com a apresentação das intenções e estratégias dos
pesquisadores brasileiros, que hoje se concentram no Programa Nacional de
Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios (BRAiE), coordenado pela
Universidade estadual de Campinas (UNICAMP), que contempla a formação de uma
rede nacional de pesquisa que, após delineamento inicial da metodologia no estado
de São Paulo, será gradualmente implementada para validação em outras regiões
do país (SILVA, 2000).
Os sistemas de certificação ambiental de edifícios utilizados no país ainda
são totalmente importados ou baseados em sistemas estrangeiros. A primeira
iniciativa concreta de adaptação de uma ferramenta de certificação para a realidade
brasileira foi da Fundação Vanzolini, que se baseou no sistema francês Haute
Qualité Environnementale (HQE) e criou o selo Alta Qualidade Ambiental (AQUA),
mantendo a mesma estrutura de avaliação e pontuação do sistema original, porém
com ajustes técnicos e treinamentos diferenciados aos auditores brasileiros. O
sistema está em fase de implementação e a primeira certificação piloto deve sair
ainda este ano.
A primeira ferramenta de análise ambiental a ser utilizada efetivamente no
país foi o americano LEED, que certificou a sua primeira obra aqui em 2007. Hoje, já
são quatro edificações certificadas e 86 em processo de certificação. A ferramenta,
estruturada como um check list, classifica as construções através do atendimento
dos pré-requisitos, obrigatórios, e créditos, distribuídos em seis categorias. O LEED
14
é o sistema mais difundido e utilizado no Brasil atualmente, apesar de não estar
ainda adaptado à realidade da construção no país. Segundo o GBC Brasil, a
ferramenta terá a sua versão brasileira ainda em 2009.
A implantação de sistemas de avaliação ambiental ajuda a encorajar e
contribuir para a melhoria do desempenho dos edifícios e é um dos métodos mais
eficientes para elevar o nível de desempenho das edificações. A experiência
internacional demonstra que os saltos nos níveis de desempenho não serão
possíveis até que empreendedores da construção civil e os usuários dos edifícios
tenham acesso a métodos relativamente simples que lhes permita identificar aqueles
edifícios com melhor desempenho (SILVA, 2003).
Segundo Abrão (2007), os projetistas, pela sua responsabilidade na tomada
de decisões, na escolha das estratégias de implantação e no partido adotado, tem
uma influência muito grande na sustentabilidade do empreendimento. A melhor
forma de se garantir níveis adequados de sustentabilidade ambiental ao edifício é a
avaliação preliminar do seu desempenho durante a fase de desenvolvimento do
projeto, avaliando os pontos deficientes e detectando as oportunidades para
melhora.
A justificativa do tema é dada através da necessidade de conscientização
de projetistas e empreendedores da importância da etapa de projeto, em especial do
projeto arquitetônico, no desenvolvimento de construções mais sustentáveis e no
processo de avaliação e de certificação ambiental, evidenciando a responsabilidade
dos profissionais envolvidos nas tomadas de decisão, pois quando estas são feitas
nas fases corretas evita-se o retrabalho ou mesmo a inviabilização da certificação.
A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste trabalho foi o
estudo de caso de um projeto arquitetônico para uma edificação nova, que se
enquadre no sistema de certificação escolhido – LEED e que já se encontre em
etapa avançada de desenvolvimento para que se tenham todos os dados
necessários para a análise.
A escolha da ferramenta americana de certificação ambiental LEED NC –
Novas Construções para este estudo foi feita considerando-se que este sistema é
hoje o mais difundido e utilizado no país e o único que já possui edificações
certificadas no Brasil.
15
2. OBJETIVO GERAL
Tem-se, como objetivo geral, verificar a relevância do projeto arquitetônico
no processo de certificação LEED NC – Novas Construções através da aplicação da
ferramenta em um projeto de edifício de escritório que foi desenvolvido dentro das
boas práticas da construção, porém sem o foco da certificação.
16
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos, buscou-se:
a. Verificar a importância e peso do projeto arquitetônico no processo de
certificação de edificação com a ferramenta LEED-NC;
b. Verificar o nível de interferência e alteração no projeto para a obtenção
da certificação básica LEED-NC;
c. Verificar quais são os processos projetuais usuais que geram melhorias
ambientais que já são alcançadas com as boas práticas de construção;
d. Verificar quais são as práticas e técnicas usuais pertinentes que devem
ser incorporadas ao processo de desenvolvimento de projeto arquitetônico e que
resultam na melhoria da eficiência ambiental.
17
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Vista através de uma perspectiva ecológica, a arquitetura das últimas duas
décadas nos mostrou todos os caminhos errados. Como resultado do desejo
obsessivo dos arquitetos em manter uma identidade estilística com o sonho
industrial e tecnológico do século 20, as construções buscaram correlação com
materiais novos e alta tecnologia, representando uma época de enorme consumo de
combustível fóssil e uma visão tecnocentrista e antropocentrista do habitat.
Particularmente da década de 70 até os dias de hoje, a celebração do high tech com
vastos panos de vidro de estruturas de aço (figura 01) foi sinônimo do estilo
moderno e progressista da arquitetura (WINES, 2008).
As influências industriais e tecnológicas que surgiram no começo do
século eram baseadas em critérios econômicos e culturais; o arquiteto modernista
raramente considerava questões como o impacto ao meio ambiente ou a relação do
seu projeto com a cidade e com a natureza. Eles estavam comprometidos apenas
com o formalismo e a invenção de novas tecnologias, pura e simplesmente.
Figura 01 – Edifício Seagram, em Nova Iorque, dos arquitetos Mies van der Rohe e Philip Johnson,
construído em 1958 (Fonte: www.wretch.cc, 2009).
18
A crise energética dos anos 70 mudou os padrões de consumo energético
de muitos edifícios existentes, mas ainda assim são encontrados exemplos de
edifícios que possuem um altíssimo padrão de consumo, ignorando completamente
aspectos de condicionamento passivo. A produção em massa e as facilidades de
transporte, além da utilização de meios mecânicos para aquecimento e resfriamento
dos ambientes, fizeram com que se utilizassem os mesmos materiais construtivos, e
as mesmas soluções, em locais com características climáticas diferentes
(MÜLFARTH, 2002).
Essa falta grave na postura dos arquitetos foi o início dos problemas
ambientais que enfrentamos hoje. Em insistir em um padrão de projeto distante da
responsabilidade ecológica, a arquitetura causou um enorme dano ao meio
ambiente. Esta constatação não sugere que os arquitetos devam então abandonar
todas as evidências e características tecnológicas de seus projetos apenas para
parecer ecológico, mas pode-se dizer que a arquitetura provavelmente vai mudar
radicalmente, pois a forma e conceito das construções vão ser forçados a responder
à questão dos recursos não renováveis (WINES, 2008).
Hoje enfrentamos um dos períodos mais desafiadores da história da
arquitetura. Segundo Sequinel (2002) a perigosa escassez de recursos combinada
com um crescimento demográfico explosivo faz com que a humanidade adentre o
novo milênio sob estado de alerta. O crescimento das cidades é inevitável e
irreversível. Nunca tantas pessoas se localizaram em áreas urbanas em qualquer
outro momento da humanidade.
Atualmente 45% da população mundial, ou aproximadamente 2,6 bilhões
de pessoas vivem em regiões urbanas. Na Europa, 73% da população vivem nas
cidades, na América do Norte 75% e na América Latina 74%. A cada ano 86 milhões
de novos habitantes somam-se ao planeta. As previsões para o ano de 2015 são de
que se atingirá a marca de 7,5 bilhões de habitantes no mundo e que até 2025 o
número de 30 cidades com mais de 8 milhões de habitantes será ultrapassado. No
Brasil, 81,2% das pessoas vivem nas cidades (dados do IBGE,2006).
A exigência de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentável
em seus âmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidades dos arquitetos.
Os edifícios podem enriquecer o espaço público de nossas cidades, atenderem às
diversas necessidades dos usuários e ao mesmo tempo explorar tecnologias
19
sustentáveis em lugar das poluentes. Os edifícios deveriam inspirar e compor
cidades que celebrassem a sociedade e respeitassem a natureza (ROGERS, 1997).
4.1. O MOVIMENTO VERDE
Na década de 60, o arquiteto Frank Lloyd Wright foi o primeiro a descrever
o edifício construído como um organismo vivo, pois ele acreditava que o processo de
“viver” era dinâmico e este alterava a forma como o edifício respondia aos anseios
de seus moradores. No seu livro The Natural House, ele enfatiza a importância da
construção ser íntegra ao seu terreno, seus materiais e à vida de seus habitantes.
As idéias de Wright divergiam do conceito de máquina de morar, reconhecido na
época como um dos princípios da arquitetura moderna. Ele foi a voz mais forte de
resistência à arquitetura industrial, e seu trabalho captava todo o potencial que um
edifício tinha de se tornar uma extensão do meio ambiente, através das formas que
refletiam o contorno da paisagem ou pelo uso de materiais de fontes regionais.
A Fallingwater House, uma de suas mais famosas residências, construída
na Pennsylvania, suspensa sobre uma cascata, ilustra perfeitamente a idéia de
Wright de que a arquitetura deve ser orgânica, fundida com o meio ambiente e a
paisagem, respeitando as forças da natureza (figuras 02 e 03).
“Eu acho que Natureza deveria ser escrita com “N” maiúsculo; não porque
ela seja Deus, mas porque tudo que podemos aprender com Deus nós
aprenderemos com o seu corpo, que chamamos Natureza.” (Frank Lloyd Wright
apud STUNGO, 1999).
Figura 02 - Falling Water House (Fonte: Frank Lloyd Wright Foundation, 2009).
20
Figura 03 - Falling Water House (Fonte: PFEIFFER, 2007).
Em 1962, o lançamento do livro "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson,
é considerado por muitos um marco para o entendimento das inter-relações entre
economia, meio ambiente e as questões sociais e dez anos depois, em 1972, a
Organização das Nações Unidas (ONU) promove a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. A conferência levou à
criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Ainda no
mesmo ano, uma equipe de especialistas de vários países publica o relatório "Os
Limites do Crescimento", com estudos sobre como o crescimento populacional
associado ao incremento do uso dos recursos naturais impunha limites para o
crescimento industrial.
A crise do petróleo, em 1973, vem reafirmar a necessidade de se
desenvolver projetos menos impactantes e de se questionar o padrão consolidado
de
desenvolvimento
baseado
numa
matriz
energética
fundamentada
em
combustíveis fósseis. Um dos resultados do embargo ao petróleo foi a criação do
Comitê de Energia dentro do Institute of Architects (AIA) que trabalhou no
desenvolvimento de soluções técnicas para economia de energia, como o uso de
vidros triplos e coberturas reflexivas.
Um dos exemplos de construções notáveis que foram desenvolvidas na
década de 70 e contemplavam os conceitos da construção ecológica foi o projeto
para a sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas, do arquiteto
Norman Foster, na Inglaterra (figuras 04 e 05). Concebido um pouco antes da crise
do petróleo, o aquecimento do edifício é feito através de gás natural, demonstrando
21
um exemplo pioneiro de consciência energética e sua cobertura verde garante uma
performance térmica excelente. Como reconhecimento pelas suas inovações, este
projeto recebeu através dos anos vários prêmios pela sua eficiência energética e
pela sua arquitetura (WINES, 2008).
Figura 04 - Vista aérea da sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas (Fonte:
Foster+Partners, 2008).
Figura 05 - Foto interna da sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas (Fonte:
Foster+Partners, 2008).
Outro projeto visionário da mesma época é o Edifício Gregory Bateson, na
Califórnia, do arquiteto Sim Van der Ryn (figura 06). O edifício foi pioneiro em utilizar
22
tecnologias de aquecimento e resfriamento de ar, utilização de painéis fotovoltaicos,
iluminação natural e de análise de eficiência térmica através de simulações por
computador, que se tornaram padrão de eficiência energética para projetos de
edifícios sustentáveis. Análises de pós-ocupação do edifício mostraram que estas
características reduziram o consumo de energia para aquecimento, resfriamento e
iluminação em mais de 75% em comparação a outro edifício comercial de mesmo
porte.
Figura 06 - Foto interna do Edifício Gregory Bateson (Fonte:UFSC, 2008).
Nos anos 80 a pesquisa de novas tecnologias e materiais foi grande,
principalmente para o desenvolvimento de novas fontes de energias renováveis.
Como resultados, surgiram painéis solares mais eficientes, sistemas de vedação
pré-fabricados, sistemas de tratamento de águas servidas, construções modulares e
o incentivo ao uso da luz natural para diminuir o consumo de energia durante o dia.
Em 1987 o Brundtland Report “Our Common Future”, documento
elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(criada pela ONU e presidida pela então primeira ministra da Noruega Gro Harlen
Brundtland) diz:
23
A humanidade possui a capacidade para fazer desenvolvimento sustentável – para
garantir que se satisfaçam as necessidades do presente sem comprometer a capacidade
de gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades... Desenvolvimento
sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas um processo de mudança no qual a
exploração de recursos, a direção de investimentos, a orientação de desenvolvimento
tecnológico, e mudança institucional são feitas de forma consistente com as
necessidades futuras, bem como com as necessidades do presente.
Estudos recentes analisam as cidades pela sua “pegada ecológica”,
Tentando relacionar a área de ocupação de determinada cidade com a área
necessária para mantê-la funcionando, ou seja, área para abastecimento de
alimentos, energia, água, depósito de lixo, extração de matéria prima, entre outros
(MÜLFARTH, 2002).
As Nações Unidas apontaram as seguintes estratégias sustentáveis para
o design de componentes de construção e projeto de edifícios:
• o uso de menos materiais, especialmente aqueles de alta energia, nos
edifícios, buscando maneiras de reduzir a espessura de paredes, acabamentos, e pé
direito, onde estes fatores não comprometam outros aspectos do desempenho do
edifício;
• optar por materiais de baixo consumo de energia na sua produção, onde
estes forem disponíveis, como por exemplo: o uso de madeira ao invés de aço ou
concreto para vigas e treliças, uso de argamassa de cal ao invés de argamassa de
cimento, uso de terra e tijolos de terra estabilizada ao invés de tijolos queimados,
uso de blocos de concreto celular ao invés de blocos/painéis densos de concreto,
optar por sistemas estruturais como alvenaria auto-portante em lugar de concreto
armado ou estrutura metálica;
• projetar edifícios de baixa altura ao invés de edifícios de grande altura,
onde as possibilidades permitam;
• optar, onde possível, por materiais de descarte ou reciclados, ou
materiais que incorporem qualquer destes, como por exemplo, cimento aditivado
com escória de alto-forno, mantas de impermeabilização asfáltica que incorporam
papel reciclado e materiais de demolição;
• projetar edifícios com longa durabilidade, porém facilmente adaptáveis a
novas necessidades e requerimentos;
24
• projetar edifícios levando em conta a reciclagem de seus materiais,
utilizando, por exemplo, argamassas “moles”, de modo a facilitar o reaproveitamento
de tijolos e evitar, onde possível, o uso de concreto armado;
• especificar materiais que possam ser encontrados em locais próximos à
obra e que tenham baixo custo de transporte.
Um dos exemplos mais notáveis de empreendimentos realizados de
acordo com estas premissas é o Beddington Zero Energy Development (BedZED).
4.2. BEDDINGTON ZERO ENERGY DEVELOPMENT (BEDZED)
O BedZED é um bairro ecológico experimental construído em Wallington
no sul de Londres e habitado deste 2002 cuja concepção permite atingir
impressionantes taxas de economia nos consumos domésticos (figura 07).
Figura 07 – Vista aérea do projeto Beddington Zero Energy Development (BedZED) Fonte:
www.bedzedhouse.com (2009)
Desde o começo, o empreendimento londrino foi feito como manda a
cartilha da sustentabilidade: com material de construção comprado perto da área a
ser erguida, uso de materiais reciclados e mão-de-obra local. Hoje, 220 pessoas
vivem nas 100 unidades do condomínio. Inicialmente eram 82 apartamentos e os
demais eram escritórios. A idéia de trabalhar ali, contudo, parece não ter sido tão
aprovada no dia-a-dia e logo os escritórios se converteram em novas moradias, de
um a quatro dormitórios (figura 08).
25
Figura 08 – Detalhe da unidade habitacional. Fonte: www.olharglobal.net (2009)
O bairro segue uma filosofia de composição heterogênea dos seus
residentes: cerca de 1/3 dos habitantes pertence às classes mais desfavorecidas,
1/3 pertence à classe média e o outro terço à classe alta, entre os quais se
encontram alguns dos que projetaram e financiaram o BedZED. Os resultados têm
sido muito bons, com as populações mais desfavorecidas assimilando totalmente a
vida social e a filosofia ecológica do bairro.
O BedZED atinge taxas de redução de 88% no aquecimento, 57% na
utilização de água quente e 25% no consumo de eletricidade, em relação à
habitação média britânica. A sua construção foi realizada utilizando materiais
existentes num raio de 50 km, diminuindo substancialmente a emissão de gases de
efeito de estufa durante essa fase e 15% dos materiais utilizados na construção são
reutilizáveis ou recicláveis.
O sistema é baseado em técnicas simples e comprovadas para minimizar
o consumo de energia. A Inglaterra tem um inverno rigoroso e todas as casas
pedem aquecimento, o que representa um alto consumo de energia e gastos
mensais. Nesta vila, as casas foram construídas para se manter a 18ºC. Os
materiais usados na construção, principalmente nas paredes, conservam e liberam
vagarosamente o calor, pois foram feitas com isolantes térmicos entre duas
26
camadas de concreto. Outra forma de aquecimento vem do uso da casa. Forno,
televisão, pessoas – tudo libera uma quantidade de calor, que, em vez de ser
desperdiçada, fica retida em um sistema de isolamento.
No verão, basta abrir as janelas para o ar circular. E os grandes e
coloridos ventiladores que se vêem nos telhados mantêm uma circulação inteligente
que refrescam no verão e usam a pressão do vento para intensificar o aquecimento
no inverno (figura 09).
Figura 08 – Vista dos painéis solares, laje jardim e chaminés para o sistema de ventilação alimentado
por energia eólica. Fonte: www.bedzedhouse.com (2009)
Com essas técnicas, o consumo de energia para aquecimento é somente
10% do que gasta uma casa normal. O que se usa vem de fontes renováveis,
proporcionando energia carbono zero. Dentro do condomínio, uma unidade
abastecida por refugos de madeira fornece a energia elétrica para todos os
apartamentos. O calor desse processo gera água quente. A água das chuvas,
coletadas utilizando os telhados, é usada para a descarga nos banheiros. Essa
medida e outras como máquinas de lavar roupa com baixo uso de água e sistemas
de descarga reguláveis nos vasos sanitários, fazem com que a média de uso de
água no BedZED seja de 60 litros por dia por pessoa. Para se ter uma idéia da
diferença, no Reino Unido o gasto médio por pessoa é de 150 litros.
Atualmente, 49% dos moradores fazem uso da bicicleta como meio de
transporte. O trem, um hábito cultural na Inglaterra, também é bastante utilizado. Há
ainda sistemas de abastecimento elétrico para veículos e um Clube do Carro. O
morador se inscreve e recebe um cartão. A partir daí, agenda o carro quando
precisa (há estacionamentos em vários pontos da cidade), utiliza e devolve no
estacionamento, pagando de acordo com o tempo de uso.
27
4.3. CUSTOS DE UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
Segundo a empresa americana de consultoria em negócios imobiliários
Tishman Speyer estima-se que a execução de um "edifício verde" necessita de um
aporte de 5 a 7% maior que o convencional, o que representa de 2,5% a 3% do
custo do imóvel. Mas é importante salientar que este investimento retorna com a
redução do custo operacional, que segundo a empresa representa 80% dos custos
de uma edificação ao longo de 50 anos de uso (figura 10). Acredita-se que um
edifício residencial convencional de três quartos tenha um gasto mensal durante sua
operação de R$ 8/m², contra R$ 5/m² de um sustentável. A economia durante a
operação em prédios comerciais sustentáveis é maior ainda, em média de R$4,5/m².
Enquanto o prédio convencional necessita de R$10/m², o verde utiliza R$5,5/m² e a
valorização do preço do aluguel de empreendimentos comerciais sustentáveis pode
chegar a 7,5% (FRANK, 2008).
Figura 10 – Análise do custo de uma edificação com ciclo de vida de 50 anos (Fonte: PIMENTEL,
LAURINDO, 2009).
Existe também a idéia de que toda solução mais eficiente também é a
mais cara. O mercado hoje já oferece ao consumidor uma grande gama de produtos
que possuem um desempenho ambiental superior sem, contudo, exigir um alto
investimento (figura 11). É importante salientar também que a grande maioria destes
produtos gera uma economia de recursos (principalmente água e energia elétrica)
que acaba compensando o investimento ao longo do tempo. Podemos citar como
28
exemplo a lâmpada fluorescente compacta, cerca de 80% mais econômica e com
durabilidade dez vezes maior que a incandescente. A troca de uma só lâmpada
comum de 60W, modelo mais consumido nas residências brasileiras atualmente, por
uma fluorescente de 15W, gera uma economia de R$ 2,00 em um mês. Embora a
fluorescente tenha um custo médio de R$ 8,00 contra R$1,50 de uma lâmpada
incandescente comum, em quatro meses o consumidor recupera o investimento. O
restante da vida útil da lâmpada, portanto, representa lucro.
Figura 11 – Análise do impacto ambiental e econômico de soluções ambientalmente mais corretas
(Fonte: Fonte: PIMENTEL, LAURINDO, 2009).
4.4. MATERIAIS SUSTENTÁVEIS
Hoje já é possível contar com organizações que informam ao consumidor
sobre materiais mais sustentáveis, alguns inclusive com produtos que atendem aos
requisitos do sistema de certificação ambiental LEED. O Banco Real, em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas lançaram em 2008 o Catálogo Sustentável,
ferramenta on-line que armazena informações sobre produtos e serviços avaliados a
partir de critérios de sustentabilidade e são selecionados pela equipe de
especialistas do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (GVces). O catálogo tem
29
como objetivo reunir e divulgar informações sobre produtos e serviços disponíveis no
mercado brasileiro que aliam bom desempenho ambiental à responsabilidade social,
de forma a subsidiar as decisões dos consumidores.
O Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica – IDHEA é o
primeiro centro de referência no Brasil para a pesquisa, uso e aplicação de produtos
ecológicos fabricados industrialmente. O instituto também desenvolve e comercializa
uma linha de produtos fabricados industrialmente por empresas credenciadas, além
de possuir um catálogo com mais de 1.500 fornecedores e produtores de produtos
ecológicos.
O Selo Ecológico Falcão Bauer foi desenvolvido pelo Instituto Falcão
Bauer da Qualidade, em conjunto com o IDHEA, destinado a comprovar e garantir a
sustentabilidade dos produtos e baseado em critérios internacionais consolidados,
como o Methodology for Environmental Profiles da instituição inglesa Building
Research Establishment (BRE), entre outros. O Selo Ecológico Falcão Bauer possui
três categorias, que demonstram os impactos e benefícios de um produto
sustentável. Para a classificação em uma das categorias, os produtos são avaliados
segundo algumas de suas características: inexistência, em sua composição, de
substâncias perigosas, baixo impacto ambiental (análise de ciclo de vida), percentual
em massa reciclável de pelo menos 30% pós-consumo ou 50% pré-consumo de
suas matérias primas. Na categoria 3 também são avaliados produtos que possuam
pelo menos 90% das matérias-primas renováveis.
O Selo Sustentax foi desenvolvido pela empresa de consultoria em
projetos ambientais de mesmo nome e tem como objetivo facilitar a introdução de
materiais, equipamentos e prestadores de serviços socioambientalmente corretos no
mercado da construção, permitindo a rápida identificação por projetistas, arquitetos,
construtores e compradores. Sua criação ocorreu com base na experiência da
empresa Sustentax – Engenharia de Sustentabilidade durante as primeiras
certificações LEED da América do Sul, com a percepção da dificuldade de
identificação de produtos e serviços adequados aos rígidos padrões de edifícios
verdes.
