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Atuação do fisioterapeuta no pós-operatório de artroscopia do ligamento
cruzado anterior do joelho
Andreia Brito da Silva1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual
Faculdade Cambury
Resumo
Com a evolução das técnicas cirúrgicas houve um aprimoramento das técnicas fisioterápicas,
tornando possível uma reabilitação mais precoce, evitando-se desta forma complicações
relativamente comum. A cirurgia artroscópica se constitui uma das formas menos invasivas de
abordar as articulações. Camanho e Andrade (1999) relata que esse tipo de cirurgia causa menor
dano muscular, menor dores e menos cicatrizes. A articulação do joelho é complicada e fácil de
ser lesionada, pelo tipo de articulação e movimentos restritos, O resultado da reconstrução
artroscópica da lesão do LCA por qualquer tipo de técnica está diretamente relacionada a um
bom tratamento fisioterápico tanto pré como pós-operatório (HALL, 2001). A fisioterapia
desempenha um papel fundamental na recuperação destes pacientes submetidos à correção
artroscópica, devido a isto a presente revisão bibliográfica tem como objetivo apresentar os
cuidados necessários, na realização da fisioterapia, destes pacientes, assim como os exercícios no
pós-operatório de artroscopia de LCA, tendo em vista a gradativa melhora e reintegração
funcional às atividades de vida diárias do indivíduo a cada etapa do tratamento realizado.
Palavra chave: Fisioterapia; Pós-operatório; Artroscopia.
1. Introdução
O joelho é uma das articulações mais frequentemente lesionadas do corpo, pois é uma articulação
de carga, que é influenciada por alterações, sendo composto pelos ossos fémur, tíbia, fíbula e
rótula, acoplados por estruturas de suporte e estabilização como ligamentos, cápsula articular,
meniscos e músculos (MATTA, 2009).
Devido a uma complexa interação entre os seus componentes, qualquer dano pode levar a um
desequilíbrio biomecânico natural do joelho e promover a deterioração de todo o sistema articular
(JUNIOR, 2007).
A articulação do joelho é projetada para mobilidade e estabilidade; ela eleva e abaixa
funcionalmente o membro inferior para levantar ou abaixar o corpo ou para mover o pé no espaço.
Junto com o quadril e o tornozelo, o joelho suporta o corpo na posição em pé e é uma unidade
funcional primária nas atividades de andar, subir e descer escadas e sentar (AGLIETTI, 1993).
1
. Fisioterapeuta, Pós-graduanda em Ortopedia e traumatologia com ênfase em terapia manual.
Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia de Ensino Superior, Mestrando em Bioética e
Direito em Saúde.
2.
As lesões ligamentares são muito frequentes em adultos, destacando-se as lesões no ligamento
cruzado anterior (LCA), que ocorrem fundamentalmente em atividades desportivas e acidentes. Os
ligamentos cruzados são estruturas ligadas à estabilidade do joelho e estão localizados no centro
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da articulação. Durante a última década, a cirurgia para reconstrução do LCA tornou-se uma das
mais frequentes na Ortopedia. O sucesso em longo prazo é confirmado através de taxas de bons e
excelentes resultados, que variam de 75% a 95%, considerando estabilidade, alívio de sintomas e
retorno as atividades antes realizadas pelo paciente (GUIMARÃES et al., 2009).
A ruptura do LCA pode resultar em uma incapacidade significativa, pois, impossibilita a
movimentação, gera dor, instabilidade, falta de equilíbrio e a coordenação é precária (COHEM,
2003).
As lesões ligamentares são mais frequentes em indivíduos entre 20 e 40 anos como resultados de
lesões esportivas (p.ex., esqui, futebol e futebol americano), mas podem ocorrer em indivíduos de
todas as idades. O LCA é o mais comumente lesado. Em geral, mais de um ligamento é lesado
como resultados de uma única lesão (ANDREWS, 2000).
Para Spence (1991), a articulação do joelho é complicada e fácil de ser lesionada, pelo tipo de
articulação e movimentos restritos, é uma articulação condilar, sendo que sua superfície no
côndilo medial femoral é mais larga na parte anterior e menos encurvada do que a superfície do
côndilo femoral lateral, por esta diferença estrutural a fase final da extensão envolve movimentos
do côndilo medial do fêmur sobre a tíbia, também chamado translação.
