UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ FERNANDA MORISHITA AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA OBTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED-NOVAS CONSTRUÇÕES DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIO CURITIBA 2009 FERNANDA MORISHITA AVALIAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO NA OBTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED-NOVAS CONSTRUÇÕES DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIO Trabalho apresentado para obtenção parcial do Título de MBA em Gestão Ambiental no Curso de Pós-Graduação em MBA em Gestão Ambiental Departamento de Economia Rural e Extensão, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. MsC. Antonio Elias Abrão CURITIBA 2009 Aos meus pais, Kazu e Ayaco, e irmãs, Renata e Cláudia, pelo amor e carinho em todas as horas. Ao meu esposo Marcelo, pelo apoio incondicional em todos os momentos importantes. Agradecimentos Ao meu professor orientador Antonio Elias Abrão, pelo carinho, paciência e pelos anos de aprendizado. Ao mestre Manoel Coelho, por ter me guiado nos caminhos da Arquitetura, meu exemplo de grande arquiteto e profissional. Aos meus amigos, pelo companheirismo em todas as horas e pela compreensão sempre. “Para que tudo fique como está, tudo precisa ser mudado.” Il Gattopardo- Giuseppe Tomasi di Lampedusa “Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado. Mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado.” James Baldwin SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS 1. INTRODUÇÃO 10 2. OBJETIVO GERAL 15 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17 4.1. O MOVIMENTO VERDE 19 4.2. BEDDINGTON ZERO ENERGY DEVELOPMENT (BEDZED) 24 4.3. CUSTOS DE UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 27 4.4. MATERIAIS SUSTENTÁVEIS 28 4.5. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 31 4.5.1. Procel Edifica 33 4.5.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental 35 4.5.3. LEED – Leadership in Energy & Environmental Design 39 4.5.3.1. Adaptação do Selo LEED para o Brasil 47 4.5.3.2. Projetos Certificados e Pré-Certificados com o LEED no Brasil 49 4.5.3.2.1. Certificação da Agência do Banco Real 49 4.5.3.2.2. Pré-certificação do Laboratório Delboni Auriemo 54 4.5.3.2.3. Pré-certificação do Edifício Rochaverá Corporate Towers 57 5. METODOLOGIA 61 5.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS 62 5.1.1. Espaço Sustentável 62 5.1.2. Uso Eficiente da Água 68 v 5.1.3. Energia e Atmosfera 70 5.1.4. Materiais e Recursos 74 5.1.5. Qualidade Ambiental Interna 79 5.1.6. Inovação e Processo de Design 87 5.2. TABULAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO 88 5.3. ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO 93 5.4. ESTUDO DE CASO – PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO APLICADOS AO PROJETO DE REFERÊNCIA 97 5.4.1. Espaço Sustentável 101 5.4.2. Uso Eficiente da Água 106 5.4.3. Energia e Atmosfera 107 5.4.4. Materiais e Recursos 109 5.4.5. Qualidade Ambiental Interna 118 5.4.6. Inovação e Processo de Design 120 6. RESULTADOS ESPERADOS 122 7. CONCLUSÃO 130 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 132 vi LISTA DE FIGURAS Figura 01 Edifício Seagram 17 Figura 02 Croqui da Casa da Cascata 19 Figura 03 Foto da Casa da Cascata 20 Figura 04 Foto aérea da Cia. de Seguros Willis Faber & Dumas 21 Figura 05 Foto interna da Cia. de Seguros Willis Faber & Dumas 21 Figura 06 Edifício Gregory Bateson 22 Figura 07 Vista aérea do bairro BedZED 24 Figura 08 Detalhe da unidade habitacional 25 Figura 09 Painéis solares e chaminés 26 Figura 10 Gráfico de análise do custo de uma edificação 27 Figura 11 Quadro de análise do custo das soluções sustentáveis 28 Figura 12 Selo de eficiência energética para edifícios Procel 35 Figura 13 Certificado AQUA 36 Figura 14 Gráfico de exigência de classificação AQUA 38 Figura 15 Croqui do projeto The Reef Club 38 Figura 16 Check list da ferramenta LEED NC 39 Figura 17 Quadro de pré-requisitos 41 Figura 18 Quadro de créditos 42 Figura 19 Quadro de níveis de certificação 45 Figura 20 Quadro de custo do processo de certificação 46 Figura 21 Quadro de acréscimo de custo para construção certificada 47 Figura 22 Agência Banco Real 49 Figura 23 Certificado da Agência Banco Real 50 Figura 24 Sistemas construtivos 51 Figura 25 Edifício Delboni Auriemo 54 Figura 26 Certificado do Edifício Delboni Auriemo 55 Figura 27 Soluções de projeto 56 Figura 28 Vista 1 do Edifício Rochaverá 58 Figura 29 Vista 2 do Edifício Rochaverá 58 Figura 30 Cobertura verde 60 Figura 31 Quadro de índice de reflexão solar de cobertura 67 vii Figura 32 Quadro de índice de redução de consumo de energia 72 Figura 33 Quadro de índice de utilização de energia renovável 72 Figura 34 Perspectiva da fachada norte do projeto em análise 97 Figura 35 Perspectiva da fachada sudeste do projeto em análise 97 Figura 36 Sistema de execução de laje jardim 104 Figura 37 Exemplo de cobertura verde 104 Figura 38 Gráfico da economia de água - Edifício Sabesp 107 Figura 39 Fachada Norte e Oeste do projeto em análise 108 Figura 40 Fachada Sul e Leste do projeto em análise 108 Figura 41 Quadro de número de empresas certificadas no FSC 117 Figura 42 Certificado do carpete especificado no projeto 119 viii LISTA DE TABELAS Tabela 01 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação– SS 88 Tabela 02 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – WE 89 Tabela 03 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – EA 90 Tabela 04 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – MR 91 Tabela 05 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – EQ 92 Tabela 06 Classificação dos pré-requisitos e créditos-etapa de implantação – IN 93 Tabela 07 Resultado da classificação dos pré-requisitos-etapa de implantação 93 Tabela 08 Resultado da classificação dos créditos-etapa de implantação 94 Tabela 09 Classificação dos pré-requisitos de projeto por fase de desenvolvimento 94 Tabela 10 Classificação dos créditos de projeto por fase de desenvolvimento 95 Tabela 11 Pontuação máxima por categoria obtida com créditos de 96 projeto arquitetônico Tabela 12 Material reciclado – especificado no projeto 113 Tabela 13 Material reciclado – materiais similares mais ecológicos 115 Tabela 14 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação– SS 123 Tabela 15 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – WE 124 Tabela 16 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – EA 124 Tabela 17 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – MR 125 Tabela 18 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – EQ 126 Tabela 19 Classificação dos pré-requisitos e créditos-impacto de implantação – IN 1256 Tabela 20 Resultado da classificação dos pré-requisitos-impacto de implantação 127 Tabela 21 Resultado da classificação dos créditos-impacto de implantação 127 Tabela 22 Pontuação obtida com nenhum ou baixo impacto 128 ix 10 1. INTRODUÇÃO A primeira definição de desenvolvimento sustentável foi cunhada pelo World Commission on Environment and Development através do Brundtland Report em 1987 afirmando que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras (BRUNDTLAND,1987). Essa definição foi amplamente divulgada para que o desenvolvimento econômico e social se processasse de modo ambientalmente sustentável. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92) foi aprovada a Agenda 21 que consiste em um documento elaborado para assegurar a sustentabilidade mundial a partir do século 21 e estabelece o consenso de que as estratégias de desenvolvimento sustentável deveriam integrar aspectos ambientais em planos e políticas de desenvolvimento. Para que, efetivamente, se alcance o que se chama de desenvolvimento sustentável, é preciso, segundo Silva (2003), buscar um equilíbrio entre o socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável, formando o ‘tripé’ que engloba as esferas sociais, econômicas e ambientais e que levam ao desenvolvimento sustentável. Da esfera ambiental é esperado que haja o equilíbrio entre proteção do ambiente físico e seus recursos, e o uso destes recursos de forma racional, sem comprometer a qualidade de vida aceitável no planeta; no âmbito social requer-se o desenvolvimento de sociedades justas, proporcionando oportunidades de desenvolvimento humano e de um nível aceitável de qualidade de vida para todos; e da dimensão econômica espera-se a facilidade de acesso a recursos e oportunidades, aumentando a prosperidade para todos, sem ferir os direitos humanos básicos. Na esfera ambiental, o setor da construção civil é um dos grandes responsáveis pela geração de impactos ambientais negativos. Dados mundiais do United States Green Building Council (USGBC) apontam que os edifícios são responsáveis por 17% do consumo de água potável, 25% do consumo de madeira, 33% das emissões de CO2 e 40% do uso de recursos naturais (materiais) e 40% do consumo de energia. Nos Estados Unidos as edificações são responsáveis por 12% do consumo de água, 39% das emissões de CO2, por 65% da geração de resíduos e 11 71% do consumo de eletricidade. Dados brasileiros, ainda que não tão precisos, revelam índices semelhantes. A construção e operação de edificações consomem 40% dos recursos naturais extraídos, 34% de água, 55% de madeira não certificada e produz 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos (ANAB,2008). Pode-se afirmar que a indústria da construção representa a atividade humana com maior impacto sobre o meio ambiente. Não é possível alcançar o desenvolvimento sustentável sem que se estabeleça um modelo de construir mais sustentável, buscando uma indústria da construção que forneça mais valor, polua menos, ajude no uso sustentado dos recursos, responda mais efetivamente às partes interessadas e melhore a qualidade de vida presente sem comprometer o futuro (SILVA, 2003). Assim, justifica-se o enfoque dado ao aspecto ambiental da sustentabilidade neste trabalho, que deve ser efetivamente considerado pela indústria da construção civil. A arquitetura sustentável é aquela que se preocupa em minimizar os impactos à natureza e ao homem, por meio do edifício em todo o seu ciclo de vida. Desde a sua concepção, construção, utilização e manutenção até o seu desmonte ou requalificação, as necessidades presentes devem ser cumpridas, porém, sem comprometer a possibilidade de futuras gerações satisfazerem as necessidades de seu tempo. Mas nem sempre o fato de uma construção usar materiais locais e naturais a classifica como sustentável. Uma construção natural pode ser chamada de ecológica, mas para ser sustentável é preciso avaliar o nível de conforto ambiental (térmico, acústico, luminoso e ergonômico) que ela oferece, a forma e demanda de energia e água que o seu uso acarreta, o impacto que ela provoca no entorno e o impacto que a sua construção e extração de seus materiais provoca. A abordagem precisa ser sistêmica, compreendendo a edificação como um organismo que interage com o ser humano e com o meio em que está inserida. (CORCUERA, 2008). Decisões tomadas nas fases iniciais do processo de projeto influenciam todas as demais fases do empreendimento em relação a custos, qualidade e eficiência ambiental. A necessidade de subsidiar o processo de desenvolvimento dos projetos de arquitetura visando à melhoria dos níveis de sustentabilidade dos edifícios faz com que se faça necessário o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliação que 12 permita identificar deficiências e oportunidades de melhora do desempenho do edifício (ABRÃO, 2007). O primeiro sinal da necessidade em se avaliar o desempenho ambiental de edifícios veio exatamente com a constatação que, mesmo os países que acreditavam dominar os conceitos de projeto ecológico, não possuíam meios para verificarem quão “verdes” eram de fato os seus edifícios. Como seria comprovado mais tarde, edifícios projetados para sintetizar os conceitos de construção ecológica frequentemente consumiam ainda mais energia que aqueles resultantes de práticas comuns de projeto e construção. O segundo grande impulso no crescimento de interesse pela avaliação ambiental de edifícios veio com o consenso entre pesquisadores e agências governamentais quanto à classificação de desempenho atrelada aos sistemas de certificação ser um dos métodos mais eficientes para elevar o nível de desempenho ambiental tanto do estoque construído quanto de novas edificações (SILVA, 2007). A partir da década de 90 várias iniciativas de desenvolvimento de metodologias de avaliação ambiental de edifícios começam a surgir na Europa, Estados Unidos e Canadá, principalmente como parte da estratégia de cumprimento das metas ambientais estabelecidas a partir da United Nations Conference on Environmental and Development (UNCED), também conhecida como ECO 92. Estes métodos basearam-se principalmente no conceito de análise do ciclo de vida, originalmente desenvolvido para a avaliação de impactos de produtos, e buscavam encorajar a demanda do mercado por níveis superiores de desempenho ambiental, provendo avaliações ora detalhadas, para o diagnóstico de eventuais necessidades de intervenção no estoque construído, ora simplificadas, para orientar projetistas ou sustentar a atribuição de selos ambientais para edifícios (SILVA, 2000). A aplicação de sistemas de avaliação ambiental de edifícios se tornou uma prática em diversos países da Europa, assim como nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. O mais conhecido dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios é o Building Research Establishment Environmental Assessment Method (BREEM) criado no Reino Unido em 1990 e que embasou vários sistemas orientados para o mercado como o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) elaborado por membros do USGBC em 1999 e o Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency (CASBEE) apresentado 13 em 2002 pela Japan Sustainability Bulding Consortium (JSBC). Estes sistemas foram desenvolvidos para serem facilmente absorvidos por projetistas e pelo mercado em geral, e têm, portanto, uma estrutura mais simples, normalmente formatada como uma lista de verificação. Para divulgar o reconhecimento do mercado pelos esforços dispensados para melhorar a qualidade ambiental de projetos, execução e gestão operacional, todos eles são vinculados a algum tipo de certificação de desempenho. Entre os métodos orientados à pesquisa metodológica estão: o Building Environmental Performance Assessment Criteria (BEPAC) de 1993 e seu sucessor, o Green Building Challenge (GBC) desenvolvido por um consórcio internacional iniciado pelo Canadá em 1996 (SILVA, 2003). O Brasil formalizou a sua integração ao projeto do GBC durante a conferência Sustainable Buildings 2000 com a apresentação das intenções e estratégias dos pesquisadores brasileiros, que hoje se concentram no Programa Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios (BRAiE), coordenado pela Universidade estadual de Campinas (UNICAMP), que contempla a formação de uma rede nacional de pesquisa que, após delineamento inicial da metodologia no estado de São Paulo, será gradualmente implementada para validação em outras regiões do país (SILVA, 2000). Os sistemas de certificação ambiental de edifícios utilizados no país ainda são totalmente importados ou baseados em sistemas estrangeiros. A primeira iniciativa concreta de adaptação de uma ferramenta de certificação para a realidade brasileira foi da Fundação Vanzolini, que se baseou no sistema francês Haute Qualité Environnementale (HQE) e criou o selo Alta Qualidade Ambiental (AQUA), mantendo a mesma estrutura de avaliação e pontuação do sistema original, porém com ajustes técnicos e treinamentos diferenciados aos auditores brasileiros. O sistema está em fase de implementação e a primeira certificação piloto deve sair ainda este ano. A primeira ferramenta de análise ambiental a ser utilizada efetivamente no país foi o americano LEED, que certificou a sua primeira obra aqui em 2007. Hoje, já são quatro edificações certificadas e 86 em processo de certificação. A ferramenta, estruturada como um check list, classifica as construções através do atendimento dos pré-requisitos, obrigatórios, e créditos, distribuídos em seis categorias. O LEED 14 é o sistema mais difundido e utilizado no Brasil atualmente, apesar de não estar ainda adaptado à realidade da construção no país. Segundo o GBC Brasil, a ferramenta terá a sua versão brasileira ainda em 2009. A implantação de sistemas de avaliação ambiental ajuda a encorajar e contribuir para a melhoria do desempenho dos edifícios e é um dos métodos mais eficientes para elevar o nível de desempenho das edificações. A experiência internacional demonstra que os saltos nos níveis de desempenho não serão possíveis até que empreendedores da construção civil e os usuários dos edifícios tenham acesso a métodos relativamente simples que lhes permita identificar aqueles edifícios com melhor desempenho (SILVA, 2003). Segundo Abrão (2007), os projetistas, pela sua responsabilidade na tomada de decisões, na escolha das estratégias de implantação e no partido adotado, tem uma influência muito grande na sustentabilidade do empreendimento. A melhor forma de se garantir níveis adequados de sustentabilidade ambiental ao edifício é a avaliação preliminar do seu desempenho durante a fase de desenvolvimento do projeto, avaliando os pontos deficientes e detectando as oportunidades para melhora. A justificativa do tema é dada através da necessidade de conscientização de projetistas e empreendedores da importância da etapa de projeto, em especial do projeto arquitetônico, no desenvolvimento de construções mais sustentáveis e no processo de avaliação e de certificação ambiental, evidenciando a responsabilidade dos profissionais envolvidos nas tomadas de decisão, pois quando estas são feitas nas fases corretas evita-se o retrabalho ou mesmo a inviabilização da certificação. A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste trabalho foi o estudo de caso de um projeto arquitetônico para uma edificação nova, que se enquadre no sistema de certificação escolhido – LEED e que já se encontre em etapa avançada de desenvolvimento para que se tenham todos os dados necessários para a análise. A escolha da ferramenta americana de certificação ambiental LEED NC – Novas Construções para este estudo foi feita considerando-se que este sistema é hoje o mais difundido e utilizado no país e o único que já possui edificações certificadas no Brasil. 15 2. OBJETIVO GERAL Tem-se, como objetivo geral, verificar a relevância do projeto arquitetônico no processo de certificação LEED NC – Novas Construções através da aplicação da ferramenta em um projeto de edifício de escritório que foi desenvolvido dentro das boas práticas da construção, porém sem o foco da certificação. 16 3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Como objetivos específicos, buscou-se: a. Verificar a importância e peso do projeto arquitetônico no processo de certificação de edificação com a ferramenta LEED-NC; b. Verificar o nível de interferência e alteração no projeto para a obtenção da certificação básica LEED-NC; c. Verificar quais são os processos projetuais usuais que geram melhorias ambientais que já são alcançadas com as boas práticas de construção; d. Verificar quais são as práticas e técnicas usuais pertinentes que devem ser incorporadas ao processo de desenvolvimento de projeto arquitetônico e que resultam na melhoria da eficiência ambiental. 17 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Vista através de uma perspectiva ecológica, a arquitetura das últimas duas décadas nos mostrou todos os caminhos errados. Como resultado do desejo obsessivo dos arquitetos em manter uma identidade estilística com o sonho industrial e tecnológico do século 20, as construções buscaram correlação com materiais novos e alta tecnologia, representando uma época de enorme consumo de combustível fóssil e uma visão tecnocentrista e antropocentrista do habitat. Particularmente da década de 70 até os dias de hoje, a celebração do high tech com vastos panos de vidro de estruturas de aço (figura 01) foi sinônimo do estilo moderno e progressista da arquitetura (WINES, 2008). As influências industriais e tecnológicas que surgiram no começo do século eram baseadas em critérios econômicos e culturais; o arquiteto modernista raramente considerava questões como o impacto ao meio ambiente ou a relação do seu projeto com a cidade e com a natureza. Eles estavam comprometidos apenas com o formalismo e a invenção de novas tecnologias, pura e simplesmente. Figura 01 – Edifício Seagram, em Nova Iorque, dos arquitetos Mies van der Rohe e Philip Johnson, construído em 1958 (Fonte: www.wretch.cc, 2009). 18 A crise energética dos anos 70 mudou os padrões de consumo energético de muitos edifícios existentes, mas ainda assim são encontrados exemplos de edifícios que possuem um altíssimo padrão de consumo, ignorando completamente aspectos de condicionamento passivo. A produção em massa e as facilidades de transporte, além da utilização de meios mecânicos para aquecimento e resfriamento dos ambientes, fizeram com que se utilizassem os mesmos materiais construtivos, e as mesmas soluções, em locais com características climáticas diferentes (MÜLFARTH, 2002). Essa falta grave na postura dos arquitetos foi o início dos problemas ambientais que enfrentamos hoje. Em insistir em um padrão de projeto distante da responsabilidade ecológica, a arquitetura causou um enorme dano ao meio ambiente. Esta constatação não sugere que os arquitetos devam então abandonar todas as evidências e características tecnológicas de seus projetos apenas para parecer ecológico, mas pode-se dizer que a arquitetura provavelmente vai mudar radicalmente, pois a forma e conceito das construções vão ser forçados a responder à questão dos recursos não renováveis (WINES, 2008). Hoje enfrentamos um dos períodos mais desafiadores da história da arquitetura. Segundo Sequinel (2002) a perigosa escassez de recursos combinada com um crescimento demográfico explosivo faz com que a humanidade adentre o novo milênio sob estado de alerta. O crescimento das cidades é inevitável e irreversível. Nunca tantas pessoas se localizaram em áreas urbanas em qualquer outro momento da humanidade. Atualmente 45% da população mundial, ou aproximadamente 2,6 bilhões de pessoas vivem em regiões urbanas. Na Europa, 73% da população vivem nas cidades, na América do Norte 75% e na América Latina 74%. A cada ano 86 milhões de novos habitantes somam-se ao planeta. As previsões para o ano de 2015 são de que se atingirá a marca de 7,5 bilhões de habitantes no mundo e que até 2025 o número de 30 cidades com mais de 8 milhões de habitantes será ultrapassado. No Brasil, 81,2% das pessoas vivem nas cidades (dados do IBGE,2006). A exigência de que a arquitetura contribua para uma cidade sustentável em seus âmbitos social e ambiental cobra agora responsabilidades dos arquitetos. Os edifícios podem enriquecer o espaço público de nossas cidades, atenderem às diversas necessidades dos usuários e ao mesmo tempo explorar tecnologias 19 sustentáveis em lugar das poluentes. Os edifícios deveriam inspirar e compor cidades que celebrassem a sociedade e respeitassem a natureza (ROGERS, 1997). 4.1. O MOVIMENTO VERDE Na década de 60, o arquiteto Frank Lloyd Wright foi o primeiro a descrever o edifício construído como um organismo vivo, pois ele acreditava que o processo de “viver” era dinâmico e este alterava a forma como o edifício respondia aos anseios de seus moradores. No seu livro The Natural House, ele enfatiza a importância da construção ser íntegra ao seu terreno, seus materiais e à vida de seus habitantes. As idéias de Wright divergiam do conceito de máquina de morar, reconhecido na época como um dos princípios da arquitetura moderna. Ele foi a voz mais forte de resistência à arquitetura industrial, e seu trabalho captava todo o potencial que um edifício tinha de se tornar uma extensão do meio ambiente, através das formas que refletiam o contorno da paisagem ou pelo uso de materiais de fontes regionais. A Fallingwater House, uma de suas mais famosas residências, construída na Pennsylvania, suspensa sobre uma cascata, ilustra perfeitamente a idéia de Wright de que a arquitetura deve ser orgânica, fundida com o meio ambiente e a paisagem, respeitando as forças da natureza (figuras 02 e 03). “Eu acho que Natureza deveria ser escrita com “N” maiúsculo; não porque ela seja Deus, mas porque tudo que podemos aprender com Deus nós aprenderemos com o seu corpo, que chamamos Natureza.” (Frank Lloyd Wright apud STUNGO, 1999). Figura 02 - Falling Water House (Fonte: Frank Lloyd Wright Foundation, 2009). 