Em relação ao uso da madeira certificada na construção civil, existe a
iniciativa de incentivar o seu uso através de programas como o projeto Madeira
Legal, lançado em março de 2009 pelo Governo do Estado de São Paulo, a
30
prefeitura paulistana, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, a organização
não-governamental World Wildlife Fund (WWF) - Brasil e outras organizações da
sociedade civil e setor privado. Apenas no estado de São Paulo, o consumo de
madeira amazônica é de 15%, e deste total, 70% são utilizadas na construção civil.
O programa pretende desenvolver mecanismos de controle, como a exigência da
apresentação do Documento de Origem Florestal, que comprova a origem, a
quantidade e finalidade da madeira consumida, e incentiva o uso da madeira
certificada nos departamentos de compras do setor público e privado, para identificar
e monitorar a madeira que está sendo comprada - que deverá ser obrigatoriamente
de origem legal ou certificada.
Outra iniciativa foi tomada pela Caixa Econômica Federal, que também
está criando mecanismos de incentivo ao uso da madeira certificada, e a partir do
segundo semestre de 2009 só vai financiar construtoras que comprovarem a origem
legal da madeira usada nas obras. A Caixa vai incluir nos contratos firmados com as
construtoras uma cláusula que torna obrigatória a apresentação do Documento de
Origem Florestal. Até 30 de junho, a ação terá caráter educativo, segundo a Caixa.
Após essa data, as empresas que não apresentarem os documentos não terão
acesso a novos financiamentos do banco.
Para auxiliar o consumidor na escolha de produtos produzidos com
madeira certificada, o Conselho de Manejo Florestal do Brasil e o Banco Real
lançaram um catálogo de produtos certificados que inclui desde materiais para a
construção civil até objetos decorativos e utensílios domésticos. O lançamento foi
feito durante evento em São Paulo promovido por diversas entidades, para discutir a
certificação, que ainda engatinha no Brasil, e contou com a participação do conselho
internacional conhecido como Forest Stewardship Council (FSC). Além do catálogo,
foi lançado um site desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da
Fundação Getúlio Vargas que lista os produtos certificados. No Brasil, apenas de
10% a 20% dos produtos de madeira são certificados, mas o governo federal está
tentando incentivar a certificação.
31
4.5. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
Com a consolidação dos conceitos de projeto ecológico (green design) e
construções verdes (green buildings) as avaliações ambientais se tornaram
necessárias para quantificar e qualificar investimentos e benefícios da construção
sustentável e servem como ferramenta de projeto e de verificação da
sustentabilidade destes empreendimentos, tornando-se importantes para nortear
projetos que busquem maior eficiência ambiental (VILHENA, 2007).
Ainda que no Brasil não existam por ora parâmetros, sistemas de análise e
de certificação para a arquitetura sustentável, é possível nos espelharmos em
modelos e experiências já desenvolvidos e antecipar a nossa atuação, indo de
encontro a esta realidade do nosso planeta. Mesmo porque a sustentabilidade plena
passa por uma ideia de equilíbrio e perfeccionismo inatingíveis. Ainda assim,
projetos e edificações podem ser mais ou menos sustentáveis, criando níveis ou
graus de sustentabilidade na arquitetura, tendendo a se aproximarem cada vez mais
deste ideal e, portanto, contribuindo para a proteção do nosso eco-sistema e
sociedade (CORCUERA, 2006).
Existem diferentes classificações e metodologias de avaliação e de
certificação de edifícios. Segundo Corcuera (2008)
podemos listar sete áreas
principais para que uma edificação possa ser considerada sustentável:
• Relação harmônica do edifício com seu entorno
• Escolha integrada dos processos e os materiais construtivos
• Sistemas de energia mais eficientes e menos poluentes
• Sistemas de coleta e tratamento de água e esgoto
• Sistemas para redução da formação de resíduos
• Desenho funcional do edifício e acessibilidade física
• Qualidade do ar interno e conforto ambiental
32
Muito provavelmente, construções sustentáveis não irão reverter de
imediato os prejuízos causados pelo homem ao meio-ambiente, mas contribuirão
para não piorar o quadro.
Como uma das primeiras iniciativas de discussão sobre a construção
sustentável adaptada ao nosso país, foi criado em agosto de 2007 o Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS, constituído como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público e que tem por objetivo induzir o setor da
construção a utilizar práticas mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de
vida dos usuários, dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações. O
conselho é organizado em comitês temáticos, que debatem e indicam boas práticas
para as áreas mais prementes da edificação, como a de Energia, Água, Materiais,
Projetos e Avaliação de Sustentabilidade. Neste último, são discutidos temas como:
boas práticas na avaliação de produtos, projetos e empresas, identificação das
lacunas para alcançar as boas práticas e a discussão da Avaliação de
Sustentabilidade com relação à realidade brasileira.
Atualmente, são utilizadas no país três ferramentas de certificação
ambiental: um sistema de etiquetagem de edifícios focado na eficiência energética, o
Procel Edifica, criado pela Eletrobrás, e dois sistemas estrangeiros de certificação de
edifícios: o LEED, criado pelo USGBC, que deve receber sua versão adaptada ao
país ainda em 2009 e o AQUA, sistema adaptado do francês HQE para a realidade
brasileira pela Fundação Vanzolini. Estes sistemas, ainda que apresentem
deficiências e problemas na sua totalidade, funcionam como um termômetro para
indicar se a edificação atende aos requisitos mínimos de sustentabilidade em
aspectos como: implantação, consumo de água, consumo de energia, geração de
poluentes e resíduos, especificação de materiais, qualidade do ar interno e conforto
ambiental dos ocupantes.
33
4.5.1. Procel Edifica
A primeira iniciativa de se criar um selo de certificação ambiental nacional
foi da Eletrobrás, dentro do programa Procel Edifica, lançado em 2003. O objetivo do
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - PROCEL é promover a
racionalização da produção e do consumo de energia elétrica, para que se eliminem
os desperdícios e se reduzam os custos e os investimentos setoriais. A exemplo do
que já ocorre com eletrodomésticos, o Selo Procel Edifica irá certificar projetos que
prevêem redução de consumo e uso de energias alternativas, estimulando a adoção
de ações nesse sentido. A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e
residenciais opera, desde 2007, em caráter provisório, mas, a partir de 2012,
passará a vigorar como lei. O primeiro prédio deverá ser certificado neste ano, na
forma de um estudo piloto.
Segundo Cichinelli (2009) o objetivo do Selo é estimular os construtores e
incorporadores a aderirem aos conceitos de eficiência energética em edificações,
viabilizando a implementação da Lei 10.295/01 (Lei de Eficiência Energética),
evidenciando o potencial expressivo de conservação de energia deste setor. A
economia pode chegar a 30% para edificações já existentes, se estas passarem por
uma intervenção tipo reforma e/ou atualização. Nas novas edificações, ao se utilizar
tecnologias energeticamente eficientes desde a concepção inicial do projeto, a
economia pode superar 50% do consumo, comparada com uma edificação
concebida sem uso dessas tecnologias.
Entre os itens a serem avaliados pelo programa estão o sistema de
iluminação, o sistema de condicionamento de ar e a envoltória. Para cada um deles
já existem pré-requisitos e recomendações para se alcançar as classificações que
vão de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. Para
cada item será atribuído um peso. A média ponderada das três etiquetas irá
determinar a classificação final do prédio.
Para o diretor de construção e projetos da Tishman Speyer do Brasil o
prazo de cinco anos para que o selo seja implementado em caráter obrigatório é
suficiente para as empresas se adaptarem às novas exigências, sobretudo porque
as tecnologias que proporcionam redução de consumo já estão disponíveis no
mercado. Apesar de o incorporador ter de desembolsar de 5% a 7% a mais no custo
34
de construção de edificações comerciais e residenciais, a economia gerada pode
chegar a até 40%, pagando o investimento em apenas três anos.
Os projetos poderão ser avaliados antes da execução das obras,
permitindo a identificação de itens críticos que coloquem em risco o conforto térmico
no ambiente construído. Já a fiscalização será feita de acordo com os projetos
certificados. Primeiro, certifica-se o projeto; em seguida, a obra pronta.
Com a concessão da etiqueta, e posteriormente do selo, o Ministério de
Minas e Energia acredita que será possível nortear parâmetros para construções
mais eficientes, estimulando o mercado a adotar as melhores práticas no que se
refere à economia de energia.
O processo de etiquetagem baseia-se na avaliação da edificação em
duas fases, de projeto e construída, através das seguintes fases:
• Nível de eficiência
O requerente deverá apresentar o projeto e autodeclarar, por meio de um
memorial de cálculo e diversas comprovações, o respectivo nível de eficiência
energética da sua edificação a um laboratório acreditado pelo Inmetro (Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
• Análise
Após a conferência dos dados, o laboratório valida ou não o nível
autodeclarado. É facultado ao laboratório reiniciar o processo, desde que toda a
documentação seja reapresentada com as devidas alterações para ser submetida a
nova análise.
• Etiqueta
A última fase é a avaliação da edificação construída. Através de uma
conferência por amostragem, verifica-se se a obra foi executada de acordo com as
premissas do projeto, que servem de base para a avaliação. A conferência é da
obra pronta e a etiqueta é datada (figura 12).
35
Figura 12 – Selo de Eficiência energética do Procel. (Fonte: Procel/ Eletrobrás, 2009)
4.5.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental
O sistema de certificação para empreendimentos sustentáveis AQUA é
uma adaptação do sistema francês Haute Qualité Environnementale e se autodenomina a primeira certificação nacional porque foi alterado para atender as
características ambientais do país. Para elaborar a certificação aplicável no Brasil foi
formada uma parceria entre a Fundação Vanzolini, a Escola Politécnica da USP e o
Centre Scientifique et Technique du Batiment (CSTB).
Empreendimentos
residenciais
e
comerciais,
pontes,
obras
de
pavimentação e saneamento podem ser certificadas desde que enquadrados nos 14
critérios que abrangem impactos ambientais no canteiro de obras, na implantação da
construção e no término na construção. Abrange também requisitos de conforto e
saúde do usuário.
O processo de certificação ocorre em três etapas. A primeira é feita
durante o planejamento do empreendimento, antes mesmo do projeto, ou seja,
quando é decidido a localização do empreendimento, qual o tipo de uso, a
36
funcionalidade e a missão ambiental. Após a conclusão dos projetos, que permitem
avaliar o desempenho dos 14 critérios de avaliação, tem-se a segunda etapa quando
é possível identificar se a qualificação é de nível bom, superior ou excelente. Esta é
a fase de concepção. Após a conclusão, é feita uma terceira avaliação e a
certificação, quando é verificado que de fato a construção atingiu os critérios de
desempenho e, então, é emitido o certificado (figura 13).
Figura 13 - Certificado Aqua. (Fonte: Casa AQUA, 2009).
Diferente das normas que temos hoje, cujos procedimentos são feitos por
meio de relatórios enviados à certificadora no exterior, o processo AQUA prevê
reuniões e visitas dos auditores durante todo o programa, concepção e realização da
obra, afirma o diretor de certificação da Fundação Vanzolini, José Joaquim do
Amaral Ferreira.
As principais adaptações para o Brasil são relativas à questão dos
materiais de construção, o nível de consumo de água e de energia e do conforto
térmico, que no Brasil são bem diferentes em relação a outros países. Mas há
também muitos pontos que são comuns a outros países, como o conforto visual,
olfativo, entre outros, e que foram mantidos no sistema brasileiro.
De acordo com informações divulgadas pela Fundação Vanzolini, a média
de custo adicional para a construção sustentável em relação à convencional gira em
37
torno de 5% do custo da obra. O valor da certificação está incluso nesses 5%, o que
representa 0,15% do custo da construção e a média de retorno desses 5% de
investimento acontece depois de um período de 2 a 5 anos, através da economia de
água, energia, manutenção e gestão de resíduos.
Categorias da Qualidade Ambiental do Edifício - QAE
• Eco-construção
Categoria 1: Relação do edifício com o seu entorno
Categoria 2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos
construtivos
Categoria 3: Canteiro de obras com baixo impacto ambiental
• Gestão
Categoria 4: Gestão da energia
Categoria 5: Gestão da água
Categoria 6: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
Categoria 7: Manutenção - Permanência do desempenho ambiental
• Conforto
Categoria 8: Conforto higrotérmico
Categoria 9: Conforto acústico
Categoria 10: Conforto visual
Categoria 11: Conforto olfativo
• Saúde
Categoria 12: Qualidade sanitária dos ambientes
Categoria 13: Qualidade sanitária do ar
Categoria 14: Qualidade sanitária da água
38
O desempenho associado às categorias de QAE se expressa segundo
três níveis:
BOM: nível que corresponde ao desempenho mínimo aceitável para um
empreendimento de Alta Qualidade Ambiental. Isso pode corresponder à
regulamentação se esta é suficientemente exigente quanto aos desempenhos de um
empreendimento, ou, na ausência desta, à prática corrente.
SUPERIOR: nível que corresponde ao das boas práticas.
EXCELENTE: nível calibrado em função dos desempenhos máximos
constatados em empreendimentos de Alta Qualidade Ambiental, mas se
assegurando que estes possam ser atingíveis.
A atribuição do certificado está vinculada à obtenção de um perfil mínimo
referente às 14 categorias (figura 14).
Figura 14 - Exigência de classificação segundo o HQE (Fonte: Referencial técnico de certificação Processo Aqua, 2007).
Atualmente está em processo de certificação a primeira construção com o
Selo Aqua - um resort no estado de Pernambuco, o que permitirá definir o referencial
brasileiro para hotéis (figura 15). O conjunto de normas que atenderá edifícios
residenciais está sendo adaptado pela Fundação Vanzolini em parceria com o
Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP, e deve ser
apresentado ao mercado ainda neste ano.
Figura 15 - Projeto The Reef Club - primeiro empreendimento em processo de certificação pelo Selo
Aqua (Fonte: Método Engenharia, 2008).
39
4.5.3. LEED - Leadership in Energy & Environmental Design
O sistema norte-americano LEED é uma ferramenta voluntária de
certificação ambiental da construção civil criado pelo USGBC, organização não
governamental Americana criada em 1993, com foco em sustentabilidade de
edificações e empreendimentos imobiliários. É composto por mais de 15.000
organizações da indústria da construção civil incluindo arquitetos, engenheiros,
construtores, agências governamentais, indústrias, universidades e organizações
sem fins lucrativos que buscam desenvolver construções que são ambientalmente
responsáveis e economicamente viáveis (USGBC 2008).
Sua aplicação é baseada na classificação e pontuação das soluções
sustentáveis de um projeto, avaliando o desempenho dos empreendimentos em seis
áreas-chave (espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera,
seleção de materiais e recursos, qualidade ambiental interna e inovação e
processos) através de um check list (figura 16) com pré-requisitos e créditos
agrupados em seis categorias ambientais. Os pré-requisitos são obrigatórios (figura
17) e a certificação base é atingida com a obtenção de um número mínimo de
créditos que varia de acordo com a categoria da edificação (figura 18).
LEED Application Guide
Sustainable Sites
easy
mod
Possible Points
14
diff
Prereq 1
Credit 1
Credit 2
Credit 3
Credit 4.1
Credit 4.2
Credit 4.3
Credit 4.4
Credit 5.1
Credit 5.2
Credit 6.1
Credit 6.2
Credit 7.1
Credit 7.2
Credit 8
Erosion and Sedimentation Control
Site Selection
Urban Redevelopment
Brownfield Redevelopment
Alternative Transportation, Locate Near Public Transportation
Alternative Transportation, Bicycle Storage & Changing Rooms
Alternative Transportation, Alternative Fuel Refueling Stations
Alternative Transportation, Minimum or No New Parking
Reduced Site Disturbance, Protect or Restore Open Space
Reduced Site Disturbance, Reduce Footprint & Increase Open Space
Stormwater Management, No Net Increase or 25% Decrease
Stormwater Management, Treatment System
Landscape & Exterior Design to Reduce Heat Island, Site Surfaces
Landscape & Exterior Design to Reduce Heat Island, Roof Surfaces
Light Pollution Reduction
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
40
Water Efficiency
easy
mod
Credit 1
Credit 2
Credit 3
mod
13
0
3
2
2
2
1
1
1
1
Storage & Collections of Recyclabes
Building Reuse, Maintain 75-100% of Existing Shell & 0-50% of Non-Shell
Construction Waste Management, Salvage or Recycle 50-70%
Resource Reuse, Specify 5-10%
Recycled Content, Specify 25-50%
Local/Regional Materials, 20% Manufactured Locally
Local/Regional Materials, of 20% Above 50% Harvested Locally
Rapidly Renewable Materials
Certified Wood
Indoor Environmental Quality
mod
Possible Points
diff
Prereq 1
Credit 1
Credit 2
Credit 3
Credit 4
Credit 5.1
Credit 5.2
Credit 6
Credit 7
easy
17
0
0
0
10
3
1
1
1
1
Fundamental Building Systems Commisioning
Minimum Energy Performance
CFC Reduction in HVAC&R Equipment
Optimize Energy Performance, 20-60% New 10-50% Existing
Renewable Energy, 5-20%
Additional Commisioning
Ozone Depletion
Measurement and Verification
Green Power
Materials & Resources
mod
Possible Points
diff
Prereq 1
Prereq 2
Prereq 3
Credit 1
Credit 2
Credit 3
Credit 4
Credit 5
Credit 6
easy
5
2
1
2
Water Efficient Landscaping, 50% Reduction to Portable Free System
Innovative Wastewater Technologies
Water Use Reduction, 20-30%
Energy & Atmosphere
easy
Possible Points
diff
Possible Points
15
diff
Prereq 1
Prereq 2
Credit 1
Credit 2
Credit 3.1
Credit 3.2
Credit 4.1
Credit 4.2
Credit 4.3
Credit 4.4
Credit 5
Credit 6.1
Credit 6.2
Credit 7.1
Credit 7.2
Credit 8.1
Credit 8.2
Minimum IAQ Performance
Environmental Tobacco Smoke (ETS) Control
Carbon Dioxide (CO2) Monitoring
Increase Ventilation Effectiveness
Construction IAQ Management Plan, Prior
Construction IAQ Management Plan, During
Low-Emitting Materials, Adhesives
Low-Emitting Materials, Paints
Low-Emitting Materials, Carpet
Low-Emitting Materials, Composite Wood
Indoor Chemical and Pollutant Source Control
Controllability of Systems, Operable Window
Controllability of Systems, Individual Controls
Thermal Comfort, Comply with ASHRAE 55-1992
Thermal Comfort, Permanent Monitoring System
Daylight and Views, Diffuse Sunlight to 90%
Daylight and Views, Direct Line of Site to 90%
0
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
41
Innovation & Design Process
easy
mod
Possible Points
Credit 1.1
Credit 1.2
Credit 1.3
Credit 1.4
Credit 2
mod
1
1
1
1
1
Innovation in Design
Innovation in Design
Innovation in Design
Innovation in Design
LEEDTM Accredited Professional
Total Project Score
easy
5
diff
Possible Points
69
diff
LEED Certified: 26 – 32 points, LEED Silver: 33 – 38 points
LEED Gold: 39 – 51 points, LEED Platinum: 52 – 69 points
Figura 16 - Check list da ferramenta LEED-NC (Fonte:USGBC, 2008).
PRÉ-REQUISITOS
OBJETIVO
Pré-requisito 1 – Espaço Sustentável (SS)
Prevenção da poluição na atividade da construção
Reduzir a poluição das atividades de construção,
controlando poeira, erosão do solo e sedimentação
de cursos de água.
Pré-requisito 2 – Energia e Atmosfera (EA)
Comissionamento fundamental dos sistemas de
energia da construção
Verificar se os sistemas de energia estão instalados,
calibrados e com desempenho de acordo com o
previsto em projeto
Pré-requisito 3 – Energia e Atmosfera (EA)
Desempenho de consumo mínimo de energia
Estabelecer nível mínimo de eficiência energética
para o prédio e seus sistemas
Pré-requisito 4 – Energia e Atmosfera (EA)
Gerenciamento fundamental de gases refrigerantes
Reduzir a destruição da camada de ozônio através de
uso zero de fluidos refrigerantes à base de CFC
Pré-requisito 5 – Materiais e Recursos (MR)
Estocagem e coleta de materiais recicláveis
Prever espaço para coleta seletiva de lixo na fase de
obra e operação do edifício
Pré-requisito 6 – Qualidade Ambiental Interna (EQ)
Desempenho mínimo da qualidade do ar interior
Estabelecer desempenho mínimo de qualidade do ar
interno contribuindo para o conforto e bem estar dos
funcionários
Pré-requisito 7 – Qualidade Ambiental Interna (EQ)
Controle de Fumaça de Tabaco no Ambiente
Prevenir ou minimizar a exposição dos ocupantes do
edifício, superfícies internas e sistema de distribuição
de ar à fumaça de cigarro
Figura 17 – Pré-requisitos por categoria para o LEED-NC (Fonte: CASADO, 2008).
42
ESPAÇO SUSTENTÁVEL - SS
CR 1
Seleção do local do empreendimento
CR 2
Densidade urbana/conectividade com comunidade
CR 3
Recuperação de áreas contaminadas
CR 4.1
Transporte alternativo – Acesso transporte público
CR 4.2
Transporte alternativo – Bicicletário e vestiários
CR 4.3
Transporte alternativo – Veículos de baixa emissão e consumo eficiente
CR 4.4
Transporte alternativo – Redução da capacidade de estacionamento
CR 5.1
Diminuição de impacto de implantação – Proteção/restauração do Habitat
CR 5.2
Diminuição de impacto de implantação – Maximização de espaços abertos
CR 6.1
Águas pluviais – Controle de quantidade
CR 6.2
Águas pluviais – Controle de qualidade
CR 7.1
Redução de ilhas de calor – Áreas abertas
CR 7.2
Redução de ilhas de calor – Áreas de cobertura
CR 8
Redução de poluição luminosa
USO EFICIENTE DA ÁGUA - WE
CR 1.1
Paisagismo com uso eficiente de água-redução de 50%
CR 1.2
Paisagismo com uso eficiente de água-uso de água não potável/não irrigação
CR 2
Inovação em tecnologia de tratamento de águas servidas
CR 3.1
Redução do uso de água potável – 20%
CR 3.2
Redução do uso da água potável – 30%
43
ENERGIA E ATMOSFERA - EA
CR 1.1
Otimização do desempenho energético – 10,5%
CR 1.2
Otimização do desempenho energético – 14%
CR 1.3
Otimização do desempenho energético – 17,5%
CR 1.4
Otimização do desempenho energético – 21%
CR 1.5
Otimização do desempenho energético – 24,5%
CR 1.6
Otimização do desempenho energético – 28%
CR 1.7
Otimização do desempenho energético – 31,5%
CR 1.8
Otimização do desempenho energético – 35%
CR 1.9
Otimização do desempenho energético – 38,5%
CR 1.10
Otimização do desempenho energético – 42%
CR 2.1
Geração local de energia renovável – 2,5%
CR 2.2
Geração local de energia renovável – 7,5%
CR 2.3
Geração local de energia renovável – 12,5%
CR 3
Melhorias no Comissionamento
CR 4
Gerenciamento intensificado de gases refrigerantes
CR 5
Plano de Medição e verificação
CR 6
Uso de energia renovável comprada de concessionária
MATERIAIS E RECURSOS - MR
CR 1.1
Reuso de construção – aproveitamento de 75% de parede/piso/cobertura
CR 1.2
Reuso de construção – aproveitamento de 100% de parede/piso/cobertura
CR 1.3
Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos internos não estruturais
CR 2.1
Gestão de resíduos da construção – Destinar 50% para reuso (in loco ou fora)
CR 2.2
Gestão de resíduos da construção – Destinar 75% para reuso (in loco ou fora)
CR 3.1
Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado
CR 3.2
Reuso de materiais – 10% do material de construção orçado
CR 4.1
Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material de construção orçado
CR 4.2
Material reciclado pré ou pós consumo – 20% do material de construção orçado
CR 5.1
Materiais regionais – 10% do material de construção orçado
CR 5.2
Materiais regionais – 20% do material de construção orçado
CR 6
Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de construção orçado
CR 7
Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira
44
QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA - EQ
CR 1
Monitoramento do ar externo entregue
CR 2
Aumento da ventilação natural ou forçada
CR 3.1
Plano de gerenciamento da qualidade do ar – construção
CR 3.2
Plano de gerenciamento da qualidade do ar – pré-ocupação
CR 4.1
Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes
CR 4.2
Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos
CR 4.3
Materiais com baixa emissão – carpetes
CR 4.4
Materiais com baixa emissão – adesivos e compensados e laminados
CR 5
Controle de produtos químicos e fontes de poluição interior
CR 6.1
Controle do sistema de iluminação
CR 6.2
Controle do sistema de temperatura e ventilação
CR 7.1
Conforto térmico – projeto
CR 7.2
Conforto térmico – verificação
CR 8.1
Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços
CR 8.2
Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços
INOVAÇÃO E PROCESSO DE DESIGN - IN
CR 1.1
Inovação em projeto
CR 1.2
Inovação em projeto
CR 1.3
Inovação em projeto
CR 1.4
Inovação em projeto
CR 2
Profissional acreditado LEED
Figura 18 – Créditos por categoria para o LEED-NC (Fonte: GBC Brasil, 2009).