A artroscopia é um procedimento eficaz nas cirurgias de joelho. É um procedimento cirúrgico
comum no qual a articulação (Artro-) é visto por dentro (escopia), usando uma pequena câmera
(TOTES, 2014).
O resultado da reconstrução artroscópica da lesão do LCA por qualquer tipo de técnica está
diretamente relacionada a um bom tratamento fisioterápico tanto pré como pós-operatório (HALL,
2001)
A fisioterapia desempenha um papel fundamental na recuperação de pacientes submetidos à
correção artroscópica. O objetivo central do fisioterapeuta no pós-operatório deste tipo de cirurgia
é a reabilitação e o retorno às funções normais. Antes do procedimento é realizada uma avaliação
fisioterapêutica, com o objetivo de orientar o paciente sobre como será conduzido no tratamento
após a cirurgia e realizar medidas específicas (amplitude de movimento, força, postura e
funcionalidade) que servirão de guia na recuperação. Neste contexto o objetivo deste estudo foi
apresentar aos pacientes os cuidados necessários, na realização da fisioterapia e os exercícios no
pós-operatório de artroscopia de LCA.
2. Anatomia e articulação do Joelho
Segundo Dângelo & Fattini (2000), a articulação do joelho, é considerada uma das maiores e mais
complexas estruturas da anatomia humana. Sua articulação é do tipo gínglimo, permitindo o
movimento de flexão, extensão e um certo grau de rotação. A articulação do joelho é formada por
três ossos, fêmur, tíbia, patela (osso sesamóide) ao qual, por ser um osso sesamóide, permite
movimentos diferentes dos outros, e as estruturas são cápsula articular, estruturas extracapsulares
e intracapsulares, e membrana sinovial.
A origem femoral do ligamento cruzado anterior está localizada na porção póstero-lateral do
intercôndilo. A origem femoral tem uma forma convexa, tendo sua porção ovalada posteriormente
e uma porção plana anteriormente. O ligamento se dirige para frente até sua inserção tibial,
anterior à espinha da tíbia (Figura 1).
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Fonte: Castro, 2003
Figura 1- Inserções do LCA
O joelho ainda possui ligamentos que estabilizam a articulação, auxiliados pelos
meniscos (interno ou medial e externo ou lateral), que estabilizam o joelho, e amortecem
os impactos sobre as cartilagens (Figura 2). O conjunto está imerso em líquido sinovial,
que está contido dentro da membrana sinovial (STANLEY, 1999).
Fonte: MATA, 2009
Figura 2- Modelo anatômico do joelho
A articulação do joelho é uma articulação sinovial complexa. Na verdade ela possui duas
articulações separadas:
- Articulação fêmoro-patelar consiste na rótula, um osso sesamóide que reside no interior do
tendão do músculo anterior da coxa (músculo quadríceps femoral), e na superfície patelar na frente
do fêmur, na qual ele desliza.
- Articulação fêmoro-tibial liga o fêmur (osso da coxa) à tíbia, o principal osso da perna.
- Articulação é banhada por um fluido sinovial viscoso, que está contido dentro da membrana
sinovial.
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O ligamento cruzado anterior tem, em média, comprimento de 38 mm e espessura de 11 mm, que
varia em sua extensão, sendo maior na porção mais distal. Tem como principal função evitar a
anteriorização da tíbia, mas participa também como estabilizador das rotações do joelho
(CASTRO et al., 2013). Diversos estudos mostram estruturas mecano-receptoras no interior do
ligarnento, corno corpúsculos de Golgi, que estão alinhados com as fibras colágenas. Outros três
tipos de estruturas sensitivas estão localizadas próximas aos vasos e terminações nervosas,
ocupando uma área de aproximadamente 1% do total da estrutura ligamentar. De acordo com
Schutte et al., (1987), um certo número de fibras sensitivas é encontrado no interior do ligamento,
levando a crer que este é sensível à dor. A irrigação dos ligamentos cruzados é dependente da
artéria genícular média, assim como da bola de gordura anterior e sua intrínseca ligação com a
membrana sinovial que o envolve. A inervação provém do plexo poplíteo, que se origina
principalmente do nervo tibial posterior (CASTRO et al., 2013).