20 Figura 03 - Falling Water House (Fonte: PFEIFFER, 2007). Em 1962, o lançamento do livro "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson, é considerado por muitos um marco para o entendimento das inter-relações entre economia, meio ambiente e as questões sociais e dez anos depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) promove a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. A conferência levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Ainda no mesmo ano, uma equipe de especialistas de vários países publica o relatório "Os Limites do Crescimento", com estudos sobre como o crescimento populacional associado ao incremento do uso dos recursos naturais impunha limites para o crescimento industrial. A crise do petróleo, em 1973, vem reafirmar a necessidade de se desenvolver projetos menos impactantes e de se questionar o padrão consolidado de desenvolvimento baseado numa matriz energética fundamentada em combustíveis fósseis. Um dos resultados do embargo ao petróleo foi a criação do Comitê de Energia dentro do Institute of Architects (AIA) que trabalhou no desenvolvimento de soluções técnicas para economia de energia, como o uso de vidros triplos e coberturas reflexivas. Um dos exemplos de construções notáveis que foram desenvolvidas na década de 70 e contemplavam os conceitos da construção ecológica foi o projeto para a sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas, do arquiteto Norman Foster, na Inglaterra (figuras 04 e 05). Concebido um pouco antes da crise do petróleo, o aquecimento do edifício é feito através de gás natural, demonstrando 21 um exemplo pioneiro de consciência energética e sua cobertura verde garante uma performance térmica excelente. Como reconhecimento pelas suas inovações, este projeto recebeu através dos anos vários prêmios pela sua eficiência energética e pela sua arquitetura (WINES, 2008). Figura 04 - Vista aérea da sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas (Fonte: Foster+Partners, 2008). Figura 05 - Foto interna da sede da Companhia de Seguros Willis Faber and Dumas (Fonte: Foster+Partners, 2008). Outro projeto visionário da mesma época é o Edifício Gregory Bateson, na Califórnia, do arquiteto Sim Van der Ryn (figura 06). O edifício foi pioneiro em utilizar 22 tecnologias de aquecimento e resfriamento de ar, utilização de painéis fotovoltaicos, iluminação natural e de análise de eficiência térmica através de simulações por computador, que se tornaram padrão de eficiência energética para projetos de edifícios sustentáveis. Análises de pós-ocupação do edifício mostraram que estas características reduziram o consumo de energia para aquecimento, resfriamento e iluminação em mais de 75% em comparação a outro edifício comercial de mesmo porte. Figura 06 - Foto interna do Edifício Gregory Bateson (Fonte:UFSC, 2008). Nos anos 80 a pesquisa de novas tecnologias e materiais foi grande, principalmente para o desenvolvimento de novas fontes de energias renováveis. Como resultados, surgiram painéis solares mais eficientes, sistemas de vedação pré-fabricados, sistemas de tratamento de águas servidas, construções modulares e o incentivo ao uso da luz natural para diminuir o consumo de energia durante o dia. Em 1987 o Brundtland Report “Our Common Future”, documento elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (criada pela ONU e presidida pela então primeira ministra da Noruega Gro Harlen Brundtland) diz: 23 A humanidade possui a capacidade para fazer desenvolvimento sustentável – para garantir que se satisfaçam as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades... Desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração de recursos, a direção de investimentos, a orientação de desenvolvimento tecnológico, e mudança institucional são feitas de forma consistente com as necessidades futuras, bem como com as necessidades do presente. Estudos recentes analisam as cidades pela sua “pegada ecológica”, Tentando relacionar a área de ocupação de determinada cidade com a área necessária para mantê-la funcionando, ou seja, área para abastecimento de alimentos, energia, água, depósito de lixo, extração de matéria prima, entre outros (MÜLFARTH, 2002). As Nações Unidas apontaram as seguintes estratégias sustentáveis para o design de componentes de construção e projeto de edifícios: • o uso de menos materiais, especialmente aqueles de alta energia, nos edifícios, buscando maneiras de reduzir a espessura de paredes, acabamentos, e pé direito, onde estes fatores não comprometam outros aspectos do desempenho do edifício; • optar por materiais de baixo consumo de energia na sua produção, onde estes forem disponíveis, como por exemplo: o uso de madeira ao invés de aço ou concreto para vigas e treliças, uso de argamassa de cal ao invés de argamassa de cimento, uso de terra e tijolos de terra estabilizada ao invés de tijolos queimados, uso de blocos de concreto celular ao invés de blocos/painéis densos de concreto, optar por sistemas estruturais como alvenaria auto-portante em lugar de concreto armado ou estrutura metálica; • projetar edifícios de baixa altura ao invés de edifícios de grande altura, onde as possibilidades permitam; • optar, onde possível, por materiais de descarte ou reciclados, ou materiais que incorporem qualquer destes, como por exemplo, cimento aditivado com escória de alto-forno, mantas de impermeabilização asfáltica que incorporam papel reciclado e materiais de demolição; • projetar edifícios com longa durabilidade, porém facilmente adaptáveis a novas necessidades e requerimentos; 24 • projetar edifícios levando em conta a reciclagem de seus materiais, utilizando, por exemplo, argamassas “moles”, de modo a facilitar o reaproveitamento de tijolos e evitar, onde possível, o uso de concreto armado; • especificar materiais que possam ser encontrados em locais próximos à obra e que tenham baixo custo de transporte. Um dos exemplos mais notáveis de empreendimentos realizados de acordo com estas premissas é o Beddington Zero Energy Development (BedZED). 4.2. BEDDINGTON ZERO ENERGY DEVELOPMENT (BEDZED) O BedZED é um bairro ecológico experimental construído em Wallington no sul de Londres e habitado deste 2002 cuja concepção permite atingir impressionantes taxas de economia nos consumos domésticos (figura 07). Figura 07 – Vista aérea do projeto Beddington Zero Energy Development (BedZED) Fonte: www.bedzedhouse.com (2009) Desde o começo, o empreendimento londrino foi feito como manda a cartilha da sustentabilidade: com material de construção comprado perto da área a ser erguida, uso de materiais reciclados e mão-de-obra local. Hoje, 220 pessoas vivem nas 100 unidades do condomínio. Inicialmente eram 82 apartamentos e os demais eram escritórios. A idéia de trabalhar ali, contudo, parece não ter sido tão aprovada no dia-a-dia e logo os escritórios se converteram em novas moradias, de um a quatro dormitórios (figura 08). 25 Figura 08 – Detalhe da unidade habitacional. Fonte: www.olharglobal.net (2009) O bairro segue uma filosofia de composição heterogênea dos seus residentes: cerca de 1/3 dos habitantes pertence às classes mais desfavorecidas, 1/3 pertence à classe média e o outro terço à classe alta, entre os quais se encontram alguns dos que projetaram e financiaram o BedZED. Os resultados têm sido muito bons, com as populações mais desfavorecidas assimilando totalmente a vida social e a filosofia ecológica do bairro. O BedZED atinge taxas de redução de 88% no aquecimento, 57% na utilização de água quente e 25% no consumo de eletricidade, em relação à habitação média britânica. A sua construção foi realizada utilizando materiais existentes num raio de 50 km, diminuindo substancialmente a emissão de gases de efeito de estufa durante essa fase e 15% dos materiais utilizados na construção são reutilizáveis ou recicláveis. O sistema é baseado em técnicas simples e comprovadas para minimizar o consumo de energia. A Inglaterra tem um inverno rigoroso e todas as casas pedem aquecimento, o que representa um alto consumo de energia e gastos mensais. Nesta vila, as casas foram construídas para se manter a 18ºC. Os materiais usados na construção, principalmente nas paredes, conservam e liberam vagarosamente o calor, pois foram feitas com isolantes térmicos entre duas 26 camadas de concreto. Outra forma de aquecimento vem do uso da casa. Forno, televisão, pessoas – tudo libera uma quantidade de calor, que, em vez de ser desperdiçada, fica retida em um sistema de isolamento. No verão, basta abrir as janelas para o ar circular. E os grandes e coloridos ventiladores que se vêem nos telhados mantêm uma circulação inteligente que refrescam no verão e usam a pressão do vento para intensificar o aquecimento no inverno (figura 09). Figura 08 – Vista dos painéis solares, laje jardim e chaminés para o sistema de ventilação alimentado por energia eólica. Fonte: www.bedzedhouse.com (2009) Com essas técnicas, o consumo de energia para aquecimento é somente 10% do que gasta uma casa normal. O que se usa vem de fontes renováveis, proporcionando energia carbono zero. Dentro do condomínio, uma unidade abastecida por refugos de madeira fornece a energia elétrica para todos os apartamentos. O calor desse processo gera água quente. A água das chuvas, coletadas utilizando os telhados, é usada para a descarga nos banheiros. Essa medida e outras como máquinas de lavar roupa com baixo uso de água e sistemas de descarga reguláveis nos vasos sanitários, fazem com que a média de uso de água no BedZED seja de 60 litros por dia por pessoa. Para se ter uma idéia da diferença, no Reino Unido o gasto médio por pessoa é de 150 litros. Atualmente, 49% dos moradores fazem uso da bicicleta como meio de transporte. O trem, um hábito cultural na Inglaterra, também é bastante utilizado. Há ainda sistemas de abastecimento elétrico para veículos e um Clube do Carro. O morador se inscreve e recebe um cartão. A partir daí, agenda o carro quando precisa (há estacionamentos em vários pontos da cidade), utiliza e devolve no estacionamento, pagando de acordo com o tempo de uso. 27 4.3. CUSTOS DE UMA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Segundo a empresa americana de consultoria em negócios imobiliários Tishman Speyer estima-se que a execução de um "edifício verde" necessita de um aporte de 5 a 7% maior que o convencional, o que representa de 2,5% a 3% do custo do imóvel. Mas é importante salientar que este investimento retorna com a redução do custo operacional, que segundo a empresa representa 80% dos custos de uma edificação ao longo de 50 anos de uso (figura 10). Acredita-se que um edifício residencial convencional de três quartos tenha um gasto mensal durante sua operação de R$ 8/m², contra R$ 5/m² de um sustentável. A economia durante a operação em prédios comerciais sustentáveis é maior ainda, em média de R$4,5/m². Enquanto o prédio convencional necessita de R$10/m², o verde utiliza R$5,5/m² e a valorização do preço do aluguel de empreendimentos comerciais sustentáveis pode chegar a 7,5% (FRANK, 2008). Figura 10 – Análise do custo de uma edificação com ciclo de vida de 50 anos (Fonte: PIMENTEL, LAURINDO, 2009). Existe também a idéia de que toda solução mais eficiente também é a mais cara. O mercado hoje já oferece ao consumidor uma grande gama de produtos que possuem um desempenho ambiental superior sem, contudo, exigir um alto investimento (figura 11). É importante salientar também que a grande maioria destes produtos gera uma economia de recursos (principalmente água e energia elétrica) que acaba compensando o investimento ao longo do tempo. Podemos citar como 28 exemplo a lâmpada fluorescente compacta, cerca de 80% mais econômica e com durabilidade dez vezes maior que a incandescente. A troca de uma só lâmpada comum de 60W, modelo mais consumido nas residências brasileiras atualmente, por uma fluorescente de 15W, gera uma economia de R$ 2,00 em um mês. Embora a fluorescente tenha um custo médio de R$ 8,00 contra R$1,50 de uma lâmpada incandescente comum, em quatro meses o consumidor recupera o investimento. O restante da vida útil da lâmpada, portanto, representa lucro. Figura 11 – Análise do impacto ambiental e econômico de soluções ambientalmente mais corretas (Fonte: Fonte: PIMENTEL, LAURINDO, 2009). 4.4. MATERIAIS SUSTENTÁVEIS Hoje já é possível contar com organizações que informam ao consumidor sobre materiais mais sustentáveis, alguns inclusive com produtos que atendem aos requisitos do sistema de certificação ambiental LEED. O Banco Real, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas lançaram em 2008 o Catálogo Sustentável, ferramenta on-line que armazena informações sobre produtos e serviços avaliados a partir de critérios de sustentabilidade e são selecionados pela equipe de especialistas do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (GVces). O catálogo tem 29 como objetivo reunir e divulgar informações sobre produtos e serviços disponíveis no mercado brasileiro que aliam bom desempenho ambiental à responsabilidade social, de forma a subsidiar as decisões dos consumidores. O Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica – IDHEA é o primeiro centro de referência no Brasil para a pesquisa, uso e aplicação de produtos ecológicos fabricados industrialmente. O instituto também desenvolve e comercializa uma linha de produtos fabricados industrialmente por empresas credenciadas, além de possuir um catálogo com mais de 1.500 fornecedores e produtores de produtos ecológicos. O Selo Ecológico Falcão Bauer foi desenvolvido pelo Instituto Falcão Bauer da Qualidade, em conjunto com o IDHEA, destinado a comprovar e garantir a sustentabilidade dos produtos e baseado em critérios internacionais consolidados, como o Methodology for Environmental Profiles da instituição inglesa Building Research Establishment (BRE), entre outros. O Selo Ecológico Falcão Bauer possui três categorias, que demonstram os impactos e benefícios de um produto sustentável. Para a classificação em uma das categorias, os produtos são avaliados segundo algumas de suas características: inexistência, em sua composição, de substâncias perigosas, baixo impacto ambiental (análise de ciclo de vida), percentual em massa reciclável de pelo menos 30% pós-consumo ou 50% pré-consumo de suas matérias primas. Na categoria 3 também são avaliados produtos que possuam pelo menos 90% das matérias-primas renováveis. O Selo Sustentax foi desenvolvido pela empresa de consultoria em projetos ambientais de mesmo nome e tem como objetivo facilitar a introdução de materiais, equipamentos e prestadores de serviços socioambientalmente corretos no mercado da construção, permitindo a rápida identificação por projetistas, arquitetos, construtores e compradores. Sua criação ocorreu com base na experiência da empresa Sustentax – Engenharia de Sustentabilidade durante as primeiras certificações LEED da América do Sul, com a percepção da dificuldade de identificação de produtos e serviços adequados aos rígidos padrões de edifícios verdes. Em relação ao uso da madeira certificada na construção civil, existe a iniciativa de incentivar o seu uso através de programas como o projeto Madeira Legal, lançado em março de 2009 pelo Governo do Estado de São Paulo, a 30 prefeitura paulistana, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, a organização não-governamental World Wildlife Fund (WWF) - Brasil e outras organizações da sociedade civil e setor privado. Apenas no estado de São Paulo, o consumo de madeira amazônica é de 15%, e deste total, 70% são utilizadas na construção civil. O programa pretende desenvolver mecanismos de controle, como a exigência da apresentação do Documento de Origem Florestal, que comprova a origem, a quantidade e finalidade da madeira consumida, e incentiva o uso da madeira certificada nos departamentos de compras do setor público e privado, para identificar e monitorar a madeira que está sendo comprada - que deverá ser obrigatoriamente de origem legal ou certificada. Outra iniciativa foi tomada pela Caixa Econômica Federal, que também está criando mecanismos de incentivo ao uso da madeira certificada, e a partir do segundo semestre de 2009 só vai financiar construtoras que comprovarem a origem legal da madeira usada nas obras. A Caixa vai incluir nos contratos firmados com as construtoras uma cláusula que torna obrigatória a apresentação do Documento de Origem Florestal. Até 30 de junho, a ação terá caráter educativo, segundo a Caixa. Após essa data, as empresas que não apresentarem os documentos não terão acesso a novos financiamentos do banco. Para auxiliar o consumidor na escolha de produtos produzidos com madeira certificada, o Conselho de Manejo Florestal do Brasil e o Banco Real lançaram um catálogo de produtos certificados que inclui desde materiais para a construção civil até objetos decorativos e utensílios domésticos. O lançamento foi feito durante evento em São Paulo promovido por diversas entidades, para discutir a certificação, que ainda engatinha no Brasil, e contou com a participação do conselho internacional conhecido como Forest Stewardship Council (FSC). Além do catálogo, foi lançado um site desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas que lista os produtos certificados. No Brasil, apenas de 10% a 20% dos produtos de madeira são certificados, mas o governo federal está tentando incentivar a certificação. 31 4.5. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL Com a consolidação dos conceitos de projeto ecológico (green design) e construções verdes (green buildings) as avaliações ambientais se tornaram necessárias para quantificar e qualificar investimentos e benefícios da construção sustentável e servem como ferramenta de projeto e de verificação da sustentabilidade destes empreendimentos, tornando-se importantes para nortear projetos que busquem maior eficiência ambiental (VILHENA, 2007). Ainda que no Brasil não existam por ora parâmetros, sistemas de análise e de certificação para a arquitetura sustentável, é possível nos espelharmos em modelos e experiências já desenvolvidos e antecipar a nossa atuação, indo de encontro a esta realidade do nosso planeta. Mesmo porque a sustentabilidade plena passa por uma ideia de equilíbrio e perfeccionismo inatingíveis. Ainda assim, projetos e edificações podem ser mais ou menos sustentáveis, criando níveis ou graus de sustentabilidade na arquitetura, tendendo a se aproximarem cada vez mais deste ideal e, portanto, contribuindo para a proteção do nosso eco-sistema e sociedade (CORCUERA, 2006). Existem diferentes classificações e metodologias de avaliação e de certificação de edifícios. Segundo Corcuera (2008) podemos listar sete áreas principais para que uma edificação possa ser considerada sustentável: • Relação harmônica do edifício com seu entorno • Escolha integrada dos processos e os materiais construtivos • Sistemas de energia mais eficientes e menos poluentes • Sistemas de coleta e tratamento de água e esgoto • Sistemas para redução da formação de resíduos • Desenho funcional do edifício e acessibilidade física • Qualidade do ar interno e conforto ambiental 32 Muito provavelmente, construções sustentáveis não irão reverter de imediato os prejuízos causados pelo homem ao meio-ambiente, mas contribuirão para não piorar o quadro. Como uma das primeiras iniciativas de discussão sobre a construção sustentável adaptada ao nosso país, foi criado em agosto de 2007 o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS, constituído como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público e que tem por objetivo induzir o setor da construção a utilizar práticas mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de vida dos usuários, dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações. O conselho é organizado em comitês temáticos, que debatem e indicam boas práticas para as áreas mais prementes da edificação, como a de Energia, Água, Materiais, Projetos e Avaliação de Sustentabilidade. Neste último, são discutidos temas como: boas práticas na avaliação de produtos, projetos e empresas, identificação das lacunas para alcançar as boas práticas e a discussão da Avaliação de Sustentabilidade com relação à realidade brasileira. Atualmente, são utilizadas no país três ferramentas de certificação ambiental: um sistema de etiquetagem de edifícios focado na eficiência energética, o Procel Edifica, criado pela Eletrobrás, e dois sistemas estrangeiros de certificação de edifícios: o LEED, criado pelo USGBC, que deve receber sua versão adaptada ao país ainda em 2009 e o AQUA, sistema adaptado do francês HQE para a realidade brasileira pela Fundação Vanzolini. Estes sistemas, ainda que apresentem deficiências e problemas na sua totalidade, funcionam como um termômetro para indicar se a edificação atende aos requisitos mínimos de sustentabilidade em aspectos como: implantação, consumo de água, consumo de energia, geração de poluentes e resíduos, especificação de materiais, qualidade do ar interno e conforto ambiental dos ocupantes. 33 4.5.1. Procel Edifica A primeira iniciativa de se criar um selo de certificação ambiental nacional foi da Eletrobrás, dentro do programa Procel Edifica, lançado em 2003. O objetivo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - PROCEL é promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica, para que se eliminem os desperdícios e se reduzam os custos e os investimentos setoriais. A exemplo do que já ocorre com eletrodomésticos, o Selo Procel Edifica irá certificar projetos que prevêem redução de consumo e uso de energias alternativas, estimulando a adoção de ações nesse sentido. A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e residenciais opera, desde 2007, em caráter provisório, mas, a partir de 2012, passará a vigorar como lei. O primeiro prédio deverá ser certificado neste ano, na forma de um estudo piloto. Segundo Cichinelli (2009) o objetivo do Selo é estimular os construtores e incorporadores a aderirem aos conceitos de eficiência energética em edificações, viabilizando a implementação da Lei 10.295/01 (Lei de Eficiência Energética), evidenciando o potencial expressivo de conservação de energia deste setor. A economia pode chegar a 30% para edificações já existentes, se estas passarem por uma intervenção tipo reforma e/ou atualização. Nas novas edificações, ao se utilizar tecnologias energeticamente eficientes desde a concepção inicial do projeto, a economia pode superar 50% do consumo, comparada com uma edificação concebida sem uso dessas tecnologias. Entre os itens a serem avaliados pelo programa estão o sistema de iluminação, o sistema de condicionamento de ar e a envoltória. Para cada um deles já existem pré-requisitos e recomendações para se alcançar as classificações que vão de "A" a "E", dependendo do nível de eficiência energética da edificação. Para cada item será atribuído um peso. A média ponderada das três etiquetas irá determinar a classificação final do prédio. Para o diretor de construção e projetos da Tishman Speyer do Brasil o prazo de cinco anos para que o selo seja implementado em caráter obrigatório é suficiente para as empresas se adaptarem às novas exigências, sobretudo porque as tecnologias que proporcionam redução de consumo já estão disponíveis no mercado. Apesar de o incorporador ter de desembolsar de 5% a 7% a mais no custo 34 de construção de edificações comerciais e residenciais, a economia gerada pode chegar a até 40%, pagando o investimento em apenas três anos. Os projetos poderão ser avaliados antes da execução das obras, permitindo a identificação de itens críticos que coloquem em risco o conforto térmico no ambiente construído. Já a fiscalização será feita de acordo com os projetos certificados. Primeiro, certifica-se o projeto; em seguida, a obra pronta. Com a concessão da etiqueta, e posteriormente do selo, o Ministério de Minas e Energia acredita que será possível nortear parâmetros para construções mais eficientes, estimulando o mercado a adotar as melhores práticas no que se refere à economia de energia. O processo de etiquetagem baseia-se na avaliação da edificação em duas fases, de projeto e construída, através das seguintes fases: • Nível de eficiência O requerente deverá apresentar o projeto e autodeclarar, por meio de um memorial de cálculo e diversas comprovações, o respectivo nível de eficiência energética da sua edificação a um laboratório acreditado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). • Análise Após a conferência dos dados, o laboratório valida ou não o nível autodeclarado. É facultado ao laboratório reiniciar o processo, desde que toda a documentação seja reapresentada com as devidas alterações para ser submetida a nova análise. • Etiqueta A última fase é a avaliação da edificação construída. Através de uma conferência por amostragem, verifica-se se a obra foi executada de acordo com as premissas do projeto, que servem de base para a avaliação. A conferência é da obra pronta e a etiqueta é datada (figura 12). 35 Figura 12 – Selo de Eficiência energética do Procel. (Fonte: Procel/ Eletrobrás, 2009) 4.5.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental O sistema de certificação para empreendimentos sustentáveis AQUA é uma adaptação do sistema francês Haute Qualité Environnementale e se autodenomina a primeira certificação nacional porque foi alterado para atender as características ambientais do país. Para elaborar a certificação aplicável no Brasil foi formada uma parceria entre a Fundação Vanzolini, a Escola Politécnica da USP e o Centre Scientifique et Technique du Batiment (CSTB). Empreendimentos residenciais e comerciais, pontes, obras de pavimentação e saneamento podem ser certificadas desde que enquadrados nos 14 critérios que abrangem impactos ambientais no canteiro de obras, na implantação da construção e no término na construção. Abrange também requisitos de conforto e saúde do usuário. O processo de certificação ocorre em três etapas. A primeira é feita durante o planejamento do empreendimento, antes mesmo do projeto, ou seja, quando é decidido a localização do empreendimento, qual o tipo de uso, a 36 funcionalidade e a missão ambiental. Após a conclusão dos projetos, que permitem avaliar o desempenho dos 14 critérios de avaliação, tem-se a segunda etapa quando é possível identificar se a qualificação é de nível bom, superior ou excelente. Esta é a fase de concepção. Após a conclusão, é feita uma terceira avaliação e a certificação, quando é verificado que de fato a construção atingiu os critérios de desempenho e, então, é emitido o certificado (figura 13). Figura 13 - Certificado Aqua. (Fonte: Casa AQUA, 2009). Diferente das normas que temos hoje, cujos procedimentos são feitos por meio de relatórios enviados à certificadora no exterior, o processo AQUA prevê reuniões e visitas dos auditores durante todo o programa, concepção e realização da obra, afirma o diretor de certificação da Fundação Vanzolini, José Joaquim do Amaral Ferreira. As principais adaptações para o Brasil são relativas à questão dos materiais de construção, o nível de consumo de água e de energia e do conforto térmico, que no Brasil são bem diferentes em relação a outros países. Mas há também muitos pontos que são comuns a outros países, como o conforto visual, olfativo, entre outros, e que foram mantidos no sistema brasileiro. De acordo com informações divulgadas pela Fundação Vanzolini, a média de custo adicional para a construção sustentável em relação à convencional gira em 37 torno de 5% do custo da obra. O valor da certificação está incluso nesses 5%, o que representa 0,15% do custo da construção e a média de retorno desses 5% de investimento acontece depois de um período de 2 a 5 anos, através da economia de água, energia, manutenção e gestão de resíduos. Categorias da Qualidade Ambiental do Edifício - QAE • Eco-construção Categoria 1: Relação do edifício com o seu entorno Categoria 2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos Categoria 3: Canteiro de obras com baixo impacto ambiental • Gestão Categoria 4: Gestão da energia Categoria 5: Gestão da água Categoria 6: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício Categoria 7: Manutenção - Permanência do desempenho ambiental • Conforto Categoria 8: Conforto higrotérmico Categoria 9: Conforto acústico Categoria 10: Conforto visual Categoria 11: Conforto olfativo • Saúde Categoria 12: Qualidade sanitária dos ambientes Categoria 13: Qualidade sanitária do ar Categoria 14: Qualidade sanitária da água 38 O desempenho associado às categorias de QAE se expressa segundo três níveis: BOM: nível que corresponde ao desempenho mínimo aceitável para um empreendimento de Alta Qualidade Ambiental. Isso pode corresponder à regulamentação se esta é suficientemente exigente quanto aos desempenhos de um empreendimento, ou, na ausência desta, à prática corrente. SUPERIOR: nível que corresponde ao das boas práticas. EXCELENTE: nível calibrado em função dos desempenhos máximos constatados em empreendimentos de Alta Qualidade Ambiental, mas se assegurando que estes possam ser atingíveis. A atribuição do certificado está vinculada à obtenção de um perfil mínimo referente às 14 categorias (figura 14). Figura 14 - Exigência de classificação segundo o HQE (Fonte: Referencial técnico de certificação Processo Aqua, 2007). Atualmente está em processo de certificação a primeira construção com o Selo Aqua - um resort no estado de Pernambuco, o que permitirá definir o referencial brasileiro para hotéis (figura 15). O conjunto de normas que atenderá edifícios residenciais está sendo adaptado pela Fundação Vanzolini em parceria com o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP, e deve ser apresentado ao mercado ainda neste ano. Figura 15 - Projeto The Reef Club - primeiro empreendimento em processo de certificação pelo Selo Aqua (Fonte: Método Engenharia, 2008). 