Todos os créditos têm peso igual e não existe uma pontuação mínima
exigida em cada categoria. Assim, esse sistema permite que o projetista possa
escolher quais são os créditos a serem obtidos o que torna a ferramenta mais
amigável e aplicável, de fácil incorporação à prática profissional. De acordo com a
pontuação obtida, têm-se quatro níveis de certificação: Certificado, Prata, Ouro e
Platina (figura 19).
45
NÍVEL DE CERTIFICAÇÃO
PONTUAÇÃO
PESO
Certificado
26 a 32 pontos
38 a 46%
Prata
33 a 38 pontos
47 a 55%
Ouro
39 a 51 pontos
56 a 74%
Platina
52 a 69 pontos
75 a 100%
Figura 19 – Pontuação e níveis de certificação para o LEED-NC (Fonte: CASADO, 2008).
Os critérios de avaliação são específicos para contemplar diferentes
edificações. A regra LEED NC - Novas Construções aplica-se a empreendimentos
de escritórios em que o proprietário ou locatário detenha 51% ou mais da ocupação.
Neste caso, a certificação trata a construção como sede de empresa e avalia
desempenho de núcleo, fechamentos, móveis, luminárias e todos os demais itens
internos. Nos edifícios de escritório em que o proprietário ou um locatário isolado
não detenha mais da metade da ocupação, a regra que deve ser aplicada é a LEEDCS (Core and Shell), que certifica apenas o núcleo e envoltório. Os ocupantes
podem, no entanto, obter classificações independentes para o interior de seus
escritórios de acordo com o LEED-CI (Commercial Interiors). Somadas, as regras
LEED-CS e LEED-CI correspondem ao LEED-NC.
Além dos parâmetros para construções comerciais, o LEED oferece regras
para outros cinco tipos de edificações: LEED-EB (Existing Building) para
maximização da operação e da manutenção de edifícios existentes; LEED for
Homes para projeto e construção de edifícios residenciais, LEED-ND (Neighborhood
Development) para desenvolvimento de loteamentos, urbanismo e equipamentos
comunitários e o LEED Schools para projetos educacionais.
O sistema de avaliação da ferramenta é desenvolvido através de um
processo aberto e consensual conduzido por comitês, divididos em cinco subcomitês
temáticos que abordam os cinco critérios de avaliação da ferramenta LEED:
Materiais e Recursos (MR), Energia e Atmosfera (EA), Espaço Sustentável - Site
(SS), Qualidade Ambiental Interna (EQ) e o Uso Racional da Água (WE). Os comitês
são voluntários e compostos por um diverso grupo de profissionais, responsáveis
pelo desenvolvimento, implementação e revisões do sistema. Por lidar com critérios
de desempenho, em geral, o sistema de avaliação é revisto a cada dois anos. Da
46
mesma forma, os edifícios certificados devem passar pela verificação de
desempenho a cada dois anos (GONÇALVES, 2006).
Segundo dados do GBC um edifício certificado com o LEED pode diminuir
em 30% o consumo de energia; 35% de emissões de carbono; 30-50% de consumo
de água e 50-90% da geração de resíduos. Ao introduzir nas edificações os
conceitos de sustentabilidade ambiental, o sistema orienta os projetistas,
construtores e empresários a construir de forma a maximizar o desempenho do
edifício, tanto ambiental quanto econômico (USGBC, 2008).
O processo de certificação é dividido em duas fases. A primeira é o
registro da edificação no USGBC. A segunda é a pré-certificação, concedida com
base no desempenho dos itens previstos em projeto.
A certificação real ocorre
somente após a conclusão da obra, quando todos os sistemas são rigorosamente
auditados. Depois de certificado, a edificação terá o direito de usar o selo LEED pelo
período de dois anos. Ao final deste prazo, para conservar a certificação o edifício
deve ter sua operação e sistemas sustentáveis reavaliados. Se não houver interesse
na renovação, perde-se o direito de usar o selo.
A comprovação de atendimento aos pré-requisitos e créditos para
obtenção de cada ponto requerido é feita através de documentação específica para
cada um dos pré-requisitos e créditos. Esta documentação engloba formulários
padrão do LEED, desenhos, fotografias, memoriais de cálculo, simulações
energéticas e de iluminação, documentação, notas fiscais, medições entre outros.
O custo do processo de certificação junto ao USGBC é de US$600,00
para o registro. Para a análise e certificação, os valores variam de acordo com a
área do empreendimento (figura 20).
ÁREA (m²)
ANÁLISE DE PROJETO
CERTIFICAÇÃO
Até 4.645,00
US$ 1.500,00
US$ 750,00
4.646,00 a 46.451,00
0,32 US$/m²
0,16 US$/m²
Superior a 46.452,00
US$ 15.000,00
US$ 7.500,00
Figura 20 – Custo do processo de certificação junto ao USGBC (Fonte: CASADO, 2008).
O custo da consultoria (não obrigatória) fica em torno de 0,5 a 1% do valor
da obra. Para empreendimentos certificados na categoria Platina, o sistema dá a
47
certificação, de forma a incentivar a busca da pontuação máxima e de edificações
cada vez mais eficientes.
Segundo o USGBC, têm-se as seguintes estimativas de custos adicionais
nas construções certificadas (figura 21):
NÍVEL DE CERTIFICAÇÃO
ACRÉSCIMO NO CUSTO DE
CONSTRUÇÃO (%)
Certificado
0,5 a 1
Prata
1a2
Ouro
2a4
Platina
4a7
Figura 21 – Acréscimo do custo da construção de acordo com o nível de certificação (Fonte:
CASADO, 2008).
A partir de 27 de abril de 2009 entrará em vigor a nova versão do LEED
(V3), com alterações significativas no número de créditos (passando de 69 para 100)
e na pontuação a ser atingida em cada nível de certificação. A nova versão também
incluirá diretrizes atualizadas para a Avaliação de Energia e Design Ambiental e um
sistema de avaliação por terceiros, através de organismos de certificação
independentes.
4.5.3.1. Adaptação do Selo LEED para o Brasil
A ferramenta já vem sendo aplicada no Brasil desde 2004, quando os
primeiros projetos brasileiros foram registrados no USGBC para a obtenção da
certificação. O primeiro projeto a obter o selo LEED foi a Agência do Banco Real na
Granja
Viana
em
Cotia,
SP.
Atualmente,
existem
aproximadamente
12
empreendimentos buscando pré-certificação no LEED-CS na cidade de São Paulo e
três já estão pré-certificados, sendo um residencial.
No Rio de Janeiro, o edifício Cidade Nova foi o primeiro empreendimento a
receber a certificação LEED Core & Shell do país e da América Latina e a segunda
fora dos Estados Unidos.
48
Desde então surgiram vários questionamentos pela utilização de um
sistema não adaptado à realidade da construção civil brasileira e que é referenciado
em normas e padrões americanos para qualificar as edificações, o que dificulta a
obtenção dos créditos no Brasil. Para otimizar o processo de certificação no Brasil,
foi criado o GBC Brasil (filial do USGBC) no segundo semestre de 2007, que
contribuiu para consolidar a evolução do mercado de edifícios verdes e certificação
LEED. No início de 2008 iniciaram-se os trabalhos para a adaptação da ferramenta
para a realidade brasileira.
O processo de regionalização é voluntário e está sendo formulado por um
Comitê de Adaptação do GBC Brasil, que reúne especialistas em construção e meio
ambiente, professores e pesquisadores universitários, empresários, fabricantes de
matéria-prima e de equipamentos e associações de classe.
O LEED Brasil levará em consideração as peculiaridades do setor da
construção no Brasil, reavaliando seus temas centrais e redimensionamento do
sistema de pontos com o objetivo de estimular a adoção de práticas sustentáveis
inovadoras no país. Incluirá também questões referentes ao sistema métrico,
medidas de desempenho, como as do sistema da American Society of Heating,
Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE), e da regulamentação
brasileira.
No sistema adaptado, o tema da sustentabilidade estará intrinsecamente
relacionado às questões sócio-ambientais. Serão criadas duas novas categorias,
referentes à biodiversidade e o impacto social positivo de uma construção. A versão
nacional da certificação de sustentabilidade também vai premiar edifícios que
privilegiem a acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência, a redução de
consumo de água e o aquecimento solar.
O sistema de pontuação brasileiro também deverá ser alterado,
acompanhando a revisão em curso dos requisitos do LEED nos Estados Unidos.
Com a mudança, a nota máxima possível na modalidade de Novas Construções
passará dos atuais 69 pontos para 100 - mais assimilável pelo mercado imobiliário,
segundo o GBC Brasil. Para chegar ao novo valor, foram ponderadas as pontuações
parciais de cada um dos cinco itens avaliados: Espaço Sustentável, Energia e
Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna e Uso Racional da
Água.
49
Até agora, o LEED brasileiro traz sete novos créditos em sua lista de
exigências. No item Espaço Sustentável foram incluídos os requisitos “Adequação
da acessibilidade interna” e “Adequação da acessibilidade externa”. Também deve
ser criado um crédito para o empreendimento que desenvolva um Plano de Impacto
Ambiental, uma espécie de mini EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório
de Impacto Ambiental). Edifícios que instalarem sistemas de medição individualizada
e de aquecimento solar de água ganharão pontos nos itens Uso Racional da Água e
Energia e Atmosfera. Por fim, no item Materiais e Recursos, serão reconhecidos os
empreendimentos que contem com projeto de limitação de geração de resíduos e de
reuso de materiais e equipamentos (uso após desmontagem). Outra novidade é que
o LEED brasileiro deve acabar com a possibilidade de que os edifícios tenham um
espaço exclusivo para fumantes.
A previsão é que o sistema regionalizado esteja disponível no segundo
semestre de 2009.
4.5.3.2. Projetos Certificados e Pré-Certificados com o LEED no Brasil
4.5.3.2.1. Certificação da Agência do Banco Real - Cotia
O projeto da agência do Banco Real em Cotia, no estado de São Paulo, foi
o primeiro projeto a obter a certificação LEED NC no Brasil e na América do Sul
(figura 22). Foi desenvolvido pela Superintendência de Engenharia e Arquitetura do
banco com o acompanhamento do arquiteto Roberto Oranje e do engenheiro Marcos
Casado e possui área construída de 600 m², em um terreno de 875 m².
Figura 22 - Agência do Banco Real em Cotia (Fonte: DIVULGAÇÃO BANCO REAL, 2007).
50
A certificação, obtida na categoria Prata (figura 23), foi dada à agência,
inaugurada em janeiro de 2007, com um custo cerca de 30% maior do que o de uma
agência tradicional. Segundo o Engenheiro Marcos Casado, que participou do
processo de certificação, esse valor elevado se deu por causa do processo
experimental que foi utilizado no desenvolvimento do projeto e da obra, pois muitas
das tecnologias e materiais utilizados tiveram que ser testados e verificados quanto
ao seu desempenho ambiental.
Figura 23 - Certificado do Banco Real na Granja Viana (Fonte: CASADO, 2008).
Hoje, o projeto tem um caráter educacional explorado pela empresa.
Clientes e usuários que visitarem a agência encontrarão, em displays espalhados
por todo o prédio, a explicação sobre cada diferencial construtivo utilizado (figura 24)
e são oferecidas visitas monitoradas onde são apresentadas as soluções adotadas e
os preceitos da construção sustentável empregados no projeto.
51
Figura 24 - Sistemas construtivos da Agência do Banco Real na Granja Viana (Fonte: CASADO,
2008).
Em relação às categorias de certificação, o projeto apresenta as
seguintes soluções:
• Espaço: O terreno selecionado está dentro de uma área onde já existia
infra-estrutura (rede de água, eletricidade, ruas pavimentadas, etc.), evitando a
geração de novos impactos ambientais. Possui alta conectividade com a
52
comunidade, e funcionários e clientes dispõem de 23 tipos de serviços num raio de
800 m. (Ex.: locadora de vídeo, restaurante, supermercado, farmácia, posto de
gasolina etc.). A existência de cinco pontos de ônibus em um raio de 400 metros no
entorno da agência estimula a utilização desse meio de transporte como forma
alternativa para reduzir os impactos causados pela grande circulação de
automóveis. Foi desenvolvido e concretizado o Plano de Controle de Sedimentação
e Erosão para a construção e 25,5% do terreno da agência são áreas verdes; foram
previstas vagas de estacionamento preferencial para transporte solidário e vagas
preferenciais para veículos com baixa emissão ou consumo eficiente. Foram
utilizados
materiais
e
equipamentos
sem
gás
clorofluorcarbono
(CFC)
e
Hidroclorofluorcarbono (HFC) que não contribuem para a destruição da camada de
ozônio e para o aquecimento global.
• Racionalização do uso da água: 100% da água para irrigação provêm de
reaproveitamento e tratamento e 85% do consumo de água potável da agência
foram reduzidos em função das medidas de racionalização, reaproveitamento e
captação de águas de chuva. As águas servidas (lavatórios), águas pluviais, águas
de infiltração e de esgoto são tratadas sem o uso de energia e de substâncias
químicas de efeito residual. Foram instaladas torneiras com sensores e bacias
sanitárias de alta eficiência com duplo fluxo de funcionamento, reduzindo o consumo
de água potável.
• Eficiência energética: Integração do projeto de arquitetura com os de
iluminação e de ar condicionado, a fim de reduzir os gastos na compra e operação
de equipamentos de ar condicionado e iluminação, devido à redução de carga
térmica. Para redução do calor proveniente de áreas não cobertas, o projeto
combinou áreas sombreadas com materiais de alta refletância solar, reduzindo em
84% o calor proveniente de áreas não cobertas e resultando em uma eficiência
energética 15% superior a um projeto convencional. Sensores de presença
desligando a iluminação após desocupação do ambiente, a utilização de painéis
fotovoltaicos e a redução da necessidade de iluminação artificial também reduziram
os gastos energéticos e contribuíram para a redução da demanda energética
nacional e gasto com a conta de iluminação.
53
• Sustentabilidade dos materiais: Para minimizar os resíduos, 77% do lixo
e do entulho da construção foram reutilizados e reciclados, a fim de ampliar a vida
útil de aterros sanitários e diminuir o impacto sobre o meio ambiente. Também foi
realizada a separação, armazenamento e coleta de materiais recicláveis na agência,
desde a fase da construção. Em relação aos materiais de construção, foi utilizado
cimento produzido com resíduos de altos fornos siderúrgicos, blocos e painéis
divisórios sem amianto, tintas e massa corrida sem solventes e carpetes com fibras
de garrafas PET recicladas. 72% da madeira utilizada, inclusive do mobiliário, é
certificada pelo FSC; 59% dos materiais utilizados na construção tiveram origem em
um raio de menos de 800 km, proporcionando a redução da poluição, do desgaste
de rodovias e pneus, menos poluição atmosférica e menos combustíveis fósseis e
17% de todos os materiais empregados são de rápida renovação na natureza (10 ou
menos anos).
• Qualidade ambiental interna: o gerenciamento do ar durante a
construção minimizou o impacto da obra sobre a equipe de trabalho e vizinhança, e
garantiu a qualidade do ar interior durante a fase operacional, com impacto direto em
produtividade, bem estar e conforto dos funcionários e clientes da agência. É
proibido fumar dentro do empreendimento, evitando a exposição dos ocupantes à
fumaça de tabaco e mantendo a qualidade interna do ar. Os materiais utilizados
(tintas e carpetes) possuem baixo índice de compostos orgânicos voláteis (COV’s) e
não foram empregados anti-corrosivos e anti-ferruginosos, preservando a saúde de
funcionários da obra e ocupantes da agência. O número de trocas de ar dentro da
agência é 30% maior que o mínimo estabelecido em norma, visando diminuir
problemas respiratórios, alérgicos e menor disseminação de gripes e 78% dos
ambientes internos da agência tem acesso à iluminação natural e vista externa,
criando espaços internos mais agradáveis.
54
4.5.3.2.2. Pré-certificação do Laboratório Delboni Auriemo Luiz Dumont Villares São Paulo
O projeto para o laboratório Delboni Auriemo, com 3.000 m² de área
construída em um terreno de 1.200 m², foi o segundo no país a obter a certificação
LEED NC, somando 33 pontos e obtendo grau Prata (figura 25 e 26). O edifício foi
construído pela RMA Engenharia Integrada e contou com uma equipe especializada
para realizar este projeto, além de projetistas para o desenvolvimento dos projetos
complementares e consultoria especializada em desenvolvimento e implantação de
projetos sustentáveis baseados na norma LEED. Segundo Coudry, gestor de
negócios da empresa, todos os itens especiais resultaram em um aumento de
custos entre 10% e 15% em relação a uma obra convencional. Mas os custos mais
elevados compensam ao final, não só pela economia que geram na operação e
manutenção do prédio - entre 10% a 15% de redução nas despesas operacionais mas, principalmente, pelo impacto que geram na imagem do laboratório.
Figura 25 – Laboratório Delboni Auriemo (Fonte: CASADO, 2008).
55
Figura 26 – Pontuação obtida pelo empreendimento (Fonte: CASADO, 2008)
Segundo Andreson Benite, Diretor de Sustentabilidade da CTE (empresa
de consultoria do projeto), uma das contribuições mais importantes neste projeto é a
desmistificação da ideia de que edifícios sustentáveis envolvem altos custos,
sistemas
construtivos
diferentes
e
soluções
de
projeto
complexas.
“O
empreendimento comprovou que é possível desenvolver um edifício sustentável com
sistemas e tecnologias simples, sem investimentos extraordinários, como se pensa
ainda hoje” (figura 27).
56
Figura 27 – Soluções de projeto adotadas (Fonte: CASADO, 2008)
Segundo o GBC Brasil, o empreendimento apresenta as seguintes
propostas em relação às soluções de projeto:
• Espaço: escolha criteriosa do terreno, levando em consideração opções
de transporte coletivo, como ônibus e metrô, para diminuir o trânsito local. Instalação
de bicicletário e chuveiros para uso de funcionários que optem por esse tipo de
transporte. O estacionamento oferece vagas preferenciais para automóveis com
combustível alternativo de baixa emissão, como gás natural e álcool, além de vagas
preferenciais também para carros com mais de um passageiro, incentivando a
prática da carona. Para diminuir a emissão de poluentes no ar durante a construção,
foram requisitados fornecedores da região, limitando assim a um dia o uso de
caminhões de carga. Foram criadas áreas verdes na cobertura para lazer dos
funcionários e o paisagismo fez uso de plantas nativas. O sistema de concregrama,
que facilita a drenagem do solo, diminui os custos de manutenção e consumo de
água. Todos os resíduos de lixo gerados pelo estabelecimento são separados de
57
maneira que facilite sua coleta e reciclagem. Uso de tintas claras nas coberturas
para redução do efeito de ilhas de calor no micro clima local.
• Racionalização do uso da água: Nos banheiros foram instaladas válvulas de
descarga com vazão dupla de 3 ou 6l e torneiras automáticas, com redução do
consumo de água em mais de 30%.
• Eficiência energética: o projeto arquitetônico utilizou pele de vidro tipo
structural glazing, com alto índice de refletância e melhor isolamento térmico. O
projeto de iluminação previu sensores de presença e interruptores em cada
ambiente para diminuir o consumo de energia, além de luminárias com reatores com
maior fator de potência.
• Sustentabilidade dos materiais: 100% da madeira utilizada é certificada pelo
FSC. Uso de diversos materiais que apresentam em sua composição alto conteúdo
reciclado, como o gesso acartonado, o piso cerâmico, piso vinílico, vidro e
argamassa. Reciclagem ou reuso de 98% dos resíduos de obra e 60% de produtos
extraídos, beneficiados e manufaturados localmente.
• Qualidade ambiental interna: O sistema de ar condicionado utiliza gás
ecológico R407 e não o CFC, causador do efeito estufa, o que o torna mais
econômico e menos poluente. Também possibilita o controle de uso e temperatura
por áreas, tornando-se mais eficiênte. Uso de tintas, selantes e colas que, em sua
composição, apresentam baixa quantidade de Compostos Orgânicos Voláteis.
4.5.3.2.3. Pré-certificação do Edifício Rochaverá Corporate Towers - São Paulo
O Rochaverá Corporate Towers é um empreendimento composto de
quatro torres, que, quando concluídas, somarão 230 mil metros quadrados de área
construída, em um terreno de 33.000 m² situado na marginal Pinheiros entre os
shoppings centers Morumbi e Market Place (figuras 28 e 29). O projeto desenvolvido
pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos teve sua primeira etapa construída em
58
2008, composta de duas torres idênticas com 66.000 m² cada uma. Com
investimentos de R$ 600 milhões, realizados por duas empresas internacionais do
setor imobiliário (a norte-americana Tishman Speyer e a empresa inglesa Autonomy
Investimentos) o edifício foi pré-certificado na categoria Ouro, que exige a obtenção
de pelo menos 39 pontos.
Figura 28 – Vista Rochaverá Corporate Towers (Fonte: REVISTA AU, 2008).
Figura 29 – Praça de acesso (Fonte: REVISTA AU, 2008).
Além de prever áreas verdes e praças para convívio e bem-estar dos
usuários e transeuntes, o projeto de arquitetura privilegia a flexibilidade dos
escritórios, que dispõe de área livre entre as janelas e o núcleo da construção, sem
colunas. Os elevadores ficam no centro das torres, de forma que as laterais sejam
todas ocupadas por janelas. Dessa forma, há uma superfície maior para incidência
de luz natural e as lâmpadas não precisam ficar ligadas o tempo todo. Para evitar o
uso desnecessário de ar condicionado, o lado oeste - mais sujeito à ação solar - tem
placas de granito intercaladas com os vidros para impedir o aquecimento interno. Do
outro lado, há somente vidro. A fachada é composta por vidros laminados refletivos
especiais, de 10 mm, com alta transmitância luminosa e baixa transmissão térmica.
Na cobertura, foram usadas tintas reflexivas para que o calor não seja absorvido e
proposto um jardim para absorver a água da chuva (figura 30). Além de servir como
isolamento térmico, a cobertura verde evita a impermeabilização de uma superfície
grande.
O projeto hidráulico previu dispositivos economizadores como válvulas de
descarga com acionamentos independentes para líquidos e sólidos, torneiras
59
temporizadas e sensor de presença nos mictórios permitirão uma redução de 30%
no consumo de água.
A distribuição de ar é feita com sistema de volume de ar variável (VAV)
automatizado, que garante máxima eficiência e menor consumo de energia elétrica.
Nesse sentido, as quatro torres conciliarão o que há de mais moderno como o ar
condicionado inteligente, que permitirá a adequação da temperatura aos diversos
pontos dos andares aumentando o conforto térmico dos usuários. Os componentes
do sistema de ar condicionado foram totalmente pré-fabricados de modo a garantir a
eficácia, performance do sistema e redução de tempo de montagem, minimizando a
exposição dos componentes ao acúmulo de sujidades, propiciando uma melhor
qualidade do ar interior.