3. Ligamento cruzado anterior (LCA)
As LCA ocorrem com mecanismos de contato como sem contato (Figura 3). O mecanismo de
contato mais comum é um golpe na face lateral do joelho ocasionando uma força em valgo no
joelho. Esse mecanismo pode resultar não apenas em lesão do LCA como também do ligamento
colateral da tíbia (LCT) e do mecanismo medial (Figura 4). Essa lesão é denominada “trindade
profana” devido à frequência de que essas três estruturas são lesadas com um único golpe. O
mecanismo sem contato, mas comum é o mecanismo de rotação no qual a tíbia é rodada
externamente sobre o pé fixo. Publicações confirmaram que esse mecanismos pode ser
responsável por até 78% de todas as lesões do LCA. O segundo mecanismo sem contato mais
comum é a hiperextensão forçada do joelho (O`SULLIVAN, 2004).
Com a deambulação prolongada sobre um joelho que tenha LCA deficiente, os restritores
secundários (ligamento colateral fibular e cápsula articular póstero-lateral) são sobrecarregados e
tornam-se frouxos, e o indivíduo pode desenvolver uma “marcha sem quadríceps (O`SULLIVAN,
2004)”.
Fonte: BEÇA, 2014
Figura 3- LCA normal
Fonte: BEÇA, 2014
Figura 4- Ruptura do LCA
4. Descrição da Tecnologia: Vídeo cirurgia artroscópica do joelho
A palavra artroscopia deriva de duas palavras gregas, artro (articulação) e escopia (olhar), e juntos
significam literalmente “olhar dentro da articulação”.
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A artroscopia é um método cirúrgico que utiliza instrumentos ópticos e pequenas pinças cortantes
ou motorizadas, com objetivo de adentrar em articulações sem a necessidade de se fazer incisões
cirúrgicas grandes. O joelho é a articulação em que a artroscopia apresenta a melhor aplicação
diagnóstica e cirúrgica. A anestesia pode ser local, raquidiana ou geral, podendo ser realizado
ambulatorialmente na maioria dos casos. O artroscópio apresenta um diâmetro de 1,7 a 7 mm,
inclinação de 0 a 120 e variados tipos de lentes. A iluminação é realizada com uma fonte de luz e
cabos de fibra óptica. O material óptico acessório é composto por: câmera, monitor, vídeocassete, vídeoprinter, computador para vídeo e os softwares. As vias de acesso mais utilizadas são:
portal ântero-lateral, ântero-medial e supero-medial (Figura 5-6) (WOLFF, 2006).
Figura 5- Artroscopia de joelho
Fonte: WOLFF, 2006
Figura 6- Visão intra-articular por artroscopia
Fonte: WOLFF, 2006
4.1. Indicações
As principais indicações incluem segundo Leonardi, 2014:
- Rupturas de menisco;
- Lesão dos ligamentos cruzados anterior e posterior;
- Lesão cartilaginosa e osteocondral (Osso e cartilagem);
- Corpos livres intra-articulares;
- Osteocondrite dissecante;
- Osteocondromatose;
- Artrite Reumatóide;
- Sinovite vilonodular;
- Hemangioma;
- Cirurgia da condromalácia;
- Hemangioma patelar;
- Tratamento da artrose.
4.2. Vantagens
A grande vantagem da operação sobre visão artroscópica é que esta diminui em muito as
complicações advindas da operação aberta, como, infecções e dor pós-operatória. A maioria dos
pacientes que é submetida a este procedimento recebe alta hospitalar horas após, reduzindo os
custos hospitalares e o período de afastamento das atividades profissionais e esportivas
(LEONARDI, 2004).
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4.3. Desvantagem e complicações
A principal desvantagem da artroscopia é o custo dos equipamentos e o fato de o procedimento em
si depender mais tempo que a artrotomia convencional (TAYLOR, 1991). As complicações são
raras, ao comparar com outros procedimentos. Entre as principais complicações encontradas estão
trombose venosa profunda, sangramento articular, conhecido como hemartrose, infecção articular
e artrofibrose, uma espécie de contratura articular com perda de movimentos. Cada uma dessas
complicações na maioria das vezes esta ligado ao paciente (ROCHAT 2001).