39 4.5.3. LEED - Leadership in Energy & Environmental Design O sistema norte-americano LEED é uma ferramenta voluntária de certificação ambiental da construção civil criado pelo USGBC, organização não governamental Americana criada em 1993, com foco em sustentabilidade de edificações e empreendimentos imobiliários. É composto por mais de 15.000 organizações da indústria da construção civil incluindo arquitetos, engenheiros, construtores, agências governamentais, indústrias, universidades e organizações sem fins lucrativos que buscam desenvolver construções que são ambientalmente responsáveis e economicamente viáveis (USGBC 2008). Sua aplicação é baseada na classificação e pontuação das soluções sustentáveis de um projeto, avaliando o desempenho dos empreendimentos em seis áreas-chave (espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera, seleção de materiais e recursos, qualidade ambiental interna e inovação e processos) através de um check list (figura 16) com pré-requisitos e créditos agrupados em seis categorias ambientais. Os pré-requisitos são obrigatórios (figura 17) e a certificação base é atingida com a obtenção de um número mínimo de créditos que varia de acordo com a categoria da edificação (figura 18). LEED Application Guide Sustainable Sites easy mod Possible Points 14 diff Prereq 1 Credit 1 Credit 2 Credit 3 Credit 4.1 Credit 4.2 Credit 4.3 Credit 4.4 Credit 5.1 Credit 5.2 Credit 6.1 Credit 6.2 Credit 7.1 Credit 7.2 Credit 8 Erosion and Sedimentation Control Site Selection Urban Redevelopment Brownfield Redevelopment Alternative Transportation, Locate Near Public Transportation Alternative Transportation, Bicycle Storage & Changing Rooms Alternative Transportation, Alternative Fuel Refueling Stations Alternative Transportation, Minimum or No New Parking Reduced Site Disturbance, Protect or Restore Open Space Reduced Site Disturbance, Reduce Footprint & Increase Open Space Stormwater Management, No Net Increase or 25% Decrease Stormwater Management, Treatment System Landscape & Exterior Design to Reduce Heat Island, Site Surfaces Landscape & Exterior Design to Reduce Heat Island, Roof Surfaces Light Pollution Reduction 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 40 Water Efficiency easy mod Credit 1 Credit 2 Credit 3 mod 13 0 3 2 2 2 1 1 1 1 Storage & Collections of Recyclabes Building Reuse, Maintain 75-100% of Existing Shell & 0-50% of Non-Shell Construction Waste Management, Salvage or Recycle 50-70% Resource Reuse, Specify 5-10% Recycled Content, Specify 25-50% Local/Regional Materials, 20% Manufactured Locally Local/Regional Materials, of 20% Above 50% Harvested Locally Rapidly Renewable Materials Certified Wood Indoor Environmental Quality mod Possible Points diff Prereq 1 Credit 1 Credit 2 Credit 3 Credit 4 Credit 5.1 Credit 5.2 Credit 6 Credit 7 easy 17 0 0 0 10 3 1 1 1 1 Fundamental Building Systems Commisioning Minimum Energy Performance CFC Reduction in HVAC&R Equipment Optimize Energy Performance, 20-60% New 10-50% Existing Renewable Energy, 5-20% Additional Commisioning Ozone Depletion Measurement and Verification Green Power Materials & Resources mod Possible Points diff Prereq 1 Prereq 2 Prereq 3 Credit 1 Credit 2 Credit 3 Credit 4 Credit 5 Credit 6 easy 5 2 1 2 Water Efficient Landscaping, 50% Reduction to Portable Free System Innovative Wastewater Technologies Water Use Reduction, 20-30% Energy & Atmosphere easy Possible Points diff Possible Points 15 diff Prereq 1 Prereq 2 Credit 1 Credit 2 Credit 3.1 Credit 3.2 Credit 4.1 Credit 4.2 Credit 4.3 Credit 4.4 Credit 5 Credit 6.1 Credit 6.2 Credit 7.1 Credit 7.2 Credit 8.1 Credit 8.2 Minimum IAQ Performance Environmental Tobacco Smoke (ETS) Control Carbon Dioxide (CO2) Monitoring Increase Ventilation Effectiveness Construction IAQ Management Plan, Prior Construction IAQ Management Plan, During Low-Emitting Materials, Adhesives Low-Emitting Materials, Paints Low-Emitting Materials, Carpet Low-Emitting Materials, Composite Wood Indoor Chemical and Pollutant Source Control Controllability of Systems, Operable Window Controllability of Systems, Individual Controls Thermal Comfort, Comply with ASHRAE 55-1992 Thermal Comfort, Permanent Monitoring System Daylight and Views, Diffuse Sunlight to 90% Daylight and Views, Direct Line of Site to 90% 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 41 Innovation & Design Process easy mod Possible Points Credit 1.1 Credit 1.2 Credit 1.3 Credit 1.4 Credit 2 mod 1 1 1 1 1 Innovation in Design Innovation in Design Innovation in Design Innovation in Design LEEDTM Accredited Professional Total Project Score easy 5 diff Possible Points 69 diff LEED Certified: 26 – 32 points, LEED Silver: 33 – 38 points LEED Gold: 39 – 51 points, LEED Platinum: 52 – 69 points Figura 16 - Check list da ferramenta LEED-NC (Fonte:USGBC, 2008). PRÉ-REQUISITOS OBJETIVO Pré-requisito 1 – Espaço Sustentável (SS) Prevenção da poluição na atividade da construção Reduzir a poluição das atividades de construção, controlando poeira, erosão do solo e sedimentação de cursos de água. Pré-requisito 2 – Energia e Atmosfera (EA) Comissionamento fundamental dos sistemas de energia da construção Verificar se os sistemas de energia estão instalados, calibrados e com desempenho de acordo com o previsto em projeto Pré-requisito 3 – Energia e Atmosfera (EA) Desempenho de consumo mínimo de energia Estabelecer nível mínimo de eficiência energética para o prédio e seus sistemas Pré-requisito 4 – Energia e Atmosfera (EA) Gerenciamento fundamental de gases refrigerantes Reduzir a destruição da camada de ozônio através de uso zero de fluidos refrigerantes à base de CFC Pré-requisito 5 – Materiais e Recursos (MR) Estocagem e coleta de materiais recicláveis Prever espaço para coleta seletiva de lixo na fase de obra e operação do edifício Pré-requisito 6 – Qualidade Ambiental Interna (EQ) Desempenho mínimo da qualidade do ar interior Estabelecer desempenho mínimo de qualidade do ar interno contribuindo para o conforto e bem estar dos funcionários Pré-requisito 7 – Qualidade Ambiental Interna (EQ) Controle de Fumaça de Tabaco no Ambiente Prevenir ou minimizar a exposição dos ocupantes do edifício, superfícies internas e sistema de distribuição de ar à fumaça de cigarro Figura 17 – Pré-requisitos por categoria para o LEED-NC (Fonte: CASADO, 2008). 42 ESPAÇO SUSTENTÁVEL - SS CR 1 Seleção do local do empreendimento CR 2 Densidade urbana/conectividade com comunidade CR 3 Recuperação de áreas contaminadas CR 4.1 Transporte alternativo – Acesso transporte público CR 4.2 Transporte alternativo – Bicicletário e vestiários CR 4.3 Transporte alternativo – Veículos de baixa emissão e consumo eficiente CR 4.4 Transporte alternativo – Redução da capacidade de estacionamento CR 5.1 Diminuição de impacto de implantação – Proteção/restauração do Habitat CR 5.2 Diminuição de impacto de implantação – Maximização de espaços abertos CR 6.1 Águas pluviais – Controle de quantidade CR 6.2 Águas pluviais – Controle de qualidade CR 7.1 Redução de ilhas de calor – Áreas abertas CR 7.2 Redução de ilhas de calor – Áreas de cobertura CR 8 Redução de poluição luminosa USO EFICIENTE DA ÁGUA - WE CR 1.1 Paisagismo com uso eficiente de água-redução de 50% CR 1.2 Paisagismo com uso eficiente de água-uso de água não potável/não irrigação CR 2 Inovação em tecnologia de tratamento de águas servidas CR 3.1 Redução do uso de água potável – 20% CR 3.2 Redução do uso da água potável – 30% 43 ENERGIA E ATMOSFERA - EA CR 1.1 Otimização do desempenho energético – 10,5% CR 1.2 Otimização do desempenho energético – 14% CR 1.3 Otimização do desempenho energético – 17,5% CR 1.4 Otimização do desempenho energético – 21% CR 1.5 Otimização do desempenho energético – 24,5% CR 1.6 Otimização do desempenho energético – 28% CR 1.7 Otimização do desempenho energético – 31,5% CR 1.8 Otimização do desempenho energético – 35% CR 1.9 Otimização do desempenho energético – 38,5% CR 1.10 Otimização do desempenho energético – 42% CR 2.1 Geração local de energia renovável – 2,5% CR 2.2 Geração local de energia renovável – 7,5% CR 2.3 Geração local de energia renovável – 12,5% CR 3 Melhorias no Comissionamento CR 4 Gerenciamento intensificado de gases refrigerantes CR 5 Plano de Medição e verificação CR 6 Uso de energia renovável comprada de concessionária MATERIAIS E RECURSOS - MR CR 1.1 Reuso de construção – aproveitamento de 75% de parede/piso/cobertura CR 1.2 Reuso de construção – aproveitamento de 100% de parede/piso/cobertura CR 1.3 Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos internos não estruturais CR 2.1 Gestão de resíduos da construção – Destinar 50% para reuso (in loco ou fora) CR 2.2 Gestão de resíduos da construção – Destinar 75% para reuso (in loco ou fora) CR 3.1 Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado CR 3.2 Reuso de materiais – 10% do material de construção orçado CR 4.1 Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material de construção orçado CR 4.2 Material reciclado pré ou pós consumo – 20% do material de construção orçado CR 5.1 Materiais regionais – 10% do material de construção orçado CR 5.2 Materiais regionais – 20% do material de construção orçado CR 6 Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de construção orçado CR 7 Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira 44 QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA - EQ CR 1 Monitoramento do ar externo entregue CR 2 Aumento da ventilação natural ou forçada CR 3.1 Plano de gerenciamento da qualidade do ar – construção CR 3.2 Plano de gerenciamento da qualidade do ar – pré-ocupação CR 4.1 Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes CR 4.2 Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos CR 4.3 Materiais com baixa emissão – carpetes CR 4.4 Materiais com baixa emissão – adesivos e compensados e laminados CR 5 Controle de produtos químicos e fontes de poluição interior CR 6.1 Controle do sistema de iluminação CR 6.2 Controle do sistema de temperatura e ventilação CR 7.1 Conforto térmico – projeto CR 7.2 Conforto térmico – verificação CR 8.1 Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços CR 8.2 Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços INOVAÇÃO E PROCESSO DE DESIGN - IN CR 1.1 Inovação em projeto CR 1.2 Inovação em projeto CR 1.3 Inovação em projeto CR 1.4 Inovação em projeto CR 2 Profissional acreditado LEED Figura 18 – Créditos por categoria para o LEED-NC (Fonte: GBC Brasil, 2009). Todos os créditos têm peso igual e não existe uma pontuação mínima exigida em cada categoria. Assim, esse sistema permite que o projetista possa escolher quais são os créditos a serem obtidos o que torna a ferramenta mais amigável e aplicável, de fácil incorporação à prática profissional. De acordo com a pontuação obtida, têm-se quatro níveis de certificação: Certificado, Prata, Ouro e Platina (figura 19). 45 NÍVEL DE CERTIFICAÇÃO PONTUAÇÃO PESO Certificado 26 a 32 pontos 38 a 46% Prata 33 a 38 pontos 47 a 55% Ouro 39 a 51 pontos 56 a 74% Platina 52 a 69 pontos 75 a 100% Figura 19 – Pontuação e níveis de certificação para o LEED-NC (Fonte: CASADO, 2008). Os critérios de avaliação são específicos para contemplar diferentes edificações. A regra LEED NC - Novas Construções aplica-se a empreendimentos de escritórios em que o proprietário ou locatário detenha 51% ou mais da ocupação. Neste caso, a certificação trata a construção como sede de empresa e avalia desempenho de núcleo, fechamentos, móveis, luminárias e todos os demais itens internos. Nos edifícios de escritório em que o proprietário ou um locatário isolado não detenha mais da metade da ocupação, a regra que deve ser aplicada é a LEEDCS (Core and Shell), que certifica apenas o núcleo e envoltório. Os ocupantes podem, no entanto, obter classificações independentes para o interior de seus escritórios de acordo com o LEED-CI (Commercial Interiors). Somadas, as regras LEED-CS e LEED-CI correspondem ao LEED-NC. Além dos parâmetros para construções comerciais, o LEED oferece regras para outros cinco tipos de edificações: LEED-EB (Existing Building) para maximização da operação e da manutenção de edifícios existentes; LEED for Homes para projeto e construção de edifícios residenciais, LEED-ND (Neighborhood Development) para desenvolvimento de loteamentos, urbanismo e equipamentos comunitários e o LEED Schools para projetos educacionais. O sistema de avaliação da ferramenta é desenvolvido através de um processo aberto e consensual conduzido por comitês, divididos em cinco subcomitês temáticos que abordam os cinco critérios de avaliação da ferramenta LEED: Materiais e Recursos (MR), Energia e Atmosfera (EA), Espaço Sustentável - Site (SS), Qualidade Ambiental Interna (EQ) e o Uso Racional da Água (WE). Os comitês são voluntários e compostos por um diverso grupo de profissionais, responsáveis pelo desenvolvimento, implementação e revisões do sistema. Por lidar com critérios de desempenho, em geral, o sistema de avaliação é revisto a cada dois anos. Da 46 mesma forma, os edifícios certificados devem passar pela verificação de desempenho a cada dois anos (GONÇALVES, 2006). Segundo dados do GBC um edifício certificado com o LEED pode diminuir em 30% o consumo de energia; 35% de emissões de carbono; 30-50% de consumo de água e 50-90% da geração de resíduos. Ao introduzir nas edificações os conceitos de sustentabilidade ambiental, o sistema orienta os projetistas, construtores e empresários a construir de forma a maximizar o desempenho do edifício, tanto ambiental quanto econômico (USGBC, 2008). O processo de certificação é dividido em duas fases. A primeira é o registro da edificação no USGBC. A segunda é a pré-certificação, concedida com base no desempenho dos itens previstos em projeto. A certificação real ocorre somente após a conclusão da obra, quando todos os sistemas são rigorosamente auditados. Depois de certificado, a edificação terá o direito de usar o selo LEED pelo período de dois anos. Ao final deste prazo, para conservar a certificação o edifício deve ter sua operação e sistemas sustentáveis reavaliados. Se não houver interesse na renovação, perde-se o direito de usar o selo. A comprovação de atendimento aos pré-requisitos e créditos para obtenção de cada ponto requerido é feita através de documentação específica para cada um dos pré-requisitos e créditos. Esta documentação engloba formulários padrão do LEED, desenhos, fotografias, memoriais de cálculo, simulações energéticas e de iluminação, documentação, notas fiscais, medições entre outros. O custo do processo de certificação junto ao USGBC é de US$600,00 para o registro. Para a análise e certificação, os valores variam de acordo com a área do empreendimento (figura 20). ÁREA (m²) ANÁLISE DE PROJETO CERTIFICAÇÃO Até 4.645,00 US$ 1.500,00 US$ 750,00 4.646,00 a 46.451,00 0,32 US$/m² 0,16 US$/m² Superior a 46.452,00 US$ 15.000,00 US$ 7.500,00 Figura 20 – Custo do processo de certificação junto ao USGBC (Fonte: CASADO, 2008). O custo da consultoria (não obrigatória) fica em torno de 0,5 a 1% do valor da obra. Para empreendimentos certificados na categoria Platina, o sistema dá a 47 certificação, de forma a incentivar a busca da pontuação máxima e de edificações cada vez mais eficientes. Segundo o USGBC, têm-se as seguintes estimativas de custos adicionais nas construções certificadas (figura 21): NÍVEL DE CERTIFICAÇÃO ACRÉSCIMO NO CUSTO DE CONSTRUÇÃO (%) Certificado 0,5 a 1 Prata 1a2 Ouro 2a4 Platina 4a7 Figura 21 – Acréscimo do custo da construção de acordo com o nível de certificação (Fonte: CASADO, 2008). A partir de 27 de abril de 2009 entrará em vigor a nova versão do LEED (V3), com alterações significativas no número de créditos (passando de 69 para 100) e na pontuação a ser atingida em cada nível de certificação. A nova versão também incluirá diretrizes atualizadas para a Avaliação de Energia e Design Ambiental e um sistema de avaliação por terceiros, através de organismos de certificação independentes. 4.5.3.1. Adaptação do Selo LEED para o Brasil A ferramenta já vem sendo aplicada no Brasil desde 2004, quando os primeiros projetos brasileiros foram registrados no USGBC para a obtenção da certificação. O primeiro projeto a obter o selo LEED foi a Agência do Banco Real na Granja Viana em Cotia, SP. Atualmente, existem aproximadamente 12 empreendimentos buscando pré-certificação no LEED-CS na cidade de São Paulo e três já estão pré-certificados, sendo um residencial. No Rio de Janeiro, o edifício Cidade Nova foi o primeiro empreendimento a receber a certificação LEED Core & Shell do país e da América Latina e a segunda fora dos Estados Unidos. 48 Desde então surgiram vários questionamentos pela utilização de um sistema não adaptado à realidade da construção civil brasileira e que é referenciado em normas e padrões americanos para qualificar as edificações, o que dificulta a obtenção dos créditos no Brasil. Para otimizar o processo de certificação no Brasil, foi criado o GBC Brasil (filial do USGBC) no segundo semestre de 2007, que contribuiu para consolidar a evolução do mercado de edifícios verdes e certificação LEED. No início de 2008 iniciaram-se os trabalhos para a adaptação da ferramenta para a realidade brasileira. O processo de regionalização é voluntário e está sendo formulado por um Comitê de Adaptação do GBC Brasil, que reúne especialistas em construção e meio ambiente, professores e pesquisadores universitários, empresários, fabricantes de matéria-prima e de equipamentos e associações de classe. O LEED Brasil levará em consideração as peculiaridades do setor da construção no Brasil, reavaliando seus temas centrais e redimensionamento do sistema de pontos com o objetivo de estimular a adoção de práticas sustentáveis inovadoras no país. Incluirá também questões referentes ao sistema métrico, medidas de desempenho, como as do sistema da American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE), e da regulamentação brasileira. No sistema adaptado, o tema da sustentabilidade estará intrinsecamente relacionado às questões sócio-ambientais. Serão criadas duas novas categorias, referentes à biodiversidade e o impacto social positivo de uma construção. A versão nacional da certificação de sustentabilidade também vai premiar edifícios que privilegiem a acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência, a redução de consumo de água e o aquecimento solar. O sistema de pontuação brasileiro também deverá ser alterado, acompanhando a revisão em curso dos requisitos do LEED nos Estados Unidos. Com a mudança, a nota máxima possível na modalidade de Novas Construções passará dos atuais 69 pontos para 100 - mais assimilável pelo mercado imobiliário, segundo o GBC Brasil. Para chegar ao novo valor, foram ponderadas as pontuações parciais de cada um dos cinco itens avaliados: Espaço Sustentável, Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna e Uso Racional da Água. 49 Até agora, o LEED brasileiro traz sete novos créditos em sua lista de exigências. No item Espaço Sustentável foram incluídos os requisitos “Adequação da acessibilidade interna” e “Adequação da acessibilidade externa”. Também deve ser criado um crédito para o empreendimento que desenvolva um Plano de Impacto Ambiental, uma espécie de mini EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental). Edifícios que instalarem sistemas de medição individualizada e de aquecimento solar de água ganharão pontos nos itens Uso Racional da Água e Energia e Atmosfera. Por fim, no item Materiais e Recursos, serão reconhecidos os empreendimentos que contem com projeto de limitação de geração de resíduos e de reuso de materiais e equipamentos (uso após desmontagem). Outra novidade é que o LEED brasileiro deve acabar com a possibilidade de que os edifícios tenham um espaço exclusivo para fumantes. A previsão é que o sistema regionalizado esteja disponível no segundo semestre de 2009. 4.5.3.2. Projetos Certificados e Pré-Certificados com o LEED no Brasil 4.5.3.2.1. Certificação da Agência do Banco Real - Cotia O projeto da agência do Banco Real em Cotia, no estado de São Paulo, foi o primeiro projeto a obter a certificação LEED NC no Brasil e na América do Sul (figura 22). Foi desenvolvido pela Superintendência de Engenharia e Arquitetura do banco com o acompanhamento do arquiteto Roberto Oranje e do engenheiro Marcos Casado e possui área construída de 600 m², em um terreno de 875 m². Figura 22 - Agência do Banco Real em Cotia (Fonte: DIVULGAÇÃO BANCO REAL, 2007). 50 A certificação, obtida na categoria Prata (figura 23), foi dada à agência, inaugurada em janeiro de 2007, com um custo cerca de 30% maior do que o de uma agência tradicional. Segundo o Engenheiro Marcos Casado, que participou do processo de certificação, esse valor elevado se deu por causa do processo experimental que foi utilizado no desenvolvimento do projeto e da obra, pois muitas das tecnologias e materiais utilizados tiveram que ser testados e verificados quanto ao seu desempenho ambiental. Figura 23 - Certificado do Banco Real na Granja Viana (Fonte: CASADO, 2008). Hoje, o projeto tem um caráter educacional explorado pela empresa. Clientes e usuários que visitarem a agência encontrarão, em displays espalhados por todo o prédio, a explicação sobre cada diferencial construtivo utilizado (figura 24) e são oferecidas visitas monitoradas onde são apresentadas as soluções adotadas e os preceitos da construção sustentável empregados no projeto. 51 Figura 24 - Sistemas construtivos da Agência do Banco Real na Granja Viana (Fonte: CASADO, 2008). Em relação às categorias de certificação, o projeto apresenta as seguintes soluções: • Espaço: O terreno selecionado está dentro de uma área onde já existia infra-estrutura (rede de água, eletricidade, ruas pavimentadas, etc.), evitando a geração de novos impactos ambientais. Possui alta conectividade com a 52 comunidade, e funcionários e clientes dispõem de 23 tipos de serviços num raio de 800 m. (Ex.: locadora de vídeo, restaurante, supermercado, farmácia, posto de gasolina etc.). A existência de cinco pontos de ônibus em um raio de 400 metros no entorno da agência estimula a utilização desse meio de transporte como forma alternativa para reduzir os impactos causados pela grande circulação de automóveis. Foi desenvolvido e concretizado o Plano de Controle de Sedimentação e Erosão para a construção e 25,5% do terreno da agência são áreas verdes; foram previstas vagas de estacionamento preferencial para transporte solidário e vagas preferenciais para veículos com baixa emissão ou consumo eficiente. Foram utilizados materiais e equipamentos sem gás clorofluorcarbono (CFC) e Hidroclorofluorcarbono (HFC) que não contribuem para a destruição da camada de ozônio e para o aquecimento global. • Racionalização do uso da água: 100% da água para irrigação provêm de reaproveitamento e tratamento e 85% do consumo de água potável da agência foram reduzidos em função das medidas de racionalização, reaproveitamento e captação de águas de chuva. As águas servidas (lavatórios), águas pluviais, águas de infiltração e de esgoto são tratadas sem o uso de energia e de substâncias químicas de efeito residual. Foram instaladas torneiras com sensores e bacias sanitárias de alta eficiência com duplo fluxo de funcionamento, reduzindo o consumo de água potável. • Eficiência energética: Integração do projeto de arquitetura com os de iluminação e de ar condicionado, a fim de reduzir os gastos na compra e operação de equipamentos de ar condicionado e iluminação, devido à redução de carga térmica. Para redução do calor proveniente de áreas não cobertas, o projeto combinou áreas sombreadas com materiais de alta refletância solar, reduzindo em 84% o calor proveniente de áreas não cobertas e resultando em uma eficiência energética 15% superior a um projeto convencional. Sensores de presença desligando a iluminação após desocupação do ambiente, a utilização de painéis fotovoltaicos e a redução da necessidade de iluminação artificial também reduziram os gastos energéticos e contribuíram para a redução da demanda energética nacional e gasto com a conta de iluminação. 53 • Sustentabilidade dos materiais: Para minimizar os resíduos, 77% do lixo e do entulho da construção foram reutilizados e reciclados, a fim de ampliar a vida útil de aterros sanitários e diminuir o impacto sobre o meio ambiente. Também foi realizada a separação, armazenamento e coleta de materiais recicláveis na agência, desde a fase da construção. Em relação aos materiais de construção, foi utilizado cimento produzido com resíduos de altos fornos siderúrgicos, blocos e painéis divisórios sem amianto, tintas e massa corrida sem solventes e carpetes com fibras de garrafas PET recicladas. 