Índice cOnFeRÊnciA 1 Cuidados paliativos na dor crônica ............................................................................11 cURSO 1 Organização de Serviço Público e Protocolo de Atendimento para Pacientes Alcoolistas ......12 cURSO 2 introdução à Reabilitação neuropsicológica ........................................................ 12 Reabilitação neuropsicológica das disfunções executivas ...............................................12 Reabilitação de memória em pacientes com lesão cerebral adquirida ..............................12 cOnFeRÊnciA 2 O psicólogo no Hospital Universitário em 21 anos de SUS: o que era, o que é e “apostando” no que será ..........................................................................................13 deBATe 1 Urgências em saúde: Psicologia, SUS e Pronto-Socorro ....................................... 13 O atendimento em unidade de emergência: implicações para o profissional de saúde .......13 Urgências subjetivas em transplante: hepatite fulminante .............................................14 Suicídio e tentativa de suicídio ..................................................................................15 MeSA RedOndA 1 Assistência psicológica em casos de alta complexidade no SUS ..............................15 Atenção à saúde das pessoas ostomizadas ..................................................................15 Adesão ao tratamento para pessoas que vivem com HIV/AIDS .....................................16 Assistência ao indivíduo com indicação para realização do processo transexualizador .......16 MeSA RedOndA 2 Parâmetros para avaliação de resultados ............................................................ 17 A psicologia tem teorias paradigmáticas? ...................................................................17 Indicadores para avaliação de eficácia psicoterapêutica no serviço público .......................18 SiMPÓSiO 1 Psicologia, SUS e transplantes de órgãos: uma política nacional .......................... 18 Atitudes do público brasileiro com relação à doação e transplante de órgãos ...................18 Doação de órgãos em transplante intervivos ..............................................................19 Qualidade de vida em pacientes de transplante renal ...................................................19 cOnFeRÊnciA 3 Bioética e comercialização de órgãos em transplante intervivos .....................................20 cOnFeRÊnciA 4 O diagnóstico e a terapêutica nos casos de transexualismo no SUS ...............................20 deBATe 2 Psicologia, SUS e violência: atenção à saúde da mulher e da criança ................... 21 Avaliação psicológica como subsídio para decisões judiciais nos casos de violência ..........21 Mulheres e crianças vítimas de violência sexual: avaliação e conduta psicológica .............21 Avaliação psicológica em situações limite: a criança vítima de grandes queimaduras ........21 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 2 MeSA RedOndA 3 SUS e Saúde do Trabalhador ................................................................................ 22 Assistência à saúde do trabalhador na rede do SUS ......................................................22 Impactos mentais do trabalho e a saúde mental de quem trabalha em serviços de saúde ..23 Psicoterapia em ambulatório de saúde do trabalhador: possibilidades e desafios ..............24 MeSA RedOndA 4 Saúde mental de crianças e adolescentes no SUS ................................................. 24 Participação da equipe e da família na decisão de intersexo ..........................................24 Protocolo de assistência psicológica à criança e ao adolescente no Centro de Atenção Psico-Social Infantil (CAPSI) ....................................................................25 Participação dos pais no tratamento de crianças e adolescentes no CAPSI ......................25 SiMPÓSiO 2 Psicologia, SUS e Geriatria: em foco o programa da saúde do idoso ..................... 26 A saúde mental do idoso brasileiro e sua autonomia .....................................................26 Fragilidade e qualidade de vida em nonagenários .........................................................27 Agressão contra idosos: violência doméstica silenciosa .................................................28 cOnFeRÊnciA 5 Depressão e Interconsulta psiquiátrica como elemento de integração multiprofissional no hospital ......................................................................................28 cOnFeRÊnciA 6 Ensinando os residentes médicos ...............................................................................28 MeSA RedOndA 5 Psicologia, SUS e obesidade: prevenção, promoção de saúde e tratamento ......... 29 Infância de peso - estratégias para a prevenção da obesidade na infância .......................29 Avanços científicos e novos métodos no tratamento da obesidade mórbida ......................29 MeSA RedOndA 6 Psicologia, SUS e o Programa de Saúde da Família (PSF) .................................... 30 PSF: a atuação do psicólogo na promoção de saúde ....................................................30 A Psicologia e a estratégia de saúde na família: compondo saberes e fazeres ...................31 O psicólogo no SUS: reflexões sobre a atuação em atenção primária à saúde ..................31 deBATe 3 Ética, finitude e SUS: uma questão de humanização ............................................. 31 Cuidados paliativos: paciente, família e equipe ............................................................31 Atendimento domiciliar: atenção ao cuidador e ao paciente ...........................................32 Perspectivas ético-jurídicas da morte: eutanásia, distanásia e ortotanásia .......................33 SiMPÓSiO 3 Psicologia, SUS e transtornos alimentares: formas de tratar ................................ 33 O atendimento aos transtornos alimentares no Brasil ..................................................33 Tratamento hospitalar da anorexia e bulimia nervosas ..................................................33 Abordagem psicoterápica de grupo em anorexia nervosa e bulimia nervosa ....................33 cOnFeRÊnciA 7 Transtornos alimentares e obesidade em outras condições médicas: grandes riscos no hospital público .............................................................................33 cOnFeRÊnciA 8 Avaliação psicológica da saúde: um campo em construção ............................................34 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 3 MeSA RedOndA 7 novas propostas: o psicólogo como residente no SUS .......................................... 34 A residência multiprofissional como estratégia de qualificação de profissionais para atuação no SUS.......................................................................................................34 Residência multiprofissional: desafios para a formação do psicólogo no SUS ....................35 Implantação do projeto de residência em odontologia hospitalar no Hospital das Clínicas ..36 MeSA RedOndA 8 Psicologia, SUS e aborto: atenção à saúde da mulher .......................................... 36 Avaliação psicológica e interrupção judicial da gestação nos casos de malformação fetal letal .............................................................................................36 O filho malformado decorrente de tentativa de aborto provocado: limites e possibilidades do atendimento psicológico à gestante ...................................................37 Aborto: a atuação dos profissionais de saúde em consonância com os aspectos éticos e legais .........................................................................................................37 MeSA RedOndA 9 Psicologia, obstetrícia e ginecologia: promoção e prevenção em saúde................ 38 Infertilidade: a busca incessante pela gestação............................................................38 Gestação na adolescência: tem que prevenir? .............................................................38 Alterações cognitivas em mulheres com quadros depressivos na transição menopausal .....39 SiMPÓSiO 4 Psicologia, SUS e oncologia: diagnóstico e tratamento na atenção terciária ......... 40 O geral e o particular no trabalho psicológico ao paciente com câncer ............................40 Saúde da mulher e oncologia: tratamento psicológico em pacientes com câncer de mama.......41 Saúde do homem e oncologia: investigação e tratamento psicológico de pacientes com câncer de próstata ............................................................................................41 cOnFeRÊnciA 9 Psicopatologia e disfunção erétil ...............................................................................42 Fórum de entidades A saúde ainda é um direito de todos? A psicologia em defesa do SUS .................. 42 Administração pública, organizações sociais e a psicologia hospitalar no mercado de trabalho brasileiro ..................................................................................42 A psicologia em defesa do Sistema Único de Saúde ......................................................42 O atendimento público e privado: a dupla fila nos atendimentos do SUS .........................42 deBATe 4 Reabilitação de pacientes com AVC: o que reabilitar?........................................... 42 Reabilitação neuropsicológica do AVC ........................................................................42 Reabilitação da afasia após AVC ................................................................................43 Perspectivas terapêuticas da estimulação magnética transcraniana ................................43 MeSA RedOndA 10 Protocolos de avaliação neuropsicológica em Hospitais Públicos ......................... 44 Protocolo de avaliação neuropsicológica no Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP .................................................................................44 Protocolo de avaliação neuropsicológica no Hospital Universitário e atendimento ao SUS .....44 Protocolo de avaliação neuropsicológica no Hospital de Clínicas da UFPR .........................44 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 4 cOMO eU FAÇO discussão de casos clínicos em Reabilitação neuropsicológica Reabilitação neuropsicológica em crianças com lesões cerebrais adquiridas ........ 45 Reabilitação neuropsicológica na fase aguda e crônica em pacientes com traumatismo crâniencefálico ........................................................................................................45 Programas psicoeducativos para cuidadores de pacientes com tumores cerebrais .............46 cOnFeRÊnciA 10 Interdisciplinaridade em cuidados paliativos ...............................................................47 SiMPÓSiO 5 Reabilitação neuropsicológica em crianças e adolescentes .................................. 47 Reabilitação neuropsicológica e uso do videogame e outras tecnologias. Vilão ou mocinho? ...................................................................................................47 Reabilitação neuropsicológica na deficiência intelectual: planejamento com base na etiologia ....................................................................................................47 Novos olhares da reabilitação neuropsicológica em crianças com agenesia do corpo caloso ...........................................................................................................48 MeSA RedOndA 11 do comprometimento cognitivo Leve (ccL) às demências ................................... 48 Diagnóstico e intervenções neurológicas .....................................................................48 Avaliação neuropsicológica em pacientes com doença de Alzheimer ................................49 Reabilitação neuropsicológica para pacientes com doença de Alzheimer ..........................50 MeSA RedOndA 12 Avaliação e intervenção em pacientes com estresse pós-traumático .................... 51 Avaliação neuropsicológica em crianças com estresse pós-traumático .............................51 A neuropsicologia no transtorno de estresse pós-traumático em adultos vítimas de violência urbana.......................................................................................52 Neuropsicologia e neuroterapia: trauma, violência e transtorno de estresse pós-traumático .....53 MeSA RedOndA 13 Alterações cognitivas e comportamentais em pacientes com epilepsia................. 53 Alterações comportamentais em epilepsias do lobo temporal .........................................53 Avaliação neuropsicológica e alterações cognitivas em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico das epilepsias ........................................................................54 cOnFeRÊnciA 11 Avaliação neuropsicológica em pacientes com TCE .......................................................54 cOnFeRÊnciA 12 Neuromodulação em dor e movimentos anormais: implicações comportamentais e significado do acompanhamento interdisciplinar ........................................................55 cOnFeRÊnciA 13 Atuações do psicólogo na reabilitação do paciente SUS .................................................55 cOnFeRÊnciA 14 Reabilitação global do paciente SUS: por que a multidisciplinaridade é necessária? ...........55 MeSA RedOndA 14 Psicologia e Política Nacional de Humanização no SUS ......................................... 56 A humanização no atendimento: interfaces entre Psicologia da Saúde e Saúde Coletiva .........56 Humanização na assistência aos pacientes graves .......................................................56 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 5 SiMPÓSiO 6 Formação do psicólogo para atuação no SUS ........................................................ 57 A clínica psicanalítica na rede pública de saúde mental .................................................57 O psicólogo e o compromisso social no contexto da saúde coletiva ................................57 Formação profissional do psicólogo para atuação no SUS: estratégia de ensino do ICHCFMUSP .......................................................................................................58 cOnFeRÊnciA 15 Modalidades de intervenção psicológica no contexto hospitalar .....................................58 FÓRUM de HOSPiTAiS F1 · A oferta analítica ao paciente sus gerando possibilidades de intervir diante as limitações de uma instituição ....................................................................................60 F2 · Serviço de extensão e atendimento ao paciente hiv/aids da divisão de clínica de moléstias infecciosas e parasitárias do instituto central do Hospital das Clínicas da Faculdade de medicina da universidade de são paulo ...............................................61 F3 · Práticas em contextos de urgência/emergência: psicologia, SUS e trabalho em equipe .....62 F4 · O setor de neuropsicologia na santa casa de SP ....................................................63 F5 · Serviço de psicologia do complexo hospitalar de São Bernardo do Campo .................64 F6 · Atuação do psicólogo no Hospital de Câncer de barretos – Fundação Pio xII ..................................................................................65 F7 · O tripé ensino-pesquisa-extensão do serviço de psicologia do Hospital Universitário da UFSC ..................................................................................66 F8 · Contribuições do serviço de plantão psicológico noturno: novas possibilidades do SUS ......67 F9 · Residência integrada multiprofissional em saúde do com- hupes (BA): discutindo limites e alcances da multidisciplinaridade ...................................................68 F10 · Intervenções psicológicas no hospital universitário: áreas de atuação e estruturação das práticas de construção de saberes ....................................................69 TeMAS LivReS TL1 · Estudo exploratório em pacientes com urticária crônica: investigação de sintomas depressivos e elementos auto-referidos sobre a doença ................................................70 TL2 · Investigação do conhecimento e crenças de pacientes com câncer sobre a doença e tratamento realizado: interface com ansiedade e depressão .............................71 TL3 · Burnout em profissionais de enfermagem que atuam em unidades de terapia intensiva .....................................................................72 TL4 · Transtornos alimentares e depressão em gestantes internadas ..............................73 TL5 · O grupo interdisciplinar rotativo como facilitador da escuta do sofrimento dos pacientes internados numa enfermaria de nefrologia ....................................................74 TL6 · Aspectos neuropsicológicos e psicopedagógicos do desempenho matemático em adolescentes com lesão cerebral: um estudo de casos múltiplos ....................................75 TL7 · Considerações sobre o funcionamento de um plantão psicológico em um ambulatório de HIV/Aids .....................................................................................76 TL8 · Desempenho cognitivo em pacientes com Doença de Parkinson submetidos a estimulação cerebral profunda em núcleo subtalâmico bilateral ..................................77 TL9 · Gravidez e aborto voluntário na adolescência: discursos dos profissionais de saúde na mídia online ..............................................................................................78 TL10 · Tratamento extra-hospitalar em saúde mental sob a perspectiva do paciente reinternante ...............................................................................................79 TL11 · A Atuação da Psicologia Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Um Hospital Oncológico .......................................................................................80 TL12 · Transplante de células-tronco hematopoéticas: uma nova perspectiva para o tratamento do Diabetes Melittus Tipo 1 .............................................................81 TL13 · Sintomas depressivos e uso de tranquilizantes em uma amostra de universitárias brasileiras ...........................................................................................82 TL14 · Indicadores de desenvolvimento de filhos de alcoolistas e qualidade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 6 das relações familiares .............................................................................................83 TL15 · Impacto da fibromialgia em adultos: estresse, auto-eficácia, suporte social, coping e qualidade de vida........................................................................................84 TL16 · The use of ayahuasca among Brazilian college students: sociodemo-graphic correlates and adverse related consequences ..............................................................85 TL17 · O agente comunitário de saúde: um estudo sobre os estressores no contexto de trabalho .............................................................................................................86 TL18 · Gestação (in) desejada: causas, vivências e significação para as adolescentes de uma periferia de São Paulo ...................................................................................87 TL19 · Formação médica e humanização: cuidando da saúde mental do estudante ..........88 TL20 · Relato da experiência do residente de psicologia na residência integrada multiprofissional em saúde da uftm ...........................................................................89 TL21 · Perfil cognitivo de pacientes pediátricos com leucemia linfóide aguda ..................90 TL22 · Investigação da capacidade intelectiva de pacientes pediátricos diagnosticados com tumores de fossa posterior .................................................................................91 TL23 · A relação entre mente, psique e soma uma visão winnicottiana sobre a obesidade em pacientes idosos ..................................................................................92 TL24 · Avaliação das funções cognitivas de atenção, memória e percepção em pacientes com esclerose múltipla de um centro de referência .......................................93 TL25 · Construção coletiva de uma rotina de acolhimento em uma UBS: contribuições da psicologia .......................................................................................94 TL26 · Influência da idade no teste de trilhas coloridas ................................................95 PôSTeReS P1 · Do corpo: entre a clínica médica e a clínica psicanalítica ........................................96 P2 · Redes sociais e apoio social no contexto dos transtornos alimentares .......................97 P3 · A atividade cerebral em momentos de oração e em estados meditativos ..................98 P4 · Transmissão psíquica uma aproximação entre física e psicanálise ............................99 P1 · A análise da atuação do psicólogo no Caps AD de Dourados/MS: um olhar além do olhar ..........................................................................................100 P6 · Teoria neuroquímica e neuroanatômica do transtorno do pânico ........................... 101 P7 · Problematização da adesão à terapêutica medicamentosa em pacientes reinternantes em hospital psiquiátrico .................................................. 102 P8 · Técnicas lúdicas de dessensibilização e ambientação para aquisição de neuroimagem por intermédio de exame de ressonância magnética ............................... 103 P9 · Estudo pré-operatório sobre a qualidade de vida de pacientes submetidos a cirurgias estereotáxicas, através do PDQ-39 ........................................................... 104 P10 · Melhoria da qualidade de vida em pacientes com Doença de Parkinson submetidos a cirurgia estereotáxica estudados através do PDQ-39 ............................... 105 P11 · A atuação do psicólogo/psicanalista em um serviço de atenção à saúde auditiva do Sistema Unico de Saúde..................................................................................... 106 P12 · Subjetividade e asma: do que se trata? ........................................................... 107 P13 · A atuação do SUS em casos de sofrimento psíquico: os sentidos de ser observado e ser ouvido ..........................................................................................108 P14 · Demandas de atendimento e sintoma psicanalítico no tratamento de crianças com doenças alérgicas ...........................................................................................109 P15 · Prontuário em instituição de saúde: o registro do psicólogo ................................ 110 P16 · Avaliação de depressão em pacientes idosos internados na enfermaria da Clínica Cirúrgica Vascular de um Hospital-Escola de São Paulo ..................................... 111 P17 · Qualidade de vida e envelhecimento em pacientes com doença cardiovascular atendidos em ambulatório de um serviço de cirurgia vascular ...................................... 112 P18 · Grupo de investigação e função terapêutica (gift) no tratamento de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica ............................................................................... 113 P19 · Associação entre doenças cardiovasculares, depressão e dor no contexto domiciliar ..... 114 P20 · Crenças relacionadas à natureza feminina frente à gestação e ao vínculo materno-fetal........................................................................................................115 P21 · Gestação ectópica: compreensão e crenças a respeito do diagnóstico, Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 7 tratamento e suas repercussões .............................................................................. 116 P22 · Depressão, ansiedade e apego materno fetal em gestantes de gêmeos ................ 117 P23 · Transtornos alimentares e depressão em gestantes ambulatoriais ....................... 118 P24 · Prevenção de doenças e promoção de saúde indígena: análise da biopolítica......... 119 P25 · Características sociodemográficas e realização da cirurgia de esterilização tubária: um estudo descritivo .................................................................................. 120 P26 · Cirurgia de esterilização tubária: avaliação de arrependimento ........................... 121 P27 · Legislação, esterilização tubária e SUS: a busca pela cirurgia no pós-parto .......... 122 P28 · Preferência pela via de parto: comparação entre nulíparas e primíparas ............... 123 P29 · Recursos psicológicos e sociais no enfrentamento da diabete em idosos ............... 124 P30 · Instituições de longa permanência para idosos: avaliação de depressão e ansiedade.............................................................................................................125 P31 · Gestação gemelar: avaliação de depressão maior, estresse e suporte social .......... 126 P32 · Aspectos psicossociais da gestação múltipla: revisão de literatura ....................... 127 P33 · Maternidade para mulheres infectadas pelo HIV: o que pensam e sentem............. 128 P34 · Saúde mental e história de vida de esposas de alcoolistas .................................. 129 P35 · Alcoolismo parental e avaliação das relações familiares ...................................... 130 P36 · As vivências de profissionais de uma equipe de saúde na assistência a crianças e adolescentes com câncer ......................................................................... 131 P37 · Ressignificando e reaprendendo o processo da vida depois da aids ...................... 132 P38 · Plantão psicológico e psicanálise aproximações, diálogos e possibilidades ............. 133 P39 · A entrevista motivacional como ferramenta psicológica no processo de enfrentamento da doença crônica ............................................................................ 134 P40 · Programa de apoio ao familiar e situação de morte: relato de experiência de um hospital municipal .......................................................... 135 P41 · Desempenho cognitivo em pacientes com doença de parkinson submetidos a palidotomia e a talamotomia .................................................................................. 136 P42 · Concepções de usuários sobre o trabalho do agente comunitário de saúde: a perspectiva da integralidade ................................................................................. 137 P43 · Estresse em cuidadores primários de crianças com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade ...........................................................................................138 P44 · Crianças com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade e o convívio com seus cuidadores primários ................................................................................ 139 P45 · Estilo parental e práticas educativas: panorama geral ........................................ 140 P46 · Um olhar psicológico sobre as discussões de casos clínicos de pacientes vivendo com hiv/aids .............................................................................................141 P48 · “Dá pra atender”: barreiras rompidas no atendimento ao adolescente .................. 142 P49 · Perfil clínico-comportamental dos adolescentes e jovens LGBT participantes da Parada do Orgulho Gay da cidade de São Paulo 2008, 2009 e 2010 .......................... 143 P50 · Oficina dos sentimentos: há 5 anos construindo um espaço protetor .................... 144 P51 · Disque adolescente: o atendimento à distancia das demandas e vulnerabilidade do adolescente ............................................................................... 145 P52 · Drug use among Brazilian university students: comparison to Brazilian general population and American university students ............................................................. 146 P53 · Álcool e bebidas energéticas entre universitários: uma combinação de risco ......... 147 P54 · Estresse e uso de drogas por motoristas de caminhão em rodovia do estado de São Paulo ..............................................................................................148 P55 · Polydrug use among Brazilian college students: a nationwide survey ................... 149 P56 · Do Brazilian university students who take part in some form of religion use drugs less? .....................................................................................................150 P57 · Methyphenidate use among Brazilian college students: a nationwide survey ......... 151 P58 · Sobrecarga de familiares de usuários de serviço de saúde mental ....................... 152 P59 · Saúde mental de cuidadores de pessoa em sofrimento mental ............................ 153 P60 · A construção de materiais de estimulação cognitiva .......................................... 154 P61 · Concepções sobre o cuidado em saúde: a compreensão da integralidade na perspectiva de portadores HIV/Aids ......................................................................... 155 P62 · Investigação sobre as concepções de profissionais de saúde a respeito da Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 8 aids pediátrica ......................................................................................................156 P63 · Ampliando o olhar sobre o idoso frágil ............................................................ 157 P64 · Idosos institucionalizados: déficit cognitivo e sua relação com a memória autobiográfica .......................................................................................................158 P65 · A relevância da intervenção aliada à rede social na psicologia hospitalar: estudo de caso num hospital público de Curitiba-PR ................................................... 159 P66 · O sofrimento do sujeito contemporâneo no adoecimento dermatológico ............... 160 P67 · Subjetividade e vivencia afetivo-sexual: um estudo de caso com paciente dermatológico .......................................................................................................161 P60 · Investigando as compreensões de adoecimento entre usuários de psicotrópicos na atenção básica em saúde ................................................................ 162 P60 · Doença de Alzheimer: um estudo de caso sob a ótica da psicologia do desenvolvimento ...................................................................................................163 P70 · Grupo de qualidade de vida: projeto de intervenção interdisciplinar na sáude do idoso ...............................................................................................................164 P71 · Reflexões clínicas sobre a abordagem multidisciplinar ao idoso com dor crônica do CRI – zN de SP ...................................................................................... 165 P72 · Do que os idosos se queixam? Amostra do setor de psicologia do centro de referência do idoso da zona Norte-SP ...................................................................... 166 P73 · Visita à UTI: acolher antes, durante e depois - o familiar/visitante frente à possibilidade de um horário único de visitação ........................................................ 167 P74 · O que pensam os profissionais de saúde e a população sobre o SUS, o cuidar e a relação de cuidar? ................................................................................ 168 P75 · Familiares de usuários de serviço de saúde mental: percepção da sobrecarga ....... 169 P76 · Grupo Acolher: uma experiência de escuta psicológica na sala de espera de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Oncológica ............................................... 170 P77 · Orientação e apoio durante a internação psiquiátrica: o foco da psicologia no cuidador ..........................................................................................................171 P78 · Construindo um atendimento integral a partir das experiências das mulheres com síndrome dos ovários policísticos ..................................................................... 172 P79 · Autoconceito e comportamento em idosos com doenças cardiovasculares em tratamento ambulatorial num hospital de São Paulo ................................................... 173 P80 · O câncer gastrointestinal: significados e implicações na adesão ao tratamento ...... 174 P81 · Concepções e práticas dos profissionais acerca dos cuidados em saúde mental na atenção básica ..................................................................................................175 P82 · Crianças em estado de internação: dando voz sobre o processo de saúde/doença........ 176 P83 · Visão das relações sociais em portadores do vírus HIV ....................................... 177 P84 · Crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual: uma análise qualitativa ..... 178 P85 · Conhecendo o (des)conhecido: as concepcões de acompanhantes de crianças internadas sobre saúde ............................................................................. 179 P86 · Comprometimento cognitivo do idoso com síndrome metabólica.......................... 180 P87 · Avaliação de um grupo de promoção de saúde na estratégia saúde da família ....... 181 P88 · Satisfação de usuários em relação à estratégia saúde da família: dimensões estrutural, organizacional e relacional ....................................................... 182 P80 · A implantação do serviço de psicologia no Hospital Geral ................................... 183 P90 · A escuta psicológica: eu adoeci, mas posso continuar a viver - o psicoterapeuta desvelando novas possibilidades com o paciente na UTI .............................................. 184 P91 · Reabilitação cognitiva e apoio psicossocial: uma paciente pós-acidente vascular cerebral - relato de experiência ............................................................................... 185 P92 · O cuidador e a difícil tarefa de cuidar de si mesmo: grupo de apoio a cuidadores de crianças com deficiências ................................................................................... 186 P93 · O diagnóstico médico e o atendimento psicanalítico em um hospital de nível terciário ........................................................................................................187 P94 · Mapeando o cuidado familiar à pessoa em sofrimento psíquico e as redes de apoio social na atenção básica ............................................................................ 188 P95 · Uma experiência na prevenção do “burnout” entre profissionais de saúde............. 189 P96 · Uma possível estratégia na prevenção de burnout entre médicos de um Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 9 Hospital Universitário .............................................................................................190 P97 · Psicologia e oncologia: o manejo da angústia para com o paciente dado como “terminal” ....................................................................................................191 P98 · Auto-imagem e sexualidade em mulheres com cancer de mama ........................ 192 P99 · Nível de satisfação no relacionamento sexual de mulheres com câncer de mama ........ 193 P100 · Dor física e psicogênica nas diversas fases do tratamento do câncer de mama ... 194 P101 · Análise das solicitações de interconsulta psicológica em um Hospital Universitário da Bahia ................................................................................ 195 P102 · Atendimento psicológico em ambulatório de cirurgia bariátrica .......................... 196 P103 · Reabilitação neuropsicológica e apoio psicossocial a pacientes com traumatismo cranioencefálico .................................................................................. 197 P104 · Visões plurais sobre a existência, o adoecer e o morrer: um estudo a partir dos olhares de diferentes religiões ......................................................................... 198 P105 · Atendimento psicológico e apoio espiritual diante da terminalidade: estudo de um caso em uma unidade de transplante de medula óssea .......................... 199 P106 · Olhar de uma criança sobre a doença e morte em uma unidade de transplante de medula óssea: relato de experiência .................................................................... 200 P107 · Possibilidades de atuação de um serviço de psicologia de um hemocentro frente à demanda dos pacientes por atendimento psicológico ...................................... 201 P108 · Ansiedade e depressão em pacientes com insuficiência renal crônica ................ 202 P109 · Intervenção em grupo psico-sócio-educativo com mulheres em tratamento de quimioterapia por câncer de mama ...................................................................... 203 P110 · Intervenções realizadas por acadêmicas de psicologia da liga da mama: relato de experiência..............................................................................................204 P111 · Avaliação do desenvolvimento cognitivo de crianças prematuras de muito baixo peso na idade pré-escolar precedentes do método canguru ................................. 205 P112 · Perfil neuropsicológico e aspectos psicodinâmicos no pré e pós-tratamento na anorexia nervosa em homens: um relato de caso .................................................. 206 P113 · Grupos de discussão: uma proposta formativo-terapêutica para a psicologia no campo da saúde do trabalhador .......................................................................... 207 P114 · Representações sociais e saúde do trabalhador: produção de discursos e dimensões do processo saúde-doença ...................................................................... 208 P115 · A vivência do acolhimento na rotina de trabalho de profissionais de saúde pública não graduados .................................................................................. 209 P116 · Compulsão alimentar periódica em mulheres após cirurgia bariátrica ................. 210 P117 · A recaída na percepção do dependente químico .............................................. 211 P118 · Humanização dos usuários das unidades de saúde: limites e possibilidades da intervenção multiprofissional .............................................................................. 212 P119 · Risco de suicídio em gestantes de alto risco: um estudo exploratório ................. 213 P120 · Correlação entre o subteste códigos do BETA-III e do wAIS-III ......................... 214 P121 · Teste de memória visual de rostos em dependentes químicos ........................... 215 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 10 vi cOnGReSSO inTeRAMeRicAnO de PSicOLOGiA dA SAÚde e ii cOnGReSSO inTeRnAciOnAL de neUROLOGiA e neUROciÊnciAS 20 a 22 de Maio de 2011 centro de convenções Rebouças e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Presidente do Congresso: Drª Gláucia Rosana Guerra Benute Diretor Executivo do ICHC-FMUSP: Prof. Dr. Wilson Pollara Presidente de Honra: Prof. Dr. Milton de Arruda Martins Diretora da Divisão de Psicologia do ICHCFMUSP: Drª Mara Cristina Souza de Lucia Diretora do CEP-ICHCFMUSP: Alessandra Santiago cOnFeRÊnciA 1 cUidAdOS PALiATivOS nA dOR cRônicA Dr. Marcos Montagnini Universidade de Michigan - EUA O cuidado paliativo (CP) é o cuidado em equipe ao paciente com doença incurável e progressiva. O CP enfoca na manutenção da qualidade de vida do paciente através da avaliação e tratamento das necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais do paciente. A dor crônica é um dos sintomas mais frequentes em pacientes em cuidados paliativos. O enfoque da avaliação e tratamento da dor como fonte de sofrimento em pacientes em cuidados paliativos inclui a identificação de fatores físicos, emocionais, sociais e espirituais que contribuem para a gênese e manutenção da mesma. Os objetivos desta sessão plenária são: 1. 2. 3. 4. Revisão dos princípios básicos do Cuidado Paliativo e do desenvolvimento da Medicina Paliativa como área de atuação medica Revisão das causas mais frequentes de dor em pacientes em cuidado paliativo Discussão das medidas de avaliação e tratamento da dor em paciente paliativo Avaliação do impacto emocional da dor em pacientes em cuidados paliativos e discussão de medidas psicossociais para a sua abordagem. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 11 cURSOS TRAnS-cOnGReSSO cURSO 1 ORGAnizAÇãO de SeRviÇO PÚBLicO e PROTOcOLO de ATendiMenTO PARA PAcienTeS ALcOOLiSTAS Coordenador: Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira UNIFESP cURSO 2 inTROdUÇãO à ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA Coordenadora: Profª Drª Eliane Correa Miotto FMUSP ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA dAS diSFUnÇõeS execUTivAS Profª Drª Eliane Correa Miotto FMUSP A reabilitação neuropsicológica engloba todas as intervenções clínicas que visam a capacitar o indivíduo portador de alterações cognitivas e comportamentais e seus familiares a reduzir, adaptar e compensar essas alterações. Neste contexto, a reabilitação das disfunções executivas se propõe a intervir em dificuldades relacionadas à capacidade de resolução de problemas, criação de estratégias, planejamento antecipatório, organização e monitoramento do comportamento, alterações atencionais, dentre outras. Uma das abordagens recentemente utilizada é o Programa de Resolução de Problemas e Atenção. A eficácia deste programa grupal foi verificada por Miotto e col. (2009) em um grupo de pacientes com lesões na região dos lobos frontais. Os resultados demonstraram melhora no desempenho de testes funcionais e ecológicos sugerindo a possibilidade de generalização dos resultados deste programa. ReABiLiTAÇãO de MeMÓRiA eM PAcienTeS cOM LeSãO ceReBRAL AdqUiRidA Dra. Silvia Bolognani UNIFESP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 12 cOnFeRÊnciA 2 O PSicÓLOGO nO HOSPiTAL UniveRSiTáRiO eM 21 AnOS de SUS: O qUe eRA, O qUe é e “APOSTAndO” nO qUe SeRá Drª Mara Cristina Souza de Lucia Diretora da DIP-ICHCFMUSP/Presidente do CEPSIC A atuação do psicólogo no campo da saúde no Brasil tem sua gênese tão marcada na instituição hospitalar que fez com que, desta prática, surgisse a especialidade exclusivamente brasileira nomeada de Psicologia Hospitalar. Na década de 1980, tendo como berço o Hospital das Clínicas da FMUSP, vimos tomar corpo a Psicologia Hospitalar como uma práxis voltada para situações de crise e/ou intervenções nos casos complexos envolvendo procedimentos médicos. O método empregado decorria da psicologia clínica, com adaptações às condições hospitalares. Hoje vemos a Psicologia Hospitalar se configurar como um campo de saber cujo método é empregado levando-se em conta não somente as particularidades do local, o hospital, mas principalmente as manifestações psíquicas que surgem como produto do indissociável paradigma mente-corpo nos casos de pacientes acometidos pelo adoecimento. Em decorrência deste amadurecimento, vimos a criação da especialidade “Psicologia Hospitalar” no Conselho Federal de Psicologia. Segundo pesquisa CREPOP, é a área que mais concentra pós-graduados e especialistas, 77,2%. No entanto, apenas 20% são especialistas em Psicologia Hospitalar. A nossa aposta consiste em ver a especialidade atuar de modo ainda mais consistente, descrevendo cuidadosamente seus procedimentos, criando dispositivos para a análise da eficácia dos métodos empregados, imprimindo no mundo moderno suas produções científicas e em condições de aprimorar a interlocução com os demais profissionais dos outros campos de saber. Isto implica em avanços na perspectiva clínica e em pesquisas acadêmicas, visando a excelência no tratamento dos pacientes e familiares envolvidos no Sistema Único de Saúde. deBATe 1 URGÊnciAS eM SAÚde: PSicOLOGiA, SUS e PROnTO-SOcORRO O ATendiMenTO eM UnidAde de eMeRGÊnciA: iMPLicAÇõeS PARA O PROFiSSiOnAL de SAÚde Drª Luciane de Rossi DIP-ICHCFMUSP O Pronto-Socorro destina-se a receber pessoas em situações de emergência, com ou sem risco iminente de morte, que necessitam de um pronto-atendimento. Nesse contexto, os profissionais são chamados a atuar de modo rápido e eficiente, vivenciando um cotidiano permeado pela imprevisibilidade e por vivências de dor, sofrimento, impotência, angústia, medo, desesperança, desamparo, perdas e morte. A atividade inclui exposição ao trauma, à violência e à morte inesperada, mas os fatores estressantes ultrapassam a especificidade da assistência e incluem limites de ordens diversas, sobrecarga de trabalho, superlotação e relações conflituosas. Há ainda a necessidade de comunicar situações dolorosas, os dilemas éticos, o medo de errar, a fadiga, a falta de orientação e a falta de tempo para lazer, família, amigos e necessidades pessoais. O estresse ocupacional pode desencadear desordens psiquiátricas, ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Além disso, os médicos possuem maiores riscos para uso abusivo de álcool, drogas e suicídio do que a população geral. Outra resposta ao estresse ocupacional crônico é a síndrome de burnout, caracterizada por altos níveis de exaustão emocional e desAnais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 13 personalização e baixo envolvimento pessoal no trabalho. Existe uma crença de que os médicos de emergência possuem níveis mais elevados de burnout que médicos de outras especialidades, porém esse dado não se confirma em todas as pesquisas, pois o envolvimento pessoal é alto, já que o trabalho é considerado desafiador, variado, excitante e com possibilidades de gratificação imediata. O impacto da atuação em emergências na saúde do profissional é sentido também pela equipe multiprofissional. Profissionais da enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos são afetados pelas condições de trabalho, pelo sofrimento e pela morte. Estudos apontam que enfermeiros do Pronto-Socorro possuem níveis mais elevados de esgotamento emocional que enfermeiros de UTI ou médicos. O burnout pode ter consequências para o profissional, tais como diminuição do desempenho profissional, interferências na vida familiar, baixa auto-estima, desmotivação, aumento de problemas de saúde e alta rotatividade de pessoal. Esses fatores interferem na qualidade da assistência prestada ao paciente. O psicólogo nas unidades de emergência também se depara com uma série de dificuldades: a inexistência de um modelo assistencial que possa ser utilizado no Pronto-Socorro e a possibilidade de ser capturado pela rede de questões sociais e emocionais que atravessam o setor e impedem um olhar para a subjetividade. Outra dificuldade é que os outros profissionais não estão familiarizados com a presença do psicólogo. Esse fator, aliado à falta de tempo e à representação social de que tratamento psicológico só funciona se for longo, faz com que a demanda psicológica no ProntoSocorro seja subdiagnosticada. Modificar esse quadro implica uma postura muito ativa do psicólogo na equipe de saúde. Sua inserção não é uma condição oferecida pela instituição, mas sim fruto do seu trabalho. Toda instituição parece sofrer do “mal” que pretende curar. Entretanto, faz-se necessário um investimento na saúde dos profissionais, a fim de prevenir os efeitos danosos do estresse ocupacional, melhorar a qualidade de vida dos profissionais e, consequentemente, da qualidade da assistência ao paciente. URGÊnciAS SUBjeTivAS eM TRAnSPLAnTe: HePATiTe FULMinAnTe Drª Luciana Leis DIP-ICHCFMUSP As doenças hepáticas danificam bastante o corpo do sujeito causando prejuízos que vão muito além do comprometimento orgânico, pois também afetam a parte psicológica trazendo medo, ansiedade e vivência de desorganização frente a essa difícil situação de vida. A entrada em uma fila de transplante hepático como única possibilidade de melhora e sobrevivência costuma ser algo muito assustador para a maioria dos pacientes hepatopatas crônicos. Não é nada fácil passar por uma cirurgia de grande porte e complexidade e ainda abrir mão de seu fígado para aceitar o de um morto em seu lugar. No entanto, estes pacientes, na maioria das vezes, dispõem de certo tempo para adaptação e aceitação dessa nova realidade que se apresenta, uma vez que até a chegada do transplante, podem ir elaborando aos poucos esse acontecimento e se preparando emocionalmente para o recebimento de um novo órgão. Já os pacientes transplantados por hepatite fulminante, por se tratar de uma doença aguda, de alta mortalidade e que necessita de um transplante de fígado urgentemente para manutenção da vida, esses sujeitos acabam não tendo tempo de se prepararem psicologicamente para esse evento, se deparando com essa situação somente no momento que acordam dentro da UTI, já transplantados. Assim, de uma hora para outra, essas pessoas alteram suas vidas para uma rotina que exigirá cuidados médicos e pessoais importantes. Deste modo, o impacto da doença e tudo que a experiência do transplante traz em seu bojo pode ter caráter traumático para esses pacientes, visto que, eles são surpreendidos por esse acontecimento e, não conseguem atribuir representação ou sentido ao mesmo naquele momento. Nesta hora, é impreterível a presença de um psicólogo junto a essas pessoas, auxiliando-as no trabalho de elaboração dessa experiência a fim de que possam criar pontes simbólicas para poderem significar essa vivência e se posicionarem subjetivamente frente à mesma. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 14 SUicÍdiO e TenTATivA de SUicÍdiO Drª Carolina de Mello-Santos IPq HCFMUSP Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de tentativa de suicídio é de cerca de 100 a 1.000 pessoas por 100.000 habitantes/ano, dos quais, 10 a 30 pessoas efetivamente se matam. Isso representa aproximadamente um caso de suicídio a cada 40 segundos e de tentativa de suicídio a cada 1 a 2 segundos no globo. Em relação à mortalidade por suicídio, há um aumento progressivo em número absoluto de óbitos, embora as variações das taxas de suicídio oscilem conforme a região geográfica. Atualmente, registra-se quase um milhão de óbitos por suicídio em todo o mundo, o que representa 49% de todas as mortes por causas externas. (Bertolote JM e col, 2002; Mello-Santos C e col, 2005) Considera-se comportamento suicida uma série de cognições, atos, gestos e manifestações comportamentais ligado à autodestruição, que inclui ideia, pensamento, plano e tentativa de suicídio, progredindo em gravidade até o suicídio completo. Na literatura internacional, a prevalência de ideação suicida na população geral está em torno de 10 a 28%, já em relação à tentativa de suicídio é de 3 a 5%. (PirkisJ e col, 2000; Kuo wH e col, 2001) No caso de pacientes clínicos, o reconhecimento de comportamento suicida está recebendo crescente atenção no hospital geral por parte da equipe multidiciplinar. Para prevenir os casos de suicídio há a necessidade de se implantar treinamento específico que atenda os pacientes que buscam auxílio. (Bertolote JM e col, 2004; wHO, 2002) Detectar e avaliar os comportamentos e cognições suicidas não fatais – tais como pensamentos suicidas, ideação suicida, planos de suicídio e tentativas de suicídio – pode auxiliar na prevenção de suicídio uma vez que esses fenômenos são importantes preditores de morte por suicídio.(Nock MK e col, 2009) Nesta perspectiva, a ideação suicida é vista como um ponto crítico na prevenção das tentativas de suicídio e do suicídio completo.