5. Atuação do Fisioterapeuta
A integração cirurgião /fisioterapeuta é importantíssima no resultado final do tratamento cirúrgico
desta lesão e esta integração passa pela capacidade que ambos devem ter em reconhecer e se
possível evitar falhas técnicas que retardem ou dificultem a volta do paciente às suas atividades
normais do dia /dia (JOSÉ, 2014).
O fisioterapeuta realizar todos os procedimentos para prevenção de qualquer intercorrência que
pode ocorrer no pós-operatório de LCA, pela artroscopia. Segundo Sullivan (1993), afirma que há
três propósitos primários da avaliação da fisioterapia musculoesquelética são: (1) a identificação
da lesão específica responsável pela queixa principal da dor e dos danos funcionais, (2) a
avaliação da integridade e desempenho dos tecidos e estruturas envolvidos, e (3) a determinação
da capacidade funcional do paciente durante as atividades ocupacionais e recreacionais diárias.
As fisioterapias devem ser diárias ou semanais para que o paciente consiga recuperar seus
movimentos após cada sessão. O protocolo de reabilitação por meio da fisioterapia em pacientes
que realizaram a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior trabalha para que ele
consiga recuperar a capacidade de realizar as tarefas diárias, como andar sem auxílio de muletas,
subir escadas, dirigir, o mais breve possível.
Exercícios de flexibilidade são realizados antes e depois da reconstrução do ligamento cruzado
anterior. Os alongamentos dos isquiotibiais e do gastrocnêmio/ solear são indicados no dia
seguinte à cirurgia. O alongamento mais comum para os isquiotibiais é o alongamento para
corredores de barreiras (modificado) e, os alongamentos ajudam a controlar a dor que ocorre por
causa da resposta reflexa criado nos isquiotibiais quando o joelho é mantido na posição
flexionada. O exercício de tração com toalha também pode ajudar a diminuir o desconforto na
panturrilha, no tendão de calcâneo e no tornozelo (ELLENBECKER, 2002 e TRIA 2002).
Segundo Campo, (2010) a fisioterapia dispõe de vários tipos de exercícios musculares para a
reabilitação de seus pacientes, um deles é a atividade isométrica. O exercício isométrico é uma
forma de exercício que ocorre quando um músculo se contrai sem uma mudança apreciável no
comprimento do músculo ou sem movimento articular visível. Embora seja feito trabalho
articular, uma grande quantidade de tensão e força resultante é produzida pelo músculo. Os
exercícios isométricos têm a vantagem de ser fácil de realizar para a maior parte dos músculos,
requerendo pouco tempo apresentando pouca sensibilidade muscular. Por serem estáticos, esses
exercícios são úteis quando o movimento articular é doloroso ou contraindicado. Os primeiros
cuidados após a cirurgia será durante 0 a 15 dias após a cirurgia trabalhando a mobilização da
patela, exercícios isométricos com ganho de arco de movimento passivo de 0 a 90º e deambulação
sem carga com imobilizador de joelho em extensão.
Estes exercícios são usados na fase inicial da reabilitação sem perigo de aumentar a irritação da
articulação, visto que esta se mantém imóvel. Suas vantagens são: aumentam a força muscular
estática; contribuem para evitar atrofia; ajudam a diminuir o edema (os músculos funcionam
como bomba que colaboram na remoção do líquido); previnem a dissociação nervosa graças
às contrações musculares, as quais estimulam o sistema mecano receptor de tecido vizinhos;
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podem ser realizados em qualquer lugar; dispensam equipamentos especiais; podem ser
realizados durante breves períodos de tempo, (MALONE, MCPOIL e NITZ, 2000)
De acordo com Hoppenfeld (2001), para se testar a instabilidade do joelho e integridade do
ligamento cruzado anterior, o paciente deve estar em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados
a 90 graus e pés apoiados. O fisioterapeuta deve fixar os pés do paciente, sentando-se sobre eles,
as mãos devem ser posicionadas de modo que envolva o joelho e os polegares que estejam sobre
as linhas articulares (medial e lateral), os outros dedos apoiam-se nas inserções dos tendões. Em
seguida deve-se deslocar a tíbia anteriormente, se esta deslizar demonstrando sinal de
deslocamento anterior significa que há uma lesão no ligamento cruzado anterior. Este teste é
conhecido como teste de gaveta anterior.