72% da madeira utilizada, inclusive do mobiliário, é certificada pelo FSC; 59% dos materiais utilizados na construção tiveram origem em um raio de menos de 800 km, proporcionando a redução da poluição, do desgaste de rodovias e pneus, menos poluição atmosférica e menos combustíveis fósseis e 17% de todos os materiais empregados são de rápida renovação na natureza (10 ou menos anos). • Qualidade ambiental interna: o gerenciamento do ar durante a construção minimizou o impacto da obra sobre a equipe de trabalho e vizinhança, e garantiu a qualidade do ar interior durante a fase operacional, com impacto direto em produtividade, bem estar e conforto dos funcionários e clientes da agência. É proibido fumar dentro do empreendimento, evitando a exposição dos ocupantes à fumaça de tabaco e mantendo a qualidade interna do ar. Os materiais utilizados (tintas e carpetes) possuem baixo índice de compostos orgânicos voláteis (COV’s) e não foram empregados anti-corrosivos e anti-ferruginosos, preservando a saúde de funcionários da obra e ocupantes da agência. O número de trocas de ar dentro da agência é 30% maior que o mínimo estabelecido em norma, visando diminuir problemas respiratórios, alérgicos e menor disseminação de gripes e 78% dos ambientes internos da agência tem acesso à iluminação natural e vista externa, criando espaços internos mais agradáveis. 54 4.5.3.2.2. Pré-certificação do Laboratório Delboni Auriemo Luiz Dumont Villares São Paulo O projeto para o laboratório Delboni Auriemo, com 3.000 m² de área construída em um terreno de 1.200 m², foi o segundo no país a obter a certificação LEED NC, somando 33 pontos e obtendo grau Prata (figura 25 e 26). O edifício foi construído pela RMA Engenharia Integrada e contou com uma equipe especializada para realizar este projeto, além de projetistas para o desenvolvimento dos projetos complementares e consultoria especializada em desenvolvimento e implantação de projetos sustentáveis baseados na norma LEED. Segundo Coudry, gestor de negócios da empresa, todos os itens especiais resultaram em um aumento de custos entre 10% e 15% em relação a uma obra convencional. Mas os custos mais elevados compensam ao final, não só pela economia que geram na operação e manutenção do prédio - entre 10% a 15% de redução nas despesas operacionais mas, principalmente, pelo impacto que geram na imagem do laboratório. Figura 25 – Laboratório Delboni Auriemo (Fonte: CASADO, 2008). 55 Figura 26 – Pontuação obtida pelo empreendimento (Fonte: CASADO, 2008) Segundo Andreson Benite, Diretor de Sustentabilidade da CTE (empresa de consultoria do projeto), uma das contribuições mais importantes neste projeto é a desmistificação da ideia de que edifícios sustentáveis envolvem altos custos, sistemas construtivos diferentes e soluções de projeto complexas. “O empreendimento comprovou que é possível desenvolver um edifício sustentável com sistemas e tecnologias simples, sem investimentos extraordinários, como se pensa ainda hoje” (figura 27). 56 Figura 27 – Soluções de projeto adotadas (Fonte: CASADO, 2008) Segundo o GBC Brasil, o empreendimento apresenta as seguintes propostas em relação às soluções de projeto: • Espaço: escolha criteriosa do terreno, levando em consideração opções de transporte coletivo, como ônibus e metrô, para diminuir o trânsito local. Instalação de bicicletário e chuveiros para uso de funcionários que optem por esse tipo de transporte. O estacionamento oferece vagas preferenciais para automóveis com combustível alternativo de baixa emissão, como gás natural e álcool, além de vagas preferenciais também para carros com mais de um passageiro, incentivando a prática da carona. Para diminuir a emissão de poluentes no ar durante a construção, foram requisitados fornecedores da região, limitando assim a um dia o uso de caminhões de carga. Foram criadas áreas verdes na cobertura para lazer dos funcionários e o paisagismo fez uso de plantas nativas. O sistema de concregrama, que facilita a drenagem do solo, diminui os custos de manutenção e consumo de água. Todos os resíduos de lixo gerados pelo estabelecimento são separados de 57 maneira que facilite sua coleta e reciclagem. Uso de tintas claras nas coberturas para redução do efeito de ilhas de calor no micro clima local. • Racionalização do uso da água: Nos banheiros foram instaladas válvulas de descarga com vazão dupla de 3 ou 6l e torneiras automáticas, com redução do consumo de água em mais de 30%. • Eficiência energética: o projeto arquitetônico utilizou pele de vidro tipo structural glazing, com alto índice de refletância e melhor isolamento térmico. O projeto de iluminação previu sensores de presença e interruptores em cada ambiente para diminuir o consumo de energia, além de luminárias com reatores com maior fator de potência. • Sustentabilidade dos materiais: 100% da madeira utilizada é certificada pelo FSC. Uso de diversos materiais que apresentam em sua composição alto conteúdo reciclado, como o gesso acartonado, o piso cerâmico, piso vinílico, vidro e argamassa. Reciclagem ou reuso de 98% dos resíduos de obra e 60% de produtos extraídos, beneficiados e manufaturados localmente. • Qualidade ambiental interna: O sistema de ar condicionado utiliza gás ecológico R407 e não o CFC, causador do efeito estufa, o que o torna mais econômico e menos poluente. Também possibilita o controle de uso e temperatura por áreas, tornando-se mais eficiênte. Uso de tintas, selantes e colas que, em sua composição, apresentam baixa quantidade de Compostos Orgânicos Voláteis. 4.5.3.2.3. Pré-certificação do Edifício Rochaverá Corporate Towers - São Paulo O Rochaverá Corporate Towers é um empreendimento composto de quatro torres, que, quando concluídas, somarão 230 mil metros quadrados de área construída, em um terreno de 33.000 m² situado na marginal Pinheiros entre os shoppings centers Morumbi e Market Place (figuras 28 e 29). O projeto desenvolvido pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos teve sua primeira etapa construída em 58 2008, composta de duas torres idênticas com 66.000 m² cada uma. Com investimentos de R$ 600 milhões, realizados por duas empresas internacionais do setor imobiliário (a norte-americana Tishman Speyer e a empresa inglesa Autonomy Investimentos) o edifício foi pré-certificado na categoria Ouro, que exige a obtenção de pelo menos 39 pontos. Figura 28 – Vista Rochaverá Corporate Towers (Fonte: REVISTA AU, 2008). Figura 29 – Praça de acesso (Fonte: REVISTA AU, 2008). Além de prever áreas verdes e praças para convívio e bem-estar dos usuários e transeuntes, o projeto de arquitetura privilegia a flexibilidade dos escritórios, que dispõe de área livre entre as janelas e o núcleo da construção, sem colunas. Os elevadores ficam no centro das torres, de forma que as laterais sejam todas ocupadas por janelas. Dessa forma, há uma superfície maior para incidência de luz natural e as lâmpadas não precisam ficar ligadas o tempo todo. Para evitar o uso desnecessário de ar condicionado, o lado oeste - mais sujeito à ação solar - tem placas de granito intercaladas com os vidros para impedir o aquecimento interno. Do outro lado, há somente vidro. A fachada é composta por vidros laminados refletivos especiais, de 10 mm, com alta transmitância luminosa e baixa transmissão térmica. Na cobertura, foram usadas tintas reflexivas para que o calor não seja absorvido e proposto um jardim para absorver a água da chuva (figura 30). Além de servir como isolamento térmico, a cobertura verde evita a impermeabilização de uma superfície grande. O projeto hidráulico previu dispositivos economizadores como válvulas de descarga com acionamentos independentes para líquidos e sólidos, torneiras 59 temporizadas e sensor de presença nos mictórios permitirão uma redução de 30% no consumo de água. A distribuição de ar é feita com sistema de volume de ar variável (VAV) automatizado, que garante máxima eficiência e menor consumo de energia elétrica. Nesse sentido, as quatro torres conciliarão o que há de mais moderno como o ar condicionado inteligente, que permitirá a adequação da temperatura aos diversos pontos dos andares aumentando o conforto térmico dos usuários. Os componentes do sistema de ar condicionado foram totalmente pré-fabricados de modo a garantir a eficácia, performance do sistema e redução de tempo de montagem, minimizando a exposição dos componentes ao acúmulo de sujidades, propiciando uma melhor qualidade do ar interior. No sistema elétrico, o gerenciamento da iluminação auxilia tanto no controle quanto na economia de energia. Assim é possível monitorar o consumo por conjunto, através de medidores de energia individualizados ligados em rede. O sistema de utilidades controla e monitora o sistema de bombas de água servida, esgoto, recalque, águas pluviais e sistema de reutilização de águas pluviais. No empreendimento foi implantada uma central de co-geração de energia (na verdade uma usina de geração a gás) que pode segurar toda energia das primeiras torres do projeto. O sistema de controle de acesso também está interligado ao sistema de controle dos elevadores, otimizando a chamada dos elevadores. Quando o usuário passa seu cartão de acesso pelas catracas no térreo, a mesma já direciona o usuário para o elevador determinado. Já os elevadores, com antecipação de chamada nos andares, indicam ao usuário qual a cabine a ser utilizada, levando-se em conta o menor trajeto a ser percorrido e a otimização da ocupação, gerando economia de energia. 60 Figura 30 – Cobertura verde. (Fonte: REVISTA AU, 2008) 61 5. METODOLOGIA Para que se possa avaliar a relevância da etapa do projeto arquitetônico no processo de certificação ambiental LEED-NC, a metodologia escolhida foi o estudo de caso de um projeto arquitetônico na fase executiva/detalhamento, para uma edificação nova, que se enquadre no sistema de certificação escolhido – LEED NC e que já tenha concluído o processo de desenvolvimento dos projetos complementares de infra-estrutura – projetos hidráulico, elétrico e de ar condicionado com fase de orçamento detalhado. O trabalho se organiza através das seguintes etapas: • Classificação dos pré-requisitos e créditos de acordo com a fase de implantação – projeto (arquitetônico, hidráulico, elétrico, condicionamento de ar), execução e operação; • Tabulação dos pré-requisitos e créditos pertinentes à fase de projeto por fase de desenvolvimento; • Verificação do peso da etapa de projeto e do projeto arquitetônico no processo de certificação; • Aplicação dos créditos de projeto arquitetônico no projeto de referência para verificar os pré-requisitos e créditos já atendidos e possíveis de serem atendidos na fase do projeto arquitetônico, considerando o impacto de implantação de acordo com a seguinte classificação: créditos obtidos através do uso de tecnologias, práticas e materiais usuais no mercado x necessidade de uso de tecnologias, práticas e materiais novos; créditos já obtidos ou com necessidade de pequenas adaptações do projeto e troca de especificações de materiais x alteração de soluções e partido de projeto. • Tabulação dos créditos x dificuldade de obtenção; • Análise do desempenho ambiental do projeto arquitetônico nas seis categorias de avaliação da ferramenta LEED (Espaço Sustentável, Eficiência do Uso da Água, Energia e Atmosfera, Materiais e Recursos, Qualidade Ambiental Interna, Inovação e Processos); • Verificação da pontuação máxima do empreendimento a ser obtida com o projeto arquitetônico respeitando o partido geral do projeto escolhido e a 62 viabilidade técnica das soluções (considerando a obtenção de todos os créditos possíveis com nenhum ou baixo impacto de implantação); • Análise dos ganhos ambientais e potencialidades a serem desenvolvidas no projeto arquitetônico em relação ao impacto ao meio ambiente e à sustentabilidade, considerando o resultado da aplicação da ferramenta. 5.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS Para a classificação dos pré-requisitos e dos créditos foi levada em consideração a etapa em que o atendimento às exigências de cada item é efetivamente consolidado - projeto (arquitetônico, hidráulico, elétrico, ar condicionado), execução ou operação do empreendimento, através da análise dos objetivos e dos requisitos de cada item de certificação. Também foram avaliadas quais as decisões técnicas pertinentes a serem tomadas e qual o profissional envolvido diretamente no processo. Alguns deles, por sua complexidade, são obtidos envolvendo mais de uma etapa; para estes créditos, a classificação adotada levou em consideração o profissional cuja área de atuação seja pertinente ao objetivo do crédito. A seguinte descrição dos objetivos e créditos dos itens de certificação da ferramenta foi feita através da transcrição da norma americana. 5.1.1. Espaço Sustentável • Pré-requisito 1 – Prevenção da poluição na atividade da construção Objetivo: Reduzir a produção de poluição gerada pelas atividades da construção, controlando a erosão do solo, sedimentação dos cursos de água e geração de poeiras. Requisitos: Criar e implementar um Plano de Controle de Sedimentação e Erosão que previna a perda de solo por águas de chuva ou vento, incluindo escavações estocadas para reuso, prevenir a sedimentação no sistema de águas pluviais e cursos de água e prevenir a poluição do ar por partículas e poeiras geradas pela obra. Fase de implantação: execução. 63 • Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento Objetivo: Evitar o uso de locais não apropriados e reduzir o impacto ambiental da implantação dos empreendimentos. Requisitos: Não implantar edifícios, pisos permeáveis, acessos e estacionamentos em áreas de atividades agrícolas ou cultiváveis, em áreas de alagamento, de preservação de espécies em extinção ou ameaçadas, conforme órgãos federais ou estaduais, dentro de áreas de preservação ambiental, preservação permanente ou áreas que antes da aquisição forma parques públicos, a menos que terrenos de igual ou maior valor sejam aceitas em troca pelo poder público. Fase de implantação: projeto arquitetônico. Apesar da etapa de escolha de terreno já estar totalmente concluída quando se inicia o desenvolvimento de projeto, a participação do arquiteto é importante no que se refere ao estudo de viabilidade da área e legislação pertinente. • Crédito 2 – Densidade de desenvolvimento e conectividade da comunidade Objetivo: Canalizar o desenvolvimento para áreas urbanas com infraestrutura já existente, proteger áreas verdes, habitat e recursos naturais. Requisitos: Construir ou reformar um empreendimento que esteja localizado em áreas com densidade construtiva mínima de 13.800m²/ha ou em áreas residenciais com densidade mínima de 25 unidades habitacionais/ha e no máximo a 800m de distância de, no mínimo, 10 dos serviços básicos listados: banco, igreja, mercado, creche, lavanderia, livraria, farmácia, restaurante, escola, supermercado, escritórios comerciais, loja de material de construção, bombeiros, salão de beleza, correio, clínica médica, dentista, academia de ginástica, museu, cinema, centro comunitário. Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do crédito 1. • Crédito 3 – Recuperação de áreas contaminadas Objetivo: Utilizar áreas recuperadas ou promover a recuperação de áreas contaminadas, reduzindo a pressão sobre áreas não urbanizadas. 64 Requisito: Atender a norma E 1093-97 documentada pela American Society for Testing and Materials (ASTM) ou utilizar locais classificados como contaminados por um órgão estatal com contaminação solucionada. Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do crédito 1. • Crédito 4.1. – Transporte alternativo - acesso ao transporte público Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos de passeio Requisito: Localizar o empreendimento a no máximo 800m de serviço de passageiros sobre trilhos existente (ou em execução) ou a no máximo 400m de pontos de ônibus com mais de duas linhas convencionais utilizáveis pelos ocupantes do empreendimento. Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do crédito 1. • Crédito 4.2. – Transporte alternativo - bicicletários e vestiários Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos. Requisito: Em empreendimentos comerciais, prever espaço seguro para guarda de bicicletas a no máximo 182m da entrada, para no mínimo 5% ou mais dos usuários do prédio e vestiários com chuveiro para 0,5% dos ocupantes do empreendimento em tempo integral. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 4.3. – Transporte alternativo - veículos de baixa emissão e consumo eficiente Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso de veículos. Requisito: Prover veículos de baixa emissão e alta eficiência (álcool ou GNV) com estacionamento preferencial para 3% dos ocupantes integrais do edifício, ou prover estacionamento preferencial para veículos de baixa emissão e alta eficiência para 5% do total da capacidade do estacionamento ou prover postos de abastecimento de combustíveis alternativos para 3% do total de veículos da capacidade do estacionamento. 65 Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 4.4. – Transporte alternativo - vagas para veículos coletivos Objetivo: Reduzir a poluição e impactos provenientes do uso individual de veículos. Requisito: prever estacionamento para cumprir (mas não exceder) a exigência legal e prever vagas preferenciais para caronas e vans de no mínimo 5% do total de vagas do estacionamento ou prever estacionamento para menos de 5% da ocupação equivalente em período integral e destinar 5% das vagas preferenciais para caronas e vans. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 5.1. – Proteção ou restauração do Habitat Objetivo: Conservar áreas naturais existentes, restaurar áreas para prover habitat e promover a biodiversidade. Requisito: Em áreas verdes, limitar a ocupação a: 12,2m dos limites do edifício, 3m das calçadas, pátios e estacionamentos, 4,6m de ruas e 7,6m de áreas construídas permeáveis. Em áreas urbanizadas, restaurar e proteger no mínimo 50% da área do terreno (excluindo a projeção do edifício), com plantas nativas e adaptadas. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento e maximização do espaço aberto Objetivo: Prover alto nível de espaços abertos para promover a biodiversidade. Requisito: Exceder os requisitos de zoneamento local para espaço aberto em 25%, reduzindo áreas impermeáveis. Lajes jardim e calçadas permeáveis contribuem para o cumprimento dos requisitos. Lagos podem ser contabilizados, desde que as margens tenham inclinação inferior à 1:4 e sejam áreas verdes. Fase de implantação: projeto arquitetônico. 66 • Crédito 6.1. – Projeto de águas pluviais – Controle de Quantidade Objetivo: Limitar o impacto na hidrologia local pela redução das áreas impermeáveis, incrementando a permeabilidade no terreno e gerenciando a descarga de águas pluviais de tempestades, eliminando a poluição e contaminantes. Requisito: Se a impermeabilidade for menor ou igual a 50%, implantar plano de gerenciamento de águas de tempestades que garanta que a taxa de descarga após a urbanização sejam inferiores às anteriores a urbanização, para tempestades de 01 e 02 anos, em 24 horas ou implantar um plano de gerenciamento com estratégias para controle e prevenção de velocidades excessivas de água e de erosão. Se a impermeabilidade existente for maior que 50%, implantar um plano de gerenciamento de águas de tempestades que resulte em uma redução de 25% no volume de descargas para tempestades de 02 anos, em 24 horas. Fase de implantação: projeto hidráulico. • Crédito 6.2. – Projeto de águas pluviais – Controle de Qualidade Objetivo: impermeável, Limitar a incrementando poluição a das águas, permeabilidade, reduzindo eliminando as a superfície fontes de contaminação e removendo poluentes das descargas pluviais. Requisito: Implantar um plano de gerenciamento de águas de tempestade que reduza a superfície impermeável e trate as descargas pluviais de no mínimo 90% das médias anuais de chuvas, removendo 80% dos sólidos em suspensão. Fase de implantação: projeto hidráulico. • Crédito 7.1. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas abertas Objetivo: Reduzir as ilhas de calor (diferenças térmicas entre áreas verdes e desenvolvidas), para minimizar o impacto no micro-clima, no habitat humano e nas espécies locais. Requisito: Implantar sombreamento (após cinco anos da implantação), pavimentação com índice de reflexão solar - Solar Reflective Index (SRI) ≥ 29 ou pavimento intertravado com malha aberta (permeável) para 50% da área desenvolvida não edificada ou implantar no mínimo 50% das vagas de estacionamento cobertas (cuja cobertura tenha SRI ≥ 29). Fase de implantação: Projeto arquitetônico. 67 • Crédito 7.2. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas de Cobertura Objetivo: Reduzir as ilhas de calor (diferenças térmicas entre áreas verdes e desenvolvidas), para minimizar o impacto no micro-clima, no habitat humano e das espécies locais. Requisito: 75% do telhado devem ter SRI igual ou superior aos valores mencionados na figura abaixo (figura 31). Para telhados verdes, o projeto deve prever sistema de telhado vegetal de pelo menos 50% da área de cobertura. Se a cobertura for uma combinação de telhado refletivo e telhado verde, a área de telhado refletivo e telhado verde devem atender a fórmula: (área de coberta SRI / 0,75) + (área telhado verde / 0,50) ≥ área coberta. TIPO INCLINAÇÃO SRI Pouco inclinado ≤ 2:12 79 Muito inclinado ≥ 2:12 29 Figura 31 – Índice de reflexão solar de cobertura (Fonte: CASADO, 2008). Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 8 – Redução da poluição luminosa Objetivo: Minimizar o vazamento de luz do edifício e terreno, reduzir o brilho gerado para aumentar o acesso visual e reduzir o impacto no ambiente noturno. Requisito: Para iluminação interna, o ângulo de curva de máxima iluminância de cada luminária deve sempre encontrar superfície opaca no interior do edifício e não vazar pelas janelas ou toda a iluminação deve ser programada para desligar-se automaticamente fora do horário comercial, com exceção da iluminação de emergência e providenciando manual de operação do sistema. Para iluminação externa, iluminar apenas áreas requeridas por segurança e conforto. Não ultrapassar 80% a densidade de consumo de energia em iluminação externa e 50% em iluminação de fachadas, segundo a Illuminating Engineering Society of North America (ASHRAE/IESNA) Standard 90.1-2004. Fase de implantação: projeto elétrico (luminotécnica). 68 5.1.2. Uso Eficiente da Água • Crédito 1.1. – Paisagismo com uso eficiente de água – redução de 50% Objetivo: Limitar ou eliminar o uso de água potável ou água de fontes naturais ou subterrâneas no projeto do empreendimento, para uso na irrigação. Requisito: paisagismo e irrigação projetados para reduzir o consumo de água em 50%, a partir de um caso de referência de Total Water Applied (TWA), que é calculado levando-se em consideração a área de paisagismo, espécies utilizadas, evapotranspiração e eficiência do sistema de irrigação. A redução pode ser proveniente de qualquer dos seguintes fatores: espécies de plantas com baixa exigência de irrigação; eficiência no sistema de irrigação; aproveitamento de águas pluviais; reaproveitamento de águas servidas (recicladas) ou uso de água reciclada fornecida pela concessionária. Fase de implantação: projeto hidráulico. Apesar de o projeto paisagístico ser determinante para a obtenção deste crédito, é através da eficiência no sistema de irrigação e principalmente no aproveitamento de águas pluviais e servidas que efetivamente se atingirá a meta de redução de 50% no uso de água potável. • Crédito 1.2. – Paisagismo com uso eficiente de água – uso de água não potável ou não irrigação Objetivo: Eliminar o consumo de água potável, água de fontes naturais ou subterrâneas no projeto do empreendimento, para uso na irrigação. Requisito: Cumprimento do crédito 1.1 e utilizar reaproveitamento de águas pluviais e águas recicladas do projeto ou concessionária para irrigação ou implantar paisagismo que não requeira sistema de irrigação. Fase de implantação: projeto hidráulico. A justificativa é a mesma do crédito 1.1. • Crédito 2 – Inovação em tecnologias de tratamento de águas servidas Objetivo: Reduzir a geração de esgoto e demanda por água potável e incrementar a recarga do aqüífero. Requisito: Reduzir a geração de esgoto do projeto em 50%, pela utilização de peças sanitárias de baixo consumo (em comparação com a utilização de peças 69 sanitárias padrão) ou utilização de água não potável ou prever o tratamento de 50% do esgoto a padrões terciários de águas servidas geradas no próprio local e descarregá-lo ou reutilizá-lo. Fase de implantação: projeto hidráulico. Apesar de já existirem no mercado metais e louças sanitárias de alto desempenho, é fundamental a implantação de um sistema de tratamento de águas cinzas e negras para o atendimento da meta de 50%. • Crédito 3.1. – Redução do uso de água potável em 20% Objetivo: Maximizar a eficiência no suprimento de água no empreendimento, de modo a reduzir a sobrecarga do sistema de águas e esgoto da concessionária. Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 20% o consumo de água usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros e cubas de cozinha (excluindo a irrigação), com relação ao padrão definido pela Energy Policy Act of 1992. Os cálculos são baseados nas estimativas de ocupação do empreendimento e seu uso. Fase de implantação: projeto arquitetônico. Hoje já existem no mercado metais e louças sanitárias de alta performance que permitem uma redução de até 30% no uso de água, com estudos de caso que comprovam esta economia. • Crédito 3.2. – Redução do uso de água potável em 30% Objetivo: Maximizar a eficiência no suprimento de água no empreendimento, de modo a reduzir a sobrecarga do sistema de águas e esgoto da concessionária. Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 30% o consumo de água usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros e cubas de cozinha (excluindo a irrigação), com relação ao padrão definido pela Energy Policy Act of 1992. Os cálculos são baseados nas estimativas de ocupação do empreendimento e seu uso. Fase de implantação: projeto arquitetônico. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. 70 5.1.3. Energia e Atmosfera • Pré-requisito 1 – Comissionamento dos sistemas de energia da construção Objetivo: Verificar se os sistemas prediais de energia (climatização, iluminação, água quente e energia limpa) estão instalados, calibrados e desempenhando conforme a demanda do cliente e do projeto. Requisito: Designar uma equipe de comissionamento dos sistemas de energia para: desenvolver e implantar um plano de comissionamento, verificar se as instalações e o desempenho dos sistemas que serão comissionados estão de acordo com os requisitos e documentações de projeto e concluir um relatório de comissionamento. Fase de implantação: ocupação. • Pré-requisito 2 – Desempenho com consumo mínimo de energia Objetivo: Estabelecer um nível mínimo de eficiência energética para os sistemas prediais propostos. Requisito: Projetar o edifício para atender no mínimo as provisões obrigatórias (Seções 5.4, 6.4, 7.4, 8.4, 9.4 e 10.4) da Norma ASHRAE/IESNA Standard 90.1-2004 (sem alterações) e os requisitos prescritivos (Seções 5.5, 6.5, 7.5 e 9.5) da Norma ASHRAE/IESNA Standard 90.1-2004 (sem alterações) ou os requisitos de desempenho (Seção 11) da Norma ASHRAE/IESNA Standard 90.12004 (sem alterações). Fase de implantação: projeto elétrico. Este pré-requisito exige que seja apresentada uma simulação energética computadorizada do empreendimento e por isso sua fase de implantação é durante o desenvolvimento do projeto elétrico. Porém seu atendimento envolve toda a equipe de projeto, pois a eficiência energética de um edifício é função: das decisões arquitetônicas, referentes à implantação do edifício, insolação, revestimentos das fachadas, relação entre áreas envidraçadas e áreas opacas, especificação de elevadores inteligentes; das decisões da equipe de climatização, através da escolha dos equipamentos e sistemas mais eficientes e econômicos; da equipe de projeto hidráulico, pois este envolve a especificação de bombas e motores que também devem ter alta performance energética; e por fim, da 71 equipe de projeto elétrico e luminotécnica, que projeta todo o sistema de automação, geradores e iluminação. • Pré-requisito 3 – Gerenciamento básico de gases refrigerantes – não uso de CFC’s. Objetivo: Redução da destruição da camada de ozônio na atmosfera, assim como o aquecimento global. Requisito: Para prédios novos, uso zero de fluidos refrigerantes a base de CFC nos sistemas de base de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigerante do projeto. Para prédios existentes com uso de fluidos refrigerantes a base de CFC, executar com um plano abrangente de substituição de CFC que será implantado no projeto. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 1.1. a 1.10. – Otimização do desempenho energético Objetivo: Atingir níveis crescentes de desempenho energético, acima do nível de referência do pré-requisito 1, a fim de reduzir o impacto ambiental e econômico associado ao uso excessivo de energia. Requisito: Simulação Computacional de Energia para demonstrar que o edifício projetado tem desempenho superior à referência utilizada pelo Método de Classificação por Desempenho, ASHRAE 90.1-2004 Apêndice G, com economia associada à pontuação da tabela abaixo (figura 32) ou cumprir os critérios básicos e medidas prescritivas da Advanced Buildings Core Performance Guide. Neste caso, poderão ser obtidos de 2 a 5 pontos e este critério não pode ser usado para hospitais, casas existentes e laboratórios. Para projetos registrados a partir de junho de 2007, é obrigatória a obtenção de pelo menos dois pontos neste critério, ou seja, atingir uma otimização de desempenho energético de 14% em construções novas ou 7% em construções existentes. 72 REDUÇÃO NOVAS CONSTRUÇÕES (%) REDUÇÃO CONSTRUÇÕES EXISTENTES (%) PONTUAÇÃO 10.5 3.5 1 14.0 7.0 2 17.5 10.5 3 21.0 14.0 4 24.5 17.5 5 28.0 21.0 6 31.5 24.5 7 35.0 28.0 8 38.5 31.5 9 42.0 35.0 10 Figura 32 – Índices de redução de consumo de energia (Fonte: CASADO, 2009). Fase de implantação: projeto elétrico. Idem ao pré-requisito 2. • Créditos 2.1. a 2.3. – Geração local de energia renovável Objetivo: Encorajar a utilização crescente de energia renovável, produzida pelo projeto, a fim de reduzir o impacto ambiental e econômico associado ao uso excessivo de energia baseada em combustíveis fósseis. Requisito: Utilizar energia renovável, produzida pelo edifício, para reduzir o custo energético. Calcular a quantidade de energia renovável produzida, comparada com a energia consumida pelo edifício durante o ano, com pontuação determinada pela figura 33: ENERGIA RENOVÁVEL (%) PONTUAÇÃO 2.5 1 7.5 2 21.5 3 Figura 33 – Índices de utilização de energia renovável (Fonte: CASADO, 2008). Fase de implantação: projeto elétrico. 73 • Crédito 3 – Melhorias no comissionamento Objetivo: Promover a revisão do comissionamento, tendo como meta a melhoria do desempenho energético do empreendimento, iniciando durante a fase dos projetos e estendendo após a verificação dos sistemas. Requisito: ter contrato com uma equipe de comissionamento para implantação dos seguintes itens: verificação de documentos dos projetos préexecutivos, baseados nos requisitos do projeto do proprietário denominado OPR Owner´s Project Requirements (OPR) e nas bases do projeto denominado Bases of Design (BOD), e emitir os comentários de revisão; verificar, nas propostas da construtora, o alinhamento com os requisitos de OPR e BOD; desenvolver um manual de sistemas, que forneça a informação necessária à futura equipe operacional para compreender e operar os sistemas prediais; treinar a equipe operacional e os ocupantes do prédio na operação e manutenção dos sistemas comissionados; assegurar a participação de uma autoridade de comissionamento na revisão dos sistemas de operação do edifício dentro de 10 meses após substancial término, e que um plano para a solução de pendências será elaborado. Fase de implantação: ocupação. • Crédito 4 – Gerenciamento intensificado de gases refrigerantes Objetivo: Redução da destruição da camada de ozônio na atmosfera e incentivar a aderência antecipada ao protocolo de Montreal, assim como reduzir o aquecimento global. Requisito: Não utilizar gases nos sistemas de climatização ou dimensionar o impacto dos gases refrigerantes para o projeto. O impacto total de refrigerante por tonelada deve ser menor ou igual a 100 para fazer jus a pontos por este crédito. Este valor está referenciado com a tabela padrão LEED. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 5 – Plano de medição e verificação Objetivo: Prover responsabilidade e capacidade de controle e monitoração do consumo de energia do edifício para garantir a performance do sistema. Requisito: Desenvolver um plano de medição e verificação (M&V) para avaliar a performance do sistema de energia, conforme International Performance 74 Measurement and Verification Protocol (IPMVP) volume III, com período de abrangência do plano de pelo menos um ano após a ocupação. Fase de implantação: projeto elétrico. • Crédito 6 – Uso de energia renovável comprada de concessionária Objetivo: Promover a utilização de fontes de energias renováveis, num saldo de poluição zero. Requisito: Utilização de no mínimo 35% de fontes de energia verde, oriundas de fontes renováveis (Pequenas Centrais Hidrelétricas, biomassa, eólica, fotovoltaica), pelo engajamento em contratos com as concessionárias com pelo menos dois anos de duração. Fase de implantação: operação. 5.1.4. Materiais e Recursos • Pré-requisito 1 – Estocagem e coleta de materiais recicláveis Objetivo: Estimular a estocagem e segregação dos resíduos recicláveis, evitando o envio desses materiais a aterros sanitários. Requisito: Prover área para estocagem e segregação dos materiais recicláveis, conforme especificados a seguir: plásticos, metais, papel, papelão e vidro, com dimensionamento necessário para atender a todo o empreendimento. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 1.1. – Reuso de construção – aproveitamento de 75% de parede/piso/cobertura Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais. Requisito: Manter no mínimo 75% da estrutura do edifício existente (inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Fase de implantação: projeto arquitetônico. 75 • Crédito 1.2. - Reuso de construção – aproveitamento de 100% de parede/piso/cobertura Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais. Requisito: Manter no mínimo 100% da estrutura do edifício existente (inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 1.3. - Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos não estruturais internos Objetivo: Manter a construção existente, reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais. Requisito: Garantir que 50% dos elementos construtivos não estruturais internos (paredes internas, portas, pisos e forros) sejam mantidos como existente (incluindo ampliações). Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 2.1. – Gestão de resíduos da construção – destinar 50% para reuso (in loco ou fora) Objetivo: Desviar resíduos de construção, demolição e embalagens do aterro sanitário e/ou depósito de lixo e incineradores. Redirecionar recursos recuperados recicláveis ao processo de fabricação, redirecionar materiais com reuso para locais apropriados. Requisito: Reciclar ou recuperar pelo menos 50% dos resíduos de embalagens, construção e demolição e desenvolver e implementar um plano de gerenciamento de lixo de construção, quantificando metas de reaproveitamento de material. O cálculo deve ser feito por peso ou volume, devendo ser consistente ao longo da construção. Solo de escavações e limpeza de terreno não contribuem para este crédito. 76 Fase de implantação: execução. • Crédito 2.2. – Gestão de resíduos da construção – destinar 75% para reuso (in loco ou fora) Objetivo: Desviar resíduos de construção, demolição e embalagens do aterro sanitário e/ou depósito de lixo e incineradores. Redirecionar recursos recuperados recicláveis ao processo de fabricação, redirecionar materiais com reuso para locais apropriados. Requisito: Reciclar ou recuperar pelo menos 75% dos resíduos de embalagens, construção e demolição e desenvolver e implementar um plano de gerenciamento de lixo de construção, quantificando metas de reaproveitamento de material. O cálculo deve ser feito por peso ou volume, devendo ser consistente ao longo da construção. Solo de escavações e limpeza de terreno não contribuem para este crédito. Fase de implantação: execução. • Crédito 3.1. – Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado. Objetivo: Prover a reutilização das construções existentes e produtos, reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais, diminuindo os impactos ambientais das extrações e produção. Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a substituir, no mínimo, 5% do material de construção orçado, com base no custo dos materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do custo total da construção). Instalações eletro-mecânica e itens especiais, como elevadores, não são incluídos neste crédito. Mobiliário pode ser considerado, desde que com presença consistente nos MR Créditos 3 e 7. Fase de implantação: execução. A obtenção deste crédito está vinculada à especificação de materiais de toda a obra, incluindo estrutura (concreto, ferragens), piso, vedação e cobertura, infra-estrutura e acabamentos. Deve ser um trabalho conjunto dos projetistas e da empresa executora. 77 • Crédito 3.2. – Reuso de materiais – 10% do material de construção orçado. Objetivo: Prover a reutilização das construções existentes e produtos, reduzindo a geração de resíduos e poluentes oriundos das novas construção e preservação dos recursos naturais, diminuindo os impactos ambientais das extrações e produção. Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a substituir, no mínimo, 10% do material de construção orçado, com base no custo dos materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do custo total da construção). Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. • Crédito 4.1. – Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material de construção Objetivo: Prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo extração dos recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos e o impacto gerado na extração e produção de novos materiais. Requisito: Usar material com conteúdo reciclado definido pela International Organization for Standardization (ISO) 14.021 – Environmental Tabels and declarations de forma que a soma dos reciclados pós-consumo mais metade dos reciclados pré-consumo (reciclagem dentro da própria linha de fabricação) seja igual ou maior a 10% do custo dos materiais no projeto. Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. • Crédito 4.2. – Material reciclado pré ou pós-consumo – 20% do material de construção Objetivo: Prover a utilização dos materiais reciclados, reduzindo extração dos recursos naturais e aumentando a vida útil dos materiais e insumos e o impacto gerado na extração e produção de novos materiais. Requisito: Usar material com conteúdo reciclado de forma que a soma dos reciclados pós-consumo mais metade dos reciclados pré-consumo seja igual ou maior a 20% do custo dos materiais no projeto. Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. 78 • Crédito 5.1. – Materiais regionais – 10% do material de construção orçado Objetivo: Aumentar a demanda por produtos e materiais de construção que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a economia regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte. Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos, processados ou manufaturados em um raio máximo de 800 km, de forma que somem 10% do custo total dos materiais orçados para o projeto. Se apenas uma fração do material for regional, apenas esta fração será considerada no cálculo (por peso). Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. • Crédito 5.2. – Materiais regionais – 20% do material de construção orçado Objetivo: Aumentar a demanda por produtos e materiais de construção que são extraídos, processados e manufaturados na região e com isto apoiando a economia regional e reduzindo impactos ambientais resultantes de transporte. Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos, processados ou manufaturados em um raio máximo de 800km, de forma que somem 20% do custo total dos materiais orçados para o projeto. Se apenas uma fração do material for regional, apenas esta fração será considerada no cálculo (por peso). Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 3.1. • Crédito 6 – Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de construção orçado Objetivo: Reduzir o uso e o descarte de matéria bruta finita e materiais de longo ciclo de reuso, substituindo-os por materiais de rápida renovação. Requisito: Usar materiais de construção (incorporados no empreendimento) e mobiliário rapidamente renováveis, fabricadas de plantas que são tipicamente colhidas em ciclos de 10 anos ou menos, para pelo menos 2,5% do custo total de materiais usados no projeto. Para cálculos dos valores totais, excluir os custos de mão de obra e equipamentos (componentes elétricos, mecânicos, hidráulicos e de estrutura). 79 Fase de implantação: projeto arquitetônico. A certificação exige que os materiais de rápida renovação sejam incorporados na edificação, não sendo contabilizados os utilizados no processo de construção. Tem-se então que a grande parte deste material é especificado como acabamento, como pisos e revestimentos, através do projeto arquitetônico. • Crédito 7 – Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira Objetivo: Encorajar o gerenciamento florestal ambientalmente responsável. Requisito: Utilizar, no mínimo, 50% do material com base em madeira, com madeira certificada de acordo com o Forest Stewarship Council (Conselho Brasileiro de Manejo Florestal). Esses materiais incluem malha estrutural, piso, substrato de piso, esquadrias e acabamentos. Apenas materiais de instalação permanente contam neste crédito. Mobiliário pode ser incluído, desde que de forma consistente nos MR Créditos 3 e 7. Fase de implantação: projeto arquitetônico. A certificação exige que a madeira certificada seja incorporada na edificação, não sendo contabilizadas as utilizadas no processo de construção, como fôrmas e escoras. Tem-se então que a grande parte deste material é especificado como acabamento, como pisos, esquadrias e revestimentos, através do projeto arquitetônico. 5.1.5. Qualidade Ambiental Interna • Pré-requisito 1 – Desempenho mínimo de qualidade de ar interna Objetivo: Estabelecer o desempenho mínimo de qualidade do ar interior dos edifícios e com isto contribuir para o conforto e o bem estar dos usuários. Requisito: Para edifícios ventilados mecanicamente, atender aos requisitos mínimos das seções 04 a 07 da ASHARE 62.1 – 2004 “Ventilação para qualidade de ar interior aceitável”, usando o procedimento de classificação de ventilação ou a norma local, se for mais exigente. Para edifícios ventilados de forma natural, atender às 80 exigências de localização e tamanho de abertura de janelas conforme norma ASHRAE 62.1 – 2004 Seção 5.1. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Pré-requisito 2 – Controle da fumaça ambiental de tabaco Objetivo: Prevenir ou minimizar a exposição dos ocupantes do espaço de locação, superfícies internas e sistemas a fumaça de cigarro no ambiente. Requisito: Minimizar a exposição de não fumantes à fumaça de tabaco ambiental, com definição de Edifício Não Fumante (fumar é proibido dentro do edifício). Neste caso, prever áreas externas designadas para fumantes localizadas a pelo menos 7,62m das entradas, das tomadas de ar externos e das janelas que podem ser abertas. Se o projeto previr salas designadas para fumantes, estas devem ser projetadas para exaurir a fumaça de tabaco ambiental para o exterior sem nenhuma recirculação para as áreas não fumantes do prédio, fechadas com divisórias impermeáveis de laje e laje e serem operadas com uma pressão negativa em comparação com as áreas vizinhas de pelo menos uma média de 5 Pa (0,02 polegadas de água pressão relativa) e com um mínimo de 1 Pa (0,004 polegadas de água) quando a(s) porta(s) da sala de fumantes estiver(em) fechada(s). O desempenho das pressões de ar diferenciais deve ser verificado conduzindo-se testes de medição de 15 minutos, com um mínimo de uma medição a cada 10 segundos da pressão diferencial na sala de fumantes com relação às áreas adjacentes e em cada fresta vertical com as portas de acesso à sala de fumantes fechadas. O teste deve ser conduzido com cada espaço configurado para condições do pior caso de transporte de ar das salas de fumantes para espaços adjacentes, com as portas das salas de fumantes fechadas em relação aos espaços adjacentes. Fase de implantação: projeto arquitetônico. • Crédito 1 – Monitoramento do ar externo entregue Objetivo: Prover capacidade de monitoração do sistema de ventilação para ajudar a sustentar o conforto e o bem estar dos ocupantes a longo prazo. Requisito: Instalar sistema de monitoração e alarme, com feedback do desempenho do sistema de ventilação com ajuste operacional todas as vezes que superar 10%. Para sistema de ventilação mecânica que sirvam espaços densamente 81 ocupados (= a 27 pessoas/100m²) instalar sensor de CO2 em cada espaço densamente ocupado. Para todos os outros sistemas de ventilação mecânicos, prover um dispositivo de medida de fluxo de ar externo, capaz de medir uma vazão mínima de ar externo em todas as condições esperadas do sistema de operação com um mínimo de 15% de ar projetado externo. Para sistema de ventilação natural, instalar sensores de CO2 em cada espaço naturalmente ventilado. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 2 – Aumento da ventilação natural ou forçada Objetivo: Prover ventilação adicional de ar para aumentar a qualidade do ar interno, de maneira a melhorar o conforto, bem estar e produtividade dos ocupantes. Requisito: Vazões de ar externo de ventilação para áreas de respiração, em todas as áreas ocupadas, projetados para exceder as vazões mínimas exigidas pela norma ASHRAE 62.1-2004 por pelo menos 30% em relação ao pré-requisito 1. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 3.1. – Plano de gerenciamento da qualidade do ar – construção Objetivo: Prevenir problemas na qualidade do ar interno, resultante do processo de construção/renovação, de maneira a ajudar a manter o conforto e o bem estar dos trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento. Requisito: Desenvolver e implementar um Plano de Gerenciamento de Construção segundo o Indoor Air Quality (IAQ) para as fases de construção e préoperação dos edifícios, da seguinte forma: cumprir ou exceder os requisitos de acordo com as Abordagens de Projeto recomendadas pelas Normas IAQ da Associação Nacional de Empreiteiros de Ar Condicionado e Funilaria - Sheet Metal and Air Conditioning National Contractors Association (SMACNA) - Prédios em Construção Ocupados, 1995, Capítulo 3 e proteger da umidade os materiais estocados ou instalados. Se for utilizado sistema de ventilação mecânica durante a construção, prover filtragem mínima em MERV 8 (Minimum Efficiency Reporting Value). Fase de implantação: projeto de ar condicionado. 82 • Crédito 3.2. – Plano de gerenciamento da qualidade do ar – préocupação Objetivo: Prevenir problemas na qualidade do ar interno, resultante do processo de construção/renovação, de maneira a ajudar a manter o conforto e o bem estar dos trabalhadores da construção e ocupantes do empreendimento. Requisito: Desenvolver e implementar um Plano de Gerenciamento de Qualidade de Ar Interior (IAQ) para as fases de construção e pré-ocupação dos espaços de locação; fazer a purga geral do ar (Flush Out) antes da ocupação (após o fim da construção e antes da ocupação, com todos os acabamentos interiores terminados), fornecendo um volume total de 4.261m³ de ar externo por metro quadrado de área de piso mantendo-se a temperatura interna de no mínimo 15,6°C e umidade não maior que 60%. Se a purga geral for feita durante a ocupação inicial, fornecer um mínimo de 1.066m³ de ar externo por metro quadrado de área de piso a uma vazão mínima de 91,4L.min/m². Pode-se optar por realizar testes de referência da qualidade do ar interno, depois do término da construção e antes da ocupação, usando protocolos de testes consistentes com o “Compêndio de Métodos para a Determinação de Poluentes no Ar Interno” do United States Environmental Protection Agency (EPA). Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 4.1. – Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção. Requisito: Adesivos e selantes de interior aplicados na obra devem atender às limitações e restrições que concernem a componentes químicos estabelecidos pelos seguintes padrões, indicando o nível de Compostos Organo Voláteis dos produtos: All other Architectural Coatings, Primers and Undercoats: South Coast Air Quality Management District (SCAQMD) Rule 1168, Architectural Coatings, rules in effect on January 1, 2004. Fase de implantação: execução. Esta especificação depende do fornecedor/executor que a construtora irá contratar. Caberá a ela exigir que as 83 empresas forneçam produtos que atendam às normas exigidas, especificado em documentação específica e nas notas fiscais. • Crédito 4.2. – Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção. Requisito: tintas e revestimentos de interior aplicados na obra devem atender às limitações e restrições que concernem a componentes químicos estabelecidos pelos seguintes padrões: Pinturas e Mantas em geral: limites de COV’s pela Green Seal Standard GS-11, Paints, First Edition, May 20, 1993. Pinturas anticorrosivas para metais: limites de COV’s pela Green Seal Standard GS- 03, Anti-Corrosive Paints, Second Edition, January 7, 1997 for applications on ferrous metal substrates. Revestimentos em madeira, mantas de piso: não exceder o SCAQMD Rule #1113, Architectural Coatings. Fase de implantação: projeto arquitetônico. Por se tratar de material de acabamento, sua especificação é feita através do projeto arquitetônico. • Crédito 4.3. – Materiais com baixa emissão – carpetes Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção. Requisito: Sistemas de carpetes devem atender ou exceder as normas do Carpet and Rug Institute (CRI) - Green Label Plus testing and product. Capachos devem atender ou exceder o CRI Green Label testing and product requirements. Colas de carpete ou tapetes devem atender aos requisitos do EQ Crédito 4.1. Fase de implantação: projeto arquitetônico. Por se tratar de material de acabamento, sua especificação é feita através do projeto arquitetônico. 84 • Crédito 4.4. – Materiais com baixa emissão – adesivos, compensados e laminados Objetivo: Reduzir a quantidade de contaminantes do ar interior que tenham odor potencialmente irritante, forte ou que possam causar lesão, desconforto ou mal estar aos usuários, instaladores e operários da construção. Requisito: Compensados de madeira ou produtos de fibras agrícolas, incluindo materiais de preenchimento, adesivos laminados usados para fabricação na obra ou em montagens aplicadas nas oficinas contendo estes adesivos laminados, devem conter resinas sem adição de uréia-formaldeído. Móveis e equipamentos não são considerados neste crédito. Fase de implantação: execução. A justificativa é a mesma do crédito 4.1. • Crédito 5 – Controle de produtos químicos e fontes de poluição interior Objetivo: Minimizar a exposição dos ocupantes do empreendimento a potenciais partículas agressivas, contaminantes biológicos e compostos químicos que poluem e impactam a qualidade do ar e da água. Requisito: minimizar e controlar a entrada de poluentes no edifício para evitar a contaminação cruzada; instalar sistemas para evitar a entrada de partículas nos acessos ao edifício (grelhas, capachos, etc.). Em áreas onde gases e produtos químicos perigosos estão presentes (garagens, depósitos de material de limpeza, lavanderias, copiadoras, etc.) providenciar vedação das áreas adjacentes ou equipar estes espaços com portas de fechamento automático e sistemas de exaustão com pressão negativa dentro dos recintos para evitar contaminação com os espaços adjacentes. Equipar locais mecanicamente ventilados e todas as unidades de manejo de ar/ventiladores que servem áreas ocupadas com filtros de ar de MERV 13 (ou melhor) antes da ocupação. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. 85 • Crédito 6.1. – Controle do sistema de iluminação Objetivo: Prover um alto nível de controle do sistema de iluminação para ocupantes individuais e grupos específicos em espaços multi-ocupados para promover produtividade, bem estar e conforto dos ocupantes do prédio. Requisito: Prover meios de controle de iluminação individual para, no mínimo, 90% dos ocupantes, permitindo ajustes para atendimento de tarefas, necessidades e preferências individuais e todos os espaços multi-ocupados e compartilhados com grupos transientes devem compartilhar os sistemas de controle de iluminação, de modo que se ajustem às necessidades e preferências do grupo. Fase de implantação: projeto elétrico (automação). • Crédito 6.2. – Controle no sistema de temperatura e ventilação Objetivo: Prover um alto nível de controle do sistema de ventilação e controle térmico para ocupantes individuais e grupos específicos em espaços multiocupados para incrementar sua produtividade, bem estar e conforto dos ocupantes do prédio. Requisito: Prover meios de controle individual de temperatura para, no mínimo, 50% dos usuários, considerando também controle sobre janelas, desde que localizadas a, no máximo, 6,1m de profundidade e 3,0m de distância lateral. Prover meios de controle de temperatura para áreas com múltiplos usuários, a fim de que a temperatura se ajuste às necessidades e preferências do grupo. As janelas operáveis devem atender aos requisitos da ASHRAE 62-2004 – Seção 5.1 Natural Ventilation. Fase de implantação: projeto de ar condicionado. • Crédito 7.1. Conforto térmico – projeto Objetivo: Prover um ambiente confortável termicamente, para incrementar a produtividade e bem estar dos ocupantes. Requisito: Projetar os sistemas de climatização e as fachadas do edifício para atender aos requisitos da ASHRAE Standard 55 – 2004 Thermal Comfort Conditions for Human Occupancy e demonstrar o cumprimento de acordo com a Seção 6.1.1. Fase de implantação: projeto elétrico (automação). 86 • Crédito 7.2. Conforto térmico – verificação Objetivo: Prover um ambiente confortável termicamente que apóie a produtividade e bem estar dos ocupantes. Requisito: Realizar pesquisa sobre conforto térmico com os usuários em um período de 06 a 18 meses, pós-ocupação. Essa pesquisa deve colher opiniões anônimas de satisfação e desenvolver um Plano Corretivo, caso mais de 20% dos usuários relate insatisfação com as condições de conforto térmico. Fase de implantação: ocupação. • Crédito 8.1. Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços Objetivo: Prover os ocupantes de uma conexão com luz natural e vista externas, entre o exterior e o interior, dentro das áreas regularmente ocupadas pelos espaços de locação. Requisito: Atingir um fator de envidraçamento de 2% para no mínimo 75% da área ocupada do edifício ou demonstrar por simulação computadorizada que no mínimo 75% da área ocupada do edifício recebem 269 candelas/m², considerando dia claro, ao meio dia, no equinócio, a 76,2cm do piso ou demonstrar através de medição pós-ocupação os parâmetros da simulação. Fator de envidraçamento = (área de janela/área de piso) x fator geométrico da janela x (Tviz Real / Tviz Mínima) x fator de altura da janela, onde Tviz é o índice de transmissão de luz visível (Visible Transmittance). Fase de implantação: projeto arquitetônico. Este critério está vinculado à concepção de fachada do projeto, considerando as áreas envidraçadas x áreas opacas. • Crédito 8.2. – Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços Objetivo: prover os ocupantes de uma conexão com luz natural e vista externas, entre o exterior e o interior, dentro das áreas regularmente ocupadas pelos espaços de locação. Requisito: Prover vista direta ao exterior, por abertura com vidro, entre 76,2cm e 229cm de altura do piso, para 90% de todas as áreas ocupadas do 87 edifício, segundo o seguinte critério: em planta, área com linha de visão para o perímetro com janelas e em corte, uma linha direta de visão pode ser desenhada entre a área e a janela. Fase de implantação: projeto arquitetônico. Este critério está vinculado à concepção de fachada do projeto, considerando as áreas envidraçadas x áreas opacas. 5.1.6. Inovação e Processo de Design • Créditos 1.1. a 1.4. – Inovação em projeto Objetivo: Prover às equipes de projetos e aos projetos de serem distinguidos por pontos, em função de desempenhos excepcionais acima do conjunto de requisitos do LEED e/ou desempenho inovativo em categorias não especificamente atendidas pelo mesmo. Requisito: Identificar a intenção do crédito inovador proposto (1 ponto); identificar requisitos de atendimentos propostos (1 ponto); identificar a demonstração de atendimento de submissão proposta (1 ponto); identificar estratégias que foram usadas para atender aos requisitos (1 ponto). Fase de implantação: projeto. Estes créditos são obtidos através de performances exemplares que excedam os padrões exigidos na obtenção dos créditos e o atendimento a padrões ambientais que não são exigidos nesta ferramenta e podem ser implementados por qualquer profissional envolvido no projeto. • Crédito 2 – Profissional acreditado LEED Objetivo: Disseminar o uso de profissionais acreditados LEED. Requisito: Contar com ao menos um profissional acreditado LEED na equipe de projeto. Fase de implantação: execução. Caberá ao empreendedor contratar um profissional acreditado, se considerar necessário, para fazer a consultoria e tramitação de todo o processo de certificação junto ao USGBC. 88 5.2. TABULAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO Como resultado da classificação dos 7 pré-requisitos e 69 créditos, obtém-se as seguintes tabelas: TABELA 01. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO - ESPAÇO SUSTENTÁVEL PRÉREQUISITO/ CRÉDITO OBJETIVO PONTOS FASE DE IMPLANTAÇÃO - PR 1 Prevenção da poluição na construção - Execução 01 CR 1 Seleção do local do empreendimento 1 Projeto Arquitetônico 02 CR 2 Densidade urbana/conectividade com comunidade 1 Projeto Arquitetônico 03 CR 3 Recuperação de áreas contaminadas 1 Projeto Arquitetônico 04 CR 4.1 Transporte alternativo - acesso transporte público 1 Projeto Arquitetônico 05 CR 4.2 Transporte alternativo - Bicicletário e vestiários 1 Projeto Arquitetônico 06 CR 4.3 Transporte alternativo – Veículos de baixa emissão e consumo eficiente 1 Projeto Arquitetônico 07 CR 4.4 Transporte alternativo – Redução da capacidade estacionamento 1 Projeto Arquitetônico 08 CR 5.1 Diminuição de impacto de implantação – Proteção/restauração do Habitat 1 Projeto Arquitetônico 09 CR 5.2 Diminuição de impacto de implantação – Maximização de espaços abertos 1 Projeto Arquitetônico 10 CR 6.1 Águas pluviais – Controle de quantidade 1 Projeto Hidráulico 11 CR 6.2 Águas pluviais – Controle de qualidade 1 Projeto Hidráulico 12 CR 7.1 Redução de ilhas de calor – Áreas abertas 1 Projeto Arquitetônico 13 CR 7.2 Redução de ilhas de calor – Áreas de cobertura 1 Projeto Arquitetônico 14 CR 8 Redução de poluição luminosa 1 Projeto Elétrico Fonte: Dados de pesquisa, 2009 89 TABELA 02. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO - USO EFICIENTE DA ÁGUA PRÉREQUISITO/ CRÉDITO OBJETIVO PONTOS FASE DE IMPLANTAÇÃO 01 CR 1.1 Paisagismo com uso eficiente de águaredução de 50% 1 Projeto Hidráulico 02 CR 1.2 Paisagismo com uso eficiente de água-uso de água não potável/não irrigação 1 Projeto Hidráulico 03 CR 2 Inovação em tecnologia de tratamento de águas servidas 1 Projeto Hidráulico 04 CR 3.1 Redução do uso de água potável – 20% 1 Projeto Arquitetônico 05 CR 3.2 Redução do uso da água potável – 30% 1 Projeto Arquitetônico Fonte: Dados de pesquisa, 2009 90 TABELA 03. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO – ENERGIA E ATMOSFERA PRÉREQUISITO/ CRÉDITO OBJETIVO PONTOS FASE DE IMPLANTAÇÃO - PR 1 Comissionamento dos sistemas de energia da construção - Ocupação - PR 2 Desempenho de consumo mínimo de energia - Projeto Elétrico - PR 3 Gerenciamento básico de gases refrigerantes – não uso de CFC’s - Projeto Ar Condicionado 01 CR 1.1 Otimização do desempenho energético – 10,5% 1 Projeto Elétrico 02 CR 1.2 Otimização do desempenho energético – 14% 1 Projeto Elétrico 03 CR 1.3 Otimização do desempenho energético – 17,5% 1 Projeto Elétrico 04 CR 1.4 Otimização do desempenho energético – 21% 1 Projeto Elétrico 05 CR 1.5 Otimização do desempenho energético – 24,5% 1 Projeto Elétrico 06 CR 1.6 Otimização do desempenho energético – 28% 1 Projeto Elétrico 07 CR 1.7 Otimização do desempenho energético – 31,5% 1 Projeto Elétrico 08 CR 1.8 Otimização do desempenho energético – 35% 1 Projeto Elétrico 09 CR 1.9 Otimização do desempenho energético – 38,5% 1 Projeto Elétrico 10 CR 1.10 Otimização do desempenho energético – 42% 1 Projeto Elétrico 11 CR 2.1 Geração local de energia renovável – 2,5% 1 Projeto Elétrico 12 CR 2.2 Geração local de energia renovável – 7,5% 1 Projeto Elétrico 13 CR 2.3 Geração local de energia renovável – 12,5% 1 Projeto Elétrico 14 CR 3 Melhorias no Comissionamento 1 Ocupação 15 CR 4 Gerenciamento intensificado de gases refrigerantes 1 Projeto Ar Condicionado 16 CR 5 Plano de Medição e verificação 1 Projeto Elétrico 17 CR 6 Uso de energia renovável comprada de concessionária 1 Ocupação Fonte: Dados de pesquisa, 2009 91 TABELA 04. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO - MATERIAIS E RECURSOS PRÉREQUISITO/ CRÉDITO - OBJETIVO PONTOS FASE DE IMPLANTAÇÃO PR 1 Estocagem e coleta de materiais recicláveis - Projeto Arquitetônico 01 CR 1.1 Reuso de construção – aproveitamento de 75% de parede/piso/cobertura 1 Projeto Arquitetônico 02 CR 1.2 Reuso de construção – aproveitamento de 100% de parede/piso/cobertura 1 Projeto Arquitetônico 03 CR 1.3 Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos internos não estruturais 1 Projeto Arquitetônico 04 CR 2.1 Gestão de resíduos da construção – Destinar 50% para reuso (in loco ou fora) 1 Execução 05 CR 2.2 Gestão de resíduos da construção – Destinar 75% para reuso (in loco ou fora) 1 Execução 06 CR 3.1 Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado 1 Execução 07 CR 3.2 Reuso de materiais – 10% do material de construção orçado 1 Execução 08 CR 4.1 Material reciclado pré ou pós consumo - 10% do material de construção orçado 1 Execução 09 CR 4.2 Material reciclado pré ou pós consumo - 20% do material de construção orçado 1 Execução 10 CR 5.1 Materiais regionais – 10% do material de construção orçado 1 Execução 11 CR 5.2 Materiais regionais – 20% do material de construção orçado 1 Execução 12 CR 6 Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de construção orçado 1 Projeto Arquitetônico 13 CR 7 Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira 1 Projeto Arquitetônico Fonte: Dados de pesquisa, 2009 92 TABELA 05. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO - QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA PRÉREQUISITO/ CRÉDITO OBJETIVO PONTOS FASE DE IMPLANTAÇÃO - PR 1 Desempenho mínimo de qualidade de ar interna - Projeto Ar Condicionado - PR 2 Controle da fumaça ambiental de tabaco - Projeto Arquitetônico 01 CR 1 Monitoramento do ar externo entregue 1 Projeto Ar Condicionado 02 CR 2 Aumento da ventilação natural ou forçada 1 Projeto Ar Condicionado 03 CR 3.1 Plano de gerenciamento da qualidade do ar – construção 1 Execução 04 CR 3.2 Plano de gerenciamento da qualidade do ar – pré-ocupação 1 Execução 05 CR 4.1 Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes 1 Execução 06 CR 4.2 Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos 1 Projeto Arquitetônico 07 CR 4.3 Materiais com baixa emissão – carpetes 1 Projeto Arquitetônico 08 CR 4.4 Materiais com baixa emissão – adesivos e compensados e laminados 1 Execução 09 CR 5 Controle de produtos químicos e fontes de poluição interior 1 Projeto Ar Condicionado 10 CR 6.1 Controle do sistema de iluminação 1 Projeto Elétrico 11 CR 6.2 Controle do sistema de temperatura e ventilação 1 Projeto Ar Condicionado 12 CR 7.1 Conforto térmico – projeto 1 Projeto Ar Condicionado 13 CR 7.2 Conforto térmico – verificação 1 Ocupação 14 CR 8.1 Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços 1 Projeto Arquitetônico 15 CR 8.2 Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços 1 Projeto Arquitetônico Fonte: Dados de pesquisa, 2009 93 TABELA 06. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO - INOVAÇÃO E PROCESSO DE DESIGN PRÉREQUISITO/ CRÉDITO OBJETIVO FASE DE IMPLANTAÇÃO PONTOS 01 CR 1.1 Inovação em projeto 1 Projeto 02 CR 1.2 Inovação em projeto 1 Projeto 03 CR 1.3 Inovação em projeto 1 Projeto 04 CR 1.4 Inovação em projeto 1 Projeto 05 CR 2 Profissional acreditado LEED 1 Execução Fonte: Dados de pesquisa, 2009 5.3. ANÁLISE DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO Através da análise dos valores encontrados nesta classificação (tabelas 01 a 06), pode-se afirmar que o peso da etapa de projeto no processo de certificação é elevado, representando 70% dos pré-requisitos (tabela 07) e 77% dos créditos (tabela 08). TABELA 07. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO PROJETO EXECUÇÃO OCUPAÇÃO TOTAL 1. Espaço Sustentável – SS 00 01 00 01 2. Eficiência e Uso da Água – WE 00 00 00 00 3. Energia e Atmosfera – EA 02 00 01 03 4. Materiais e Recursos – MR 01 00 00 01 5. Qualidade Ambiental Interna – EQ 02 00 00 02 6. Inovação e Processos – IN 00 00 00 00 TOTAL 05 01 01 07 70% 15% 15% 100% PERCENTUAL Fonte: Dados de pesquisa, 2009 94 TABELA 08. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS POR ETAPA DE IMPLANTAÇÃO CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO PROJETO EXECUÇÃO OCUPAÇÃO TOTAL 1. Espaço Sustentável – SS 14 00 00 14 2. Eficiência e Uso da Água - WE 05 00 00 05 3. Energia e Atmosfera 15 00 02 17 4. Materiais e Recursos – MR 05 08 00 13 5. Qualidade Ambiental Interna - EQ 10 04 01 15 6. Inovação e Processos - IN 04 01 00 05 TOTAL 53 13 03 69 77% 19% 4% 100% PERCENTUAL Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Através da obtenção dos créditos apenas relacionados à etapa projetual um empreendimento pode obter a classificação máxima do sistema, na categoria Platina, que exige a obtenção de no mínimo 52 pontos (tabelas 09 e 10). TABELA 09. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS DE PROJETO POR FASE DE DESENVOLVIMENTO PROJETO ARQUITET. PROJETO ELÉTR. PROJETO AR CONDIC. PROJETO HIDRÁUL. TOTAL 1. Espaço Sustentável – SS 00 00 00 00 00 2. Eficiência e Uso da Água – WE 00 00 00 00 00 3. Energia e Atmosfera – EA 00 01 01 00 02 4. Materiais e Recursos – MR 01 00 00 00 01 5. Qualidade Ambiental Interna – EQ 01 00 01 00 02 6. Inovação e Processos – IN 00 00 00 00 00 TOTAL 02 01 02 00 05 40% 20% 40% 00 100% CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO PERCENTUAL Fonte: Dados de pesquisa, 2009 95 TABELA 10. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PROJETO POR FASE DE DESENVOLVIMENTO PROJETO ARQUITET. PROJETO ELÉTR. PROJETO AR CONDIC. PROJETO HIDRÁUL. TOTAL 1. Espaço Sustentável – SS 11 01 00 02 14 2. Eficiência e Uso da Água – WE 02 00 00 03 05 3. Energia e Atmosfera – EA 00 14 01 00 15 4. Materiais e Recursos – MR 05 00 00 00 05 5. Qualidade Ambiental Interna – EQ 04 01 05 00 10 6. Inovação e Processos – IN* 01 01 01 01 04 TOTAL 23 17 07 06 53 PERCENTUAL DE CRÉDITOS DE PROJETO (53) 43,5% 32% 13% 11,5% 100% PERCENTUAL DE CRÉDITOS TOTAL (69) 33,5% 24,5% 10% 9% 77% CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO Fonte: Dados de pesquisa, 2009 * No critério Inovação e Processos, foi atribuído um ponto para cada projeto distribuindo assim uniformemente a pontuação possível de ser obtida, pois este crédito pode ser função de todos os projetos em conjunto. Com estes resultados, verifica-se a importância de se considerar os conceitos de construções ambientalmente mais corretas desde o início do planejamento de um empreendimento, e da mesma forma com as tomadas de decisão referentes às tecnologias e materiais a serem utilizados e até mesmo em relação à busca da certificação ambiental, pois as escolhas feitas nesta etapa influenciarão no desempenho das etapas seguintes e durante todo o ciclo de vida da edificação. Pode-se afirmar que o bom desempenho ambiental a ser alcançado nas etapas de execução e ocupação do empreendimento será conseqüência de um trabalho de conceituação iniciado na fase de planejamento. Em relação à importância dos projetos arquitetônico, elétrico, de condicionamento de ar e hidráulico, pode-se verificar que existe um peso maior referente ao projeto arquitetônico (em relação aos pré-requisitos e aos créditos), já que é nesta etapa em que o empreendimento é conceituado (tabela 11). É através 96 do projeto de arquitetura que o edifício toma forma e função, tem seus espaços dimensionados, se relaciona com o terreno e seu entorno. TABELA 11. PONTUAÇÃO MÁXIMA POR CATEGORIA PARA O LEED-NC E PONTUAÇÃO MÁXIMA OBTIDA COM OS CRÉDITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO CATEGORIA Espaço Sustentável – SS Eficiência e Uso da Água – WE Energia e Atmosfera – EA Materiais e Recursos – MR Qualidade Ambiental Interna – EQ Inovação e Processos – IN ABRANGÊNCIA Terreno, implantação, entorno, transporte Administração do consumo de água do edifício Administração do consumo de energia do edifício Materiais renováveis, fornecimento e reciclagem Qualidade do ar interno do edifício na obra e operação Inovação, desempenho exemplar e profissional creditado LEED AP TOTAL PONTUAÇÃO MÁXIMA PARA CERTIFIC. PERCENTUAL PONTUAÇÃO MÁXIMA NO PROJETO ARQUITET. PERCENTUAL 14 20% 11 16% 5 7% 02 3% 17 25% 00 -- 13 19% 05 7% 15 22% 04 6% 5 7% 01 1,5% 69 100% 23 33,5% Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Porém a pequena influência do projeto arquitetônico no atendimento aos créditos das categorias Energia e Atmosfera (0%) e Qualidade Ambiental Interna (26%) demonstra que um edifício ambientalmente mais eficiente depende do trabalho conjunto de todos os profissionais envolvidos no processo projetual, e que se não for trabalhado desta maneira, teremos como resultado construções parcialmente sustentáveis. A própria ferramenta de certificação procura corrigir estes tipos de desvios através da exigência do cumprimento dos pré-requisitos, que representam os desempenhos mínimos exigidos em cada categoria. 97 Em relação à relevância dos outros projetos, verifica-se que, para os prérequisitos, o projeto de condicionamento de ar tem peso relevante e para os créditos, o projeto elétrico. A ferramenta exige graus de eficiência energética elevados, provavelmente considerando a matriz energética americana (que utiliza fontes não renováveis). A menor pontuação se refere ao projeto hidráulico. Segundo o engenheiro Marcos Casado, gerente do GBC Brasil, a ferramenta vai sofrer alterações em relação ao uso eficiente da água a partir de 2009, quando será prérequisito a diminuição do uso de água potável em 25%. 5.4. ESTUDO DE CASO – PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO APLICADOS AO PROJETO DE REFERÊNCIA O projeto escolhido para a aplicação da certificação é de um edifício de sede corporativa de uma empresa privada de grande porte, na cidade de Curitiba, no bairro Mercês, desenvolvido pelo escritório de arquitetura MCA – Manoel Coelho Arquitetura e Design. Hoje, no terreno, existe uma construção de aproximadamente 3.000m² que sedia parte da instituição e o projeto prevê a construção de dois blocos anexos, interligados entre si e com o bloco existente, com área de 15.000m², totalizando um complexo construído de 18.000m², com sete pavimentos sendo dois para estacionamento no subsolo (figuras 34 e 35). O empreendimento comportará aproximadamente 1.200 pessoas entre funcionários, terceirizados e visitantes. O terreno é bem localizado, com área de aproximadamente 10.000m² e testada para quatro ruas. Porém a acentuada inclinação, a necessária interligação com o edifício existente, as limitações legislativas e o atendimento do programa solicitado se apresentaram como grandes desafios de projeto. Figuras 34 e 35 – Fachadas norte e sudeste do empreendimento (Fonte: MCA Arquitetura, 2008). 98 Além disso, a direção do grupo solicitou que o projeto fosse desenvolvido dentro de conceitos de sustentabilidade, reforçando seu compromisso e responsabilidade ambiental, mas sem a intenção de buscar nenhum tipo de certificação ou selo ambiental. Os levantamentos e estudos levaram praticamente todo o primeiro ano e, em 2008, o projeto foi aprovado para desenvolvimento e detalhamento final. Atualmente, estão finalizados os projetos complementares, o Relatório Ambiental Prévio – RAP e já foi obtida a Licença Prévia junto aos órgãos ambientais. Poços de iluminação e ventilação estão dispostos em posições estratégicas do edifício permitindo o aproveitamento intenso da luz e ventilação naturais que atendem a grande maioria dos espaços de trabalho. Como complementações estão previstos o uso de iluminação artificial e sistema de condicionamento de ar de forma eficiente. A concepção do projeto também teve a preocupação de garantir ambientes de trabalho confortáveis, além de prever a criação de espaços agradáveis para a convivência e o descanso dos funcionários. Um belvedere com cobertura em vidro abriga e organiza decks e mezaninos para áreas de estar, cafés, loja, área para exposição e conjunto de auditórios. O edifício projetado possui uma configuração em “L” que abraça o edifício existente (que será totalmente reutilizado). O revestimento da fachada é formado por pele de vidro e elementos em alumínio composto sendo que a face de maior incidência do sol recebe um conjunto de brises para a proteção. Os vidros da fachada são de alta performance para garantir a eficiência do sistema de ar condicionado e as esquadrias permitem abertura, não configurando um edifício hermético. Estas podem ser abertas durante a noite para troca de ar dentro do edifício. A grande maioria dos materiais de acabamento especificados não foi escolhida pelo seu desempenho ambiental, salvo algumas exceções. Porém, a boa prática da construção civil já vem introduzindo no mercado técnicas e materiais que são ambientalmente mais corretos e que foram agregados neste projeto, como divisórias de gesso acartonado, carpete com grande porcentagem de material reciclado, metais e louças sanitárias com desempenho superior em economia de água, entre outros. 99 Uma característica importante do projeto de referência é que ele contempla soluções e características comuns aos edifícios de porte similar construídos hoje nas regiões Sul e Sudeste do país, como o uso de materiais contemporâneos, fachadas de vidro com bom desempenho térmico, acabamento em carpete de alta qualidade, forro modulável e divisórias de gesso acartonado. Em relação à legislação de Uso e Ocupação do Solo, o empreendimento faz utilização máxima dos parâmetros construtivos relacionados à taxa de ocupação e utiliza compra de potencial construtivo para aumentar o coeficiente de aproveitamento, além de atender à legislação vigente quanto ao uso de torneiras com aeradores, piscinas de contenção de cheias e coleta de águas pluviais. O projeto encontra-se em fase de aprovação nos órgãos competentes, e todo o projeto arquitetônico executivo, detalhamento e os projetos complementares (hidráulico, elétrico, ar condicionado e estrutural) já foram executados. O empreendimento também já foi orçado. A escolha de um projeto já em fase adiantada de desenvolvimento foi feita levando-se em consideração que a certificação ambiental ainda sofre grande resistência por parte dos projetistas – que muitas vezes enxergam o processo como burocrático e demorado, e gera muitas incertezas ao empreendedor, principalmente relacionados a custos, prazos e retorno do investimento. Existe também uma dificuldade dos escritórios de arquitetura de justificar e viabilizar a certificação ambiental no início dos trabalhos e não é raro que o processo seja iniciado quando os projetos já estão em fase avançada. A análise dos créditos passíveis de serem obtidos levará em consideração esse estado avançado da etapa projetual. Assim, pode-se visualizar com clareza qual a relevância da etapa de projeto e especificamente o peso do projeto arquitetônico no processo de certificação ambiental, qual a influência que as decisões tomadas pelo arquiteto têm e qual a sua responsabilidade no processo de desenvolvimento de uma construção ambientalmente mais sustentável. O critério de classificação baseou-se na análise do impacto que a obtenção de cada um dos pré-requisitos e créditos geraria no projeto arquitetônico, levando-se em conta o partido arquitetônico e concepção do projeto, solução plástica, volumetria, materiais de acabamento, tratamento das fachadas, organização espacial dos ambientes, funcionalidade e soluções técnicas adotadas. 