HISTÓRIAS BIOGEOGRÁFICAS DE DIFERENTES GRUPOS DE ANGIOSPERMAS E AS CONEXÕES HISTÓRICAS ENTRE A FLORESTA AMAZÔNICA E A FLORESTA ATLÂNTICA Daniely Bindaco Hirata1, Amanda Souza2, Gabriela Souza3, Guilherme Freitas4, Ingrid Silva5, Leandro Ritter6, Annelise Frazão7 1 Centro de Ciências Humanas e Naturais - UFES, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Anatomia Vegetal, Vitória, ES, Brasil; 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, RN, Brasil; 3 Departamento de Biologia – UNITAU, Taubaté, SP, Brasil; 4Departamento de Geografia – UFAM, Manaus, AM, Brasil; 5 Departamento de Biologia – UNIR, Herbário Rondoniense João Geraldo Kuhlmann, Porto Velho, RO, Brasil; 6Instituto de Florestas – UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil; 7Instituto de Biociências - USP, Laboratório de Sistemática Vegetal, São Paulo, SP, Brasil. [email protected] A região Neotropical é um dos locais mais biodiversos do planeta, contendo várias áreas que guardam uma amostra mais significativa dessa diversidade, como é o caso da Floresta Amazônica (FAM) e a Floresta Atlântica (FAT). Há diversas evidências de que essas regiões estiveram conectadas no passado, tal como a presença de grupos taxonômicos filogeneticamente relacionados nessas duas áreas. Há diversas hipóteses para explicar esta relação histórica entre FAM e FAT, tal como a de que durante os períodos interglaciais, matas de galeria foram favorecidas a expandir, causando a retração das áreas mais secas observadas hoje na diagonal da América do Sul, as quais separam FAM e FAT. Em estudo realizado com aves evidenciou-se, com base em dados geológicos e filogenéficos, que conexões entre FAM e FAT podem ter ocorrido em diferentes períodos no passado, uma no Mioceno e duas, no Pleistoceno. Uma forma de verificar essas hipóteses seria a ocorrência de congruências entre a história biogeográfica de diferentes táxons. No entanto, isto é um problema, já que padrões biogeográficos iguais podem ter diferentes histórias. Sabendo disso, neste trabalho utilizamos como modelo duas famílias de angiospermas com dados publicados, Bignoniaceae e Burseraceae, para verificar o que a história biogeográfica desses grupos permitem hipotetizar sobre conexões históricas entre FAM e FAT. Para isso, replicamos as análises filogenéticas e de tempo de divergência destes trabalhos e, para o estudo biogeográfico, re-codificamos as áreas com os mesmos critérios para ambos bancos de dados. Os resultados encontrados concordam com a hipótese de que houve conexão entre essas áreas no Mioceno. Não foi possível verificar a hipótese de conexão no Pleistoceno, já que não houve divergências neste período. Destacam-se os eventos vicariantes entre FAM e FAT coincidentes em diferentes períodos do Mioceno. Esta congruência temporal e espacial sugere eventos biogeográficos únicos que devem ter influenciado na divergência de linhagens no passado. Verificamos também que houve mais eventos de dispersão inferidos para as Bignoniaceae do que para as Burseraceae, o que deve estar associado ao tipo de dispersão destes grupos. Os resultados sugeriram também que as linhagens de Bignoniaceae está a mais tempo na América do Sul do que Burseraceae, o que pode ser uma explicação para a maior evidência de conexão entre FAM e FAT na história das Bignoniaceae. Palavras-chave: biogeografia, S-DIVA, Bignoniaceae, Burseraceae, filogenia