Para Cipriano (2005), o teste de gaveta deve ser realizado com o paciente em decúbito dorsal com
a perna fletida e pé repousando sobre a maca o fisioterapeuta deve colocar a mão por trás do
joelho flexionado e puxar a tíbia exercendo uma tração no sentido anterior. Conforme o
movimento apresentado determina-se se há lesão do ligamento cruzado anterior e o grau desta
lesão (Figura 7).
Fonte: SIZÍNIO et al., (2003)
Figura 7- Exercícios fisioterápicos
O exercício isotônico é uma forma dinâmica de exercícios executado contra a resistência à medida
que o músculo se encurta ou alonga na amplitude de movimento existente. Com o exercício
isotônico pode-se desenvolver força dinâmica, resistência muscular à fadiga e potência. Com o
exercício isotônico, o comprimento real do músculo modifica-se quando este produz ou resiste a
uma mudança no ângulo articular. Neste exercício a resistência permanece constante, enquanto a
velocidade do movimento é inversamente proporcional à carga. É realizada com pesos, e máquinas
com pesos. Estes exercícios resistidos podem ser realizados concêntricos e excentricamente, ou
ambos. Isso significa que a resistência pode ser aplicada em um músculo à medida que ele se
encurta ou se alonga. A maioria dos programas isotônicos resistidos envolve uma combinação de
exercícios concêntricos e excêntricos, dependendo das necessidades fundamentais do paciente e da
força muscular (COFRAT SAÚDE, 2014).
De acordo com Tria (2002), a propriocepção é iniciada depois que o paciente é liberado das
muletas, usando-se agachamento suave, elevações dos calcanhares e prancha proprioceptiva
cinestésica ou prancha de equilíbrio biomecânico para tornozelo. A reeducação proprioceptiva do
joelho é uma atividade da reabilitação que visa desenvolver e/ou melhorar a proteção articular por
intermédio de condicionamento e treinamento reflexivo. O objetivo da reeducação proprioceptiva
em pacientes que sofreram lesões de LCA é desenvolver habilidade, agilidade e confiança por
meio do aumento da velocidade da resposta de defesa e da estabilidade articular. No caso de lesão
de LCA, devem-se fortalecer, preferencialmente, os isquiotibiais, sem, contudo, deixar de
exercitar o quadríceps, adutores e abdutores. O treinamento proprioceptivo visa desenvolver a
autonomia ao individuo, consciência de postura, do movimento e das mudanças no equilíbrio,
conhecimento da posição do peso e da resistência dos objetivos em relação ao corpo.
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5.1. Protocolo de tratamento fisioterápico após cirurgia do ligamento cruzado anterior
A indicação do tratamento é muito variada, o fisioterapeuta estabelece condutas dependendo de
vários fatores, entre este, a profissão, prática do esporte, o estilo de vida e a idade do paciente tem
uma importância relativa a ser adotada.
Há vários protocolos a serem utilizados por diversos autores. Entre estes autores o Davini et al.,
2005 explica que se deve realiza primeiramente no pós operatório uma avaliação do paciente e
em seguida iniciar o tratamento com contrações isométricas de quadríceps, mobilização da
patela, mobilização passiva contínua (MPC). E já no 2º ao 7º dia faz aplicação de laser. As Ga
caneta 904 mm sobre a cicatriz, contrações isométricas de quadríceps, mobilização da patela,
MPC e exercícios proprioceptivos em cama elástica acrescentando ao 3º dia a, estimulação elétrica
de alta voltagem, descarga de peso unipodal bilateral com apoio, exercícios de rolar a bola
realizando a extensão do joelho e contração isométrica de adutores enquanto no 7º dia deve ser
acrescido as condutas exercícios proprioceptivos no balancinho unipodal, exercícios na prancha
proprioceptiva e circuitos com obstáculos. Na 8ª e 9ª sessão inclui a estimulação elétrica de alta
voltagem para controle de edema e mantém as outras condutas.