100 Foram classificados com nenhum impacto os requisitos que já estão sendo atendidos pelo projeto. De baixo impacto aqueles cuja obtenção demanda: a troca de especificação de um tipo de material por outro similar (sem prejuízo para a qualidade do empreendimento ou partido arquitetônico); troca da especificação da marca de produtos com as mesmas características; alteração de denominação de áreas ou espaços já previstos em projeto; alteração de layout sem alteração no número de postos de trabalho ou prejuízo na qualidade dos espaços projetados; troca de sistemas ou equipamentos por similares com desempenho superior, mas que sejam existentes no mercado brasileiro; técnicas e soluções comprovadamente já utilizadas em outras obras similares no país. Foram classificados de alto impacto os requisitos que exigem: grandes alterações de projeto, incluindo partido arquitetônico, área construída, número de pavimentos, implantação no terreno; modificação de setorização, layout básico e ocupação dos pavimentos de trabalho; troca de materiais cujo uso é relevante para a plástica e caracterização do edifício; colocação de sistemas e tecnologias que exigem alteração nas dimensões dos espaços técnicos (prumadas técnicas, forro rebaixado e piso elevado) ou áreas não previstas no projeto; técnicas e soluções pouco utilizadas no país. Alguns créditos classificados como pertinentes ao projeto elétrico e execução da obra foram incluídos nesta verificação por serem influenciados pelas decisões arquitetônicas, embora não dependa apenas destas para serem atingidos. São créditos com grau de complexidade alta e que envolvem decisões tomadas em mais de uma etapa de projeto, embora sempre estejam sob a coordenação de um profissional cuja atuação seja pertinente aos objetivos do crédito. Na avaliação foram levantadas apenas as questões referentes ao projeto de arquitetura, somente para efeito de análise, sem considerar na tabulação final estes pontos. Os créditos 8.1. e 8.2. da categoria Qualidade Ambiental Interna (luz diurna em 75% dos espaços e vista externa em 90% dos espaços) são pertinentes ao projeto arquitetônico, porém não foram analisados. Estes créditos necessitam de uma análise mais aprofundada, através de simulação computadorizada, cálculos complexos ou medições pós-ocupação e não serão computados na análise final. A versão utilizada para esta análise é a LEED NC 2.2. implantada em janeiro de 2006. A versão 3, prevista para ser lançada dia 27 de abril de 2009, 101 apresenta modificações no sistema de pontuação e certificação, com alterações principalmente no critério Energia e Atmosfera. Este estudo foi realizado baseandose na versão 2.2, que é a versão vigente no início das pesquisas até a presente data. 5.4.1. Espaço Sustentável • Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento Requisitos: Não implantar edifícios, pisos permeáveis, acessos e estacionamentos em áreas de atividades agrícolas ou cultiváveis, em áreas de alagamento, de preservação de espécies em extinção ou ameaçadas, conforme órgãos federais ou estaduais, dentro de áreas de preservação ambiental, preservação permanente ou áreas que antes da aquisição forma parques públicos, a menos que terrenos de igual ou maior valor sejam aceitas em troca pelo poder público. Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está em área totalmente urbanizada e consolidada e atende ao requisito do crédito. • Crédito 2 – Densidade de desenvolvimento e conectividade da comunidade Requisitos: Construir ou reformar um empreendimento que esteja localizado em áreas com densidade construtiva mínima de 13.800m²/ha ou em áreas residenciais com densidade mínima de 25 unidades habitacionais/ha e no máximo a 800m de distância de no mínimo 10 dos serviços básicos listados: banco, igreja, mercado, creche, lavanderia, livraria, farmácia, restaurante, escola, supermercado, escritórios comerciais, loja de material de construção, bombeiros, salão de beleza, correio, clínica médica, dentista, academia de ginástica, museu, cinema, centro comunitário. Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está em área totalmente urbanizada, com comércio consolidado, em região central e atende ao requisito do crédito. 102 • Crédito 3 – Recuperação de áreas contaminadas Requisito: Atender a norma documentada pela ASTM E 1093-97 ou utilizar locais classificados como contaminados por um órgão estatal com contaminação solucionada. Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise. • Crédito 4.1. – Transporte alternativo - acesso ao transporte público Requisito: Localizar o empreendimento a no máximo 800m de serviço de passageiros sobre trilhos existente (ou em execução) ou a no máximo 400m de pontos de ônibus com mais de duas linhas convencionais utilizáveis pelos ocupantes do empreendimento. Impacto de implantação: nenhum. O terreno do projeto de referência está em área totalmente urbanizada e consolidada, com uma das testadas para via setorial da cidade e atendida por mais de duas linhas de ônibus convencionais, atendendo aos requisitos do crédito. • Crédito 4.2. – Transporte alternativo - bicicletários e vestiários Requisito: Em empreendimentos comerciais, prever espaço seguro para guarda de bicicletas a no máximo 182m da entrada, para no mínimo 5% ou mais dos usuários do prédio e vestiários com chuveiro para 0,5% dos ocupantes do empreendimento em tempo integral. Impacto de implantação: baixo. O projeto não conta com bicicletário nem vestiários para os ocupantes. Seria necessária a previsão de vestiários feminino e masculino para atender aproximadamente 5 funcionários e um bicicletário para 50 bicicletas, exigindo uma pequena adaptação no projeto arquitetônico. • Crédito 4.3. – Transporte alternativo - veículos de baixa emissão e consumo eficiente Requisito: Prover veículos de baixa emissão e alta eficiência (álcool ou GNV - Gás Natural Veicular) com estacionamento preferencial para 3% dos ocupantes integrais do edifício, ou prover estacionamento preferencial para veículos de baixa emissão e alta eficiência para 5% do total da capacidade do 103 estacionamento ou prover postos de abastecimento de combustíveis alternativos para 3% do total de veículos da capacidade do estacionamento. Impacto de implantação: baixo. O projeto conta com estacionamento para 200 veículos. Para obtenção do crédito, seria necessário apenas destinar e demarcar 6 vagas para veículos eficientes. • Crédito 4.4. – Transporte alternativo - vagas para veículos coletivos Requisito: prever estacionamento para cumprir (mas não exceder) a exigência legal e prever vagas preferenciais para caronas e vans de no mínimo 5% do total de vagas do estacionamento ou prever estacionamento para menos de 5% da ocupação equivalente em período integral e destinar 5% das vagas preferenciais para caronas e vans. Impacto de implantação: baixo. O estacionamento está dimensionado para atender a legislação vigente da Prefeitura Municipal de Curitiba, sem exceder o número de vagas exigido, atendendo a este requisito. Para obtenção do crédito, seria necessária apenas a destinação e demarcação de 10 vagas preferenciais para caronas e vans. • Crédito 5.1. – Proteção ou restauração do Habitat Requisito: Em áreas verdes, limitar a ocupação a: 12,2m dos limites do edifício, 3m das calçadas, pátios e estacionamentos, 4,6m de ruas e 7,6m de áreas construídas permeáveis. Em áreas urbanizadas, restaurar e proteger no mínimo 50% da área do terreno (excluindo a projeção do edifício), com plantas nativas e adaptadas. Impacto de implantação: alto. O projeto já contempla 50% da área do terreno não ocupada em atendimento aos parâmetros construtivos do terreno (taxa de ocupação de 50%). Porém 15% da área não edificada está ocupada com um estacionamento descoberto, para cumprimento do número de vagas mínimas exigidas pela legislação. Para atendimento ao requisito, seria necessária a recuperação desta área não edificada com espécies nativas ou adaptadas, e as vagas de estacionamento relocadas para um terceiro subsolo, que causaria grande impacto no projeto. 104 • Crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento e maximização do espaço aberto Requisito: Exceder os requisitos de zoneamento local para espaço aberto em 25%, reduzindo áreas impermeáveis. Lajes jardim e calçadas permeáveis contribuem para o cumprimento dos requisitos. Lagos podem ser contabilizados, desde que as margens tenham inclinação inferior à 1:4 e sejam áreas verdes. Impacto de implantação: baixo. A projeção da edificação ocupa 50% da área do terreno, atendendo à legislação municipal vigente que permite a ocupação em até 50%. Para atendimento ao requisito, seria necessária a implantação de laje jardim em 25% da área de cobertura (aproximadamente 1.000m²), que hoje está projetada com diversos tipos de materiais como laje impermeabilizada com seixo rolado, laje de sombreamento, telha metálica, vidro laminado entre outros. Hoje já existem técnicas desenvolvidas para a implantação de lajes jardim e até mesmo empresas especializadas na execução deste tipo de cobertura (figura 36). Esta solução se viabilizou nos projetos do Banco Real, Laboratório Delboni e no Edifício Rochaverá (figura 37). As alterações de projeto deverão contemplar o redimensionamento de carga nas lajes de cobertura, de acordo com o volume de terra e o tipo de impermeabilização a serem usados, a colocação de ralos em número suficiente para escoamento da água e a impermeabilização específica para este tipo de cobertura. Figura 36 – Sistema de impermeabilização para laje jardim (FONTE: Revista Téchne, 2009). Figura 37 - Exemplo de cobertura verde do Edifício Rochaverá Torre B, em São Paulo, Brasil jardim (FONTE: Revista Téchne, 2009). 105 • Crédito 7.1. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas abertas Requisito: Implantar sombreamento (após 5 anos da implantação), pavimentação com índice de reflexão solar (SRI) ≥ 29 ou pavimento intertravado com malha aberta (permeável) para 50% da área desenvolvida não edificada ou implantar no mínimo 50% das vagas de estacionamento cobertas (cuja cobertura tenha SRI ≥ 29). Impacto de implantação: baixo. Qualquer uma das três opções para obtenção do crédito é de baixo impacto de implantação. O sombreamento em 50% da área desenvolvida pode ser obtido através de projeto paisagístico específico. A pavimentação com índice de reflexão solar maior que 29 pode ser implantada com troca de especificação, já que o bloco intertravado em concreto em cores claras atende a este índice e pode substituir os pisos de acessos de veículos, hoje especificados com asfalto. O concregrama também pode ser um substituto para as áreas de pavimentação externa, atendendo ao requisito. Por fim, o projeto também já conta com mais de 50% das vagas cobertas, e para a obtenção do crédito seria necessário apenas garantir que a cobertura do edifício tenha SRI maior que 29, índice que é atingido pelo concreto ou pintura em cor clara. • Crédito 7.2. – Redução de Ilhas de Calor – Áreas de Cobertura Requisito: 75% do telhado devem ter SRI igual ou superior aos valores mencionados na 31. Para telhados verdes, o projeto deve prever sistema de telhado vegetal de pelo menos 50% da área de cobertura. Se a cobertura for uma combinação de telhado refletivo e telhado verde, a área de telhado refletivo e telhado verde devem atender a fórmula: (área de coberta SRI / 0,75) + (área telhado verde / 0,50) ≥ área coberta. Impacto de implantação: baixo. A cobertura do edifício é composta de vários acabamentos: laje impermeabilizada com seixo rolado (1.400m²), laje de sombreamento (1.300m²), telha metálica (400m²), laje jardim (60m²), deck em madeira (240m²) e vidro laminado (600m²), com área de aproximadamente 4.000m² e totalmente plana. De acordo com a tabela do LEED, a telha metálica cor clara possui SRI de 82 e uma pintura na cor branca possui SRI de 107. Para atendimento ao requisito, é necessário que o projeto possua 3.000m² de cobertura com SRI igual ou superior a 79, que corresponde à área hoje especificada com seixo rolado, laje de 106 sombreamento e telha metálica (3.100m²). Para adequação do projeto, é necessário que as áreas hoje com laje de sombreamento e seixo rolado sejam pintadas na cor branca. O seixo rolado foi especificado para auxiliar no isolamento térmico da edificação, e a troca do material, se por um lado permite a obtenção deste crédito, pode vir a prejudicar os créditos referentes a consumo de energia e climatização. Se for comprovado que o índice de refletância do seixo cor branco é igual ou maior a 65% (o que significa ter um SRI de 79) este material pode ser especificado garantindo a obtenção do crédito sem prejudicar o isolamento térmico da edificação. No caso de atendimento ao crédito 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento e maximização do espaço aberto, a cobertura já contemplaria 25% de laje jardim (1.000m²) e, de acordo com os cálculos seria necessário apenas 1.500m² de área coberta com SRI igual ou superior a 79. 5.4.2. Uso Eficiente da Água • Crédito 3.1. – Redução do uso de água potável em 20% • Crédito 3.2. – Redução do uso de água potável em 30% Requisito: Implantar estratégias que reduzam em 20% (crédito 3.1.) / 30% (crédito 3.2.) o consumo de água usados em vasos, mictórios, lavatórios, chuveiros e cubas de cozinha (excluindo a irrigação), com relação ao padrão definido pela Energy Policy Act of 1992. Os cálculos são baseados nas estimativas de ocupação do empreendimento e seu uso. Impacto de implantação: baixo. Para o projeto foram especificadas torneiras e válvulas para mictórios da linha Decamatic, com potencial econômico de 55% e 80%, respectivamente, quando comparados com linhas convencionais. As louças também são da marca Deca, que segundo a empresa proporcionam uma economia de até 50% de água em relação aos modelos antigos (figura 38). Apenas as válvulas de descarga especificadas são convencionais. Para maior eficiência no projeto, podem-se trocar as válvulas de descarga tradicionais por válvulas de alto desempenho, com dupla vazão, uma para resíduos líquidos e outra para sólidos, com potencial econômico de 40%, e instalar restritores de vazão constante nas torneiras, que podem gerar uma economia de até 60% no consumo de água. 107 Segundo o escritório Aflalo & Gasperini, responsável pela certificação do edifício Rochaverá, em São Paulo, estas medidas foram suficientes para gerar uma economia de 30% no consumo de água potável. Para obtenção do crédito, ainda pode-se utilizar águas pluviais e tratadas in loco para as bacias sanitárias para alcançar ao índice estipulado no crédito. Segundo o engenheiro Marcos Casado, gerente do Comitê LEED no Brasil, a combinação destas duas estratégias gera uma economia entre 40 e 50% no consumo de água potável em um empreendimento. No projeto em análise, são poucas as alterações de especificações necessárias para o atingimento da meta, pois o projeto já conta com equipamentos de bom desempenho. Figura 38 – Economia de água pelo uso de metais e louças de alto desempenho no edifício Sede Sabesp (Fonte: DECA, 2009). 5.4.3. Energia e Atmosfera Não há pré-requisitos ou créditos que sejam pertinentes exclusivamente do projeto arquitetônico. Para o pré-requisito 2 (Desempenho com consumo mínimo de energia) e os créditos 1.1. a 1.10 (Otimização do desempenho energético) existe uma co-responsabilidade entre os projetos arquitetônico, elétrico, hidráulico e de condicionamento de ar, que vão conjuntamente influenciar no atendimento ou não dos requisitos. No que se refere ao projeto arquitetônico, o empreendimento em análise possui uma boa proporção de elementos translúcidos e opacos nas fachadas (window wall ratio-WWR), requisito fundamental para a obtenção do pré-requisito e créditos. A taxa de áreas translúcidas é de 60% (considerando áreas de vidro e sombreadas com brises) e de 40% de áreas opacas (figuras 39 e 40). Essa 108 proporção está de acordo com as apresentadas por três projetos de edifícios comerciais pré-certificados atualmente: no edifício Ventura, no Rio de Janeiro, a proporção é de 58% translúcido e 42% opaco; no Rochaverá, em São Paulo é de 41% e 59% e no Eldorado, também em São Paulo, é de 40% e 60% (CORBIOLI, 2007). As áreas opacas do edifício têm revestimento em chapa de alumínio composto cor prata, com boa performance de isolamento térmico. Figura 39 – Fachadas Norte e Oeste (Fonte: MCA, 2008). Figura 40 – Fachadas Sul e Leste (Fonte: MCA, 2008). A implantação do edifício foi determinada pelo edifício já existente no terreno. Por isso, as fachadas voltadas para o norte receberam tratamento com brises de sombreamento e uma aba de cobertura enquanto a fachada sul é uma grande pele de vidro. Esta solução exemplifica o conceito (também aplicado nos três projetos citados acima) de divisão das fachadas, criando faces com tratamentos distintos conforme a incidência solar em cada uma delas. Todos os vidros especificados são de alta performance energética, com espessuras entre 10 e 12 mm, alta transmissão luminosa, baixa refletividade externa e interna e coeficiente térmico correspondente às necessidades de climatização. Os elevadores especificados são da Thyssen Krupp, sem casa de máquinas, que segundo a empresa gera uma economia de energia de aproximadamente 25% em relação aos modelos convencionais. Poderia ainda ser implantado o sistema de frenagem regenerativa, que reaproveita sobras energéticas 109 (o elevador que está descendo, freando e gerando energia na operação, fornece energia para um próximo que estiver subindo) proporcionando economia no consumo de energia para os elevadores da ordem de 30 a 40%, segundo a empresa Thyssen Krupp. A utilização tanto pode ser para o sistema de elevadores (um consome a energia devolvida pelo outro), ou para a utilização do prédio como um todo (quando todos os elevadores estiverem devolvendo energia ao mesmo tempo). Neste caso, o medidor de energia do prédio vai registrar um menor consumo de energia. Este sistema já existe no Brasil e foi instalado nos edifícios Rochaverá e Eldorado, em São Paulo. Para o atendimento ao pré-requisito, pode-se afirmar que o projeto arquitetônico está em grande parte consistente e que possíveis alterações necessárias não virão a comprometer o projeto. Para a obtenção de um desempenho superior ao mínimo estipulado visando à obtenção dos créditos já é necessária uma análise mais criteriosa dos profissionais envolvidos no projeto, pois um desempenho de alto nível exige equipamentos e sistemas altamente eficientes, grande automação e controle de iluminação e ar condicionado específicos para áreas distintas do empreendimento. 5.4.4. Materiais e Recursos • Pré-requisito 1 – Estocagem e coleta de materiais recicláveis Requisito: Prover área para estocagem e segregação dos materiais recicláveis, conforme especificados a seguir: plásticos, metais, papel, papelão e vidro, com dimensionamento necessário para atender a todo o empreendimento. Impacto de implantação: baixo. O projeto não conta com área específica para estocagem e segregação de materiais reciclados. Porém é uma alteração que exige uma pequena adaptação do projeto, de baixo impacto e garante o atendimento ao pré-requisito. 110 • Crédito 1.1. – Reuso de construção – aproveitamento de 75% de parede/piso/cobertura Requisito: Manter no mínimo 75% da estrutura do edifício existente (inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise, pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente. • Crédito 1.2. - Reuso de construção – aproveitamento de 100% de parede/piso/cobertura Requisito: Manter no mínimo 100% da estrutura do edifício existente (inclusive lajes e cobertura) e das fachadas (excluindo esquadrias e cobertura não estruturais). Elementos cujos componentes foram objeto de remediação não são contabilizados. Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise, pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente. • Crédito 1.3. - Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos não estruturais internos Requisito: Garantir que 50% dos elementos construtivos não estruturais internos (paredes internas, portas, pisos e forros) sejam mantidos como existente (incluindo ampliações). Ampliações maiores do que duas vezes o tamanho do edifício existente não é elegível a este crédito. Impacto de implantação: o crédito não é pertinente ao projeto em análise, pois a área a ser construída é maior que o dobro da área do edifício existente. • Crédito 3.1.– Reuso de materiais – 5% do material de construção orçado. • Crédito 3.2. – Reuso de materiais – 10% do material de construção orçado. 111 Requisito: Utilizar materiais de demolição ou restaurados, de forma a substituir, no mínimo 5% (crédito 3.1.) /10% (crédito 3.2.) do material de construção orçado, com base no custo dos materiais (base pelo orçamento da obra ou 45% do custo total da construção). Instalações eletro-mecânica e itens especiais, como elevadores, não são incluídos neste crédito. Mobiliário pode ser considerado, desde que com presença consistente nos MR Créditos 3 e 7. Impacto de implantação: A obtenção destes créditos está vinculada à especificação de materiais de toda a obra, incluindo estrutura (concreto, ferragens), piso, vedação e cobertura, infra-estrutura e acabamentos. Deve ser um trabalho conjunto dos projetistas e da empresa executora. No que se refere ao projeto arquitetônico, o reuso de materiais de construção ainda é uma solução difícil de ser implantada, pois a qualidade dos materiais passíveis de serem reaproveitados depende muito da forma como um edifício foi projetado, conservado e como ele será desmontado. A demolição da construção já deve ser feita de forma pensada para que se aproveite a maior quantidade de peças e materiais, com mão de obra especializada e armazenagem correta. É importante também verificar a qualidade, resistência e características dos materiais a serem reaproveitados, pois muitas vezes a exposição às intempéries, má conservação ou a própria vida útil do material impedem que as peças possam ser reutilizadas. Muitas vezes o custo de uma desmontagem cuidadosa, o transporte e a pouca oferta de material de reuso é mais alto do que a compra do material novo, o que inviabiliza economicamente a solução, principalmente em obras de grande porte como o projeto em análise. • Crédito 4.1. – Material reciclado pré ou pós consumo – 10% do material de construção • Crédito 4.2. – Material reciclado pré ou pós-consumo – 20% do material de construção Requisito: Usar material com conteúdo reciclado (Definido pela ISO 14.021 – Environmental Tabels and declarations) de forma que a soma dos reciclados pósconsumo mais metade dos reciclados pré-consumo (reciclagem dentro da própria linha de fabricação) seja igual ou maior a 10% (crédito 4.1.) / 20% (crédito 4.2.) do custo dos materiais no projeto. 112 Impacto de implantação: Assim como o reuso, a especificação de materiais reciclados também está vinculada à escolha de materiais de toda a obra. A especificação de materiais reciclados (pré ou pós-consumo) referentes ao projeto arquitetônico tem se tornado mais viável por causa do número crescente de empresas e fornecedores que estão buscando esta postura ou simplesmente enfatizando procedimentos já existentes de reciclagem como diferencial de mercado e facilitador na obtenção dos créditos. Hoje as próprias empresas indicam quais são os créditos de certificação passíveis de serem obtidos através da especificação do seu produto. Dos produtos e materiais de acabamento especificados no projeto, o carpete, piso elevado e piso vinílico possuem percentual de material reciclado na sua composição. A empresa Interfacefloor, fabricante de carpetes possui no seu site uma calculadora que auxilia o arquiteto a dimensionar o valor de material reciclado agregado através da especificação do carpete. Para o modelo especificado, a taxa de material reciclado é de 48% pós-consumo. Outras empresas indicam apenas o porcentual de conteúdo reciclado pós e pré-consumo em sua composição como, por exemplo, a PisoAG (pisos elevados) que possui 20,03% de material reciclado pós consumo e 5,92% pré-consumo e a Fademac (pisos vinílicos) que possui 67% de conteúdo reciclado pós consumo. Para o projeto em análise, estes materiais atingiriam um percentual de 3,475%, comprovando que a obtenção do crédito deve ser obtida com o trabalho conjunto de especificação de todos os profissionais envolvidos (tabela 12). 113 TABELA 12 – TABELA LEED PARA CÁLCULO DE MATERIAL RECICLADO – MATERIAIS DE ACABAMENTO ESPECIFICADOS NO PROJETO FONTE: dados de pesquisa, 2009. 114 Alguns tipos de acabamento possuem marcas específicas com o diferencial do uso do material reciclado. O forro de fibra mineral da Armstrong, por exemplo, possui em sua composição entre 23% e 82% de material reciclado préconsumo e o porcelanato da linha Ecoland da marca Ilva, 20%. As chapas de alumínio composto da marca Alpolic, representada no Brasil pela empresa Day Brasil possui, nas chapas de 6mm, 4,6% de material pós e 42,7% pré-consumo. Para o projeto em análise, seria necessário fazer a troca de especificação das marcas de forro e alumínio composto e a troca do piso em granito pelo porcelanato para que estes materiais pudessem contribuir com a obtenção do crédito. Com estas alterações, o percentual de material reciclado do projeto seria de 4,662% (tabela 13). Materiais de construção como o cimento, aço, alumínio e divisórias de gesso acartonado (todos eles utilizados no projeto) também possuem grande porcentual de material reciclado. O cimento CPIII pode ter até 70% de escória de alto forno, um co-produto da indústria siderúrgica com propriedades aglomerantes. O aço, segundo a Gerdau, tem 65,0% da produção nas Américas feita a partir de sucata ferrosa e a Alcoa utiliza 70% de alumínio reciclado na produção de caixilhos. Também já existe no mercado tubulação para instalações sanitárias compostos de 100% de politereftalato de etila reciclado (PET) normatizados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Divisórias de gesso acartonado de alguns fabricantes também contam com uma quantidade considerável de material reciclado na composição das chapas, contribuindo para a obtenção do crédito, segundo o professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da USP, Vanderley John. Na aplicação da ferramenta, fica claro que apenas os materiais de acabamento não são suficientes para o atendimento ao requisito do crédito, sendo necessária a especificação criteriosa dos outros projetistas e do executor da obra. 115 TABELA 13 – TABELA LEED PARA CÁLCULO DE MATERIAL RECICLADO – MATERIAIS DE ACABAMENTO ESPECIFICADOS NO PROJETO E MATERIAIS COM TROCA DE ESPECIFICAÇÃO. FONTE: dados de pesquisa, 2009. 