No sistema elétrico, o gerenciamento da iluminação auxilia tanto no
controle quanto na economia de energia. Assim é possível monitorar o consumo por
conjunto, através de medidores de energia individualizados ligados em rede. O
sistema de utilidades controla e monitora o sistema de bombas de água servida,
esgoto, recalque, águas pluviais e sistema de reutilização de águas pluviais. No
empreendimento foi implantada uma central de co-geração de energia (na verdade
uma usina de geração a gás) que pode segurar toda energia das primeiras torres do
projeto.
O sistema de controle de acesso também está interligado ao sistema de
controle dos elevadores, otimizando a chamada dos elevadores. Quando o usuário
passa seu cartão de acesso pelas catracas no térreo, a mesma já direciona o
usuário para o elevador determinado. Já os elevadores, com antecipação de
chamada nos andares, indicam ao usuário qual a cabine a ser utilizada, levando-se
em conta o menor trajeto a ser percorrido e a otimização da ocupação, gerando
economia de energia.
60
Figura 30 – Cobertura verde. (Fonte: REVISTA AU, 2008)
61
5. METODOLOGIA
Para que se possa avaliar a relevância da etapa do projeto arquitetônico
no processo de certificação ambiental LEED-NC, a metodologia escolhida foi o
estudo de caso de um projeto arquitetônico na fase executiva/detalhamento, para
uma edificação nova, que se enquadre no sistema de certificação escolhido – LEED
NC e que já tenha concluído o processo de desenvolvimento dos projetos
complementares de infra-estrutura – projetos hidráulico, elétrico e de ar
condicionado com fase de orçamento detalhado.
O trabalho se organiza através das seguintes etapas:
• Classificação dos pré-requisitos e créditos de acordo com a fase de
implantação – projeto (arquitetônico, hidráulico, elétrico, condicionamento de ar),
execução e operação;
• Tabulação dos pré-requisitos e créditos pertinentes à fase de projeto por
fase de desenvolvimento;
• Verificação do peso da etapa de projeto e do projeto arquitetônico no
processo de certificação;
• Aplicação dos créditos de projeto arquitetônico no projeto de referência
para verificar os pré-requisitos e créditos já atendidos e possíveis de serem
atendidos na fase do projeto arquitetônico, considerando o impacto de implantação
de acordo com a seguinte classificação: créditos obtidos através do uso de
tecnologias, práticas e materiais usuais no mercado x necessidade de uso de
tecnologias, práticas e materiais novos; créditos já obtidos ou com necessidade de
pequenas adaptações do projeto e troca de especificações de materiais x alteração
de soluções e partido de projeto.
• Tabulação dos créditos x dificuldade de obtenção;
• Análise do desempenho ambiental do projeto arquitetônico nas seis
categorias de avaliação da ferramenta LEED (Espaço Sustentável, Eficiência do Uso
da Água, Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna,
Inovação e Processos);
• Verificação da pontuação máxima do empreendimento a ser obtida com
o projeto arquitetônico respeitando o partido geral do projeto escolhido e a
62
viabilidade técnica das soluções (considerando a obtenção de todos os créditos
possíveis com nenhum ou baixo impacto de implantação);
• Análise dos ganhos ambientais e potencialidades a serem desenvolvidas
no projeto arquitetônico em relação ao impacto ao meio ambiente e à
sustentabilidade, considerando o resultado da aplicação da ferramenta.
5.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS
Para a classificação dos pré-requisitos e dos créditos foi levada em
consideração a etapa em que o atendimento às exigências de cada item é
efetivamente
consolidado
-
projeto
(arquitetônico,
hidráulico,
elétrico,
ar
condicionado), execução ou operação do empreendimento, através da análise dos
objetivos e dos requisitos de cada item de certificação. Também foram avaliadas
quais as decisões técnicas pertinentes a serem tomadas e qual o profissional
envolvido diretamente no processo. Alguns deles, por sua complexidade, são
obtidos envolvendo mais de uma etapa; para estes créditos, a classificação adotada
levou em consideração o profissional cuja área de atuação seja pertinente ao
objetivo do crédito. A seguinte descrição dos objetivos e créditos dos itens de
certificação da ferramenta foi feita através da transcrição da norma americana.
5.1.1. Espaço Sustentável
• Pré-requisito 1 – Prevenção da poluição na atividade da construção
Objetivo: Reduzir a produção de poluição gerada pelas atividades da
construção, controlando a erosão do solo, sedimentação dos cursos de água e
geração de poeiras.
Requisitos: Criar e implementar um Plano de Controle de Sedimentação e
Erosão que previna a perda de solo por águas de chuva ou vento, incluindo
escavações estocadas para reuso, prevenir a sedimentação no sistema de águas
pluviais e cursos de água e prevenir a poluição do ar por partículas e poeiras
geradas pela obra.
Fase de implantação: execução.
63
• Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento
Objetivo: Evitar o uso de locais não apropriados e reduzir o impacto
ambiental da implantação dos empreendimentos.
Requisitos: Não implantar edifícios, pisos permeáveis, acessos e
estacionamentos em áreas de atividades agrícolas ou cultiváveis, em áreas de
alagamento, de preservação de espécies em extinção ou ameaçadas, conforme
órgãos federais ou estaduais, dentro de áreas de preservação ambiental,
preservação permanente ou áreas que antes da aquisição forma parques públicos, a
menos que terrenos de igual ou maior valor sejam aceitas em troca pelo poder
público.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Apesar da etapa de escolha
de terreno já estar totalmente concluída quando se inicia o desenvolvimento de
projeto, a participação do arquiteto é importante no que se refere ao estudo de
viabilidade da área e legislação pertinente.
• Crédito 2 – Densidade de desenvolvimento e conectividade da
comunidade
Objetivo: Canalizar o desenvolvimento para áreas urbanas com infraestrutura já existente, proteger áreas verdes, habitat e recursos naturais.
Requisitos: Construir ou reformar um empreendimento que esteja
localizado em áreas com densidade construtiva mínima de 13.800m²/ha ou em áreas
residenciais com densidade mínima de 25 unidades habitacionais/ha e no máximo a
800m de distância de, no mínimo, 10 dos serviços básicos listados: banco, igreja,
mercado, creche, lavanderia, livraria, farmácia, restaurante, escola, supermercado,
escritórios comerciais, loja de material de construção, bombeiros, salão de beleza,
correio, clínica médica, dentista, academia de ginástica, museu, cinema, centro
comunitário.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do
crédito 1.
• Crédito 3 – Recuperação de áreas contaminadas
Objetivo: Utilizar áreas recuperadas ou promover a recuperação de áreas
contaminadas, reduzindo a pressão sobre áreas não urbanizadas.
64
Requisito: Atender a norma E 1093-97 documentada pela American
Society for Testing and Materials (ASTM) ou utilizar locais classificados como
contaminados por um órgão estatal com contaminação solucionada.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do
crédito 1.
• Crédito 4.1. – Transporte alternativo - acesso ao transporte público
Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos
de passeio
Requisito: Localizar o empreendimento a no máximo 800m de serviço de
passageiros sobre trilhos existente (ou em execução) ou a no máximo 400m de
pontos de ônibus com mais de duas linhas convencionais utilizáveis pelos ocupantes
do empreendimento.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do
crédito 1.
• Crédito 4.2. – Transporte alternativo - bicicletários e vestiários
Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos.
Requisito: Em empreendimentos comerciais, prever espaço seguro para
guarda de bicicletas a no máximo 182m da entrada, para no mínimo 5% ou mais dos
usuários do prédio e vestiários com chuveiro para 0,5% dos ocupantes do
empreendimento em tempo integral.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 4.3. – Transporte alternativo - veículos de baixa emissão e
consumo eficiente
Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos.
Requisito: Prover veículos de baixa emissão e alta eficiência (álcool ou
GNV) com estacionamento preferencial para 3% dos ocupantes integrais do edifício,
ou prover estacionamento preferencial para veículos de baixa emissão e alta
eficiência para 5% do total da capacidade do estacionamento ou prover postos de
abastecimento de combustíveis alternativos para 3% do total de veículos da
capacidade do estacionamento.
65
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 4.4. – Transporte alternativo - vagas para veículos coletivos
Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso individual de
veículos.
Requisito: prever estacionamento para cumprir (mas não exceder) a
exigência legal e prever vagas preferenciais para caronas e vans de no mínimo 5%
do total de vagas do estacionamento ou prever estacionamento para menos de 5%
da ocupação equivalente em período integral e destinar 5% das vagas preferenciais
para caronas e vans.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 5.1. – Proteção ou restauração do Habitat
Objetivo: Conservar áreas naturais existentes, restaurar áreas para prover
habitat e promover a biodiversidade.
Requisito: Em áreas verdes, limitar a ocupação a: 12,2m dos limites do
edifício, 3m das calçadas, pátios e estacionamentos, 4,6m de ruas e 7,6m de áreas
construídas permeáveis. Em áreas urbanizadas, restaurar e proteger no mínimo
50% da área do terreno (excluindo a projeção do edifício), com plantas nativas e
adaptadas.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento e
maximização do espaço aberto
Objetivo: Prover alto nível de espaços abertos para promover a
biodiversidade.
Requisito: Exceder os requisitos de zoneamento local para espaço aberto
em 25%, reduzindo áreas impermeáveis. Lajes jardim e calçadas permeáveis
contribuem para o cumprimento dos requisitos. Lagos podem ser contabilizados,
desde que as margens tenham inclinação inferior à 1:4 e sejam áreas verdes.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
66
• Crédito 6.1. – Projeto de águas pluviais – Controle de Quantidade
Objetivo: Limitar o impacto na hidrologia local pela redução das áreas
impermeáveis, incrementando a permeabilidade no terreno e gerenciando a
descarga de águas pluviais de tempestades, eliminando a poluição e contaminantes.
Requisito: Se a impermeabilidade for menor ou igual a 50%, implantar
plano de gerenciamento de águas de tempestades que garanta que a taxa de
descarga após a urbanização sejam inferiores às anteriores a urbanização, para
tempestades de 01 e 02 anos, em 24 horas ou implantar um plano de gerenciamento
com estratégias para controle e prevenção de velocidades excessivas de água e de
erosão. Se a impermeabilidade existente for maior que 50%, implantar um plano de
gerenciamento de águas de tempestades que resulte em uma redução de 25% no
volume de descargas para tempestades de 02 anos, em 24 horas.
Fase de implantação: projeto hidráulico.
• Crédito 6.2. – Projeto de águas pluviais – Controle de Qualidade
Objetivo:
impermeável,
Limitar
a
incrementando
poluição
a
das
águas,
permeabilidade,
reduzindo
eliminando
as
a
superfície
fontes
de
contaminação e removendo poluentes das descargas pluviais.
Requisito: Implantar um plano de gerenciamento de águas de tempestade
que reduza a superfície impermeável e trate as descargas pluviais de no mínimo
90% das médias anuais de chuvas, removendo 80% dos sólidos em suspensão.
Fase de implantação: projeto hidráulico.
• Crédito 7.1. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas abertas
Objetivo: Reduzir as ilhas de calor (diferenças térmicas entre áreas verdes
e desenvolvidas), para minimizar o impacto no micro-clima, no habitat humano e nas
espécies locais.
Requisito: Implantar sombreamento (após cinco anos da implantação),
pavimentação com índice de reflexão solar - Solar Reflective Index (SRI) ≥ 29 ou
pavimento intertravado com malha aberta (permeável) para 50% da área
desenvolvida não edificada ou implantar no mínimo 50% das vagas de
estacionamento cobertas (cuja cobertura tenha SRI ≥ 29).
Fase de implantação: Projeto arquitetônico.
67
• Crédito 7.2. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas de Cobertura
Objetivo: Reduzir as ilhas de calor (diferenças térmicas entre áreas verdes
e desenvolvidas), para minimizar o impacto no micro-clima, no habitat humano e das
espécies locais.
Requisito: 75% do telhado devem ter SRI igual ou superior aos valores
mencionados na figura abaixo (figura 31). Para telhados verdes, o projeto deve
prever sistema de telhado vegetal de pelo menos 50% da área de cobertura. Se a
cobertura for uma combinação de telhado refletivo e telhado verde, a área de
telhado refletivo e telhado verde devem atender a fórmula: (área de coberta SRI /
0,75) + (área telhado verde / 0,50) ≥ área coberta.
TIPO
INCLINAÇÃO
SRI
Pouco inclinado
≤ 2:12
79
Muito inclinado
≥ 2:12
29
Figura 31 – Índice de reflexão solar de cobertura (Fonte: CASADO, 2008).
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 8 – Redução da poluição luminosa
Objetivo: Minimizar o vazamento de luz do edifício e terreno, reduzir o
brilho gerado para aumentar o acesso visual e reduzir o impacto no ambiente
noturno.
Requisito: Para iluminação interna, o ângulo de curva de máxima
iluminância de cada luminária deve sempre encontrar superfície opaca no interior do
edifício e não vazar pelas janelas ou toda a iluminação deve ser programada para
desligar-se automaticamente fora do horário comercial, com exceção da iluminação
de emergência e providenciando manual de operação do sistema. Para iluminação
externa, iluminar apenas áreas requeridas por segurança e conforto. Não ultrapassar
80% a densidade de consumo de energia em iluminação externa e 50% em
iluminação de fachadas, segundo a Illuminating Engineering Society of North
America (ASHRAE/IESNA) Standard 90.1-2004.
Fase de implantação: projeto elétrico (luminotécnica).
68
5.1.2. Uso Eficiente da Água
• Crédito 1.1. – Paisagismo com uso eficiente de água – redução de 50%
Objetivo: Limitar ou eliminar o uso de água potável ou água de fontes
naturais ou subterrâneas no projeto do empreendimento, para uso na irrigação.
Requisito: paisagismo e irrigação projetados para reduzir o consumo de
água em 50%, a partir de um caso de referência de Total Water Applied (TWA), que
é calculado levando-se em consideração a área de paisagismo, espécies utilizadas,
evapotranspiração e eficiência do sistema de irrigação. A redução pode ser
proveniente de qualquer dos seguintes fatores: espécies de plantas com baixa
exigência de irrigação; eficiência no sistema de irrigação; aproveitamento de águas
pluviais; reaproveitamento de águas servidas (recicladas) ou uso de água reciclada
fornecida pela concessionária.
Fase de implantação: projeto hidráulico. Apesar de o projeto paisagístico
ser determinante para a obtenção deste crédito, é através da eficiência no sistema
de irrigação e principalmente no aproveitamento de águas pluviais e servidas que
efetivamente se atingirá a meta de redução de 50% no uso de água potável.
• Crédito 1.2. – Paisagismo com uso eficiente de água – uso de água não
potável ou não irrigação
Objetivo: Eliminar o consumo de água potável, água de fontes naturais ou
subterrâneas no projeto do empreendimento, para uso na irrigação.
Requisito: Cumprimento do crédito 1.1 e utilizar reaproveitamento de
águas pluviais e águas recicladas do projeto ou concessionária para irrigação ou
implantar paisagismo que não requeira sistema de irrigação.
Fase de implantação: projeto hidráulico. A justificativa é a mesma do
crédito 1.1.
• Crédito 2 – Inovação em tecnologias de tratamento de águas servidas
Objetivo: Reduzir a geração de esgoto e demanda por água potável e
incrementar a recarga do aqüífero.
Requisito: Reduzir a geração de esgoto do projeto em 50%, pela utilização
de peças sanitárias de baixo consumo (em comparação com a utilização de peças
69
sanitárias padrão) ou utilização de água não potável ou prever o tratamento de 50%
do esgoto a padrões terciários de águas servidas geradas no próprio local e
descarregá-lo ou reutilizá-lo.
Fase de implantação: projeto hidráulico. Apesar de já existirem no
mercado metais e louças sanitárias de alto desempenho, é fundamental a
implantação de um sistema de tratamento de águas cinzas e negras para o
atendimento da meta de 50%.
• Crédito 3.1. – Redução do uso de água potável em 20%
Objetivo:
Maximizar
a
eficiência
no
suprimento
de
água
no
empreendimento, de modo a reduzir a sobrecarga do sistema de águas e esgoto da
concessionária.
Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 20% o consumo de água
usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros e cubas de cozinha (excluindo a
irrigação), com relação ao padrão definido pela Energy Policy Act of 1992. Os
cálculos são baseados nas estimativas de ocupação do empreendimento e seu uso.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Hoje já existem no mercado
metais e louças sanitárias de alta performance que permitem uma redução de até
30% no uso de água, com estudos de caso que comprovam esta economia.
• Crédito 3.2. – Redução do uso de água potável em 30%
Objetivo:
Maximizar
a
eficiência
no
suprimento
de
água
no
empreendimento, de modo a reduzir a sobrecarga do sistema de águas e esgoto da
concessionária.
Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 30% o consumo de água
usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros e cubas de cozinha (excluindo a
irrigação), com relação ao padrão definido pela Energy Policy Act of 1992. Os
cálculos são baseados nas estimativas de ocupação do empreendimento e seu uso.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do
crédito 3.1.
70
5.1.3. Energia e Atmosfera
• Pré-requisito 1 – Comissionamento dos sistemas de energia da
construção
Objetivo: Verificar se os sistemas prediais de energia (climatização,
iluminação, água quente e energia limpa) estão instalados, calibrados e
desempenhando conforme a demanda do cliente e do projeto.
Requisito: Designar uma equipe de comissionamento dos sistemas de
energia para: desenvolver e implantar um plano de comissionamento, verificar se as
instalações e o desempenho dos sistemas que serão comissionados estão de
acordo com os requisitos e documentações de projeto e concluir um relatório de
comissionamento.
Fase de implantação: ocupação.
• Pré-requisito 2 – Desempenho com consumo mínimo de energia
Objetivo: Estabelecer um nível mínimo de eficiência energética para os
sistemas prediais propostos.
Requisito: Projetar o edifício para atender no mínimo as provisões
obrigatórias (Seções 5.4, 6.4, 7.4, 8.4, 9.4 e 10.4) da Norma ASHRAE/IESNA
Standard 90.1-2004 (sem alterações) e os requisitos prescritivos (Seções 5.5, 6.5,
7.5 e 9.5) da Norma ASHRAE/IESNA Standard 90.1-2004 (sem alterações) ou os
requisitos de desempenho (Seção 11) da Norma ASHRAE/IESNA Standard 90.12004 (sem alterações).
Fase de implantação: projeto elétrico. Este pré-requisito exige que seja
apresentada uma simulação energética computadorizada do empreendimento e por
isso sua fase de implantação é durante o desenvolvimento do projeto elétrico. Porém
seu atendimento envolve toda a equipe de projeto, pois a eficiência energética de
um edifício é função: das decisões arquitetônicas, referentes à implantação do
edifício, insolação, revestimentos das fachadas, relação entre áreas envidraçadas e
áreas opacas, especificação de elevadores inteligentes; das decisões da equipe de
climatização, através da escolha dos equipamentos e sistemas mais eficientes e
econômicos; da equipe de projeto hidráulico, pois este envolve a especificação de
bombas e motores que também devem ter alta performance energética; e por fim, da
71
equipe de projeto elétrico e luminotécnica, que projeta todo o sistema de automação,
geradores e iluminação.
• Pré-requisito 3 – Gerenciamento básico de gases refrigerantes – não uso
de CFC’s.
Objetivo: Redução da destruição da camada de ozônio na atmosfera,
assim como o aquecimento global.
Requisito: Para prédios novos, uso zero de fluidos refrigerantes a base de
CFC nos sistemas de base de aquecimento, ventilação, ar condicionado e
refrigerante do projeto. Para prédios existentes com uso de fluidos refrigerantes a
base de CFC, executar com um plano abrangente de substituição de CFC que será
implantado no projeto.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 1.1. a 1.10. – Otimização do desempenho energético
Objetivo: Atingir níveis crescentes de desempenho energético, acima do
nível de referência do pré-requisito 1, a fim de reduzir o impacto ambiental e
econômico associado ao uso excessivo de energia.
Requisito: Simulação Computacional de Energia para demonstrar que o
edifício projetado tem desempenho superior à referência utilizada pelo Método de
Classificação por Desempenho, ASHRAE 90.1-2004 Apêndice G, com economia
associada à pontuação da tabela abaixo (figura 32) ou cumprir os critérios básicos e
medidas prescritivas da Advanced Buildings Core Performance Guide. Neste caso,
poderão ser obtidos de 2 a 5 pontos e este critério não pode ser usado para
hospitais, casas existentes e laboratórios. Para projetos registrados a partir de junho
de 2007, é obrigatória a obtenção de pelo menos dois pontos neste critério, ou seja,
atingir uma otimização de desempenho energético de 14% em construções novas ou
7% em construções existentes.
72
REDUÇÃO
NOVAS CONSTRUÇÕES (%)
REDUÇÃO
CONSTRUÇÕES EXISTENTES
(%)
PONTUAÇÃO
10.5
3.5
1
14.0
7.0
2
17.5
10.5
3
21.0
14.0
4
24.5
17.5
5
28.0
21.0
6
31.5
24.5
7
35.0
28.0
8
38.5
31.5
9
42.0
35.0
10
Figura 32 – Índices de redução de consumo de energia (Fonte: CASADO, 2009).
Fase de implantação: projeto elétrico. Idem ao pré-requisito 2.
• Créditos 2.1. a 2.3. – Geração local de energia renovável
Objetivo: Encorajar a utilização crescente de energia renovável, produzida
pelo projeto, a fim de reduzir o impacto ambiental e econômico associado ao uso
excessivo de energia baseada em combustíveis fósseis.
Requisito: Utilizar energia renovável, produzida pelo edifício, para reduzir
o custo energético. Calcular a quantidade de energia renovável produzida,
comparada com a energia consumida pelo edifício durante o ano, com pontuação
determinada pela figura 33:
ENERGIA RENOVÁVEL (%)
PONTUAÇÃO
2.5
1
7.5
2
21.5
3
Figura 33 – Índices de utilização de energia renovável (Fonte: CASADO, 2008).
Fase de implantação: projeto elétrico.
73
• Crédito 3 – Melhorias no comissionamento
Objetivo: Promover a revisão do comissionamento, tendo como meta a
melhoria do desempenho energético do empreendimento, iniciando durante a fase
dos projetos e estendendo após a verificação dos sistemas.
Requisito: ter contrato com uma equipe de comissionamento para
implantação dos seguintes itens: verificação de documentos dos projetos préexecutivos, baseados nos requisitos do projeto do proprietário denominado OPR
Owner´s Project Requirements (OPR) e nas bases do projeto denominado Bases of
Design (BOD), e emitir os comentários de revisão; verificar, nas propostas da
construtora, o alinhamento com os requisitos de OPR e BOD; desenvolver um
manual de sistemas, que forneça a informação necessária à futura equipe
operacional para compreender e operar os sistemas prediais; treinar a equipe
operacional e os ocupantes do prédio na operação e manutenção dos sistemas
comissionados; assegurar a participação de uma autoridade de comissionamento na
revisão dos sistemas de operação do edifício dentro de 10 meses após substancial
término, e que um plano para a solução de pendências será elaborado.
Fase de implantação: ocupação.
• Crédito 4 – Gerenciamento intensificado de gases refrigerantes
Objetivo: Redução da destruição da camada de ozônio na atmosfera e
incentivar a aderência antecipada ao protocolo de Montreal, assim como reduzir o
aquecimento global.
Requisito: Não utilizar gases nos sistemas de climatização ou dimensionar
o impacto dos gases refrigerantes para o projeto. O impacto total de refrigerante por
tonelada deve ser menor ou igual a 100 para fazer jus a pontos por este crédito.
Este valor está referenciado com a tabela padrão LEED.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 5 – Plano de medição e verificação
Objetivo: Prover responsabilidade e capacidade de controle e monitoração
do consumo de energia do edifício para garantir a performance do sistema.
