INFLAMAÇÃO CRÔNICA

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INFLAMAÇÃO CRÔNICA
Inflamação prolongada (semanas ou meses) na qual a inflamação ativa, a destruição tissular e a tentativa de reparar os danos
ocorrem simultaneamente.
CAUSAS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
A inflamação crônica surge nas seguintes situações:
- INFECÇÕES PERSISTENTES – Causadas por determinados microorganismos, como o bacilo da tuberculose, o Treponema pallidum
(sífilis) e determinados fungos e parasitas. Esses organismos possuem uma baixa toxicidade e evocam uma hipersensibilidade
tardia. A resposta inflamatória às vezes assume o padrão de reação granulomatosa.
- EXPOSIÇÃO PROLONGADA A AGENTES POTENCIALMENTE TÓXICOS, EXÓGENOS OU ENDÓGENOS – Um exemplo de agente tóxico é a
sílica, que quando inalada por um longo período, causa a silicose. A arteriosclerose também pode ser considerada uma doença
inflamatória crônica da parede arterial induzida por componentes endógenos, lipídicos tóxicos do plasma.
- AUTOIMUNIDADE – Auto-antígenos desencadeiam uma reação imunológica que se autoperpetua, causando lesão tecidual e
inflamação crônicas. Exemplos são a artrite reumatóide e o lúpus eritematoso.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
Em contraste com a inflamação aguda, que manifesta alterações vasculares, edema e infiltrado predominantemente neutrofílico,
a inflamação crônica é caracterizada por:
- infiltrado de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos.
- destruição tecidual induzida pela persistência do agente nocivo ou pelas células inflamatórias.
- tentativas de cicatrização pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo. Efetuado através da proliferação de
pequenos vasos sanguíneos e em particular, fibrose.
INFILTRAÇÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES
O macrófago é a célula dominante na inflamação crônica. Os monócitos começam a migrar para os tecidos extravasculares logo
no inicio da inflamação aguda e, em 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. O extravasamento de monócitos é
governado pelos mesmos fatores envolvidos na migração dos neutrófilos, ou seja, moléculas de adesão e mediadores químicos
quimiotáticos e de ativação. Quando o monócito chega ao tecido extravascular, ele se transforma em macrófago, que pode ser
ativado por uma série estímulos, como citocinas (IFN-gama) secretadas pelos linfócitos T ativados e pelas células NK, endotoxinas
bacterianas e outros mediadores químicos. A ativação resulta em aumento do tamanho celular, níveis aumentados de enzimas
lisossomais, um metabolismo mais ativo e uma maior habilidade de fagocitar e matar microorganismos ingeridos. Os macrófagos
secretam uma variedade de produtos que, se não forem controlados, resultam na lesão tecidual e fibrose característica da
inflamação crônica.
O acúmulo persistente de macrófagos na inflamação crônica é mediado por diversos mecanismos:
- Recrutamento de monócitos da circulação, resultante da expressão de moléculas de adesão e fatores quimiotáticos. Esses
estímulos quimiotáticos incluem quimiocinas produzidas por macrófagos e linfócitos; C5a; TGF-α.
- Proliferação local dos macrófagos depois que emigram do sangue.
- Imobilização dos macrófagos no local da inflamação.
Os produtos dos macrófagos ativados eliminam agentes nocivos como os microorganismos e iniciam o processo de reparação,
além de serem responsáveis por boa parte da lesão tecidual na inflamação crônica. Além dos produtos dos macrófagos, o próprio
tecido necrótico pode perpetuar a cascata inflamatória através da ativação dos sistemas das cininas, coagulação e fibrinolítico, etc.
OUTRAS CÉLULAS NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
Os outros tipos celulares presentes na inflamação crônica são os linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e mastócitos
- LINFÓCITOS – Utilizam moléculas as moléculas de adesão integrinas e adesinas para migrar para os locais de inflamação. As
citocinas TNF e IL-1 dos macrófagos ativados promovem o recrutamento recrutam os linfócitos. Os linfócitos e macrófagos
interagem de maneira bidirecional. Os macrófagos apresentam os antígenos para as células T produzem moléculas ligadas à sua
membrana (coestimulatórias) e a citocina IL-12 que estimulam as respostas das células T. Os linfócitos ativados produzem o IFNgama, que é o principal ativador dos macrógfagos.
- PLASMÓCITOS – Produzem anticorpos direcionados diretamente contra o antígeno no local da inflamação ou contra componentes
tissulares alterados.