116 • Crédito 5.1. – Materiais regionais – 10% do material de construção orçado • Crédito 5.2. – Materiais regionais – 20% do material de construção orçado Requisito: Utilizar materiais de construção que tenham sido extraídos, processados ou manufaturados em um raio máximo de 800km, de forma que somem 10% (crédito 5.1.) / 20% (crédito 5.2.) do custo total dos materiais orçados para o projeto. Se apenas uma fração do material for regional, apenas esta fração será considerada no cálculo (por peso). Impacto de implantação: Assim como os créditos anteriores, a especificação de materiais regionais também está vinculada à escolha de materiais de toda a obra. Em relação à regionalidade do material é difícil afirmar quais seriam os acabamentos que atenderiam a este requisito, pois as informações necessárias para a comprovação de atendimento ao crédito dependem da empresa fabricante e fornecedora. Por se localizar na região sul do país, próxima a grandes pólos industriais, e distante 300km de Florianópolis, 408km de São Paulo e 711km de Porto Alegre pode-se afirmar que existe a possibilidade de atendimento ao requisito. • Crédito 6 – Materiais rapidamente renováveis – 2,5% do material de construção orçado Requisito: Usar materiais de construção (incorporados no empreendimento) e mobiliário rapidamente renovável, fabricadas de plantas que são tipicamente colhidas em ciclos de 10 anos ou menos, para pelo menos 2,5% do custo total de materiais usados no projeto. Para cálculos dos valores totais, excluir os custos de mão de obra e equipamentos (componentes elétricos, mecânicos, hidráulicos e de estrutura). Impacto de implantação: alto. O projeto não conta com grandes áreas de revestimento e acabamento em madeira. O deck em Itaúba e as portas correspondem apenas a 0,9% do custo do material orçado. O crédito poderia ser atendido com a especificação de mobiliário produzido com madeiras de curto ciclo de vida, como o pinus e eucalipto. Para a obtenção do ponto, é importante que apenas o custo da madeira seja considerado para o cálculo. No caso do mobiliário, é necessário que o fabricante forneça qual o percentual do custo da madeira nas 117 peças, para que o custo de ferragens, acabamentos e mão de obra não sejam incluídos no valor final. • Crédito 7 – Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira Requisito: Utilizar, no mínimo 50% do material com base em madeira, com madeira certificada de acordo com o FSC, representado no Brasil pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. Esses materiais incluem malha estrutural, piso, substrato de piso, esquadrias e acabamentos. Apenas materiais de instalação permanente contam neste crédito. Mobiliário pode ser incluído, desde que de forma consistente nos MR Créditos 3 e 7. Impacto de implantação: baixo. Segundo o FSC é crescente o número de empresas com cadeia de custódia certificada e com produção potencialmente vinculada à construção civil (figura 41). ANO 1996 1998 2000 2001 2002 2003 2004 Número de empresas 03 04 09 33 56 68 90 Figura 41 – Número de empresas certificadas no FSC entre 1996 e 2004 (Fonte: FSC, 2005). A exigência dos sistemas de certificação, aliada às iniciativas do governo em incentivar a utilização de produtos de madeira certificada tendem a aumentar a demanda, que hoje corresponde de 10 a 20% do mercado, segundo a revista Sustentabilidade. Hoje já existem várias empresas fornecedoras de madeira que trabalham apenas com produtos certificados, como a Floresteca e Ecoleo, que produzem painéis, pranchas, pisos, decks, chapas de compensado e MDF com atestado do FSC. No edifício Eldorado Business Tower foi usado 100% de madeira certificada, atestando a viabilidade do crédito. A meta de utilização de 50% do material com base em madeira certificada é tecnicamente viável implicando na oferta de mercado, hoje crescente, e na escolha de fornecedores certificados. 118 5.4.5. Qualidade Ambiental Interna • Pré-requisito 2 – Controle da fumaça ambiental de tabaco Requisito: Minimizar a exposição de não fumantes a fumaça de tabaco ambiental, com definição de Edifício Não Fumante (fumar é proibido dentro do edifício). Neste caso, prever áreas externas designadas para fumantes localizadas a pelo menos 7,62m das entradas, das tomadas de ar externo e das janelas que podem ser abertas. Se o projeto previr salas designadas para fumantes, estas devem ser projetadas para exaurir a fumaça de tabaco ambiental para o exterior sem nenhuma recirculação para as áreas não fumantes do prédio, fechadas com divisórias impermeáveis de laje e laje e serem operadas com uma pressão negativa em comparação com as áreas vizinhas. Impacto de implantação: baixo. O projeto não contempla salas designadas para fumantes, classificando-se como Edifício Não Fumante. Para atendimento ao crédito, basta indicar área externa conforme solicitado no requisito. • Crédito 4.2. – Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos Requisito: tintas e revestimentos em madeira e mantas de piso interior aplicados na obra devem atender às limitações e restrições que concernem a componentes químicos organo voláteis. Impacto de implantação: baixo. Já existem no mercado grandes fabricantes de tintas que possuem produtos que atendem ao padrão máximo de emissão de COV de 50g/l menos água para área internas e 100g/l menos água para áreas externas (para revestimentos lisos). A Sherwin Williams possui a linha Metalatex Eco, composta à base d’água sendo menos agressiva ao meio ambiente. Já a Suvinil possui uma gama completa de produtos de acabamento (tinta acrílica, látex e esmalte) e de base (selador, massa corrida e massa acrílica) com índices baixos de emissão de COV, certificados com o Selo Sustentax que atesta a eficiência dos produtos e indica para todos eles a quantidade de organo voláteis emitida por cada um, todos abaixo do limite do crédito. Também já existem disponíveis no mercado vernizes para madeira com emissão zero de COV, sendo o padrão máximo da norma de 350g/l menos água. Em relação a mantas de piso, o projeto não possui este tipo de material especificado. 119 • Crédito 4.3. – Materiais com baixa emissão – carpetes Requisito: Sistemas de carpetes devem atender ou exceder as normas do Carpet and Rug Institute’s Green Label Plus testing and product. Capachos devem atender ou exceder o CRI Green Label testing and product requirements. Colas de carpete ou tapetes devem atender aos requisitos do EQ Crédito 4.1 Impacto de implantação: nenhum. O carpete especificado atende à norma que regulamenta a quantidade de emissões para este tipo de piso, segundo o fabricante (figura 42). Para atendimento ao requisito basta que a cola utilizada atenda ao crédito 4.1. Materiais com baixa emissão – adesivos e selantes, ficando abaixo do limite de 50g/l de COV. Já existe no mercado colas e selantes a base d’água para pisos laminados e carpetes. A cola Adheza Eco Fix possui índice de 45g/l, ficando abaixo do estipulado na norma. Em relação aos capachos, a 3M possui duas linhas de produtos (Nomad e Realce) que atendem aos requisitos. Figura 42 – Certificado do carpete especificado no projeto. (Fonte: Interfaceflor, 2009) • Crédito 8.1. Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços Requisito: Atingir um fator de envidraçamento de 2% para no mínimo 75% da área ocupada do edifício, demonstrar por simulação computadorizada que no mínimo 75% da área ocupada do edifício recebem 269 candelas/m², considerando dia claro, ao meio dia, no equinócio, a 76,2cm do piso ou demonstrar através de medição pós-ocupação os parâmetros da simulação. Fator de envidraçamento = (área de janela/área de piso) x fator geométrico da janela x (Tviz Real / Tviz Mínima) x fator de altura da janela. 120 Impacto de implantação: não classificado. Por necessitar de simulação computadorizada, cálculos ou medição pós-ocupação, a análise do crédito fica inviabilizada neste estudo. Tem-se em edifícios certificados as seguintes estratégias para o aumento da luz do dia: uso de clarabóias, painéis de vidro nas divisórias e portas e vãos máximos de aberturas no perímetro do edifício. O uso do sistema de planta livre, divisórias baixas e peles de vidro também proporcionam maior iluminação natural nos ambientes, contribuindo para a obtenção do crédito. No projeto em análise, todas as faces perimetrais do edifício possuem aberturas; sobre os volumes das escadas existem clarabóias de iluminação; o belvedere e acesso ao estacionamento (vãos entre o edifício existente e novo) são cobertos por uma pérgola de vidro; a área de trabalho é tipo “planta livre” e todas as divisórias existentes (com exceção dos auditórios) são do tipo painel/vidro. As diretrizes do projeto estão alinhadas com os conceitos utilizados em projetos já certificados. Pode-se afirmar que a obtenção do crédito é viável, podendo exigir alterações de projeto e especificações, mas não de conceito ou solução. • Crédito 8.2. – Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços Requisito: Prover vista direta ao exterior, por abertura com vidro, entre 76,2cm e 229cm de altura do piso, para 90% de todas as áreas ocupadas do edifício, segundo o seguinte critério: em planta, área com linha de visão para o perímetro com janelas e em corte, uma linha direta de visão pode ser desenhada entre a área e a janela. Impacto de implantação: idem ao item anterior. 5.4.6. Inovação e Processo de Design • Créditos 1.1. a 1.4. – Inovação em projeto Requisito: Identificar a intenção do crédito inovador proposto (1 ponto); identificar requisitos de atendimentos propostos (1 ponto); identificar a demonstração de atendimento de submissão proposta (1 ponto); identificar estratégias que foram usadas para atender aos requisitos (1 ponto). 121 Impacto de implantação: baixo. Estes créditos são obtidos através de performances exemplares que excedam os padrões exigidos na obtenção dos créditos e o atendimento a padrões ambientais que não são exigidos nesta ferramenta e podem ser implementados por qualquer profissional envolvido no projeto. Este crédito pode ser obtido, por exemplo, utilizando 100% de água não potável para irrigação, utilizando apenas águas pluviais e servidas, dobrando o percentual de redução exigido no crédito 1.1 da categoria Uso Eficiente da Água, que é de 50%. Ou utilizando grande percentual de madeira certificada, excedendo o requisito exigido no crédito 7 – Madeira Certificada da categoria Materiais e Recursos que é de 50%. O uso de alguns materiais específicos com alto desempenho ambiental também podem pontuar nesse requisito, como a especificação dos carpetes da Interface que fazem parte do programa GlasBac ou Next Step (que possuem alto percentual de material reciclado e um programa de logística reversa) desde que a especificação represente ao menos 2,5% do orçamento de material de construção. 122 6. RESULTADOS ESPERADOS Para que um edifício obtenha a certificação mínima, este deve atender à todos os sete pré-requisitos e obter, no mínimo, 26 créditos dos 69 da ferramenta. Como já foi visto anteriormente, a fase de projeto arquitetônico é responsável pelo atendimento a dois pré-requisitos (nas categorias Materiais e Recursos e Qualidade Ambiental Interna) e 23 créditos distribuídos conforme as tabelas 09 e 10. De acordo com a análise realizada, o projeto escolhido para o estudo de caso atendeu sem nenhum impacto a quatro créditos sendo três deles na categoria Espaço Sustentável e um na categoria Qualidade Ambiental Interna. Pode-se observar, já considerando os 11 créditos de baixo impacto de implantação que o projeto pode obter que os melhores desempenhos estão nas categorias Espaço Sustentável - com obtenção de nove créditos e Eficiência e Uso da Água, obtendo os dois créditos possíveis. Em relação à primeira categoria, o bom desempenho do projeto se deve ao fato do empreendimento estar implantado em uma área central da cidade, bem servida de sistema de transporte coletivo e em uma região com bom desenvolvimento de comércios e serviços. As exigências dos créditos relacionados ao transporte alternativo e redução de ilhas de calor demandam poucas alterações de projeto, através de demarcação de vagas preferenciais nos estacionamentos já existentes e troca de materiais de cobertura (tabela 14). 123 TABELA 14. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – ESPAÇO SUSTENTÁVEL CATEGORIA 1. Espaço Sustentável – SS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 CR 1 – Seleção do local do empreendimento CR 2 – Densidade de desenvolvimento e conectividade da comunidade CR 3 – Recuperação de áreas contaminadas CR 4.1. – Transporte alternativo – acesso ao transporte público CR 4.2. – Transporte alternativo – bicicletário e vestiários CR 4.3. – Transporte alternativo – veículos de baixa emissão e consumo eficiente CR 4.4. – Transporte alternativo – vagas para veículos coletivos CR 5.1. – Proteção ou restauração do habitat CR 5.2. – Desenvolvimento do local do empreendimento CR 7.1. – Redução das ilhas de calor – áreas abertas CR 7.2. – Redução das ilhas de calor – áreas de cobertura E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 01 03 06 01 00 X X X X X X X X X X X Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Na categoria Eficiência e Uso da Água, o atendimento aos créditos que requisitam a redução do uso de água potável em 20 a 30% é facilmente obtido, pois muitas das tecnologias de redução de consumo de água já estavam contempladas no projeto analisado. A captação e utilização de águas pluviais e o reuso de águas cinzas também já faziam parte do conceito do projeto, até por cumprimento à legislação municipal vigente. Pode-se dizer que o projeto em questão já possui um bom desempenho no que se refere à economia de água potável (tabela 15). 124 TABELA 15. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – EFICIÊNCIA E USO DA ÁGUA CATEGORIA 12 13 2. Eficiência e Uso da Água – WE CR 3.1. – Redução do uso de água potável em 20% CR 3.2. – Redução do uso de água potável em 30% E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 00 00 02 00 00 X X Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Na categoria Energia e Atmosfera não há nenhum crédito pertinente ao projeto arquitetônico, apesar deste ser co-responsável no atendimento ao prérequisito de desempenho mínimo de energia e aos créditos de otimização de desempenho de uso de energia (tabela 16). Neste caso, a qualificação do projeto depende do trabalho em conjunto de todos os projetistas, já que a eficiência energética de uma edificação é função dos elementos de fachada, dos equipamentos instalados e dos sistemas de controle e verificação. TABELA 16. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – ENERGIA E ATMOSFERA CATEGORIA 3. Energia e Atmosfera E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 00 00 00 00 00 Fonte: Dados de pesquisa, 2009 O mesmo acontece com a categoria Materiais e Recursos. Dos treze créditos possíveis de serem atingidos, seis deles se referem à especificação de materiais de construção e de acabamento – reuso de materiais, conteúdo reciclado e materiais regionais. O atendimento a estes requisitos se fará através de um trabalho conjunto do arquiteto – especificador de todos os materiais de acabamento e do executor, especificador dos materiais da obra civil. Em relação aos créditos de projeto arquitetônico, o desempenho do empreendimento em análise é baixo, com a obtenção de um crédito dos cinco possíveis (tabela 17). Isso acontece por que o 125 projeto não se caracteriza como reuso de construção, onde seria possível a obtenção de três créditos. Apesar de o empreendimento contemplar um bloco existente, a área nova é maior que o dobro do construído, não configurando o reuso da edificação. TABELA 17. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – MATERIAIS E RECURSOS CATEGORIA 4. Materiais e Recursos – MR 14 15 16 17 18 PR 1 – Estocagem e coleta de materiais recicláveis CR 1.1. – Reuso de construção – aproveitamento de 75% de piso/parede/cobertura CR 1.2. – Reuso de construção – aproveitamento de 100% de piso/parede/cobertura CR 1.3. – Reuso de construção – aproveitamento de 50% de elementos não estruturais internos CR 6 – Materiais rapidamente renováveis – 2,5 % do material de construção orçado CR 7 – Madeira certificada incorporada – 50% do material com base em madeira E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 03 00 01 01 00 X X X X X X Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Na categoria Qualidade Ambiental Interna, dois créditos pertinentes ao projeto arquitetônico não foram avaliados pela complexidade de análise que estes demandam, embasada em cálculos complexos, simulações computadorizadas ou medições pós-ocupação. Assim apenas os relacionados à baixa emissão de compostos organo voláteis em tintas, revestimentos e carpetes foram analisados e atendidos com baixo impacto de implantação (tabela 18). 126 TABELA 18. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA CATEGORIA 19 20 21 22 5. Qualidade Ambiental Interna – EQ PR 2 – Controle de fumaça ambiental de tabaco CR 4.2. – Materiais com baixa emissão – tintas e revestimentos CR 4.3. – Materiais com baixa emissão – carpetes CR 8.1. – Luz do dia e paisagem – luz diurna em 75% dos espaços CR 8.2. – Luz do dia e paisagem – vistas externas em 90% dos espaços E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 00 01 01 00 02 X X X X X Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Na categoria Inovação e Processos, existe a possibilidade de atendimento ao crédito através da performance exemplar pelo não uso de água potável para irrigação, utilizando-se para isso águas pluviais e cinzas tratadas que já serão coletadas e reutilizadas no projeto (tabela 19). TABELA 19. CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPLANTAÇÃO – INOVAÇÃO E PROCESSOS CATEGORIA 6. Inovação e Processos - IN 23 CR 1.1. – Performance exemplar E CRÉDITOS IMPACTO DE NÃO PERTINEN TE NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. 00 00 01 00 00 X Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Analisando os resultados, verificou-se que em relação aos pré-requisitos, o projeto em análise atenderia aos dois itens relacionados ao projeto arquitetônico com facilidade, não se configurando como um dificultador no processo inicial de certificação (tabela 20). 127 TABELA 20. RESULTADO DA PERTINENTES AO PROJETO IMPLANTAÇÃO TOTAL OBTIDO PELO PROJETO PERCENTUAL DOS PRÉ-REQUISITOS DE PROJETO – 02 (%) CLASSIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS ARQUITETÔNICO POR IMPACTO DE NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. TOTAL 00 00 02 00 00 02 0,0 0,0 100 0,0 0,0 100 Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Em relação ao atendimento aos créditos, o empreendimento em análise pode atingir com nenhum impacto de implantação 04 créditos (17,4%) e com baixo impacto de implantação 11 créditos (47,8%), o que representa 65,2% dos créditos pertinentes ao projeto arquitetônico (tabela 21). TABELA 21. RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS PERTINENTES AO PROJETO ARQUITETÔNICO POR IMPACTO DE IMPLANTAÇÃO TOTAL OBTIDO PELO PROJETO PERCENTUAL DOS CRÉDITOS DE PROJETO – 23 (%) NÃO PERTIN. NENHUM IMPACTO BAIXO IMPACTO ALTO IMPACTO NÃO CLASS. TOTAL 04 04 11 02 02 23 17,4 17,4 47,8 8,7 8,7 100 Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Considerando que o empreendimento pode então atingir quinze dos vinte e três possíveis, tem-se um desempenho de 65,1% de atendimento aos requisitos. Estes quinze pontos representam 57,7% dos créditos necessários para a certificação mínima e 21,6% para a certificação máxima. Estes valores confirmam a importância e a necessidade de se contemplar, desde o início dos projetos, os conceitos e valores da arquitetura sustentável para que se obtenha como resultado final edifícios mais eficientes (tabela 22). 128 TABELA 22. PONTUAÇÃO OBTIDA COM NENHUM OU BAIXO IMPACTO PELO PROJETO EM ANÁLISE PERCENTUAL EM RELAÇÃO A PONTUAÇÃO MÁXIMA (%) PERCENTUAL EM RELAÇÃO À PONTUAÇÃO DE PROJETO ARQUIT. (%) 09 13,0 39,1 02 02 2,9 8,7 17 00 00 0,0 0,0 13 05 01 1,4 4,3 15 04 02 2,9 8,7 Inovação e Processos - IN 5 01 01 1,4 4,3 Total 69 23 15 21,6 65,1 PONTUAÇÃO MÁXIMA PARA CERTIFICAÇÃO PONTUAÇÃO MÁXIMA DE PROJETO ARQUITET. PONTUAÇÃO OBTIDA COM NENHUM/BAIXO IMPACTO Espaço Sustentável – SS 14 11 Eficiência e Uso da Água – WE 5 Energia e Atmosfera – EA CATEGORIA Materiais e Recursos – MR Qualidade Ambiental Interna – EQ Fonte: Dados de pesquisa, 2009 Através da análise realizada pode-se concluir que mesmo sem a preocupação com a certificação ambiental o projeto foi elaborado dentro das boas práticas correntes de arquitetura e de construção, atendendo à legislação vigente e com um desempenho ambiental superior a uma construção convencional, principalmente no que se refere à área de implantação e eficiência no uso da água. Verificou-se também que em relação aos itens relacionados ao projeto, apenas dois teriam um alto impacto de obtenção, demonstrando que, neste caso, a decisão de se obter um selo ambiental não traria grande impacto no projeto arquitetônico já desenvolvido. Porém, deve se considerar que o projeto arquitetônico analisado separadamente não apresenta impacto significativo no que se refere à eficiência energética, materiais e recursos e qualidade ambiental interna do empreendimento – estas categorias estão mais vinculadas aos projetos complementares, execução e operação do edifício. Assim, o atendimento dos créditos relacionados apenas ao projeto arquitetônico, embora significativo, não caracteriza necessariamente um projeto sustentável por completo. Confirma-se então a idéia de que os princípios de sustentabilidade devem permear todas as etapas de um empreendimento, criando- 129 se assim um conceito de projeto que deverá ser seguido nas etapas seguintes e que trará como resultado um edifício com níveis elevados de eficiência ambiental como um todo, conseqüência de um trabalho integrado de todos os profissionais envolvidos. A busca pela certificação ambiental exigiria do empreendimento, além de manter os quatro créditos já obtidos, o compromisso do atendimento aos onze créditos cuja implantação é de baixo impacto mais a obtenção de onze créditos para a obtenção da certificação mínima. O sistema LEED, por se configurar como um check list, permite que os créditos sejam escolhidos pelo próprio empreendedor. Assim, um edifício certificado não necessariamente se caracteriza como altamente eficiente nas seis categorias de forma equilibrada. O mecanismo implantado pela ferramenta para minimizar grandes desequilíbrios é a exigência do atendimento aos pré-requisitos, que estabelece um desempenho ambiental mínimo necessário a ser atingido em cada categoria. No sistema atual, a única que não possui pré-requisito é do Uso Eficiente da Água, que será adicionado na nova versão V.3, a ser implantada ainda este ano. Porém, independente dos créditos escolhidos para serem atendidos, é certo que a obtenção de um selo ambiental fomenta o desenvolvimento de empreendimentos mais eficientes. O atendimento às metas de eficiência energética e de redução do uso de água potável, a busca por materiais de construção que causem menos impacto ao meio ambiente, o incentivo ao uso de materiais reciclados e certificados são fomentadores de sustentabilidade em uma construção e a aplicação de uma ferramenta de verificação de desempenho ambiental possibilita a mensuração destes indicadores. 130 7. CONCLUSÃO Através deste estudo pode-se constatar que a etapa de projeto no processo de certificação ambiental de edifícios e na proposta de desenvolver construções mais sustentáveis é primordial, pois é na fase de idealização e conceituação do empreendimento que a decisão de se construir de forma mais sustentável deve ser tomada. A participação das fases de desenvolvimento dos projetos complementares, da execução da obra e utilização do edifício dentro dos mesmos critérios é essencial para que a obra seja eficiente por completo. Por isso, é importante que o conceito de sustentabilidade seja incluído desde os primeiros croquis de estudos para que todas as etapas seguintes de trabalho até a fase final de construção e operação estejam de acordo com as soluções a serem adotadas. Pode-se afirmar que uma construção baseada nas boas práticas e em conceitos de sustentabilidade e eficiência no Brasil poderá obter um selo ambiental com padrões estrangeiros sem grandes alterações na conceituação do empreendimento, já que muitos dos requisitos a serem atendidos dizem respeito à questões ambientais de abrangência mundial, como conservação de água, energia e recursos naturais. Muitas das soluções adotadas hoje na indústria da construção civil e na legislação ambiental brasileira já estão alinhadas com questões ambientais contempladas nas ferramentas de certificação. Porém a busca pelo selo ambiental exige padrões mais elevados de eficiência em alguns quesitos, que extrapolam os exigidos pela legislação ou os utilizados pelo mercado usual. Confirma-se assim a idéia de que a aplicação de ferramentas de verificação de sustentabilidade traz melhorias significativas no processo de desenvolvimento de técnicas e materiais mais eficientes e estimula os projetistas e o mercado a buscarem melhores soluções para seus projetos e produtos. Esta já é uma tendência crescente dentro do mercado brasileiro, que cada vez mais oferta produtos e soluções de projeto que atendem às exigências da ferramenta e consequentemente são mais ecológicos. É importante salientar que essa busca crescente das empresas em ofertar produtos mais eficientes traz um ganho muito maior do que apenas contribuir para a certificação de edifícios. Estes materiais e produtos estão se tornando disponíveis e acessíveis ao consumidor 131 geral, que pode buscar soluções mais amigáveis ao meio ambiente sem necessariamente estar visando um selo ambiental. A certificação ambiental de edifícios já é uma realidade no Brasil, que hoje possui empreendimentos cujos projetos foram norteados por estes sistemas, que atenderam às metas propostas pela ferramenta e obtiveram a certificação. Mas apesar de já existirem edificações avaliadas e certificadas pelo sistema LEED dentro dos padrões americanos, o que demonstra que ela é viável mesmo sem estar adaptada aos padrões brasileiros, torna-se necessária uma revisão dos parâmetros e regulamentações a serem atendidas na medida em que a busca pela certificação se amplie. Como forma de aperfeiçoar o desempenho ambiental das edificações construídas dentro da realidade do nosso país, é importante que a norma passe a contemplar questões que sejam mais pertinentes aos problemas sócio-ambientais brasileiros, como a biodiversidade, geração de resíduos e acessibilidade a portadores de necessidades especiais. A regionalização da normatização a ser seguida também se tornará um facilitador na utilização da ferramenta, incentivando a sua aplicação e a verificação de atendimento aos padrões de eficiência ambiental dentro da realidade do nosso país. 132 8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABRÃO, A. E. Contribuições para o desenvolvimento de um sistema de avaliação ambiental de edifícios. Curitiba: Mestrado em Gestão Ambiental, Universidade Positivo, Dissertação 2007. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ARQUITETURA BIOECOLÓGICA-ANAB. O Consumo e a Construção Civil. Disponível em: <www.anabbrasil.org/arquitetura.asp>. Acesso em 11.set.2008. BANCO REAL. 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