Requisito: Desenvolver um plano de medição e verificação (M&V) para
avaliar a performance do sistema de energia, conforme International Performance
74
Measurement and Verification Protocol (IPMVP) volume III, com período de
abrangência do plano de pelo menos um ano após a ocupação.
Fase de implantação: projeto elétrico.
• Crédito 6 – Uso de energia renovável comprada de concessionária
Objetivo: Promover a utilização de fontes de energias renováveis, num
saldo de poluição zero.
Requisito: Utilização de no mínimo 35% de fontes de energia verde,
oriundas de fontes renováveis (Pequenas Centrais Hidrelétricas, biomassa, eólica,
fotovoltaica), pelo engajamento em contratos com as concessionárias com pelo
menos dois anos de duração.
Fase de implantação: operação.
5.1.4. Materiais e Recursos
• Pré-requisito 1 – Estocagem e coleta de materiais recicláveis
Objetivo: Estimular a estocagem e segregação dos resíduos recicláveis,
evitando o envio desses materiais a aterros sanitários.
Requisito: Prover área para estocagem e segregação dos materiais
recicláveis, conforme especificados a seguir: plásticos, metais, papel, papelão e
vidro, com dimensionamento necessário para atender a todo o empreendimento.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 1.1. – Reuso de construção – aproveitamento de 75% de
parede/piso/cobertura
Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos
e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais.
Requisito: Manter no mínimo 75% da estrutura do edifício existente
(inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não
estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são
contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício
existente não é elegível a este crédito.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
75
• Crédito 1.2. - Reuso de construção – aproveitamento de 100% de
parede/piso/cobertura
Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos
e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais.
Requisito: Manter no mínimo 100% da estrutura do edifício existente
(inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não
estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são
contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício
existente não é elegível a este crédito.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 1.3. - Reuso de construção – aproveitamento de 50% de
elementos não estruturais internos
Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos
e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais.
Requisito: Garantir que 50% dos elementos construtivos não estruturais
internos (paredes internas, portas, pisos e forros) sejam mantidos como existente
(incluindo ampliações). Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do
edifício existente não é elegível a este crédito.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 2.1. – Gestão de resíduos da construção – destinar 50% para
reuso (in loco ou fora)
Objetivo: Desviar resíduos de construção, demolição e embalagens do
aterro sanitário e/ou depósito de lixo e incineradores. Redirecionar recursos
recuperados recicláveis ao processo de fabricação, redirecionar materiais com reuso
para locais apropriados.
Requisito: Reciclar ou recuperar pelo menos 50% dos resíduos de
embalagens, construção e demolição e desenvolver e implementar um plano de
gerenciamento de lixo de construção, quantificando metas de reaproveitamento de
material. O cálculo deve ser feito por peso ou volume, devendo ser consistente ao
longo da construção. Solo de escavações e limpeza de terreno não contribuem para
este crédito.
76
Fase de implantação: execução.
• Crédito 2.2. – Gestão de resíduos da construção – destinar 75% para
reuso (in loco ou fora)
Objetivo: Desviar resíduos de construção, demolição e embalagens do
aterro sanitário e/ou depósito de lixo e incineradores. Redirecionar recursos
recuperados recicláveis ao processo de fabricação, redirecionar materiais com reuso
para locais apropriados.
Requisito: Reciclar ou recuperar pelo menos 75% dos resíduos de
embalagens, construção e demolição e desenvolver e implementar um plano de
gerenciamento de lixo de construção, quantificando metas de reaproveitamento de
material. O cálculo deve ser feito por peso ou volume, devendo ser consistente ao
longo da construção. Solo de escavações e limpeza de terreno não contribuem para
este crédito.
Fase de implantação: execução.
• Crédito 3.1. – Reuso de materiais – 5% do material de construção
orçado.
Objetivo: Prover a reutilização das construções existentes e produtos,
reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e
preservação dos recursos naturais, diminuindo os impactos ambientais das
extrações e produção.
Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a
substituir, no mínimo, 5% do material de construção orçado, com base no custo dos
materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do custo total da construção).
Instalações eletro-mecânica e itens especiais, como elevadores, não são incluídos
neste crédito. Mobiliário pode ser considerado, desde que com presença consistente
nos MR Créditos 3 e 7.
Fase de implantação: execução. A obtenção deste crédito está vinculada à
especificação de materiais de toda a obra, incluindo estrutura (concreto, ferragens),
piso, vedação e cobertura, infra-estrutura e acabamentos. Deve ser um trabalho
conjunto dos projetistas e da empresa executora.
77
• Crédito 3.2. – Reuso de materiais – 10% do material de construção
orçado.
Objetivo: Prover a reutilização das construções existentes e produtos,
reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e
preservação dos recursos naturais, diminuindo os impactos ambientais das
extrações e produção.
Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a
substituir, no mínimo, 10% do material de construção orçado, com base no custo dos
materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do custo total da construção).
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1.
• Crédito 4.1. – Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material
de construção
Objetivo: Prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo extração
dos recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos e o impacto
gerado na extração e produção de novos materiais.
Requisito: Usar material com conteúdo reciclado definido pela International
Organization for Standardization (ISO) 14.021 – Environmental Tabels and
declarations de forma que a soma dos reciclados pós-consumo mais metade dos
reciclados pré-consumo (reciclagem dentro da própria linha de fabricação) seja igual
ou maior a 10% do custo dos materiais no projeto.
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1.
• Crédito 4.2. – Material reciclado pré ou pós-consumo – 20% do material
de construção
Objetivo: Prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo extração
dos recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos e o impacto
gerado na extração e produção de novos materiais.
Requisito: Usar material com conteúdo reciclado de forma que a soma dos
reciclados pós-consumo mais metade dos reciclados pré-consumo seja igual ou
maior a 20% do custo dos materiais no projeto.
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1.
78
• Crédito 5.1. – Materiais regionais – 10% do material de construção
orçado
Objetivo: Aumentar a demanda por produtos e materiais de construção
que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a
economia regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte.
Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos,
processados ou manufaturados em um raio máximo de 800 km, de forma que
somem 10% do custo total dos materiais orçados para o projeto. Se apenas uma
fração do material for regional, apenas esta fração será considerada no cálculo (por
peso).
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1.
• Crédito 5.2. – Materiais regionais – 20% do material de construção
orçado
Objetivo: Aumentar a demanda por produtos e materiais de construção
que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a
economia regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte.
Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos,
processados ou manufaturados em um raio máximo de 800km, de forma que somem
20% do custo total dos materiais orçados para o projeto. Se apenas uma fração do
material for regional, apenas esta fração será considerada no cálculo (por peso).
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1.
• Crédito 6 – Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de
construção orçado
Objetivo: Reduzir o uso e o descarte de matéria bruta finita e materiais de
longo ciclo de reuso, substituindo-os por materiais de rápida renovação.
Requisito:
Usar
materiais
de
construção
(incorporados
no
empreendimento) e mobiliário rapidamente renováveis, fabricadas de plantas que
são tipicamente colhidas em ciclos de 10 anos ou menos, para pelo menos 2,5% do
custo total de materiais usados no projeto. Para cálculos dos valores totais, excluir
os custos de mão de obra e equipamentos (componentes elétricos, mecânicos,
hidráulicos e de estrutura).
79
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A certificação exige que os
materiais de rápida renovação sejam incorporados na edificação, não sendo
contabilizados os utilizados no processo de construção. Tem-se então que a grande
parte deste material é especificado como acabamento, como pisos e revestimentos,
através do projeto arquitetônico.
• Crédito 7 – Madeira certificada incorporada – 50% do material com base
em madeira
Objetivo:
Encorajar
o
gerenciamento
florestal
ambientalmente
responsável.
Requisito: Utilizar, no mínimo, 50% do material com base em madeira,
com madeira certificada de acordo com o Forest Stewarship Council (Conselho
Brasileiro de Manejo Florestal). Esses materiais incluem malha estrutural, piso,
substrato de piso, esquadrias e acabamentos. Apenas materiais de instalação
permanente contam neste crédito. Mobiliário pode ser incluído, desde que de forma
consistente nos MR Créditos 3 e 7.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. A certificação exige que a
madeira certificada seja incorporada na edificação, não sendo contabilizadas as
utilizadas no processo de construção, como fôrmas e escoras. Tem-se então que a
grande parte deste material é especificado como acabamento, como pisos,
esquadrias e revestimentos, através do projeto arquitetônico.
5.1.5. Qualidade Ambiental Interna
• Pré-requisito 1 – Desempenho mínimo de qualidade de ar interna
Objetivo: Estabelecer o desempenho mínimo de qualidade do ar interior
dos edifícios e com isto contribuir para o conforto e o bem estar dos usuários.
Requisito: Para edifícios ventilados mecanicamente, atender aos requisitos mínimos
das seções 04 a 07 da ASHARE 62.1 – 2004 “Ventilação para qualidade de ar
interior aceitável”, usando o procedimento de classificação de ventilação ou a norma
local, se for mais exigente. Para edifícios ventilados de forma natural, atender às
80
exigências de localização e tamanho de abertura de janelas conforme norma
ASHRAE 62.1 – 2004 Seção 5.1.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Pré-requisito 2 – Controle da fumaça ambiental de tabaco
Objetivo: Prevenir ou minimizar a exposição dos ocupantes do espaço de
locação, superfícies internas e sistemas a fumaça de cigarro no ambiente.
Requisito: Minimizar a exposição de não fumantes à fumaça de tabaco
ambiental, com definição de Edifício Não Fumante (fumar é proibido dentro do
edifício). Neste caso, prever áreas externas designadas para fumantes localizadas a
pelo menos 7,62m das entradas, das tomadas de ar externos e das janelas que
podem ser abertas. Se o projeto previr salas designadas para fumantes, estas
devem ser projetadas para exaurir a fumaça de tabaco ambiental para o exterior
sem nenhuma recirculação para as áreas não fumantes do prédio, fechadas com
divisórias impermeáveis de laje e laje e serem operadas com uma pressão negativa
em comparação com as áreas vizinhas de pelo menos uma média de 5 Pa (0,02
polegadas de água pressão relativa) e com um mínimo de 1 Pa (0,004 polegadas de
água) quando a(s) porta(s) da sala de fumantes estiver(em) fechada(s). O
desempenho das pressões de ar diferenciais deve ser verificado conduzindo-se
testes de medição de 15 minutos, com um mínimo de uma medição a cada 10
segundos da pressão diferencial na sala de fumantes com relação às áreas
adjacentes e em cada fresta vertical com as portas de acesso à sala de fumantes
fechadas. O teste deve ser conduzido com cada espaço configurado para condições
do pior caso de transporte de ar das salas de fumantes para espaços adjacentes,
com as portas das salas de fumantes fechadas em relação aos espaços adjacentes.
Fase de implantação: projeto arquitetônico.
• Crédito 1 – Monitoramento do ar externo entregue
Objetivo: Prover capacidade de monitoração do sistema de ventilação
para ajudar a sustentar o conforto e o bem estar dos ocupantes a longo prazo.
Requisito: Instalar sistema de monitoração e alarme, com feedback do
desempenho do sistema de ventilação com ajuste operacional todas as vezes que
superar 10%. Para sistema de ventilação mecânica que sirvam espaços densamente
81
ocupados (= a 27 pessoas/100m²) instalar sensor de CO2 em cada espaço
densamente ocupado. Para todos os outros sistemas de ventilação mecânicos,
prover um dispositivo de medida de fluxo de ar externo, capaz de medir uma vazão
mínima de ar externo em todas as condições esperadas do sistema de operação
com um mínimo de 15% de ar projetado externo. Para sistema de ventilação natural,
instalar sensores de CO2 em cada espaço naturalmente ventilado.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 2 – Aumento da ventilação natural ou forçada
Objetivo: Prover ventilação adicional de ar para aumentar a qualidade do
ar interno, de maneira a melhorar o conforto, bem estar e produtividade dos
ocupantes.
Requisito: Vazões de ar externo de ventilação para áreas de respiração,
em todas as áreas ocupadas, projetados para exceder as vazões mínimas exigidas
pela norma ASHRAE 62.1-2004 por pelo menos 30% em relação ao pré-requisito 1.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 3.1. – Plano de gerenciamento da qualidade do ar – construção
Objetivo: Prevenir problemas na qualidade do ar interno, resultante do
processo de construção/renovação, de maneira a ajudar a manter o conforto e o
bem estar dos trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento.
Requisito: Desenvolver e implementar um Plano de Gerenciamento de
Construção segundo o Indoor Air Quality (IAQ) para as fases de construção e préoperação dos edifícios, da seguinte forma: cumprir ou exceder os requisitos de
acordo com as Abordagens de Projeto recomendadas pelas Normas IAQ da
Associação Nacional de Empreiteiros de Ar Condicionado e Funilaria - Sheet Metal
and Air Conditioning National Contractors Association (SMACNA) - Prédios em
Construção Ocupados, 1995, Capítulo 3 e proteger da umidade os materiais
estocados ou instalados. Se for utilizado sistema de ventilação mecânica durante a
construção, prover filtragem mínima em MERV 8 (Minimum Efficiency Reporting
Value).
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
82
• Crédito 3.2. – Plano de gerenciamento da qualidade do ar – préocupação
Objetivo: Prevenir problemas na qualidade do ar interno, resultante do
processo de construção/renovação, de maneira a ajudar a manter o conforto e o
bem estar dos trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento.
Requisito: Desenvolver e implementar um Plano de Gerenciamento de
Qualidade de Ar Interior (IAQ) para as fases de construção e pré-ocupação dos
espaços de locação; fazer a purga geral do ar (Flush Out) antes da ocupação (após
o fim da construção e antes da ocupação, com todos os acabamentos interiores
terminados), fornecendo um volume total de 4.261m³ de ar externo por metro
quadrado de área de piso mantendo-se a temperatura interna de no mínimo 15,6°C
e umidade não maior que 60%. Se a purga geral for feita durante a ocupação inicial,
fornecer um mínimo de 1.066m³ de ar externo por metro quadrado de área de piso a
uma vazão mínima de 91,4L.min/m². Pode-se optar por realizar testes de referência
da qualidade do ar interno, depois do término da construção e antes da ocupação,
usando protocolos de testes consistentes com o “Compêndio de Métodos para a
Determinação de Poluentes no Ar Interno” do United States Environmental
Protection Agency (EPA).
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 4.1. – Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes
Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que
tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto
ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção.
Requisito: Adesivos e selantes de interior aplicados na obra devem
atender às limitações e restrições que concernem a componentes químicos
estabelecidos pelos seguintes padrões, indicando o nível de Compostos Organo
Voláteis dos produtos: All other Architectural Coatings, Primers and Undercoats:
South Coast Air Quality Management District (SCAQMD) Rule 1168, Architectural
Coatings, rules in effect on January 1, 2004.
Fase de implantação: execução. Esta especificação depende do
fornecedor/executor que a construtora irá contratar. Caberá a ela exigir que as
83
empresas forneçam produtos que atendam às normas exigidas, especificado em
documentação específica e nas notas fiscais.
• Crédito 4.2. – Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos
Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que
tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto
ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção.
Requisito: tintas e revestimentos de interior aplicados na obra devem
atender às limitações e restrições que concernem a componentes químicos
estabelecidos pelos seguintes padrões:
Pinturas e Mantas em geral: limites de COV’s pela Green Seal Standard
GS-11, Paints, First Edition, May 20, 1993.
Pinturas anticorrosivas para metais: limites de COV’s pela Green Seal
Standard GS- 03, Anti-Corrosive Paints, Second Edition, January 7, 1997 for
applications on ferrous metal substrates.
Revestimentos em madeira, mantas de piso: não exceder o SCAQMD
Rule #1113, Architectural Coatings.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Por se tratar de material de
acabamento, sua especificação é feita através do projeto arquitetônico.
• Crédito 4.3. – Materiais com baixa emissão – carpetes
Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que
tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto
ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção.
Requisito: Sistemas de carpetes devem atender ou exceder as normas do
Carpet and Rug Institute (CRI) - Green Label Plus testing and product. Capachos
devem atender ou exceder o CRI Green Label testing and product requirements.
Colas de carpete ou tapetes devem atender aos requisitos do EQ Crédito 4.1.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Por se tratar de material de
acabamento, sua especificação é feita através do projeto arquitetônico.
84
• Crédito 4.4. – Materiais com baixa emissão – adesivos, compensados e
laminados
Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que
tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto
ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção.
Requisito: Compensados de madeira ou produtos de fibras agrícolas,
incluindo materiais de preenchimento, adesivos laminados usados para fabricação
na obra ou em montagens aplicadas nas oficinas contendo estes adesivos
laminados, devem conter resinas sem adição de uréia-formaldeído. Móveis e
equipamentos não são considerados neste crédito.
Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 4.1.
• Crédito 5 – Controle de produtos químicos e fontes de poluição interior
Objetivo: Minimizar a exposição dos ocupantes do empreendimento a
potenciais partículas agressivas, contaminantes biológicos e compostos químicos
que poluem e impactam a qualidade do ar e da água.
Requisito: minimizar e controlar a entrada de poluentes no edifício para
evitar a contaminação cruzada; instalar sistemas para evitar a entrada de partículas
nos acessos ao edifício (grelhas, capachos, etc.). Em áreas onde gases e produtos
químicos perigosos estão presentes (garagens, depósitos de material de limpeza,
lavanderias, copiadoras, etc.) providenciar vedação das áreas adjacentes ou equipar
estes espaços com portas de fechamento automático e sistemas de exaustão com
pressão negativa dentro dos recintos para evitar contaminação com os espaços
adjacentes.
Equipar locais mecanicamente ventilados e todas as unidades de manejo
de ar/ventiladores que servem áreas ocupadas com filtros de ar de MERV 13 (ou
melhor) antes da ocupação.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
85
• Crédito 6.1. – Controle do sistema de iluminação
Objetivo: Prover um alto nível de controle do sistema de iluminação para
ocupantes individuais e grupos específicos em espaços multi-ocupados para
promover produtividade, bem estar e conforto dos ocupantes do prédio.
Requisito: Prover meios de controle de iluminação individual para, no
mínimo, 90% dos ocupantes, permitindo ajustes para atendimento de tarefas,
necessidades e preferências individuais e todos os espaços multi-ocupados e
compartilhados com grupos transientes devem compartilhar os sistemas de controle
de iluminação, de modo que se ajustem às necessidades e preferências do grupo.
Fase de implantação: projeto elétrico (automação).
• Crédito 6.2. – Controle no sistema de temperatura e ventilação
Objetivo: Prover um alto nível de controle do sistema de ventilação e
controle térmico para ocupantes individuais e grupos específicos em espaços multiocupados para incrementar sua produtividade, bem estar e conforto dos ocupantes
do prédio.
Requisito: Prover meios de controle individual de temperatura para, no
mínimo, 50% dos usuários, considerando também controle sobre janelas, desde que
localizadas a, no máximo, 6,1m de profundidade e 3,0m de distância lateral. Prover
meios de controle de temperatura para áreas com múltiplos usuários, a fim de que a
temperatura se ajuste às necessidades e preferências do grupo.
As janelas operáveis devem atender aos requisitos da ASHRAE 62-2004 –
Seção 5.1 Natural Ventilation.
Fase de implantação: projeto de ar condicionado.
• Crédito 7.1. Conforto térmico – projeto
Objetivo: Prover um ambiente confortável termicamente, para incrementar
a produtividade e bem estar dos ocupantes.
Requisito: Projetar os sistemas de climatização e as fachadas do edifício
para atender aos requisitos da ASHRAE Standard 55 – 2004 Thermal Comfort
Conditions for Human Occupancy e demonstrar o cumprimento de acordo com a
Seção 6.1.1.
Fase de implantação: projeto elétrico (automação).
86
• Crédito 7.2. Conforto térmico – verificação
Objetivo: Prover um ambiente confortável termicamente que apóie a
produtividade e bem estar dos ocupantes.
Requisito: Realizar pesquisa sobre conforto térmico com os usuários em
um período de 06 a 18 meses, pós-ocupação. Essa pesquisa deve colher opiniões
anônimas de satisfação e desenvolver um Plano Corretivo, caso mais de 20% dos
usuários relate insatisfação com as condições de conforto térmico.
Fase de implantação: ocupação.
• Crédito 8.1. Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços
Objetivo: Prover os ocupantes de uma conexão com luz natural e vista
externas, entre o exterior e o interior, dentro das áreas regularmente ocupadas pelos
espaços de locação.
Requisito: Atingir um fator de envidraçamento de 2% para no mínimo 75%
da área ocupada do edifício ou demonstrar por simulação computadorizada que no
mínimo 75% da área ocupada do edifício recebem 269 candelas/m², considerando
dia claro, ao meio dia, no equinócio, a 76,2cm do piso ou demonstrar através de
medição pós-ocupação os parâmetros da simulação.
Fator de envidraçamento = (área de janela/área de piso) x fator
geométrico da janela x (Tviz Real / Tviz Mínima) x fator de altura da janela, onde
Tviz é o índice de transmissão de luz visível (Visible Transmittance).
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Este critério está vinculado à
concepção de fachada do projeto, considerando as áreas envidraçadas x áreas
opacas.
• Crédito 8.2. – Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos
espaços
Objetivo: prover os ocupantes de uma conexão com luz natural e vista
externas, entre o exterior e o interior, dentro das áreas regularmente ocupadas pelos
espaços de locação.
Requisito: Prover vista direta ao exterior, por abertura com vidro, entre
76,2cm e 229cm de altura do piso, para 90% de todas as áreas ocupadas do
87
edifício, segundo o seguinte critério: em planta, área com linha de visão para o
perímetro com janelas e em corte, uma linha direta de visão pode ser desenhada
entre a área e a janela.
Fase de implantação: projeto arquitetônico. Este critério está vinculado à
concepção de fachada do projeto, considerando as áreas envidraçadas x áreas
opacas.
5.1.6. Inovação e Processo de Design
• Créditos 1.1. a 1.4. – Inovação em projeto
Objetivo: Prover às equipes de projetos e aos projetos de serem
distinguidos por pontos, em função de desempenhos excepcionais acima do
conjunto de requisitos do LEED e/ou desempenho inovativo em categorias não
especificamente atendidas pelo mesmo.
Requisito: Identificar a intenção do crédito inovador proposto (1 ponto);
identificar requisitos de atendimentos propostos (1 ponto); identificar a demonstração
de atendimento de submissão proposta (1 ponto); identificar estratégias que foram
usadas para atender aos requisitos (1 ponto).
Fase de implantação: projeto. Estes créditos são obtidos através de
performances exemplares que excedam os padrões exigidos na obtenção dos
créditos e o atendimento a padrões ambientais que não são exigidos nesta
ferramenta e podem ser implementados por qualquer profissional envolvido no
projeto.
• Crédito 2 – Profissional acreditado LEED
Objetivo: Disseminar o uso de profissionais acreditados LEED.
Requisito: Contar com ao menos um profissional acreditado LEED na
equipe de projeto.
Fase de implantação: execução. Caberá ao empreendedor contratar um
profissional acreditado, se considerar necessário, para fazer a consultoria e
tramitação de todo o processo de certificação junto ao USGBC.