Da 10ª ao 16ª sessão deverá ter como conduta a estimulação elétrica de alta voltagem, laser,
contrações isométricas de quadríceps e adutores do quadril, mobilização da patela, MPC,
exercícios proprioceptivos em cama elástica, balancinho e prancha, circuito com obstáculos,
subir e descer escadas e rampas, exercícios de chutar bola com deslocamento lateral, legpress e bicicleta ergométrica; incluindo na 13ª sessão agachamentos. Exercícios proprioceptivos
em cama elástica, balancinho, prancha e disco, corrida em 8 de frente e de lado, subir e descer
escadas e rampas, exercícios de chutar bola com deslocamento lateral, leg-press, mesa
extensora, agachamento, exercícios para isquiostibiais e bicicleta ergométrica serão condutas para
o 17ª a 30ª sessão. Exercícios proprioceptivos em cama elástica e balancinha com descarga do
peso no membro afetado e chutando a bola contralateral, corrida em 8 conduzindo uma bola entre
os pés, subir e descer escadas correndo circuitos para deslocamento látero-lateral, legpress,
agachamento, exercícios para isquiostibiais, treino de explosão a toda velocidade por 100 metros e
bicicleta ergométrica serão adotadas entre a 31ª e 50ª sessão e daí em diante o treino
proprioceptivo e o treino de força deverá ser em dias intercalados.
Já em contrapartida Wolff (2011) relata que no primeiro dia deve iniciar com exercícios
isométricos do músculo quadríceps, glúteos extensores e abdutores do quadril, deambular com o
auxílio de andador ou muletas e descarga de peso conforme tolerar a dor e posicionar o joelho em
extensão quando em repouso. Deve enfatizar a necessidade de fazer os exercícios de flexo
extensão ativa nesta posição em CCA e CCF. Durante a noite, posicionar um travesseiro sob o
tornozelo para ganhar extensão e durante o dia fazer profilaxia mecânica para trombose
venosa profunda bombeando o tornozelo além da crioterapia por 20 minutos no mínimo em 3
períodos, manhã, tarde e noite. No segundo dia até retirada dos pontos continuar com os
exercícios isométricos, acrescentar alongamento de gastrocnêmios e isquiotibiais. Os exercícios
para ganho de amplitude de movimento (ADM) devem ser ativos e autoassistidos, somente
quando necessário o fisioterapeuta irá mobilizar passivamente o joelho. Deve-se então iniciar
mobilização patelar para evitar contraturas, realizar exercícios de abdução do quadril, continuar
os exercícios ativos e ativo-assistidos para ADM, iniciar exercícios de CCF bipodal conforme
a dor, continuar e progredir os exercícios por 6 semanas depois da cirurgia e orientar o
paciente a realizar várias vezes ao dia a crioterapia até a retirada dos pontos. Após a
retirada dos pontos, em diante continuar com os exercícios anteriores até atingir ADM 0 – 100°,
no mínimo, manter o andador ou bengala até que a marcha esteja uniforme de acordo com o
membro contra lateral, iniciar bicicleta estacionária se a ADM permitir e atenção com o derrame
da articulação patelo femoral.
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5.2. Programa de exercícios no pós-operatório por artroscopia
Segundo Frutos (2014), estes são alguns exercícios a serem realizados em pacientes submetidos
artroscopia de ligamento cruzado anterior do joelho.
Contração dos músculos da
coxa: Contrair a coxa por 10
segundos e soltar, por 10
vezes.
Elevação do membro: Elevar
e abaixar, se possível, 3 séries
de 10 vezes cada, com
descanso
Movimentação do tornozelo
Movimentar para baixo e
para cima o pé em 3 séries de
25 vezes cada.
Movimentação do joelho:
Dobrar e estender o joelho,
sentado à beira de uma mesa,
em 3 séries de 10 vezes cada,
se necessário com auxílio da
outra perna (fletir o joelho
até 90º no máximo.
Coloque um travesseiro embaixo do
calcanhar e deixe a perna completamente
estendida por 10 minutos 3 vezes ao dia.
Fonte: Frutos, 2014
Figura 8- Programa de exercícios no pós-operatório por artroscopia
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6. Metodologia
Este estudo traz uma abordagem sobre pacientes submetidos à artroscopia de ligamento cruzado
anterior com atuação do fisioterapeuta.
O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura, no qual foram realizados métodos de
investigação de cunho bibliográficos: artigos científicos, teses, dissertação e livros. O presente
inquérito se caracteriza como descritivo simples, com fonte de dados documentais, conduzindo-se
por meio da busca de artigos científicos.