- EOSINÓFILOS – São abundantes nas reações imunológicas mediadas por IgE e nas infecções parasitárias. O recrutamento dos
eosinófilos ocorre de maneira semelhante ao que ocorre com outros leucócitos presentes no sangue. Um quimiocina especialmente
importante na sua atração é a eotaxina. Os eosinófilos possuem a proteína básica principal em seus grânulos, que é tóxica para os
parasitas, mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos, também podendo contribuir para o dano tecidual nas
reações imunológicas.
- MASTÓCITOS – Participam tanto da reação inflamatória aguda quanto da crônica. Expressam em sua superfície o receptor que liga
a porção Fc da IgE. Nas reações agudas, a IgE ligada aos receptores Fc das células reconhece os antígenos e as células sofrem
degranulação e liberam histamina e os produtos da oxidação do ácido aracdônico. Esse tipo de reposta ocorre durante as reações
anafiláticas a alimentos, picada de insetos ou drogas. Os mastócitos também estão presentes nas reações inflamatórias crônicas,
produzindo citocinas que contribuem para a fibrose.
Apesar de os neutrófilos serem característicos da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica continuam a mostras
grande número de neutrófilos, induzidos pela persistência do microorganismo ou pelos mediadores produzidos por macrófagos e
linfócitos T.
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA
A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de reação inflamatória caracterizada pelo acúmulo focal de macrófagos
ativados, que geralmente desenvolvem uma aparência epitelióide. Exemplos de doença granulomatosa são: tuberculose, sarcoidose,
doença da arranhadura do gato, linfogranuloma inguinal, hanseníase, sífilis, etc.
Um granuloma é um foco de inflamação crônica consistindo de agregados de macrófagos transformados em células
semelhantes a células epiteliais cercadas por um colar de linfócitos e ocasionalmente plasmócitos. Os granulomas mais velhos
desenvolvem uma cápsula de fibroblastos e tecido conjuntivo. Frequentemente as células epitelióides se fundem para formar
células gigantes na periferia ou algumas vezes no centro do granuloma. Quando os núcleos dessas células fusionadas se encontram
na periferia da célula gigante, ela é chamada de célula gigante de Langhans, quando os núcleos estão espalhados ao acaso, é
chamada de célula gigante do tipo corpo estranho. Não existem diferenças funcionais entre esses dois tipos de células gigantes.
Existem dois tipos de granulomas, que diferem quanto a sua patogenia. Granulomas de corpos estranhos são provocados por
corpos estranhos relativamente inertes. Se formam quando materiais como o talco, suturas ou outras fibras são muito grandes
pare serem fagocitadas por um único macrófago e não provocam uma reposta inflamatória. As células epitelióides e as células
gigantes se formam e aderem à superfície do corpo estranho, envolvendo-o.
Granulomas imunes são causados por partículas insolúveis, tipicamente microorganismos, que são capazes de induzir uma
resposta imunológica celular. Os macrófagos engolfam o material estranho, processam-no e apresentam parte dele aos linfócitos
T, ativando-os. As células T então produzem a citocina IL-2, que ativa outras células T, perpetuando a resposta, e o IFN-gama, que
promove a ativação de macrófagos e a sua transformação em células epitelióides e células gigantes multinucleadas.
VASOS LINFÁTICOS E LINFONODOS NA INFLAMAÇÃO
Na inflamação, o fluxo linfático aumenta e ajuda a drenar o edema do espaço extravascular. Nas lesões mais graves, a drenagem
pode transportar o agente nocivo, seja ele químico ou microbiano. Os vasos linfáticos podem tornar-se secundariamente infectados
(linfangite), assim como os linfonodos de drenagem (linfadenite). Assim, em uma infecção que se encontre nas mãos, por exemplo, é
possível visualizar linhas vermelhas ao longo de todo o braço até a axila, seguindo o curso dos vasos linfáticos, acompanhado de
aumento doloroso dos linfonodos axilares. O aumento dos linfonodos é causado pela hiperplasia dos folículos linfóides.
O sistema de linfonodos consegue às vezes conter a disseminação da infecção, mas nas infecções mais graves, os organismos
ganham acesso à circulação sanguínea, induzindo assim, a bacteremia. As células fagocitárias do fígado, baço e da medula óssea
constituem então a próxima linha de defesa, mas nas infecções maciças as bactérias alcançam vários tecidos do organismo, sendo
as válvulas cardíacas, meninges, rins e articulações os locais favoritos de implantação, de maneira que o paciente pode
desenvolver endocardite, meningite, abscessos e artrite séptica.
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