88
5.2. TABULAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS
POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO
Como resultado da classificação dos 7 pré-requisitos e 69 créditos,
obtém-se as seguintes tabelas:
TABELA 01. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO - ESPAÇO SUSTENTÁVEL
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
OBJETIVO
PONTOS
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
-
PR 1
Prevenção da poluição na construção
-
Execução
01
CR 1
Seleção do local do empreendimento
1
Projeto Arquitetônico
02
CR 2
Densidade urbana/conectividade com
comunidade
1
Projeto Arquitetônico
03
CR 3
Recuperação de áreas contaminadas
1
Projeto Arquitetônico
04
CR 4.1
Transporte alternativo - acesso transporte
público
1
Projeto Arquitetônico
05
CR 4.2
Transporte alternativo - Bicicletário e
vestiários
1
Projeto Arquitetônico
06
CR 4.3
Transporte alternativo – Veículos de baixa
emissão e consumo eficiente
1
Projeto Arquitetônico
07
CR 4.4
Transporte alternativo – Redução da
capacidade estacionamento
1
Projeto Arquitetônico
08
CR 5.1
Diminuição de impacto de implantação –
Proteção/restauração do Habitat
1
Projeto Arquitetônico
09
CR 5.2
Diminuição de impacto de implantação –
Maximização de espaços abertos
1
Projeto Arquitetônico
10
CR 6.1
Águas pluviais – Controle de quantidade
1
Projeto Hidráulico
11
CR 6.2
Águas pluviais – Controle de qualidade
1
Projeto Hidráulico
12
CR 7.1
Redução de ilhas de calor – Áreas abertas
1
Projeto Arquitetônico
13
CR 7.2
Redução de ilhas de calor – Áreas de
cobertura
1
Projeto Arquitetônico
14
CR 8
Redução de poluição luminosa
1
Projeto Elétrico
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
89
TABELA 02. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO - USO EFICIENTE DA ÁGUA
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
OBJETIVO
PONTOS
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
01
CR 1.1
Paisagismo com uso eficiente de águaredução de 50%
1
Projeto Hidráulico
02
CR 1.2
Paisagismo com uso eficiente de água-uso de
água não potável/não irrigação
1
Projeto Hidráulico
03
CR 2
Inovação em tecnologia de tratamento de
águas servidas
1
Projeto Hidráulico
04
CR 3.1
Redução do uso de água potável – 20%
1
Projeto Arquitetônico
05
CR 3.2
Redução do uso da água potável – 30%
1
Projeto Arquitetônico
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
90
TABELA 03. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO – ENERGIA E ATMOSFERA
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
OBJETIVO
PONTOS
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
-
PR 1
Comissionamento dos sistemas de energia da
construção
-
Ocupação
-
PR 2
Desempenho de consumo mínimo de energia
-
Projeto Elétrico
-
PR 3
Gerenciamento básico de gases refrigerantes
– não uso de CFC’s
-
Projeto Ar Condicionado
01
CR 1.1
Otimização do desempenho energético –
10,5%
1
Projeto Elétrico
02
CR 1.2
Otimização do desempenho energético – 14%
1
Projeto Elétrico
03
CR 1.3
Otimização do desempenho energético –
17,5%
1
Projeto Elétrico
04
CR 1.4
Otimização do desempenho energético – 21%
1
Projeto Elétrico
05
CR 1.5
Otimização do desempenho energético –
24,5%
1
Projeto Elétrico
06
CR 1.6
Otimização do desempenho energético – 28%
1
Projeto Elétrico
07
CR 1.7
Otimização do desempenho energético –
31,5%
1
Projeto Elétrico
08
CR 1.8
Otimização do desempenho energético – 35%
1
Projeto Elétrico
09
CR 1.9
Otimização do desempenho energético –
38,5%
1
Projeto Elétrico
10
CR 1.10
Otimização do desempenho energético – 42%
1
Projeto Elétrico
11
CR 2.1
Geração local de energia renovável – 2,5%
1
Projeto Elétrico
12
CR 2.2
Geração local de energia renovável – 7,5%
1
Projeto Elétrico
13
CR 2.3
Geração local de energia renovável – 12,5%
1
Projeto Elétrico
14
CR 3
Melhorias no Comissionamento
1
Ocupação
15
CR 4
Gerenciamento intensificado de gases
refrigerantes
1
Projeto Ar Condicionado
16
CR 5
Plano de Medição e verificação
1
Projeto Elétrico
17
CR 6
Uso de energia renovável comprada de
concessionária
1
Ocupação
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
91
TABELA 04. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO - MATERIAIS E RECURSOS
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
-
OBJETIVO
PONTOS
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
PR 1
Estocagem e coleta de materiais recicláveis
-
Projeto Arquitetônico
01
CR 1.1
Reuso de construção – aproveitamento de
75% de parede/piso/cobertura
1
Projeto Arquitetônico
02
CR 1.2
Reuso de construção – aproveitamento de
100% de parede/piso/cobertura
1
Projeto Arquitetônico
03
CR 1.3
Reuso de construção – aproveitamento de
50% de elementos internos não estruturais
1
Projeto Arquitetônico
04
CR 2.1
Gestão de resíduos da construção – Destinar
50% para reuso (in loco ou fora)
1
Execução
05
CR 2.2
Gestão de resíduos da construção – Destinar
75% para reuso (in loco ou fora)
1
Execução
06
CR 3.1
Reuso de materiais – 5% do material de
construção orçado
1
Execução
07
CR 3.2
Reuso de materiais – 10% do material de
construção orçado
1
Execução
08
CR 4.1
Material reciclado pré ou pós consumo - 10%
do material de construção orçado
1
Execução
09
CR 4.2
Material reciclado pré ou pós consumo - 20%
do material de construção orçado
1
Execução
10
CR 5.1
Materiais regionais – 10% do material de
construção orçado
1
Execução
11
CR 5.2
Materiais regionais – 20% do material de
construção orçado
1
Execução
12
CR 6
Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do
material de construção orçado
1
Projeto Arquitetônico
13
CR 7
Madeira certificada incorporada – 50% do
material com base em madeira
1
Projeto Arquitetônico
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
92
TABELA 05. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO - QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
OBJETIVO
PONTOS
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
-
PR 1
Desempenho mínimo de qualidade de ar
interna
-
Projeto Ar Condicionado
-
PR 2
Controle da fumaça ambiental de tabaco
-
Projeto Arquitetônico
01
CR 1
Monitoramento do ar externo entregue
1
Projeto Ar Condicionado
02
CR 2
Aumento da ventilação natural ou forçada
1
Projeto Ar Condicionado
03
CR 3.1
Plano de gerenciamento da qualidade do ar –
construção
1
Execução
04
CR 3.2
Plano de gerenciamento da qualidade do ar –
pré-ocupação
1
Execução
05
CR 4.1
Materiais com baixa emissão – adesivos e
selantes
1
Execução
06
CR 4.2
Materiais com baixa emissão – tintas e
revestimentos
1
Projeto Arquitetônico
07
CR 4.3
Materiais com baixa emissão – carpetes
1
Projeto Arquitetônico
08
CR 4.4
Materiais com baixa emissão – adesivos e
compensados e laminados
1
Execução
09
CR 5
Controle de produtos químicos e fontes de
poluição interior
1
Projeto Ar Condicionado
10
CR 6.1
Controle do sistema de iluminação
1
Projeto Elétrico
11
CR 6.2
Controle do sistema de temperatura e
ventilação
1
Projeto Ar Condicionado
12
CR 7.1
Conforto térmico – projeto
1
Projeto Ar Condicionado
13
CR 7.2
Conforto térmico – verificação
1
Ocupação
14
CR 8.1
Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75%
dos espaços
1
Projeto Arquitetônico
15
CR 8.2
Luz do dia e paisagem – vistas externas em
90% dos espaços
1
Projeto Arquitetônico
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
93
TABELA 06. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA
DE IMPLANTAÇÃO - INOVAÇÃO E PROCESSO DE DESIGN
PRÉREQUISITO/
CRÉDITO
OBJETIVO
FASE DE
IMPLANTAÇÃO
PONTOS
01
CR 1.1
Inovação em projeto
1
Projeto
02
CR 1.2
Inovação em projeto
1
Projeto
03
CR 1.3
Inovação em projeto
1
Projeto
04
CR 1.4
Inovação em projeto
1
Projeto
05
CR 2
Profissional acreditado LEED
1
Execução
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
5.3. ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR
ETAPA DE IMPLANTAÇÃO
Através da análise dos valores encontrados nesta classificação (tabelas
01 a 06), pode-se afirmar que o peso da etapa de projeto no processo de
certificação é elevado, representando 70% dos pré-requisitos (tabela 07) e 77% dos
créditos (tabela 08).
TABELA 07. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS POR
ETAPA DE IMPLANTAÇÃO
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
PROJETO
EXECUÇÃO
OCUPAÇÃO
TOTAL
1. Espaço Sustentável – SS
00
01
00
01
2. Eficiência e Uso da Água – WE
00
00
00
00
3. Energia e Atmosfera – EA
02
00
01
03
4. Materiais e Recursos – MR
01
00
00
01
5. Qualidade Ambiental Interna – EQ
02
00
00
02
6. Inovação e Processos – IN
00
00
00
00
TOTAL
05
01
01
07
70%
15%
15%
100%
PERCENTUAL
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
94
TABELA 08. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS POR ETAPA DE
IMPLANTAÇÃO
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
PROJETO
EXECUÇÃO
OCUPAÇÃO
TOTAL
1. Espaço Sustentável – SS
14
00
00
14
2. Eficiência e Uso da Água - WE
05
00
00
05
3. Energia e Atmosfera
15
00
02
17
4. Materiais e Recursos – MR
05
08
00
13
5. Qualidade Ambiental Interna - EQ
10
04
01
15
6. Inovação e Processos - IN
04
01
00
05
TOTAL
53
13
03
69
77%
19%
4%
100%
PERCENTUAL
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Através da obtenção dos créditos apenas relacionados à etapa projetual
um empreendimento pode obter a classificação máxima do sistema, na categoria
Platina, que exige a obtenção de no mínimo 52 pontos (tabelas 09 e 10).
TABELA 09. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS DE PROJETO POR FASE
DE DESENVOLVIMENTO
PROJETO
ARQUITET.
PROJETO
ELÉTR.
PROJETO
AR
CONDIC.
PROJETO
HIDRÁUL.
TOTAL
1. Espaço Sustentável – SS
00
00
00
00
00
2. Eficiência e Uso da Água – WE
00
00
00
00
00
3. Energia e Atmosfera – EA
00
01
01
00
02
4. Materiais e Recursos – MR
01
00
00
00
01
5. Qualidade Ambiental Interna – EQ
01
00
01
00
02
6. Inovação e Processos – IN
00
00
00
00
00
TOTAL
02
01
02
00
05
40%
20%
40%
00
100%
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
PERCENTUAL
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
95
TABELA 10. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PROJETO
POR FASE DE DESENVOLVIMENTO
PROJETO
ARQUITET.
PROJETO
ELÉTR.
PROJETO
AR
CONDIC.
PROJETO
HIDRÁUL.
TOTAL
1. Espaço Sustentável – SS
11
01
00
02
14
2. Eficiência e Uso da Água – WE
02
00
00
03
05
3. Energia e Atmosfera – EA
00
14
01
00
15
4. Materiais e Recursos – MR
05
00
00
00
05
5. Qualidade Ambiental Interna – EQ
04
01
05
00
10
6. Inovação e Processos – IN*
01
01
01
01
04
TOTAL
23
17
07
06
53
PERCENTUAL DE CRÉDITOS DE
PROJETO (53)
43,5%
32%
13%
11,5%
100%
PERCENTUAL DE CRÉDITOS
TOTAL (69)
33,5%
24,5%
10%
9%
77%
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
* No critério Inovação e Processos, foi atribuído um ponto para cada projeto
distribuindo assim uniformemente a pontuação possível de ser obtida, pois este
crédito pode ser função de todos os projetos em conjunto.
Com estes resultados, verifica-se a importância de se considerar os
conceitos de construções ambientalmente mais corretas desde o início do
planejamento de um empreendimento, e da mesma forma com as tomadas de
decisão referentes às tecnologias e materiais a serem utilizados e até mesmo em
relação à busca da certificação ambiental, pois as escolhas feitas nesta etapa
influenciarão no desempenho das etapas seguintes e durante todo o ciclo de vida da
edificação. Pode-se afirmar que o bom desempenho ambiental a ser alcançado nas
etapas de execução e ocupação do empreendimento será conseqüência de um
trabalho de conceituação iniciado na fase de planejamento.
Em relação à importância dos projetos arquitetônico, elétrico, de
condicionamento de ar e hidráulico, pode-se verificar que existe um peso maior
referente ao projeto arquitetônico (em relação aos pré-requisitos e aos créditos), já
que é nesta etapa em que o empreendimento é conceituado (tabela 11). É através
96
do projeto de arquitetura que o edifício toma forma e função, tem seus espaços
dimensionados, se relaciona com o terreno e seu entorno.
TABELA 11. PONTUAÇÃO MÁXIMA POR CATEGORIA PARA O LEED-NC E
PONTUAÇÃO MÁXIMA OBTIDA COM OS CRÉDITOS PERTINENTES AO
PROJETO ARQUITETÔNICO
CATEGORIA
Espaço Sustentável
– SS
Eficiência e Uso da
Água – WE
Energia e Atmosfera
– EA
Materiais e Recursos
– MR
Qualidade Ambiental
Interna – EQ
Inovação e Processos
– IN
ABRANGÊNCIA
Terreno,
implantação,
entorno,
transporte
Administração do
consumo de
água do edifício
Administração do
consumo de
energia do
edifício
Materiais
renováveis,
fornecimento e
reciclagem
Qualidade do ar
interno do
edifício na obra e
operação
Inovação,
desempenho
exemplar e
profissional
creditado LEED
AP
TOTAL
PONTUAÇÃO
MÁXIMA
PARA
CERTIFIC.
PERCENTUAL
PONTUAÇÃO
MÁXIMA NO
PROJETO
ARQUITET.
PERCENTUAL
14
20%
11
16%
5
7%
02
3%
17
25%
00
--
13
19%
05
7%
15
22%
04
6%
5
7%
01
1,5%
69
100%
23
33,5%
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Porém a pequena influência do projeto arquitetônico no atendimento aos
créditos das categorias Energia e Atmosfera (0%) e Qualidade Ambiental Interna
(26%) demonstra que um edifício ambientalmente mais eficiente depende do
trabalho conjunto de todos os profissionais envolvidos no processo projetual, e que
se não for trabalhado desta maneira, teremos como resultado construções
parcialmente sustentáveis. A própria ferramenta de certificação procura corrigir estes
tipos de desvios através da exigência do cumprimento dos pré-requisitos, que
representam os desempenhos mínimos exigidos em cada categoria.
97
Em relação à relevância dos outros projetos, verifica-se que, para os prérequisitos, o projeto de condicionamento de ar tem peso relevante e para os
créditos, o projeto elétrico. A ferramenta exige graus de eficiência energética
elevados, provavelmente considerando a matriz energética americana (que utiliza
fontes não renováveis). A menor pontuação se refere ao projeto hidráulico. Segundo
o engenheiro Marcos Casado, gerente do GBC Brasil, a ferramenta vai sofrer
alterações em relação ao uso eficiente da água a partir de 2009, quando será prérequisito a diminuição do uso de água potável em 25%.
5.4. ESTUDO DE CASO – PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS PERTINENTES AO
PROJETO ARQUITETÔNICO APLICADOS AO PROJETO DE REFERÊNCIA
O projeto escolhido para a aplicação da certificação é de um edifício de
sede corporativa de uma empresa privada de grande porte, na cidade de Curitiba, no
bairro Mercês, desenvolvido pelo escritório de arquitetura MCA – Manoel Coelho
Arquitetura e Design. Hoje, no terreno, existe uma construção de aproximadamente
3.000m² que sedia parte da instituição e o projeto prevê a construção de dois blocos
anexos, interligados entre si e com o bloco existente, com área de 15.000m²,
totalizando um complexo construído de 18.000m², com sete pavimentos sendo dois
para estacionamento no subsolo (figuras 34 e 35). O empreendimento comportará
aproximadamente 1.200 pessoas entre funcionários, terceirizados e visitantes. O
terreno é bem localizado, com área de aproximadamente 10.000m² e testada para
quatro ruas. Porém a acentuada inclinação, a necessária interligação com o edifício
existente, as limitações legislativas e o atendimento do programa solicitado se
apresentaram como grandes desafios de projeto.
Figuras 34 e 35 – Fachadas norte e sudeste do empreendimento (Fonte: MCA Arquitetura, 2008).
98
Além disso, a direção do grupo solicitou que o projeto fosse desenvolvido
dentro
de
conceitos de
sustentabilidade,
reforçando
seu
compromisso
e
responsabilidade ambiental, mas sem a intenção de buscar nenhum tipo de
certificação ou selo ambiental. Os levantamentos e estudos levaram praticamente
todo o primeiro ano e, em 2008, o projeto foi aprovado para desenvolvimento e
detalhamento final. Atualmente, estão finalizados os projetos complementares, o
Relatório Ambiental Prévio – RAP e já foi obtida a Licença Prévia junto aos órgãos
ambientais.
Poços de iluminação e ventilação estão dispostos em posições
estratégicas do edifício permitindo o aproveitamento intenso da luz e ventilação
naturais que atendem a grande maioria dos espaços de trabalho. Como
complementações estão previstos o uso de iluminação artificial e sistema de
condicionamento de ar de forma eficiente.
A concepção do projeto também teve a preocupação de garantir
ambientes de trabalho confortáveis, além de prever a criação de espaços agradáveis
para a convivência e o descanso dos funcionários. Um belvedere com cobertura em
vidro abriga e organiza decks e mezaninos para áreas de estar, cafés, loja, área
para exposição e conjunto de auditórios.
O edifício projetado possui uma configuração em “L” que abraça o edifício
existente (que será totalmente reutilizado). O revestimento da fachada é formado por
pele de vidro e elementos em alumínio composto sendo que a face de maior
incidência do sol recebe um conjunto de brises para a proteção. Os vidros da
fachada são de alta performance para garantir a eficiência do sistema de ar
condicionado e as esquadrias permitem abertura, não configurando um edifício
hermético. Estas podem ser abertas durante a noite para troca de ar dentro do
edifício.
A grande maioria dos materiais de acabamento especificados não foi
escolhida pelo seu desempenho ambiental, salvo algumas exceções. Porém, a boa
prática da construção civil já vem introduzindo no mercado técnicas e materiais que
são ambientalmente mais corretos e que foram agregados neste projeto, como
divisórias de gesso acartonado, carpete com grande porcentagem de material
reciclado, metais e louças sanitárias com desempenho superior em economia de
água, entre outros.
99
Uma característica importante do projeto de referência é que ele
contempla soluções e características comuns aos edifícios de porte similar
construídos hoje nas regiões Sul e Sudeste do país, como o uso de materiais
contemporâneos, fachadas de vidro com bom desempenho térmico, acabamento em
carpete de alta qualidade, forro modulável e divisórias de gesso acartonado.
Em relação à legislação de Uso e Ocupação do Solo, o empreendimento
faz utilização máxima dos parâmetros construtivos relacionados à taxa de ocupação
e utiliza compra de potencial construtivo para aumentar o coeficiente de
aproveitamento, além de atender à legislação vigente quanto ao uso de torneiras
com aeradores, piscinas de contenção de cheias e coleta de águas pluviais.
O projeto encontra-se em fase de aprovação nos órgãos competentes, e
todo o projeto arquitetônico executivo, detalhamento e os projetos complementares
(hidráulico, elétrico, ar condicionado e estrutural) já foram executados. O
empreendimento também já foi orçado. A escolha de um projeto já em fase
adiantada de desenvolvimento foi feita levando-se em consideração que a
certificação ambiental ainda sofre grande resistência por parte dos projetistas – que
muitas vezes enxergam o processo como burocrático e demorado, e gera muitas
incertezas ao empreendedor, principalmente relacionados a custos, prazos e retorno
do investimento. Existe também uma dificuldade dos escritórios de arquitetura de
justificar e viabilizar a certificação ambiental no início dos trabalhos e não é raro que
o processo seja iniciado quando os projetos já estão em fase avançada.
A análise dos créditos passíveis de serem obtidos levará em consideração
esse estado avançado da etapa projetual. Assim, pode-se visualizar com clareza
qual a relevância da etapa de projeto e especificamente o peso do projeto
arquitetônico no processo de certificação ambiental, qual a influência que as
decisões tomadas pelo arquiteto têm e qual a sua responsabilidade no processo de
desenvolvimento de uma construção ambientalmente mais sustentável.
O critério de classificação baseou-se na análise do impacto que a
obtenção de cada um dos pré-requisitos e créditos geraria no projeto arquitetônico,
levando-se em conta o partido arquitetônico e concepção do projeto, solução
plástica,
volumetria,
materiais
de
acabamento,
tratamento
das
fachadas,
organização espacial dos ambientes, funcionalidade e soluções técnicas adotadas.
100
Foram classificados com nenhum impacto os requisitos que já estão sendo
atendidos pelo projeto. De baixo impacto aqueles cuja obtenção demanda: a troca
de especificação de um tipo de material por outro similar (sem prejuízo para a
qualidade do empreendimento ou partido arquitetônico); troca da especificação da
marca de produtos com as mesmas características; alteração de denominação de
áreas ou espaços já previstos em projeto; alteração de layout sem alteração no
número de postos de trabalho ou prejuízo na qualidade dos espaços projetados;
troca de sistemas ou equipamentos por similares com desempenho superior, mas
que sejam existentes no mercado brasileiro; técnicas e soluções comprovadamente
já utilizadas em outras obras similares no país.
Foram classificados de alto impacto os requisitos que exigem: grandes
alterações de projeto, incluindo partido arquitetônico, área construída, número de
pavimentos, implantação no terreno; modificação de setorização, layout básico e
ocupação dos pavimentos de trabalho; troca de materiais cujo uso é relevante para a
plástica e caracterização do edifício; colocação de sistemas e tecnologias que
exigem alteração nas dimensões dos espaços técnicos (prumadas técnicas, forro
rebaixado e piso elevado) ou áreas não previstas no projeto; técnicas e soluções
pouco utilizadas no país.
Alguns créditos classificados como pertinentes ao projeto elétrico e
execução da obra foram incluídos nesta verificação por serem influenciados pelas
decisões arquitetônicas, embora não dependa apenas destas para serem atingidos.
São créditos com grau de complexidade alta e que envolvem decisões tomadas em
mais de uma etapa de projeto, embora sempre estejam sob a coordenação de um
profissional cuja atuação seja pertinente aos objetivos do crédito. Na avaliação
foram levantadas apenas as questões referentes ao projeto de arquitetura, somente
para efeito de análise, sem considerar na tabulação final estes pontos.
Os créditos 8.1. e 8.2. da categoria Qualidade Ambiental Interna (luz
diurna em 75% dos espaços e vista externa em 90% dos espaços) são pertinentes
ao projeto arquitetônico, porém não foram analisados. Estes créditos necessitam de
uma análise mais aprofundada, através de simulação computadorizada, cálculos
complexos ou medições pós-ocupação e não serão computados na análise final.
A versão utilizada para esta análise é a LEED NC 2.2. implantada em
janeiro de 2006. A versão 3, prevista para ser lançada dia 27 de abril de 2009,
101
apresenta modificações no sistema de pontuação e certificação, com alterações
principalmente no critério Energia e Atmosfera. Este estudo foi realizado baseandose na versão 2.2, que é a versão vigente no início das pesquisas até a presente
data.
5.4.1. Espaço Sustentável
• Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento
Requisitos: Não implantar edifícios, pisos permeáveis, acessos e
estacionamentos em áreas de atividades agrícolas ou cultiváveis, em áreas de
alagamento, de preservação de espécies em extinção ou ameaçadas, conforme
órgãos federais ou estaduais, dentro de áreas de preservação ambiental,
preservação permanente ou áreas que antes da aquisição forma parques públicos, a
menos que terrenos de igual ou maior valor sejam aceitas em troca pelo poder
público.
Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está
em área totalmente urbanizada e consolidada e atende ao requisito do crédito.
• Crédito 2 – Densidade de desenvolvimento e conectividade da
comunidade
Requisitos: Construir ou reformar um empreendimento que esteja
localizado em áreas com densidade construtiva mínima de 13.800m²/ha ou em áreas
residenciais com densidade mínima de 25 unidades habitacionais/ha e no máximo a
800m de distância de no mínimo 10 dos serviços básicos listados: banco, igreja,
mercado, creche, lavanderia, livraria, farmácia, restaurante, escola, supermercado,
escritórios comerciais, loja de material de construção, bombeiros, salão de beleza,
correio, clínica médica, dentista, academia de ginástica, museu, cinema, centro
comunitário.
Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está
em área totalmente urbanizada, com comércio consolidado, em região central e
atende ao requisito do crédito.
102
• Crédito 3 – Recuperação de áreas contaminadas
Requisito: Atender a norma documentada pela ASTM E 1093-97 ou utilizar
locais classificados como contaminados por um órgão estatal com contaminação
solucionada.
Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise.
• Crédito 4.1. – Transporte alternativo - acesso ao transporte público
Requisito: Localizar o empreendimento a no máximo 800m de serviço de
passageiros sobre trilhos existente (ou em execução) ou a no máximo 400m de
pontos de ônibus com mais de duas linhas convencionais utilizáveis pelos ocupantes
do empreendimento.
Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está
em área totalmente urbanizada e consolidada, com uma das testadas para via
setorial da cidade e atendida por mais de duas linhas de ônibus convencionais,
atendendo aos requisitos do crédito.
• Crédito 4.2. – Transporte alternativo - bicicletários e vestiários
Requisito: Em empreendimentos comerciais, prever espaço seguro para
guarda de bicicletas a no máximo 182m da entrada, para no mínimo 5% ou mais dos
usuários do prédio e vestiários com chuveiro para 0,5% dos ocupantes do
empreendimento em tempo integral.
Impacto de implantação: baixo. O projeto não conta com bicicletário nem
vestiários para os ocupantes. Seria necessária a previsão de vestiários feminino e
masculino para atender aproximadamente 5 funcionários e um bicicletário para 50
bicicletas, exigindo uma pequena adaptação no projeto arquitetônico.
• Crédito 4.3. – Transporte alternativo - veículos de baixa emissão e
consumo eficiente
Requisito: Prover veículos de baixa emissão e alta eficiência (álcool ou
GNV - Gás Natural Veicular) com estacionamento preferencial para 3% dos
ocupantes integrais do edifício, ou prover estacionamento preferencial para veículos
de baixa emissão e alta eficiência para 5% do total da capacidade do
103
estacionamento ou prover postos de abastecimento de combustíveis alternativos
para 3% do total de veículos da capacidade do estacionamento.
Impacto de implantação: baixo. O projeto conta com estacionamento para
200 veículos. Para obtenção do crédito, seria necessário apenas destinar e
demarcar 6 vagas para veículos eficientes.
• Crédito 4.4. – Transporte alternativo - vagas para veículos coletivos
Requisito: prever estacionamento para cumprir (mas não exceder) a
exigência legal e prever vagas preferenciais para caronas e vans de no mínimo 5%
do total de vagas do estacionamento ou prever estacionamento para menos de 5%
da ocupação equivalente em período integral e destinar 5% das vagas preferenciais
para caronas e vans.
Impacto de implantação: baixo. O estacionamento está dimensionado para
atender a legislação vigente da Prefeitura Municipal de Curitiba, sem exceder o
número de vagas exigido, atendendo a este requisito. Para obtenção do crédito,
seria necessária apenas a destinação e demarcação de 10 vagas preferenciais para
caronas e vans.
• Crédito 5.1. – Proteção ou restauração do Habitat
Requisito: Em áreas verdes, limitar a ocupação a: 12,2m dos limites do
edifício, 3m das calçadas, pátios e estacionamentos, 4,6m de ruas e 7,6m de áreas
construídas permeáveis. Em áreas urbanizadas, restaurar e proteger no mínimo
50% da área do terreno (excluindo a projeção do edifício), com plantas nativas e
adaptadas.
Impacto de implantação: alto. O projeto já contempla 50% da área do
terreno não ocupada em atendimento aos parâmetros construtivos do terreno (taxa
de ocupação de 50%). Porém 15% da área não edificada está ocupada com um
estacionamento descoberto, para cumprimento do número de vagas mínimas
exigidas pela legislação. Para atendimento ao requisito, seria necessária a
recuperação desta área não edificada com espécies nativas ou adaptadas, e as
vagas de estacionamento relocadas para um terceiro subsolo, que causaria grande
impacto no projeto.
104
• Crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento e
maximização do espaço aberto
Requisito: Exceder os requisitos de zoneamento local para espaço aberto
em 25%, reduzindo áreas impermeáveis. Lajes jardim e calçadas permeáveis
contribuem para o cumprimento dos requisitos. Lagos podem ser contabilizados,
desde que as margens tenham inclinação inferior à 1:4 e sejam áreas verdes.
Impacto de implantação: baixo. A projeção da edificação ocupa 50% da
área do terreno, atendendo à legislação municipal vigente que permite a ocupação
em até 50%. Para atendimento ao requisito, seria necessária a implantação de laje
jardim em 25% da área de cobertura (aproximadamente 1.000m²), que hoje está
projetada com diversos tipos de materiais como laje impermeabilizada com seixo
rolado, laje de sombreamento, telha metálica, vidro laminado entre outros. Hoje já
existem técnicas desenvolvidas para a implantação de lajes jardim e até mesmo
empresas especializadas na execução deste tipo de cobertura (figura 36). Esta
solução se viabilizou nos projetos do Banco Real, Laboratório Delboni e no Edifício
Rochaverá
(figura
37).
As
alterações
de
projeto
deverão
contemplar
o
redimensionamento de carga nas lajes de cobertura, de acordo com o volume de
terra e o tipo de impermeabilização a serem usados, a colocação de ralos em
número suficiente para escoamento da água e a impermeabilização específica para
este tipo de cobertura.
Figura 36 – Sistema de impermeabilização para laje jardim (FONTE: Revista Téchne, 2009).
Figura 37 - Exemplo de cobertura verde do Edifício Rochaverá Torre B, em São Paulo, Brasil jardim
(FONTE: Revista Téchne, 2009).
105
• Crédito 7.1. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas abertas
Requisito: Implantar sombreamento (após 5 anos da implantação),
pavimentação com índice de reflexão solar (SRI) ≥ 29 ou pavimento intertravado
com malha aberta (permeável) para 50% da área desenvolvida não edificada ou
implantar no mínimo 50% das vagas de estacionamento cobertas (cuja cobertura
tenha SRI ≥ 29).
Impacto de implantação: baixo. Qualquer uma das três opções para
obtenção do crédito é de baixo impacto de implantação. O sombreamento em 50%
da área desenvolvida pode ser obtido através de projeto paisagístico específico. A
pavimentação com índice de reflexão solar maior que 29 pode ser implantada com
troca de especificação, já que o bloco intertravado em concreto em cores claras
atende a este índice e pode substituir os pisos de acessos de veículos, hoje
especificados com asfalto. O concregrama também pode ser um substituto para as
áreas de pavimentação externa, atendendo ao requisito. Por fim, o projeto também
já conta com mais de 50% das vagas cobertas, e para a obtenção do crédito seria
necessário apenas garantir que a cobertura do edifício tenha SRI maior que 29,
índice que é atingido pelo concreto ou pintura em cor clara.
• Crédito 7.2. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas de Cobertura
Requisito: 75% do telhado devem ter SRI igual ou superior aos valores
mencionados na 31. Para telhados verdes, o projeto deve prever sistema de telhado
vegetal de pelo menos 50% da área de cobertura. Se a cobertura for uma
combinação de telhado refletivo e telhado verde, a área de telhado refletivo e
telhado verde devem atender a fórmula: (área de coberta SRI / 0,75) + (área telhado
verde / 0,50) ≥ área coberta.
Impacto de implantação: baixo. A cobertura do edifício é composta de
vários acabamentos: laje impermeabilizada com seixo rolado (1.400m²), laje de
sombreamento (1.300m²), telha metálica (400m²), laje jardim (60m²), deck em
madeira (240m²) e vidro laminado (600m²), com área de aproximadamente 4.000m²
e totalmente plana. De acordo com a tabela do LEED, a telha metálica cor clara
possui SRI de 82 e uma pintura na cor branca possui SRI de 107. Para atendimento
ao requisito, é necessário que o projeto possua 3.000m² de cobertura com SRI igual
ou superior a 79, que corresponde à área hoje especificada com seixo rolado, laje de
106
sombreamento e telha metálica (3.100m²). Para adequação do projeto, é necessário
que as áreas hoje com laje de sombreamento e seixo rolado sejam pintadas na cor
branca. O seixo rolado foi especificado para auxiliar no isolamento térmico da
edificação, e a troca do material, se por um lado permite a obtenção deste crédito,
pode vir a prejudicar os créditos referentes a consumo de energia e climatização. Se
for comprovado que o índice de refletância do seixo cor branco é igual ou maior a
65% (o que significa ter um SRI de 79) este material pode ser especificado
garantindo a obtenção do crédito sem prejudicar o isolamento térmico da edificação.
No caso de atendimento ao crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do
empreendimento e maximização do espaço aberto, a cobertura já contemplaria 25%
de laje jardim (1.000m²) e, de acordo com os cálculos seria necessário apenas
1.500m² de área coberta com SRI igual ou superior a 79.
5.4.2. Uso Eficiente da Água
• Crédito 3.1. – Redução do uso de água potável em 20%
• Crédito 3.2. – Redução do uso de água potável em 30%
Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 20% (crédito 3.1.) / 30%
(crédito 3.2.) o consumo de água usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros
e cubas de cozinha (excluindo a irrigação), com relação ao padrão definido pela
Energy Policy Act of 1992. Os cálculos são baseados nas estimativas de ocupação
do empreendimento e seu uso.
Impacto de implantação: baixo. Para o projeto foram especificadas
torneiras e válvulas para mictórios da linha Decamatic, com potencial econômico de
55% e 80%, respectivamente, quando comparados com linhas convencionais. As
louças também são da marca Deca, que segundo a empresa proporcionam uma
economia de até 50% de água em relação aos modelos antigos (figura 38). Apenas
as válvulas de descarga especificadas são convencionais. Para maior eficiência no
projeto, podem-se trocar as válvulas de descarga tradicionais por válvulas de alto
desempenho, com dupla vazão, uma para resíduos líquidos e outra para sólidos,
com potencial econômico de 40%, e instalar restritores de vazão constante nas
torneiras, que podem gerar uma economia de até 60% no consumo de água.
107
Segundo o escritório Aflalo & Gasperini, responsável pela certificação do edifício
Rochaverá, em São Paulo, estas medidas foram suficientes para gerar uma
economia de 30% no consumo de água potável. Para obtenção do crédito, ainda
pode-se utilizar águas pluviais e tratadas in loco para as bacias sanitárias para
alcançar ao índice estipulado no crédito. Segundo o engenheiro Marcos Casado,
gerente do Comitê LEED no Brasil, a combinação destas duas estratégias gera uma
economia entre 40 e 50% no consumo de água potável em um empreendimento. No
projeto em análise, são poucas as alterações de especificações necessárias para o
atingimento da meta, pois o projeto já conta com equipamentos de bom
desempenho.
Figura 38 – Economia de água pelo uso de metais e louças de alto desempenho no edifício Sede
Sabesp (Fonte: DECA, 2009).
5.4.3. Energia e Atmosfera
Não há pré-requisitos ou créditos que sejam pertinentes exclusivamente
do projeto arquitetônico. Para o pré-requisito 2 (Desempenho com consumo mínimo
de energia) e os créditos 1.1. a 1.10 (Otimização do desempenho energético) existe
uma co-responsabilidade entre os projetos arquitetônico, elétrico, hidráulico e de
condicionamento de ar, que vão conjuntamente influenciar no atendimento ou não
dos requisitos. No que se refere ao projeto arquitetônico, o empreendimento em
análise possui uma boa proporção de elementos translúcidos e opacos nas fachadas
(window wall ratio-WWR), requisito fundamental para a obtenção do pré-requisito e
créditos. A taxa de áreas translúcidas é de 60% (considerando áreas de vidro e
sombreadas com brises) e de 40% de áreas opacas (figuras 39 e 40). Essa
108
proporção está de acordo com as apresentadas por três projetos de edifícios
comerciais pré-certificados atualmente: no edifício Ventura, no Rio de Janeiro, a
proporção é de 58% translúcido e 42% opaco; no Rochaverá, em São Paulo é de
41% e 59% e no Eldorado, também em São Paulo, é de 40% e 60% (CORBIOLI,
2007). As áreas opacas do edifício têm revestimento em chapa de alumínio
composto cor prata, com boa performance de isolamento térmico.
Figura 39 – Fachadas Norte e Oeste (Fonte: MCA, 2008).
Figura 40 – Fachadas Sul e Leste (Fonte: MCA, 2008).
A implantação do edifício foi determinada pelo edifício já existente no
terreno. Por isso, as fachadas voltadas para o norte receberam tratamento com
brises de sombreamento e uma aba de cobertura enquanto a fachada sul é uma
grande pele de vidro. Esta solução exemplifica o conceito (também aplicado nos três
projetos citados acima) de divisão das fachadas, criando faces com tratamentos
distintos conforme a incidência solar em cada uma delas.
Todos os vidros
especificados são de alta performance energética, com espessuras entre 10 e 12
mm, alta transmissão luminosa, baixa refletividade externa e interna e coeficiente
térmico correspondente às necessidades de climatização.
Os elevadores especificados são da Thyssen Krupp, sem casa de
máquinas, que segundo a empresa gera uma economia de energia de
aproximadamente 25% em relação aos modelos convencionais. Poderia ainda ser
implantado o sistema de frenagem regenerativa, que reaproveita sobras energéticas
109
(o elevador que está descendo, freando e gerando energia na operação, fornece
energia para um próximo que estiver subindo) proporcionando economia no
consumo de energia para os elevadores da ordem de 30 a 40%, segundo a empresa
Thyssen Krupp. A utilização tanto pode ser para o sistema de elevadores (um
consome a energia devolvida pelo outro), ou para a utilização do prédio como um
todo (quando todos os elevadores estiverem devolvendo energia ao mesmo tempo).
Neste caso, o medidor de energia do prédio vai registrar um menor consumo de
energia. Este sistema já existe no Brasil e foi instalado nos edifícios Rochaverá e
Eldorado, em São Paulo.
Para o atendimento ao pré-requisito, pode-se afirmar que o projeto
arquitetônico está em grande parte consistente e que possíveis alterações
necessárias não virão a comprometer o projeto. Para a obtenção de um
desempenho superior ao mínimo estipulado visando à obtenção dos créditos já é
necessária uma análise mais criteriosa dos profissionais envolvidos no projeto, pois
um desempenho de alto nível exige equipamentos e sistemas altamente eficientes,
grande automação e controle de iluminação e ar condicionado específicos para
áreas distintas do empreendimento.
5.4.4. Materiais e Recursos
• Pré-requisito 1 – Estocagem e coleta de materiais recicláveis
Requisito: Prover área para estocagem e segregação dos materiais
recicláveis, conforme especificados a seguir: plásticos, metais, papel, papelão e
vidro, com dimensionamento necessário para atender a todo o empreendimento.
Impacto de implantação: baixo. O projeto não conta com área específica
para estocagem e segregação de materiais reciclados. Porém é uma alteração que
exige uma pequena adaptação do projeto, de baixo impacto e garante o atendimento
ao pré-requisito.
110
• Crédito 1.1. – Reuso de construção – aproveitamento de 75% de
parede/piso/cobertura
Requisito: Manter no mínimo 75% da estrutura do edifício existente
(inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não
estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são
contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício
existente não é elegível a este crédito.
Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise,
pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente.
• Crédito 1.2. - Reuso de construção – aproveitamento de 100% de
parede/piso/cobertura
Requisito: Manter no mínimo 100% da estrutura do edifício existente
(inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não
estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são
contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício
existente não é elegível a este crédito.
Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise,
pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente.
• Crédito 1.3. - Reuso de construção – aproveitamento de 50% de
elementos não estruturais internos
Requisito: Garantir que 50% dos elementos construtivos não estruturais
internos (paredes internas, portas, pisos e forros) sejam mantidos como existente
(incluindo ampliações). Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do
edifício existente não é elegível a este crédito.
Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise,
pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente.
• Crédito 3.1.– Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado.
• Crédito 3.2. – Reuso de materiais – 10% do material de construção
orçado.
111
Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a
substituir, no mínimo 5% (crédito 3.1.) /10% (crédito 3.2.) do material de construção
orçado, com base no custo dos materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do
custo total da construção). Instalações eletro-mecânica e itens especiais, como
elevadores, não são incluídos neste crédito. Mobiliário pode ser considerado, desde
que com presença consistente nos MR Créditos 3 e 7.
Impacto de implantação: A obtenção destes créditos está vinculada à
especificação de materiais de toda a obra, incluindo estrutura (concreto, ferragens),
piso, vedação e cobertura, infra-estrutura e acabamentos. Deve ser um trabalho
conjunto dos projetistas e da empresa executora. No que se refere ao projeto
arquitetônico, o reuso de materiais de construção ainda é uma solução difícil de ser
implantada, pois a qualidade dos materiais passíveis de serem reaproveitados
depende muito da forma como um edifício foi projetado, conservado e como ele será
desmontado. A demolição da construção já deve ser feita de forma pensada para
que se aproveite a maior quantidade de peças e materiais, com mão de obra
especializada e armazenagem correta. É importante também verificar a qualidade,
resistência e características dos materiais a serem reaproveitados, pois muitas
vezes a exposição às intempéries, má conservação ou a própria vida útil do material
impedem que as peças possam ser reutilizadas. Muitas vezes o custo de uma
desmontagem cuidadosa, o transporte e a pouca oferta de material de reuso é mais
alto do que a compra do material novo, o que inviabiliza economicamente a solução,
principalmente em obras de grande porte como o projeto em análise.
• Crédito 4.1. – Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material
de construção
• Crédito 4.2. – Material reciclado pré ou pós-consumo – 20% do material
de construção
Requisito: Usar material com conteúdo reciclado (Definido pela ISO 14.021
– Environmental Tabels and declarations) de forma que a soma dos reciclados pósconsumo mais metade dos reciclados pré-consumo (reciclagem dentro da própria
linha de fabricação) seja igual ou maior a 10% (crédito 4.1.) / 20% (crédito 4.2.) do
custo dos materiais no projeto.
112
Impacto de implantação: Assim como o reuso, a especificação de
materiais reciclados também está vinculada à escolha de materiais de toda a obra. A
especificação de materiais reciclados (pré ou pós-consumo) referentes ao projeto
arquitetônico tem se tornado mais viável por causa do número crescente de
empresas e fornecedores que estão buscando esta postura ou simplesmente
enfatizando procedimentos já existentes de reciclagem como diferencial de mercado
e facilitador na obtenção dos créditos. Hoje as próprias empresas indicam quais são
os créditos de certificação passíveis de serem obtidos através da especificação do
seu produto.
Dos produtos e materiais de acabamento especificados no projeto, o
carpete, piso elevado e piso vinílico possuem percentual de material reciclado na
sua composição. A empresa Interfacefloor, fabricante de carpetes possui no seu site
uma calculadora que auxilia o arquiteto a dimensionar o valor de material reciclado
agregado através da especificação do carpete. Para o modelo especificado, a taxa
de material reciclado é de 48% pós-consumo. Outras empresas indicam apenas o
porcentual de conteúdo reciclado pós e pré-consumo em sua composição como, por
exemplo, a PisoAG (pisos elevados) que possui 20,03% de material reciclado pós
consumo e 5,92% pré-consumo e a Fademac (pisos vinílicos) que possui 67% de
conteúdo reciclado pós consumo. Para o projeto em análise, estes materiais
atingiriam um percentual de 3,475%, comprovando que a obtenção do crédito deve
ser obtida com o trabalho conjunto de especificação de todos os profissionais
envolvidos (tabela 12).
113
TABELA 12 – TABELA LEED PARA CÁLCULO DE MATERIAL RECICLADO – MATERIAIS DE
ACABAMENTO ESPECIFICADOS NO PROJETO
FONTE: dados de pesquisa, 2009.
114
Alguns tipos de acabamento possuem marcas específicas com o
diferencial do uso do material reciclado. O forro de fibra mineral da Armstrong, por
exemplo, possui em sua composição entre 23% e 82% de material reciclado préconsumo e o porcelanato da linha Ecoland da marca Ilva, 20%. As chapas de
alumínio composto da marca Alpolic, representada no Brasil pela empresa Day
Brasil possui, nas chapas de 6mm, 4,6% de material pós e 42,7% pré-consumo.
Para o projeto em análise, seria necessário fazer a troca de especificação das
marcas de forro e alumínio composto e a troca do piso em granito pelo porcelanato
para que estes materiais pudessem contribuir com a obtenção do crédito. Com estas
alterações, o percentual de material reciclado do projeto seria de 4,662% (tabela 13).
Materiais de construção como o cimento, aço, alumínio e divisórias de
gesso acartonado (todos eles utilizados no projeto) também possuem grande
porcentual de material reciclado. O cimento CPIII pode ter até 70% de escória de
alto forno, um co-produto da indústria siderúrgica com propriedades aglomerantes. O
aço, segundo a Gerdau, tem 65,0% da produção nas Américas feita a partir de
sucata ferrosa e a Alcoa utiliza 70% de alumínio reciclado na produção de caixilhos.
Também já existe no mercado tubulação para instalações sanitárias
compostos de 100% de politereftalato de etila reciclado (PET) normatizados pela
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Divisórias de gesso acartonado
de alguns fabricantes também contam com uma quantidade considerável de material
reciclado na composição das chapas, contribuindo para a obtenção do crédito,
segundo o professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da USP,
Vanderley John. Na aplicação da ferramenta, fica claro que apenas os materiais de
acabamento não são suficientes para o atendimento ao requisito do crédito, sendo
necessária a especificação criteriosa dos outros projetistas e do executor da obra.
115
TABELA 13 – TABELA LEED PARA CÁLCULO DE MATERIAL RECICLADO – MATERIAIS DE
ACABAMENTO ESPECIFICADOS NO PROJETO E MATERIAIS COM TROCA DE
ESPECIFICAÇÃO.
FONTE: dados de pesquisa, 2009.
116
• Crédito 5.1. – Materiais regionais – 10% do material de construção
orçado
• Crédito 5.2. – Materiais regionais – 20% do material de construção
orçado
Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos,
processados ou manufaturados em um raio máximo de 800km, de forma que somem
10% (crédito 5.1.) / 20% (crédito 5.2.) do custo total dos materiais orçados para o
projeto. Se apenas uma fração do material for regional, apenas esta fração será
considerada no cálculo (por peso).
Impacto de implantação: Assim como os créditos anteriores, a
especificação de materiais regionais também está vinculada à escolha de materiais
de toda a obra. Em relação à regionalidade do material é difícil afirmar quais seriam
os acabamentos que atenderiam a este requisito, pois as informações necessárias
para a comprovação de atendimento ao crédito dependem da empresa fabricante e
fornecedora. Por se localizar na região sul do país, próxima a grandes pólos
industriais, e distante 300km de Florianópolis, 408km de São Paulo e 711km de
Porto Alegre pode-se afirmar que existe a possibilidade de atendimento ao requisito.
• Crédito 6 – Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de
construção orçado
Requisito:
Usar
materiais
de
construção
(incorporados
no
empreendimento) e mobiliário rapidamente renovável, fabricadas de plantas que são
tipicamente colhidas em ciclos de 10 anos ou menos, para pelo menos 2,5% do
custo total de materiais usados no projeto. Para cálculos dos valores totais, excluir
os custos de mão de obra e equipamentos (componentes elétricos, mecânicos,
hidráulicos e de estrutura).
Impacto de implantação: alto. O projeto não conta com grandes áreas de
revestimento e acabamento em madeira. O deck em Itaúba e as portas
correspondem apenas a 0,9% do custo do material orçado. O crédito poderia ser
atendido com a especificação de mobiliário produzido com madeiras de curto ciclo
de vida, como o pinus e eucalipto. Para a obtenção do ponto, é importante que
apenas o custo da madeira seja considerado para o cálculo. No caso do mobiliário, é
necessário que o fabricante forneça qual o percentual do custo da madeira nas
117
peças, para que o custo de ferragens, acabamentos e mão de obra não sejam
incluídos no valor final.
• Crédito 7 – Madeira certificada incorporada – 50% do material com base
em madeira
Requisito: Utilizar, no mínimo 50% do material com base em madeira, com
madeira certificada de acordo com o FSC, representado no Brasil pelo Conselho
Brasileiro de Manejo Florestal. Esses materiais incluem malha estrutural, piso,
substrato de piso, esquadrias e acabamentos. Apenas materiais de instalação
permanente contam neste crédito. Mobiliário pode ser incluído, desde que de forma
consistente nos MR Créditos 3 e 7.