A apresentação encontra-se em várias estruturas desde a introdução, anatomia e articulação do
joelho, Ligamento cruzado anterior (LCA), Descrição da Tecnologia: Videocirurgia artroscópica
do joelho, indicação, vantagem, desvantagem e complicações, atuação do fisioterapeuta, assim
como resultados e discussão, consideração finais. O real conhecimento sobre o tema foi abordado
ao longo deste trabalho. O período de análise dos artigos foram a partir de 1991 a 2014.
7. Resultado e Discussão
O joelho é vulnerável a lesões, uma vez que as superfícies articulares são relativamente
superficiais e servem para separar os maiores segmentos do corpo. Consequentemente, o
joelho está sujeito a lesões por forças externas e desequilíbrios musculares. As lesões traumáticas
podem resultar de forças rotatórias ou fixas, sendo bastante variado o tratamento para esses tipos
de lesões ligamentares. Algumas dessas demanda intervenção cirúrgica e outras permitem que o
indivíduo atue efetivamente com o mínimo de desconforto ou sem nenhum desconforto (KONIN,
2006).
O ligamento cruzado anterior (LCA) é um estabilizador primário do joelho, sendo responsável
por mais de 80% da estabilização anterior da tíbia em relação ao fêmur, e essa estabilização tem
maior importância clínica a 30º do que a 90º de flexão do joelho. Secundariamente, o LCA atua
na restrição da rotação tibial e, em menor proporção, no movimento de varo-valgo durante a
extensão do joelho, o mesmo não ocorrendo em flexão.
A fisioterapia age sobre as alterações causadas antes e depois da intervenção cirúrgica, mostrando
que quanto mais precoce for a utilização de técnicas que melhorem a funcionalidade e anulem
os fatores limitantes, melhor ocorrerá o processo de recuperação (VILLA, 2006).
Atualmente a tendência é que as intervenções sejam realizadas através de artroscopia, devido sua
pouca agressividade e mínima sintomatologia pós-cirúrgica, fazendo com que a recuperação
se torne mais precoce e com resultados positivos na função do indivíduo (CARRIL; PETIT;
GABRIEL, 2001).
As sessões de fisioterapia após cirurgia no joelho como relatado ao longo do trabalho podem ser
realizadas no dia seguinte a cirurgia. A cirurgia artroscópica geralmente requer apenas poucas
horas de recuperação no hospital. O fisioterapeuta começará com alguns exercícios de estiramento
para os músculos ao redor dos joelhos. Muitos desses exercícios são feitos ainda no leito do
hospital. Andar assim que possível, depois da cirurgia, é um aspecto importantíssimo de sua
recuperação. Os movimentos após a cirurgia ajudam a levar mais oxigênio para seu sistema
sanguíneo e previnem a coagulação.
É comum pacientes voltarem ao trabalho ou às suas atividades normais em alguns dias.
Atletas e pacientes que estão em boas condições físicas podem retornar às suas atividades
atléticas em alguns dias. As pessoas que sofrem uma artroscopia podem apresentar
diferentes diagnósticos e diferentes condições preexistentes; de forma que cada artroscopia é
única a cada paciente. O tempo de recuperação irá refletir essa individualidade (GUSMÃO, 2012)
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8. Conclusão
A articulação do joelho é a maior e a mais complexa das articulações sinoviais do corpo. A
recuperação da artroscopia do joelho é muito mais rápida do que a recuperação da cirurgia aberta
tradicional. A maior incidência de lesão de ligamento cruzado anterior ocorre em esportistas.
O tratamento fisioterapêutico na reconstrução de LCA é de fundamental importância para a
prevenção de complicações que possa vir ocorrer no processo de recuperação, como fibrose e
rigidez articular em decorrência do processo cicatricial, além da restauração da amplitude de
movimento, marcha, força muscular e estabilização sensória motora.
Nesta revisão bibliográfica foram revisto e analisado as principais atuações fisioterápicas,
possibilitando melhora nas condições clínicas pós-operatória, uma maior amplitude de
movimento a estes pacientes, assim permitindo um retorno mais rápido as atividades da vida
diária.
Referências
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