Impacto de implantação: baixo. Segundo o FSC é crescente o número de
empresas com cadeia de custódia certificada e com produção potencialmente
vinculada à construção civil (figura 41).
ANO
1996
1998
2000
2001
2002
2003
2004
Número de
empresas
03
04
09
33
56
68
90
Figura 41 – Número de empresas certificadas no FSC entre 1996 e 2004 (Fonte: FSC, 2005).
A exigência dos sistemas de certificação, aliada às iniciativas do governo
em incentivar a utilização de produtos de madeira certificada tendem a aumentar a
demanda, que hoje corresponde de 10 a 20% do mercado, segundo a revista
Sustentabilidade. Hoje já existem várias empresas fornecedoras de madeira que
trabalham apenas com produtos certificados, como a Floresteca e Ecoleo, que
produzem painéis, pranchas, pisos, decks, chapas de compensado e MDF com
atestado do FSC. No edifício Eldorado Business Tower foi usado 100% de madeira
certificada, atestando a viabilidade do crédito.
A meta de utilização de 50% do material com base em madeira certificada
é tecnicamente viável implicando na oferta de mercado, hoje crescente, e na escolha
de fornecedores certificados.
118
5.4.5.
Qualidade Ambiental Interna
• Pré-requisito 2 – Controle da fumaça ambiental de tabaco
Requisito: Minimizar a exposição de não fumantes a fumaça de tabaco
ambiental, com definição de Edifício Não Fumante (fumar é proibido dentro do
edifício). Neste caso, prever áreas externas designadas para fumantes localizadas a
pelo menos 7,62m das entradas, das tomadas de ar externo e das janelas que
podem ser abertas. Se o projeto previr salas designadas para fumantes, estas
devem ser projetadas para exaurir a fumaça de tabaco ambiental para o exterior
sem nenhuma recirculação para as áreas não fumantes do prédio, fechadas com
divisórias impermeáveis de laje e laje e serem operadas com uma pressão negativa
em comparação com as áreas vizinhas.
Impacto de implantação: baixo. O projeto não contempla salas
designadas para fumantes, classificando-se como Edifício Não Fumante. Para
atendimento ao crédito, basta indicar área externa conforme solicitado no requisito.
• Crédito 4.2. – Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos
Requisito: tintas e revestimentos em madeira e mantas de piso interior
aplicados na obra devem atender às limitações e restrições que concernem a
componentes químicos organo voláteis.
Impacto de implantação: baixo. Já existem no mercado grandes
fabricantes de tintas que possuem produtos que atendem ao padrão máximo de
emissão de COV de 50g/l menos água para área internas e 100g/l menos água para
áreas externas (para revestimentos lisos). A Sherwin Williams possui a linha
Metalatex Eco, composta à base d’água sendo menos agressiva ao meio ambiente.
Já a Suvinil possui uma gama completa de produtos de acabamento (tinta acrílica,
látex e esmalte) e de base (selador, massa corrida e massa acrílica) com índices
baixos de emissão de COV, certificados com o Selo Sustentax que atesta a
eficiência dos produtos e indica para todos eles a quantidade de organo voláteis
emitida por cada um, todos abaixo do limite do crédito.
Também já existem
disponíveis no mercado vernizes para madeira com emissão zero de COV, sendo o
padrão máximo da norma de 350g/l menos água. Em relação a mantas de piso, o
projeto não possui este tipo de material especificado.
119
• Crédito 4.3. – Materiais com baixa emissão – carpetes
Requisito: Sistemas de carpetes devem atender ou exceder as normas do
Carpet and Rug Institute’s Green Label Plus testing and product. Capachos devem
atender ou exceder o CRI Green Label testing and product requirements. Colas de
carpete ou tapetes devem atender aos requisitos do EQ Crédito 4.1
Impacto de implantação: nenhum. O carpete especificado atende à norma
que regulamenta a quantidade de emissões para este tipo de piso, segundo o
fabricante (figura 42). Para atendimento ao requisito basta que a cola utilizada
atenda ao crédito 4.1. Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes, ficando
abaixo do limite de 50g/l de COV. Já existe no mercado colas e selantes a base
d’água para pisos laminados e carpetes. A cola Adheza Eco Fix possui índice de
45g/l, ficando abaixo do estipulado na norma. Em relação aos capachos, a 3M
possui duas linhas de produtos (Nomad e Realce) que atendem aos requisitos.
Figura 42 – Certificado do carpete especificado no projeto. (Fonte: Interfaceflor, 2009)
• Crédito 8.1. Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços
Requisito: Atingir um fator de envidraçamento de 2% para no mínimo 75%
da área ocupada do edifício, demonstrar por simulação computadorizada que no
mínimo 75% da área ocupada do edifício recebem 269 candelas/m², considerando
dia claro, ao meio dia, no equinócio, a 76,2cm do piso ou demonstrar através de
medição pós-ocupação os parâmetros da simulação.
Fator de envidraçamento = (área de janela/área de piso) x fator
geométrico da janela x (Tviz Real / Tviz Mínima) x fator de altura da janela.
120
Impacto de implantação: não classificado. Por necessitar de simulação
computadorizada, cálculos ou medição pós-ocupação, a análise do crédito fica
inviabilizada neste estudo. Tem-se em edifícios certificados as seguintes estratégias
para o aumento da luz do dia: uso de clarabóias, painéis de vidro nas divisórias e
portas e vãos máximos de aberturas no perímetro do edifício. O uso do sistema de
planta livre, divisórias baixas e peles de vidro também proporcionam maior
iluminação natural nos ambientes, contribuindo para a obtenção do crédito. No
projeto em análise, todas as faces perimetrais do edifício possuem aberturas; sobre
os volumes das escadas existem clarabóias de iluminação; o belvedere e acesso ao
estacionamento (vãos entre o edifício existente e novo) são cobertos por uma
pérgola de vidro; a área de trabalho é tipo “planta livre” e todas as divisórias
existentes (com exceção dos auditórios) são do tipo painel/vidro. As diretrizes do
projeto estão alinhadas com os conceitos utilizados em projetos já certificados.
Pode-se afirmar que a obtenção do crédito é viável, podendo exigir alterações de
projeto e especificações, mas não de conceito ou solução.
• Crédito 8.2. – Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos
espaços
Requisito: Prover vista direta ao exterior, por abertura com vidro, entre
76,2cm e 229cm de altura do piso, para 90% de todas as áreas ocupadas do
edifício, segundo o seguinte critério: em planta, área com linha de visão para o
perímetro com janelas e em corte, uma linha direta de visão pode ser desenhada
entre a área e a janela.
Impacto de implantação: idem ao item anterior.
5.4.6. Inovação e Processo de Design
• Créditos 1.1. a 1.4. – Inovação em projeto
Requisito: Identificar a intenção do crédito inovador proposto (1 ponto);
identificar requisitos de atendimentos propostos (1 ponto); identificar a demonstração
de atendimento de submissão proposta (1 ponto); identificar estratégias que foram
usadas para atender aos requisitos (1 ponto).
121
Impacto de implantação: baixo. Estes créditos são obtidos através de
performances exemplares que excedam os padrões exigidos na obtenção dos
créditos e o atendimento a padrões ambientais que não são exigidos nesta
ferramenta e podem ser implementados por qualquer profissional envolvido no
projeto. Este crédito pode ser obtido, por exemplo, utilizando 100% de água não
potável para irrigação, utilizando apenas águas pluviais e servidas, dobrando o
percentual de redução exigido no crédito 1.1 da categoria Uso Eficiente da Água,
que é de 50%. Ou utilizando grande percentual de madeira certificada, excedendo o
requisito exigido no crédito 7 – Madeira Certificada da categoria Materiais e
Recursos que é de 50%. O uso de alguns materiais específicos com alto
desempenho ambiental também podem pontuar nesse requisito, como a
especificação dos carpetes da Interface que fazem parte do programa GlasBac ou
Next Step (que possuem alto percentual de material reciclado e um programa de
logística reversa) desde que a especificação represente ao menos 2,5% do
orçamento de material de construção.
122
6. RESULTADOS ESPERADOS
Para que um edifício obtenha a certificação mínima, este deve atender à
todos os sete pré-requisitos e obter, no mínimo, 26 créditos dos 69 da ferramenta.
Como já foi visto anteriormente, a fase de projeto arquitetônico é responsável pelo
atendimento a dois pré-requisitos (nas categorias Materiais e Recursos e Qualidade
Ambiental Interna) e 23 créditos distribuídos conforme as tabelas 09 e 10.
De acordo com a análise realizada, o projeto escolhido para o estudo de
caso atendeu sem nenhum impacto a quatro créditos sendo três deles na categoria
Espaço Sustentável e um na categoria Qualidade Ambiental Interna. Pode-se
observar, já considerando os 11 créditos de baixo impacto de implantação que o
projeto pode obter que os melhores desempenhos estão nas categorias Espaço
Sustentável - com obtenção de nove créditos e Eficiência e Uso da Água, obtendo
os dois créditos possíveis.
Em relação à primeira categoria, o bom desempenho do projeto se deve
ao fato do empreendimento estar implantado em uma área central da cidade, bem
servida de sistema de transporte coletivo e em uma região com bom
desenvolvimento de comércios e serviços. As exigências dos créditos relacionados
ao transporte alternativo e redução de ilhas de calor demandam poucas alterações
de projeto, através de demarcação de vagas preferenciais nos estacionamentos já
existentes e troca de materiais de cobertura (tabela 14).
123
TABELA 14. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – ESPAÇO SUSTENTÁVEL
CATEGORIA
1. Espaço Sustentável – SS
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
CR 1 – Seleção do local do
empreendimento
CR 2 – Densidade de
desenvolvimento e conectividade
da comunidade
CR 3 – Recuperação de áreas
contaminadas
CR 4.1. – Transporte alternativo –
acesso ao transporte público
CR 4.2. – Transporte alternativo –
bicicletário e vestiários
CR 4.3. – Transporte alternativo –
veículos de baixa emissão e
consumo eficiente
CR 4.4. – Transporte alternativo –
vagas para veículos coletivos
CR 5.1. – Proteção ou
restauração do habitat
CR 5.2. – Desenvolvimento do
local do empreendimento
CR 7.1. – Redução das ilhas de
calor – áreas abertas
CR 7.2. – Redução das ilhas de
calor – áreas de cobertura
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
01
03
06
01
00
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Na categoria Eficiência e Uso da Água, o atendimento aos créditos que
requisitam a redução do uso de água potável em 20 a 30% é facilmente obtido, pois
muitas das tecnologias de redução de consumo de água já estavam contempladas
no projeto analisado. A captação e utilização de águas pluviais e o reuso de águas
cinzas também já faziam parte do conceito do projeto, até por cumprimento à
legislação municipal vigente. Pode-se dizer que o projeto em questão já possui um
bom desempenho no que se refere à economia de água potável (tabela 15).
124
TABELA 15. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – EFICIÊNCIA E USO DA ÁGUA
CATEGORIA
12
13
2. Eficiência e Uso da Água –
WE
CR 3.1. – Redução do uso de
água potável em 20%
CR 3.2. – Redução do uso de
água potável em 30%
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
00
00
02
00
00
X
X
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Na categoria Energia e Atmosfera não há nenhum crédito pertinente ao
projeto arquitetônico, apesar deste ser co-responsável no atendimento ao prérequisito de desempenho mínimo de energia e aos créditos de otimização de
desempenho de uso de energia (tabela 16). Neste caso, a qualificação do projeto
depende do trabalho em conjunto de todos os projetistas, já que a eficiência
energética de uma edificação é função dos elementos de fachada, dos
equipamentos instalados e dos sistemas de controle e verificação.
TABELA 16. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – ENERGIA E ATMOSFERA
CATEGORIA
3. Energia e Atmosfera
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
00
00
00
00
00
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
O mesmo acontece com a categoria Materiais e Recursos. Dos treze
créditos possíveis de serem atingidos, seis deles se referem à especificação de
materiais de construção e de acabamento – reuso de materiais, conteúdo reciclado e
materiais regionais. O atendimento a estes requisitos se fará através de um trabalho
conjunto do arquiteto – especificador de todos os materiais de acabamento e do
executor, especificador dos materiais da obra civil. Em relação aos créditos de
projeto arquitetônico, o desempenho do empreendimento em análise é baixo, com a
obtenção de um crédito dos cinco possíveis (tabela 17). Isso acontece por que o
125
projeto não se caracteriza como reuso de construção, onde seria possível a
obtenção de três créditos. Apesar de o empreendimento contemplar um bloco
existente, a área nova é maior que o dobro do construído, não configurando o reuso
da edificação.
TABELA 17. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – MATERIAIS E RECURSOS
CATEGORIA
4. Materiais e Recursos – MR
14
15
16
17
18
PR 1 – Estocagem e coleta de
materiais recicláveis
CR 1.1. – Reuso de construção –
aproveitamento de 75% de
piso/parede/cobertura
CR 1.2. – Reuso de construção –
aproveitamento de 100% de
piso/parede/cobertura
CR 1.3. – Reuso de construção –
aproveitamento de 50% de
elementos não estruturais
internos
CR 6 – Materiais rapidamente
renováveis – 2,5 % do material
de construção orçado
CR 7 – Madeira certificada
incorporada – 50% do material
com base em madeira
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
03
00
01
01
00
X
X
X
X
X
X
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Na categoria Qualidade Ambiental Interna, dois créditos pertinentes ao
projeto arquitetônico não foram avaliados pela complexidade de análise que estes
demandam, embasada em cálculos complexos, simulações computadorizadas ou
medições pós-ocupação. Assim apenas os relacionados à baixa emissão de
compostos organo voláteis em tintas, revestimentos e carpetes foram analisados e
atendidos com baixo impacto de implantação (tabela 18).
126
TABELA 18. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA
CATEGORIA
19
20
21
22
5. Qualidade Ambiental Interna
– EQ
PR 2 – Controle de fumaça
ambiental de tabaco
CR 4.2. – Materiais com baixa
emissão – tintas e revestimentos
CR 4.3. – Materiais com baixa
emissão – carpetes
CR 8.1. – Luz do dia e paisagem
– luz diurna em 75% dos espaços
CR 8.2. – Luz do dia e paisagem
– vistas externas em 90% dos
espaços
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
00
01
01
00
02
X
X
X
X
X
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Na categoria Inovação e Processos, existe a possibilidade de atendimento
ao crédito através da performance exemplar pelo não uso de água potável para
irrigação, utilizando-se para isso águas pluviais e cinzas tratadas que já serão
coletadas e reutilizadas no projeto (tabela 19).
TABELA 19. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR
IMPLANTAÇÃO – INOVAÇÃO E PROCESSOS
CATEGORIA
6. Inovação e Processos - IN
23
CR 1.1. – Performance exemplar
E CRÉDITOS
IMPACTO DE
NÃO
PERTINEN
TE
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
00
00
01
00
00
X
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Analisando os resultados, verificou-se que em relação aos pré-requisitos,
o projeto em análise atenderia aos dois itens relacionados ao projeto arquitetônico
com facilidade, não se configurando como um dificultador no processo inicial de
certificação (tabela 20).
127
TABELA 20. RESULTADO DA
PERTINENTES AO PROJETO
IMPLANTAÇÃO
TOTAL OBTIDO PELO
PROJETO
PERCENTUAL DOS
PRÉ-REQUISITOS DE
PROJETO – 02 (%)
CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS
ARQUITETÔNICO POR IMPACTO DE
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
TOTAL
00
00
02
00
00
02
0,0
0,0
100
0,0
0,0
100
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Em relação ao atendimento aos créditos, o empreendimento em análise
pode atingir com nenhum impacto de implantação 04 créditos (17,4%) e com baixo
impacto de implantação 11 créditos (47,8%), o que representa 65,2% dos créditos
pertinentes ao projeto arquitetônico (tabela 21).
TABELA 21. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS PERTINENTES
AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPACTO DE IMPLANTAÇÃO
TOTAL OBTIDO PELO
PROJETO
PERCENTUAL DOS
CRÉDITOS DE
PROJETO – 23 (%)
NÃO
PERTIN.
NENHUM
IMPACTO
BAIXO
IMPACTO
ALTO
IMPACTO
NÃO
CLASS.
TOTAL
04
04
11
02
02
23
17,4
17,4
47,8
8,7
8,7
100
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Considerando que o empreendimento pode então atingir quinze dos vinte
e três possíveis, tem-se um desempenho de 65,1% de atendimento aos requisitos.
Estes quinze pontos representam 57,7% dos créditos necessários para a certificação
mínima e 21,6% para a certificação máxima. Estes valores confirmam a importância
e a necessidade de se contemplar, desde o início dos projetos, os conceitos e
valores da arquitetura sustentável para que se obtenha como resultado final edifícios
mais eficientes (tabela 22).
128
TABELA 22. PONTUAÇÃO OBTIDA COM NENHUM OU BAIXO IMPACTO PELO
PROJETO EM ANÁLISE
PERCENTUAL
EM RELAÇÃO A
PONTUAÇÃO
MÁXIMA (%)
PERCENTUAL
EM RELAÇÃO À
PONTUAÇÃO
DE PROJETO
ARQUIT. (%)
09
13,0
39,1
02
02
2,9
8,7
17
00
00
0,0
0,0
13
05
01
1,4
4,3
15
04
02
2,9
8,7
Inovação e
Processos - IN
5
01
01
1,4
4,3
Total
69
23
15
21,6
65,1
PONTUAÇÃO
MÁXIMA PARA
CERTIFICAÇÃO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA DE
PROJETO
ARQUITET.
PONTUAÇÃO
OBTIDA COM
NENHUM/BAIXO
IMPACTO
Espaço
Sustentável – SS
14
11
Eficiência e Uso
da Água – WE
5
Energia e
Atmosfera – EA
CATEGORIA
Materiais e
Recursos – MR
Qualidade
Ambiental Interna
– EQ
Fonte: Dados de pesquisa, 2009
Através da análise realizada pode-se concluir que mesmo sem a
preocupação com a certificação ambiental o projeto foi elaborado dentro das boas
práticas correntes de arquitetura e de construção, atendendo à legislação vigente e
com um desempenho ambiental superior a uma construção convencional,
principalmente no que se refere à área de implantação e eficiência no uso da água.
Verificou-se também que em relação aos itens relacionados ao projeto, apenas dois
teriam um alto impacto de obtenção, demonstrando que, neste caso, a decisão de se
obter um selo ambiental não traria grande impacto no projeto arquitetônico já
desenvolvido.
Porém, deve se considerar que o projeto arquitetônico analisado
separadamente não apresenta impacto significativo no que se refere à eficiência
energética, materiais e recursos e qualidade ambiental interna do empreendimento –
estas categorias estão mais vinculadas aos projetos complementares, execução e
operação do edifício. Assim, o atendimento dos créditos relacionados apenas ao
projeto arquitetônico, embora significativo, não caracteriza necessariamente um
projeto sustentável por completo. Confirma-se então a idéia de que os princípios de
sustentabilidade devem permear todas as etapas de um empreendimento, criando-
129
se assim um conceito de projeto que deverá ser seguido nas etapas seguintes e que
trará como resultado um edifício com níveis elevados de eficiência ambiental como
um todo, conseqüência de um trabalho integrado de todos os profissionais
envolvidos.
A busca pela certificação ambiental exigiria do empreendimento, além de
manter os quatro créditos já obtidos, o compromisso do atendimento aos onze
créditos cuja implantação é de baixo impacto mais a obtenção de onze créditos para
a obtenção da certificação mínima. O sistema LEED, por se configurar como um
check list, permite que os créditos sejam escolhidos pelo próprio empreendedor.
Assim, um edifício certificado não necessariamente se caracteriza como altamente
eficiente nas seis categorias de forma equilibrada. O mecanismo implantado pela
ferramenta para minimizar grandes desequilíbrios é a exigência do atendimento aos
pré-requisitos, que estabelece um desempenho ambiental mínimo necessário a ser
atingido em cada categoria. No sistema atual, a única que não possui pré-requisito é
do Uso Eficiente da Água, que será adicionado na nova versão V.3, a ser implantada
ainda este ano.
Porém, independente dos créditos escolhidos para serem atendidos, é
certo que a obtenção de um selo ambiental fomenta o desenvolvimento de
empreendimentos mais eficientes. O atendimento às metas de eficiência energética
e de redução do uso de água potável, a busca por materiais de construção que
causem menos impacto ao meio ambiente, o incentivo ao uso de materiais
reciclados e certificados são fomentadores de sustentabilidade em uma construção e
a aplicação de uma ferramenta de verificação de desempenho ambiental possibilita
a mensuração destes indicadores.
130
7. CONCLUSÃO
Através deste estudo pode-se constatar que a etapa de projeto no
processo de certificação ambiental de edifícios e na proposta de desenvolver
construções mais sustentáveis é primordial, pois é na fase de idealização e
conceituação do empreendimento que a decisão de se construir de forma mais
sustentável deve ser tomada. A participação das fases de desenvolvimento dos
projetos complementares, da execução da obra e utilização do edifício dentro dos
mesmos critérios é essencial para que a obra seja eficiente por completo. Por isso, é
importante que o conceito de sustentabilidade seja incluído desde os primeiros
croquis de estudos para que todas as etapas seguintes de trabalho até a fase final
de construção e operação estejam de acordo com as soluções a serem adotadas.
Pode-se afirmar que uma construção baseada nas boas práticas e em
conceitos de sustentabilidade e eficiência no Brasil poderá obter um selo ambiental
com
padrões
estrangeiros
sem
grandes
alterações
na
conceituação
do
empreendimento, já que muitos dos requisitos a serem atendidos dizem respeito à
questões ambientais de abrangência mundial, como conservação de água, energia e
recursos naturais. Muitas das soluções adotadas hoje na indústria da construção
civil e na legislação ambiental brasileira já estão alinhadas com questões ambientais
contempladas nas ferramentas de certificação.
Porém a busca pelo selo ambiental exige padrões mais elevados de
eficiência em alguns quesitos, que extrapolam os exigidos pela legislação ou os
utilizados pelo mercado usual. Confirma-se assim a idéia de que a aplicação de
ferramentas de verificação de sustentabilidade traz melhorias significativas no
processo de desenvolvimento de técnicas e materiais mais eficientes e estimula os
projetistas e o mercado a buscarem melhores soluções para seus projetos e
produtos. Esta já é uma tendência crescente dentro do mercado brasileiro, que cada
vez mais oferta produtos e soluções de projeto que atendem às exigências da
ferramenta e consequentemente são mais ecológicos. É importante salientar que
essa busca crescente das empresas em ofertar produtos mais eficientes traz um
ganho muito maior do que apenas contribuir para a certificação de edifícios. Estes
materiais e produtos estão se tornando disponíveis e acessíveis ao consumidor
131
geral, que pode buscar soluções mais amigáveis ao meio ambiente sem
necessariamente estar visando um selo ambiental.
A certificação ambiental de edifícios já é uma realidade no Brasil, que hoje
possui empreendimentos cujos projetos foram norteados por estes sistemas, que
atenderam às metas propostas pela ferramenta e obtiveram a certificação. Mas
apesar de já existirem edificações avaliadas e certificadas pelo sistema LEED dentro
dos padrões americanos, o que demonstra que ela é viável mesmo sem estar
adaptada aos padrões brasileiros, torna-se necessária uma revisão dos parâmetros
e regulamentações a serem atendidas na medida em que a busca pela certificação
se amplie. Como forma de aperfeiçoar o desempenho ambiental das edificações
construídas dentro da realidade do nosso país, é importante que a norma passe a
contemplar questões que sejam mais pertinentes aos problemas sócio-ambientais
brasileiros, como a biodiversidade, geração de resíduos e acessibilidade a
portadores de necessidades especiais. A regionalização da normatização a ser
seguida também se tornará um facilitador na utilização da ferramenta, incentivando a
sua aplicação e a verificação de atendimento aos padrões de eficiência ambiental
dentro da realidade do nosso país.
132
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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