( Scocco P e col, 2002; Palmer CJ, 2004) Apesar disso, é importante ressaltar que as tentativas de suicídio, bem como os demais comportamentos suicidas, não constituem transtornos mentais específicos. Estes são, na realidade, comportamentos complexos que muitas vezes representam uma das consequências desfavoráveis, ou mesmo, um dos sintomas de transtorno mental. Em geral, os pacientes com comportamento suicida são recebidos inicialmente no hospital geral, principalmente pacientes com ideação suicida grave e os sobreviventes de tentativas de suicídio, onde a equipe multidiciplinar tem que estar preparada e organizada para o seu atendimento. Esta aula tem como objetivo apresentar informações ao profissional de saúde que atendem pacientes com comportamento suicida dentro do contexto do hospital geral. Especificamente, enfatizando a correta identificação dos fatores de risco e de proteção do ato suicida, para que medidas de manejo sejam implementadas de forma individualizada em um paciente com potencial suicida. MeSA RedOndA 1 ASSiSTÊnciA PSicOLÓGicA eM cASOS de ALTA cOMPLexidAde nO SUS ATenÇãO à SAÚde dAS PeSSOAS OSTOMizAdAS Drª Mara Cristina Souza de Lucia Diretora da DIP-ICHCFMUSP Vinte e cinco anos passaram rápido; é o tempo que medeia entre o paciente ostomizado que chegava à enfermaria da coloproctologia com uma “casca de coco amarrada com elástico na cintura” que servia como bolsa coletora das fezes, até os dias de hoje. Abordar esse período de contradição, que compreendia a extirpação de uma doença grave por intermédio de cirurgia, Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 15 sem dar condições para que o paciente se organizasse na situação onde um “órgão interno ganhava presença externa”, é um dos objetivos deste trabalho. A criação de equipe interdisciplinar no Núcleo de Assistência a Ostomizados (NAO) no HCFMUSP, a Sociedade Brasileira de Estomoterapia (SOBEST), a distribuição gratuita de bolsas para ostomia pelo SUS, iniciaram conquistas no plano da reabilitação corporal. O uso de bolsas adequadas, o tratamento da pele peri-estomal e o processo de irrigação da colostomia proporcionaram mais liberdade de ação para o corpo do ostomizado. Portanto, se o relacionamento perfeito entre o eu e seu corpo realiza-se na ação, o trabalho da psicologia é focado no “eu” que tanto pode realizar ou paralisar devido à ferida narcísica da mutilação, a externalização do intestino e contato com as fezes. Assim, abordar a ambiguidade fundamental do narcisismo - que é a um tempo o motor econômico da atividade egóica, a plataforma de lançamento de qualquer criação, porém também o agente de uma intoxicação paralisadora que elimina toda ação criativa, é também objetivo deste trabalho. AdeSãO AO TRATAMenTO PARA PeSSOAS qUe viveM cOM Hiv/AidS Dr. Cláudio Garcia Capitão Universidade São Francisco A epidemia HIV/Aids envolve vários aspectos, pois se trata de uma condição multideterminada. Relaciona problemas éticos, morais, filosóficos, clínicos e, sem sobra de dúvida, psicológicos. Um dos problemas mais relevantes no que se refere ao atendimento de pacientes HIV/Aids, não apenas na esfera psicológica, está na adesão aos esquemas de tratamento. A não-aderência aos novos medicamentos antirretrovirais tem sido considerada como um dos mais proeminentes perigos para a efetividade do tratamento, não apenas em um plano individual, mas coletivo, especialmente no que se refere à transmissão do vírus, muitas vezes, multirresistente. Observa-se que quando existe aderência, o paciente apropria-se do destino do tratamento e compromete-se com este. Tal comprometimento é resultado da compreensão dos inúmeros significados pessoais e sociais que estão envolvidos na condição de portador do HIV/Aids. No entanto, enquanto o paciente ainda tiver dúvida se deve ou não tomar a medicação prescrita, aconselha-se a adiar o início do tratamento, para se criar mecanismos que possibilitem ao paciente apropriar-se de forma ativa, como uma necessidade pessoal e não como uma ordem vinda de fora dirigida a um terceiro. Pode-se também pensar que enquanto a decisão do paciente não se deu, tem-se um bom espaço de trabalho, não apenas de esclarecimento sobre o tratamento, o que muitas vezes conscientemente o paciente já o tem, mas de análise das resistências, das forças dinâmicas que o impede de uma decisão favorável à manutenção ou à recuperação da sua saúde. Palavras-chave: Adesão ao Tratamento; HIV/Aids; Análise das resistências. ASSiSTÊnciA AO indivÍdUO cOM indicAÇãO PARA ReALizAÇãO dO PROceSSO TRAnSexUALizAdOR Drª Elisa Del Rosário Ugarte Verduguez DIP-ICHCFMUSP O Ministério da Saúde visa humanizar e qualificar a assistência as pessoas com indicação ao processo transexualizador. A secretária de Atenção à Saúde lançou a Portaria GM/MS nº 1707/2008, que institui as diretrizes nacionais de atenção especializa para o Processo Transexualizador na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o CID -10 – Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde define F64.0 - Transexualismo como “um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto e rejeição das características do seu do seu Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 16 sexo biológico”. Este desconforto e inadequação levam o indivíduo a procurar tratamento hormonal e cirúrgico, para harmonizar o seu corpo com a sua identidade sexual subjetiva. Dentre essas diretrizes reconhece que o transexualismo é determinante no processo de sofrimento e adoecimento, o que constitui uma questão de saúde pública, assim, há necessidade de uma equipe interdisciplinar e multiprofisional especializada para o atendimento do paciente transexual. Dentre esses profissionais, como psicóloga e profissional da equipe multidisciplinar do Programa de Transexualismo da Divisão da Endocrinologia do Desenvolvimento do HCFMUSP, a minha responsabilidade consiste no acolhimento, na avaliação psicodiagnóstica e acompanhamento psicoterapêutico destes pacientes. A avaliação psicodiagnóstica é de fundamental importância que seja correto uma vez que a cirurgia de transgenitalização é irreversível, ela tem o objetivo de distinguir o transexualismo dos demais transtornos de identidade sexual F64 (CID-10) e excluir o indivíduo com indicação psicodinâmica condizente com outros diagnósticos psiquiátricos. Ela consiste em entrevista livre inicial, seguidas de entrevistas semi-estruturadas para levantar o histórico que levou o paciente a se identificar como transexual, dados da sua história pessoal e do desenvolvimento psicodinâmico e psicossexual desde a fase da infância e adolescência até hoje, dados da sua história sexual e forma de obter prazer, dados psicossociais e familiares, da história patológica pregressa e para o exame psíquico; na aplicação de questionários específicos, na aplicação de testes psicológicos padronizados e entrevista de orientação devolutiva. Na sustentação da hipótese diagnóstica de transexualismo o paciente tem o acompanhamento de psicoterapia pré-operatória, para elaboração dos aspectos subjetivos importantes relativos ao desenvolvimento da psicossexualidade, aspectos psicoafetivos e pssicossociais, e da dinâmica da personalidade. Depois de 3 meses de psicoterapia pré-opertório o paciente é encaminhado a hormonioterapia e depois de 2 anos no mínimo é encaminhado para a cirurgia de transgenitalização. Após o processo cirúrgico, o paciente é acompanhado em psicoterapia pós-operatório por 2 anos, para elaborar as mudanças físicas, sociais e psicológicas. A família e ou parceiros tem apoio psicológico para elaboração do luto pela perda do filho (a) do sexo biológico de nascimento. No serviço do Programa de Transexualismo do HCFMUSP, foram avaliados 258 pacientes autodenominados transexuais masculinos, destes 37 realizaram a cirurgia de transgenitalização, 30 estão em acompanhamento de psicoterapia pré-operatório, 10 em psicoterapia pós-operatória e 10 em avaliação psicológica. Também foram avaliados 54 indivíduos autodenominados transexuais femininos, destas 18 já realizaram a cirurgia de transgenitalização, 10 estão em acompanhamento psicoterapia pré operatório e 5 pacientes em psicoterapia pós-operatória. Atualmente temos 27 pacientes em fila de espera. MeSA RedOndA 2 PARâMeTROS PARA AvALiAÇãO de ReSULTAdOS A PSicOLOGiA TeM TeORiAS PARAdiGMáTicAS? Drª Iray Carone IPUSP Desde a publicação de A estrutura das revoluções cientificas de Thomas Kuhn na década de 60, houve mudanças significativas na própria epistemologia. As chamadas epistemologias clássicas (empiristas, positivistas, neopositivistas) não só estigmatizaram as ciências humanas ao propor critérios de cientificidade derivados das ciências naturais, mas também não levaram em conta importantes aspectos históricos do desenvolvimento científico que mostrariam o caráter não-acumulativo desse mesmo desenvolvimento. A epistemologia historicamente orientada de Thomas Kuhn foi decisiva para mudar a nossa forma de ver a ciência, sobretudo para entender o caráter não-acumulativo de seu desenvolvimento de acordo com os períodos pré-paradigmático, Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 17 paradigmático e revolucionário. No entanto, a recepção das idéias de Kuhn não só foi muito esquemática e errônea, como também não serviu para elucidar a questão do estatuto científico e do desenvolvimento histórico das ciências humanas e sociais, incluída a Psicologia. Por essa razão, fizemos um estudo crítico de sua recepção na Psicologia, assinalando, por um lado, os problemas de uma apropriação inadequada de sua epistemologia para a defesa meramente retórica do caráter científico da Psicologia, e por outro, apontando para as várias mudanças conceituais que sua própria teoria da ciência sofreu dos anos 60 aos anos 90. indicAdOReS PARA AvALiAÇãO de eFicáciA PSicOTeRAPÊUTicA nO SeRviÇO PÚBLicO Profª Drª Latife Yazigi UNIFESP SiMPÓSiO 1 PSicOLOGiA, SUS e TRAnSPLAnTeS de ÓRGãOS: UMA POLÍTicA nAciOnAL ATiTUdeS dO PÚBLicO BRASiLeiRO cOM ReLAÇãO à dOAÇãO e TRAnSPLAnTe de ÓRGãOS Profª Drª Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Resultados positivos dos transplantes de órgãos levaram a uma demanda crescente por esse tipo de procedimento. O número de órgãos disponíveis, entretanto, está aquém da demanda. Assim, compreender o processo de doação - porque as pessoas doam ou se negam a doar - é fundamental para promover o aumento da disponibilidade de órgãos. Uma revisão realizada na base de dados Lilacs, utilizando como palavra-chave “doação de órgãos”, identificou 131 publicações, 59 disponíveis como texto completo. O objetivo desta apresentação é fazer uma síntese dos textos completos identificados. Resultados: Entre os artigos recuperados com texto completo, apenas 25 abordavam o tema doação, sendo 20 artigos originais e cinco de revisão. Entre os artigos originais os participantes eram familiares (n=9), profissionais da saúde (n=4), adultos e adolescentes da comunidade (n=3), estudantes de medicina (n=2), doadores (n=1) e docentes universitários (n=1). Doar mostrou-se associado a altruísmo, solidariedade, conhecer o desejo do paciente em vida e grau de escolaridade dos familiares. As principais dificuldades associadas à doação de órgãos pelos familiares incluíram baixo conhecimento sobre o processo; estresse vivido pelos familiares (p.ex.:insatisfação com o atendimento); crenças negativas (p.ex.: venda de órgãos; medo de não receber o tratamento adequado); dúvidas sobre o processo (ex.: dificuldade para compreender morte encefálica); desconhecimento do desejo do paciente acerca de ser doador; ausência de solicitação para doação. Conclusões: Os dados obtidos permitem identificar situações passíveis de mudança, que poderiam aumentar a taxa de doação de órgãos no país. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 18 dOAÇãO de ÓRGãOS eM TRAnSPLAnTe inTeRvivOS Drª Maria Livia Tourinho Moretto DIP-ICHCFMUSP Nos últimos anos, em função de uma somatória de fatores, o número de pacientes candidatos a transplante de fígado no Brasil é muito maior que o número de órgãos doados e disponíveis, o que gera uma alta taxa de mortalidade de candidatos na lista de espera. A implantação do programa de transplante intervivos foi uma das tentativas de contornar esse grave problema, dado que o doador em questão deve ser alguém das relações do receptor, e que se candidata a retirar parte de seu fígado, transformando, assim, o transplante em uma cirurgia eletiva. A solução é, sem dúvida, importante, mas não se resolve sem antes representar uma espécie de “conflito psicológico” tanto para o doador quanto para o receptor, que deve ser abordado antes da cirurgia. Este conflito pode se configurar de diferentes modos, a depender da singularidade de cada situação. Abordaremos neste trabalho duas possibilidades: a) quando o receptor resiste à doação pelo sofrimento de ver alguém de suas relações afetivas e familiares submeter-se ao risco de vida para salvar-lhe a própria. b) quando o receptor pressiona o familiar para doar. De todo modo, a doação intervivos não ocorrre sem conseqüências, nem para o receptor nem para o doador. qUALidAde de vidA eM PAcienTeS de TRAnSPLAnTe RenAL Drª Denise Pará Diniz UNIFESP A Doença Renal Crônica (DRC) é considerada um grande problema de saúde pública em função das elevadas taxas de morbidade e mortalidade e, além disso, ocasiona repercussões negativas na Qualidade de Vida relacionada à Saúde (QVRS). Os avanços tecnológicos e terapêuticos na área de transplantes contribuíram para o aumento da sobrevida dos renais crônicos, sem, no entanto, possibilitar-lhes promoção com evolução semelhante nos domínios de QVRS desses pacientes, assim como no domínio da saúde Mental. Esses pacientes, que dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças biopsicossociais que interferem em sua saúde, relacionamento s e estilo de vida: a perda do emprego, alterações na imagem corporal, restrições alimentares e hídricas. Visto que QVRS caracteriza-se como um indicador que comprovadamente aparece associado a mortalidade, morbidade, internações e custos, segundo estudos realizados, nós promovemos uma linha de atenção que focaliza cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e recuperação), promovendo o desenvolvimento de estratégias de promoção da qualidade de vida, educação, proteção e recuperação da saúde, protegendo e desenvolvendo a autonomia e a eqüidade de pacientes, familiares e profissionais presentes nesse contexto. Entretanto, há necessidade de uma reflexão sistemática sobre um parâmetro objetivo aceito por especialistas e pessoas portadoras de DRC, sobre qual é a distribuição adequada de recursos entre os tratamentos disponíveis e, sobre os fatores que têm impedido que se alcance uma distribuição mais adequada, permitindo que se aprofunde o debate teórico em torno dos mecanismos responsáveis pela distribuição de recursos relacionados ao Transplante Renal. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 19 cOnFeRÊnciA 3 BiOéTicA e cOMeRciALizAÇãO de ÓRGãOS eM TRAnSPLAnTe inTeRvivOS Dr. Eleazar Chaib HCFMUSP cOnFeRÊnciA 4 O diAGnÓSTicO e A TeRAPÊUTicA nOS cASOS de TRAnSexUALiSMO nO SUS Drª Carmita Abdo IPq HCFMUSP Definição: A CID-10, na seção Transtornos da Identidade Sexual, define transexualismo como o desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal-estar ou de inadaptação com referência a seu próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica e/ou a um tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado. Para o DSM-IV-TR, os Transtornos da Identidade de Gênero, em adolescentes e adultos, devem preencher os critérios: (A) forte e persistente identificação com o gênero oposto; (B) presença de desconforto persistente com seu sexo ou sentimento de inadequação no papel de gênero deste sexo; (C) não concomitância à condição de intersexo e; (D) presença de sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas da vida. diagnóstico: avaliação diagnóstica envolve: identificação da presença de um transtorno de identidade de gênero, excluindo outras condições; estabelecimento da natureza e da intensidade desse transtorno; observação de comorbidades (depressão, ansiedade e transtornos da personalidade). A hipótese diagnóstica vai se consolidando ou se infirmando pelo acompanhamento criterioso do paciente. Baseado no auto-relato do paciente, o diagnóstico depende de entrevistas clínicas, durante as quais são obtidas informações sobre: desenvolvimento psicossexual, identificação de gênero, orientação sexual e sentimentos sobre suas características sexuais secundárias e o papel social do seu sexo designado. O diagnóstico diferencial deve ser feito com intersexo (fenótipo e/ ou genitália ambígua, decorrente de alterações cromossomiais ou hormonais), estados psicóticos e travestismo fetichista. A CID-10 exige um mínimo de dois anos da presença do quadro para que se possa concluir pelo diagnóstico de transexualismo. Tratamento: Em 1997 a cirurgia de “redesignação sexual” foi normatizada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina (resolução nº 1.482/97). O tratamento envolve equipe multidisciplinar (psiquiatra, psicólogo, endocrinologista, urologista, cirurgião plástico, assistente social), para formulação diagnóstica correta, avaliação psiquiátrica, apoio psicológico e psicoterapia, administração/correção do uso de hormônios, avaliações de condições familiares e sociais, preparação para a cirurgia, ato cirúrgico e acompanhamentos pós-operatórios (a curto e longo prazos). A psicoterapia é parte essencial do tratamento, acompanhando o paciente desde a definição diagnóstica, à terapia hormonal (androgênica, estrogênica, antiestrogênica e antiandrogênica), à cirurgia e à pós-cirurgia de redesignação sexual. Após a resolução do CFM, autorizando em caráter experimental a cirurgia em hospitais universitários ou públicos com tradição de pesquisa, inaugurou-se novo campo de interesse científico e assistencial para uma população até então pouco assistida. A resolução nº 1.652/2002 do CFM autorizou também hospitais privados a realizar cirurgias em indivíduos do fenótipo masculino que pleiteiem redesignação para o feminino. Manteve, porém, a título experimental e reservada aos hospitais universitários ou públicos adequados para a pesquisa, a cirurgia do fenótipo feminino para o masculino. A idade do paciente (> 21 anos) e dois anos de psicoterapia, antecedendo o ato cirúrgico, devem ser observados. Laudo psiquiátrico, garantindo o diagnóstico de transexualismo, e os procedimentos prévios são indispensáveis. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 20 deBATe 2 PSicOLOGiA, SUS e viOLÊnciA: ATenÇãO à SAÚde dA MULHeR e dA cRiAnÇA AvALiAÇãO PSicOLÓGicA cOMO SUBSÍdiO PARA deciSõeS jUdiciAiS nOS cASOS de viOLÊnciA Dr. Fermino Magnani Filho Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo MULHeReS e cRiAnÇAS vÍTiMAS de viOLÊnciA SexUAL: AvALiAÇãO e cOndUTA PSicOLÓGicA Drª Lia Maria Britto da Silva DIP-ICHCFMUSP E os homens vítima de violência sexual? Negamos a sua existência? Será que violência sexual é uma questão de gênero? Na nossa experiência atendemos homens e mulheres. A violência sexual se da em ambos os sexos, assim como em todas as classes socioeconômicas e culturais. A caracterização da nossa população atendida é: a grande maioria do sexo feminino, mas existe também uma porcentagem do sexo masculino, aproximadamente 85% do sexo feminino e 15% do sexo masculino. Não podemos negar a existência de vítimas do sexo masculino, eles existem e precisam também fazer parte das estatísticas e das assistências existentes na rede de saúde. Em se tratando de vítimas infantis e de adolescentes, que também fazem parte da nossa população infelizmente, e de ambos os sexos, ou seja, meninos também sofrem violência sexual, o atendimento sempre se estende aos familiares. Já durante os primeiros atendimentos as queixas mais freqüentes são: nas mulheres: medo de morrer, impotência, medo de encontrar o agressor, pesadelos, insônia, depressão, etc. Nos homens: querer esquecer, medo de ter pego AIDS, sem queixas, etc. Nas crianças e adolescentes, as queixas mais freqüentes são: labilidade de humor, dificuldade e adaptação social, comportamento alterado, medos e outras; e nos familiares; sentimentos de menos valia, sentimentos ambivalentes, sentimento de culpa, raiva, depressão, e outros. O impacto da violência pode gerar transtornos psiquiátricos importantes e significativos para a vida do indivíduo. Traz conseqüências psicológicas de maior ou menor grau decorrentes da situação da violência. E as vitimas apresentam sintomas diversos, sintomas físicos, comportamentais e emocionais. A vítima de violência sexual precisa ser muito bem acolhida e tratada nos serviços de saúde. AvALiAÇãO PSicOLÓGicA eM SiTUAÇõeS LiMiTe: A cRiAnÇA vÍTiMA de GRAndeS qUeiMAdURAS Drª Celeste Imaculada Conceição Gobbi DIP-ICHCFMUSP Queimaduras em criança, independentemente de sua extensão, são sempre graves, traumáticas, e podem ser conseqüências de acidentes, freqüentemente observados nas situações em que, na saudável investigação do ambiente, ela comete “erros de cálculo”, seja porque fez algo de que se sentia capaz, movida pelo desejo de saber e possuir o mesmo poder daqueles que ama, ou pela busca de experiências que lhe permitirão adquirir autonomia e sua valorização em sociedade com outras na Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 21 mesma idade. Outra possibilidade é a existência de questões previamente formuladas sobre o que ela observou, sem a correspondente resposta verídica dos que a cercam. Um acidente de tal ordem pode acontecer, ou não, na presença de um adulto ou de uma criança maior e isto vir a tornar-se fonte de culpa ou, pela escuta oferecida aos envolvidos, transformar-se, pelo questionamento e conseqüente ressignificação, em responsabilidade, o que influencia, positivamente, o acolhimento do sofrimento da criança e a participação do familiar e/ou cuidador no tratamento. Outra situação, mais violenta, é aquela em que a criança, na companhia de uma outra, esta última maior, ou de um adulto responsável, além de sofrer queimaduras, tem seus cuidados francamente negligenciados, sofre maus-tratos, ameaças de morte e até abusos ou exploração de natureza sexual. Esta última caracteriza-se pela restrição da potência de ação e reação da criança, que submetida ao poder de um adulto (que também pode ter sofrido violência na sua infância) vive com medo de retaliações como conseqüências da revelação do seu sofrimento. A avaliação destas “situações limite” implica atenção cuidadosa e treinamento específico de toda a equipe multiprofissional com respeito aos sinais e sintomas que a criança apresenta desde o atendimento no pronto-socorro, na internação hospitalar, ou mesmo durante seu acompanhamento ambulatorial, sem que seja desvalorizada a importância fundamental do relato da vítima. O percurso que envolve desde a suspeita até a confirmação de violência é extremamente complexo e exige que a criança fique protegida de seu suposto agressor durante este período, para que possa sentir-se segura e recuperar o poder de sua própria palavra, condição que, além de devolver-lhe seu lugar de sujeito, desrespeitado enquanto foi tratada como objeto de maus-tratos, possibilita que o ciclo de violência seja interrompido. Palavras-chave: queimaduras, crianças, acidentes, violência, abuso sexual MeSA RedOndA 3 SUS e SAÚde dO TRABALHAdOR ASSiSTÊnciA à SAÚde dO TRABALHAdOR nA Rede dO SUS Dr. Koshiro Otani Médico do Trabalho e Médico Sanitarista da Secretaria de Estado da Saúde Um agravo provocado pelo e no trabalho só difere dos demais pela sua etiologia. Assim, uma fratura óssea de um trabalhador da construção civil não é diferente de outra causada por uma queda de moto no lazer pessoal. Como não seria diferente os atendimentos para ambos os casos. Os procedimentos dos profissionais de saúde seriam absolutamente iguais, a gaze e o gesso seriam brancos, os medicamentos seriam os mesmos e os serviços de saúde idem. A assistência não difere para um cidadão com depressão, ansiedade, pânico e outros transtornos mentais, ou, um tratamento para as LER – lesões por esforços repetitivos -,decorrentes ou não do trabalho. Estas formas de agravos exigem tratamento multiprofissional e multidisciplinar, independentemente, da sua causa. Com esta lógica, os princípios e os fundamentos legais que norteiam a política de saúde do trabalhador do SUS, respaldados que estão pelos dispositivos legais das esferas federal, estaduais e municipais, caminham na direção da porta de entrada única para a assistência à saúde do trabalhador. Reforça-se que o SUS é um sistema e, portanto, todos os serviços que envolvem a saúde, públicos ou privados, fazem parte dele e a maioria está a ele subordinado como os convênios médicos e os SESMTs das empresas. Os serviços de perícias médicas da Previdência Social, a fiscalização do Ministério do Trabalho, as Secretarias Estaduais de Relações de Trabalho, os órgãos do Meio Ambiente são entes que guardam entre si o compromisso da transversalidade e da intersetorialidade das ações em saúde do trabalhador. Também não seria diferente que os agravos relacionados ao trabalho, sejam acidentes graves ou fatais, sejam as doenças relacionadas ao trabalho, hoje estabelecidos como de notificação compulsória, constituírem um sistema de vigilância semelhante aos das doenças infecto-contagiosas, em que a autoridade sanitária, recebida a notificação, procede a Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 22 competente investigação epidemiológica e exigir correções com vistas à proteção à saúde. A partir de 2002, iniciou-se a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST – uma estratégia de financiamento para indução das políticas enunciadas, por meio da criação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST – que buscam a implementação das ações de saúde do trabalhador na rede do SUS e a viabilização da transversalidade e da intersetorialidade dos entes que atuam na área. Com este enfoque é que no VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e no II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências pretende-se debater a estruturação da saúde do trabalhador no SUS, sua complexidade na implementação e na articulação com outros dispositivos em saúde e, sobretudo, o relevante papel dos profissionais de saúde que atuam na assistência aos transtornos mentais relacionados ao trabalho, uma das entidades nosológicas mais freqüentes na sociedade contemporânea. iMPAcTOS MenTAiS dO TRABALHO e A SAÚde MenTAL de qUeM TRABALHA eM SeRviÇOS de SAÚde Profª Drª Edith Seligmann-Silva HCFMUSP Desgaste mental relacionado ao trabalho - As pesquisas e conhecimentos desenvolvidos no campo de estudo da Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) revelam a expansão de formas de desgaste mental que acarretam transtornos mentais e psicossomáticos. Será exposto como esse desgaste vai muito além do estresse e precisa ser contextualizado dentro de uma perspectiva interdisciplinar que entrelaça aspectos sociais, relacionais, psicodinâmicos e biológicos. Fontes do desgaste no trabalho contemporâneo e no trabalho em Saúde - Será discutida o papel da mudança cultural e organizacional escalada atual de desgaste e adoecimento mental, focalizando em especial quem trabalha em Serviços de Saúde. Entre as fontes atuais de desgaste, sofrimento e adoecimento psíquicos serão enfatizadas a sobrecarga de trabalho e a ameaça à dignidade dos profissionais- muitas vezes expostos à violência e humilhação ou ameaçados no cotidiano do trabalho. Serão abordados os danos potenciais configurados pela violência psicológica e pelo desrespeito. Fontes de vitalidade e de resistência: Residem na coesão de equipes unidas por uma idenficação comum de atividade voltada aos mesmos valores - proteção da vida e atenção à Saúde. A preservação da saúde mental também é favorecida pelo apoio e confiança recíprocos. A preservação da autonomia profissional que é essencial para garantir a ética também é essencial para preservar a saúde mental (1) Gerencialismo - Vem sendo denominado gerencialismo a forma de gerenciamento dominada pela lógica economicista que acompanhou a mundialização da economia. (2) Será discutido o mal-estar ocasionado pela penetração do gerencialismo no setor público, apontando alguns efeitos nocivos: o prejuízo à qualidade dos relacionamentos intra e interequipes ; as imposições violentadoras dos valores centrais das profissões de Saúde; os ritmos acelerados e exigências de metas e rapidez que prejudicam a qualidade do trabalho mental (diagnóstico; avaliação de riscos; planejamento) ; relacional e da operacionalização. Tais pressões explicam a degradação generalizada dos relacionamentos interprofissionais e com usuários. Agravos psíquicos e psicossomáticos - A intensificação do trabalho e das pressões vivenciadas pelos profissionais serão assinalados e correlacionadas a algumas das formas de mal-estar e adoecimento mais evidenciadas ultimamente - quadros depressivos, fadiga crônica, esgotamento profissional (burnout); transtorno de estresse pós-traumático e patologias orgânicas como as LER/DORT e diferentes agravos de natureza psicossomática –a hipertensão arterial e vários distúrbios do aparelho digestivo. (1) Será colocado em discussão o duplo papel do psicólogo – como sujeito de um trabalho que pode ser desgastante e como agente de suporte e supervisão para outros profissionais de saúde. Perspectivas de ordem preventiva: serão abordadas e discutidas ao final da exposição. Referências - 1- Seligmann-Silva E. Desgaste Mental no Trabalho Dominado – sofrimento social e revitalização. São Paulo, Editora Cortez, 2011. 2- Gaulejac, V. de; La Societé malade de la gestion – Ideologie gestionnaire, pouvoir managérial et harcèlement social , Nouvelle Edition; Paris; Seuil, 2009. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 23 PSicOTeRAPiA eM AMBULATÓRiO de SAÚde dO TRABALHAdOR: POSSiBiLidAdeS e deSAFiOS Drª Carla Júlia Segre Faiman HCFMUSP Ambulatórios de saúde do trabalhador são serviços de atendimento especializados nas questões referentes aos efeitos do trabalho para a saúde. O trabalho desempenha um papel central na vida das pessoas. Ele garante a subsistência, possibilita a inserção social, o emprego e o desenvolvimento de habilidades e constitui-se em terreno para a realização de atividade construtiva. Por meio da atividade profissional, é possível sentir-se útil e reconhecido. O que é vivido no âmbito do trabalho pode repercutir de forma importante sobre a saúde mental e sobre a saúde como um todo. A organização do trabalho e a forma como são vividas as relações interpessoais que se desenvolvem no âmbito profissional são aspectos da maior importância na dinâmica emocional do trabalhador. Assim, o trabalho pode ser um importante fator na promoção da saúde psíquica, mas pode, também, favorecer o adoecimento. Situações em que o trabalho torna-se fonte de sofrimento não são raras. Por vezes, o trabalhador não se encontra apto para seguir realizando suas funções no trabalho e pode apresentar algum processo de adoecimento, de etiologia ocupacional ou não. Por outro lado, a situação de afastamento temporário e a incerteza quanto à possibilidade de retorno às atividades também tem se demonstrado como importante fator de sofrimento mental. Os pacientes atendidos em ambulatórios de saúde do trabalhador apresentam algum prejuízo à saúde cujo desencadeamento ou agravamento pode ser atribuído à atividade profissional. Muitos deles encontram-se afastados de suas atividades ou em busca deste afastamento. Os relatórios médicos emitidos por esses ambulatórios dão subsídios às avaliações do INSS (perícias) para a concessão, ou não, de afastamento e de benefícios da seguridade social. Queixas relacionadas à saúde mental são freqüentes nos pacientes desse tipo de ambulatório e o atendimento psicoterapeutico traz algumas questões específicas como, por exemplo, as relações entre contextos de trabalho e desencadeamento de doenças, a distinção entre a função terapêutica e a pericial e os limites da abordagem clínica ambulatorial de questões que muitas vezes se referem ao âmbito da coletividade. MeSA RedOndA 4 SAÚde MenTAL de cRiAnÇAS e AdOLeScenTeS nO SUS PARTiciPAÇãO dA eqUiPe e dA FAMÍLiA nA deciSãO de inTeRSexO Drª Vera Ferrari Rego Barros ICr-HCFMUSP As anomalias de diferenciação sexual levantam questões complexas e delicadas, tanto em relação ao diagnóstico e tratamento como ao processo de construção da identidade do indivíduo. O diagnóstico compromete a criança naquilo que a define logo ao nascimento: seu sexo e, por conseqüência, seu nome. A problemática do intersexo traz impasses à conduta médica por envolver questões referentes à adaptação sexual futura mais favorável a essa criança. A opção tomada determina todas as condutas clínicas e cirúrgicas inerentes ao tratamento, porém, será só a posteriori, ao longo do desenvolvimento da criança, que se poderá confirmar sua adequação. Isto se deve ao fato de que a identidade sexual não é produto apenas da dimensão biológica do indivíduo. Ao contrário, para essa questão, é justamente o suporte biológico que confunde, desnorteia, uma vez que nem a correção cirúrgica das anomalias assegura que, no futuro, a criança se tornará um adulto satisfatoriamente adaptado no que tange a sua sexualidade. Articular o saber interdisciplinar na compreensão do que é singular em cada caso, buscar parâmetros mais Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 24 precisos para subsidiar a intervenção médica e ajudar na organização da família em torno dos conflitos, que fatalmente ocorrem nessa situação, nos leva a algumas questões quanto à tomada de decisões na intersexualidade: Como é estabelecida a função sexual? Qual o impacto do diagnóstico de intersexo para a criança e familiares? Quais as intervenções prioritárias nesse contexto, para permitir a melhor elaboração possível dessa problemática, para todos os que estão envolvidos de alguma forma com ela? O ponto de sustentação para essa elaboração é que o sexo não é uma opção, mas uma posição subjetiva do indivíduo, determinando os pontos prioritários para, a partir do diagnóstico, conduzir os impasses na abordagem e intervenções junto à criança. PROTOcOLO de ASSiSTÊnciA PSicOLÓGicA à cRiAnÇA e AO AdOLeScenTe nO cenTRO de ATenÇãO PSicO-SOciAL inFAnTiL (cAPSi) Dr. Felipe Lessa da Fonseca Faculdade de Saúde Pública da USP A atenção à Saúde Mental da Infância e da Adolescência apenas recentemente passou a contar com políticas públicas que garantam a prestação de serviços para esta população. O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa de Caracterização Epidemiológica e Sóciodemografica da população atendida nos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil no Estado de São Paulo, realizada pelo Laboratório de Saúde Mental Coletiva (LASAMEC) da Faculdade de Saúde Publica da USP, contando com apoio da FAPESP. A coleta de dados em 19 CAPSi realizouse por meio de analise de prontuários, utilizando-se de protocolos padronizados e, foi seguida de tratamento estatístico. Os resultados mostram que os serviços atendem principalmente aos casos severos e perseverantes e que em um número significativo (27%) encontra-se a atenção voltada para problemas sociais e de comportamento infantil. O autismo apresentou-se em 15% dos casos, seguido dos Retardos Mentais com 13% dos casos e, dos Transtornos de Humor em 12% dos casos. A Esquizofrenia apresentou-se em 8% dos casos. Os problemas de aprendizado e de linguagem apareceram em 6% dos casos e, as neuroses e os quadros ansiosos em 5% dos casos. A população atendida é composta de 70% de meninos e, a faixa etária predominante (40%) está entre os 10 e os 14 anos, sendo que o número de meninas ultrapassa o de meninos depois dos 15 anos de idade. A dificuldade na obtenção de indicadores sócio-econômicos nos permite apenas inferir algumas poucas observações sobre a estrutura familiar e o nível de escolaridade desta população, que revelou melhores condições do que se poderia supor. Adicionalmente, a pesquisa revelou dificuldades no uso dos prontuários, sobretudo no tocante aos dados sociais, mas também nos registros relativos ao estabelecimento de Projetos Terapêuticos. No geral, a importância da manutenção das políticas públicas nesta área mostrou-se bastante evidente e, portanto, vale sublinha a importância de expansão da cobertura destes serviços. PARTiciPAÇãO dOS PAiS nO TRATAMenTO de cRiAnÇAS e AdOLeScenTeS nO cAPSi Drª Caroline Dombi Barbosa Faculdade de Saúde Pública da USP introdução: o novo modelo brasileiro de saúde mental pretende oferecer cuidado integral ao sujeito em sofrimento psíquico e inserí-lo em redes de contratualidade. Há uma reversão no modelo que atribuía o cuidado ao médico, detentor do saber psiquiátrico, e abre-se a perspectiva de obter parcerias entre profissionais da saúde, de outras áreas do conhecimento, bem como com as famílias. No caso de crianças e adolescentes, a política de saúde mental depara-se com a ausência Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 25 histórica de planejamento público voltado a essa população. De acordo com o modelo vigente de atenção à saúde mental os familiares assumem função de cuidadores informais. Além disso, são eles que identificam os primeiros sinais de sofrimento, procuram formas de amenizá-lo, chegam aos serviços de saúde e pedem ajuda. Evidentemente muitos sentimentos estão envolvidos nesse processo de cuidar. As crianças são depositárias de muitas fantasias e expectativas de seus pais e o sofrimento psíquico pode despertar formas de participação no tratamento de seus filhos. Os familiares também são chamados ao exercício de controle social, possui lugar democrático para tomada de decisões na esfera das políticas públicas e na organização dos serviços. A história da própria Reforma Psiquiátrica Brasileira contou com profissionais de saúde que associados aos familiares e usuários que contestaram formas de violência que marcaram a instituição manicomial. O modelo que emergiu desses embates trouxe como eixo estratégico a necessidade de estabelecer um estreito liame com familiares de pessoas atendidas nos equipamentos que fazem parte da rede de atenção em saúde mental. O presente trabalho mostra resultados de um trabalho de mestrado cujo objetivo foi analisar o lugar dos familiares nas práticas que ocorrem nos CAPSi segundo o relato de técnicos de diferentes áreas que compunham o quadro de profissionais de cinco CAPSi do município de São Paulo. A entrevista semi dirigida e a análise de conteúdo foram instrumentais metodológicos para coleta e análise dos dados. A pesquisa foi aprovada por Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Considerações finais: as famílias estão inseridas em ações de cunho terapêutico dentro dos projetos interdisciplinares voltados às crianças e adolescentes. As modalidades variam desde abordagens predominantemente grupais de orientação, informação, até atendimentos individuais ou terapias familiares. Formas de controle social e empoderamento são incipientes e as famílias são vistas como co-responsáveis pela evolução do tratamento dessa população. descritores: saúde mental, famílias, serviços de saúde mental, crianças, adolescentes. SiMPÓSiO 2 PSicOLOGiA, SUS e GeRiATRiA: eM FOcO O PROGRAMA dA SAÚde dO idOSO A SAÚde MenTAL dO idOSO BRASiLeiRO e SUA AUTOnOMiA Drª Sandra Maria Greger Tavares Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Considerando a situação da saúde mental do idoso no Brasil, nos deparamos com o seguinte impasse: como conciliar a alta prevalência dos transtornos mentais em idosos com a escassez dos serviços de saúde, particularmente os especializados, acessíveis para a população idosa? Faz-se necessário aprofundar o debate e a investigação sobre as condições de vida do idoso no Brasil, problematizando acerca da autonomia possível neste cenário em que se encontram desde dificuldades de acesso a bens e serviços, até episódios recorrentes de discriminação e humilhação sociais, enfrentadas pelos idosos, em função do preconceito com relação à velhice, ainda arraigado no imaginário sócio-cultural brasileiro. As condições sociais adversas experimentadas pelo idoso, aliadas aos limites psicofísicos decorrentes do processo de envelhecimento, tendem a configurar uma situação de saúde em que a dinâmica psicossocial muitas vezes vai se mostrar comprometida. Como ilustração dessa configuração, encontram-se desde alterações psiconeurológicas discretas até síndromes como o Mal de Alzheimer e o Mal de Parkinson, passando por distúrbios de fundo psicodinâmico e caráter psicossocial, como alguns casos de depressão e casos de abuso por algum tipo de violência ou negligência. Esta situação complexa acaba demandando ações de recuperação da saúde, que particularmente na população idosa, podem exigir um tipo Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 26 de assistência com alto nível de especialização e longa duração (com altos custos). Neste ponto, devemos interrogar a qualidade da atenção básica no que se refere particularmente, ao atendimento à população idosa. Considerando a linha de cuidado e as políticas atuais em saúde mental, deveríamos contar com uma ampla rede de assistência extra-hospitalar que, entre outras peculiaridades, necessitaria estar preparada para atender, numa abordagem interdisciplinar, às demandas específicas da população idosa, principalmente em nível de atenção básica. As equipes de Saúde da Família (ESF) deparam-se constantemente com casos de idosos relegados à miséria e ao descaso em situação de grave sofrimento psicossocial, cujos parentes, quando presentes, encontram-se enredados numa trama de conflitos familiares, aparentemente insolúveis. É importante construir espaços para discutir essas problemáticas de uma perspectiva transdisciplinar, levando em conta a singularidade do sujeito, da família e do território sócio-econômico e cultural em que habitam e incluindo o idoso e seus familiares nesse processo, de forma participativa, sem culpabilização. A implantação do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) pode se constituir como referência para o planejamento e desenvolvimento de práticas inovadoras em saúde mental que podem favorecer o enfrentamento das condições adversas encontradas pelas ESF no que se refere à população idosa, entre outras, por meio do matriciamento que implica na articulação e integração horizontal, troca de opiniões e informações, além de diagnósticos, responsabilidades e intervenções terapêuticas coletivas e compartilhadas, alterando inclusive a lógica de encaminhamentos para a lógica de coresponsabilidade na assistência à saúde, por meio da prática da clinica ampliada. Caso pretendamos caminhar rumo à concretização de princípios norteadores do SUS, tais como universalidade, integralidade e equidade, no que se refere ao atendimento do idoso, não podemos abrir mão da defesa dos direitos da pessoa idosa e, entre eles, do direito à saúde integral. FRAGiLidAde e qUALidAde de vidA eM nOnAGenáRiOS Drª Valmari Cristina Aranha DIP-ICHCFMUSP Viver muito já é uma realidade acessível para a maioria de nós. O aumento da expectativa de vida, por meio de recursos técnicos e científicos tem contribuído para que a população idosa aumente e se torne cada vez mais longeva. O que nem sempre significa viver com qualidade. Doenças crônicas e degenerativas contribuem para esta problemática. Mudanças em estruturas sociais e configurações familiares interferem diretamente na condição do nonagenário hoje. Viver bem após os 90 anos depende de construções prévias, de vínculos afetivos, recursos materiais e manutenção da funcionalidade. A velhice é marcada pela heterogeneidade, considerar biografia e capacidade adaptativa são essenciais na elaboração de medidas interventivas eficientes. A forma como o idoso lida com as perdas dos seus pares e entes queridos, e as limitações físicas e cognitivas precisam ser avaliadas corretamente e suporte emocional indicado sempre que necessário. O ideal é que a abordagem neste contexto envolva também os familiares, não só no que tange a suporte e orientação quanto ao stress decorrente de cuidados a idosos com limitações, mas também para orientar quanto ao respeito a autonomia dos idosos funcionalmente preservados. Superproteger e minimizar as capacidades do idoso, ainda é algo muito comum na prática com esta população. Conhecer o indivíduo que envelheceu é mais importante do que a idade cronológica, não negligenciar dados de realidade, principalmente da condição clínica, mas respeitar autonomia e desejo do sujeito. Avaliar cognição, representações e manter o vinculo com a vida, é função do psicólogo que atua com nonagenários. Romper preconceitos e estereótipos quanto ao que deva ser o envelhecimento bem sucedido, compartilhar a construção do envelhecimento possível, é o grande desafio. Apesar das limitações físicas serem a principal queixa desta população, quadros depressivos e desmotivação sustentam muitas das queixas que impedem a qualidade de vida. Religião, suporte social e percepção da capacidade de gerenciamento da própria vida seriam fatores protetores. Como favorecer o desenvolvimento destas capacidades é o grande objetivo das discussões quanto a possibilidade de trabalho do psicólogo com nonagenários. Além da Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 27 necessidade de formação técnica e sustentação teórica, o conhecimento de características próprias ao processo de envelhecimento e trabalho interdisciplinar são imprescindíveis. O medo da dependência, a convivência com a realidade de perdas, lutos e limitações, faz com que esta fase da vida seja campo de estudos e interesse de psicólogos e gerontólogos, visando construir propostas interventivas que dêem conta de necessidades tão abrangentes quanto as vivenciadas por esta população que cresce cada vez mais e exige profissionais especializados e capacitados para lhe atenderem. AGReSSãO cOnTRA idOSOS: viOLÊnciA dOMéSTicA SiLenciOSA Drª Amanda Marques de Oliveira UNICAMP A palestra buscará discutir aspectos relacionados à violência doméstica contra o idoso, em especial no que se refere a invisibilidade que a reveste. Para tal, discutirei especialmente meu trabalho de mestrado, no qual analisei como uma parte do sistema de justiça, especificamente a polícia civil, compreendia a violência contra o idoso denunciada em duas delegacias no interior do estado de São Paulo: uma Delegacia de Defesa a Mulher (DDM) e um Distrito Policia (DP). A investigação articulou a análise da documentação produzida pela polícia com a observação de comportamentos no ambiente policial, de modo a mapear os tipos de ocorrências e os perfis dos envolvidos nos registros dos velhos, e contrastar a isso o a maneira como os agentes compreendiam tais denúncias. Constatou-se que a compreensão dos policiais das duas delegacias sobre a violência contra o idoso acabava por invisibilizar a violência que realmente era denunciada pelos velhos na DDM e no DP. Os agentes feminizavam a velhice por pensarem-na associada à um pólo feminino invariavelmente ligado à delegacia da mulher, ao mesmo tempo em que associavam tal fase da vida a características como a passividade, a dependência e a falta de vigor físico. Como esse trabalho demonstra, os velhos que denunciam estão muito distantes dessa imagem do velho frágil e dependente da família e das instituições. São homens e mulheres com autonomia funcional e que buscaram nas delegacias, especializadas e comuns, um espaço para solucionar seus conflitos. No entanto, este resultado não nega a existência de idosos dependentes e vítimas de maus-tratos, mas sim revela a invisibilidade que tais casos possuem já que não chegam ao conhecimento das autoridades policiais através de denúncias. cOnFeRÊnciA 5 dePReSSãO e inTeRcOnSULTA PSiqUiáTRicA cOMO eLeMenTO de inTeGRAÇãO MULTiPROFiSSiOnAL nO HOSPiTAL Prof. Dr. Renério Fráguas Junior cOnFeRÊnciA 6 enSinAndO OS ReSidenTeS MédicOS Prof. Dr. Milton de Arruda Martins Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 28 MeSA RedOndA 5 PSicOLOGiA, SUS e OBeSidAde: PRevenÇãO, PROMOÇãO de SAÚde e TRATAMenTO inFânciA de PeSO - eSTRATéGiAS PARA A PRevenÇãO dA OBeSidAde nA inFânciA Dra. Alessandra Xavier dos Santos HCFMUSP A Obesidade pode ser definida como acúmulo excessivo de gordura corporal prejudicial à saúde. As curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) são um instrumento técnico para a classificação do estado nutricional de crianças e adolescentes e possibilitam o diagnóstico de Obesidade. Esta doença tem causa multifatorial resultante da interação de fatores genéticos, metabólicos, sociais, comportamentais e culturais. Está associada a risco para doenças cardiovasculares, respiratórias, ortopédicas e metabólicas, bem como alterações psicológicas, visto que contribuiu para a baixa auto-estima e discriminação social. Crianças com excesso de peso podem se tornar obesas na vida adulta. No Brasil, o excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir dos 5 anos de idade. O tratamento envolve mudanças comportamentais, dieta, atividade física e uso de medicamentos. No Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICHC-FMUSP), existe a Liga de Obesidade Infantil, que é composta por profissionais e alunos de graduação das áreas de medicina, psicologia e nutrição, que atuam no atendimento individual e em grupo de crianças e adolescentes obesos. A prevenção da Obesidade na infância é feita por meio de políticas públicas e legislações, tais como a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) sobre o direito humano à alimentação e a segurança alimentar e nutricional, a Portaria Interministerial nº 1010/2006 que institui as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas, a Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) nº 465/2010 que dispõe sobre as atribuições do nutricionista no Programa de alimentação Escolar (PAE) e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 24/2010 sobre a oferta, propaganda e publicidade de determinados tipos de alimentos, considerados prejudiciais à saúde. Também é necessário incentivar o aleitamento materno, orientar alimentação equilibrada, com os macronutrientes e micronutrientes necessários ao desenvolvimento corporal, e refeições em quantidades adequadas (seguir os dez passos para uma alimentação saudável do Ministério da Saúde, reduzir a ingestão de doces, salgadinhos, frituras e outros alimentos gordurosos, evitar a substituição de refeições por lanches, manter horários regulares para alimentação e aumentar a ingestão hídrica), além de incentivar a prática de atividade física regularmente. Para tanto, é fundamental o envolvimento da família e da escola na adequação do estilo de vida de crianças e adolescentes. AvAnÇOS cienTÍFicOS e nOvOS MéTOdOS nO TRATAMenTO dA OBeSidAde MÓRBidA Dr. Marco Aurélio Santo HCFMUSP No mundo estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas estão em sobrepeso ou obesas. Atualmente a obesidade atinge cerca de 1/3 da população adulta norte-americana acima de 20 anos, que se somando a 32,6% de indivíduos com sobrepeso e a 5,9% de obesos mórbidos, perfazem um total de mais de 70% dos indivíduos adultos daquele país com IMC igual ou maior a 25 Kg/m2. De 1960 a 2006, a prevalência da obesidade nos norte-americanos entre 20 a 74 anos de idade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 29 aumentou de 13.4% para 35.1%. Estima-se que aproximadamente 10 milhões de indivíduos têm IMC entre 35 e 40 Kg/m2 3. Essa proporção aumenta paulatinamente em ambos os sexos, em todas as faixas etárias, particularmente na população infanto-juvenil, em todos os grupos étnicos e raciais, e em todos os níveis sociais e econômicos. A organização mundial de saúde estima que em 2015 em torno de 54% das mulheres americanas serão obesas. No Brasil dados do IBGE de 2003 mostravam que 40% da população adulta acima de 20 anos apresentava excesso de peso, e 11% da população brasileira era obesa. Neste período a obesidade mórbida atingia 0,69% da população adulta, ou cerca de 600 mil pessoas. Nas últimas três décadas o aumento desta população foi de 255%. Nos últimos anos o conhecimento da fisiopatologia da obesidade e de outras doenças, como o diabetes e a síndrome metabólica, apresentaram grandes avanços, em parte com importante contribuição de pesquisas no campo da cirurgia bariátrica, e os efeitos fisiológicos das diversas técnicas em mudanças nos eixos neuro-entéricos reguladores do metabolismo, mediados por neuropeptídeos intestinais, com efeitos importantes na regulação da fome e saciedade, no metabolismo da glicose e na função endócrina pancreática. A maioria das cirurgias sabe-se hoje, têm também efeitos neuro-hormonais que se somam aos de restrição e/ou disabsorção. O bolo alimentar atingindo mais rapidamente, ou deixando de atingir, determinadas regiões do aparelho digestivo, gera uma cascata de mediadores hormonais e neuropeptídeos, com efeitos importantes na regulação da homeostase metabólica do organismo. A evolução destes conhecimentos leva a implicações antes jamais imaginadas no passado recente, com perspectivas de tratamento cirúrgico da obesidade e particularmente do diabetes tipo II, de forma efetiva e sustentada, com impacto direto na melhora das condições de vida destes pacientes. MeSA RedOndA 6 PSicOLOGiA, SUS e O PROGRAMA de SAÚde dA FAMÍLiA (PSF) PSF: A ATUAÇãO dO PSicÓLOGO nA PROMOÇãO de SAÚde Drª Heloisa Elaine dos Santos Núcleo de Apoio à Saúde da Família/NASF O Sistema Único de Saúde (SUS), decorrente do processo de Reforma Sanitária Brasileira, é uma das principais inovações do Estado Brasileiro. Tendo por princípios: Universalidade do acesso, a Integralidade e a Equidade, o SUS exige uma mudança na lógica até então adotada pelo sistema de saúde. Estas inovações estendem-se às diferentes áreas e graus de complexidade na área da saúde. Em consonância com estes princípios e diretrizes, e com a Reforma Psiquiátrica, propõe-se a implantação de modelo substitutivo ao modelo asilar na assistência em saúde mental (Portaria 336, 19 de fevereiro de 2002). Na Atenção Primária à Saúde (APS) este novo modelo baseia-se no enfoque dado à população, através de ferramentas epidemiológicas e clínicas que permitam ajustar os programas às reais necessidades de saúde. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), principal modelo de APS no Brasil é formada por equipes multiprofissionais compostas por Médicos, Enfermeiros, Agentes Comunitários de Saúde, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, além das equipes de Saúde Bucal. As ações a serem desenvolvidas pelas equipes na ESF devem voltar-se para a promoção da qualidade de vida e valorização do papel dos indivíduos no cuidado com sua saúde, de sua família e da comunidade, além das ações de prevenção e cura de agravos à saúde. Visando a integralidade do cuidado, o processo Saúde-Doença deve ser compreendido em suas várias dimensões (ambientais, sociais, econômicas e biológicas, entre outras). Para tanto, diferentes áreas do conhecimento são necessárias ao diagnóstico e elaboração de projeto terapêutico. O Psicólogo, inserido nesta estratégia, deve adequar-se às especificidades da APS, através de tecnologias como: Clínica Ampliada, Projeto Terapêutico Singular e Apoio Matricial, entre outras. A Portaria 154 de 24 de janeiro de 2008 cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) que inclui Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 30 o psicólogo, entre outros profissionais. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Eldorado, localizada na Região Sul da cidade de Diadema, município do Grande ABCD, a equipe do NASF é composta por Psicólogo, Assistente Social, Fonoaudiólogo, Ginecologista e Pediatra, com o objetivo inicial de oferecer apoio matricial e atendimento clínico referenciado às seis equipes de Saúde da Família da UBS Eldorado e mais três equipes da UBS Vl. Paulina. O trabalho fragmentado, a padronização dos procedimentos e as prescrições pré-definidas dão lugar às estratégias não definidas a priori, como processos de intervenção em ato. Com a elaboração de Projetos Terapêuticos, grupos de prevenção e orientação apoiados pelo NASF, toda a equipe passa a se co-responsabilizar pela saúde da população atendida, diminuindo significativamente as filas de espera para ingresso em atendimento, principalmente em Saúde Mental. Além do saber tecnicista de cada profissional, a apropriação do território, concebido tanto como segmento de espaço físico, quanto como um lugar de expressão simbólico, ocupa papel fundamental no planejamento das ações em saúde na ESF. Desta forma, todo o trabalho está em constante movimento, porque o território também está em transformação. O NASF é um lugar de permanente construção. Palavras-chave: Saúde da Família, Apoio Matricial, Saúde Coletiva, Psicologia da Saúde. A PSicOLOGiA e A eSTRATéGiA de SAÚde nA FAMÍLiA: cOMPOndO SABeReS e FAzeReS Drª Carmen Lúcia Cardoso FFCLRP/USP O PSicÓLOGO nO SUS: ReFLexõeS SOBRe A ATUAÇãO eM ATenÇãO PRiMáRiA à SAÚde Drª Claudia Lins Cardoso UFMG deBATe 3 éTicA, FiniTUde e SUS: UMA qUeSTãO de HUMAnizAÇãO cUidAdOS PALiATivOS: PAcienTe, FAMÍLiA e eqUiPe Drª Elisa Miranda Aires ICESP Cuidado paliativo, conforme a Organização Mundial da Saúde (2000), é definido como: “Cuidado ativo e total do paciente cuja doença não responde ao tratamento curativo. O controle da dor, de outros sintomas e de problemas psicológicos, sociais e espirituais é fundamental. O objetivo do cuidado paliativo é a obtenção da melhor qualidade de vida para o paciente e sua família. Muitos aspectos dos cuidados paliativos também são aplicáveis logo no início do curso da doença, junto com o tratamento curativo específico”. Vimos assim que visa conforto em todas as esferas do ser humano e portanto implica trabalho em equipe e cuidado do binômio paciente e família. Qualquer paciente crônico em fase avançada de vida (e não somente pacientes em fase final de vida) já é candidato a receber cuidado paliativo, mesmo ainda recebendo “tratamento curativo”. Quando o paciente se encontra nesta fase muitas vezes o médico que o acompanha solicita o Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 31 apoio conjunto ou a transferência para a equipe de cuidados paliativos. É feita uma avaliação detalhada de todos os seus sofrimentos: físicos, psíquicos, sociais e espirituais. Cada sofrimento potencial deve ser questionado ativamente, valorizado e abordado pela equipe. Sintomas como dor, depressão, astenia, medo da morte, sensação de falta de sentido na vida, hiperreligiosidade e desespero, entre outros são bastante freqüentes nesta fase de doença. À medida que a morte se aproxima todos os sofrimentos tendem a se intensificar e a equipe deve se colocar cada vez mais disponível ao atendimento do paciente e familiares. Abordagem da dor e demais sofrimentos físicos deve ser rigorosa, esforços devem ser feitos na realização de desejos, incluindo alimentação, resgate de vínculos familiares perdidos, respeito à autonomia, planejamento terapêutico conjunto, incluindo a possibilidade de sedação se necessária, comunicação franca e respeitosa, abordagem ao sofrimento espiritual e psíquico. A família deve ser apoiada em todos os momentos desta dolorosa trajetória. Os familiares mais próximos, em geral, têm suas vidas bastante desorganizadas para cuidar de seu familiar doente, além do sofrimento emocional pelo luto antecipatório. Informações verdadeiras e freqüentes devem ser dadas, treino para cuidados em domicílio quando for o desejo, apoio psicológico, social e espiritual também são fundamentais. Outro aspecto não menos importante é a detecção de familiares em risco para luto complicado e a abordagem psicológica e/ou psiquiátrica profilática dos mesmos, assim como abordagem a todos os enlutados em sua fase precoce de luto. E a equipe de cuidados paliativos que lida com um dia a dia de muitas perdas, sobrecarga de trabalho, sobrecarga psicológica por familiares e pacientes não preparados para a morte, não pode ficar sem cuidados. Há um grande risco da sensação de frustração e impotência principalmente se não se conseguir alívio pleno de sofrimento e houver grande vínculo com o paciente. Para que o adoecimento não ocorra (burnout) é necessária uma atenção especial geralmente por uma supervisão do grupo de saúde mental. ATendiMenTO dOMiciLiAR: ATenÇãO AO cUidAdOR e AO PAcienTe Drª Cláudia Fernandes Laham DIP-ICHCFMUSP Os pacientes que recebem assistência domiciliar são, em sua maioria, portadores de doenças crônicas e idosos, havendo ainda aqueles mais jovens que sofreram algum acidente que deixou dificuldades de locomoção ou que são portadores de doenças degenerativas. O fato de a pessoa saber-se doente provoca, muitas vezes, sentimentos de ansiedade, quadros depressivos e angústias diversas. Tal também é o estado de pessoas que se dispõem a cuidar desses pacientes, em geral familiares ou amigos próximos. Assim, tanto pacientes como cuidadores poderão necessitar de acompanhamento psicológico para lidar de forma mais satisfatória com a situação de doença e tratamento. Porém, isso não é imperativo para todas as pessoas, sendo preciso realizar avaliação psicológica de cada um para perceber a real necessidade de acompanhamento, ou pelo menos alguma orientação. Várias dessas pessoas que recebem uma equipe de saúde em suas residências recebem cuidados paliativos, estando fora de possibilidades terapêuticas de cura. Mesmo para eles e seus cuidadores é importante que o psicólogo vá para o atendimento sem ideias pré-concebidas, como, por exemplo, esperando encontrar grande medo da morte. Isso pode acontecer, mas também podemos encontrar pacientes que entendem a morte como a fase final da vida, encarando sua proximidade com naturalidade. Assim, a angústia pode ter outros motivos, como a preocupação com o sustento da família após ocorrer o falecimento. Após avaliação psicológica individualizada de cada caso, uma vez detectada a necessidade de acompanhamento psicológico, pode-se oferecer aos pacientes e/ou cuidadores uma psicoterapia breve, alguma orientação ou encaminhamento para outro tipo de acompanhamento psicológico. A orientação ou a psicoterapia grupal costumam ser eficazes para os cuidadores, que têm a chance, no grupo, de encontrar outras pessoas que passam por situações parecidas e trocar experiências, identificar-se com os outros e perceber que não estão sozinhos em suas dores e dificuldades. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 32 PeRSPecTivAS éTicO-jURÍdicAS dA MORTe: eUTAnáSiA, diSTAnáSiA e ORTOTAnáSiA Profª Drª Maria do Patrocínio Tenório Nunes HCFMUSP / CREMESP SiMPÓSiO 3 PSicOLOGiA, SUS e TRAnSTORnOS ALiMenTAReS: FORMAS de TRATAR O ATendiMenTO AOS TRAnSTORnOS ALiMenTAReS nO BRASiL Drª Tatiana Moya Associação Brasileira de Psiquiatria TRATAMenTO HOSPiTALAR dA AnORexiA e BULiMiA neRvOSAS Dr. Fabio Tapia Salzano IPq- HCFMUSP ABORdAGeM PSicOTeRáPicA de GRUPO eM AnORexiA neRvOSA e BULiMiA neRvOSA Dr. Alexandre Pinto de Azevedo IPq- HCFMUSP cOnFeRÊnciA 7 TRAnSTORnOS ALiMenTAReS e OBeSidAde eM OUTRAS cOndiÇõeS MédicAS: GRAndeS RiScOS nO HOSPiTAL PÚBLicO Dr. Niraldo de Oliveira Santos DIP-ICHCFMUSP A relação do humano com a alimentação evidencia a disjunção entre a necessidade e o prazer e se impõe ao organismo como uma das funções de suma importância para a manutenção ou promoção da saúde, bem como o seu contrário; graves alterações no padrão alimentar estão associadas a uma série de complicações orgânicas e psíquicas, configurando-se em um grande risco para os pacientes e para o sucesso das terapêuticas no hospital público. De acordo com pesquisa IBGE divulgada em 2010, o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos; entre os sujeitos acima de 20 anos, 48% das mulheres e 50,1% dos homens brasileiros estão com sobrepeso. O efeito da obesidade no organismo leva a complicações importantes em órgãos e sistemas como: hipertensão arterial sistêmica, doença cardiovascular, asma, apneia do sono, refluxo gastroesofágico, doenças osteometabólicas, câncer, disfunção sexual, infertilidade, além de quadros psíquicos Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 33 como a depressão e outros prejuízos na qualidade de vida do paciente. Em outra vertente, e seguindo o modelo americano, a epidemia de obesidade gera uma tensão que move um número considerável de sujeitos para o outro extremo, ocasionando uma excessiva preocupação com o peso e a imagem corporal. Nestes casos, a presença de quadros de anorexia e bulimia, que per si implicam em grandes riscos à saúde, evocam ainda mais os profissionais de saúde quando aparecem em gestantes, mimetizando quadros de hiperemese; nestes casos, o risco se dá tanto para a mãe quanto para o bebê. Segundo pesquisa realizada por Chisawsky (2006), 3 de cada 100 mulheres poderiam apresentar um transtorno alimentar diagnosticado durante a gestação. Em nosso meio, em pesquisa realizada com 40 gestantes que se encontraram no ambulatório da Divisão de Clinica Obstétrica aguardando para a realização de exame de ultra-sonografia, 17,5% apresentaram diagnóstico de transtorno alimentar. A conferência abordará os riscos dos transtornos alimentares e obesidade no hospital público associadas a outras condições médicas, e discorrerá a respeito das possíveis intervenções psicológicas e interdisciplinares voltadas para estes casos no Sistema Único de Saúde (SUS). cOnFeRÊnciA 8 AvALiAÇãO PSicOLÓGicA dA SAÚde: UM cAMPO eM cOnSTRUÇãO Dr. Claudio Garcia Capitão Universidade São Francisco Este trabalho tem como objetivo apontar a importância da avaliação psicológica no contexto da saúde. A psicologia da saúde vem se constituindo como uma das formas de compreender o adoecimento e as maneiras pelas quais o homem pode manter-se saudável. Atualmente, a psicologia na saúde ganha espaço e importância em âmbitos multi e interdisciplinares para a compreensão dos vários fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento. Entre seus objetivos, destacam-se a promoção e a proteção da saúde, prevenção e tratamento de enfermidades, identificação de etiologias e disfunções associadas às doenças, bem como propor melhorias no sistema de cuidados e nas políticas públicas de saúde. A Avaliação psicológica no contexto da saúde é um dos mais importantes recursos para a sistematização dos vários aspectos do funcionamento dos usuários dos serviços de saúde e na elaboração de protocolos, podendo desempenhar um relevante papel social, como ajudar a documentar a efetividade ou não de um tratamento por que passa um paciente, caracterizar a população atendida, traçar estratégias de intervenção, prevenção e profilaxia no campo da saúde. Palavras-chave: avaliação psicológica; estratégias de intervenção; protocolos de avaliação; psicologia na saúde. MeSA RedOndA 7 nOvAS PROPOSTAS: O PSicÓLOGO cOMO ReSidenTe nO SUS A ReSidÊnciA MULTiPROFiSSiOnAL cOMO eSTRATéGiA de qUALiFicAÇãO de PROFiSSiOnAiS PARA ATUAÇãO nO SUS Drª Maria Luiza de Oliveira Teixeira COREMU-UFRJ A atenção à saúde no Brasil tem investido na formulação, implementação e concretização de políticas de promoção, proteção e recuperação da saúde. Há um grande esforço na construção de um modelo de atenção à saúde que priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos e coletivos (MS, PNS, 2006). Neste sentido, a formação de recursos humanos voltados para o SUS Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 34 se torna imperativo face ao desafio de tomar os princípios do SUS no que eles impõem de mudança dos modelos de atenção e de gestão das práticas de saúde. A análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela centralidade dos sintomas (BRASIL, PNAS, 2006). Ressalta-se a necessidade de valorização dos diferentes sujeitos (atores sócio/ políticos: usuários, profissionais e gestores) implicados no processo de produção em saúde e da contribuição na qualificação de profissionais, especialmente no que se refere à efetivação de uma gestão que inclui a participação dos sujeitos nas unidades de saúde. Propõem-se o desenvolvimento de profissionais que compartilhem suas ações, com foco nas necessidades dos usuários. A viabilização deste modelo iniciou-se com a implantação da Estratégia de Saúde da Família no Brasil que gerou uma pressão de mercado e uma revisão, por parte da academia, do paradigma flexneriano, ainda hegemônico no modelo de assistência a saúde. Esta concepção, baseada no modelo biológico, médico esta centrada na ênfase individual. Prioriza o atendimento terapêutico curativo, a medicina clínica, atrelado a incapacidade para o trabalho e ao risco, não oferecendo solução satisfatória para a melhoria das condições de saúde da coletividade (VILAÇA, 1999). Esta transição paradigmática vem promovendo o reordenamento do modelo assistencial que enfatiza os três níveis de atenção à saúde (básica, média e alta complexidade), consolidando os princípios e diretrizes do SUS com destaque a Política Nacional de Humanização, a integralidade, a hieraquização e a regionalização. A prática na área da saúde deve estar articulada com ações de promoção, prevenção, sem desconsiderar a reabilitação e o tratamento. O novo paradigma de formação, preconizado pelo SUS, tem como eixo a produção social da saúde. Enfatiza a qualidade de vida, os determinantes do processo saúde e doença de ordem social, cultural, política e econômica, com ênfase em uma cidadania ativa por parte de usuários e trabalhadores de saúde na gestão das ações inerentes ao SUS. A implementação dos Programas de Residências Multiprofissionais de Saúde no Brasil tem como objetivos possibilitar tanto a formação permanente em serviço de profissionais da rede SUS, quanto contribuir com a reflexão da própria academia no que diz respeito aos modelos assistenciais, visando um processo de trabalho que considere os seguintes elementos estruturantes de intervenção dos profissionais na área da saúde: assistência integral, contínua e organizada ao usuário; mecanismos de referência e contra-referência; investigação, planejamento, acompanhamento, diagnóstico, monitoramento e avaliação; trabalho interdisciplinar; humanização da assistência; controle social. ReSidÊnciA MULTiPROFiSSiOnAL: deSAFiOS PARA A FORMAÇãO dO PSicÓLOGO nO SUS Drª Maria Lívia Tourinho Moretto DIP-ICHCFMUSP As residências multiprofissionais e em área profissional da saúde foram criadas a partir da promulgação da Lei n° 11.129 de 2005 e são orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e abrangem as profissões da área da saúde, a saber: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. A Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 015/2007 define Residência em Psicologia na área de Saúde como um programa de pós-graduação “lato sensu” para a formação de especialistas nesta área, constituído fundamentalmente por treinamento em serviços de elevada qualificação. Obedece a um programa com conteúdo de natureza assistencial, educativa, administrativa e de investigação científica, de modo a atender às necessidades da população e ao perfil epidemiológico das diversas regiões do país. O enfoque desta residência é capacitar o psicólogo para trabalhar em instituições nos três níveis de atenção à saúde, preparando-o para prestar uma assistência multi e interdisciplinar, integral e comprometida com o bem-estar do paciente, considerando a Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 35 comunidade na qual está inserido. O principal desafio para a formação do psicólogo no SUS passa pela ampliação do escopo teórico tradicionalmente voltado para a clínica privada de modo a instrumentalizar o psicólogo da saúde a lidar com o sofrimento psíquico a partir de estratégias que enfoquem a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento, considerando as demandas específicas e os contextos sociais em que o trabalho se desenvolve. iMPLAnTAÇãO dO PROjeTO de ReSidÊnciA eM OdOnTOLOGiA HOSPiTALAR nO HOSPiTAL dAS cLÍnicAS Drª Eliane de Fatima Gomes Barbosa Prado IPq-HCFMUSP MeSA RedOndA 8 PSicOLOGiA, SUS e ABORTO: ATenÇãO à SAÚde dA MULHeR AvALiAÇãO PSicOLÓGicA e inTeRRUPÇãO jUdiciAL dA GeSTAÇãO nOS cASOS de MALFORMAÇãO FeTAL LeTAL Drª Gláucia Rosana Guerra Benute DIP-ICHCFMUSP Falar sobre interrupção da gravidez é evocar, ao mesmo tempo, questões de ordem religiosa, cultural, penal, e emocional. Neste trabalho serão considerados apenas os aspectos legais e emocionais. A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu artigo 5º, consagra a vida como direito fundamental e inviolável. Entretanto, o Código Penal determina que o aborto não é punido quando é necessário para preservar um bem maior, a vida da gestante ou a honra da mulher violentada. No inciso I, o aborto é justificado por estado de necessidade – salvar a vida materna. No inciso II, o aborto é chamado sentimental e objetiva preservar a mulher de violência sofrida. No primeiro caso, o direito reconhece a soberania do valor da vida materna à vida do feto. No segundo, reconhece a autonomia da gestante em preservar ou restaurar sua dignidade em detrimento da vida do feto. Não há legislação específica sobre a interrupção da gravidez nos casos de malformação fetal letal, por isso é necessária a solicitação de alvará judicial, que tem como objetivo descaracterizar o ato do crime de aborto e possibilitar o atendimento da gestante, tanto em hospital público como em hospital privado. Assim, as decisões judiciais se baseiam em uma interpretação da lei. Por se tratar de interpretação, essa pode se posicionar tanto favoravelmente como contrária ao aborto, nos casos de anomalia incompatível com a vida. A partir de 1993, mais de 2000 alvarás foram concedidos no Brasil, não só para os fetos com diagnóstico de anencefalia, mas para todas as anomalias incompatíveis com a vida. A experiência obtida com os atendimentos realizados na Divisão de Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da FMUSP em um período de 10 anos possibilitou a realização de diversos estudos que permitem afirmar que: ao gerar um filho malformado os pais geralmente sentem que o pior de si mesmo foi passado ao filho; a realização de exames e procedimentos diagnósticos desencadeia reações de ansiedade e medo e o diagnóstico de malformação transforma a gestação em pesadelo, precipitando sentimentos de tristeza, decepção, fracasso, angústia e impotência. Após o diagnóstico de malformação fetal letal é comum períodos de negação com buscas de novas opiniões para “confirmar”, preferencialmente não confirmar, esse diagnóstico. Independentemente do desejo ou não pela gravidez e do número de filhos vivos, a sensação de gerar um bebê que já traz consigo a morte, enche de medo e tensão. A tomada de decisão sobre interromper ou não a gravidez após diagnóstico de letalidade fetal enAnais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 36 volve sentimentos ambivalentes de amor e ódio; vida e morte; desejo e realidade. Este momento do diagnóstico propicia “um caos” temporário com perda do raciocínio lógico, não permitindo reflexões imediatas. A aprovação judicial para interrupção representa a aprovação social. As angústias vivenciadas no processo de decisão pela interrupção ou manutenção da gravidez são intensas e demonstram como o processo de reflexão, propiciado pela avaliação psicológica, é de fundamental importância para decisão consciente, e para posterior satisfação com a escolha realizada. Palavras-chave: Feto/anormalidades, Aborto legal, Complicações da gravidez, Anencefalia, Entrevistas. O FiLHO MALFORMAdO decORRenTe de TenTATivA de ABORTO PROvOcAdO: LiMiTeS e POSSiBiLidAdeS dO ATendiMenTO PSicOLÓGicO à GeSTAnTe Drª Fátima Bortoletti UNIFESP ABORTO: A ATUAÇãO dOS PROFiSSiOnAiS de SAÚde eM cOnSOnânciA cOM OS ASPecTOS éTicOS e LeGAiS Profª Drª Roseli Mieko Yamamoto Nomura HCFMUSP A atualização constante sobre as normas legais é aspecto exigido a todos os profissionais da saúde. Além disso, cada profissional atua em conformidade com o que é preceituado pelos seus respectivos códigos de ética profissional, que é o conjunto de regras morais de conduta que cada profissional deve atender para valorizar sua classe e bem servir aos que dela dependem. Assim, para o exercício da profissão, é essencial que a ética profissional relacione-se aos seguintes aspectos: adequada relação com o paciente, respeito ao sigilo profissional, honestidade na conduta e relação de respeito entre profissionais. No atendimento à mulher que apresenta-se em processo de abortamento, quer espontâneo ou provocado, é imprescindível que os profissionais da saúde atuem de forma ética, e para isso é necessário o conhecimento dos aspectos legais. A legislação permite duas formas de aborto legal (artigo 128 do Código Penal): o aborto necessário quando não existe outro meio de salvar a vida da mulher e o aborto nos casos em que a gravidez resulta de estupro. Além disso, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Existem recomendações específicas do Ministério da Saúde (Brasil, “Atenção Humanizada ao Abortamento”, 2005) que orientam a atuação dos profissionais da saúde nos casos do aborto legal. Não existe a obrigatoriedade do boletim de ocorrência nos casos de estupro, pois a elaboração desse documento traz constrangimento ao se relatar a violência sofrida, situação que fere o princípio da dignidade da pessoa humana. O sigilo deve ser respeitado, por ser direito da mulher. Diante de situações de abortamento, nenhum profissional de saúde pode comunicar o fato à autoridade policial, judicial, nem ao Ministério Público, pois o sigilo é dever legal e ético. O sigilo somente pode ser quebrado para proteção da mulher e com o seu consentimento. O não cumprimento da norma legal pode ensejar procedimento criminal, civil e ético profissional contra quem revelou a informação. Nas situações de interrupção da gestação por anomalia fetal letal, incompatível com a vida, é necessário solicitar a autorização judicial para o aborto. Essa autorização é solicitada ao juiz da comarca do local de residência da mulher, mediante apresentação de petição da mulher expressando claramente o desejo da interrupção, acompanhada de laudos médico e psicológico. A objeção de consciência é um direito à liberdade individual. Deve-se reconhecer como legítimo o direito do profissional de saúde não ser obrigado a realizar quaisquer procedimentos, exceto por encargos legais compulsórios, onde Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 37 possam ser violadas convicções de foro íntimo. Entretanto, essa recusa não deve violar o direito de outrem, e existe a obrigação ética de referenciar a paciente. Ao apresentar objeção de consciência para participar da realização do aborto, o profissional tem obrigação ética de informar adequadamente a paciente, e referenciar a mesma, em tempo, para outro profissional que possa substituí-lo em sua atuação. Portanto, a atuação dos profissionais de saúde no atendimento à mulher nos casos de aborto deve estar em consonância com as normas éticas e legais vigentes. MeSA RedOndA 9 PSicOLOGiA, OBSTeTRÍciA e GinecOLOGiA: PROMOÇãO e PRevenÇãO eM SAÚde inFeRTiLidAde: A BUScA inceSSAnTe PeLA GeSTAÇãO Drª Julieta Quayle Universidade Anhembi-Morumbi Pode causar estranheza a inclusão do tema “infertilidade” em uma mesa que se propõe a tratar de temas voltados à promoção e à prevenção em saúde. Tal tema é mais freqüentemente abordado no contexto terapêutico propriamente dito, onde a busca constante de novas gestações que terminam em perdas gestacionais, sucessivamente, provoca preocupação do profissional de saúde que então busca o concurso do profissional de saúde mental para o tratamento- leia-se psicoterapia- da mulher e seu companheiro. É de fato extremamente agradável ver que os anos trouxeram melhor compreensão do fenômeno em pauta e, com ela, a preocupação de lidar com as perdas gestacionais e suas repercussões emocionais de forma mais abrangente e efetiva. Se há 30 anos até o pensar o abortamento espontâneo recorrente sob a vertente de suas conseqüências psicológicas soava como cuidado exagerado face à realidade imposta pela natureza, a atualidade se debruça sobre possíveis formas de evitar maiores danos e sofrimento aos indivíduos que, independentemente de sua vontade manifesta não conseguem realizar o que acreditam ser seu desejo: ter filhos biológicos a partir de uma gestação com características próximas às tradicionais. Esse novo olhar possibilitou que se buscasse compreender os desenhos do desejo desses casais bem como pensar formas de intervenção que fossem além da “elaboração do luto pela perda”- evidentemente, aqui não de trata exclusivamente de uma perda gestacional, mas de uma ferida narcísica importante. Nessa abordagem preventiva e de promoção em saúde, é essencial que se compreenda o significado disto e o lugar que a própria perda gestacional ocupa na vida psíquica desse casal, resistindo à tentação de catalogar essa busca incessante sempre como mero corolário de mecanismos associados a estruturas obsessivo-compulsivas ou psicossomáticas, mas dando voz ao sujeito em sua singularidade. GeSTAÇãO nA AdOLeScÊnciA: TeM qUe PReveniR? Drª Edna Maria S. Peters Kahhale PUCSP Esta apresentação trabalhará com a concepção que a adolescência é uma construção historicamente determinada. Há marcas que a sociedade destaca e significa para identificar a adolescência. Mudanças no corpo e no desenvolvimento cognitivo são marcas que a sociedade destacou para identificar adolescência. Muitas outras coisas podem estar acontecendo nesta época da vida do indivíduo e não são destacadas. As características fisiológicas não são tomadas enquanto tal; são significadas, tem significado, para diferentes grupos sociais e culturais, a condição para a introdução Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 38 dos meninos e meninas no universo adulto. É importante perceber que a totalidade social é constitutiva da adolescência, ou seja, sem estas condições sociais a adolescência não existiria ou não seria esta da qual falamos. Não estamos nos referindo, portanto, a condições sociais que facilitam, contribuem ou dificultam o desenvolvimento de determinadas características do jovem; estamos falando de condições sociais que constroem uma determinada adolescência. Criando a contradição básica que a caracteriza: os jovens vão apresentando todas as possibilidades de se inserirem na sociedade adulta, em termos cognitivos, afetivos, de capacidade de trabalho e de reprodução. No entanto, a sociedade adulta vai lhes tirando aos poucos a autorização para esta inserção. O jovem vai ficando distante do mundo do trabalho e com isto, vai ficando distante das possibilidades de obter autonomia e condições de sustento. Vai aumentando o vínculo de dependência do adulto, apesar de já possuir todas as condições para estar na sociedade de outro modo. É dessa relação e de sua vivência enquanto contradição que se constituirá grande parte das características que compõem a adolescência. A rebeldia, a moratória, a instabilidade, a busca de identidade e os conflitos. Dentro deste quadro, a gravidez na adolescência configura-se como uma problemática de saúde pública a partir do século XX, quando se espera que os jovens se qualifiquem profissionalmente e se insiram no mercado de trabalho antes de constituírem família. Ou seja, que a via de constituição da identidade se dê pela profissionalização e não via a identidade de gênero tradicional de masculino e feminino. Homens como provedores e mulheres como mães. Vivemos um processo de construção e ampliação das possibilidades da identidade de gênero feminino como mãe, mulher/companheira, profissional autônoma e independente. A gravidez na adolescência interrompe este processo de ampliação do feminino, é a via de parte das jovens se inserirem no mundo adulto e negarem e ou dificultarem outras possibilidades identitárias, uma vez que aumentam ainda mais sua dependência das relações familiares. Ainda é muito forte na nossa sociedade a função materna como constituinte do feminino. As jovens não engravidam por desconhecer métodos anticonceptivos ou por comportamentos sexuais promíscuos, elas engravidam como um processo de se constituir como adultas: ser mulher é ser mãe! A prevenção da gravidez na adolescência implica no trabalho de assistência às famílias e jovens na direção de ampliação das possibilidades do feminino e masculino, novos modelos, potencializando seu protagonismo e superando as contradições que infantilizam os jovens e os impedem de se constituírem como sujeitos no melhor que o humano já conseguiu. Palavra chave: adolescência, gravidez, relações de gênero. ALTeRAÇõeS cOGniTivAS eM MULHeReS cOM qUAdROS dePReSSivOS nA TRAnSiÇãO MenOPAUSAL Drª Maria Fernanda Gouveia da Silva DIP-ICHCFMUSP Há previsões que, durante a próxima década, cerca de 20% do total de mulheres no mundo irá chegar a transição menopausal em função do envelhecimento da população mundial, decorrente do aumento da expectativa de vida e da diminuição da mortalidade. Esse aumento da expectativa de vida das mulheres ocorre quando muitas se mantém ainda ativas do ponto de vista econômico e social e, atingem esta fase buscando uma melhor qualidade de vida. Este é o período da vida reprodutiva feminina é marcado por várias modificações, entre elas hormonais, metabólicas, funcionais, psíquicas e cognitivas. Dentre as principais alterações psíquicas podem ser encontradas a perda da auto-estima, labilidade afetiva e irritabilidade, prejuízo na adaptação social, além de queixas relacionadas à esfera sexual. Essas alterações variam em grau de intensidade de mulher para mulher, havendo porcentagem significativa da população feminina que passam a apresentar quadros depressivos nessa etapa da vida. A etiologia dessas alterações pode estar relacionada a aspectos psicossociais que incluem transformações nos papéis familiares, mudanças no suporte social, perdas interpessoais, além do próprio envelhecimento. A outra hipótese etiológica, o “efeito dominó”, propõe que desconfortos físicos advindos da alteração dos níveis de estrogênio são provocadores do surgimento de sintomas depressivos. Por último, a hipótese Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 39 neuro-hormonal postula que o estrogênio teria como efeito a potencialização da ação da serotonina e da noradrenalina e inibição da monoaminonoxidase (MAO), nerotransmissores importantes na terapêutica antidepressiva. Dentre as mudanças cognitivas há uma prevalência acentuada quanto às alterações atencionais e, principalmente mnésticas. Vários estudos têm fornecido informações de que o estrogênio afeta tanto a morfologia quanto a neurotransmissão de áreas que são conhecidas por mediarem o funcionamento da memória e da atenção. O estrogênio é um esteróide neuroativo cujos receptores podem ser encontrados em várias áreas cerebrais, incluindo córtex cerebral, hipotálamo, pituitária e sistema límbico, incluindo a amígdala, e o hipocampo, área reconhecidamente envolvida na aprendizagem e memória. Esse hormônio promove alterações neuroanatômicas e neurofisiológicas na estrutura cerebral que podem explicar sua influência nas funções cognitivas. Inicialmente, ele aumenta a atividade da acetilcolinetransferase (ChAT), a enzima necessária para sintetizar a acetilcolina, intensificando a função colinérgica, além de intensificar a sinaptogênese no hipocampo. Com a diminuição da produção hormonal, essas funções ficam comprometidas causando os déficits mnésticos e atencionais. Muitos estudos veem sendo realizados para verificar a influência do estrogênio tanto nas alterações psíquicas quanto cognitivas e sua possível interrelação. No entanto, em sua maioria, estes trabalhos avaliam mulheres na pós-menopausa, verificando a melhora dos sintomas, principalmente depressivos. Ao se estudar este período transição menopausal, acaba-se por deixar de lado estudos que poderiam servir com ação preventiva e redução, não somente destes sintomas, mas também de sintomas cardiovasculares e metabólicos características desta fase reprodutiva feminina. SiMPÓSiO 4 PSicOLOGiA, SUS e OncOLOGiA: diAGnÓSTicO e TRATAMenTO nA ATenÇãO TeRciáRiA O GeRAL e O PARTicULAR nO TRABALHO PSicOLÓGicO AO PAcienTe cOM cânceR Drª Maria Lúcia Cardoso Martins DIP-ICHCFMUSP O avanço da ciência na luta contra o câncer evolui significativamente a cada década. Porém ainda está longe de se tornar uma doença de baixo impacto de sofrimento. As melhorias do tratamento também requerem novos manejos no trabalho psicológico, onde não mais se discute (é fato) que a terapêutica de ponta engloba condutas multidisciplinares e não mais um aglomerado de intervenções isoladas no manejo do paciente. São tratamentos de alta complexidade, seja no SUS ou particular e com alto custo financeiro e emocional. Políticas de trabalho no campo da psicologia incluem intervenções que englobem priorizar conflitos em comum como impacto de diagnóstico e percurso do tratamento a ser seguido. Mas também as singularidades do sujeito (o que desta vivência o faz sofrer?). Intervenções com familiares e equipe multidisciplinar não podem estar fora do campo de atuação do psicólogo que trabalha em Oncologia. Os pacientes oncológicos hoje sobrevivem e vivem mais e isso requer condutas terapêuticas que possam auxiliar a capacidade de resiliência, a reorganizar sua vida, com novas (im)possibilidades, novos valores, novos medos, após a experiência de tratar de um câncer. A forma como ele irá enfrentar as incertezas, carregadas de ansiedade e temores ao longo do tratamento, irá influenciar significativamente as suas escolhas futuras e o sentido de existir. O fantasma da recidiva, juntamente com o grau de comprometimento da qualidade de vida, são os principais geradores de conflitos, que podem ser melhor elaborados quando um trabalho efetivo ocorre durante o percurso do tratamento. Por fim, as políticas de saúde necessitam investir mais no crescimento e aperfeiçoamento dos profissionais da saúde para fazer frente às questões humanas que englobem vida e morte. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 40 SAÚde dA MULHeR e OncOLOGiA: TRATAMenTO PSicOLÓGicO eM PAcienTeS cOM cânceR de MAMA Drª Eliane Moscoso Braga Teixeira INCA O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, sendo o segundo tipo mais frequente de câncer no mundo. Com altas taxas de incidência e mortalidade, é considerado um problema de saúde pública. No Brasil as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas e dados estatísticos do Instituto Nacional de Câncer (INCA) demonstram que a maioria das pacientes, ainda hoje, inicia seu tratamento em estágio avançado de doença, o que implica na necessidade de realização de cirurgias radicais e mutiladoras. No Setor de Psicologia do Hospital do Câncer III do INCA, o atendimento psicológico se inicia com a definição do tratamento tendo como finalidade facilitar a adesão, a participação ativa do paciente em todo o processo e favorecer o melhor enfrentamento da doença e do tratamento. Utiliza-se entrevista semi-estruturada, individual e o trabalho desenvolvido abrange todo o curso do tratamento oncológico sendo realizado em ambulatório e/ou durante o período de internação hospitalar. Além do atendimento individual ao paciente, a assistência se estende à esfera familiar. O atendimento psicológico também é realizado através de trabalhos em grupo, alguns de forma multidisciplinar, como o Grupo Qualidade de Vida. A precocidade do atendimento e sua continuidade ao longo de todo processo de tratamento oncológico, minimiza a ocorrência de distúrbios psicológicos graves. Os resultados mais evidentes do atendimento psicológico estão relacionados à melhor capacidade de enfrentamento da doença, a elaboração das perdas vivenciadas e fantasias de morte iminente, ao maior grau de adaptação das alterações de imagem corporal e limitações físicas decorrentes do tratamento, à superação de dificuldades relacionadas à sexualidade e, ainda, ao favorecimento da inserção familiar nessa nova etapa. A investigação de fatores subjetivos que interfiram na aceitação e ajustamento à doença e ao tratamento, também possibilita a construção de melhores estratégias de intervenção no âmbito psicológico. SAÚde dO HOMeM e OncOLOGiA: inveSTiGAÇãO e TRATAMenTO PSicOLÓGicO de PAcienTeS cOM cânceR de PRÓSTATA Drª Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira DIP-ICHCFMUSP O câncer de próstata (CaP) é o segundo tumor maligno mais prevalente e quarta causa de óbitos no Brasil em homens após 50 anos. Está relacionado ao processo de envelhecimento, uma vez que sua incidência aumenta com a idade. O tratamento cirúrgico, prostatectomia radical (PR), é considerado o método mais eficaz para tumores localizados. Dentre as complicações cirúrgicas mais comuns, destacam-se a disfunção erétil e as perdas urinárias. Abordaremos o sofrimento emocional e impacto da doença e tratamento cirúrgico na vida de homens com CaP. Consideraremos o impacto psicológico da doença e tratamento cirúrgico no pré e pós operatório, identificando formas de percepção do CaP antes e após PR. Para tanto tomaremos os resultados de pesquisa clínica realizada com 52 homens acometidos por câncer de próstata antes e após o evento cirúrgico. Os resultados obtidos neste estudo apontam que o sofrimento emocional antes da cirurgia está relacionado às representações do CaP e suas associações com a identidade masculina. Tais associações contribuem para a compreensão das motivações subjetivas que incrementam resistências aos programas de detecção precoce de CaP e recusas em realizar tratamento cirúrgico. Processos psíquicos que envolvem doença e cirurgia se relacionam à morte e perda da identidade masculina. O câncer de próstata e possíveis sequelas da PR têm impacto significativo na sexualidade masculina em homens acometidos pela doença. O sofrimento emocional e ambivalência antes da PR estão relacionados ao desempenho sexual, visto que a virilidade é um dos aspectos que compõem as representações de masculinidade. A intervenção psicológica e a prática assistencial interdisciplinar são necessárias para abordar as questões que envolvem a saúde do homem. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 41 cOnFeRÊnciA 9 PSicOPATOLOGiA e diSFUnÇãO eRéTiL Drª Maria Virgínia Filomena Cremasco UFPR Objetiva-se apresentar, sob uma perspectiva psicanalítica, aspectos psicopatológicos de sujeitos com problemas eréteis. Da prática clínica e analítica com homens com problemas sexuais, propõe-se um diálogo de interface da psicanálise com a andrologia. Focaliza-se o sintoma do sujeito como sendo a disfunção erétil e a impotência a sua implicação subjetiva, seu pathos e dor psíquica. A hipótese é de que a impotência manifesta-se ou revela-se como expressão de aspectos psicopatológicos relacionados a falhas no processo de assunção à identidade masculina e da atribuição fálica. Conclui-se que a histeria, como paradigma, ilumina pontos comuns à impotência em diferentes estruturas psíquicas. No histérico, por não ter sido total ou verdadeiramente instituída, a angústia de castração fica à deriva, não podendo ser recalcada e sendo insuficiente para implementar a potência genital, representa uma ameaça real demais. É para não ter o falo e com ele admitir o limite da castração que os histéricos recusam-se a ter (só) o prazer sexual e a responder genitalmente à excitação. FÓRUM de enTidAdeS A SAÚde AindA é UM diReiTO de TOdOS? A PSicOLOGiA eM deFeSA dO SUS AdMiniSTRAÇãO PÚBLicA, ORGAnizAÇõeS SOciAiS e A PSicOLOGiA HOSPiTALAR nO MeRcAdO de TRABALHO BRASiLeiRO Dr José Neander Silva Abreu ABEP A PSicOLOGiA eM deFeSA dO SiSTeMA ÚnicO de SAÚde Drª Anice Holanda Nunes Maia Conselho Federal de Psicologia O ATendiMenTO PÚBLicO e PRivAdO: A dUPLA FiLA nOS ATendiMenTOS dO SUS Dra. Graça Maria de Carvalho Câmara Conselho Regional de Psicologia – 6ª região deBATe 4 ReABiLiTAÇãO de PAcienTeS cOM Avc: O qUe ReABiLiTAR? ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA dO Avc Drª Silvia Bolognani UNIFESP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 42 ReABiLiTAÇãO dA AFASiA APÓS Avc Drª Ana Maria Alvarez FMUSP Afasia é a perda da linguagem decorrente, na maior parte das vezes, de uma lesão no sistema nervoso central. Ocorre mais frequentemente no hemisfério esquerdo do cérebro. E acidentes vasculares, traumatismos encefálicos, tumores, infecções e processos degenerativos são as causas principais. Os quadros de afasia são variados, podendo ocorrer com distintos graus de acometimento. As estratégias de reabilitação diferem bastante de um quadro a outro e de acordo com o marco teórico adotado pelo especialista em reabilitação e pela equipe que acompanha cada caso. Adotando os princípios da aplicação da neurociência à reabilitação da afasia, pode-se dizer que os modelos de reabilitação admitem, pelo menos, quatro tipos de transformações adaptativas pós lesão: (1) expansão do mapa cortical por função sensorial/cognitiva; (2) transferência de função de uma região a outra; (3) substituição sensorial regional; (4) processamento alternativo, no qual uma função passa a ser processada por meio de outro sistema. Nesta apresentação serão discutidos modelos de comunicação funcional, o impedimento do processamento alternativo prolongado e o valor terapêutico potencial dos neurônios espelho. PeRSPecTivAS TeRAPÊUTicAS dA eSTiMULAÇãO MAGnéTicA TRAnScRAniAnA Drª Adriana Bastos Conforto USP A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma técnica que permite a estimulação elétrica do cérebro, de forma não invasiva. Na EMT, a variação rápida do campo magnético em uma bobina induz um campo elétrico, que pode levar à despolarização de neurônios cerebrais. Quando a EMT é administrada de forma repetitiva por alguns minutos, pode ter um efeito modulador sobre a área cerebral estimulada. Nos últimos anos, vem crescendo o interesse pelo potencial terapêutico da neuromodulação através da EMT. Em alguns países, agências de regulamentação de produtos e intervenções médicas aprovaram ou permitiram o uso da EMT para tratamento de depressão. Nesta apresentação, abordaremos as perspectivas terapêuticas do uso da EMT na reabilitação de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC). O AVC é a principal causa de morte no Brasil e de incapacidade no mundo, representando um enorme desafio para a saúde pública. A possibilidade de utilização da EMT como terapia adjuvante na reabilitação de pacientes com AVC tem sido explorada por vários grupos de pesquisa em todo o mundo. Enfocaremos os princípios básicos, questões de segurança, e o potencial da EMT na reabilitação motora e cognitiva em pacientes com AVC. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 43 MeSA RedOndA 10 PROTOcOLOS de AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM HOSPiTAiS PÚBLicOS PROTOcOLO de AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA nO inSTiTUTO cenTRAL dO HOSPiTAL dAS cLÍnicAS dA FMUSP Drª Melissa de Almeida Rodrigues Machado DIP-ICHCFMUSP Considerando as peculiaridades do atendimento em hospital público, uma bateria fixa de testes neuropsicológicos foi desenvolvida com o intuito de, ao mesmo tempo, oferecer assistência de qualidade e coletar dados para pesquisa objetivando analisar o desempenho de pacientes com baixa escolaridade acometidos de diversas patologias neurológicas. A avaliação neuropsicológica através deste protocolo considera funções cognitivas tais como eficiência intelectual, memória de longo prazo (episódica de evocação e reconhecimento) memória semântica e de curto prazo, nomeação, fluência verbal nominal e categórica, flexibilidade mental, abstração, velocidade de processamento de informação e função visuoperceptiva e vísuo-espacial. O conjunto de testes somado a uma entrevista de anamnese semi-estruturada perfaz aproximadamente 90 minutos, sendo passível de realização tanto em ambiente de enfermaria, durante a internação em fase aguda ou sub-aguda, quanto em ambulatório, já em fase crônica. PROTOcOLO de AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA nO HOSPiTAL UniveRSiTáRiO e ATendiMenTO AO SUS Drª Beatriz Baldivia UNIFESP PROTOcOLO de AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA nO HOSPiTAL de cLÍnicAS dA UFPR Drª Maria Joana Mader Joaquim UFPR A avaliação neuropsicológica específica para complementação da exploração diagnóstica em epilepsia tem por objetivo investigar sobre a complexa interação entre epilepsia e função cognitiva. Os procedimentos para investigação das alterações cognitivas nesta área exigem do profissional amplo conhecimento das técnicas de avaliação neuropsicológica e compreensão do espectro de apresentações clínicas das epilepsias. Um serviço especializado no atendimento de pacientes com epilepsias refratárias ao tratamento medicamentoso recebe pessoas com diversos tipos de epilepsias com uma ampla variação de sintomas cognitivos, que vão desde comprometimento acentuado sem condições de uma avaliação formal até pessoas cognitivamente muito bem desenvolvidas. As epilepsias de lobo temporal, são caracterizadas por manifestações relacionadas as áreas temporais, podem ser unilaterais e bilaterais, e são mais fortemente associadas as alterações de memória episódica. Estes tipos de epilepsias, em particular, são os mais freqüentes dentre os pacientes de difícil controle que podem se beneficiar de tratamento cirúrgico. Desta forma, a investigação de memória é uma parte fundamental dos serviços especializados. Considerando que o hemisfério esquerdo é dominante para a linguagem e o direito está mais associado Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 44 as funções visuo-espaciais, observa-se também uma correlação entre epilepsias de lobo temporal esquerdo e déficit de memória verbal e epilepsias de lobo temporal direito e déficit de memória visual. Sendo assim, os protocolos devem buscar a diferenciação e lateralização das funções. Já as epilepsias extra-temporais podem vir acompanhadas de alterações cognitivas envolvendo as funções de memória e/ou outros comprometimentos cognitivos. Os protocolos para avaliação pré-cirúrgica do Programa de Atendimento Integral as Epilepsias foram desenvolvidos em 1995, são constantemente atualizados acompanhando a literatura especializada, mas preservam uma estrutura básica. A avaliação de nível intelectual, tal como a maior parte da literatura preconiza, utiliza-se uma versão reduzida de nível intelectual estimado através dos subtestes de vocabulário e cubos das escalas wechsler. Deve-se ressaltar que a análise neuropsicológica observa mais os valores de escores ponderados dos testes, pois o QI é apenas um parâmetro de nível global de funcionamento. Considerando a análise das funções de linguagem, o subteste de Semelhanças permite avaliar as habilidades de raciocínio e conceituação verbal. As funções verbais são analisadas através dos exercícios neuropsicológicos de fluência verbal fonética e semântica. Já as funções visuo-espaciais são analisadas através do subteste de Cubos, subtestes Completar Figuras (wechsler) e cópia da Figura de Rey. Para a avaliação de memória episódica é absolutamente necessário seguir as diretrizes amplamente debatidas no meio cientifico internacional. Os protocolos de avaliação de memória devem obrigatoriamente incluir exercícios de memória verbal e visual. Os testes de Rey, Teste de Aprendizagem de Listas de Palavras e Teste da Figura Complexa de Rey, são os exercícios neuropsicológicos mais referendados. A avaliação neuropsicológica não é apenas um compilado de números. A analise qualitativa do desempenho do paciente em alguns testes é fundamental, para tanto o neuropsicólogo deve observar atentamente possíveis alterações de linguagem ou de praxias construtivas que podem colaborar na lateralização das funções. Os protocolos de investigação para os casos pré cirúrgicos não são fixos e absolutos, devem sim acompanhar a evolução das técnicas neuropsicológicas. cOMO eU FAÇO - diScUSSãO de cASOS cLÍnicOS eM ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM cRiAnÇAS cOM LeSõeS ceReBRAiS AdqUiRidAS Drª Claudia Berlim de Mello UNIFESP ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA nA FASe AGUdA e cRônicA eM PAcienTeS cOM TRAUMATiSMO cRânienceFáLicO Drª Paula Adriana Rodrigues de Gouveia Hospital Israelita Albert Einstein-SP Pacientes com Traumatismo Crânio-Encefálico grave podem apresentar alterações cognitivas e comportamentais que representam impacto significativo nos âmbitos pessoal, social e ocupacional. Na fase aguda de recuperação, após a remissão do período de coma, estes pacientes costumam evoluir para o período de Amnésia Pós-Traumática (APT), um período transitório, caracterizado por alterações da memória anterógrada, desorientação e confusão mental, além de prejuízos atencionais, agitação psicomotora, comportamentos regredidos, irritabilidade e labilidade emocional. Na fase aguda, a avaliação e o monitoramento cognitivo e comportamental do paciente Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 45 oferecem parâmetros objetivos de sua evolução para a equipe de saúde, além de facilitar o manejo do paciente e possibilitar o trabalho de orientação familiar. Na fase pós-aguda ou crônica, a avaliação neuropsicológica formal permite conhecer o perfil de funcionamento cognitivo detalhado do paciente, possibilitando a identificação de alterações que possam dificultar sua autonomia, assim como obter informações sobre habilidades preservadas, que podem ser exploradas como recursos durante a terapia. A elaboração do plano de reabilitação para estes pacientes deve estar voltada a metas realistas, focadas nas queixas trazidas por pacientes e familiares, sob uma perspectiva de longo prazo. O trabalho de reabilitação deve priorizar a adaptação para obtenção de ganhos funcionais, visando o aumento da autonomia do paciente em suas atividades diárias e na retomada de seus papéis na comunidade. PROGRAMAS PSicOedUcATivOS PARA cUidAdOReS de PAcienTeS cOM TUMOReS ceReBRAiS Drª Tatiana Bukstein Vainboim FMUSP introdução: O Glioblastoma Multiforme (GBM), tumor maligno do sistema nervoso central, é a forma mais agressiva e maligna entre os astrocitomas. Com tratamento padrão, o tempo médio de sobrevivência é de 10-12 meses. Uma vez que a família do paciente e os cuidadores familiares “adoecem” juntos, a ajuda psicológica às famílias é considerada essencial. Optou-se por criar um programa psicoeducativo para atender as necessidades psicossociais dos cuidadores atuando em dois níveis: terapêutico e educativo. Objetivo: Prestar apoio emocional aos cuidadores de pacientes portadores de GBM para promover condições para o uso produtivo de orientação e informação visando uma melhoria na qualidade de vida. casuística: Vinte cuidadores do Ambulatório de Tumores Cerebrais da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo participaram de um programa psicoeducativo, individualmente, composto por quatro sessões temáticas com 45 minutos de duração cada. Esses encontros foram realizados uma vez ao mês no ambulatório. Métodos: Utilizou-se uma Entrevista Psicológica Semi-Dirigida e o instrumento de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-bref. Posteriormente os participantes foram incluídos no Programa Psicoeducativo. Os instrumentos foram reaplicados, ao final, para comparar os resultados da qualidade de vida, após a intervenção psicológica. Resultados: O discurso do familiar é pautado pelo sentido de que a vida sofreu intensas mudanças. Os pacientes com GBM adquirem um alto grau de dependência dos cuidadores, que demonstram muitas vezes atitude de superproteção que pode resultar em infantilização do paciente. Em relação ao impacto psicossocial, ficou evidente a sobrecarga vivenciada, embora a maioria relate que se sente bem exercendo essa tarefa. Todos os participantes apresentaram melhora na qualidade de vida, principalmente no domínio psicológico. Tiveram suas dúvidas esclarecidas quanto à doença, tratamento, bem como se sentiram acolhidos e relataram que, após a participação no programa, conseguiram encontrar uma forma de estabelecer comunicação com o paciente. conclusões: O atendimento psicoeducativo se mostrou benéfico, de forma a orientar e informar, além de minimizar o stress desencadeado pela doença e permitir uma melhora no bem-estar e na qualidade de vida do cuidador familiar. Este vivencia o sentimento de perda iminente, desgaste físico e emocional, e muitas vezes, acaba por esquecer e ignorar seus próprios problemas partilhando os mesmos medos e angústias que o ente querido. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 46 cOnFeRÊnciA 10 inTeRdiSciPLinARidAde eM cUidAdOS PALiATivOS Dr. Marcos Montagnini Universidade de Michigan - EUA O Cuidado Paliativo enfoca o cuidado interdisciplinar ao paciente com doença crônica, progressiva e incurável, com ênfase aos aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais do paciente/ família. A provisão de CP é impossível sem a existência de uma equipe interdisciplinar eficiente e bem integrada. O objetivos desta palestra são: 1. Revisão da definição de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade; 2. Revisão do papel da equipe interdisciplinar em Cuidado Paliativo; 3. Discussão de obstáculos e medidas para abordar dificuldades no trabalho interdisciplinar; 4. Revisão das competências básicas em Cuidados Paliativos para o profissional de saúde; 5. Discussão dos elementos curriculares básicos para a educação em trabalho interdisciplinar. SiMPÓSiO 5 ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM cRiAnÇAS e AdOLeScenTeS ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA e USO dO videOGAMe e OUTRAS TecnOLOGiAS. viLãO OU MOcinHO? Dr. Thiago Strahler Rivero UNIFESP Atualmente boa parte dos jovens, adolescentes e jovens adultos passam parte de seu dia imersos em diversos tipo de atividades que podem ser consideradas do “tipo-jogo”, como mini jogosde facebook, orkut, celulares, ipad ou outras mais convencionais como os consoles da Microsoft (xbox), sony (playstation3) ou Nintendo (wii). Essa indústria rendeu no último ano cerca de 8.4 bilhões de dólares em estimativas conservadoras e tem a expectativa de ter algo em torno de 140 milhões de jogadores (jogos online) nos próximos anos. Diversas linhas de pesquisa no exterior e no próprio Brasil (ver AMITI, laboratório integrado dos transtornos do impulso) vem mostrando altas associações entre o uso de tecnologias e problemas de dependência, obesidade, problemas posturais, entre tantos outros. Entretanto, tão importante quanto esses estudos, estão as linhas de pesquisa que procuram compreender o impacto (tanto positivo, quanto negativo) do uso do videogame sobre a cognição. O objetivo desta apresentação é trazer a tona a discussão sobre o impacto cognitivo do uso do videogame e como ele pode ser utilizado para possíveis programas de reabilitação de funções cognitivas específicas. ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA nA deFiciÊnciA inTeLecTUAL: PLAnejAMenTO cOM BASe nA eTiOLOGiA Drª Anna Carolina Rufino Navatta Hospital Israelita Albert Einsten A American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD) define Deficiência Intelectual (DI) como uma limitação no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, originando-se antes dos 18 anos de idade. Sua etiologia pode ser genética, adquirida, ambiental e sociocultural. Tendo como foco a reabilitação neuropsicológica da DI de etiologia genética, o Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 47 conhecimento etiológico é um norteador quanto à abordagem de reabilitação. Paralelamente ao avanço da medicina genética clínica e molecular surgiu o termo fenótipo comportamental, que define que em algumas síndromes genéticas, existe um padrão de comportamentos, cognições, linguagem, atitudes motoras e sociais característico. Algumas síndromes genéticas possuem descrições e pesquisas em andamento acerca de seus fenótipos de comportamento. Podem ser citadas, a Síndrome de Down (SD) e Síndrome de Willians (SW). O perfil de funcionamento cognitivo na SD encontra-se em estudo, mas, já há dados estabelecendo um modelo neuropsicológico aplicado a essa população. Pessoas com SD, geralmente apresentam maior aproximação social, menor inibição e crivo social na vida diária. Tem dificuldades para iniciar e manter diálogos devido aos prejuízos nas habilidades de linguagem. A perda auditiva é comum, normalmente devido a quadros recorrentes de otite média, mas, não há estudos conclusivos sobre a associação entre perda auditiva e o déficit na linguagem (Vicari, 2006). O nível intelectual evidencia-se com variação entre deficiência de grau moderado a grave (QI entre 25 a 55). Diferentemente das crianças com desenvolvimento típico, as com SD apresentam redução de QI com a idade, provavelmente devido ao fato de que adultos com SD apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de quadros demenciais do tipo Alzheimer (Vicari, 2006). Pesquisas relatam alterações neurológicas na amígdala e lobo frontal na SD. Mas, evidências mais recentes, indicam que as alterações na amígdala são secundárias a um processo neurodegenerativo, sendo mais freqüentes em adultos com SD e quadro de demência do que em crianças com SD. Na Síndrome de willians, o nível intelectual pode variar de deficiência intelectual leve a moderada, ou apenas dificuldade de aprendizagem. As funções de memória auditiva e linguagem são as de maior potencialidade, sendo as funções visoconstrutivas caracterizadas como de dificuldade acentuada (Mervis e Klein-Tasman, 2000). Quanto aos aspectos comportamentais, pesquisas apontam tendência à alta sociabilidade e acentuada empatia. Quanto ao comportamento adaptativo, as habilidades de socialização, especialmente interpessoais, são em geral, bem desenvolvidas envolvendo a presença de iniciativa na interação social e facilidade na comunicação. Sendo essas as áreas consideradas de maior potencialidade nesses indivíduos. As áreas mais defasadas envolvem as habilidades motoras e da vida prática (Mervis e Klein-Tasman, 2000; Deutsch, Rosse e Scwartz, 2007). No contexto da reabilitação neuropsicológica, o conhecimento dos fenótipos de comportamento baseados na etiologia, pode ser utilizado no estabelecimento de metas, na escolha de estratégias mais eficazes, seleção da melhor via de recepção de informações e até mesmo quanto às adaptações necessárias a escola. Considerar a etiologia da DI pode propiciar importante hipótese inicial sobre as habilidades e as dificuldades geralmente presentes no indivíduo, o que interfere diretamente no planejamento de intervenções neuropsicológicas mais adequadas a esse público. nOvOS OLHAReS dA ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM cRiAnÇAS cOM AGeneSiA dO cORPO cALOSO Drª Beatriz Sant´Anna UNIFESP MeSA RedOndA 11 dO cOMPROMeTiMenTO cOGniTivO Leve (ccL) àS deMÊnciAS diAGnÓSTicO e inTeRvenÇõeS neUROLÓGicAS Drª Valéria Santoro Bahia HCFMUSP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 48 AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM PAcienTeS cOM dOenÇA de ALzHeiMeR Drª Fabíola Canali Prado UNIFESP O consenso para o diagnóstico clínico da doença de Alzheimer (DA) em nosso país (Nitrini et al., 2005a) estabeleceu condutas padronizadas, normas e sugestões de testes cognitivos, questionários e escalas de funcionalidade e de comportamento, de aplicação simples e breve, com elevada acurácia. Os autores salientaram a importância de se estabelecer recomendações práticas concernentes à avaliação neuropsicológica abrangente para o diagnóstico de DA em nosso meio. Em uma revisão na literatura brasileira Vasconcelos et al (2007), verificaram que poucas pesquisas desenvolveram todos os procedimentos recomendados para validação, replicação, normatização e adaptação transcultural de testes cognitivos e escalas funcionais para avaliação diagnóstica e acompanhamento de intervenções de quadros demências. Constatando desta forma, a necessidade de estudos baseados em evidência (Nitrini et al, 2005b), de testes cognitivos mais abrangentes, os quais contribuem não somente para o diagnóstico e estadiamento do quadro demencial, mas inclusive na proposta e acompanhamento de intervenções. Canali et al (2011) verificaram a confiabilidade da Behavioural Assessment of the Dysexecutive Syndrome - BADS (wilson et al.,1996) para avaliação das funções executivas em pacientes em fase inicial da DA em nosso meio, quando comparada aos testes neuropsicológicos tradicionalmente utilizados para tal, bem como avaliação dos déficits nas atividades diárias através das informações adquiridas nos questionários da bateria, podendo ser usada como guia nos programas de Reabilitação. A BADS foi desenvolvida com o intuito de avaliar sujeitos com déficits executivos através de tarefas com demandas cognitivas semelhantes às encontradas no dia-a-dia. A seleção dos testes e/ou baterias cognitivas, escalas de funcionalidade, comportamento e de humor, para o acompanhamento de intervenções, dependerá de alguns fatores, dentre eles os objetivos e metas a serem alcançadas com os pacientes. Bibliografia: 1. Nitrini, R.; Caramelli, P.; Bottino, C.M.C.; Damasceno, B.P.; Brucki, S.M.D. & Anghinah. Diagnóstico de Doença de Alzheimer no Brasil. Avaliação cognitiva e funcional: Recomendações do Departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da academia brasileira de neurologia. Arq. Neuropsiquiatria, 2005a, 63(3-A):720-727. 2. Nitrini, R.; Caramelli, P.; Bottino, C.M.C.; Damasceno, B.P.; Brucki, S.M.D. & Anghinah. Diagnóstico de Doença de Alzheimer no Brasil. Critérios diagnósticos e exames complementares: Recomendações do Departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da academia brasileira de neurologia. Arquivos de Neuro-psiquiatria, 2005b, 63(3-A):713-719. 3. Vasconcelos, LG; Brucki, SMD; Bueno, OFA. Cognitive and Functional dementia assessment tools: review of brazilian literature. Dementia & Neuropsychologia, 2007;1:18-23. 4. wilson, B. A.; Alderman N.; Burgess, P.w. & Emslie, J. J. Manual of the Behavioural Assessment of the Dysexecutive Syndrome. Bury St Edmonds: Thames Valley Test Company. Trad: Ricardo O. Souza, Sergio L. Schmidt. Rio de Janeiro: Cognição, 1996. 5. Canali, F; Brucki, SMD; Bertolucci, PHF; Bueno, OFA. Reliability study of the Behavioral Assessment of the Dysexecutive Syndrome adapted for a Brazilian sample of older-adult controls and probable early Alzheimer’s disease patients. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2011(in press). Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 49 ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA PARA PAcienTeS cOM dOenÇA de ALzHeiMeR Drª Vera Lucia Duarte Vieira UNIFESP As intervenções não farmacológicas no tratamento de pacientes demenciados têm variado muito nos últimos anos, diversificando-se de abordagens psicossociais a técnicas de reabilitação e treino cognitivo. Sendo as últimas influenciadas por estudos no campo da neuropsicologia cognitiva sobre o funcionamento da memória em pacientes com DA e por pesquisas no campo da neuroreabilitação de pacientes com severa amnésia, devido a uma lesão cerebral não progressiva. A possível eficácia do tratamento combinando, terapia medicamentosa e intervenções de estimulação cognitiva ou neuropsicológica em pacientes com DA foi motivo de quatro revisões (Clare et al.2003e De Vreese et al.,2001, Clare,2009 e Olazarán et al 2010). Os recentes avanços no estudo desta doença, advindos de pesquisas longitudinais sobre envelhecimento cognitivo (as quais incluem exames de neuroimagem), permitiram identificar fases iniciais, e, inclusive pré-iniciais, na qual estão sendo descobertos vários aspectos cognitivos e potencialidades ainda preservados nestes pacientes, dando suporte para uma intervenção não farmacológica, especialmente em fases iniciais. De acordo com alguns estudos podemos observar que pessoas nos primeiros estágios da demência, de algum modo, com um apoio apropriado podem aprender ou reaprender informações importantes e pessoalmente relevantes e manter esse aprendizado por um certo tempo (Clare et al. 2002; Anderson et al., 2001, Vieira, VLD et al., in press) e desenvolver estratégias compensatórias, como por exemplo: utilizar um auxílio para a memória e manter ou melhorar suas habilidades funcionais nas atividades diárias (Josephsson 1993). Foi apontado por De Vreese et al., (2001) três níveis potenciais de procedimento de Reabilitação de Memória, com eficácia clínica ou pragmática comprovada em pacientes demenciados. O primeiro nível trata da facilitação da memória explícita residual com apoio estruturado tanto na codificação quanto na recuperação subseqüente; o segundo nível explora o sistema relativamente intacto da memória implícita (pré-ativação e memória de procedimento), o último nível procura encontrar meios de lidar com as capacidades limitadas de memória explícita do paciente, através da utilização de estratégias compensatórias e ajudas externas de memória. O tratamento das síndromes demenciais exige uma estrutura mais abrangente, equivalente à abordagem “holística” utilizada por Prigatano (1997,na RN de pacientes com lesão cerebral não progressiva. Esta parte do princípio de que cognição e emoção não podem ser separadas, pois interagem de modo complexo. Isto significa que quando propomos reabilitar déficits cognitivos, precisamos considerar os distúrbios emocionais, motivacionais e sociais ao mesmo tempo. Dessa forma, a RN oferece uma estrutura adequada para nossa intervenção. Referências: 1) Anderson. J., Arens, K., Johnson, R.& Coppens, P. (2001) Spaced retrieval vs memory tape therapy in memory rehabilitation for dementia of the Alzheimer’s type. Clinical Gerontologist, 24(1-2):123-139. 2) Clare, L., woods, R.T., Moniz Cook, E.D., Orrell, M., Spector, A. (2003) Cognitive rehabilitation and cognitive training for early-stage Alzheimer´s disease and vascular dementia. A Systematic Review.Oxford: Cochrane Library. 3) Clare, L., wilson, B.A., Carter, G., Roth, I. & Hodges J.R. (2002) Relearning of face-name associations in early-stage Alzheimer’s disease. Neuropsychology, 16(4): 538-547. 4) Clare, L., wilson B.A., Carter, G., Breen, K., Gosses. A. & Hodges, J.R. (2000) Intervening with everyday memory problems in dementia of Alzheimer type: an errorless learning approach. J Clin Exp Neuropsychol 22: 132-146. 5) Clare, L., woods, R.T.(2009) Cognitive Rehabilitation and cognitive traing for early-stage Alzheimer’s disease and vascular dementia. A Systematic Review.Oxford: Cochrane Library 6) De Vreese, L.P., Neri, M., Fioravanti, M., Belloi, L. & zanetti, O. (2001) Memory rehabilitation in Alzheimer’s disease: a review progress. International Journal of Geriatric Psychiatry, 16: 794-809. 7) Javier Olazarán, Barry Reisberg, Linda Clare, Jordo Peña-Casanova,Teodoro Del Ser,Bob woods, Cornelia Beck, Stefani Auer, Claudia Lai, Aimee Spectot, Sam Fazio, Jon Bond, Miia Kivipelto,Henry Brodaty, José Manoel Rojo, Helen Collins, Linda Teri, Mary Mittelman, Howard H. Feldman, Ruben Muñiz(2010)Monpharmacological Therapies in Alzheimer’s Disease: A Systematic Review of Efficacy. 8) Josephsson, S., Backman, L., Borell, L., Bernspang, B., Nygard, L. & Ronnberg, L. (1993). Supporting everyday activities in dementia: an intervention study. International Journal of Geriatric Psychiatry, 8:395-400. 9) Prigatano, G.P. (1997) Learning from our successes and failures: Reflections and comments on “Cognitive Rehabilitation: How it is and how it might be”. Journal of the International Neuropsychological Society, 3: 497-499. 10) Vieira, LDV, Brucki SMD, Martins ALCM Canali F, Vasconcelos LG, Oliveira MO, Bittencurt BGS, Leite LJT,Vaz L., Bertolucci PH, Bueno OF( in press) Estudo em pacientes com a Doença de Alzheimer leve: A busca de evidência da eficácia da manutenção da funcionalidade. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 50 MeSA RedOndA 12 AvALiAÇãO e inTeRvenÇãO eM PAcienTeS cOM eSTReSSe PÓS-TRAUMáTicO AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM cRiAnÇAS cOM eSTReSSe PÓS-TRAUMáTicO Drª Henriqueta Branco UNIFESP De acordo com pesquisas realizadas em saúde mental, crianças e adolescentes estão expostos a inúmeros fatores de risco. Entre eles podemos citar fatores psicossociais (ex.: disfunções na vida familiar, como discórdia conjugal grave, psicopatologia materna ou criminalidade paterna, além de falta de laços afetivos entre pais e filhos), eventos de vida estressantes (ex.: morte ou separação dos pais) e exposição a maus-tratos (ex. abuso físico ou sexual e negligência). A literatura internacional tem mostrado que, na população de crianças e adolescentes, o nível socioeconômico baixo está associado a problemas de saúde mental. Dados epidemiológicos sugerem uma combinação de baixa renda, analfabetismo, desemprego, as más condições de moradia e acesso limitado à saúde e educação com o aumento da morbidade psiquiátrica da população. É sabido que, a reação ao estresse, mobiliza o eixo HPA (hipotálamo, pituitária e glândulas supra-renais) e seu estudo é fundamental para entender os quadros psiquiátricos a ela relacionados. Evidências colhidas sobre a base biológica das doenças psiquiátricas sustentam a hipótese que, a regulação do eixo HPA está anormal nos transtornos afetivos e que alterações críticas no mecanismo individual de adaptação ao estresse estão envolvidas no desenvolvimento, prevenção, curso e tratamento da depressão. Uma amostra da hiperatividade do eixo HPA na depressão é refletida nas numerosas anormalidades de cortisol mensuradas em amostras de sangue, urina, líquor e tecido cerebral em humanos. O hormônio liberador de corticotropina (CRH) controla a secreção hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na pituitária anterior, o qual, por sua vez, estimula a secreção de cortisol na supra-renal. Dados do funcionamento do eixo HPA em crianças vítimas de violência são limitados. Crianças maltratadas diagnosticadas com TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) apresentaram um aumento livre de cortisol após 24h de coleta de urina comparados com controles. O cortisol salivar é um item válido e seguro que reflete o nível plasmático do hormônio em adultos e crianças. Estudos mostraram alteração do nível basal de cortisol salivar associado a experiências traumáticas. Os níveis basais de cortisol eram menores que nos indivíduos controles. As alterações de secreção hormonal, como descritas acima, podem estar relacionadas com a capacidade da criança de manter a atenção voluntária focada enquanto aprende, ou no desempenho das tarefas cognitivas complexas. Poucos estudos já foram realizados nesta área, envolvendo evento traumático em crianças e aquelas que desenvolveram TEPT e alterações cognitivas. Scrimin et. al., no estudo que envolveu crianças que foram vítimas de terrorismo escolar em Breslan, e crianças que não vivenciaram o terrorismo, ambas foram submetidas à avaliação cognitiva para investigar as funções de memória, atenção e habilidade viso-espacial. Nesse estudo, observou-se que as crianças que foram vítimas do terrorismo, tiveram desempenho cognitivo das funções avaliadas, inferior ao grupo controle. Percebeu-se que, as crianças que perderam um membro da família, tiveram uma alteração mais significativa quanto à capacidade mnemônica. Schoeman et. al., corroboram com o autor acima, ao analisar adolescentes do Sul Africano que passaram por evento traumático, quando submetidos à avaliação neuropsicológica das funções de memória visual e formação de conceitos não-verbais, apresentaram dificuldades cognitivas. Beers e De Bellis relatam que em pesquisa realizada com crianças vítimas de maus tratos, cujo objetivo foi investigar a relação desta vivência e o desempenho das funções cognitivas como linguagem, atenção, aprendizagem, memória, raciocínio abstrato, funções executivas, capacidade viso-espacial e habilidade psicomotora, observou-se que, as crianças que apresentavam TEPT Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 51 apresentavam performance com resultados inferiores do que as crianças que não sofreram maus tratos. Segundo Jelicic e Merckelbach, a dificuldade de memorização está relacionada com danos no Hipocampo quando o indivíduo apresenta diagnóstico de TEPT. Esta pesquisa tem por objetivo a avaliação do impacto de experiências traumáticas em crianças de até 7-12 anos de idade, relacionando os tipos de violência (violência doméstica e/ou social), frequência do evento, período do desenvolvimento no qual ocorreu a exposição, quanto ao perpetrador, assim como as diferenças no funcionamento neuropsicológico de crianças vítimas de violência com ou sem diagnóstico psiquiátrico. A finalidade é de comparar as alterações neuropsicológicas em crianças vítimas de violência intencional e controles nas seguintes áreas: memória de longo prazo imediata e tardia verbal e visual, atenção, aprendizagem, emoção, inteligência, viso-percepção, viso-construção, viso-espacial, linguagem e funções executivas. A análise dos dados será mediante as correlações dos resultados neuropsicológicos comparados com os dados sócio-demográficos e clínicos. A mesma bateria será aplicada no início e após 12 meses, para detectar evolução ou manutenção das alterações cognitivas mediante tratamento clínico. Alguns aspectos ainda permanecem pouco esclarecidos, portanto, existe a necessidade de saber se os prejuízos estruturais e funcionais podem ser revertidos, e se estes prejuízos são relativos ao abuso em si. Além disso, quanto mais estudos novos forem realizados, melhor a contribuição para poder minimizar os efeitos negativos do abuso e do TEPT, assim como, a elaboração de intervenções terapêuticas e sociais, para que possam fortalecer a proteção e adaptação saudável do indivíduo e sua incursão na vida adulta. A neUROPSicOLOGiA nO TRAnSTORnO de eSTReSSe PÓSTRAUMáTicO eM AdULTOS vÍTiMAS de viOLÊnciA URBAnA Drª Mariana Kneese Flaks UNIFESP introdução: O Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) está associado a disfunções neurobiológicas e da cognição. Estudos sugerem prejuízos cognitivos quanto às funções atencionais, executivas e mnésticas, sendo compatíveis com achados de alterações funcionais e anatômicas de estruturas encefálicas. Contudo, ainda não há um consenso em Neuropsicologia, o que tem direcionado as pesquisas na busca de quais domínios cognitivos são afetados e em que intensidade. Este estudo teve como objetivo investigar o perfil neuropsicológico associado ao TEPT em amostra de adultos vítimas de violência urbana. Metodologia: A amostra foi recrutada a partir de um estudo epidemiológico conduzido na cidade de São Paulo sendo composta de 78 vítimas de trauma diagnosticadas com TEPT (55 mulheres: média de idade 36,29±10,48 anos; 10,71±2,26 anos de escolaridade) e 70 vítimas de trauma sem diagnóstico de TEPT (50 mulheres: média de idade 38,69±12 anos; 10,53±2,63 anos de escolaridade), segundo os critérios da Clinician-Administered PTSD Scale (CAPS), pareados por idade, gênero e escolaridade. Todos os sujeitos foram avaliados por bateria neuropsicológica composta pelos seguintes testes: Vocabulário e Cubos (wAIS III), Subtestes Dígitos Direto e Inverso, Span Espacial e Reprodução Visual (wMS III), Teste de Cancelamento de Mesulan, Teste de Aprendizagem Aúdio-verbal de Rey (RAVLT), Teste de Stroop, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (wSCT),Sistema Internacional de Figuras com Conteúdo Emocional para Testes de Emoção e Atenção (IAPS). Resultados: Diferenças estatisticamente significantes no desempenho neuropsicológico foram encontradas entre os grupos, com melhor desempenho para o de TEPT,no RAVLT quanto à lista de palavras de interferência para evocação imediata (p-valor=0,004) e reconhecimento (pvalor=0,025) e número de respostas corretas no wSCT (p-valor=0,025). conclusão: Esta análise preliminar indicou que o grupo com TEPT obteve resultados superiores durante processo de aprendizado para se concentrar e lembrar de uma interferência distratora, a qual não é o foco principal do teste, e elaborar respostas corretas com base na capacidade de abstração, considerando que a intenção do teste é completar sequências de respostas corretas Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 52 para completar o maior número de categorias. Análises futuras serão realizadas levando-se em consideração 3 grupos: trauma com diagnóstico de TEPT, trauma sem diagnóstico de TEPT e controles sem trauma. Estes dados levam à indagação de se os pacientes com TEPT têm uma superestimulação da atenção vindo a comprometer a habilidade de discriminar quais informações são importantes de serem memorizadas. neUROPSicOLOGiA e neUROTeRAPiA: TRAUMA, viOLÊnciA e TRAnSTORnO de eSTReSSe PÓS-TRAUMáTicO Drª Dirce Maria Navas Perissinotti UNIFESP Dados da literatura embasam os estudos discutindo-os conceitos de endofenótipo e sua relevância para o desenvolvimento de pesquisas psicológicas e neuropsicológicas no âmbito do trauma, violência urbana e Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), uma vez que a questão da violência, trauma e TEPT como condição requer análise, avaliação e intervenção multivariada e multidimensional. Partindo-se desse pressuposto examinaremos diferentes aspectos da interação entre medidas psicofisiológicas e modos de intervenção através da Neuroterapia por Neurofeedback. A literatura preconiza que estratégias desenvolvidas através de Neuroterapia incluindo-se o Neurofeedback (NFB) (forma de treinamento de habilidades monitorando sinais de EEG objetivando generalização de aprendizagem) e a eletroestimnulação por corrente contínua (EECC), proporcionam reabilitação de déficits no desempenho pessoal e social promovendo interações cognitivas e afetivas mais satisfatórias. Tais abordagens indicam em conjunto que capacidades comportamentais aprendidas envolvendo interações afetivas e sociais podem imprimir melhor adequação no desempenho global. A reabilitação de doentes com TEPT deve envolver melhora na capacidade de promover a auto-regulação de parâmetros psicofisiológico visando desativação de sintomas cognitivos e físicos próprios do quadro, favorecendo o aumento de reforçadores e auxiliares na prevenção e/ou redução de dificuldades psicológicas. Neste panorama as Neuroterapias vem se firmando como método de reabilitação por objetivar melhora da expressão apropriada de sentimentos negativos, habilidades de comunicação, resolução de problemas interpessoais, cooperação e desempenhos interpessoais. A reabilitação através da Neuroterapia induz à modulação dos níveis de excitação interna melhorando convívio social, regulando ciclo sono / vigília, organizando processos cognitivos pela normalização de processamento sensorial e inibindo respostas sensoriais inadequadas pela gestão do humor e emoção. MeSA RedOndA 13 ALTeRAÇõeS cOGniTivAS e cOMPORTAMenTAiS eM PAcienTeS cOM ePiLePSiA ALTeRAÇõeS cOMPORTAMenTAiS eM ePiLePSiAS dO LOBO TeMPORAL Dr. Luiz Henrique Castro Martins HCFMUSP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 53 AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA e ALTeRAÇõeS cOGniTivAS eM PAcienTeS SUBMeTidOS AO TRATAMenTO ciRÚRGicO dAS ePiLePSiAS Drª Maria Joana Mader Joaquim UFPR As epilepsias manifestam-se de diversas formas de acordo com as diferentes áreas cerebrais, e justamente por esta razão a Epileptologia encontrou-se com a Neuropsicologia há mais de um século. Embora carregadas de estigma, as epilepsias não são necessariamente acompanhadas de comprometimento cognitivo. Basta lembrar de Dostoievski, Flaubert, Van Gogh e outras conhecidas personalidades. No entanto, no início do século xx , quando ainda eram escassos os recursos medicamentosos, os pacientes com epilepsias eram encaminhados para instituições onde permaneciam distantes da sua comunidade. Lançar um olhar para esta história proporciona uma melhor compreensão da imensa luta dos pacientes que sofrem de crises epilépticas para superar suas dificuldades e as restrições da sociedade. Ao longo das ultimas décadas, passando pelo caso HM, desenvolveu-se o tratamento cirúrgico para epilepsias. A maior parte das pessoas que sofrem crises epilépticas tem bom prognóstico, mas em torno de 30% podem ter crises recorrentes tornando-se assim candidatos a cirurgia de epilepsia. Os pacientes com epilepsias de lobo temporal que não atingem bom controle de crises podem se beneficiar do procedimento de lobectomia temporal anterior, onde são ressecadas as áreas mesiais temporais, principalmente a região hipocampal. Considerando a importância áreas hipocampais para as funções de memória, muito bem observadas por Brenda Milner no caso HM, os exames de memória verbal e visual recebem uma atenção particular. Em primeira instância, o foco foi a polarização entre memória verbal e visual, procurando diferenciar qual o hemisfério mais comprometido, direito ou esquerdo. A clássica associação de déficit de memória verbal para o hemisfério esquerdo e memória visual para o hemisfério direito norteou o desenvolvimento de técnicas específicas. A partir do desenvolvimento dos exames de imagem e eletrencefalografia, a Neuropsicologia direcionou sua atenção para os processos cognitivos envolvendo memória, funções verbais e executivas, produzindo críticas e revisões dos paradigmas clássicos. Atualmente dois pontos distintos estão tomando forma, por um lado a necessidade de formalizar cada vez mais os métodos clássicos de modo a padronizar as técnicas de exame e por outro lado, desenvolver novos procedimentos capazes de discriminar melhor as alterações cognitivas relacionada as epilepsias. Apesar dos questionamentos sobre os paradigmas clássicos, estes ainda mantém sua força, pois são o maior apoio para o neuropsicólogo na discussão clínica de cada caso. O objetivo do neuropsicólogo em conjunto com a equipe médica é colaborar na avaliação pré-operatória do paciente e auxiliar na previsão de possíveis prejuízos das funções cognitivas após a cirurgia. Por fim, pesquisa deve colaborar com a clínica. cOnFeRÊnciA 11 AvALiAÇãO neUROPSicOLÓGicA eM PAcienTeS cOM Tce Drª Ana Luiza Zaninotto DIP-ICHCFMUSP O traumatismo cranioencefálico (TCE) é o maior problema de saúde pública nos EUA, na qual aproximadamente 235 mil hospitalizações não-fatais por TCE ocorrem anualmente. A taxa de incidência da lesão é 20% maior para o sexo masculino e em 76% desses casos dos pacientes têm idade inferior a 45 anos. A lesão axonial difusa (LAD) é uma das mais importantes causas de sequelas neurológicas e resultam do comprometimento da substância branca causada por forças rotacionais e/ou aceleração/desaceleração no parênquima encefálico que tensiona e lesa Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 54 os axônios, que tendem a ser múltiplas, predominando nos locais de transição entre a substância branca/cinzenta, corpo caloso, hipocampo, no aspecto dorsolateral do tronco encefálico e no cerebelo. Apesar dos pacientes com TCE apresentarem déficits neurológicos transitórios, as mudanças cognitivas podem ser persistentes, especialmente em lesões moderadas e severas, e incluem: diminuição na flexibilidade mental, na atenção, shifting sets, planejamento, organização, sequenciamento, julgamento, fluência verbal, memória operacional e impulsividade. Salmond et al. (2006) verificaram uma correlação positiva significativa entre a difusividade e os índices de memória e aprendizagem, ou seja, o aumento da difusividade associado a um maior déficit cognitivo, quando utilizado o método de imagem por tensor de difusão, seis meses após a lesão. Atualmente, estudos têm abordado a qualidade de visa como um fator importante para o diagnóstico e prognóstico desses pacientes. Um estudo longitudinal envolvendo aspectos neuropsicológico, de humor, qualidade de vida, RM 3T e tractografia, está sendo desenvolvido no HC-FMUSP para melhor compreensão dos efeitos da LAD moderada/severa ao longo tempo e assim acarretar na promoção de um programa de reabilitação no PS do trauma desta mesma instituição. cOnFeRÊnciA 12 neUROMOdULAÇãO eM dOR e MOviMenTOS AnORMAiS: iMPLicAÇõeS cOMPORTAMenTAiS e SiGniFicAdO dO AcOMPAnHAMenTO inTeRdiSciPLinAR Prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira Professor Titular do Departamento de Neurologia do HCFMUSP cOnFeRÊnciA 13 ATUAÇõeS dO PSicÓLOGO nA ReABiLiTAÇãO dO PAcienTe SUS Drª Maria Helena Delanesi Guedes IMREA-HCFMUSP cOnFeRÊnciA 14 ReABiLiTAÇãO GLOBAL dO PAcienTe SUS: POR qUe A MULTidiSciPLinARidAde é neceSSáRiA? Prof. Dra. Linamara Rizzo Battistella Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência Governo do Estado de São Paulo Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 55 MeSA RedOndA 14 PSicOLOGiA e POLÍTicA nAciOnAL de HUMAnizAÇãO nO SUS A HUMAnizAÇãO nO ATendiMenTO: inTeRFAceS enTRe PSicOLOGiA dA SAÚde e SAÚde cOLeTivA Drª Maria Estelita Gil PUC-RS Hoje é inquestionável a manutenção de um ambiente hospitalar humanizado, realidade que se sabe não ocorrer em muitos hospitais de nosso país. Este trabalho se propõe mostrar, a partir de uma perspectiva histórica, como foram desenvolvidos projetos que privilegiassem a humanização junto ao paciente internado, em um uma abordagem interdisciplinar. A nossa experiência iniciou em 1976, quando foi inaugurado o Hospital São Lucas da PUCRS (instituição vinculada à Universidade PUCRS), qualificado pela interação assistência/ensino/pesquisa, orientado por valores humanos, pela atuação interdisciplinar e pelo compromisso com a saúde da comunidade. A primeira atividade interdisciplinar com abrangência de saúde coletiva ocorreu em 1979 com a implantação do “Grupo de puérperas”, no Alojamento Conjunto, no qual objetivávamos a prevenção primária na relação “mãe-bebê”. No decorrer da assistência somado à pesquisa, encontramos nos autores Bowlby (1980), Klaus y Kennel (1978) e winnicott (1971) os fundamentos teóricos para questionar a realidade vigente quanto à privação materna no período de internação (horário de visita restrito à 2 horas/dia), ampliando gradativamente o tempo da visita dos pais até chegar ao tempo integral, em 1987. Em 1989 criamos um projeto, embasados na perspectiva teórica de winnicott, ao qual denominamos de “Maternagem Substituta” dos prematuros abandonados, atividade realizada no berçário pelos estagiários de psicologia, até o retorno materno e/ou adoção do bebê. Outra frente de trabalho foi fruto da constatação da vulnerabilidade da criança quanto aos maus-tratos familiares (Kempe y Kempe, 1979). Em parceria com a pediatria criamos em 1989 a “Comissão dos Direitos da Criança e Adolescente e Cuidados Hospitalares”, composta de uma equipe interdisciplinar, que se propunha a diagnosticar, tratar e prevenir maus tratos familiares, sociais e/ ou maus tratos institucionais inadvertidos. Gradativamente foram agregados à Comissão, projetos de humanização, tais como: Recreação com atividades diferenciadas para as crianças internadas e familiares; Educação Continuada; Toque de Vida; Musicoterapia; Projeto de Literatura Infantil e Medicina Pediátrica, com a Hora do Conto Sistemático; Festas comemorativas do calendário anual; Feira do Livro Infantil e Construção da Biblioteca Infanto-juvenil dentro Internação Pediátrica. A partir de 1995 ampliamos projetos nos ambulatórios de Mastologia e Medicina Fetal nos quais introduzimos a “Interconsulta” como atividade de rotina no momento do diagnóstico de câncer (mastologia) e de mal-formação fetal (medicina fetal), com um entendimento dinâmico na ótica psicanalítica, somado à aplicação dos princípios bioéticos quanto à autonomia e esclarecimento livre e informado. Paralelamente foi inaugurado o projeto “Grupo de Apoio às Pacientes com Câncer de Mama”, no qual contamos com as “Voluntárias da MAMA”. Em 1997 participei no desenvolvimento e efetivação do projeto do Comitê de Bioética do HSL, espaço interdisciplinar que através das consultorias assume um caráter de humanização junto ao paciente e equipe. Acredito que o que é desenvolvido quanto à Humanização Hospitalar tem trazido resultados à saúde coletiva, às equipes e estagiários envolvidos, pois trabalhamos com a prevenção, acolhimento e tratamento da doença psíquica como conseqüência da doença física, em uma abordagem interdisciplinar. HUMAnizAÇãO nA ASSiSTÊnciA AOS PAcienTeS GRAveS Dr. Ricardo Werner Sebastiani Nêmeton Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 56 SiMPÓSiO 6 FORMAÇãO dO PSicÓLOGO PARA ATUAÇãO nO SUS A cLÍnicA PSicAnALÍTicA nA Rede PÚBLicA de SAÚde MenTAL Drª Ana Cristina Costa de Figueiredo IPBU/UFRJ O PSicÓLOGO e O cOMPROMiSSO SOciAL nO cOnTexTO dA SAÚde cOLeTivA Drª Magda Dimenstein UFRN Nos últimos 25 anos a Psicologia expandiu significativamente seu campo de atuação na área das políticas sociais. A Saúde Pública tem sido um espaço privilegiado de absorção desses profissionais no Brasil, vinculados ao Sistema Único de Saúde/SUS. O encontro da psicologia com os serviços de atenção primária à saúde, bem como de saúde mental tem aproximado nossa profissão de uma realidade ainda distante da que comumente conhecemos e discutimos em nossa formação e conseqüentemente da que lidamos nos clássicos lugares de atuação. O encontro com comunidades, em geral de baixa renda, tem contribuído para o questionamento das nossas ferramentas de trabalho, do nosso aparato teórico-técnico e da efetividade de nossa atuação em um campo que demanda intervenções interdisciplinares por meio de equipes multiprofissionais. O trabalho nesses contextos nos coloca em contato direto com pessoas expostas a um cotidiano de miséria, desproteção e violência e nos põe face a face com nossos limites. Apesar de todos os questionamentos já operados em relação às práticas dos psicólogos nesses contextos, seja em serviços técnico-especializados, em estabelecimentos ou programas de cuidado à saúde e proteção de direitos, seja nas demais atividades gerenciais e de regulação dessas políticas, ainda se mantém o clássico modus operandi de atuação no campo social. Como operadores de uma micropolítica cotidiana, à medida que interferimos na forma como as pessoas vivem, pensam, sentem, sofrem e se relacionam, estamos em nosso trabalho constantemente enredados em algumas encruzilhadas. Ora fazemos o jogo da reprodução de modelos de forma a serializar e fixar identidades a partir de modos de vida hegemônicos, ora experimentamos modalidades de ação que favorecem novas configurações que agenciam processos de luta e singularização, mesmo que provisórios. A Psicologia precisa buscar vias de renovação principalmente na sua articulação com o SUS. Enfrentar o reducionismo psicologicista, individualizante e objetificador, o modelo liberal de atuação, a racionalidade biomédica, enfim, os fundamentalismos presentes na formação do psicólogo, são passos essenciais nesse processo. Produzimos uma cultura profissional desde a universidade cuja maquinaria nos leva à asfixia e à dilatação do estabelecido. O encontro da psicologia com o SUS exige flexibilidade nos modos tradicionais de atuação e busca de estratégias que considerem as características dos contextos culturais, evitando assim processos de captura, cansaço e saturação que sufocam o trabalhador. O SUS demanda mutações subjetivas e outros modos de ser trabalhador; pede uma formação contextualizada, um conhecimento interdisciplinar e a produção de práticas multiprofissionais voltadas às necessidades da população usuária. A qualificação técnica e política dos trabalhadores do campo destaca-se como um ponto fundamental e desafiante. É nessa direção que pretendemos discutir o psicólogo e o compromisso social na saúde coletiva. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 57 FORMAÇãO PROFiSSiOnAL dO PSicÓLOGO PARA ATUAÇãO nO SUS: eSTRATéGiA de enSinO dO icHcFMUSP Drª Alessandra Santiago DIP-ICHCFMUSP A Psicologia Hospitalar define uma prática, do profissional psicólogo, dentro das instituições de saúde. Essa prática no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo é determinada pela formação de jovens psicólogos que nos procuram para cursar o “Aprimoramento e/ou Especialização de Psicologia Hospitalar em Hospital Geral”, pelo período de um ano com carga horária suficiente para serem especialistas nesta área. A Divisão de Psicologia do ICHC-FMUSP tem o compromisso formador de “assistir”, “ensinar” e “promover pesquisas” visando melhorias de atendimentos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), ensinando aos futuros especialistas a prática do profissional psicólogo dentro do Hospital. A estratégia de ensino é norteada por um Projeto Pedagógico que preconiza 75% de horas práticas que são devidamente supervisionadas pelos profissionais psicólogos colaboradores desta referida instituição. Por sua vez também, o ensino é pautado por aulas teóricas que auxiliam a prática e pesquisa. A pesquisa dentro do Hospital é produção científica do conhecimento produzido através da parte teórica e prática aprendida e apreendida pelos nossos alunos, e também supervisionadas durante o aprimoramento e/ou espacialização em Psicologia Hospitalar. O trabalho do psicólogo em hospital é interdisciplinar. O psicólogo interage e age nas equipes de apoio como enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas, bem como com as equipes médicas e suas especialidades através das interconsultas. As interconsultas são a interlocução entre os profissionais da área da saúde com a finalidade de promover segurança, saúde e bem estar aos nossos clientes SUS. Assim, as estratégias de ensino acompanham o movimento e característica do aprendizado de um Hospital Escola: Assistência, Ensino e Pesquisa. cOnFeRÊnciA 15 MOdALidAdeS de inTeRvenÇãO PSicOLÓGicA nO cOnTexTO HOSPiTALAR Prof. Dr. Ricardo Gorayeb HC-FMRPUSP introdução: A Psicologia da Saúde tem como uma de suas importantes áreas de atuação o contexto hospitalar. Decorrente de sua independência cada vez maior da psicologia clínica, que privilegia uma abordagem individualizada, a intervenção psicológica no contexto hospitalar tem que diferenciar-se e adequar-se ao meio onde atua, com múltiplas modalidades de intervenção. Objetivo: O objetivo desta apresentação é descrever algumas modalidades diferentes de intervenção psicológica no contexto hospitalar, resultantes de pesquisas desenvolvidas pelo autor, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Método: Serão descritas intervenções realizadas com pacientes, em atendimento individual, em enfermarias, no modelo de interconsulta médico psicológica, usando a abordagem teórica cognitivo comportamental. Também serão descritas intervenção em grupo com casais inférteis, intervenções individuais com familiares de pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva(CTI) e intervenções em grupos com funcionários da Instituição. Resultados: No atendimento em interconsultas observou-se que as intervenções psicológicas resultaram em melhoria do estado psicológico do paciente e da relação com seus cuidadores; nas intervenções em grupo com casais inférteis observou-se uma elevação na taxa de fecundidade nas pacientes que passaram pela intervenção, comparadas com pacientes equivalentes que somente receberam atenção médica; nas intervenções individuais com familiares de pacientes da Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 58 CTI, pode-se verificar o estilo de enfrentamento que os familiares utilizavam para lidarem com esta situação estressante; e nas intervenções em grupo com funcionários da Instituição podese observar redução do estresse laboral e melhoria das habilidades nas relações interpessoais. conclusões: O contexto hospitalar é complexo, requerendo do Psicólogo habilidades diferenciadas para poder lidar com as diferentes demandas, seja de atendimento individual, de grupos, de familiares ou de funcionários. A adequada formação e uma análise detalhada e criativa da situação são ferramentas imprescindíveis para o sucesso de sua intervenção. Palavras chave: Psicologia em Hospitais, Modalidades de Intervenção Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 59 FÓRUM de HOSPiTAiS F1 A OFeRTA AnALÍTicA AO PAcienTe SUS GeRAndO POSSiBiLidAdeS de inTeRviR diAnTe AS LiMiTAÇOeS de UMA inSTiTUiÇãO Keli Virginia Ebert CEOM – Serviço de Oncologia Clínica do Hospital de Câncer de Mato Grosso introdução: Este trabalho visa discutir o trabalho da psicologia dentro de um centro de atendimento ao paciente oncológico. Trabalho este, que visa dar assistência ao paciente SUS, desde o momento de sua entrada no setor de quimioterapia até o momento de sua alta psicoterápica. Objetivo: Discutir os resultados proporcionados pelo acompanhamento psicológico ao paciente oncológico e seus familiares, analisando assim, os benefícios do mesmo, bem como verificar os efeitos terapêuticos que este acompanhamento pode oferecer ao paciente e seus acompanhantes em uma instituição que apresenta recursos limitados. Método: Sabemos que uma instituição nos impõe algumas limitações além das já impostas pelos seus parcos recursos. Porém, precisamos partir do pressuposto de que é aí que aparecerão pessoas diante à acontecimentos que “desorganizaram” suas vidas, portanto, pessoas necessitando da oferta de um serviço psicoterápico para que assim possa promover a modificação da relação deste com a sua atual realidade. Para tanto, venho articular estas situações enfrentadas pelo paciente proveniente do SUS com a teoria psicanalítica, para que assim seja possível intervir diante estas limitações existentes dentro da instituição. Resultados: A instituição passou a desenvolver alguns programas voltados ao paciente SUS após a implantação do serviço da psicologia, que teve seu início no momento da minha entrada no setor. Porém, já podemos avaliar os resultados obtidos com esta mudança. Há menos de um ano a instituição implantou em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, o programa de residência multidisciplinar, aonde uma residente da área de psicologia compõe a equipe. Passamos, também, a desenvolver grupos terapêuticos para pacientes e acompanhantes, o qual apresentou resultados satisfatórios, grupo este que fôra desenvolvido devido à grande demanda de pacientes oncológicos, que necessitavam do acompanhamento psicológico. conclusão: Devido as particularidades da instituição, o serviço é um serviço em fase de implantação inicial, portanto em processo de desenvolvimento nas áreas de ensino e pesquisa. Porém, foi através do desenvolvimento da assistência psicológica e o êxito obtido com a mesma que observamos que tais áreas são peças fundamentais para obter e sustentar a eficácia de um acompanhamento psicológico. Foi, portanto, através da oferta de um trabalho analítico ao paciente, e o resultado satisfatório obtido, que podemos observar nossas limitações para então iniciarmos, a partir disto, um novo trabalho que possa ter um alcance e uma eficácia muito maiores das já encontradas. Palavras-chave: paciente SUS, psicologia, limites, resultados. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 60 F2 SeRviÇO de exTenSãO e ATendiMenTO AO PAcienTe Hiv/AidS dA diviSãO de cLÍnicA de MOLéSTiAS inFecciOSAS e PARASiTáRiAS dO inSTiTUTO cenTRAL dO HOSPiTAL dAS cLÍnicAS dA FAcULdAde de MedicinA dA UniveRSidAde de SãO PAULO Patricia Ribeiro Martins, Mayra Moreira Xavier, Luiza Azem Camargo, Daniela Aparecida Cardoso da Silva introdução: A aids é considerada uma pandemia mundial e um grave problema de saúde pública, apresentando características de acordo com o contexto sócio-cultural em se insere, configurando diferentes entre as populações afetadas pelo HIV. Atualmente, a aids é tida como uma doença crônica, trazendo novos desafios para os profissionais que lidam com as questões suscitadas por esta pandemia, tais como: as parcerias sorodiscordantes, os direitos sexuais e reprodutivos de pessoas que vivem com HIV/AIDS e a adesão ao tratamento ao HIV/Aids. Desse modo, evidenciase a importância do psicólogo no enfrentamento da epidemia, nos setores de assistência, ensino e pesquisa; contribuindo nas ações programáticas para a diminuição da vulnerabilidade à infecção pelo HIV e ao adoecimento por aids. O Psicólogo auxilia também na reflexão sobre o viver e o morrer em um mundo com AIDS, no trabalho em equipe interdisciplinar, na investigação de aspectos psicodinâmicos e psicossociais presentes na prevenção, no diagnóstico, no tratar e no cuidar do HIV/Aids; visando a promoção da saúde e da qualidade de vida das pessoas que (con) vivem com HIV/AIDS. O Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes HIV/Aids - Casa da Aids está em funcionamento desde 1994. É um ambulatório e hospital-dia destinado ao ensino, pesquisa e assistência a pacientes adultos vivendo com o vírus da imunodeficiência humana - HIV e AIDS. Atende aproximadamente 3.300 pacientes. Objetivo: Relatar as atividades assistenciais, de ensino e pesquisa realizadas atualmente pela equipe de psicologia do SEAP/HCFMUSP. Método: Relato de experiência das atividades. Resultados: As atividades assistenciais realizadas são: Psicoterapia (Individual, Breve, Grupo), plantão psicológico, avaliação psicológica para cirurgia reparadora da lipodistrofia e discussão de caso interdisciplinar. Projetos onde há inserção do psicólogo: Assistência a jovens vivendo com HIV/Aids (jovens encaminhados pelo Instituto da Criança - HC – transição do tratamento), Prevenção (aconselhamento e teste rápido), Adesão (sala de espera, tira-teima, encaminhamento para psicoterapia, discussão de casos) e Humanização (oficinas de socialização). Atividades de ensino: Aprimoramento profissional (aulas dos módulos teóricos, supervisão clínica), Liga HIV/ Aids (aulas, acompanhamento de estudantes) e Residência Médica (apresentação do serviço de psicologia). Atividades de pesquisa: orientação da monografia do programa de aprimoramento profissional, apresentação de relatos de experiência em congressos e eventos, revisão bibliográfica e elaboração de protocolo para avaliação psicológica para cirurgia reparadora da lipodistrofia. conclusões: A atenção e cuidado às pessoas vivendo com HIV/Aids demanda por parte da equipe interdisciplinar flexibilidade e constante investimento no que se refere à organização do serviço, assistência e priorização de projetos determinados. Palavras chave: Assistência; serviço de saúde; HIV/Aids; Psicologia Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 61 F3 PRáTicAS eM cOnTexTOS de URGÊnciA/eMeRGÊnciA: PSicOLOGiA, SUS e TRABALHO eM eqUiPe Andrea Machado Teixeira Dias, Victor Luis Ramos Navio Hospital Geral do Estado, Salvador, BA introdução: O Hospital Geral do Estado é caracterizado como serviço de Urgência e Emergência no Estado da Bahia. O Serviço de Psicologia atua nesta unidade desde 2003, caracterizando-se com a equipe atual, advinda de concurso público estadual, composta por 17 psicólogos, entre 2006 e 2007. A demanda do paciente SUS que chega a esta unidade é, em sua maioria, advinda de trauma, acidentes, situações de violência, crises agudas (AVC, aneurisma) e têm como principais conseqüências TCE, fraturas expostas, politrauma, mutilações e óbitos, também por morte encefálica. São situações comuns pacientes que chegam à emergência apresentando transtornos de ansiedade, estresse agudo e tentativas de suicídio. O trabalho em equipe caracteriza este serviço, que, desse modo busca realizar cobertura aos casos críticos e preventivos onde o psicólogo pode contribuir para uma assistência mais integrada de acordo com os objetivos do SUS. Objetivo: Caracterizar o Serviço Psicologia no contexto do HGE e do SUS, com foco na atuação em Emergência Hospitalar. Método: Estudo de caso, com finalidade de descrever o Serviço de Psicologia do HGE. Os dados foram obtidos através de registros do Serviço de Psicologia e do SAME, e levantamento de experiências discutidas em reuniões mensais desta equipe, no ano de 2010. Resultados: O Hospital Geral do Estado realizou cerca de 72.000 atendimentos anuais (71995, no ano de 2010), a pacientes SUS advindos da cidade de Salvador e todo o Estado, assim como turistas e passantes que necessitam dos seus recursos. Neste ano, foram realizados 12.506 atendimentos em Psicologia, que correspondem a cerca de 17% do total de atendimentos realizados pelo Hospital. A assistência psicológica no HGE ocorre de maneira sistemática aos pacientes e familiares no setor de Emergência, que se subdivide em triagem, PA pediátrico, PA feminino, PA masculino, Sutura, Ortotrauma, assim como às unidades de UTI (I,II e III), CTQ (Centro de Tratamento a Queimados), Enfermaria Pediátrica. A assistência ocorre também por interconsultas às enfermarias de Ortopedia, TRM, Clínica Cirúrgica, Unidade Intermediária, entendidas como um continuum da emergência. Dos atendimentos realizados em 2010, o Serviço de Psicologia registrou 1548 atendimentos a pacientes e 4684 a familiares na Emergência; 221 atendimentos a pacientes e 3133 a família em UTI; 1522 atendimentos a pacientes e 625 a famílias em enfermarias; 140 encaminhamentos a rede externa; 528 atendimentos a situações de óbito e 105 atendimentos emergenciais a funcionários. conclusões: O Serviço de Psicologia tem prestado assistência a pacientes e familiares no HGE, que encontram-se vivenciando situações críticas. Portanto, o funcionamento da equipe busca configurar-se a esta demanda distribuindo-se em plantões de 6, 12 e 24 horas, oferecendo assistência em todos os dias da semana, incluindo feriados e período noturno. O psicólogo neste Serviço trabalha com demandas que envolvem intenso sofrimento psíquico, em contexto emergencial, portanto exigindo uma atuação pontual e eficaz, assim como conhecimentos específicos e habilidades. Necessário também se faz o investimento nas relações interdisciplinares em busca de melhor resolutividade e acolhimento, assim como o conhecimento do Sistema Único de Saúde, suas diretrizes e práticas, no contexto em que se insere. Palavras-chave: Psicologia, Emergência, SUS Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 62 F4 O SeTOR de neUROPSicOLOGiA nA SAnTA cASA de SP Ana Paula Sabatini de Mello Braga Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo O Setor de Neuropsicologia faz parte do Serviço de Psicologia da Santa Casa de São Paulo, que é composto por 7 setores: Setor de Psicologia Hospitalar, Setor de Psicologia na Atenção Primária em Saúde, Setor de Especialidades em Psicologia, Setor de Ensino e Pesquisa, Setor de Educação Continuada, Eventos Científicos e Atividades Interdisciplinares e Setor de Neuropsicologia. O Serviço de Psicologia comporta 80 psicólogos contratados e 150 alunos especializandos e graduandos e presta serviço a 13 unidades do complexo hospitalar da Santa Casa, entre elas: Hospital Central, Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, Hospital Santa Isabel, Hospital Geriátrico D. Pedro, Hospital Geral de Guarulhos, Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, Policlínicas, Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Vila Mariana e de Franco da Rocha, entre outras. O Setor de Neuropsicologia é composto por 7 neuropsicólogas, 32 alunos especializandos e 15 estagiários e atende as seguintes unidades: Hospital Central, Hospital Santa Isabel, Hospital Geriátrico D. Pedro, Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Vila Mariana e de Franco da Rocha. Realiza atividades ligada a Assistência, Ensino e Pesquisa. Na assistência, atendemos a pacientes em ambulatórios e enfermarias nas seguintes especialidades: neurocirurgia, distúrbios do comportamento, distúrbios do movimento, cefaléia, distúrbios do sono, epilepsia, neuroinfectologia, esclerose múltipla, neuromuscular, neurovascular, neurofisatria, neuropediatria, geriatria e saúde mental. Recebemos em torno de 120 pedidos/mês e realizamos em torno de 90 avaliações/mês. Além das avaliações estamos ampliando o serviço a fim de realizar também reabilitação neuropsicológica. No ensino, recebemos graduandos para estágio prático e temos o Curso de Especialização em Neuropsicologia, vinculado à Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo. O curso tem duração de 18 meses, com 600 horas, incluindo teoria e prática (realizada no Hospital Central, no Hospital Geriátrico D. Pedro, e nos Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Vila Mariana e de Franco da Rocha). Além desses alunos também recebemos especializandos do Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar e do Curso de Especialização em Saúde Mental, oferecidos pelo Serviço de Psicologia, para estágio na área de Neuropsicologia. Na pesquisa, estamos inseridos na linha de pesquisa: Neuropsicologia e Comportamento, vinculada ao CNPQ, e continuamente realizamos trabalho envolvendo levantamento de dados, pesquisa de literatura, artigos, elaboração de monografia, elaboração de projetos interventivos e estudos de caso. Também participamos de pesquisas de outros departamentos como auxiliares de pesquisa. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 63 F5 SeRviÇO de PSicOLOGiA dO cOMPLexO HOSPiTALAR de SãO BeRnARdO dO cAMPO Viviane Neves Anaia Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo – Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo O Serviço de saúde público municipal de São Bernardo do Campo tem passado por uma reestruturação que visa integrar a assistência ao paciente em linhas de cuidado. Com isso a rede de atenção básica e atenção hospitalar reúnem esforços para contemplar às necessidades dos munícipes tanto em relação à prevenção e promoção de saúde quanto no tratamento de patologias diversas. Nessa lógica, o trabalho multiprofissional tem se apresentado como importante aliado no cuidado integral à saúde e a Psicologia tem sido chamada a contribuir nos diversos níveis de atenção à saúde, incluindo a área hospitalar. A atenção hospitalar de São Bernardo atualmente é composta por quatro unidades que formam o Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, a saber: Hospital Municipal Universitário (HMU): referência materno infantil; Hospital Anchieta (HA): referência cirúrgica e oncológica; Pronto Socorro Central (PSC): urgências, emergências, enfermaria adulto e pediátrica; Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM): atendimento ambulatorial e cirúrgico em ginecologia, mastologia, uroginecologia e casos de abuso sexual. Todas as unidades contam com 100% dos leitos destinados ao paciente SUS e estabelecem uma parceria com a Fundação Santo André que é a mantenedora dos referidos hospitais. O setor de Psicologia atua nas quatro unidades que compõe o Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo. Embora a idéia de Complexo Hospitalar tenha se instalado há aproximadamente 3 anos, a Psicologia está presente nas diversas unidades há mais de 10 anos. Fato é que anteriormente os trabalhos eram desenvolvidos isoladamente em cada unidade e atualmente a unificação da gestão favorece a integração do trabalho nesta área. Atualmente o Complexo Hospitalar conta com doze psicólogas, que estão distribuídas igualmente entre as unidades (sendo portanto 3 em cada instituição). O atendimento psicológico é prestado à pacientes internados nas diversas enfermarias e aos familiares (quando necessário) e pode ocorrer por triagem do setor de Psicologia e por solicitação de outras equipes de saúde. Constatada a necessidade de atendimento pós-alta hospitalar, é realizado encaminhamento para atendimento psicológico ambulatorial na de hospitalar ou na rede básica de saúde a depender de cada caso. Mensalmente a equipe se reúne para discussões clínicas e resoluções burocráticas, na tentativa de proporcionar um espaço de reflexão para fundamentar a prática e adequar diretrizes para o trabalho. Considerando que todo o Complexo Hospitalar é certificado como “Hospital de Ensino” pelo MEC e MS, existe o compromisso das diversas equipes com a formação de novos profissionais. Neste contexto o setor de Psicologia disponibiliza vagas de estágio aos alunos do último ano da graduação. Tal estágio não pretende substituir mão de obra, mas proporcionar espaço de articulação entre teoria e prática e introduzir os alunos nas especificidades da Psicologia Hospitalar. Como resultado da atuação, além do trabalho assistencial desenvolvido nas diversas especialidades, o setor de Psicologia tem sido convidado a integrar diversas Comissões intra hospitalares (Captação de órgãos, Doação de órgãos, Humanização, Gerenciamento de Risco, Transplantes) tendo a possibilidade de participar de processos decisórios e importantes discussões que norteiam a prática dos colaboradores. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 64 F6 ATUAÇãO dO PSicÓLOGO nO HOSPiTAL de cânceR de BARReTOS – FUndAÇãO PiO xii Camila Saliba Soubhia Scannavino; Mariana Pachoal Martins Hospital do Câncer de Barretos - SP, Brasil introdução: O Hospital de Câncer de Barretos consiste em um núcleo de ensino, pesquisa e serviços especializados para tratamento de câncer. Por se tratar de um hospital de alta complexidade para o tratamento de neoplasias, recebe grande demanda de pacientes provenientes de todos os estados brasileiros. Os atendimentos são oferecidos prioritariamente via Sistema Único de Saúde (SUS). A Psico-Oncologia surgiu a partir da necessidade do acompanhamento psicológico ao paciente com câncer, sua família e a equipe que o acompanha. O papel do Psicólogo em oncologia visa o apoio psicossocial e psicoterápico diante do impacto do diagnóstico e suas conseqüências ao doente e seus familiares, acarretando na possibilidade de auxílio para melhor enfrentamento e qualidade de vida. Objetivos: O objetivo deste relato consiste em descrever a estrutura e as atividades desenvolvidas por psicólogos do Serviço de Psicologia do Hospital de Câncer de Barretos – SP. Método: A instituição conta com sete psicólogos que desenvolvem atividades assistenciais junto às especialidades médicas e/ou atendimentos psicoterápicos aos seus colaboradores, além disso, há um psicólogo responsável pelo desenvolvimento de pesquisas, inserido no Núcleo de Apoio ao Pesquisador. A coordenação é realizada por uma psicóloga, também atuante na área assistencial e responsável por estagiários. A atuação do psicólogo ocorre nos seguintes setores: enfermarias clínicas e cirúrgicas (Digestivo baixo/alto; Urologia; Mama/ginecologia, Neurologia), Ambulatórios, Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de Cuidados Paliativos, Oncogenética, Hematologia/ Transplante de Medula Óssea, Pediatria, Quimioterapia e Radioterapia. Com os funcionários da instituição, a atuação é referente à orientação para dificuldades de relacionamento profissional, como também outras queixas, tais como, transtornos de humor e de ansiedade; dificuldades no relacionamento interpessoal e familiar. Treinamentos com equipes multiprofissionais também são realizados com a finalidade de otimizar o trabalho da Psicologia junto às equipes. As atividades desenvolvidas consistem em: administração do serviço de psicologia; avaliação, orientação e intervenção psicológica individual e grupal; atendimento a pacientes e familiares; assistência domiciliar; atendimento e orientações a funcionários; pesquisa e produção científica. Os grupos desenvolvidos atualmente são: Núcleo Anti-Tabaco (NATA); Grupo de Apoio e Orientação do TMO (GAOTMO); Grupo de Acolhimento e Sala de Espera da UTI (ACOLHER); Grupo de Apoio à Neurocirurgia (GAN); Grupo de Apoio à Família da Criança com Câncer (GRAFA); Grupo de Apoio à Equipe da Pediatria (GAEP); Grupo de Apoio às Mulheres Mastectomizadas (GAMMA); Grupo de Apoio aos Cuidadores da Unidade de Cuidados Paliativos (PROTEGE); Grupo de Apoio aos Pacientes Portadores de Câncer de Próstata (NOz); Grupo de Apoio e Reabilitação à Pessoa Estomizada (GRAPE). O Departamento de Psicologia recebe anualmente cerca de dez estagiários provenientes de instituições de ensino superior da região, sendo que o recrutamento é realizado por meio de entrevistas, dinâmicas de grupo e análise de currículo. Resultados: O Departamento de Psicologia atende cerca de mil pacientes e/ou acompanhantes por mês, além dos grupos, que participam cerca de vinte pacientes em cada um. Os encaminhamentos são feitos pela equipe multidisciplinar e também, por qualquer paciente e/ou acompanhante que pode solicitar o atendimento, caso haja necessidade. Palavras-chave: Psico-oncologia; atuação do psicólogo; Sistema Único de Saúde. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 65 F7 O TRiPé enSinO-PeSqUiSA-exTenSãO dO SeRviÇO de PSicOLOGiA dO HOSPiTAL UniveRSiTáRiO dA UFSc Letícia Macedo Gabarra, Zaira Custódio, Claudete Marcon, Andreza Franzoni Alexandre, Márcia Lisboa, Amanda Kliemann, Michelle Vitório Marchetto, Juadir Antonio Copat, Raquel Schlindwein – Zanini Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina introdução: A hospitalização e o adoecimento podem desencadear sentimentos de medo, ansiedade, angústia. O impacto da hospitalização representa uma ruptura na vida cotidiana das pessoas, em todas as etapas do ciclo vital. O trabalho do psicólogo neste contexto visa minimizar estes sentimentos e o impacto tanto no paciente quanto na sua família. Objetivos: Este trabalho pretende apresentar as atividades desenvolvidas pelo Serviço de Psicologia do HU/UFSC em diversas unidades de internação e ambulatorial. O hospital oferece somente atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Método: Os atendimentos são realizados na Pediatria, Neonatologia, Alojamento Conjunto, Centro Obstétrico, Ginecologia, Clínicas Médicas, Clínicas Cirúrgicas, Unidade de Tratamento para Diálise, Emergência, Unidade de Terapia Intensiva e Ambulatórios: geral, onco-hematologia, bariátrica, vascular, saúde auditiva. O Serviço de Psicologia atua no tripé ensino-pesquisa-extensão, realiza atividades de pesquisa juntamente com o Departamento de Psicologia e o Programa de Pós Graduação em Psicologia da UFSC, e em parceria com docentes do Departamento de Psicologia possui projetos de extensão (Brinquedoteca Hospitalar, Atendimento Psicológico nas Clínicas Cirúrgicas), estágios curriculares em psicologia nas diversas unidades hospitalares. A Residência Multiprofissional na área da Saúde ocorre em parceria com seis áreas da saúde (enfermagem, nutrição, serviço social, odontologia, farmácia bioquímica, fonoaudiologia), nas ênfases: alta complexidade e urgência/emergência. As discussões clínicas e intervenções conjuntas ocorrem também com alunos de outras áreas da saúde e a residência médica. As atividades de assistência são realizadas de acordo com a demanda de cada unidade, sendo destinadas aos pacientes e aos acompanhantes, em conjunto com as equipes de saúde específica de cada local. As principais propostas de intervenção são: disponibilizar atendimento psicológico aos pacientes internados e sua família; avaliação e acompanhamento psicológico para pacientes submetidos às cirurgias bariátricas; atuar junto aos demais profissionais de saúde buscando uma conduta interdisciplinar; garantir espaços estimulantes e atividades lúdicas/recreativas, contribuir para a formação de profissionais da saúde críticos e com orientação para um trabalho interdisciplinar. As técnicas utilizadas para atingir tais objetivos são as entrevistas abertas, psicoterapia breve, grupos de educação em saúde e de apoio com acompanhantes, grupos com os pacientes e acompanhantes, reuniões interdisciplinares, atividades lúdicas (Projeto Brinquedoteca Hospitalar) e atividades teórico-práticas, supervisões dos estagiários da Psicologia juntamente com os Professores do Departamento de Psicologia da UFSC, assim como atividades teóricas decorrentes da Residência Multiprofissional. Resultados: Os resultados são percebidos pelos integrantes da equipe, além do retorno dado pelos pacientes e famílias e são: alívio da ansiedade permitindo melhor adaptação ao ambiente e maior colaboração dos pacientes nos procedimentos; bom nível de integração da equipe, sendo observado respeito ao trabalho realizado e acolhimento às sugestões e orientações; melhora do nível de informação acerca das questões de saúde; evidente amadurecimento e crescimento pessoal e profissional dos estagiários, apresentando bom nível de conhecimentos teóricos e de manejo das demandas da instituição. conclusão: Conclui-se que os resultados obtidos evidenciam a importância da manutenção e ampliação do atendimento psicológico prestado, dos projetos de extensão e a realização de mais pesquisas na área para o fortalecimento da Psicologia da Saúde no contexto hospitalar. Palavras-chave: psicologia da saúde no contexto hospitalar, ensino-pesquisa-extensão, atendimento psicológico. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 66 F8 cOnTRiBUiÇõeS dO SeRviÇO de PLAnTãO PSicOLÓGicO nOTURnO: nOvAS POSSiBiLidAdeS dO SUS Lúcia Robertta Matos Silva dos Santos Hospital e Maternidade Padre Alfredo Barbosa introdução: Atualmente a assistência psicológica aos pacientes em hospitais gerais tem avançado entendendo todo o processo de humanização e o respeito à integralidade nos oferecidos aos usuários do SUS. A Psicologia da Saúde tem-se desenvolvido desde os anos 70 e apresentado sua contribuição na prevenção e na promoção da saúde, fortalecendo as bases da psicologia moderna e alargando o campo de atuação desses profissionais da saúde mental. Nesse sentido, os atendimentos em hospitais gerais mostram-se eficaz no acolhimento, acompanhamento e escuta cuidadosa dos acometimentos psico-emocionais que interferem a vida pessoal, profissional, familiar e até mesmo comprometido a própria saúde. Para tanto, propostas de serviços de plantão psicológico em hospitais gerais têm acompanhado as novas formas de atendimento ao sofrimento psíquico como alternativa de suporte a dor emocional no momento de sua necessidade. No Hospital e Maternidade Padre Alfredo Barbosa, o serviço de Psicologia existe desde 2004 atendendo pacientes internos nas clínicas médicas, pediátricas, cirúrgicas, na observação e na maternidade, cujas demandas mais evidente são estresse hospitalar, ansiedade frente a procedimentos, medos, suporte aos familiares frente a óbitos, interconsultas com equipes multidisciplinares, e também atende as demandas de urgências psicológicas. No entanto, temse mostrado importante discutir sobre a participação desse profissional no serviço noturno, momento através do qual os aspectos da subjetividade não podem ser desprezados, exigindo do serviço a disponibilidade em 24 horas ininterruptas. Objetivo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre a contribuição do psicólogo em equipes multidisciplinares de hospitais gerais no plantão noturno. Método: No Hospital e Maternidade Padre Alfredo Barbosa, o serviço de plantão psicológico noturno existe desde 2009 e é oferecido aos pacientes em tratamento clínico interno, bem como a toda a comunidade que necessite de escuta, aconselhamento ou quaisquer serviços psicológicos, havendo uma psicóloga realizando atendimentos em consultório e nas enfermarias, sendo os atendimentos registrados em protocolo psicológico e contabilizados a posterior quantitativa e qualitativamente durante oito meses. Resultados: Evidenciou-se nos atendimentos noturnos de psicologia casos que vão desde pacientes com insônia e labilidade afetiva a abortos, acidentes graves com vítimas fatais, depressão e tentativas de suicídio. conclusão: Considera-se que a demanda de atendimentos noturnos de psicologia é real e significativa, confirmando a necessidade do psicólogo em serviços de saúde de referência do SUS, garantindo a escuta quando da necessidade e assegurando a universalidade e integralidade das ações de saúde e bem-estar biopsicossocial a toda a sociedade. Palavras-chaves: plantão psicológico, noturno, humanização, SUS Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 67 F9 ReSidÊnciA inTeGRAdA MULTiPROFiSSiOnAL eM SAÚde dO cOM- HUPeS (BA): diScUTindO LiMiTeS e ALcAnceS dA MULTidiSciPLinARidAde Sheyna Cruz Vasconcellos Universidade Federal da Bahia – Complexo Hospitalar Professor Edgard Santos - Serviço de Psicologia - Salvador, BA introdução: Este trabalho apresenta a Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Hupes-Ba e discute os limites e alcances de uma formação pautada na multidisciplinaridade. Esta residência sustenta sua orientação e diretrizes nos princípios do SUS, dentro de uma atuação multiprofissional e interdisciplinar, onde o fazer do residente articula teoria e prática (aprenderfazendo). Implantada em 2009 está organizada em três áreas de ênfase: saúde do adulto (atenção cardiovascular), saúde da criança e saúde mental. As profissões contempladas foram inicialmente: farmácia, psicologia, enfermagem, serviço social, fisioterapia e nutrição, este ano foram agregadas fonoaudiologia e odontologia somando portanto 8 especialidades. A integralidade como modo de pensar a saúde envolvendo diversos atores que discutam as múltiplas facetas da saúde, objetiva destituir o modelo biomédico vigente. A ampliação do olhar sobre a realidade do doente considerando desde o ambiente onde este está inserido até a hospitalização amplia a compreensão das necessidades do indivíduo e viabiliza o diálogo permanente. A idéia de totalidade na intervenção a saúde torna-se o ideal a ser alcançado, entretanto este viés pode incorrer numa certa homogeneização e indiferenciação dos profissionais em formação. A incorporação do saber do outro pode também distanciar o residente do aprofundamento de sua especialidade. Agregar tantas diferenças de perspectiva numa formação coletiva pode incorrer em certo prejuízo de cada especialidade. Antes o enfoque era na área específica agora a formação se divide entre aquisição de saberes gerais e saberes específicos, fica uma questão que merece ser discutida: o que se perde o que se ganha nesta conquista? Palavras-chave: Residência, multiprofissional, interdisciplinar, especialidades e desafios Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 68 F10 inTeRvenÇõeS PSicOLÓGicAS nO HOSPiTAL UniveRSiTáRiO: áReAS de ATUAÇãO e eSTRUTURAÇãO dAS PRáTicAS de cOnSTRUÇãO de SABeReS Sheyna Cruz Vasconcellos Universidade Federal da Bahia – Complexo Hospitalar Professor Edgard Santos - Serviço de Psicologia - Salvador, BA introdução: Este trabalho apresenta o Serviço de Psicologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES) e como se estrutura o espaço destinado à construção de saberes. O setor conta com onze psicólogas, seis residentes de psicologia e vinte estagiários. Com a implantação em 2009 da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde foi constituído novos enfoques de assistência em consonância com as diretrizes do SUS. As áreas assistidas são: UTI cardíaca, setor de hemodiálise, unidade de infectologia, enfermarias de clínica médica, enfermaria de psiquiatria e centro pediátrico. Foi implantado o sistema de interconsulta para atender as urgências psicológicas das unidades que não contam com psicólogo. As diferentes linhas teóricas que norteiam a escuta dos psicólogos são: psicanálise, cognitivo comportamental e gestalt. A interlocução destas diferenças tem sido muito construtiva, desmistificando a idéia de segregação, permitindo desapego narcísico, novas aquisições e entendimento de diferentes modos de pensar a realidade psíquica. Foram constituídos três momentos voltados para construção de saberes: a)Sessão clínica semanal de psicologia onde são discutidos casos em atendimento em articulação com a teoria, b) Reunião multiprofissional semanal onde se tem feito uma produção interdisciplinar para abordar o doente e sua família e o Núcleo de Pesquisa NUPPSI-HUPES com o objetivo de produzir pesquisa a partir da escuta. Se tratando de um hospital universitário a assistência não se desvincula da pesquisa, ensino e extensão o que parece promover cotidianamente a produção de conhecimento que se amplia a todos os atores desta assistência. Palavras-chave: Estruturação, atuação, saberes, pesquisa e extensão Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 69 TeMAS LivReS TL1 eSTUdO exPLORATÓRiO eM PAcienTeS cOM URTicáRiA cRônicA: inveSTiGAÇãO de SinTOMAS dePReSSivOS e eLeMenTOS AUTOReFeRidOS SOBRe A dOenÇA Thiago Robles Juhas,Maria Gizelli Theml Pinto,Renata S. de F. O. Cuisse, Niraldo de Oliveira Santos,Gláucia Rosana Guerra Benute, Antonio Abílio Mota, Mara Cristina Souza de Lucia CEPSIC, DIP/ICHCFMUSP, Serviço de Imunologia e Alergia do ICHCFMUSP introdução: A urticária é uma doença caracterizada por lesões cutâneas, decorrente de edema dérmico, pode ser classificada como crônica, quando há persistência do quadro clínico por seis semanas ou mais. Existe uma dificuldade em se estabelecer um diagnóstico efetivo, pois nem sempre há uma única causa. Sabe-se que o estresse, a depressão, a ansiedade e alguns aspectos psicossociais constituem fatores de piora; contudo, faltam informações que mostrem em quais condições os elementos emocionais desencadeiam ou pioram o quadro clínico. Objetivo: Avaliar a presença de sintomas depressivos e investigar dados auto-referidos referente ao surgimento da doença, fatores de piora, formas de enfrentamento e prejuízo nas atividades cotidianas. Método: Foi realizado um estudo transversal, exploratório, com 40 pacientes de ambos os sexos, com diagnóstico de urticária crônica. Utilizou-se um Roteiro de Entrevista Semi-Dirigida com questões desenvolvidas pelos autores, perguntas relativas às conseqüências da urticária na vida cotidiana e no corpo, bem como dados sócio-demográficos. As respostas, posteriormente, foram categorizadas segundo análise temática e de conteúdo de Bardin. A avaliação da presença de sintomas depressivos foi obtida através do Inventário de Depressão de Beck. Resultados: Os dados demonstram que a população é caracterizada por mais mulheres (82,5%), na meia idade (55%), casados (50%) e somente 10% não trabalham. As respostas da Entrevista demonstraram que quanto às causas do surgimento da doença 52,2% relataram exposição a agentes químicos; 10% depressão, ansiedade e nervosismo e 12,5% a perdas de pessoas significantes. Em relação aos fatores de piora dos sintomas 53,7% relataram exposição a agentes químicos; 23,7% depressão, ansiedade e nervosismo e 7,5% a problemas conjugais, familiares e sexuais. Como formas de enfrentamento da doença 55% utilizam medicamentos; 17,5% tomam banhos e 17,5% não fazem nada, esperam melhorar por si só. No que se refere ao impacto e prejuízo nas atividades cotidianas 30% relatam o surgimento de sintomas depressivos e/ou ansiosos e prejuízos na sexualidade e 17,5% afirmaram grandes restrições alimentares e/ou uso continuo de medicação. A avaliação da depressão revelou que 55% dos sujeitos apresentaram sintomas depressivos, sendo 32,5% sintomas depressivos leves, 7,5% sintomas depressivos moderados e 15% de sintomas de depressão graves. conclusões: Pudemos observar o impacto que a doença traz na vida dos sujeitos; além da dor e incomodo na pele, formam observadas conseqüências psíquicas e sociais penosas. A ansiedade, a depressão, os sentimentos ambivalentes envolvendo conflitos familiares, sexuais, e o próprio diagnóstico de urticária crônica, são aspectos que, segundo os pacientes, incidem e/ou agravam a expressão sintomática da urticária. A doença impacta a vida psíquica com limitações e grande sofrimento, bem como os elementos subjetivos interferem na piora da doença e no seu tratamento. Os médicos que tratam a doença devem, ao localizarem o impacto negativo e penoso da doença, encaminhar os casos para tratamento especializado junto aos profissionais da psicologia, isso porque tratar somente a urticária crônica e se esquecer do impacto psicológico muitas vezes retro-alimenta as crises e piora a condição da doença. Palavras-chave: Urticária Crônica; Avaliação Psicológica; Depressão; Ansiedade; Aspectos Psicossociais Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 70 TL2 inveSTiGAÇãO dO cOnHeciMenTO e cRenÇAS de PAcienTeS cOM cânceR SOBRe A dOenÇA e TRATAMenTO ReALizAdO: inTeRFAce cOM AnSiedAde e dePReSSãO Juliana Pelegrinelli, Glaucia Rosana Guerra Benute, Michele Gutierres Ignacio, Idalina Cristina Ferrari Júlio, Mara Cristina Souza De Lucia Divisão de Psicologia do Inst. Central do Hospital das Clínicas da FMUSP introdução: O diagnóstico e o tratamento subseqüente de câncer é uma grande crise de estresse, seguida por uma série de dificuldades psicológicas, sociais, físicas e espirituais. Ansiedades, bem como outras reações psicológicas, fazem parte de todo o processo, desde o diagnóstico, permeando o tratamento, até o desfecho, e acometem não apenas o paciente, mas toda a sua família. Cerca de 35% experimentarão sofrimento clinicamente significativo persistentes, tais como ansiedade e depressão, problemas de adaptação, temores sobre a recorrência do câncer e reações de stress pós traumático. Ao saber que se tem câncer é comum a emergência de fantasias de morte por parte do paciente. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo avaliar o conhecimento e crenças dos pacientes com diagnóstico de câncer sobre a doença e o tratamento a ser realizado, e verificar a presença de ansiedade e depressão. Método: Foram entrevistados 45 pacientes, de ambos os sexos, com diagnóstico de câncer, independente da localização da doença, que compareceram à consulta agendada no Ambulatório de um hospital que atende pacientes particulares e do SUS, situado no Mato Grosso do Sul. Foram realizadas entrevista semi-dirigida, e aplicada a escala Hospital Anxiety and depression (HAD). Resultados: Os resultados mostraram que 60,5% dos entrevistados não consideravam sua doença um problema grave, acreditavam ser algo possível de enfrentar e encontravam-se otimistas com a possibilidade de cura ou melhora da doença. Com relação às causas do aparecimento da doença, 34,2% dos pacientes acreditava ser um processo natural de degradação do corpo em função do envelhecimento, e 31,6% como causa hereditária. Observou-se que 76,3% relatavam não ter medo em relação ao desenvolvimento da doença. Apenas 1 paciente apresentou sintomatologia depressiva e ansiosa. conclusões: Os resultados encontram-se divergentes da literatura, no que diz respeito ao medo do desenvolvimento da doença e da morte. Deste modo, pode-se pensar que estes pacientes utilizam-se de mecanismos de defesa para enfrentar o adoecimento, em especial da negação, onde não ter real consciência de todo o processo do adoecer, implica em proteger a psique dos sofrimentos e decorrências negativas que uma doença como o câncer pode gerar. O acompanhamento psicológico está indicado para evitar que a negação possa tornar os pacientes menos participativos no tratamento, podendo ocorrer negligências. Palavras-chave: Câncer; crenças; ansiedade; depressão Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 71 TL3 BURnOUT eM PROFiSSiOnAiS de enFeRMAGeM qUe ATUAM eM UnidAdeS de TeRAPiA inTenSivA Ricardo Purini Pelegrino, Luciane De Rossi, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: As unidades de terapia intensiva configuram ambientes de trabalho estressantes para a enfermagem. Fatores como a sobrecarga de trabalho, os cuidados com pacientes críticos, os conflitos interpessoais, o contato com o sofrimento e com a morte podem afetar o bem-estar e a saúde dos profissionais e levar ao desenvolvimento do burnout. Este surge como resposta ao estresse ocupacional crônico e caracteriza-se pela presença de altos níveis de exaustão emocional e despersonalização e baixo envolvimento pessoal no trabalho. Objetivo: Identificar a prevalência da síndrome de burnout nos profissionais de enfermagem que atuam nas duas UTIs de clínica médica de um hospital universitário de grande porte da cidade de São Paulo, que prestam assistência a pacientes adultos. Método: A amostra constituiu-se de 74 profissionais de enfermagem (20 enfermeiros e 54 auxiliares e técnicos), que responderam a um Questionário de Identificação Profissional e ao Inventário de Burnout de Maslach. Para análise dos dados, tomaram-se como referência as notas de corte e os critérios para interpretar e descrever os resultados utilizados por Ramirez et al. (1995) e Grunfeld et al. (2000). Segundo o primeiro, a síndrome é determinada a partir da pontuação em alto nível nas três dimensões. O segundo critério determina o burnout com essa pontuação em pelo menos uma das três dimensões. Resultados: Conforme o critério de Ramirez et al. (1995), 9,46% dos profissionais de enfermagem das UTIs apresentam burnout, enquanto que, a partir do critério de Grunfeld et al. (2000), a prevalência é de 63,51%. Além disso, entre os profissionais, há alta exaustão emocional (52,70%), baixa despersonalização (64,86%) e alto envolvimento pessoal no trabalho (45,95%). Discussão: Ao se utilizar dois critérios para análise e interpretação dos dados, encontraram-se prevalências muito distintas da síndrome, o que corrobora com a literatura. A elevada porcentagem de indivíduos com nível alto em pelo menos uma das dimensões pode ter relação com as variáveis organizacionais comuns às UTIs, mas também com características próprias da instituição. Os profissionais avaliados neste estudo atuam em um hospital terciário, atendendo casos complexos, que exigem maior empenho da equipe. Além disso, por ser um hospital-escola, há o rodízio de médicos residentes e também de outros profissionais aprimorandos, o que não contribui para a construção de uma atuação coesa da equipe. conclusões: Os resultados obtidos apontam para a necessidade de intervenções junto à equipe de enfermagem para prevenção da síndrome e promoção de saúde e bem-estar do profissional. O investimento no profissional traria ainda benefícios para a instituição, com redução do absenteísmo e melhoria da qualidade da assistência prestada aos seus usuários – os pacientes e seus familiares. Palavras-chave: burnout; equipe de enfermagem; unidades de terapia intensiva; psicologia. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 72 TL4 TRAnSTORnOS ALiMenTAReS e dePReSSãO eM GeSTAnTeS inTeRnAdAS Gabriela Fontes Barretto, Niraldo de Oliveira Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A gestação é um evento particular na vida de uma mulher que pode trazer mudanças, inclusive, em seus hábitos alimentares. Estudos demonstram que, aproximadamente, 3 de cada 100 mulheres poderiam apresentar um transtorno alimentar diagnosticado durante a gestação. Ademais, no que concerne a prevalência de depressão entre gestantes, a literatura aponta para uma prevalência que varia entre 7 a 15%. Não obstante, a relação entre a gestação e transtornos alimentares associado também aos transtornos de humor é geralmente insuspeitada, pois estes transtornos tendem a ser mascarados pelos próprios sintomas da gestação. Objetivos: Analisar a presença de transtornos alimentares, depressão e ansiedade em gestantes internadas. Método: Foram entrevistadas 20 gestantes no segundo e terceiros trimestres gestacionais que se encontravam internadas na enfermaria da Divisão de Clínica Obstétrica. Os instrumentos utilizados foram: Entrevista semi-dirigida, Teste de Atitudes Alimentares – EAT-26, Structured Clinical Interview for DSM Disorders – SCID: Módulo de Transtorno Alimentar, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão – HAD, Prime – MD: Módulo de Humor. Resultados: As 20 gestantes entrevistadas e submetidas aos protocolos tinham uma média de 29 anos (DP= 7,07), dentre elas 75% estavam no segundo trimestre de gestação e 25% estavam no terceiro trimestre. No que diz respeito ao número de gestações por paciente, houve uma média de 3,05 gestações (DP=1,57), sendo que a média de filhos vivos dentre elas era de 1,4 (DP=1,31). Constatou-se que das participantes, 45% apresentaram complicações nas gestações anteriores e 55% referiram doenças associadas à gestação atual, sendo diabetes e hipertensão as mais mencionadas. Verificou-se que 55% das gestantes afirmaram preocupação com o aumento de peso decorrente da gestação atual. Deste total, 35% relacionaram a preocupação ao sobrepeso/preocupação com a sua saúde e 5% relacionaram a preocupação com questões estéticas. A aplicação do “Structured Clinical Interview for DSM Disorders” (SCID) demonstrou que 15% das participantes apresentavam transtorno alimentar; deste total, 5% das entrevistadas apresentaram o diagnóstico de bulimia nervosa “tipo não purgativo”; e 10% foram diagnosticadas com transtorno da compulsão alimentar periódica. Sendo que, 20% das gestantes apresentaram comportamentos sugestivos para transtorno alimentar, segundo o EAT-26 (Teste de Atitudes Alimentares). A existência de transtornos do humor foi avaliada por meio da “Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão” (HAD), onde se constatou que 70% apresentaram sintomas ansiosos e 40% sintomatologia sugestiva para depressão. De acordo com o “PRIME MD – Módulo de Humor”, 65% das gestantes apresentaram o diagnóstico de depressão maior. No módulo de humor do PRIME-MD, identificou-se a presença de depressão maior em 5% das gestantes com diagnóstico de bulimia nervosa “tipo não purgativo” e em 5% daquelas com diagnóstico de transtorno da compulsão alimentar periódica. conclusões: Verificou-se que a incidência de TA, nesse estudo, é maior quando comparada com a apontada na literatura. Ademais, a associação encontrada entre TA e depressão aponta para a necessidade de se verificar a presença de transtorno alimentar e de transtorno de humor, durante a gestação para que os profissionais de saúde possam, por meio de intervenções precisas, evitar problemas futuros tanto para a mãe como também para o bebê. Palavras-chave: gestação; transtornos alimentares; transtorno de humor. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 73 TL5 O GRUPO inTeRdiSciPLinAR ROTATivO cOMO FAciLiTAdOR dA eScUTA dO SOFRiMenTO dOS PAcienTeS inTeRnAdOS nUMA enFeRMARiA de neFROLOGiA Sandra Almazi Primazzi, Regina CRM Abdulkader, Rosemeire A Nascimento Divisão de Psicologia e Serviço de Nefrologia, Instituto Central, Hospital das Clínicas, FMUSP introdução: A internação hospitalar é um momento de incertezas, de fantasias, dor física e desamparo. Numa enfermaria de Nefrologia os pacientes se defrontam com diagnósticos de doenças muitas vezes sem cura e que implicam em: exames invasivos, tratamentos por prazos indefinidos, restrições alimentares e mudanças corporais. Diante disso, muitos apresentam isolamento, tristeza, agressividade, dificuldade de compreensão das informações sobre a doença e o tratamento. Para a equipe de saúde é importante saber quais são as expectativas, dúvidas e angústias dos pacientes em relação ao diagnóstico e tratamento para planejar intervenções que amenizem o sofrimento psíquico e melhorem a qualidade de vida e a adesão ao tratamento. O grupo interdisciplinar é um espaço de expressão e acolhimento sendo um facilitador da escuta dos pacientes convocando-os a falar de si e ouvir outros em situação semelhante, possibilitando identificações, desconstrução de fantasias e construção de conhecimento sobre a doença e o tratamento. O grupo interdisciplinar é fator organizador para o sujeito favorecendo com que reveja a própria história e construa estratégias de enfrentamento frente ao sofrimento físico e psíquico. Objetivo: Analisar o conteúdo das falas dos pacientes durante um grupo interdisciplinar. Métodos: Utilizou-se a observação não participativa, com escrita literal da fala dos participantes de 14 sessões de grupo interdisciplinar, não obrigatório, rotativo, semanal, com duração de 90 minutos, dirigido aos pacientes internados na enfermaria de Nefrologia. Os assuntos eram propostos livremente pelos pacientes. Os profissionais participantes eram: médico, psicólogo, assistente social, nutricionista e enfermeiro. Cada profissional intervinha na medida da sua competência ou quando diretamente inquirido pelo paciente. Os assuntos foram inicialmente separados em 14 temas, subcategorizados em demandas: real, fantasia ou mista (real+fantasia). Resultados: Cada grupo contou com 4 a 11 participantes (média: 7 participantes/grupo), num total de 60 pacientes (37 mulheres, 62%), sendo que 21 participaram mais de uma vez. A idade dos participantes variou entre 9 e 80 anos (média: 44 anos). Os assuntos espontaneamente trazidos pelos pacientes foram um total de 89 temas (média: 6 assuntos/grupo). Os temas mais abordados foram: doenças em geral 26 vezes (sendo que em 7 vezes a doença referida foi lúpus); diálise 12 vezes; sintomas 9 e exames 14 (sendo que em 6 vezes o exame referido foi a biópsia renal). Dos 89 temas, 53 foram demandas reais, 29 fantasias, e 7 mistas. Para o tema sintomas todas as questões foram reais. A maior freqüência de demandas reais aponta para a necessidade de informações concretas. conclusões: O grupo interdisciplinar possibilita a obtenção de informações ao mesmo tempo em que existe a livre expressão de dúvidas, fantasias e sofrimentos relacionados à doença e tratamento que muitas vezes não puderam ser totalmente acolhidos no atendimento individual pela equipe de saúde. Assim o grupo interdisciplinar é um método de intervenção, sustentado pelos discursos e identificações entre os pacientes e pela demanda dirigida à equipe de saúde. Isto permite tanto o acolhimento do sofrimento físico e psíquico quanto a desconstrução do imaginário que permeia o adoecimento e a legitimação do saber construído sobre seu corpo. Palavras chaves: grupo interdisciplinar; internação hospitalar; pacientes nefropatas. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 74 TL6 ASPecTOS neUROPSicOLÓGicOS e PSicOPedAGÓGicOS dO deSeMPenHO MATeMáTicO eM AdOLeScenTeS cOM LeSãO ceReBRAL: UM eSTUdO de cASOS MÚLTiPLOS Silvia Cristina de Freitas Feldberg, Claudia Berlim de Mello, Mauro Muszkat NANI – CPN - CENTRO PAULISTA DE NEUROPSICOLOGIA introdução: A aprendizagem da matemática é central para uma trajetória escolar bem-sucedida. Dificuldades de desempenho matemático em crianças e adolescentes com histórico de lesões cerebrais implicam em desafios aos profissionais das áreas de educação e reabilitação cognitiva, no sentido de identificar precisamente se trata-se, prioritariamente, de expressões de seqüelas neuropsicológicas especificas ou questões pedagógicas. O referencial teórico adotado apóia-se na neuropsicologia e em teorias do desenvolvimento humano, considerando tanto a importância da base biológica como a do mundo social no processo de aprendizagem. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi analisar, a partir de um estudo de casos múltiplos, possíveis associações entre déficits neuropsicológicos e indicadores de desempenho matemático. Método: Foram avaliados cinco adolescentes com idades entre 12 e 15 anos, do sexo masculino, diagnosticados com lesão cerebral congênita ou adquirida, cursando entre o sexto e o nono ano do ensino fundamental, em escolas privadas de São Paulo. Os adolescentes foram submetidos à avaliação neuropsicológica, com ênfase nas funções corticais superiores associadas ao desempenho matemático, de desempenho matemático e psicopedagógica, com foco em habilidades cognitivas também associadas à matemática. Os procedimentos foram aplicados individualmente e levaram cerca de três ou quatro sessões, de duração média de 90 minutos, no NANI – Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Interdisciplinar, serviço ao qual foram previamente encaminhados para avaliação interdisciplinar. Na avaliação neuropsicológica foram adotados testes de funções executivas (WCST; fluência verbal fonológica), visoconstrutivas (Cópia da Figura Complexa de Rey) e memória episódica auditivo-verbal (RAVLT), entre outros. O desempenho matemático foi baseado no exame do SARESP-2007 (espaço e forma; grandezas e medidas; tratamento da informação e números e operações). A avaliação psicopedagógica foi baseada em um protocolo especifico que investiga funções cognitivas relacionadas ao desempenho matemático (habilidades léxica e sintáticas, reconhecimento de grandezas, cálculos e resolução de problemas). O desempenho dos participantes foi comparado a normas por idade, conforme descrito nas publicações de cada instrumento utilizado, e classificado conforme os percentis obtidos. Realizou-se por fim uma análise descritiva, apontando a freqüência de ocorrência de prejuízos tanto neuropsicológicos quanto do desempenho matemático em cada um dos casos. Resultados: Os resultados mostraram que, no âmbito neuropsicológico, as habilidades visoconstrutivas e funções executivas apresentavam os problemas mais acentuados. Apenas dois participantes apresentaram baixo desempenho na prova do SARESP, especificamente nos domínios Espaço e Forma e Tratamento da Informação. O domínio Tratamento de Informação foi o que apresentou variações mais amplas de desempenho. O domínio Números e Operações foi o que apresentou menos variações. Na avaliação do protocolo psicopedagógico, todos os participantes obtiveram bons resultados nos itens relacionados à Leitura e Transcodificação de Palavras e Símbolos, Reconhecimento de Grandeza e Adição. Quatro dos cinco participantes mostraram mais dificuldades, considerando-se a classificação dos resultados. conclusões: Os resultados da avaliação indicam possíveis relações entre alterações neuropsicológicas (habilidades visoconstrutivas e funções executivas) no grupo investigado, que parecem estar associadas a habilidades cognitivas (Espaço e Forma e Tratamento da Informação), contribuindo para as dificuldades no desempenho matemático. Em estudos posteriores, com amostras mais amplas, pode-se buscar correlações e melhor definição dessas questões. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 75 TL7 cOnSideRAÇõeS SOBRe O FUnciOnAMenTO de UM PLAnTãO PSicOLÓGicO eM UM AMBULATÓRiO de Hiv/AidS Daniela Ré Franguelli, Luiza Azem Camargo, Daniela Aparecida Cardoso da Silva, Mayra Moreira Xavier, Patricia Ribeiro Martins Serviço de Extensão e Atendimento ao Paciente HIV/Aids da Divisão de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A aids é uma doença que marca profundamente o sujeito acometido, pois afeta o seu bem-estar físico, mental e social. Sabe-se também que os pacientes infectados pelo HIV/Aids apresentam uma alta prevalência de distúrbios psicológicos se comparado a população geral. O Plantão Psicológico é uma modalidade de prática psicológica que consiste em receber quem procura por atendimento em situação de emergência de crise. O Plantão foi implantado no SEAP em julho de 2006, em função de uma constante solicitação de atendimentos extras pela equipe médica e também por se averiguar que esse tipo de intervenção daria um suporte imediato em situações emergenciais como revelação diagnóstica, início de tratamento, isolamento social, entre outras, permitindo ao paciente a livre expressão do pedido de ajuda. A necessidade de pensar novas formas de intervenção teve ainda peso maior diante de uma grande demanda para psicoterapia individual e em contrapartida um número limitado de profissionais de psicologia para acolher toda essa demanda, ocorrendo, na maioria das vezes uma espera de pelo menos 4 meses para o acompanhamento. Assim, o plantão psicológico surgiu em função de uma necessidade de possibilitar esse acolhimento imediato, valorizando o sofrimento do usuário e atenuando o período de espera pelo processo psicoterápico. Objetivos: Analisar as características dos usuários que procuraram o serviço do plantão; verificar o motivo da procura; verificar a freqüência de procura nos horários oferecidos. Método: Pesquisa quantitativa, delineamento não-experimental transversal. Foram caracterizados dados referentes a uma pesquisa de análise de dados em prontuários/registros de atendimentos do SEAP, sobre a implantação e funcionamento do plantão psicológico realizado desde 2006. O período escolhido para análise corresponde ao ano de 2008. Constituiu a amostra deste estudo um total de 68 prontuários. Os dados foram analisados com o software SPSS. Resultados: Destacam-se dentre os dados obtidos 65,7% de pacientes do sexo masculino; com média de idade de 42,3 anos na população total atendida; 44,8% do total, tinham passagem anterior na saúde mental e 79,4 foram encaminhados do plantão para psicoterapia ou psiquiatria. Com relação aos motivos de procura, o que mais se destacou, com 34,3% foi o indicativo de transtornos depressivos/ansiosos e este em conjunto com dificuldades de relacionamento/ trabalho (17,9%). conclusões: Percebe-se que o plantão psicológico atende à demanda de problemas emocionais advindos de vários aspectos do paciente e que essa demanda não necessariamente apresenta correlação aos problemas relacionados ao HIV. No que se refere à demanda institucional, percebemos o plantão como muito positivo, na medida em que houve diminuição significativa na lista de pacientes em espera pela psicoterapia. Palavras chave: Plantão Psicológico; Psicoterapia; HIV/aids; acolhimento. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 76 TL8 deSeMPenHO cOGniTivO eM PAcienTeS cOM dOenÇA de PARKinSOn SUBMeTidOS A eSTiMULAÇãO ceReBRAL PROFUndA eM nÚcLeO SUBTALâMicO BiLATeRAL Alessandra Shenandoa Heluani, Alexandre Aluizio Costa Machado, Sérgio Listik, Alexandre Walter de Campos, Márcia Rosana Matuk, Laís Nascimento Mendes, José Oswaldo de Oliveira Jr, Arthur Cukiert Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital de Transplantes Euriclydes de Jesus Zerbini introdução: Nas descrições iniciais de James Parkinson sobre a Doença de Parkinson (DP), não se relatava prejuízo à cognição dos pacientes, o que foi comunicado 60 anos mais tarde com os estudos de Charcot. Objetivo: Comparar funcionamento cognitivo de pacientes com Doença de Parkinson antes e depois de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) em núcleo subtalâmico bilateral. Método: Foram avaliados 14 pacientes em pré e pós-operatórios (entre seis e oito meses após intervenção cirúrgica). Considerou-se suas médias de desempenho. Realizou-se entrevista semiestruturada com o paciente e cuidador para coleta de dados sócio-demográficos e clínicos. Utilizou-se o teste de rastreio Mini Exame do Estado Mental (MEEM), avaliação de humor através da Escala Beck (BDI) ou Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), avaliação neuropsicológica e o instrumento Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire (PDQ-39). Casos psiquiátricos graves e/ou que atendiam os critérios de diagnóstico de demência segundo estudos vigentes, foram excluídos. Resultados: Houve uma melhora no desempenho da memória episódica imediata e tardia verbal e visual, flexibilidade cognitiva e nomeação (mais discreta). Houve desempenho inferior na atenção dividida e menos significativa na fluência verbal categórica, atenção seletiva e velocidade de processamento. conclusões: Os estudos cognitivos sobre DBS com pacientes de Parkinson são escassos, existindo mais recentemente uma revisão crítica (J. Guridi, 2009), em que há controvérsias sobre possível deterioração cognitiva nos pacientes submetidos a este procedimento a longo prazo, pois tais aspectos poderiam estar relacionados à própria evolução da doença. Sendo assim, em nosso estudo, tal intervenção sugere efeitos positivos no funcionamento cognitivo do paciente. Palavras-chave: Doença Parkinson; cirurgia estereotáxica; funções cognitivas Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 77 TL9 GRAvidez e ABORTO vOLUnTáRiO nA AdOLeScÊnciA: diScURSOS dOS PROFiSSiOnAiS de SAÚde nA MÍdiA OnLine Vanessa Monteiro Bizzo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC-SP introdução: Propomos uma reflexão sobre os discursos de profissionais de saúde sobre a gravidez e o aborto voluntário na adolescência, considerando a mídia online um ator privilegiado no que concerne a veiculação de informações e disseminação de valores relativos à sexualidade e saúde reprodutiva de adolescentes. A nosso ver, profissionais de saúde, tais como médicos e psicólogos, são importantes formadores de opinião e influenciam as práticas de atendimento à saúde tanto no plano micro (atendimento de saúde a adolescentes grávidas e/ou em situação de aborto voluntário em Hospitais, Pronto-Socorros, etc) quanto no plano macro (modificação da regulamentação da prática de aborto voluntário pelo SUS em 1998 e 2005). Objetivo: apreender os discursos de profissionais de saúde sobre gravidez e aborto na adolescência a partir da retórica produzida e veiculada pelo jornal online da Folha de S. Paulo. Método: Apresento parte da dissertação de mestrado que tem por título “Infância associada ao tema aborto voluntário em peças jornalísticas publicadas pelo jornal online da Folha de S. Paulo (1997-2005)”. Utilizo para análise os aportes teórico e metodológico de J. B. Thompson sobre o conceito de Ideologia e a Hermenêutica de Profundidade. Resultados: Das 298 notícias analisadas, a segunda maior representação (15,7%) é de discursos de profissionais da saúde. Descrevo e interpreto peças jornalísticas em que estes discursos diziam respeito tanto a fatores de riscos associados a gravidez e aborto, quanto a autonomia, responsabilidade dos adolescentes. Verifico que no Caderno “Teen”, os profissionais respondem dúvidas dos adolescentes apresentando a gravidez na adolescência sempre como um fenômeno “indesejado” e relacionado por vezes, à realização de abortos. Neste eixo de argumentação, apresentaram programas de planejamento familiar e de prevenção à gravidez, e, inclusive, projetos de abstinência sexual. Sobre o tema aborto voluntário não notamos um aprofundamento em termos de informação. Em outros cadernos do jornal percebe-se que os profissionais adotam a retórica de que gravidez e aborto são sempre situações problemáticas; adolescentes não são tidos como atores sociais em relação a suas vidas sexuais e reprodutivas, e, ao contrário, são incapazes e irresponsáveis; preferem pronunciar seus comentários nos casos em que a situação de aborto é mais favorável (situação de estupro); preferem falar sobre as conseqüências sociais em detrimento dos aspectos bio-psico-sociais. conclusões: a partir de nossa proposta de interpretação, analisa-se que adolescentes, na visão dos profissionais de saúde no jornal online da Folha de S. Paulo, são tidas como “inocentes”, “despreparadas”, “irresponsáveis”. Os discursos de profissionais de saúde colaboram para que estas adolescentes sejam “Cabides de notícia” para sensacionalização do debate sobre aborto voluntário. Esta retórica contamina os serviços de atendimento a mulher, adolescente e grávida e estigmatiza a infância, assim como as mulheres no geral, tratadas, por contraste, como seres incapazes de ter a plenitude de seus direitos reprodutivos reconhecidos. Palavras-chave: gravidez, aborto voluntário, adolescência, profissionais de saúde, mídia. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 78 TL10 TRATAMenTO exTRA-HOSPiTALAR eM SAÚde MenTAL SOB A PeRSPecTivA dO PAcienTe ReinTeRnAnTe Vanessa Machado, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP introdução: O fenômeno da reinternação psiquiátrica tem se mostrado um desafio à atual política nacional de saúde mental, uma vez que implica uma nova forma de institucionalização. Diante de tal cenário, são revelados os limites dos serviços extra-hospitalares, os quais, de acordo com a legislação na área, deveriam oferecer atenção psicossocial e, assim, substituir a atenção hospitalar. Objetivo: Este estudo teve como objetivo discutir as características da atenção oferecida no serviço extra-hospitalar sob a perspectiva de pacientes reinternantes em um hospital psiquiátrico público do estado de São Paulo. Método: Como estratégia metodológica adotou-se um enfoque de pesquisa qualitativa. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas a 22 pacientes reinternantes. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática e a interpretação foi fundamentada pelo paradigma emergente da Atenção Psicossocial. Resultados: A partir da análise das entrevistas foi possível identificar a satisfação dos usuários com relação ao vínculo e ao acolhimento recebido no serviço onde fazem o seguimento ambulatorial; as preferências individuais por modalidades terapêuticas específicas; a percepção das limitações apresentadas pelo serviço, como o não funcionamento noturno, distância temporal entre os retornos às consultas, ausência de escuta, atendimentos restritos ao controle da medicação, ociosidade e atividades sem sentido; justificativas para as faltas e abandonos; sugestões para a melhoria do atendimento; compreensão de que o CAPS é “lugar para louco”; e insatisfações com a relação usuário-profissional. conclusão: A análise dos relatos dos usuários possibilitou localizar os entraves existentes na atenção oferecida pelos serviços extra-hospitalares, uma vez que existe uma insuficiência no número de serviços da rede e no número de profissionais, isolamento com relação ao sistema de saúde, desarticulação com outros setores e cuidado medicocentrado. Nesse cenário, a reinternação psiquiátrica desvela um momento de transição entre dois modelos – manicomial e psicossocial, uma vez que alguns serviços extra-hospitalares ainda não trabalham com a potencialidade proposta pela política nacional de saúde mental. (CAPES) Palavras-chave: reinternação psiquiátrica; atenção psicossocial; políticas públicas em saúde mental. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 79 TL11 A ATUAÇãO dA PSicOLOGiA nA UnidAde de TeRAPiA inTenSivA (UTi) de UM HOSPiTAL OncOLÓGicO Mariana Paschoal Martins Hospital de Câncer de Barretos/SP introdução: Humanização se remete à valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a construção de redes de cooperação e a participação coletiva no processo de gestão. A filosofia de trabalho do Hospital de Câncer de Barretos é voltada para a humanização da assistência ao paciente e seu familiar e/ou acompanhante. Com essa finalidade foi construída uma UTI voltada para a humanização, com estrutura física e técnica que procura amenizar os sentimentos vivenciados com o adoecimento. O psicólogo tem se inserido nos hospitais por meio de ações assistenciais que abrangem desde a prevenção até a paliação. Um dos principais desafios dessa especialidade tem sido fundamentar e desenvolver técnicas de intervenção psicológica que atendam as demandas específicas de ambientes hospitalares diferenciados, como a UTI. Objetivo: Descrever o ambiente da UTI do Hospital de Câncer de Barretos e discorrer sobre o serviço de psicologia neste setor. Método: A coleta de dados foi realizada por meio de um protocolo específico para avaliação dos pacientes internados na UTI. Durante a coleta de dados foram registrados os relatos dos pacientes, acompanhantes e equipe. Foi realizada a análise qualitativa. Resultados: Para a maioria dos pacientes, a escuta psicológica ajuda aliviar a ansiedade que eles sentem durante a permanência na UTI; segundo muitos acompanhantes, a psicóloga da UTI ajuda-os a ficarem mais tranqüilos do lado de fora, nesse período tão angustiante longe do paciente; de acordo com a equipe, a psicologia ajuda no lidar com os familiares, sendo que diminuíram as reclamações a partir do trabalho intensivo da psicóloga na UTI, ajudando no vínculo com o paciente e a diminuir fatores estressantes para este. conclusões: o serviço de psicologia pode ser benéfico para pacientes e seus acompanhantes em um momento de extrema ansiedade para ambos, que é a internação em uma UTI. Palavras-chave: Psicologia Hospitalar; Unidade de Terapia Intensiva; Serviço de Psicologia Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 80 TL12 TRAnSPLAnTe de céLULAS-TROncO HeMATOPOéTicAS: UMA nOvA PeRSPecTivA PARA O TRATAMenTO dO diABeTeS MeLiTTUS TiPO 1 Letícia Aparecida da Silva Marques, Érika Arantes Oliveira-Cardoso, Júlio Cesar Valtarelli, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo introdução: O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é parte de um grupo de afecções com gravidades variáveis, conhecidas como doenças auto-imunes. Nesses quadros, o sistema imunológico do paciente volta-se contra o seu próprio organismo, podendo afetar vários órgãos vitais ou apenas um sistema orgânico. No panorama de novos tratamentos disponíveis, o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) vem sendo testado em algumas dessas doenças como uma possível alternativa em relação à terapêutica convencional. Embora seja um procedimento que visa a resgatar a saúde, constitui-se também de uma intervenção extremamente agressiva, na qual o paciente é submetido a estressores físicos e psicológicos, como isolamento absoluto e prolongada hospitalização. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de pacientes portadores de DM1 que foram submetidos ao TCTH na Unidade de Transplante de Medula Óssea (UTMO) do Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), comparando os períodos pré-TCTH e após um e dois anos de transplante. Método: A amostra foi composta por 22 pacientes, sendo 16 mulheres e seis homens, transplantados no período de 2006 a 2008, com idades entre 16 e 22 anos. Como instrumento de avaliação foi aplicado o Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida - Medical Outcomes Study 36 Item Short-Form Health Survey (SF- 36) nos três momentos investigados. A aplicação foi individual e em situação face-a-face. Resultados: Os resultados obtidos indicam que, no pós-TCTH (um e dois anos), houve acréscimo dos escores de qualidade de vida quando comparados com os obtidos no pré-TCTH. Considerando as subescalas do instrumento, a maior média obtida correspondeu à Capacidade Funcional (96,36±5,34 no Pós 1 e 96,27±5,29 no Pós 2) e a menor média foi em Vitalidade (73,63±3,79 no Pós 1 e 72,00±3,01 no Pós 2). conclusão: A partir dessas evidências, pode-se afirmar que, apesar de se tratar de um procedimento altamente invasivo e ameaçador, observou-se melhora do ponto de vista dos valores absolutos dos escores dos índices de qualidade de vida nos pacientes submetidos ao transplante um e dois anos após a realização do procedimento. Os resultados obtidos são relevantes para a confirmação do TCTH como proposta promissora em relação à terapêutica tradicional no panorama do tratamento do DM1, contribuindo para melhora de indicadores psicossociais. Palavras-chave: transplante de células-tronco hematopoéticas; diabetes melittus tipo 1; qualidade de vida. FAPESP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 81 TL13 SinTOMAS dePReSSivOS e USO de TRAnqUiLizAnTeS eM UMA AMOSTRA de UniveRSiTáRiAS BRASiLeiRAS Mariana Verpa Sanches, Lucio Garcia de Oliveira, Gabriela Arantes Wagner, Tânia Correa de Toledo Ferras Alves, Yuan-Pang Wang, Laura Helena Silveira Guerra de Andrade, Arthur Guerra de Andrade GREA – Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ipq – HC – FMUSP; Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC – FMABC; NEP – Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica da Universidade de São Paulo – FMUSP introdução: o “I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras” apontou para uma interferência do gênero sobre o uso de drogas. Enquanto os homens usam mais substâncias ilícitas, as mulheres fazem mais uso recreacional de medicamentos prescritos (anfetamínicos, tranqüilizantes e analgésicos opiáceos), diferença que pode ser explicada por distinções do funcionamento biopsicossocial entre os gêneros, assim como pela diferença de vulnerabilidade para incidência de transtornos psiquiátricos. Objetivo: caracterizar a presença de sintomas depressivos e uso de drogas entre as universitárias que participarem do levantamento nacional supracitado. Método: utilizou-se o “Inventário de Depressão de Beck- versão II” (BDI-II) e o uso de drogas foi avaliado em três momentos: na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias. Os dados foram ponderados para representar a população universitária brasileira. Os testes estatísticos foram realizados através da library survey do software R (versão 2.12.0). Comparações intergrupos foram realizadas através dos testes de x2 e as médias foram comparadas pelo teste-T. O nível de significância estatística adotado foi de p<0.05. Resultados: A maior parte das universitárias respondentes do BDI-II tem idade <= 24 anos, é solteira, branca, da região Sudeste do país, de Instituições de Ensino Superior privadas, da área de humanas e do período noturno. Entre elas, a média da pontuação do BDI-II foi de 7,81. Um terço das universitárias respondentes tem pontuação que pode indicar depressão. Estudantes do período noturno (OR= 1.54; p<0.01) e integral (OR= 1.65; p<0.01) tiveram maiores chances que as estudantes do período matutino de desenvolverem depressão. Aquelas que declararam ter feito uso de tranqüilizantes nos últimos 30 dias tiveram 2,62 vezes mais chance de ter sintomas depressivos, se comparadas àquelas que não fizeram uso (p<0.001). Analisado o uso de tranqüilizantes nos últimos 30 dias, observou-se que as universitárias com pontuação indicativa de sintomas de depressão grave tiveram 17,6 vezes mais chances de usá-los em relação às universitárias que não atingiram essa pontuação (p<0.001). Além disso, esse uso é mais tranqüili entre universitárias de >=35 anos (OR=7,6; P<0.05), assim como entre aquelas que já fizeram uso terapêutico da substância por três semanas (OR=5,1; P<0.05) ou mais (OR=11,5; p<0.001). conclusão: os resultados sugerem que o uso ilícito de tranqüilizantes entre universitárias e a presença de sintomas depressivos estão correlacionados, de tal forma que, sugere-se que sejam desenvolvidos programas de prevenção e tratamento para melhor tranqüi-las, pois as diferenças entre os gêneros requerem atenção no diagnóstico e manejo diferenciado para um bom prognóstico. Palavras-chave: Epidemiologia; estudo transversal; depressão; tranqüilizantes; estudantes Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 82 TL14 indicAdOReS de deSenvOLviMenTO de FiLHOS de ALcOOLiSTAS e qUALidAde dAS ReLAÇõeS FAMiLiAReS Joseane de Souza, Ana Maria Pimenta Carvalho, Maycoln Martins Teodoro, Isabel Cristina Pinto Faculdades Avantis/Bln. Camboriu/SC; Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; Universidade Federal de Minas Gerais; Prefeitura Municipal de Guarapuava/PR introdução: O presente estudo teve como objetivos verificar a existência de afetividade e conflito na relação da mãe com o filho de alcoolista segundo a percepção da mãe, pai e filho de 9 a 11 anos e correlacionar tais aspectos com os indicativos de problemas de comportamento e de sinais de depressão nas crianças. 42 participantes; 14 pais com diagnóstico de dependência de álcool, 14 mães não dependentes químicas, e 14 filhos com 9 a 11 anos fizeram parte do estudo. Foram utilizados os seguintes instrumentos:Roteiro de identificação dos pais, verificação da ausência de dependência química na mãe, Familiograma, Escala Comportamental Infantil A2 de Rutter (ECI), Inventário de Depressão Infantil. Os resultados apontaram que os filhos percebem mais afetividade na sua relação com a mãe que na relação com seu pai (p=0,032). As mães avaliam a relação com seu filho como sendo mais afetiva que a relação com seu marido (p=0,003). Os pais percebem a existência de mais conflito na relação com sua esposa que na relação com seu filho (p=0,008). Ao correlacionar o nível de afetividade de mães com seus filhos e com a presença de sintomas de depressão e problemas de comportamento, observa-se que quanto mais afetividade o filho percebe em sua relação com a mãe menos sinais de depressão (r=-0,539 p=0,47) ele apresenta e menos sinais de problemas de comportamento (r=0,568 p=0,034). O alcoolismo do pai na fase de filhos na pré-adolescência acarreta menos dificuldades emocionais e comportamentais desde que este tenha uma relação afetiva com mãe. Palavras chaves: alcoolismo, filhos de alcoolistas, criança, família Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 83 TL15 iMPAcTO dA FiBROMiALGiA eM AdULTOS: eSTReSSe, AUTO-eFicáciA, SUPORTe SOciAL, cOPinG e qUALidAde de vidA Dóris Firmino Rabelo, Thaís Dourado Porto Universidade Federal do Recôncavo da Bahia introdução: A fibromialgia é uma patologia reumática crônica que acarreta nos pacientes experiências perturbadoras relacionadas à sensação dolorosa, a alterações no estado de humor, sono, restrições de atividades e queda da disposição energética. O impacto da fibromialgia pode ser maior ou menor, em função da avaliação subjetiva que a pessoa faz dos episódios negativos e de seus desdobramentos. Entender como a doença afeta a qualidade de vida dos indivíduos e como estes podem lidar de maneira bem sucedida com ela é importante à geração de alternativas de intervenção voltada ao bem-estar destas pessoas. Objetivo: verificar em adultos com fibromialgia o estresse percebido, o suporte social, o senso de auto-eficácia, as estratégias de enfrentamento e a qualidade de vida. Método: Participaram 19 sujeitos com diagnóstico de fibromialgia, com idade média de 52 anos (DP= 11,7), cadastrados em um programa de reabilitação em Fisioterapia de uma clínica particular da cidade de Patrocínio – MG. Utilizou-se os instrumentos: a) Questionário sobre o impacto da fibromialgia – QIF; b) Questionário para avaliar como a fibromialgia é percebida como estressante no momento atual em uma escala (1=pouco a 10=muito); c) ISEL Reduzido: avalia a percepção de suporte social; d) Escala de auto-percepção de eficácia; e) Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Estresse; f) Escala de Qualidade de Vida de Flanagan contendo 6 domínios em uma escala de 1 (extremamente insatisfeito) a 7 (extremamente satisfeito). Foram feitas estatísticas descritivas. Resultados: A maioria dos sujeitos (68,4%) relatou não conseguir realizar atividades físicas e/ ou serviços domésticos, 36,8% revelaram que a doença provocou desânimo e baixa auto-estima, 94,7% referiram sentir muita dor, 84,2% sentem-se muito cansados, 89,5% sentem muita rigidez corporal, 100% mostrou-se muito nervoso/ansioso e 94,7% muito deprimidos/desanimados. A doença foi considerada como um evento muito estressante (M=9,0; DP=2,1). Perceberam disponibilidade de suporte social na maioria das vezes (M= 3,0; DP=0,9). No que se refere às crenças pessoais sobre o quanto são capazes de lidar com as dificuldades do dia-a-dia (auto-percepção de eficácia), a média foi de 2,0 (DP=0,6), indicando baixo senso de auto-eficácia. Em relação às estratégias utilizadas pelos indivíduos para enfrentamento do estresse, a maioria relatou focar na religiosidade (M=4,0; DP=0,7), seguido da inibição das emoções (M= 2,8; DP= 0,8) e comportamento de esquiva (M= 2,6; DP=0,7). Quanto à qualidade de vida, mostraram-se satisfeitos com o bem-estar físico e mental (M= 4,4; DP=1,3), com a relação com outras pessoas (M= 5,0; DP=0,9), com o envolvimento com atividades sociais (M= 5,0; DP= 1,2), com o desenvolvimento e enriquecimento pessoal (M= 5,0; DP=0,9), com a recreação (M= 5,0; DP=1,5) e com a independência (M= 5,0; DP=2,0). conclusão: A fibromialgia teve um forte impacto negativo na vivência dos participantes, sendo percebida como altamente estressante. Mostraram baixo senso de auto-eficácia e estratégias de enfrentamento menos ativas, com foco na emoção. No entanto apresentaram satisfação com a qualidade de vida atual, indicando uma forma de superação destes indivíduos e que apesar das incapacidades a que se encontram submetidos, ainda conseguem manter um equilíbrio entre corpo e mente, garantindo assim um bem-estar físico e mental. Palavras-chave: fibromialgia, dor crônica, estresse. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 84 TL16 THe USe OF AYAHUAScA AMOnG BRAziLiAn cOLLeGe STUdenTS: SOciOdeMO-GRAPHic cORReLATeS And AdveRSe ReLATed cOnSeqUenceS Natália Gomes Ragghianti, Erica Rosanna Siu, Gabriel Andreuccetti, Lúcio Garcia de Oliveira, Arthur Guerra de Andrade Interdisciplinary Group for Alcohol and Drug Studies, Department of Psychiatry, School of Medicine, University of Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil – GREA; Department of Preventive Medicine, School of Medicine, University of Sao Paulo, Sao Paulo, Brazil – FMUSP; Department of Psychiatry, ABC Medical School, Santo Andre, Brazil – FMABC introduction: Ayahuasca is a hallucinogenic beverage used in rituals for curing, divination or diagnostic purposes by several indigenous populations and contemporary syncretic religious movements (e.g., “Santo Daime”). Although it is used for healing purposes in these rituals, ayahuasca is a psychotropic substance that could induce abuse or dependence. According to the Brazilian legislation, this substance use is not permitted for those under influence of other psychoactive substances, but it is allowed in a ritualistic context – of which pregnant women and children may participate. This is a relevant issue because the developing brain is more affected by the use of psychotropic drugs. Unfortunately, there are few studies on the use of ayahuasca and its consequences in the young, specially college students, who are a vulnerable group for drug use. Aims: Characterize the use of this substance among Brazilian college students. Methods: Data was derived from the “First National Survey on the Use of Alcohol, Tobacco and Other Drugs among College Students in the 27 Brazilian State Capitals”, with a total sample of 12,711 students. Lifetime, last 12-month, and last 30-day prevalence of ayahuasca use, its sociodemographic correlates, associated academic variables and consumption of other substances, and indicators of potential adverse health and social consequences related to the use of ayahuasca were assessed. For categorical variables, comparisons were performed using the chi-squared test. All results were expressed as frequencies. Logistic regression model (stepwise backward elimination) was conducted to explore the relationships of sociodemographic and academic variables with lifetime ayahuasca use. The significance level adopted was α=0.05. Results: Lifetime ayahuasca use was 1,3% (n=161, SE=0,4%) in total sample (n=12,711). It was higher among males (57.7%, SE=7.2) and those between 25-34 years-old (47.9%, SE=10.3). As expected, most of the students who belonged to the Santo Daime religion used ayahuasca (91.6%, SE=5.9%). Lifetime ayahuasca use was associated with Indian ethnicity (OR=9.2, CI=6.5-13.1) and being single (OR=4.4, CI=2.9-6.8), and age between 25-34 years (OR=0.5, CI=0.3-0.6). More than 70% of lifetime ayahuasca users had already used alcohol, tobacco, marijuana and other drugs in their life (p<0.0001). Less than 1% of ayahuasca users had recurrent related social, legal or health problems in all periods of use or failed to do what was normally expected from them (p<0.0001). However, 13.8% (SE=4.1) of lifetime users and 25,9% (SE=7.5) of 12-months users showed a strong desire (craving) to consume ayahuasca 1 or 2 times in their life, and 10.2% (SE=8.7) of 30-day users had this strong desire daily or almost daily (p<0.0001). Still, the prevalence of family or friends concerned about their use was rather low: 2.5% among lifetime users, 4.3% of past-year users and 0.6% of past-month users. Most of current ayahuasca users also had already consumed other licit or illicit drugs. conclusion: The present study indicates that ayahuasca comsumption was unusual among Brazilian college students when compared with others drugs; however, important inconsistencies between reality and the Brazilian legislation were observed, which requires further attention of policymakers for law adequacy/enforcement and researchers to improve the knowledge about ayahuasca effects. Keywords: ayahuasca, hoasca, college students, hallucinogen Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 85 TL17 O AGenTe cOMUniTáRiO de SAÚde: UM eSTUdO SOBRe OS eSTReSSOReS nO cOnTexTO de TRABALHO Anne Michaela Gomes de Almeida, Bruna Cipriano, Daiane Cruz Ferreira, Larissa Silva Cabral, Laryssa Frinhani Viturini Marchiori, Poliana Sfalsin Zatta Faculdade Pitágoras campus Linhares/ES introdução: O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional que se destaca na comunidade pela capacidade de se comunicar com as pessoas, pela liderança natural que exerce, revelado um ator intrigante na relação de trocas estabelecidas entre saberes populares de saúde e saberes médico-científico. Esta prática foi reconhecida legalmente como profissão em 2002. O trabalho desse profissional visa o atendimento de famílias inscritas em área geográfica definida, além de desenvolver atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de visitas domiciliares e ações educativas individuais e coletivas. Essas ações ocorrem na comunidade ou nos domicílios, sendo intrínseco a essa profissão atividades externas e visitas sob diferentes condições ambientais. Nesta perspectiva, observa-se uma forte demanda física, psíquica e social, promotoras de diferentes estímulos de estresse. Objetivo: Compreender e mapear os aspectos geradores de estresse no ambiente de trabalho dos ACS, segundo a perspectiva dos mesmos. Método: Foi realizada uma pesquisa qualitativa, por meio de entrevista semi-estruturada, contendo 11 questões aplicadas em aproximadamente 70% dos agentes de uma área geográfica da cidade de Linhares/ES. O tratamento dos dados foi efetuado através da análise de conteúdo em grade temática. Resultados: O estudo revela que o ACS encontra-se sob considerável situação de estresse, sendo que os principais agentes causadores do mesmo são: significativa cobrança da população que não tem esclarecimento de qual é a função do ACS, dificultando em muitas das vezes o envolvimento do ACS com as famílias e a obtenção dos resultados do trabalho; auto cobrança do ACS que não pode oferecer o que a população demanda; angústia decorrente do constante convívio com o sofrimento alheio; comunicação ineficaz entre o posto de saúde e o ACS; pouco investimento em formação continuada demonstrando a baixa valorização de seu trabalho; ineficiência de redes sociais que auxiliam a obtenção de resultados e resolução de conflitos vivenciados pelo ACS. Constatou-se ainda que 100% das amostras não pretendem continuar exercendo a função de Agente Comunitário de Saúde, sendo esta uma oportunidade para realizar curso superior na área de educação e saúde. conclusões: Após a análise dos agentes estressores no contexto de trabalho do ACS fica demonstrado claramente o reflexo destes sobre sua saúde física e mental, pela postura apresentada de exaustão, sensações de ceticismo e desligamento do trabalho, sensação de ineficácia e falta de realização, caracterizando então uma possível síndrome de Bournout. Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde; Programa de Saúde de Família; Estresse. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 86 TL18 GeSTAÇãO (in) deSejAdA: cAUSAS, vivÊnciAS e SiGniFicAÇãO PARA AS AdOLeScenTeS de UMA PeRiFeRiA de SãO PAULO Cristina Mendes Gigliotti Borsari, Angélica Janaina de Oliveira Dias Batista dos Santos, Jéssica de Souza Tomaz, Eduardo Filoni, Rodrigo Borsari Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch- M’ Boi Mirim Universidade Mogi das Cruzes introdução: A gestação na adolescência é um período que precisa ser avaliado com especial atenção, pois envolvem alterações físicas, hormonais, psicoemocionais e de inserção social, que podem refletir diretamente na saúde do binômio mãe-bebê. A presença de aspectos ansiosos, de sentimentos de culpa, de depressão e a falta de apoio da rede social e da família na gestação estão associado ao comprometimento da relação favorável da mãe com o bebê. Objetivos: Identificar as causas e significados da gestação em adolescentes de uma periferia de São Paulo. Analisar o comportamento das adolescentes, o contexto social, bem como fatores afetivo-emocionais envolvidos. Método: Foram entrevistadas 100 adolescentes puérperas, que estavam em condições clínicas favoráveis e internadas no Alojamento Conjunto do hospital no período de julho a dezembro de 2009. A pesquisa foi previamente apresentada às gestantes e foi encaminhado aos pais o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados se deu por um questionário previamente elaborado. Trata-se de um estudo observacional, analítico, prospectivo e qualitativo. Resultados: As gestantes apresentam entre 14 e 19 anos, dessas 51% possuem o ensino fundamental incompleto com renda inferior a R$800,00. 54% moram junto com cônjuge, 14% são solteiras sem namorado e 32% solteiras com namorado. Do total 87% são primigestas, 11% são secundigestas e 2% são tercigestas. 49% das gestantes relataram que a gestação não foi planejada e que não a desejavam, enquanto que 30% responderam que a gestação não foi planejada, mas foi desejada e 21% disseram que a gestação foi planejada e desejada. Em relação ao pré-natal, 100% das adolescentes passaram por consultas, sendo que 32% realizaram mais de dez consultas. Em relação à utilização de drogas 95% afirmaram que nunca utilizaram, e 5% utilizaram algum tipo de droga. O tipo de parto foi 82% normal, 17% cesárea e 1% fórceps. Com relação à percepção e vivência de violência concluiu-se que 20% das adolescentes sofreram algum tipo de violência, física ou emocional. Na relação parental verificou-se que a convivência só com a mãe somada a baixas condições sócio-econômicas deixaram a adolescente mais prédisposta a gestação. conclusões: Da análise dos resultados temos que 60% das adolescentes vêem a gravidez como um modelo de repetição do comportamento de suas próprias mães e para 55% a busca pela maternidade precoce revela a necessidade de se sentir parte da sociedade e exercer sua cidadania, já que devido às condições sócio-econômicas desvantajosas as adolescentes não são motivadas a buscar objetivos de realização profissional e seguimento dos estudos. Referente à percepção e vivência da gestação e maternidade, apesar de todas as divergências de uma gestação não planejada ou não desejada, 90% apresentaram um discurso de apego e afeto para suprir necessidades essenciais que lhes eram negadas, como o “sentir-se forte e não mais sozinha”. Palavras-chave: Gestação; Saúde da Criança e do Adolescente; Periferia Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 87 TL19 FORMAÇãO MédicA e HUMAnizAÇãO: cUidAndO dA SAÚde MenTAL dO eSTUdAnTe Simone da Nóbrega Tomaz Moreira, Elza Maria do Socorro Dutra Universidade Federal do Rio Grande do Norte introdução: Nos últimos anos, vêm ocorrendo mudanças no contexto da educação médica. Entre essas mudanças, destaca-se a necessidade de reforçar o eixo ético-humanístico do curso, que se propõe a incluir temas das ciências humanas, com o objetivo de melhorar a formação humanística do futuro médico. Além disso, este eixo se propõe a valorizar a subjetividade do estudante, estimulando-o a refletir sobre o seu cotidiano universitário, pois acredita-se que se o aluno se fecha às suas próprias vivências na atividade médica, como o contato com a dor, o sofrimento e a morte, será muito difícil estar aberto às vivências psicológicas do paciente. Objetivo: Diante disso, este trabalho se propõe a descrever a experiência de um serviço de assistência psicológica implantado no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL- UFRN) para os estudantes de Medicina. Metodologia: este serviço foi criado em junho de 2010 numa parceria entre o Departamento de Medicina Clínica e o Departamento de Psicologia, através de um projeto de extensão, devidamente cadastrado na Pró-reitoria de Extensão (ProEx). Participaram deste projeto, estagiárias do último ano do curso de Psicologia, sendo supervisionadas por duas psicólogas, professoras da UFRN. Foram oferecidas duas modalidade de assistência psicológica: psicoterapia breve e plantão psicológico. Este último tem como objetivo acolher a pessoa no exato momento de sua necessidade, ajudando-a a lidar melhor com seus recursos e limites. Nesse sentido, o plantonista se coloca disponível para acolher a experiência da pessoa que o procura em determinada situação, ao invés de enfocar somente o seu problema. Enquanto que a psicoterapia breve compreende o atendimento psicoterápico, de tempo e objetivos limitados, cuja queixa possa ser enquadrada no critério de crise (um desajuste temporário e focal, que o impede de realizar de forma satisfatória seus projetos). Resultados: Procuraram este serviço, nos seis meses de funcionamento, 11 estudantes, sendo que 6 se utilizaram do plantão psicológico, enquanto que o restante, da psicoterapia breve. A demanda foi voluntária e também por encaminhamento da coordenação do curso e de docentes. A queixa mais prevalente correspondeu à dificuldade de adaptação às exigências do curso, como também apresentaram dificuldades de conciliar o estágio extracurricular com as demandas acadêmicas, além de sentimentos de insegurança no atendimento ao paciente. É interessante destacar que todos os estudantes que procuraram o serviço, retornaram. conclusões: esta iniciativa permitiu aos estudantes expressarem suas angústias e dificuldades, contribuindo para o seu bom desenvolvimento pessoal e acadêmico, como também propiciou a reintegração da dimensão psicossocial às práticas de saúde. Sobretudo, confirmou a necessidade de continuidade do serviço. Palavras chave: estudante de medicina, humanização, formação médica, plantão psicológico. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 88 TL20 ReLATO dA exPeRiÊnciA dO ReSidenTe de PSicOLOGiA nA ReSidÊnciA inTeGRAdA MULTiPROFiSSiOnAL eM SAÚde dA UFTM Rodrigo Jorge Salles, Ana Cristina Silveira Laranjo, Caroline Gonçalves Carneiro da Silva, Cibele Alves Chapadeiro, Conceição Aparecida Serralha, João Batista Ribeiro, Vilma Valéria Dias Couto, Viviane de Almeida Côbo Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM introdução: O programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS) – da UFTM visa promover o aperfeiçoamento teórico e prático do profissional na área da saúde, capacitandoo para a atuação multiprofissional e o atendimento humanizado, tornando-o eficaz no cuidado integral à saúde dos indivíduos, assim como na prevenção e promoção da qualidade de vida. Para tanto, o profissional deve considerar o indivíduo como sujeito ativo no seu processo de autocuidado. O programa se desenvolve em três áreas de concentração em saúde: criança/adolescente, adulto e idoso. As equipes de cada área são compostas por profissionais de enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, serviço social e terapia ocupacional. O psicólogo, integrante da equipe multiprofissional, deve se direcionar para as interações somatopsicossociais, percebendo a totalidade dos aspectos que estão presentes no processo saúde-doença, além de contribuir para a humanização do atendimento. Objetivo: Descrever e refletir sobre o papel da psicologia no programa RIMS, tendo como ponto de partida o relato do primeiro ano de sua implantação. Método: Foi descrito a programação realizada, que abrangeu a atenção secundária e terciária, assim como as ações relacionadas à cada atenção. O trabalho na atenção terciária se deu nos setores de Clínica Médica, Onco-Hematologia, Pediatria e Pronto Socorro Infantil do Hospital das Clinicas (HC) e na atenção secundária nos Ambulatórios, da UFTM. Foram analisadas as diferentes situações e casos acompanhados, bem como a compreensão das equipes sobre a demanda para a intervenção da Psicologia. Resultados: Dentre as atribuições dos psicólogos destacaram-se as atividades de interconsulta, atendimento individual, orientações aos acompanhantes/familiares, acompanhamento psicológico pré e pós-cirúrgico e atividades grupais. Os residentes de psicologia avaliaram os aspectos emocionais do paciente na hospitalização e compartilharam estas percepções com a equipe, possibilitando uma compreensão integral do indivíduo e seu processo de saúde-doença. Constatou-se uma minimização do sofrimento e das limitações causadas pela internação, além de ampliar as reflexões da equipe multiprofissional a respeito do processo de adoecimento e suas implicações subjetivas no sujeito que vivencia a hospitalização. A partir das discussões das equipes da RIMS planos de trabalho eram estabelecidos levando-se em consideração as particularidades e necessidades de cada paciente. No momento da alta, as equipes traçavam planos de recuperação que englobavam orientações e encaminhamento a outros serviços de atenção, considerando-se a lógica de referência e contra-referência. Alguns dos pacientes eram também encaminhados aos ambulatórios da RIMS, a fim de dar sequência aos acompanhamentos iniciados durante a internação. Estes acompanhamentos ambulatoriais basearam-se em técnicas de psicoterapia breve. conclusões: O papel do psicólogo na RIMS - UFTM tem evidenciado a importância deste profissional na equipe multidisciplinar e no contexto da saúde, ao propiciar uma melhor condição emocional aos pacientes para o enfrentamento do processo adoecimento, e sustentar a reflexão da equipe sobre a importância das subjetividades, respeitando as especificidades de cada etapa do desenvolvimento humano. Além disso, permanece o desafio da psicologia de uma atuação que vise a continuidade do cuidado em rede. Os desafios encontrados, as demandas e a produção acadêmica advinda dessa prática têm enriquecido a formação do psicólogo na área da saúde. Palavras-chave: Residência Multiprofissional, Psicologia da Saúde, Formação do Psicólogo, Trabalho em Equipe. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 89 TL21 PeRFiL cOGniTivO de PAcienTeS PediáTRicOS cOM LeUceMiA LinFÓide AGUdA Samantha Santos de Albuquerque Maranhão, Ediana Rosselly de Oliveira Gomes, Izabel Augusta Hazin Pires, Thayza Menezes Gouveia de Medeiros, Patricia Karla de Souza e Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Laboratório de Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia – LAPEN/UFRN introdução: As leucemias constituem a neoplasia mais freqüente em pacientes pediátricos, com destaque para a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) que compreende aproximadamente 75% das leucemias infantis. A LLA caracteriza-se pela proliferação e alteração de linfócitos imaturos, atingindo predominantemente crianças brancas, do sexo masculino, entre dois e cinco anos de idade, sem apresentar uma etiologia clara explicativa para sua ocorrência. Dada a atual sofisticação terapêutica, o índice de sobrevivência destes pacientes aumentou consideravelmente, contudo, pesquisadores advertem que esta eficácia terapêutica ocorre freqüentemente às custas de efeitos neurocognitivos adversos. Sugere-se que tais efeitos estão associados à inclusão da fase destinada à prevenção da doença no SNC, realizada através de quimioterapia e/ou radioterapia, e se expressam em dificuldades sócio-acadêmicas. Objetivo: Este estudo pretende apresentar o perfil de funcionamento cognitivo de crianças diagnosticadas com LLA e acompanhadas em instituições oncológicas pediátricas no estado do Rio Grande do Norte. Método: Participaram deste estudo vinte crianças, entre seis e doze anos, tratadas pelo Protocolo do Grupo Brasileiro para Tratamento da LLA na Infância (GBLTI-99) e submetidas exclusivamente à quimioterapia intratecal tripla, como profilaxia do SNC. Destas, dez encontravam-se em tratamento e dez estavam fora de tratamento há pelo menos 1 ano. O protocolo avaliativo utilizado contemplou a capacidade intelectiva, os sistemas atencionais, de memória e as funções executivas. Os dados foram analisados considerando-se a influência das variáveis associadas a maiores impactos cognitivos: sexo, idade da criança ao diagnóstico e tempo decorrido desde o início do tratamento. Resultados: os resultados encontrados revelam a ocorrência de prejuízos específicos nos domínios avaliados. Os participantes do sexo masculino apresentaram desempenho dentro do esperado na maioria dos itens e superior àquele alcançado pelos participantes do sexo feminino, sugerindo maior vulnerabilidade deste grupo aos efeitos neurotóxicos dos componentes quimioterápicos. A análise acerca dos impactos cognitivos associados à idade do paciente no momento do diagnóstico revelou que os participantes fora de tratamento e diagnosticados com menos de cinco anos de idade apresentaram desempenhos mais rebaixados, indicando que este subgrupo parece vivenciar déficits cognitivos permanentes mais severos relacionados à ação de agentes quimioterápicos no SNC em desenvolvimento. Por fim, no que concerne a última variável analisada observou-se melhor desempenho no grupo que estava em tratamento no que concerne à capacidade intelectiva, entretanto, nas outras variáveis foi possível observar escores mais reduzidos neste grupo, o que pode evidenciar os efeitos agudos e transitórios do processo de adoecimento e tratamento para LLA. Salienta-se a ocorrência de pontuações bastante reduzidas em itens que avaliaram memória operacional, habilidades verbais, aprendizagem, controle inibitório, elaboração de estratégias na resolução de problemas e flexibilidade cognitiva. conclusões: estas informações apresentam consonâncias e dissonâncias com a literatura da área, aludindo a impactos associados à interferência dos fármacos no curso normal do neurodesenvolvimento. É de fundamental importância o desenvolvimento de estudos semelhantes para compreensão acerca da modalidade, extensão e repercussão de tais prejuízos, favorecendo a oferta de subsídios para o desenvolvimento de estratégias que possam minimizá-los e proporcionar maior qualidade de vida para estes sobreviventes. Palavras-chave: Leucemia Linfóide Aguda; Funcionamento Cognitivo; Avaliação Neuropsicológica Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 90 TL22 inveSTiGAÇãO dA cAPAcidAde inTeLecTivA de PAcienTeS PediáTRicOS diAGnOSTicAdOS cOM TUMOReS de FOSSA POSTeRiOR Izabel Hazin, Danielle Garcia, Laura Carolina Lemos Aragão, Iana Catarina de Araújo Viana, Artemis Paiva de Paula, Carolina Borba Vilar Guimarães, Arli Diniz Oliveira Melo Pedrosa, Francisco de Paula Ramos Pedrosa, Andréa Catarina de Allan Fonseca Universidade Federal do Rio Grande do Norte Laboratório de Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia – LAPEN/UFRN Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica – CEHOPE (PE) introdução: O câncer infantil é a segunda causa de morte de crianças no Brasil. São estimados mais de 9.000 casos anuais, dos quais 20% serão de tumores de sistema nervoso central, neoplasias sólidas mais frequentes na infância. 60% desses tumores ocorrem na fossa posterior, região cujo principal componente é o cerebelo. Nesta região, destacam-se em incidência os astrocitomas – tumores benignos com prognóstico favorável e os meduloblastomas, tumores malignos com prognóstico desfavorável. O tratamento adotado é determinado pela idade e condições neurológicas do paciente e pela localização, natureza histológica e extensão do tumor. A primeira intervenção terapêutica é a ressecção cirúrgica; tumores mais malignos, como os meduloblastomas, requerem, além da ressecção, estratégias terapêuticas complementares – como a quimioterapia e radioterapia, sendo estas fortemente associadas a prejuízos à substância branca cerebral. Os avanços nas intervenções terapêuticas resultaram na elevação dos índices de sobrevida destas crianças; contudo, trouxe à tona a preocupação com os efeitos tardios do câncer infantil e seu tratamento, uma vez que as crianças acometidas por tumores cerebrais comumente apresentam comprometimentos cognitivos que se manifestam em dificuldades na vida acadêmico-social. A ocorrência de um tumor na infância pode prejudicar a maturação cerebral, tanto pelo processo expansivo, quanto pelas intervenções terapêuticas. Objetivo: O objetivo do presente estudo é a investigação da capacidade intelectiva de crianças de 6 a 16 anos diagnosticadas com tumores de fossa posterior. Método: Participaram do estudo 21 crianças, sendo 13 crianças com astrocitoma pilocítico e; 08 crianças diagnosticadas com meduloblastoma, atendidas pelo Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica – CEHOPE/PE. Os participantes tiveram a capacidade intelectiva avaliada através das Escalas wechsler de Inteligência para Crianças – wISC-III. Resultados: foram verificados contrastes estatisticamente significativos entre os grupos em função do diagnóstico e tratamento, da idade da criança ao diagnóstico, tempo decorrido entre o diagnóstico e a avaliação da capacidade intelectiva e o nível de escolaridade dos pais. As crianças com astrocitoma pilocítico obtiveram desempenho superior ao de crianças com meduloblastoma – com contrastes significativos no QI de Execução e no Índice Fatorial Velocidade de Processamento, fato que pode evidenciar o impacto das intervenções terapêuticas complementares sobre o funcionamento cognitivo, notadamente sobre a velocidade de processamento, déficit subjacente à prejuízos à substância branca induzidos pela radioterapia craniana. Os valores de QI decrescem ao longo do tempo para as crianças com meduloblastoma, evidenciando o caráter progressivo dos efeitos da radioterapia sobre o desempenho intelectual. O nível de escolaridade dos pais relacionou-se positivamente com a capacidade intelectiva das crianças: crianças cujos pais possuem menos de quatro anos de instrução formal apresentaram comprometimentos intelectivos mais acentuados. conclusões: Faz-se necessária a ampliação do conceito de cura em oncologia pediátrica. Com este trabalho, espera-se que maior atenção seja direcionada a crianças com neoplasias de SNC no que se refere ao aprofundamento da compreensão do impacto do câncer e seu tratamento sobre o desenvolvimento e aprendizagem, com vistas à proposição de estratégias terapêuticas que garantam, além da reabilitação clínica, uma melhor sobrevida e o pleno desenvolvimento das crianças com esta patologia. Palavras-chave: capacidade intelectiva, neurodesenvolvimento, oncologia pediátrica, tumores de fossa posterior. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 91 TL23 A ReLAÇãO enTRe MenTe, PSiqUe e SOMA UMA viSãO WinnicOTTiAnA SOBRe A OBeSidAde eM PAcienTeS idOSOS Denise Regina Piva Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo introdução: Através do Ambulatório de Obesidade desenvolvido pela equipe multidisciplinar do Centro de Referência do Idoso da zona Norte de São Paulo, tem-se observado uma parcela significativa de pacientes idosos portadores de obesidade. Os profissionais envolvidos neste trabalho notaram que muitos desses pacientes possuem alterações psíquicas e emocionais significativas, tendo em vista o próprio processo do envelhecimento adjunto as questões da obesidade, como a perda do autocontrole alimentar e a compreensão das limitações vivenciadas no corpo associadas à própria imagem corporal. Objetivo: Preocupados em desenvolver estratégias interventivas e eficazes que possam atender tal demanda, foi desenvolvido um espaço terapêutico cujo objetivo consiste na busca do tratamento dos aspectos específicos aos cuidados para o idoso obeso, possibilitando a reflexão para mudanças de comportamentos promovendo hábitos saudáveis e principalmente a melhora da integração dos aspectos corporais, como entre psique x soma, favorecendo assim o reconhecimento da própria imagem corporal e conseqüentemente na personalização no qual entende-se como uma conquista para a saúde. Método: O grupo visa atender de forma interventiva buscando a melhor maneira para tratar de alterações nutricionais, psíquicas e corporais que o paciente obeso apresenta e, sobretudo levando em consideração o processo de envelhecimento. É realizado atendimento psicoterapêutico grupal com sessões semanais, totalizando doze sessões, tendo uma hora de duração cada. Como critério para formação do grupo, os pacientes estarão sendo acompanhados pelo Serviço de Nutrição através do ambulatório de Obesidade. Quanto à fundamentação teórica, baseei-me em concepções psicanalíticas, tais como desenvolvidas por D.w winnicott (1971) com referência especial a relação entre psique-soma. Resultados: A partir das intervenções entende-se ser necessário a re-organização e re-integração do que é percebido como desestruturado, possibilitando a reflexão do paciente para que o mesmo redimensione o significado da obesidade e da própria imagem corporal em sua vida, favorecer a melhora na qualidade de vida incentivando assim o bem estar físico, mental e psicológico. conclusão: Diante da troca de experiências entre os participantes proporcionados pelo grupo, acreditamos que essa população possa acessar o sentido de uma alimentação saudável, como controlar melhor os seus impulsos frente ao que é apresentado, como também o melhor cuidado com o próprio corpo, para que desse modo possam ter uma implicação maior com eles próprios e com a própria vida. Palavras-chave: Obesidade, paciente idoso, winnicott. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 92 TL24 AvALiAÇãO dAS FUnÇõeS cOGniTivAS de ATenÇãO, MeMÓRiA e PeRcePÇãO eM PAcienTeS cOM eScLeROSe MÚLTiPLA de UM cenTRO de ReFeRÊnciA José Osmar Frazão Freitas introdução: Esclerose múltipla é uma doença inflamatória e crônica, que leva à destruição de importantes estruturas do Sistema Nervoso Central, tais como a bainha de mielina e axônios, especificamente do encéfalo e da medula espinhal. Essas lesões comprometem as funções de vários órgãos e podem resultar em déficits cognitivos. Objetivo: Investigar a relação entre esclerose múltipla e alterações cognitivas de atenção, memória e percepção. Método: Foram avaliados 28 pacientes do Centro de Referência do Hospital da Restauração, na cidade do Recife, que satisfaziam os critérios de inclusão: idade entre 20 e 55 anos, nível escolar mínimo de 2o grau completo e classificação na Escala Expandida de Incapacidade menor que 7,0. Foram empregados quatro testes psicológicos, validados pelo Conselho Federal de Psicologia: teste da cópia e reprodução de memória da figura complexa A de Rey-Osterrieth, teste de aprendizagem áudio-verbal de Rey, teste d2 e teste de dígitos. Para investigar o impacto da fadiga sobre as atividades cognitivas foi utilizada a escala MFIS-21Br. A análise estatística consistiu dos testes ANOVA, t para amostras pareadas ou de Mann-Whitney e de Komogorov-Smirnoff, unicaudais à direita, para rejeição da hipótese nula com nível de significância de 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital da Restauração. Resultados: Os resultados apontaram perdas cognitivas com significância estatística nos pacientes com idade entre 40 e 55 anos e nos que apresentaram comprometimento por fadiga nos subdomínios cognitivo e psicossocial. Os pacientes com tempo de doença entre 5,0 e 19,9 anos apresentaram redução da pontuação nos testes, mas sem significância estatística. conclusões: Concluiu-se que, dentre as funções cognitivas avaliadas, memória foi a mais freqüentemente comprometida, seguindo-se atenção, sendo percepção, comparativamente, a mais preservada. Palavras-chave: Esclerose múltipla. Déficits cognitivos. Atenção. Memória. Percepção. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 93 TL25 cOnSTRUÇãO cOLeTivA de UMA ROTinA de AcOLHiMenTO eM UMA UBS: cOnTRiBUiÇõeS dA PSicOLOGiA Roberta Scaramussa da Silva, Adriana Cremasco, Renata Rocha Faculdade Pitágoras Linhares – Secretaria Estadual de Saúde do ES introdução: O Ministério da Saúde tem reafirmado o Humaniza SUS como política que atravessa as diferentes ações e instâncias do Sistema Único de Saúde, englobando os diferentes níveis e dimensões da atenção e da gestão. Sendo assim seu principal objetivo é valorizar os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Para tanto estabelece valores e princípios como: autonomia, corresponsabilização, vínculo de solidariedade, participação coletiva, valorização das dimensões subjetivas e sociais. Entre suas diretrizes está o acolhimento, entendido um modo de operar os processos de trabalho de saúde de forma a atender a todos que procuram esses serviços, ouvindo suas necessidades e assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários. Este trabalho consiste num relato de intervenção realizado como Trabalho de Conclusão de Curso de pós-graduação em Atenção Primaria a Saúde oferecido na modalidade de Educação Continuada pela Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo aos profissionais da Atenção Primária deste Estado. Objetivo: O objetivo proposto foi implantar uma rotina de acolhimento na Unidade Básica de Saúde Verônica Favalessa Pestana do Município de São Mateus, ES. Metodologia: Participaram das atividades funcionários não graduados da instituição. Tal opção se deve ao fato da literatura na área apontar que os mesmos embora ocupando função estratégica na “porta de entrada” dos serviços de saúde, não têm tido acesso a formação educativa em saúde como os demais técnicos graduados do serviço. A unidade conta com 1 Vigia, 3 Auxiliares de Serviços Gerais, 2 técnicos de enfermagem, 1 auxiliar de farmácia e 3 recepcionistas.Acreditamos que a mera transmissão de informações não é suficiente para a mudança de subjetiva necessária para efetivação da prática de acolhimento, por isso foi necessário construir uma estratégia transdiciplinar para a realização deste projeto. Foram realizados quatro encontros no formato rodas de conversa nos quais os participantes eram atores/autores das discussões propostas. O primeiro encontro teve como foco central o conceito de saúde. O segundo Política Nacional de Humanização e Acolhimento, o terceiro enfocou Direitos dos Usuários, e o quarto construiu o fluxograma da unidade. Resultados: A medida que os encontros se desenvolviam já era possível identificar mudanças nas práticas dos serviços prestados pelos profissionais/participantes visto que tentavam aplicar e, até mesmo testar, o que havia sido construído nas rodas. Os desafios e conquistas eram levados para o encontro seguinte, muitas frustrações, angustias mas também alegria ao receberem o retorno positivo tanto dos usuários quanto dos demais colegas de trabalho. conclusão: De modo geral, percebemos que os encontros vivenciais e não meramente informativos foram fundamentais para a efetivação da rotina de acolhimento pois o senso comum foi problematizado e as experiências singulares foram valorizadas a fim de significar o processo de aprendizagem a nível simbólico e não apenas comportamental. Palavras-chave: Acolhimento, profissionais de saúde, educação Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 94 TL26 inFLUÊnciA dA idAde nO TeSTe de TRiLHAS cOLORidAS Sílvia Verônica Pacanaro, Gisele Aparecida da Silva Alves, Ivan Sant´Ana Rabelo, Irene A. de Sá Leme, Rodolfo A. M. Ambiel Departamento de Pesquisa e Produção de Testes da Casa do Psicólogo Livraria e Editora introdução: A avaliação da atenção tem despertado interesse de inúmeros pesquisadores há mais de um século, visto que o ser humano necessita selecionar, focalizar e dividir a atenção em várias atividades realizadas no dia a dia. Este recurso, juntamente com outros recursos cognitivos, como a memória, coordenação visomotora, entre outros, nos permite emitir respostas adequadas mediante estímulos do ambiente que julgamos importante. Objetivo: Diante da necessidade de apresentar estudos de padronização brasileira de instrumentos para a avaliação da atenção, foi investigado a influência da variável idade no Teste das Trilhas Coloridas – TTC (Color Trail Test – CTT) destinado avaliar a atenção por meio de letras e círculos coloridos numerados, pois são símbolos de linguagem universais e as instruções podem ser apresentadas sob a forma verbal ou não-verbal (com pistas visuais), sendo apresentado em duas formas, 1 e 2 que necessitam ser aplicadas juntas. Método: Para a padronização brasileira, fizeram parte da pesquisa 1.942 participantes provenientes de diversas regiões do país. A idade variou de 18 a 86 (M= 40,03; DP= 16,02) anos e observou-se que 386 (19,90%) eram do sexo masculino e 1.556 (80,10%) do feminino. Resultados: Foi realizada a correlação de Pearson por idade e os resultados indicaram, em sua maioria, associações positivas e significativas a 5% e 1%. Foi observado um aumento da pontuação concomitantemente ao aumento da idade, evidenciando uma piora no desempenho à medida que a idade aumenta. No que se refere à variável Tempo de execução – forma 1 e 2, observou-se uma tendência ao aumento do tempo utilizado para executar o teste com o aumento da idade. Com base nessas informações verificou-se a presença ou ausência de diferenças significativas entre grupos etários por meio da Análise de Variância. Para a variável Número de erros os participantes com até 29 anos apresentaram menos erros do que aqueles com 30 anos ou mais. Algo semelhante ocorreu com o Número de quase erros, já que os participantes mais jovens, neste caso com até 59 anos, também obtiveram resultados menores do que aqueles com 60 anos ou mais. Neste caso os participantes mais jovens obtiveram médias menores do que os mais velhos estabelecendo-se uma relação direta entre os resultados e a idade. Na variável medida de interferência ficou evidenciado que o grupo com até 29 anos diferenciou-se daqueles entre 30 e 59 anos, com média menor para o grupo mais jovem. O grupo com 60 anos ou mais não se diferenciou de nenhum outro. conclusões: Como pode ser observado, a idade exerce uma importante influência no desempenho dos sujeitos no TTC, e, deste modo, melhor desempenho para pessoas mais jovens. Palavras-chave: atenção visual e concentrada, construção de instrumentos, avaliação psicológica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 95 PôSTeReS P1 dO cORPO: enTRe A cLÍnicA MédicA e A cLÍnicA PSicAnALÍTicA Diana Barbosa dos Santos Universidade Federal do Ceará introdução: O presente trabalho desdobra-se a partir de nossa atuação no contexto do Hospital Universitário walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará no ambulatório de cirurgia bariátrica e nas clínicas cirúrgicas. Toma-se como núcleo temático de nossas reflexões o corpo. Considera-se o cenário atual em que ele se torna cada vez mais o objeto premente das intervenções médicofarmacológicas, calcadas no ideário tecnológico e cientificista. Este cenário é caracterizado por procedimentos cada vez mais normativos e invasivos que emudecem o sujeito e conseqüentemente o dizer sobre o seu corpo e a sua doença. Tomando por base estes pontos de abordagem, o objetivo desse trabalho é retomar a partir das bases freudianas a noção de corpo que está em jogo na psicanálise. Apresenta-se o quadro teórico que foi forjado por Freud nos primórdios da psicanálise onde ele se desloca do campo do saber médico para o campo do saber psicanalítico, ou ainda se o quisermos, do campo da clínica médica para a clínica psicanalítica. A conseqüência mais imediata das investigações freudianas foi a emergência de uma concepção de corpo que submetido aos arreios da linguagem, é constituído a partir do campo do Outro. Posteriormente, a concepção de corpo na psicanálise sofrerá um novo redimensionamento com a leitura que Lacan fará dos textos freudianos ao situar o corpo no campo do gozo. Para tanto, utilizamos o método de pesquisa teórica onde é privilegiada a retomada bibliográfica de alguns textos fundamentais de Freud e Lacan. Com o cotejamento desses textos obtivemos como resultados e conclusões, uma concepção de corpo que não é, de modo algum, o corpo da anatomia médica e sim um corpo que encerra uma fala, um dizer, uma mensagem. Trata-se, primordialmente, de um corpo onde o Real, o Simbólico e o Imaginário se enodam num intricamento profundo em que sua anatomia e suas funções orgânicas são pervertidas pelo regime da linguagem e da sexualidade traumática do sujeito. Essa pesquisa nos possibilitou ainda, a fundamentação teórica necessária para a sustentação de uma práxis que antes de tudo se situa a partir de uma ética calcada sobre uma clínica que se desdobra a partir da escuta do que o sujeito diz sobre seu corpo e não, de uma clínica do olhar, tal como se dá no campo do saber médico. Destarte, a clínica psicanalítica mesmo se desdobrando no espaço empírico-instrumental da instituição hospitalar requer do analista, a disposição para ocupar esse outro lugar que é, notadamente, um lugar distinto do saber médico. Palavras-chave: corpo, psicanálise, gozo, saber médico. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 96 P2 RedeS SOciAiS e APOiO SOciAL nO cOnTexTO dOS TRAnSTORnOS ALiMenTAReS Carolina Leonidas, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo – FFCLRP-USP Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares – GRATA – HC-FMRP-USP introdução: Os transtornos alimentares (TA) são quadros psicopatológicos ainda cercados por amplo desconhecimento da população em relação às suas características, evolução e tratamento, o que acaba gerando incompreensão por parte dos familiares, amigos, professores e colegas de trabalho. Por ser uma condição crônica estigmatizante, incrementa o isolamento social, aumentando os sentimentos de solidão e desamparo da pessoa acometida. Acredita-se que a constituição do sujeito e de sua identidade pessoal se dá no espaço intersubjetivo das relações familiares, sociais e pessoais, no contato com as diversas redes a que ele está exposto no decorrer do ciclo vital. Objetivo: O presente artigo teve como objetivo investigar o modo como se configuram as redes sociais de mulheres com transtornos alimentares, o apoio social percebido e suas possíveis implicações para a evolução do quadro. Método: Foram investigadas seis mulheres cadastradas em um serviço de assistência em transtornos alimentares da região sudeste do Brasil. Os instrumentos utilizados foram o Mapa de Redes e entrevista semi-estruturada. Os mapas foram confeccionados juntamente com as participantes, e as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas na íntegra e submetidas à análise de conteúdo temática. Resultados: Foram elaboradas quatro categorias de análise, cujas nomeações foram definidas a partir da articulação de elementos constituídos pelas regularidades temáticas presentes no depoimento das entrevistadas, dos conceitos teóricos extraídos da literatura especializada e dos termos específicos oriundos dos Mapas de Redes: Rede de apoio familiar; Principais atividades sociais: trabalho ou faculdade; Rede de apoio de amigos; e Dificuldades nos relacionamento conjugais ou afetivos. conclusões: Evidenciou-se que a rede social das participantes é escassa e de baixa qualidade de envolvimento, comprometendo o potencial de apoio e, conseqüentemente, o bem-estar físico e psicológico das participantes. A família caracterizou-se como a principal fonte de apoio social, ainda que as relações familiares fossem marcadas por conflitos e discussões. No que concerne a amizades e outras relações interpessoais significativas, ficou evidente que as participantes enfrentam dificuldades no estabelecimento de vínculos e na manutenção de relacionamentos afetivos e conjugais duradouros, o que parece comprometer a qualidade dessas relações e desencorajar a realização de atividades de lazer. Há necessidade de incluir as redes de apoio na assistência e fortalecê-las, de modo a prevenir os agravos à saúde e promover o bem-estar. Palavras-chave: transtornos alimentares, redes sociais, apoio social. Agência de fomento: FAPESP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 97 P3 A ATividAde ceReBRAL eM MOMenTOS de ORAÇãO e eM eSTAdOS MediTATivOS Denise de Assis Instituto Brasileiro de Hipnose Aplicada introdução: Pesquisas veem demonstrando que a oração e a meditação podem ser benéficas à saúde física e mental. Quanto mais conhecidos se tornam os campos neurofisiológicos correlatos às experiências espirituais, mais se permite que análises sejam feitas e utilizadas na prática clínica. Um dos vários métodos de meditação existentes consiste em manter o foco em determinado objeto ou construir uma imagem mental na qual se possa manter a atenção. Os impulsos correlatos do indivíduo em meditação estimulam o hipocampo direito que em contrapartida, estimula a amígdala direita. O resultado é uma estimulação das porções laterais do hipotálamo gerando uma leve sensação de prazer. Este processo “realimenta” o córtex pré-frontal reforçando todo o sistema em uma concentração progressiva que vai se intensificando em relação ao objeto. Logo, um processo em loop se inicia. Assim como a prece, a meditação pode causar uma sensação de estar alheio ao mundo externo, isto pode fazer com que a ansiedade diminua. Nos estados meditativos mais profundos, sensações como completude, sentimento oceânico (unicidade), entre outros também podem ser encontrados. Com relação ao estado de êxtase, ou a chamada experiência mística existem registros característicos nas principais religiões: ao entrar neste estado o indivíduo perde toda percepção sobre si mesmo e os demais. Não há sensação de passagem de tempo e tudo parece estar em um estado indiferenciado de consciência. O sistema límbico está intimamente envolvido na percepção destas experiências. A meditação e a prece também colaboram para aprimorar o senso de objetividade, atenção, aprendizagem e memória. Nestes momentos, a estrutura envolvendo a amígdala, o hipocampo e o hipotálamo entram em interação. A amígdala atua na transmissão de alguns tipos de informação entre o hipocampo e o hipotálamo (envolvido na regulação do sistema nervoso autônomo). Neste processo, o hipocampo e a amígdala complementam-se interagindo no processo de aprendizagem e memória. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (EUA) também constataram a capacidade de controlar emoções intensas por meio da meditação e da oração. Enquanto a amígdala pode aumentar a transferência de informações entre as regiões neocorticais, o hipocampo tende a fazer o inverso. Através das interconexões entre a amígdala e o hipotálamo, além de outras partes do cérebro, o hipocampo pode inibir a atividade nestas áreas, evitando assim, alterações emocionais intensas. O Objetivo deste trabalho é apresentar estas e outras questões. Objetivos: Demonstrar que experiências comprovam que a oração e meditação podem trazer benefícios a saúde. Resultados: Foi constatado em várias pesquisas que a meditação e oração atuam no controle de ansiedade e emoções intensas, aprimorando o senso de objetividade, atenção, aprendizagem e memória por envolverem áreas cerebrais responsáveis por estes estímulos. Metodologia: Pesquisa Bibliográfica e de campo envolvendo pesquisadores de várias universidades, principalmente dos EUA e Inglaterra e entrevista com pessoas praticantes de meditação e também dedicadas a oração. conclusão: A prática da oração e da meditação traz benefícios à saúde física e mental. Palavras-chave: Sistema Límbico, Neurociência, Atenção, Memória, Espiritualidade Bibliografia: KOENIG, H. Handbook of Religion and Mental Health, autor: Harold Koenig, Academic Press, 1998; DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Saúde Mental, autor: Paulo Dalgalarrondo, Artmed, 2008 Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 98 P4 TRAnSMiSSãO PSÍqUicA UMA APROxiMAÇãO enTRe FÍSicA e PSicAnáLiSe Denise de Assis, Betty Bernardo Fuks Universidade Veiga de Almeida – Rio de Janeiro - RJ introdução: Durante a maior parte do século xx, a resposta para a pergunta “Crenças religiosas e práticas espirituais ajudam as pessoas a lidarem melhor com suas questões?”, seria “Não”. Na melhor das hipóteses, religião era algo considerado irrelevante para a saúde. E na pior, como algo emocionalmente doentio e um sintoma ou causa da neurose. No entanto, a Comunidade Científica está atenta ao fato de alguns pacientes responderem de forma mais satisfatória a determinados tratamentos médicos quando possuem algum tipo de crença religiosa/espiritual, independente de estarem ligados a uma religião tradicional ou a uma busca pessoal. É possível fazer uma distinção entre patologia, fenômenos espirituais e processos psíquicos? A correlação entre os processos mentais e as ciências exatas remonta a Antiguidade. Pitágoras (talvez o mais legendário filósofo da Antigüidade) foi considerado por seus discípulos e seguidores um semideus capaz de fazer milagres, falar com demônios e realizar diversas maravilhas inexplicáveis até então. Criou a seita dos pitagóricos, onde sintetizou profundamente a filosofia, a religião e os estados alterados da consciência, buscando uma conexão entre o racional e o místico. Utilizou a matemática como veículo de estudo da mente humana. Em 1773, Mesmer popularizou a doutrina do magnetismo animal (com base no eletromagnetismo), que daria origem a hipnose inventada por James Braid (1795-1860), à sugestão e à teoria freudiana da transferência. Em 1987, o neurofisiologista mexicano Jacobo-Grinberg Zylberbaum publicou resultados significativos de sua pesquisa sobre padrões de correlação inter-hemisféricas entre humanos no International Journal of Neuroscience, comprovando que o experimento do físico Alain Aspect sobre a não-localidade entre os elétrons também se aplica aos processos mentais, abrindo caminho para que a Física se voltasse para este objeto de estudo. Objetivo: Estabelecer uma correlação entre a Psicanálise e a Física verificando que vários apontamentos deixados por Freud a respeito da energia psíquica veem encontrando relação com as descobertas da Física, principalmente dos séculos xx e xxI, incluindo fenômenos que podem estar relacionados a espiritualidade. Resultados: Verificamos como a abordagem da Nova Física vem encontrando correlação com a Psicanálise e como “o pensamento psicanalítico mapeou aspectos daquilo que se poderia chamar de ‘carma’ no Oriente, com muito mais detalhes e complexidades do que qualquer escola oriental de psicologia”. (Goleman, 1997). Metodologia: Pesquisa bibliográfica de autores que veem estudando a transmissão psíquica entre as gerações com base na Teoria Freudiana. Os casos relatados por Freud e as experiências de Ferenczi com o fenômeno da telepatia, servirão de base à reflexão que pretendemos fazer entre alguns conceitos e postulados da Física, a Teoria do Inconsciente e questões relacionadas à espiritualidade. conclusão: Faz-se necessário buscar uma reflexão por parte de todos os cientistas, profissionais e estudiosos de todas as áreas e criar uma troca de conhecimentos e descobertas com o intuito de juntar as peças deste quebra-cabeça, que é descobrir o lugar do Homem no tempo, no espaço, na história; a origem e a causa do sofrimento psíquico em sua real essência e ampliar a percepção da incrível capacidade da mente humana, ao descobrir seu real poder de cura e criação, quebrando paradigmas e preconceitos. Palavras-chave: Física, Psicanálise, Transmissão Psíquica, Telepatia, Espiritualidade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 99 P5 A AnáLiSe dA ATUAÇãO dO PSicÓLOGO nO cAPS Ad de dOURAdOS/MS: UM OLHAR ALéM dO OLHAR Danielli Lazzaretti, Janaina de Souza Guerreiro, Elenita Sureke Abilio FAD - Faculdades Anhanguera de Dourados introdução: o presente trabalho visa abordar a atuação do psicólogo e outros profissionais que atuam no contexto do Centro de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas – CAPSad da Secretaria Municipal de Saúde de Dourados-MS, devido ao interesse em buscar um maior conhecimento no que se diz respeito às condições psicossociais que envolvem a dependência de substâncias psicoativas e a complexidade da psicologia da saúde no Sistema Único de Saúde. O objetivo do estágio foi o de buscar dentro do contexto da atuação a função do psicólogo no atendimento psicossocial. Com uma visão mais critica, embasado na literatura pesquisada observamos a realidade no qual os dependentes químicos encontram-se inseridos e as possíveis ações que os profissionais desenvolvem com estes pacientes. Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPSad tem como objetivo atender pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas como o álcool e outras drogas. Esse trabalho procura reintegrar o indivíduo à sociedade de forma produtiva e participativa a ambientes sociais e culturais onde se desenvolvem a vida cotidiana e familiar. Atualmente o CAPSad tem uma equipe de referência multiprofissional que possui dois psicólogos, dois assistentes sociais, um enfermeiro, um clinico geral, um psiquiatra e um terapeuta ocupacional. As equipes de referência propõem um novo sistema de referência entre profissionais e usuários dentro do contexto da diretriz da Clínica Ampliada da Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde. Através do estágio de psicologia da saúde, buscamos um maior conhecimento desse local por ser este pouco explorado por acadêmicos da área da saúde na nossa região. Método: Tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos vários aspectos que permeiam a atuação do psicólogo neste contexto, onde a oportunidade nos trouxe a necessidade de procurarmos perenemente a ânsia por uma visão mais ampla dos fenômenos que compreendem o universo no qual o psicólogo esteja inserido com a pesquisa bibliográfica. conclusão: Assim foi possível relatar a grande importância da consideração dos aspectos históricos e culturais na análise de qualquer evento humano, sendo que, somente através de uma visão mais ampla do contínuo processo histórico da nossa sociedade, juntamente com as dificuldades que cada cultura possui, é que se torna possível uma visão a respeito da dependência de forma mais reflexiva e crítica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 100 P6 TeORiA neUROqUÍMicA e neUROAnATôMicA dO TRAnSTORnO dO PânicO Jéssica Fernanda Silva, Bruno Pêgo Carminatti, Alessandra Thomaz, Vanessa Milani, Humberto Sanches Chocair, Ivan Augusto Daguani Guarache Leonardo Faculdades Associadas de Ariquemes – FAAr Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA União das Escolas Superiores de Rondônia – UNIRON introdução: O Transtorno do Pânico (TP) é caracterizado pela presença de ataques de pânico recorrentes e inesperados. Estes ataques são acompanhados de uma auto-preocupação persistente em ter outras crises, e as possíveis consequências geradas pela mesma. Os ataques de Pânico são definidos como um período de intenso medo ou desconforto, acompanhados por pelo menos quatro, de treze sintomas somáticos ou cognitivos, os quais surgem subitamente e com evolução progressiva, atingindo um pico geralmente em 10 minutos. Entre os estudos da neurobiologia do TP, podem-se encontrar teorias como a neuroanatômica e a neuroquímica. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo apresentar as causas neurobiológicas do transtorno do pânico. Método: Esta pesquisa é bibliográfica a qual recorremos a livros, artigos, periódicos dentre outros. Resultados: Em relação à etiologia neurobiológica do transtorno do pânico, apresenta-se a teoria neuroanatômica, a qual se refere a uma falha na transmissão de informações sensoriais entre as regiões corticais e tronco encefálico, o que resulta em uma maior atividade amigdaliana, e uma ativação comportamental, autonômica e neuroendócrina. Já na teoria neuroquímica, quando as vias serotoninérgicas são ativadas, ocasionam um aumento na liberação de serotonina, no complexo amigdalóide, facilita a esquiva comportamental; e na matéria cinzenta periaquedutal, inibe as respostas de fuga. conclusões: Diante do exposto, nota-se que há teorias distintas para explicar a neurobiologia do Transtorno do pânico, porém, deve-se ressaltar em ambas as teorias o envolvimento da amígdala, estrutura cerebral, que tem um importante papel no processamento dos estímulos originários do ambiente e na mediação da ansiedade. Palavras-chave: Transtorno do pânico; causas neurobiológicas; neuroanatômica; neuroquímica Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 101 P7 PROBLeMATizAÇãO dA AdeSãO à TeRAPÊUTicA MedicAMenTOSA eM PAcienTeS ReinTeRnAnTeS eM HOSPiTAL PSiqUiáTRicO Vanessa Machado, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo introdução: A não adesão à terapêutica medicamentosa têm sido associada por diversos estudos ao fenômeno da reinternação psiquiátrica. Objetivo: Analisar os benefícios e as limitações da medicação psiquiátrica junto a pacientes reinternantes em um hospital. Método: Foram entrevistados 22 pacientes reinternantes em um hospital psiquiátrico público do interior do Estado de São Paulo, residentes no município onde está localizada a instituição. A análise de conteúdo temática foi referenciada pela Atenção Psicossocial, enquanto paradigma emergente. Resultados: Os impasses do uso da medicação foram relatados pelos entrevistados, que apontaram: (1) os efeitos colaterais provocados; (2) a dificuldade em admitir o transtorno mental, a gravidade do quadro psiquiátrico e a necessidade da medicação para obter o controle dos sintomas; (3) as insatisfações com relação ao longo intervalo entre os retornos às consultas, à brevidade das mesmas e, por conseguinte, a ausência de escuta durante os atendimentos e a prevalência da medicalização como eixo do tratamento. conclusão: De acordo com a análise das entrevistas, o uso incorreto da medicação se mostrou um fenômeno complexo e multicausal, que, ao ser problematizado, coloca em foco a relação do usuário com o sistema de saúde e com os profissionais. Isso aponta para a importância do vínculo estabelecido entre paciente e profissional de saúde mental e do uso dos atendimentos como espaço de negociação do uso da medicação, apostando-se na possibilidade de construção de uma atitude de co-responsabilização no que se refere às ações e cuidados de saúde, que incluem em sua caixa de ferramentas a terapêutica medicamentosa. Palavras-chave: reinternação psiquiátrica; terapêutica medicamentosa; atenção psicossocial. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 102 P8 TécnicAS LÚdicAS de deSSenSiBiLizAÇãO e AMBienTAÇãO PARA AqUiSiÇãO de neUROiMAGeM POR inTeRMédiO de exAMe de ReSSOnânciA MAGnéTicA Walter Alves de Miranda, Alexandre Aquino Lobato, Ester Maria Horta, Cláudia Lavratti, Luciane Piccolo, Joana Bücker, Felipe Almeida Picon, Giovanni Abrahão Salum Júnior, Luis Augusto Paim Rohde, Eurípedes Constantino Miguel Filho, Rodrigo Affonseca Bressan, Andrea P. Jackowski IPq - Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - HCFMUSP LiNC - Laboratório Interdisciplinar de Neurociências e Cognição da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP FAMED - UFRGS/HCPA - Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Hospital das Clínicas de Porto Alegre introdução: A Ressonância Magnética (RM) se configura em uma modalidade de imagem, não invasiva, utilizada como método diagnóstico preciso, produzindo imagens de alta resolução, trazendo avanços e benefícios no diagnóstico de patologias. Entretanto, apesar de sua ampla aplicação, há a necessidade do paciente permanecer imóvel durante todo o procedimento, para se garantir a qualidade das imagens. No caso de pacientes não cooperativos e crianças é comum a utilização de sedação ou anestesia, aumentando assim os possíveis riscos intrínsecos, além de se ter uma equipe especializada para a monitoração, elevando ainda mais o custo do exame. Mais recentemente, são utilizadas técnicas alternativas de dessensibilização e ambientação na preparação de crianças para o exame de RM, as quais, apresentam excelentes resultados. Objetivo: O propósito deste estudo foi testar o efeito da utilização das técnicas lúdicas terapêuticas, como recurso alternativo à sedação e a anestesia, na preparação de crianças que podem ou não apresentar alto risco para o desenvolvimento de psicopatologias para o procedimento de RM de crânio de um protocolo de pesquisa específico. Metodologia: Os exames de RM foram realizados em dois centros de imagem: na Santa Casa da Cidade de Porto Alegre e no Instituto de Radiologia (INRAD) do Hospital das Clínicas da Cidade de São Paulo. A amostra populacional foi constituída por pacientes e controles, avaliados anteriormente, com idade entre seis e quatorze anos, moradores das duas cidades citadas. Na Santa Casa, as técnicas lúdicas de dessensibilização e ambientação foram aplicadas individualmente e, no INRAD, foram aplicadas em grupo formados por três a quatro indivíduos de ambos os sexos. A(s) criança(s) foi (foram) acolhida(s) por uma equipe multidisciplinar e durante o trajeto para o local de ambientação estava(m) acompanhada(s) por um ou uma dupla de psicólogos. Explicava-se a importância da participação dela(s) para a pesquisa e, o que era o exame de RM, utilizando-se uma linguagem apropriada, conforme as faixas etárias e recursos de diversas mídias. Para a dessensibilização e ambientação utilizava-se técnicas de jogos teatrais e dança; relaxamento, músicas, jogos diversos e brincadeiras lúdicas e interativas. Também era realizada uma simulação do procedimento do exame de RM de crânio, utilizando um túnel de pano sobre uma maca e solicitava-se que a(s) criança(s) representasse personagens: médico/técnico e paciente, alternando-se os papéis. Resultados: No centro de imagem de São Paulo, notou-se que, 54 crianças realizaram o exame de RM. Destas, 49 (90,7%) fizeram-no sem nenhum ou com pouco movimento. Em Porto Alegre, das 70 crianças que completaram o exame RM, 60 (85.7%) realizaram sem nenhum ou com pouco movimento. Pode-se notar em ambos os centros de aquisição, as técnicas lúdicas de ambientação prévia foram eficientes e eficazes, não houve diferenças significativas na aplicação das mesmas, na forma individual ou grupal. conclusão: Os resultados preliminares desse estudo indicam que as técnicas lúdicas podem ser usadas como recurso alternativo à sedação e anestesia no procedimento de exames de RM de crânio, além de diminuir prováveis riscos e custos, tanto para o paciente como para o sistema de saúde, público e/ou particular. Palavras chaves: Ambientação, Anestesia, Crianças, Dessensibilização, RM Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 103 P9 eSTUdO PRé-OPeRATÓRiO SOBRe A qUALidAde de vidA de PAcienTeS SUBMeTidOS A ciRURGiAS eSTeReOTáxicAS, ATRAvéS dO Pdq-39 Alessandra Shenandoa Heluani, Alexandre Walter de Campos, Alexandre Aluizio Costa Machado, Sérgio Listik, José Oswaldo de Oliveira Jr Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital Estadual Brigadeiro introdução: Pelo fato da Doença de Parkinson (DP) ser crônica e degenerativa, a qualidade de vida do paciente é drasticamente alterada. Objetivo: Estudar a qualidade de vida de pacientes antes da realização de cirurgias estereotáxicas. Método: Foram estudados 51 pacientes, em seu pré-operatório, no período de maio de 2008 até o início de março de 2010, através de entrevista semi-estruturada para a coleta de dados sóciodemográficos e clínicos do paciente. Utilizou-se teste de rastreio Mini Exame do Estado Mental (MEEM), avaliação de humor através da Escala Beck (BDI) ou Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), avaliação neuropsicológica, Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire (PDQ39) versão 1.1 (1997). Apesar do PDQ-39 ser um instrumento auto-administrado, optou-se por coletar informações através de entrevistas com o intuito de evitar-se erros de interpretação por parte do paciente. Excluíram-se os casos com distúrbios psiquiátricos graves, bem como casos que preenchiam critérios para o diagnóstico de demência segundo estudos vigentes. Resultados: As dimensões mais prejudicadas segundo o PDQ-39, foram a Mobilidade (inclusive no grupo submetido a talamotomia), seguido das Atividades de Vida Diária (alterada similarmente em todos os grupos). Entretanto, houve alterações em outras dimensões tais como Desconforto Corporal e Bem Estar Emocional. conclusões: O início da doença acomete doentes cada vez mais jovens, afetando de maneira considerável suas vidas, sendo necessárias ações que propiciem melhora na qualidade de vida. Diante dos resultados deste estudo, há esperança que na avaliação pós- operatória, a expectativa destes pacientes possa ter sido atingida, ao menos, a minimização das dificuldades que fazem parte de sua rotina diária. Palavras-chave: Doença Parkinson; cirurgia estereotáxica; qualidade de vida; PDQ-39. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 104 P10 MeLHORiA dA qUALidAde de vidA eM PAcienTeS cOM dOenÇA de PARKinSOn SUBMeTidOS A ciRURGiA eSTeReOTáxicA eSTUdAdOS ATRAvéS dO Pdq-39 Alessandra Shenandoa Heluani, Alexandre Aluizio Costa Machado, Sérgio Listik, Alexandre Walter de Campos, Márcia Rosana Matuk, Laís Nascimento Mendes, José Oswaldo de Oliveira Jr, Arthur Cukiert Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital de Transplantes “Euriclydes de Jesus Zerbini” introdução: A Doença de Parkinson (DP) por ser crônica e degenerativa, traz mudanças significativas na qualidade de vida do paciente. Sendo assim, nas últimas décadas houve interesse crescente neste aspecto, tendo surgido diversos instrumentos para estudar o impacto da doença na vida dos indivíduos. Este olhar é fundamental quando falamos em qualidade de vida, pois por mais subjetivo que isto possa parecer, somente o paciente acometido por uma patologia como esta é que pode realmente dizer o quanto ela o afeta. A intervenção cirúrgica é uma possibilidade de tratamento que visa melhorar estes aspectos. Objetivo: Analisar aspectos relacionados a qualidade de vida de pacientes antes e depois da realização de cirurgias estereotáxicas (Palidotomia, Talamotomia e DBS (Deep Brain Stimulation). Método: Foram estudados 41 pacientes (17 submetidos a DBS, 18 a Palidotomia e 6 a Talamotomia), em seu pré e pós operatório através de instrumento específico: Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire (PDQ-39). Casos psiquiátricos graves e/ou que atendiam os critérios de diagnóstico de demência segundo estudos vigentes, foram, excluídos. Resultados: Das dimensões avaliadas pelo PDQ-39, os pacientes submetidos a Talamotomia apresentaram melhora mais acentuada nas Atividades de Vida Diária, Mobilidade, Estigma, Desconforto Corporal e discreta piora na Comunicação. Nos Submetidos a Palidotomia as melhoras foram na Mobilidade, Atividades de Vida Diária, porém com piora na Comunicação. Os submetidos a Estimulação Cerebral Profunda apresentaram melhora nas Atividades de Vida Diária, Mobilidade, Bem Estar Emocional, Desconforto Corporal e mais discretamente na Comunicação. conclusões: A cirurgia estereotáxica propiciou uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes com Doença de Parkinson com mudanças mais significativas nos pacientes submetidos ao DBS. Entretanto, em todos os casos as Atividades de Vida Diária e Mobilidade (que encontravam-se bem prejudicadas no pré-operatório) tiveram uma mudança significativa em todos os grupos. Palavras-chave: Cirurgias estereotáxicas; Doença de Parkinson, Qualidade de vida; PDQ-39. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 105 P11 A ATUAÇãO dO PSicÓLOGO/PSicAnALiSTA eM UM SeRviÇO de ATenÇãO à SAÚde AUdiTivA dO SiSTeMA ÚnicO de SAÚde Marília Sousa Leão Menezes introdução: O presente estudo trata de uma reflexão sobre as possibilidades de atuação do psicólogo/psicanalista em um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média e Alta Complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado de Sergipe, onde há o fornecimento de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI). Os pacientes que procuram o serviço são atendidos por uma equipe multiprofissional (médico otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo) e, caso apresentem os critérios (fisiológicos) de indicação para o uso do aparelho estabelecidos pela Portaria 587 do Ministério da Saúde (2004), eles o recebem e são acompanhados pelos profissionais. Nesse contexto, surge a questão de qual lugar o psicólogo/psicanalista pode ocupar na equipe multidisciplinar e que trabalho ele pode desenvolver neste local. Objetivos: Discutir sobre a escuta do psicólogo/psicanalista no atendimento ao paciente que procura o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média e Alta Complexidade para receber AASI e refletir sobre a atuação do psicólogo/psicanalista na equipe multidisciplinar que compõe este serviço. Método: É um estudo teórico-clínico, realizado a partir da entrada do psicólogo no serviço e das entrevistas realizadas com os pacientes que solicitaram o AASI. Este serviço funciona no Hospital São José, que fica localizado no município de Aracaju/SE. Resultados/discussão: Nas entrevistas realizadas, era comum perceber no discurso dos pacientes as suas queixas em relação à surdez e às limitações advindas dela. A partir disso, foi possível pensar, sob a ótica da psicanálise, sobre a oferta de uma escuta diferenciada para esse paciente, privilegiando o discurso desse sujeito para além de suas queixas, buscando levantar mais interrogações do que atender prontamente ao pedido de receber o aparelho auditivo, pois isso já será realizado pela equipe. À medida que os atendimentos psicológicos começaram a tomar esse direcionamento, surgiu a possibilidade de uma escuta acerca da implicação ou não do sujeito com o seu próprio pedido e pôde-se refletir que a dificuldade em não escutar é do paciente, e não do profissional que o atende. conclusões: É pressuposto pela equipe que o paciente chega ao serviço à procura apenas do aparelho e, ao recebê-lo, suas queixas estariam resolvidas. Entretanto, os resultados desta pesquisa apontam a importância de uma escuta mais atenta que possa identificar questões trazidas pelo sujeito que extrapolam a surdez em si ou o pedido de AASI e que, muitas vezes, podem se relacionar à maneira como o sujeito experiencia sua surdez, chegando até a influenciar no uso ou não do aparelho após o seu recebimento. Palavras-chave: psicanálise, surdez, aparelho auditivo Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 106 P12 SUBjeTividAde e ASMA: dO qUe Se TRATA? Thiago Robles Juhas, Júlia Catani HCFMUSP introdução: A asma é uma doença inflamatória crônica que afeta as vias respiratórias e está associada a outras comorbidades, porém, a magnitude desta associação ainda não está claramente definida até o presente momento. Pesquisas recentes apontam a existência da correlação entre os aspectos psicológicos e o controle dos sintomas asmáticos, mas sem especificar qual o nível desta relação. Contudo, quando há a presença sintomática da ansiedade ou da depressão os sintomas da asma sofrem intensificação e dificuldade de controle. Objetivo: Apresentar dados que indiquem o impacto dos fenômenos depressivos e ansiosos na piora dos sintomas asmáticos. Discutir como a psicologia compreende a subjetividade incidindo no corpo. Método: Selecionaram-se trabalhos científicos que apresentassem como palavras-chaves: asma, depressão e ansiedade. Foram analisados qualitativamente 20 artigos obtidos nos bancos de dados PubMed e Scielo, sendo estes publicados na última década nas principais revistas científicas da área. Utilizaram-se também, informações obtidas através da experiência do psicólogo em atendimento psicoterápico, em avaliação de pacientes com asma; e em reuniões interdisciplinares e de interconsulta, realizadas no setor de Imunologia e Alergia de um hospital terciário. Resultados: Relatos de estudos clínicos sugerem que a depressão, ansiedade e os tipos de estresse podem precipitar ou até mesmo causar sintomas de asma. A sintomatologia da ansiedade e da depressão são freqüentes em pacientes com doenças respiratórias, alguns autores argumentam que dentre as doenças respiratórias, asma é a que mais relaciona elementos psicológicos como piora e fator de risco para o paciente. A atuação psicoterapêutica e psicodiagnóstica constataram a importância da avaliação psicológica para o prognóstico da asma e as experiências demonstraram que a presença de sintomas subjetivos ansiosos ou depressivos prejudica a aderência ao tratamento, dificultando o controle da asma, e aumentando o índice de mortalidade. É possível verificar um ciclo sintomático, em que os elementos subjetivos interferem na piora da asma. Tais dados, também possibilitam a reflexão da influência negativa do sofrimento psíquico na piora dos sintomas. Entretanto, encontrou-se nos artigos analisados pouca evidência experimental para fundamentar uma hipótese causal entre eventos subjetivos e piora da asma. conclusões: A asma incide sobre a depressão e ansiedade, e estes agravam os sintomas e manifestações asmáticas. O paciente deprimido, ansioso ou em situações de franco sofrimento subjetivo, sente-se limitado fisicamente, frente a isso, tende a procurar ajuda em medicamentos, no apoio social, nos familiares, nos amigos e com o médico. Contudo, a fonte inicial dos sintomas não diz respeito somente ao organismo doente, mas também ao sofrimento psicológico que muitas vezes é impossível de ser mensurado, por ser único a cada sujeito. Mas nos restam questões: será que a depressão e ansiedade pioram a asma ou será que os pacientes com asma são mais propensos a depressão e a ansiedade? Tratar a asma não é tratar da depressão e ansiedade, e tratar a depressão e ansiedade não significa tratar da asma. Portanto, o trabalho deve ser realizado em conjunto, isto é, com uma equipe multiprofissional para a efetividade do tratamento da asma. Palavras-chaves: Asma; Depressão; Ansiedade; Subjetividade; Interconsulta Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 107 P13 A ATUAÇãO dO SUS eM cASOS de SOFRiMenTO PSÍqUicO: OS SenTidOS de SeR OBSeRvAdO e SeR OUvidO Júlia Catani, Thiago Robles Juhas HCFMUSP introdução: O SUS* (Sistema Único de Saúde) é nomeado desta forma, pois procura concretizar a mesma política pública em todo o território brasileiro. A responsabilidade pela saúde atribui-se, assim, ao governo federal, municipal e estadual. Este órgão é regido por três princípios: universalidade, equidade e integralidade, tendo por objetivo promover condições mais humanitárias na assistência psiquiátrica, na realização de diagnósticos precoces e na prevenção de doenças mentais, promovendo um maior equilíbrio na saúde da população, e maior atenção na vida cotidiana dos seres humanos. Este tipo de instituição recebe casos que envolvem desde as mais simples terapêuticas até as mais complexas que precisam de atenção e intervenções a curto prazo. Objetivo: O presente artigo objetiva discutir o alcance dos serviços do SUS no atendimento de caso de sofrimento psíquico de uma paciente. Busca-se ainda, compreender como a psicanálise com as suas teorias, pode contribuir para a saúde mental dos usuários de modo a oferecer os recursos necessários à população que demanda os serviços do SUS e considerando os meios disponíveis por tal sistema. Método: Optou-se por um estudo qualitativo que visa descrever e discutir as significações dos fenômenos observados desde a chegada da paciente ao hospital público, o trabalho de escuta e diagnóstico do psicólogo e por fim, o encaminhamento visando à terapêutica dos problemas em questão. Resultados: A partir do caso clínico e dos objetivos propostos pelo SUS, nota-se que os hospitais públicos e as unidades básicas de saúde ao assegurarem mais do que o tratamento médico, oferecendo uma atenção voltada aos pacientes, contribuem com o que pode vir a se constituir em um lugar psíquico na subjetividade daquele que sofre. Os cuidados que estes usuários recebem são encontrados nos atendimentos ambulatoriais, nos exames, nas internações, mas principalmente, no momento em que o profissional se interessa por escutar esta pessoa. A escuta é o principal instrumento utilizado pelo psicólogo ou psicanalista que trabalha na instituição. Para os pacientes o sistema torna-se um espaço para dar “voz” ao sofrimento não apenas por meio do organismo, mas também, pelo adoecimento psíquico. Ou seja, a doença orgânica, limita sim a vida dos usuários destes serviços, entretanto, as experiências e os fatos cotidianos constituem interferências significativas que impulsionam os pacientes a procurarem também um local para serem observados e ouvidos pelo outro. conclusões: Portanto, o SUS serve como um local de construção e desconstrução do que o sujeito sabe a respeito de sua história e de sua doença. A instituição constitui-se ainda como um lugar para expressar algo que não pode ser simbolizado, representado e compreendido por estes pacientes. Palavras-chave: Sistema Único de Saúde; Sofrimento Psíquico; Escuta Clínica, Assistência Psicológica; Psicanálise Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 108 P14 deMAndAS de ATendiMenTO e SinTOMA PSicAnALÍTicO nO TRATAMenTO de cRiAnÇAS cOM dOenÇAS ALéRGicAS Natália Sardenberg, Niraldo de Oliveira Santos, Thiago Robles Juhas,Andréa Cohen, Mara Cristina Souza de Lucia Centro de Estudos em Psicologia da Saúde; Divisão de Psicologia e Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A alergia é uma reação de hipersensibilidade, é uma resposta exagerada do sistema de defesa a uma substância estranha. A prevalência desse tipo de enfermidade aumentou drasticamente nas últimas décadas, atualmente, as doenças alérgicas mais freqüentes na infância são: a asma, a rinite alérgica e as dermatites, estas condições são as principais causas de morbidade em crianças de qualquer idade. Objetivo: Identificar os fatores que levam os médicos do ambulatório de Imunopediatria de um hospital universitário a encaminhar os pacientes para o atendimento psicológico; e analisar as demandas psíquicas voltadas para o psicólogo apresentadas pelos pais dessas crianças nos atendimentos psicoterápicos. Método: Foi realizado um estudo transversal, clínico-qualitativo, com 10 crianças com idades entre 4 e 11 anos, possuindo algum tipo de doença alérgica, em tratamento no ambulatório de Imunopediatria, de um hospital terciário, encaminhadas para avaliação e tratamento psicológico. As demandas apresentadas pelos pais das crianças, bem como os sintomas dos pacientes estavam relacionados à estrutura familiar e foram analisadas por meio de entrevistas preliminares e de questões abertas. Através do registro de pedido de consulta, realizados pelos médicos do setor, foram investigados os principais fatores que levam os médicos a encaminharem os pacientes. As respostas foram submetidas à técnica de análise temática de conteúdo e foram elaboradas categorias embasadas no referencial psicanalítico. Resultados: Segundo a análise dos prontuários e das fixas de pedidos de interconsulta psicológica, as crianças são encaminhadas com maior freqüência, devido a dificuldades escolares (40%) e à hiperatividade e déficit de atenção (40%). Dentre estas crianças (80% da amostra) a dificuldade escolar aparece associada à hiperatividade em 20% dos casos. A partir das entrevistas preliminares, foram construídas quatro categorias diagnósticas que apresentam a posição sintomática das dez crianças: 1. A criança como falo da mãe; 2. Do lugar de morto à carne viva; 3 Sintoma da criança como denúncia ou apelo e 4. A mãe que aparece como filho. Essas categorias envolvem a relação do Sintoma da criança com o que existe de conflituoso na estrutura familiar, promovendo uma orientação clínica na direção do tratamento. conclusões: A agitação, o déficit de atenção e as dificuldades relatadas no comportamento se configuram como um Sintoma da criança, entendido como laço, quando representa o que há de sintomático na estrutura familiar. A enfermidade alérgica, não importa o tipo, pode ser nomeada através do discurso da medicina por meio do diagnóstico, do tratamento e do prognóstico; mas sabe-se que há mais em jogo do que um corpo que se apresenta enfermo trata-se de um lugar psíquico que constitui a subjetividade, o somático e o social de quem sofre. Observou-se a importância de considerar a lógica do Sintoma e a maneira como os pais se apropriam da doença de seus filhos nos encaminhamentos médicos. A doença da criança ocupa um lugar significativo no discurso dos pais, o que contribui com a posição da criança como objeto do Outro. Os atendimentos na imunopediatria devem incluir pais e familiares, uma vez que dessa maneira, é possível diagnosticar e tratar o sofrimento psíquico dos pacientes e a função do sintoma na família. Palavras-chave: Doenças Alérgicas; Demanda, Sintoma; Entrevistas Preliminares; Psicanálise Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 109 P15 PROnTUáRiO eM inSTiTUiÇãO de SAÚde: O ReGiSTRO dO PSicÓLOGO Helena Julio Rizzi Instituto da Criança do HCFMUSP introdução: O presente trabalho surge da inquietação acerca do registro em prontuário a partir da experiência com a equipe de saúde do Instituto da Criança, HC-FMUSP. Por lei, o registro dos atendimentos em prontuário é obrigatório para todos os profissionais de saúde que trabalhem diretamente com a assistência aos pacientes, incluindo o psicólogo. Objetivo: Estabelecer definição de prontuário e razões de sua exigência e analisar leis, portarias, resoluções e códigos de ética (do médico e do psicológico) sobre funções e determinações dos prontuários, enfocando a anotação do psicólogo. Método: Para tanto, sustenta-se no referencial teórico psicanalítico e propõe-se uma articulação entre a análise de políticas públicas e a prática institucional. Resultados: O prontuário é um documento que a instituição de saúde formaliza para cada um de seus pacientes, com o objetivo de reunir a assistência prestada a ele nesta instituição e as informações sobre sua saúde. Ele é fundamental para a organização da instituição, a comunicação entre os profissionais e a assistência aos usuários, de acordo com o princípio da integralidade proposto pelo SUS. Apresenta-se como um documento de caráter legal, sigiloso e científico e como uma tentativa de promover o diálogo da equipe multiprofissional, sendo necessárias anotações claras, objetivas e com informações que colaborem para a boa condução do caso. No que se referem aos atendimentos com o psicólogo, os registros devem contemplar somente informações imprescindíveis para a realização dos objetivos do trabalho, qualificando o serviço prestado, resguardando a confidencialidade e preservando o sigilo. conclusões: O psicólogo deverá, assim, seguir as delimitações estabelecidas sobre esse registro, considerando quem são seus interlocutores. Não se trata, portanto, no registro em prontuário de detalhar ou relatar as histórias do paciente, mas refletir, a partir delas, os aspectos do paciente que podem colaborar para o atendimento dos demais profissionais. Palavras-chave: Hospital pediátrico; Prontuário; Atendimentos psicológicos; Psicanálise. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 110 P16 AvALiAÇãO de dePReSSãO eM PAcienTeS idOSOS inTeRnAdOS nA enFeRMARiA dA cLÍnicA ciRÚRGicA vAScULAR de UM HOSPiTAL-eScOLA de SãO PAULO Luciane da Conceição Fernandes, Alessandra Santiago, Cláudia Fernandes Laham, Valmari Cristina Aranha, Pedro Puech Leão, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: Para Botega (2006), a dupla doença-hospitalização no hospital é comumente desencadeadora de quadros reativos de desadaptação emocional, e é comum que transtornos depressivos se apresentem. Os transtornos depressivos representam o grupo de diagnósticos psiquiátricos com maior incidência em um hospital geral e tal consideração advém do fato de que estes são tidos como sendo uma resposta normal a doenças físicas que ameaçam ou alteram a vida do indivíduo. Além disso, a depressão é tida como um distúrbio de afeto e que causa grande sofrimento psíquico, pois há a perda e alterações em diversas áreas, como prejuízos intelectuais, sociais, afetivos, sexuais e profissionais (Santana & Coutinho, 2010). Objetivos: Avaliar a presença ou ausência de depressão em sujeitos internados no Serviço de Cirurgia Vascular de um Hospital-Escola de São Paulo. Verificar através do roteiro de entrevista, se os sujeitos estavam ou não em tratamento psicológico ou psiquiátrico. Analisar o discurso dos sujeitos sem diagnóstico de depressão, quanto à vida antes e após início de tratamento se há presença ou não se sintomas depressivos. Método: Foram entrevistados 15 sujeitos portadores de doenças cardiovasculares, maiores de 60 anos, internados na enfermaria do Serviço de Cirurgia Vascular. Após a concordância quanto ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram aplicados os instrumentos: MEEM, entrevista aberta, GDS e SF-36. A entrevista foi analisada com a técnica de Análise de Conteúdo segundo Bardin (1979) e os dados quantitativos analisados por meio do programa Excell. Resultados: A amostra deste estudo foi caracterizada por 6 sujeitos que são do sexo feminino e 9 do sexo masculino, tendo sido a média de idade de 72 anos. Quanto aos resultados da GDS, tem-se que 5/15 apresentaram sintomas de depressão, enquanto que 10/15 não apresentam sintomatologia de depressão. No que refere-se ao acompanhamento psiquiátrico, 1/15 referiu tê-lo anteriormente à internação e 2/15 realizaram acompanhamento psicológico. Com relação às respostas sobre a vida antes da doença cardiovascular temos: 2/15 dos sujeitos entrevistados referiram a presença de sintomas da doença cardiovascular, enquanto 13/15 referiram ser assintomáticos do ponto de vista da doença. Enquanto que no que tange ao período após a doença cardiovascular, identificou-se que 7/15 sujeitos referiram a presença de sintomas e 8/15 são assintomáticos. conclusão: Identificou-se com esse trabalho a presença de sintomas depressivos, mais do que diagnóstico de depressão nos pacientes internados. No entanto, a presença desses sintomas foi elevada, e as hipóteses para tal são diversas, como por exemplo: a hospitalização que pode ser tida como o fator desencadeante das reações emocionais; histórico pessoal de depressão associada a hospitalização; o processo de envelhecimento e presença de comorbidades; perda da qualidade de vida; a necessidade de intervenção cirúrgica; afastamento de atividades e convívio familiar, entre outros. Ressalta-se assim que o acompanhamento multiprofissional e principalmente o psicológico, durante o período de hospitalização, pode ser um meio facilitador para que os pacientes possam vivenciar e lidar com as perdas no contexto hospitalar. Sugere-se a realização de pesquisas futuras para que possam ser exploradas as hipóteses levantadas neste estudo. Palavras-chave: Depressão; doença cardiovascular; Hospitalização. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 111 P17 qUALidAde de vidA e enveLHeciMenTO eM PAcienTeS cOM dOenÇA cARdiOvAScULAR ATendidOS eM AMBULATÓRiO de UM SeRviÇO de ciRURGiA vAScULAR Pamela Cristini de Oliveira, Alessandra Santiago, Cláudia Fernandes Laham, Valmari Cristina Aranha, Pedro Puech Leão, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP introdução: Qualidade de vida é um conceito entendido pela Organização Mundial da Saúde como uma forma genérica de se pensar o indivíduo, mediante as tendências a se pensar a saúde sob uma perspectiva multidimensional e subjetiva. O envelhecimento populacional é um dos maiores triunfos da humanidade e também um grande desafio, tendo em vista que vem causando um aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo. Envelhecer com qualidade de vida envolve uma série de fatores biopsicossociais. Neste contexto, destacam-se as doenças crônicas e entre estas, a maior causa de morte no mundo: as doenças cardiovasculares. É importante compreender a relação saúde/doença em seus aspectos psicológicos e sociais quanto à predisposição, instalação e manutenção da doença física. Para se pensar ações que objetivem melhorar a qualidade de vida, é preciso considerar os aspectos valorizados pelos próprios idosos. Objetivo: Este estudo objetivou avaliar a qualidade de vida em idosos com doenças cardiovasculares atendidos em ambulatório e identificar se no discurso auto-referido pelos sujeitos é apresentada ou não relação entre a qualidade de vida e as doenças cardiovasculares. Método: Participaram do estudo 15 pacientes portadores de doenças cardiovasculares, maiores de 60 anos, atendidos no ambulatório do Serviço de Cirurgia Vascular de um hospital público universitário, de nível terciário e quaternário, de São Paulo. Após a concordância quanto ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram aplicados os instrumentos: MEEM, entrevista aberta, GDS e SF-36. Resultado: Segundo avaliação do SF-36, 13/15 sujeitos apresentaram qualidade de vida adequada. A perda no desempenho de atividades diárias devido à doença cardiovascular foi abordada por 12/15 entrevistados. Os homens pareceram utilizar recursos defensivos mais eficazes do que as mulheres, que expressaram maior fragilidade. conclusões: A qualidade de vida da maioria dos entrevistados foi avaliada como adequada através do SF-36, embora estes tenham referido na entrevista semi-dirigida muitos prejuízos decorrentes da doença cardiovascular em seu cotidiano. Apresentou-se diferença entre os participantes do sexo masculino e as participantes do sexo feminino quanto ao modo de lidar com esta doença. Tais aspectos podem ter seu conhecimento aprofundado por outros estudos. Palavras-chave: qualidade de vida; envelhecimento; doenças cardiovasculares. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 112 P18 GRUPO de inveSTiGAÇãO e FUnÇãO TeRAPÊUTicA (GiFT) nO TRATAMenTO de PAcienTeS SUBMeTidOS à ciRURGiA BARiáTRicA Mariane Dias Ferreira, Sue Ellen Ferreira Modesto, Niraldo de Oliveira Santos, Marlene Monteiro da Silva, Dr. Marco Aurélio, Dra. Mara Cristina Souza de Lucia Centro de Estudos em Psicologia da Saúde (CEPSIC) da Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A obesidade é uma doença crônica de prevalência crescente e que vem sendo considerada um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna. A cirurgia bariátrica é uma opção importante para o tratamento da obesidade mórbida, sendo considerada a técnica mais eficaz para redução do peso a longo prazo, entretanto, um grande número de pacientes submetidos a esta cirurgia apresentam complicações psicológicas e psiquiátricas. Objetivo: Proceder a um relato de experiência a partir das sessões de um tratamento psicológico grupal de Investigação e Função Terapêutica (GIFT) em pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica por técnicas variadas. Método: Participaram desse estudo sete pacientes, todas do sexo feminino, com idade média de 36,25 anos, IMC médio de 33,92kg/m², submetidas à cirurgia bariátrica por técnicas variadas. Resultados e conclusões: Após o procedimento cirúrgico, as pacientes podem passar por algumas fases. Percebe-se que quanto maior o tempo de operadas, maiores são as chances de reganho de peso, enquanto que outras pacientes ainda parecem deleitar-se com as gratificações dos primeiros anos após a cirurgia. Identificamos queixas relativas ao medo de engordar e padrões repetitivos do comportamento, tais como compulsão alimentar, medo de engordar novamente e insegurança, corroborando assim para possíveis outros transtornos alimentares - uma vez que tomamos conta da perspectiva clínica em que se encontram presentes métodos compensatórios, como por exemplo, a purgação para se evitar o ganho de peso. Dessa forma, a intervenção de grupo oferece a possibilidade de adaptação a diferentes situações e reconstruções de imagens corporais. Pode ser um método eficaz no acompanhamento pré e pós-cirúrgico, trazendo importantes implicações subjetivas aos pacientes que partiram ou partirão rumo a essa complexa intervenção cirúrgica. Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica; Psicoterapia de grupo Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 113 P19 ASSOciAÇãO enTRe dOenÇAS cARdiOvAScULAReS, dePReSSãO e dOR nO cOnTexTO dOMiciLiAR Daniela Cristina Rodrigues Bernardes, Cláudia Fernandes Laham, Alessandra Santiago, Valmari Cristina Aranha, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia, Keila Tomoko Higa-Taniguchi, Angélica Massako Yamaguchi Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: As doenças cardiovasculares encontram-se em primeiro lugar dentre as causas de morte em nosso país. Outra enfermidade que nos chama a atenção, a depressão, é hoje a principal causa de incapacitação em todo o mundo, estando em quarto lugar, se levarmos em consideração as dez principais enfermidades que acometem a população mundial. Já a dor, que está presente em grande parte das queixas da população de idosos, nas consultas ambulatoriais e domiciliares, interfere na qualidade de vida destas pessoas, gera um aumento em sua dependência física e diminuição nas atividades de vida diária, deixando-nos em dúvida sobre haver relação entre tais enfermidades. Objetivo: Avaliar em idosos, atendidos por um serviço de Assistência Domiciliar, a presença de doenças cardiovasculares, depressão e dor referida e identificar se há associação entre tais acometimentos. Método: Utilizamos no presente estudo as escalas GDS, que nos indicou o humor dos entrevistados, bem como detectou casos de depressão; a escala SF-36 (questão 7) que apontou a intensidade de dor relatada pelos pacientes; questões abertas sobre percepção da doença, sendo entrevistados, para tanto, 15 sujeitos acima de 60 anos. Empregamos, na análise dos dados, o método qualitativo de categorização dos conteúdos e o quantitativo em relação à frequência de respostas. Resultados: Houve predomínio de mulheres (11/15); a renda familiar da maioria estava entre 1 e 3 salários mínimos. Nunca realizaram atendimento psicológico 10 do total de sujeitos, sendo que 4/15 relataram já terem sido diagnosticados com depressão e 2 receberam medicamentos para os sintomas apresentados, referindo não apresentar melhora. Dentre os 15 sujeitos entrevistados, 8 apresentaram ausência de depressão, 5 depressão leve e 2 depressão grave. Tomavam medicamentos para dor 5/15; 11/15 relataram dor leve, moderada ou grave. Dentre os 15 participantes, 8 apresentaram Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e 5, HAS e Acidente Vascular Encefálico (AVE). Em relação às comorbidades, 7/15 apresentaram cinco enfermidades conjuntas em média, sendo que os demais apresentaram entre 2 e 11 enfermidades concomitantemente. Um dos participantes apresentou dor e depressão graves. conclusão: Identificamos, neste estudo, HAS mais prevalente do que outras comorbidades cardiovasculares, além de estado depressivo ausente, leve ou grave. A dor referida pelos sujeitos foi equivalente em intensidade. Em nossa análise quantitativa não houve associação entre doenças cardiovasculares, depressão e dor, sendo que a análise qualitativa sugeriu diferentes associações entre tais acometimentos, merecendo estudos mais detidos nesta população com instrumentos de aferição álgica que empreguem maiores populações com estas características. Palavras-chave: Doenças cardiovasculares, depressão, dor, qualidade de vida. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 114 P20 cRenÇAS ReLAciOnAdAS à nATURezA FeMininA FRenTe à GeSTAÇãO e AO vÍncULO MATeRnO-FeTAL Glauco Heirison dos Santos Rocha; Gláucia Rosana Guerra Benute; Niraldo de Oliveira Santos; Mara Cristina Souza de Lucia; Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia e Divisão de Obstetrícia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP - Brasil introdução: Ao longo de séculos, incontáveis mudanças ocorreram em nossa sociedade. Os papeis sociais que pareciam bem definidos atrelados ao gênero correspondente, hoje, aparecem fluidas, derrubando estereótipos e alguns paradigmas sustentados ao longo da história. Empiricamente, fala-se de instintos, desejos e até de pré-destinação da mulher ao fecundo, à maternidade. Embora os papéis reconfigurados, a herança deixada parece enaltecer um suposto instinto maternal gerador de sentimento singular, quase divino, amor materno. Seja destino divino ou função do feminino, a gravidez e suas vicissitudes marcam a vida da mulher transformando não só o corpo, mas a maneira como se posicionam na sociedade que convoca à produção e pune a ineficiência. Objetivos: Identificar crenças existentes no período gestacional relacionadas à natureza feminina frente à maternidade e o vínculo materno-fetal. Método: Foram entrevistadas 50 gestantes que aguardavam atendimento pré-natal em hospital universitário. Foi realizada Análise qualitativa dos dados. Resultados: Com relação a crença da mulher ter nascido para ser mãe, 38% respondeu positivamente. O restante respondeu que não, entretanto, embora as respostas negativas subentendessem o fator “opção” como determinante, na maioria dos discursos apresentavam pareceres que diziam respeito à qualidade de ser boa mãe. Das entrevistadas, 68% expressaram respostas negativas pontuando uma vida sem filhos como triste, vazia. Já 20% das afirmativas referiam benefícios em não terem filhos. Relacionado ao vínculo materno-fetal, embora 8% dissessem descrer numa comunicação entre elas e seus bebês, a maioria, por sua vez (92%), disse crer que suas falas e gestos seriam correspondidos e interpretados através dos movimentos em seus ventres. Essa relação mãe/bebê parece se estreitar de tal modo que seus bebês seriam capazes de perceber alterações em seu humor, segundo 88%. A interpretação dos discursos permite compreender que a sociedade que prima pela produtividade apresenta ainda às mulheres o clamor à maternidade. Tal sociedade traz, veladamente ou não, a concepção de uma mulher útero, doadora e mantenedora da vida. A negação do legado materno, rompendo, com tal aparente destino, fomenta crenças numa entrega à infelicidade. Sua saúde mental é posta em questão, dado que a condição ou a escolha em não ter filhos é associada à imagem de uma mulher fria, isolada. Pode-se observar nos jargões pejorativos vistos como aquela que se tornará a “titia” ou nas criações literárias ou folclóricas como a “bruxa”, a “cuca”, seres sem prole que, de tão sozinhas, imprimem esta infelicidade na vida de outrem. A conexão entre a gestante e o feto se iniciaria bem antes do nascimento e seria desenvolvida com graduação particular. conclusões: Os discursos apontam para a possibilidade de escolha em responder ao paradigma imposto pela Natureza e a todas as outras demandas que são apresentadas, contudo, percebese paralelamente, a crença de que à mulher fora deixado a chave da promoção da felicidade e infelicidade, sendo mãe, própria e de outrem. Escolhendo ser mãe, então, no encalce do júbilo materno, desenvolve uma relação com seu bebê, alterando seu comportamento nesta fase a fim de que esse momento de intrínseco contato se dê da melhor maneira possível. Palavras-chave: crenças; natureza feminina; vínculo materno-fetal. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 115 P21 GeSTAÇãO ecTÓPicA: cOMPReenSãO e cRenÇAS A ReSPeiTO dO diAGnÓSTicO, TRATAMenTO e SUAS RePeRcUSSõeS Glauco Heirison dos Santos Rocha, Gláucia Rosana Guerra Benute, Fábio Cabar, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia e Divisão de Obstetrícia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP - Brasil introdução: Momento dito como sublime e marcado por mudanças significativas na vida da mulher, a gestação evoca a possibilidade de vivências de sentimentos ambivalentes, os quais implicam em novos arranjos adaptativos na vida da gestante. As mudanças produzidas por tal acontecimento ultrapassam as claras alterações físicas, convocando a mulher a reorganizar a própria imagem corporal, sua posição social e subjetiva; sendo sua identidade re-configurada, proporcionando vivências que podem ir da ideia de plenitude à sensação de fracasso. Correspondendo à implantação do blastocisto fora da cavidade uterina, a gravidez ectópica (GE), por sua vez, é a primeira causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação, deflagrando um rompimento com idealizações, planos e sonhos, gerando fantasias e crenças. Objetivos: Caracterizar a população diagnosticada com GE, avaliar a compreensão, crenças e consequências reprodutivas, e avaliar a existência de sentimento de culpa. Método: Realizadas entrevistas semi-dirigidas com 15 mulheres com GE atendidas na Obstetrícia de um hospital universitário. A análise dos dados foi feita com a Técnica de Análise Conteúdo. Resultados: As 15 mulheres entrevistadas, em média, com 5,8 semanas gestacionais e 28,7 anos de idade, referiam relacionamentos estáveis e nenhuma apresentou reações negativas frente à gestação. Diante da perda gestacional, 60% ofereceram respostas indicando sentimentos negativos como tristeza; 26,7% disseram de sentimentos positivos e 13,4%, ofereceram respostas evasivas ou inespecíficas. Quando questionadas sobre como entendiam do que lhes havia ocorrido, 40,0% disseram entender o que lhes havia acontecido; 40,1% disseram compreender a GE como resultante de doenças, e as 20% restantes, disseram crer na GE como decorrente da determinação divina. Embora, do total das entrevistadas, 86,7% acreditassem existir algum tipo de risco, 66,7% expressaram desejo em engravidar novamente. Foram referidas crenças em mudanças decorrentes do diagnóstico de GE em vários âmbitos da vida dessas mulheres, bem como a crença na responsabilidade por tal acontecimento. Tal qual um abortamento ou nos casos de histerectomia, paralelos possíveis diante das vicissitudes da GE e da escassez de material específico, a mulher vivencia perdas significativas diante da idealização social do feminino à maternidade. Sentimentos positivos expressos diante da perda, bem como a frustração, a culpa pelo fracasso gestacional, e a crenças em mudanças, em sua maioria, negativas advindas com o diagnóstico, podem ser vividos de forma intensa, contudo parecem aplacados pela ideia da restauração da própria saúde – da própria vida. Embora a maioria expressasse ciência de risco de morte, percebeu-se despreocupação dessas mulheres com tal possibilidade, ao se dizerem desejosas por novas gestações. conclusões: Verifica-se a necessidade de maior cuidado na transmissão das informações médicas às pacientes, promovendo chance de melhor esclarecimento e conscientização dos riscos. Além disso, que seja oferecida assistência psicológica adequada, a fim de que se possibilite um espaço para a palavra onde as fantasias e crenças como as de auto-responsabilização e culpa, que implicam no sofrimento psíquico dessas mulheres, possam ser elaboradas. Palavras-chave: gestação ectópica; crenças; repercussões psicológicas. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 116 P22 dePReSSãO, AnSiedAde e APeGO MATeRnO FeTAL eM GeSTAnTeS de GÊMeOS Bárbara Braga de Lucena, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina S. de Lucia, Adolfo Liao, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A gestação gemelar é considerada gravidez de risco com agravos físicos, psicológicos e sociais. Gestantes de gêmeos têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão, podendo comprometer o apego materno fetal e o relacionamento entre a mãe e o bebê. Objetivos: Identificar alterações no estado emocional de gestantes entre a 26a e 30a semana gestacional, bem como suas maiores preocupações; avaliar presença de depressão e sintomas de ansiedade; verificar apego materno-fetal estabelecido com cada um dos fetos em mães com e sem intercorrência na gestação e possíveis associações entre apego, ansiedade e depressão. Método: Participaram 24 gestantes de gêmeos, entre a 26ª e 30ª semana gestacional, que foram separadas em dois grupos: o G1 – com 17 mulheres sem intercorrência na gestação -, e o G2 – com 07 mulheres com algum diagnóstico desfavorável acerca da gestação. Foram utilizados: entrevista semi-dirigida, Prime-MD, Escala de apego materno fetal e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. As entrevistas foram analisada com a Análise de Conteúdo e os dados quantitativos pelo programa Microsoft Office Excel, sendo apresentados por meio de médias e porcentagens. Fez-se tabelas de correlação a fim de verificar possíveis associações entre ansiedade e diagnóstico de depressão com diagnóstico desfavorável e apego materno-fetal com relação ao Feto 1 e Feto 2 nos dois grupos. Resultados: Observou-se piora no estado emocional após o diagnóstico de gestação gemelar com preocupação com a saúde do bebê. Constatou-se 23,6% no G1 e 28,5% no G2 de depressão; 76,4% no G1 e 85,8% no G2 sintomas ansiosos; 11,75% apego mínimo com o Feto 1 e 17,6% com Feto 2 enquanto que no G2 0% e 14,3%, respectivamente. conclusão: A depressão e altos níveis de ansiedade são bastante frequente em gestantes de gêmeos. Além disso, ter baixo nível de apego ou diferentes sentimentos com relação a cada um dos gêmeos não é incomum. No entanto, não foi possível identificar associações entre apego materno fetal com depressão ou ansiedade, fazendo-se necessárias mais pesquisas neste sentido. Palavras chave: gestação múltipla, depressão, ansiedade, apego materno fetal Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 117 P23 TRAnSTORnOS ALiMenTAReS e dePReSSãO eM GeSTAnTeS AMBULATORiAiS Vivian Gava Malta, Niraldo de Oliveira Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A preocupação exagerada com a forma corporal pode levar a rígido controle alimentar que, durante o período gestacional, traz consequências sérias para a saúde da gestante e a do bebê. A literatura aponta para uma estimativa de que 3 em cada 100 mulheres apresentam transtorno alimentar diagnosticado durante a gestação. A depressão aparece na prevalência de 7% a 15% durante o período gestacional. Objetivos: Avaliar a presença de transtornos alimentares e de depressão entre gestantes ambulatoriais. Método: Foram entrevistadas 40 gestantes no segundo trimestre de gestação que se encontravam no ambulatório da Divisão de Clínica Obstétrica aguardando a realização de exame de ultra-sonografia. Os instrumentos utilizados foram: Entrevista Semi-dirigida, Structured Clinical Interview for DSM Disorders – SCID, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão – HAD, Prime – MD: Módulo de Humor. Resultados: As 40 mulheres entrevistadas e submetidas aos protocolos estavam, em média, com 18,65 semanas gestacionais (DP=2,72) e apresentavam idades que variavam entre 15 a 41 anos, com média de 29,2 anos (DP=6,95). A respeito do número de gestações por paciente, houve uma média de 2,4 gestações (DP=1,49), das quais advieram 0,72 filhos vivos (DP=0,98), em média. Verificou-se que das participantes, 40% apresentaram complicações nas gestações anteriores; 55% relataram doenças associadas à gestação atual, sendo diabetes e hipertensão as mais mencionadas. Averiguou-se que 70% das gestantes afirmaram preocupação com o aumento de peso decorrente da gestação. Deste total, 42,5% relacionaram a preocupação a questões estéticas; 22,5% à preocupação com sua saúde; e 5% relacionaram à preocupação com a saúde do bebê. A utilização do “Structured Clinical Interview for DSM Disorders” (SCID) demonstrou que 17,5% das participantes apresentavam transtorno alimentar; deste total, 2,5% das entrevistadas apresentaram o diagnóstico de anorexia nervosa “tipo restritivo” com intensidade leve; 7,5% foram diagnosticadas com bulimia nervosa; e 7,5% indicaram transtorno da compulsão alimentar periódica. A existência de transtornos do humor foi avaliada por meio da “Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão” (HAD), onde se constatou que 27,5% apresentaram sintomatologia para depressão; e, de acordo com o “PRIME MD – Módulo de Humor”, 25% das gestantes apresentaram o diagnóstico de depressão maior. A sintomatologia para a depressão foi encontrada, quando avaliada junto aos diagnósticos de bulimia nervosa, em 2,5% das participantes, e ao de transtorno da compulsão alimentar, em 5,0% das gestantes. No módulo de humor do PRIME-MD, constatou-se a presença de depressão maior em 2,5% das gestantes com diagnóstico de anorexia nervosa e em 2,5% com diagnóstico de bulimia nervosa. conclusões: Identificou-se a presença de TA em prevalência acima da esperada para gestantes quando comparada a dados da literatura. A correlação entre TA e depressão encontrada ressalta a importância da atenção à distinção entre sintomas decorrentes das gestações de alto risco dos sintomas típicos da depressão. Constatou-se a necessidade de maior atenção dos profissionais da saúde que acompanham mulheres durante o controle pré-natal, para que tenham subsídios para reconhecer os sintomas, de modo precoce, e prevenir/tratar as condições verificadas no estudo. Palavras-chave: gestação; transtornos alimentares; depressão; imagem corporal. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 118 P24 PRevenÇãO de dOenÇAS e PROMOÇãO de SAÚde indÍGenA: AnáLiSe dA BiOPOLÍTicA Camilla Fernandes Marques, Anita Guazzelli Bernardes Universidade Católica Dom Bosco – UCDB introdução: A ampliação do conceito de saúde, e de saúde indígena implicará na modificação das formas de atenção. A atenção à saúde não será mais restrita à cura e reabilitação na medida em que será expandida para níveis de prevenção e promoção de saúde. Isso significará uma focalização no âmbito do cuidado que diz respeito à atenção básica, à estratégia de saúde da família, aos sistemas de referências das comunidades assistidas e a educação em saúde. A prevenção de doenças e a promoção de saúde passam a operar com a relação entre saúde e condições de vida, considerando-se saúde e doença como formas pelas quais a vida se manifesta. Objetivo: Analisar e refletir as práticas de atenção à saúde indígena voltadas para prevenção e promoção de saúde produzida no campo das políticas públicas. Método: A metodologia adotada para desenvolver a pesquisa foi primeiramente a seleção de periódicos científicos produzidos a partir do ano de 1999, data da formulação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Povos Indígenas, de acordo com a disposição oficial, Decreto nº 3.156. Para atender o objetivo da pesquisa a leitura destes materiais foi disposta em categorias de análises, e posteriormente, analisada segundo as ferramentas conceituais foucaultianas, tais como saber/verdade, relações de poder, discurso, formas de governo, entre outras. Resultados: Conforme análise dos periódicos sob as ferramentas foucaultianas foi possível refletir que o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, juntamente com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas são estratégias incorporadas pelo Estado como modo operacionalização da saúde indígena. E que a partir de um determinado espaço-tempo, tornouse possível o discurso sobre a saúde da população indígena, discurso que é caracterizado por acontecimentos-discursivos, que vão produzindo saber/verdade, mediante as relações de poder, e que são utilizadas como razões de estado para sustentar formas de governo. conclusões: Pode-se analisar e refletir que os dispositivos/estratégias criados para dar assistência à saúde indígena, são utilizados como um investimento na vida desta população, no entanto, os serviços de atenção primária, prevenção de doenças e promoção de saúde encontram-se em defasagens, no qual alguns pontos funcionam, e outro não, o que ressalta na análise a forma de governo, segundo o conceito, da biopolítica, um investimento na forma de viver desta população indígena. Palavras-chave: Saúde Indígena, Prevenção de doença e Promoção de Saúde, saber, relações de poder, biopolítica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 119 P25 cARAcTeRÍSTicAS SOciOdeMOGRáFicAS e ReALizAÇãO dA ciRURGiA de eSTeRiLizAÇãO TUBáRiA: UM eSTUdO deScRiTivO Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Fabio Cabar, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: Com o surgimento de métodos contraceptivos e dos programas de planejamento familiar a mulher pode começar a pensar na maternidade como um desejo, uma opção, e não mais, necessariamente como uma vocação. No Brasil, em 1996 entra em vigor a Lei sobre Planejamento Familiar (lei 9263/96) que estabelece com clareza o dever do Estado de oferecer o direito dos cidadãos a terem acesso aos meios de regularização da fecundidade, regulamentando também o direito e as restrições relativas a esterilização tubária no Brasil. Objetivo: Descrever as características das mulheres submetidas à esterilização tubária num hospital público de São Paulo. Método: Foram convocadas a participar do estudo todas as mulheres que realizaram a cirurgia de esterilização tubária na Obstetrícia entre os anos de 2005 e 2007 e que compareceram à entrevista agendada previamente. A convocação foi feita a 316 mulheres, compareceram à entrevista 216 pacientes. Resultados: A cirurgia de esterilização tubária foi realizada nas 216 mulheres, devido a avaliação médica de risco à vida ou à saúde da mulher em uma próxima gestação. A média de idade das mulheres foi de 35,8 anos (DP=5,51); com 3,9 número de gestações (DP=1,66) e 3 filhos vivos (DP=1,2). Constatou-se que 88,9% apresentavam relacionamento conjugal estável (casada ou amasiada); 67,1% afirmavam ter religião católica; 91,2% participaram de grupos de planejamento familiar; 5,5% afirmaram ter medo de se arrependerem da cirurgia; 94,9% utilizaram outros métodos contraceptivos antes da realização da cirurgia de esterilização tubária. conclusão: Observou-se que a faixa etária das pacientes esteve de acordo com o previsto em lei; o relacionamento estável não foi fator determinante para a realização da cirurgia, uma vez que 11,1% das mulheres optaram pela cirurgia, ou seja, por não ter mais filhos, independente do tipo de relacionamento estabelecido. Notou-se ainda que apesar da religião católica desaconselhar a planejamento familiar e privilegiar o relacionamento sexual para a procriação, as mulheres que afirmaram ser praticantes desta religião não se incomodam em fugir das regras preestabelecidas. Nem todas as mulheres que realizaram a cirurgia passaram por grupo de planejamento familiar, nem haviam experimentado outros métodos contraceptivos. O trabalho multidisciplinar e a certeza do conhecimento prévio de outras possibilidades de evitar a gestação devem ser prioridade para que as mulheres possam escolher com maior propriedade de conhecimento o tipo de contracepção a ser utilizada, minimizando possíveis arrependimentos. Palavras-chave: gravidez; esterilização tubária; anticoncepção Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 120 P26 ciRURGiA de eSTeRiLizAÇãO TUBáRiA: AvALiAÇãO de ARRePendiMenTO Gláucia Rosana Guerra Benute, Amanda Maihara dos Santos, Mariana Arenas Zarvos, Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A laqueadura, atualmente, é o método contraceptivo mais conhecido, desejado e discutido, sendo considerado pelas mulheres a opção mais segura e eficaz, assim, é escolhido por inúmeros casais quando decidem encerrar sua vida reprodutiva. Por ser um método de difícil reversão, um dos grandes desafios no que concerne à realização da esterilização tubária, diz respeito à possibilidade de arrependimento. Objetivo: Verificar existência de arrependimento pela realização da esterilização tubária e os fatores relacionados. Método: Foram convocadas a participar do estudo todas as mulheres que realizaram a cirurgia de esterilização tubária na Obstetrícia de hospital universitário entre os anos de 2005 e 2007 e que compareceram à entrevista agendada previamente. A convocação foi feita a 316 mulheres, mas responderam à entrevista 216 pacientes. Resultados: A média de idade das mulheres foi de 35,8 anos (DP=5,51); 3 filhos vivos (DP=1,2), e 88,9% apresentavam relacionamento conjugal estável (casada ou amasiada). Em 94,9% a decisão pela laqueadura foi baseada na opção de não ter mais filhos associada à crença de que a cirurgia de esterilização tubária seria o método totalmente eficaz; 66,7% dos casos foi referido o problema de saúde materna como fator predominante na escolha pela realização de laqueadura; e 12,5% afirmaram ter dúvidas quanto a realizar ou não a cirurgia. Quando questionado sobre a existência de alguma alteração na vida após a realização da cirurgia de esterilização tubária, constatou-se que 22,7% afirmaram ter mudado algo no seu estado emocional; 19,4% na saúde física; 24,2% nas relações sexuais; 2,31% no relacionamento social; com relação ao arrependimento, 4,6% das mulheres referiram ter se arrependido de ter realizado a cirurgia. conclusão: O processo de laqueadura tubária não se restringe apenas à indicação médica, mas também pressupõe-se que o casal tenha um tempo para refletir e avaliar os motivos pelo qual desejam a realização da cirurgia, sendo obrigatório o registro da manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. Constatou-se que o arrependimento é uma possibilidade real, acarretando dificuldades na vida da mulher. Para minimizar o arrependimento, sugere-se o trabalho multidisciplinar oferecendo acesso a planejamento familiar, reflexão e questionamentos acerca da escolha realizada. Palavras-chave: esterilização tubária; saúde da mulher; anticoncepção Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 121 P27 LeGiSLAÇãO, eSTeRiLizAÇãO TUBáRiA e SUS: A BUScA PeLA ciRURGiA nO PÓS-PARTO Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Seizo Miyadahira, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A legislação atualmente permite a esterilização tubária durante o parto só nas situações de cesarianas sucessivas anteriores (portanto, pelo menos duas cesáreas anteriores) e quando a mulher for portadora de doença de base, e uma nova gravidez coloque em risco a vida ou a saúde da paciente ou do futuro concepto, conforme a Lei sobre Planejamento Familiar (9263/96). Objetivos: Identificar a busca pela esterilização tubária após o parto em mulheres que solicitaram a laqueadura na gestação e não realizaram por não se enquadrarem na legislação vigente. Método: Foram convocadas para responder à entrevista semi dirigida 80 mulheres que não realizaram a cirurgia de esterilização tubária junto com o parto, por não se enquadrarem na legislação vigente. Após convocação por telefone, compareçam à Divisão de Clínica Obstétrica em dia e horário agendado previamente para responder a entrevista. Resultados: As médias obtidas foram 37,2 anos de vida (DP=4,8); 2,9 filhos (DP=1,7) e 4 número de gestações (DP=1,5), e 85,5% relataram estar casadas ou amasiadas. Das 80 mulheres que solicitaram a esterilização definitiva e que foi negada, 21,2% não souberam explicar o motivo da não autorização, denotando desconhecimento da legislação vigente; 48,7% desejavam a laqueadura por acreditarem ser o único método eficaz e sem riscos para nova gestação e 6,2% apresentavam a questão financeira como dificultador para usar outros métodos; 12,5% das pacientes afirmavam ter procurado posto de saúde para realização da cirurgia após o nascimento do feto e 11,2% relataram que o parceiro realizou vasectomia. As demais não justificaram porque não buscaram outro serviço para a realização da cirurgia e não sabiam dizer exatamente o motivo pelo qual não o fizeram. conclusão: Desconhecem a legislação vigente; prevalece a crença de que a laqueadura é 100% eficaz e portanto melhor que outros métodos. Embora relatem o desejo de realização não buscam outros serviços após o parto para fazê-la. Para melhor opção de métodos anticonceptivos a ser utilizados, sugere-se acompanhamento da equipe multidisciplinar, para informar acerca dos riscos de nova gestação com a realização da cirurgia de esterilização tubária assim como de outros métodos contraceptivos. Palavras-chave: esterilização tubária; anticoncepção; saúde da mulher; SUS Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 122 P28 PReFeRÊnciA PeLA viA de PARTO: cOMPARAÇãO enTRe nULÍPARAS e PRiMÍPARAS Mariana Arenas Zarvos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Roseli Yamamoto Nomura, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: O parto é para a maioria das gestantes, um momento imprevisível e desconhecido, sobre o qual não se tem controle. Com o desenvolvimento de técnicas que aprimoram a assistência ao processo de parturição, o tipo de intervenção realizada mudou, configurando um novo cenário mundial e gerando discussões relacionadas às razões que levam à opção pelo parto vaginal ou pelo cesáreo. A vivência desse período, assim como as características pessoais da gestante, são fatores que interferem de maneira decisiva no desejo pela via de parto. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar a preferência por determinada via de parto, comparando gestantes nulíparas e primíparas, e compreender a influência do tipo de parto anterior nas primíparas. Método: Foram feitas entrevistas em dois momentos com cada uma das 66 gestantes, das quais 36 eram nulíparas e 30 primíparas. As entrevistas semidirigidas foram realizadas durante a internação, antes do parto e no primeiro dia pós-parto. Resultados: Foi constatado que 63,4% das nulíparas e 58,6% das primíparas preferiam o parto vaginal no momento anterior ao procedimento. Entre as primíparas, 51,7% declararam que a opção atual não estava relacionada com o tipo de parto anterior. Quando questionadas à respeito das influências recebidas, 50,0% das nulíparas e 46,7% das primíparas consideram mais a opinião de familiares, amigos e vizinhos; enquanto apenas 16,7% e 10,0%, respectivamente, consideram a indicação de profissionais. Verificou-se que 61,1% do primeiro grupo e 63,3% do segundo grupo foram submetidas a parto cesáreo, e 66,7% e 70,0%, respectivamente, não mudariam a via de parto ocorrida. No que diz respeito ao momento do parto, 73,3% das primíparas referiram ter sentido medo. conclusão: A contradição encontrada entre a preferência inicial pela via de parto e a posterior satisfação com a realização de uma via diferente indica que a opção da gestante é influenciada por diversos aspectos, entre eles pode-se destacar a menor influência da indicação profissional quando comparada às opiniões de familiares, amigos e vizinhos. Além disso, aspectos culturais que caracterizam o parto vaginal como possibilidade de protagonismo da mulher também influenciam na opção por essa via. Já momento após o parto, a mulher não só passa a aceitar melhor a opção médica, como também torna essa a sua própria opção para uma gestação futura. Após o procedimento, a mulher valoriza mais a sua vida preservada e o bem-estar do bebê, assim como há redução do medo e ansiedade. No caso das primíparas entrevistadas, pode-se perceber que a vivência prévia não interferiu na opção atual pelo parto. É necessário que o profissional esteja atento à forma como cada gestante vivencia a experiência de parturição, dando lugar à manifestação dos sentimentos, além de informar os motivos da indicação médica e os possíveis riscos. A confiança no profissional faz com que a indicação seja compreendida pela gestante como necessária para a preservação do binômio mãe/bebê e, assim, as mulheres podem deixar de lado as crenças baseadas em seu grupo social e aceitarem a decisão médica ainda no momento anterior ao procedimento e sem sentimentos de frustração. Palavras-chave: parto; gestantes; aspectos psicológicos; estudo comparativo; medo Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 123 P29 RecURSOS PSicOLÓGicOS e SOciAiS nO enFRenTAMenTO dA diABeTe eM idOSOS Dóris Firmino Rabelo, Thaís Dourado Porto Universidade Federal do Recôncavo da Bahia introdução: São muitas as demandas físicas e emocionais da diabete. A doença, uma das mais comuns entre idosos, pode afetar negativamente o bem-estar dos indivíduos e também cria oportunidades para o acionamento de recursos do self que permitirão que a pessoa lide melhor com os eventos e se mantenha bem. Torna-se importante a compreensão dos caminhos pelos quais os idosos enfrentam as dificuldades impostas pela doença e a extensão na qual os recursos psicossociais operam sobre os efeitos negativos das condições crônicas e incapacitantes. Objetivo: investigar a auto-percepção da saúde, o suporte social, as estratégias de enfrentamento, o senso de controle e o bem-estar subjetivo em idosos diabéticos do município de Patos de Minas - MG. Método: Participaram 60 idosos diabéticos, com idade média de 69 anos (DP=6,4) sendo a maioria (85%) mulher. A coleta de dados foi feita no domicílio do idoso. Os instrumentos utilizados foram: a) Ficha de Informações sociodemográficas, saúde percebida e sobre o diabetes; b) ISEL Reduzido: avalia a percepção de suporte social; c) Escala de Depressão– GDS; d) Escala de crenças de controle e de auto-eficácia; e) Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Estresse sendo o diabetes o problema avaliado; f) Escala para medida da satisfação geral com a vida; g) Escala de ânimo positivo e negativo – EAPN. Foram feitas estatísticas descritivas. Resultados: Em relação ao diabete, 73,3% dos idosos sabem da doença há mais de cinco anos e a maioria descobriu através do exame médico de rotina (52%). De modo geral, percebem sua saúde atual como boa (M=3,5; DP=0,7), 73,3% consideram sua saúde melhor se comparada com contemporâneos, 56,7% consideram sua saúde hoje melhor em comparação com há cinco anos, mas 51,7% considera que estará pior daqui a cinco anos. A maioria relatou percepção de suporte social na maioria das vezes (M= 3,5; DP=0,62), ausência de quadro depressivo (70%), moderado senso de controle (M=3,3; DP= 0,4) e de eficácia pessoal (M=3,3; DP= 0,32) sobre sua vida. A religiosidade foi a estratégia mais frequentemente utilizada pela amostra (M=3,7; DP=0,79). Estão satisfeitos com sua vida atual (M=8,5; DP=2,2), 90% considera que estão melhores do que a maioria das pessoas que conhece, 63,3% disse que a satisfação com a vida está melhor agora do que há cinco anos e 61,7% considera que daqui cinco anos sua vida estará melhor. Quanto aos estados afetivos, observou-se predominância dos afetos positivos (M=3,8; DP=0,89) sobre os negativos (M=1,88; DP=0,92). conclusões: Os idosos apresentaram recursos psicossociais importantes que atuam como moderadores do impacto dos fatores negativos associados à doença: saúde percebida positivamente, disponibilidade de suporte social, poucos sintomas depressivos, moderado senso de controle e de eficácia pessoal, a religiosidade como estratégia de enfrentamento e um senso positivo de bem-estar subjetivo. Na presença de recursos psicossociais facilitadores, os efeitos negativos da diabete não impossibilitam o idoso de desempenhar suas atividades e interesses. Espera-se que este estudo ajude na reflexão quanto às possibilidades de intervenções e sobre o papel dos fatores psicossociais frente às condições crônicas de saúde. Palavras-chave: diabete, idosos, psicogerontologia. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 124 P30 inSTiTUiÇõeS de LOnGA PeRMAnÊnciA PARA idOSOS: AvALiAÇãO de dePReSSãO e AnSiedAde Eliane Domingues Carbone, Glaucia Rosana Guerra Benute, Valmari Cristina Aranha, Mara Cristina Souza de Lúcia, Wilson Jacob Filho Centro de Estudos em Psicologia da Saúde (CEPSIC); Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: Infelizmente, a velhice, tem sido associada erroneamente, à dependência e à perda do controle sobre a própria vida, ou seja, pensada como processo degenerativo, oposto a qualquer progresso ou desenvolvimento. De acordo com os artigos pesquisados, a institucionalização do idoso promove, geralmente, um distanciamento progressivo entre os idosos e seus familiares, chegando às vezes ao abandono. Em conseqüência, o idoso desliga-se do mundo no qual vivia e de sua história, entregando-se à rotina da instituição. Na maior parte das vezes, a institucionalização é, para a pessoa idosa, uma situação geradora de stress, angústia, isolamento social, capaz de lhe limitar o desempenho das suas “obrigações” sociais e familiares, porém a forma como a pessoa reage à institucionalização varia de acordo com: fatores individuais, características das situações e fatores ambientais. Objetivo: Tendo em vista os prejuízos físicos, psíquicos e sociais que os sintomas depressivos e ansiosos acarretam, o objetivo deste trabalho é identificar e analisar os fatores relacionados à depressão e ansiedade em idosas residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos. Método: Foram avaliadas 31 idosas, em duas Instituições de Longa Permanência (ILPIs) para mulheres, fundadas por entidades católicas filantrópicas, localizadas na cidade de São Paulo. Nas duas instituições as idosas residem em quartos: individuais, amplos, com telefone, mobília e decoração, preferencialmente, vindas da residência ou adquiridas de acordo com a escolha e gosto da idosa. instrumentos: Entrevista Semidirigida, Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) e a Escala Hospital anxiety and depression (HAD). Resultados: A idade média das 31 idosas institucionalizadas avaliadas neste estudo foi de 86,7 anos, e a média de anos estudados foi de 6,7 anos: 60% das idosas estão na instituição por decisão própria ou decisão em conjunto com a família; 94% recebem visitas; observou-se que 42% apresentaram sintomas depressivos; e 42% sintomas de ansiedade conclusão: Constatou-se que apesar da participação da maior parte das idosas na escolha da institucionalização; à presença e participação dos familiares na rotina, inclusive com lazer, viagens e atividades constantes; a presença de sintomatologia depressiva e ansiosa é alta, apontando para necessidade de intervenção especializada visando a melhor assistência a estas pessoas institucionalizadas. Palavras chave: envelhecimento, ansiedade, depressão, Instituição de Longa Permanência para Idosos Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 125 P31 GeSTAÇãO GeMeLAR: AvALiAÇãO de dePReSSãO MAiOR, eSTReSSe e SUPORTe SOciAL Debora Cristina Romualdo Nozzella, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Adolfo Liao, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia e Divisão de Clínica Obstétrica do Hospítal das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP introdução: A Gestação Gemelar implica na concepção de dois fetos simultaneamente, caracterizando-a como uma gestação de riscos fisiológicos e psicossociais. Objetivo: Investigar a presença de Depressão Maior, estresse e apoio social em mulheres com diagnostico de Gestação Gemelar. Método: Participaram do estudo 51 gestantes em acompanhamento pré-natal especializado que foram avaliadas por meio de questionário semi-aberto abordando questões como características da rotina das gestantes antes e após a gestação; crenças sobre filhos gêmeos e gestação múltipla; planejamento, desejo e aceitação da gestação e reação das gestantes diante da descoberta da gemelaridade; entre outras variaveis, aplicação da entrevista estruturada Primary Care Evaluation of Mental Disorders (PRIME-MD) para diagnóstico de Depressão Maior, e do Prenatal Psychosocial Profile (PPP) para avaliação do estresse e apoio social. Resultados: Constatou-se presença de Depressão Maior em 33,34% das gestantes, com prevalência dos sintomas de fadiga ou perda de energia (100%); insônia ou hipersonia (82,4%); alteração no apetite (82,4%); diminuição do interesse nas atividades diárias (82,4%); agitação ou retardo psicomotor (82,4%). Dentre as gestantes que tinham o diagnóstico depressivo 76,5% também apresentavam alto nível de estresse e 47,1% apresentavam queixa de ausência de suporte social. Quando correlacionado depressão, percepção de aspectos negativos em ter filhos gêmeos e crença de maior mudança corporal durante a gestação constatou-se significância estatística (p= 0,005 e 0,03 respectivamente) e dados como situação conjugal, ocupação, e planejamento da gestação não se associaram significativamente com o diagnóstico depressivo. conclusão: O risco da gestação gemelar envolve aspectos físicos, riscos sociais e emocionais, apontando para a necessidade do acompanhamento multiprofissional na assistência a estas gestantes. Palavras chaves: Gestação Gemelar; Depressão Maior; Estresse; Apoio Social. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 126 P32 ASPecTOS PSicOSSOciAiS dA GeSTAÇãO MÚLTiPLA: ReviSãO de LiTeRATURA Gláucia Rosana Guerra Benute, Débora Cristina Romualdo Nozzella, Cecília Prohaska, Maria de Lourdes Brizo, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Divisão de Psicologia e Divisão de Clínica Obstétrica do Hospítal das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP introdução: A Gestação Múltipla consiste na concepção de dois ou mais fetos simultaneamente, ocasionando problemas fisiológicos e psicossociais, caracterizando-a como uma gestação de risco. Em virtude das técnicas de reprodução assistida o número de gestações múltiplas tem aumentado significativamente. Objetivo: Apresentar revisão bibliográfica sobre gestação múltipla e aspectos psicossociais. Método: Realizou-se pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline, Lilacs e Scielo com as palavras chaves gravidez múltipla, depressão, ansiedade, psicologia, estresse, apoio social e seus equivalentes em inglês, admitindo-se todos os manuscritos encontrados no período compreendido entre 1990 e 2009. Foram incluídos textos com foco na gestação múltipla, seus aspectos emocionais, psicossociais, econômicos e sua influência na saúde mental e física da mulher durante a gestação e pós-parto, independente desta ser decorrente de reprodução assistida ou não. Após a seleção dos artigos, fez-se busca ativa entre as citações bibliográficas para encontrar novos artigos de relevância. Para melhor compreensão dos resultados os assuntos abordados na literatura cientifica foram separados por categoria, de acordo com os assuntos estudados. Foram selecionados e analisados 36 artigos, sendo 2 nacionais e 34 internacionais. Resultados: Como resultado da reação ao diagnóstico observou-se a descrição de aspectos negativos como choque, ansiedade, angustia e raiva (5 estudos); sentimentos positivos como orgulho, exaltação e realização (5 estudos) e sentimentos ambivalventes como surpresa e incredulidade (6 estudos). No período gestacional foram descritos sentimentos como ambivalência na aceitação da gestação (3 estudos); sentimentos negativos em relação à gestação como raiva, estresse e dúvidas (10 estudos); transtorno psicopatológico (ansiedade e depressão - 10 estudos); queixas físicas como cansaço e indisposição (4 estudos); queixa social como isolamento e estigma (7 estudos) e deficiência no vínculo materno/fetal (3 estudos). Riscos apontados durante a gestação são econômicos (9 estudos); psicossociais (12 estudos); e desenvolvimento de transtorno psicopatológico (10 estudos). Durante o pós parto foram encontrados aspectos negativos como culpa e piora na qualidade de vida (17 estudos), presença de transtorno psicopatológico (14 estudos); queixa física (3 estudos); queixa social (estigma e isolamento -5 estudos); dificuldade financeira (3 estudos); vínculo negativo entre mãe/bebê (10 estudos). Encontra-se descrito, ainda, sobrecarga no cuidado, estresse e culpa (15 estudos); ansiedade e depressão (14 estudos); queixas sociais como isolamento e falta de suporte social (11 estudos). Em relação ao relacionamento conjugal observou-se aspectos negativos como estresse (11 estudos). conclusão: A gestação múltipla na vida da mulher consiste em um período de mudanças fisiológicas, emocionais e psicossociais ainda mais intensas do que em uma gestação de feto único, no entanto no Brasil ainda há uma deficiência de artigos voltados para os riscos psicossociais da gestação de múltiplos, esta escassez evidencia falta de estudos e atuações voltadas para a gestante de múltiplos, prevenção e/ ou tratamento de transtornos de saúde mental em mulheres nesta situação de risco. Palavras-chave: gestação múltipla, depressão, revisão literatura Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 127 P33 MATeRnidAde PARA MULHeReS inFecTAdAS PeLO Hiv: O qUe PenSAM e SenTeM Ana Cristina Magazoni Bragheto, Ana Maria Pimenta Carvalho. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Programa de Pós Graduação em Enfermagem Psiquiátrica, Universidade de São Paulo Ter uma criança e dela cuidar envolve experiências pessoais particularmente significantes para qualquer ser humano, e constitui um acontecimento marcante acerca do qual podem vivenciar os mais antagônicos sentimentos. Quando a maternidade acontece na presença da infecção do HIV (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), este percurso pode ser permeado por diversos sentimentos, dificuldades e ameaças, segundo a literatura. O crescimento da epidemia do vírus da imunodeficiência humana entre as mulheres vem atualizando questões referentes à reprodução, o que nos faz olhar para elas com mais cuidado. O objetivo do estudo foi conhecer os sentimentos de mulheres infectadas pelo HIV que são mães e teve como base uma revisão da literatura sobre a temática. Na análise dos resultados, observaram-se sentimentos contraditórios em relação à maternidade. Alguns estudos mostram que mulheres nesta condição vivenciam sentimentos positivos, encontrando um novo sentido para suas vidas, percebendo a maternidade como um meio de suprirem suas próprias necessidades, e enxergando nos filhos uma extensão de si mesmas. Já em outros estudos, vêem-se sentimentos de culpa e medo, trazendo consigo um sofrimento psíquico importante. Conclui-se que é necessário conhecer os significados que as mulheres infectadas pelo HIV atribuem à maternidade e as repercussões desta em suas vidas. No percurso entre medos e desejos, a mulher, mãe, que vive com HIV parece encontrar, muitas vezes, acolhimento insatisfatório pela equipe de saúde. Em face às questões vivenciadas por tais mães, faz-se necessário que os profissionais da equipe de saúde, busquem estar preparados com conhecimentos pertinentes, para assim desenvolverem um cuidado e uma educação em saúde, com qualidade e eficácia, bem como competências para um cuidado multidisciplinar diferenciado. Palavras chave: Mulher, Maternidade, HIV Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 128 P34 SAÚde MenTAL e HiSTÓRiA de vidA de eSPOSAS de ALcOOLiSTAS Joseane de Sauza, Ana Maria Pimenta Carvalho, Isabel Cristina Pinto Faculdades Avantis/Bln. Camboriu/SC; Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; Prefeitura Municipal de Guarapuava/PR Os fatores estressantes de conviver com companheiro alcoolista tem sido associados à saúde mental das mulheres. O objetivo do presente trabalho foi identificar papéis e atividades desempenhadas pelas esposas, sentimentos expressos sobre a relação conjugal, histórico da família de origem e sintomas de depressão. Participantes: dez esposas de companheiros com diagnóstico de uso abusivo ou dependência de álcool. instrumentos: Roteiro de identificação familiar e de verificação da ausência de dependência química na mãe; Entrevista de Genograma; Inventário de depressão de Beck. Inicialmente selecionaram-se os homens com diagnóstico de alcoolistas nos serviços de saúde mental e posteriormente foram abordadas suas esposas. Após o consentimento das esposas foi realizado uma visita domiciliar para entrevistá-las. Os dados relativos à caracterização dos participantes e de avaliação do Inventário Beck de Depressão foram analisados quantitativamente. As entrevistas foram analisadas considerando-se os eixos apontados nos objetivos do estudo. Verificou-se que a maioria dos homens estava desempregada, 64,2% e 57,1% das esposas trabalhavam; tinham em média quatro filhos e tempo de relacionamento em média de dez anos. Os esposos tinham entre 30 a 56 anos e as mulheres de 29 a 54 anos, 92,8% dos homens e 64,3% das mulheres tinham ensino fundamental incompleto, 28,5% delas não eram alfabetizadas. A análise dos dados segundo os eixos propostos mostrou que: em relação ao desempenho de papéis e tarefas - as esposas além de cuidarem de seus filhos cuidavam do marido alcoolista e também mantinham a família do ponto de vista financeiro, pois muitos maridos encontravam-se desempregados. A maioria delas referiram que eles precisavam de sua ajuda. 2. Sentimentos expressos sobre a relação conjugal-culpa, raiva e desesperança. Com o tempo a esposa vai percebendo que as coisas estão piorando e que a situação não muda. Elas vivenciavam uma confusão de sentimentos, ora manifestando pena, ora raiva. 3. Histórico de família de origem-muitas esposas eram filhas de pais alcoolistas e se casaram com homens que também tinham problemas com álcool. Assumiram, quando solteiras, o papel de cuidadoras de seus pais e irmãos. 4. Sintomas de depressão: Cinqüenta por cento das mães apresentaram escores acima de 19 indicativo de depressão moderada ou grave. A sobrecarga de responsabilidades, cuidado dos filhos, marido e sustento familiar, as tem deixado mais vulneráveis para o desenvolvimento de transtornos mentais. Serviços de saúde devem priorizar programas voltados para a saúde mental dessas mulheres. Palavras chave: alcoolismo, mulher, depressão. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 129 P35 ALcOOLiSMO PARenTAL e AvALiAÇãO dAS ReLAÇõeS FAMiLiAReS Joseane de Souza, Ana Maria Pimenta Carvalho, Maycoln Martins Teodoro, Isabel Cristina Pinto Faculdades Avantis/Bln. Camboriu/SC; Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; Universidade Federal de Minas Gerais; Prefeitura Municipal de Guarapuava/PR Estudos mostram que ambientes familiares em que há pouca afetividade entre os pais e filhos, relações afetivas deterioradas ou inconsistentes, altos níveis de conflito, violência entre os membros familiares, uso de drogas por parte dos pais podem tornar o adolescente vulnerável ao uso de drogas. Porém a avaliação das relações familiares tem sido pouco mencionada quando se pretende estudar o desenvolvimento das crianças filhas de pais alcoolistas. O presente estudo objetiva avaliar as relações entre pais e filhos, verificando a existência de afetividade e conflito nas díades: pai-mãe, pai-filho e mãe-filho segundo a percepção do pai, mãe e filho de 9 a 11 anos nas famílias de pais alcoolistas. Utilizou-se o delineamento transversal correlacional para realizar o estudo. Participaram do estudo 14 pais, sua respectiva esposa e um filho da faixa etária de 9 a 11 anos pertencentes a classe social baixa. Os instrumentos utilizados foram: Roteiro de identificação dos pais e de verificação da ausência de dependência química na mãe – elaborado com algumas questões sobre: característica sócio demográficas, identificação ou não de sintomas de dependência de alcoolismo e tabagismo e quatro questões do CAGE (era aplicado com a mãe), Familiograma – para avaliar as relações familiares. Os filhos percebem mais afetividade na sua relação com a mãe que na relação com seu pai (p=0,032). Percebem mais afetividade em sua relação com a mãe que na relação estabelecida entre pai e mãe (p=0,007) e menos conflito na relação do pai com a mãe que a mãe/esposa percebe (p=0,009). Os pais percebem a existência de mais conflito na relação com sua esposa que na relação com seu filho (p=0,008). Há, ainda, tendência da esposa em perceber mais conflito na relação com seu marido alcoolista que na relação com seu filho (p=0,065). As mães avaliam a relação com seu filho como sendo mais afetiva que a relação com seu marido (p=0,003). Quanto mais afetividade o pai percebe na sua relação com seu filho mais afetividade ele percebe na relação com sua esposa (r= 0,725 p=0,003). Na visão da mãe, quanto mais afetividade ela percebe na sua relação com seu marido, mais seu marido percebe afetividade na sua relação com a esposa (r= 0,593 p= 0,026). Quanto mais conflito o filho de alcoolista percebe na sua relação com a mãe, mais conflito ele percebe também na sua relação com o pai (r=0,759 p=0,002). Na relação dos pais, sob a visão do filho de pai alcoolista, quanto mais conflito ele percebe na relação dos pais, mais conflito ele percebe em sua relação com o pai (r= 0,834 p=0,000). Conclui-se que a caracterização desta relação como mostrada pelos resultados do estudo sugere um padrão de vinculação mais forte entre mãe e filho e quanto mais conflito o filho percebe na relação pai e mãe mais conflito ele percebe em sua relação com o pai. Tal padrão reitera uma consequência bastante negativa do alcoolismo parental que é dificultar as relações entre os membros de uma família. Palavras-chave: alcoolismo, família, criança. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 130 P36 AS vivÊnciAS de PROFiSSiOnAiS de UMA eqUiPe de SAÚde nA ASSiSTÊnciA A cRiAnÇAS e AdOLeScenTeS cOM cânceR Roberta Cancella Pinheiro Alves, Letícia Aparecida da Silva Marques Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo introdução: O Câncer representa um grupo de doenças que têm em comum o poder de proliferar células anormais de natureza embrionária primitiva em qualquer parte do organismo. A despeito dos avanços científicos e tecnológicos que permitem um aumento nas possibilidades de cura, o câncer ainda carrega estigmas do passado associados à dor, a deterioração física e psíquica, que causam repercussões psicológicas em pacientes e familiares. Neste contexto de adoecimento, que ainda requer um tratamento longo torna-se essencial que pacientes e familiares sejam assistidos por uma equipe que os orientem e os acolham. Porém, a atuação conjunta com profissionais de diferentes áreas, por jornadas longas de trabalho, em situações marcadas pelo contato freqüente com a imprevisibilidade, a vulnerabilidade, a dor e a perda de pacientes pode gerar condições de trabalho que causam sofrimento aos profissionais de saúde. Objetivo: Esse estudo busca compreender como profissionais de diferentes áreas (médicos, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais) atuantes junto ao Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto significam suas vivências neste contexto. Método: Foram realizadas entrevistas com um profissional de cada especialidade e, as mesmas foram gravadas e transcritas na íntegra, com a autorização dos participantes. A análise foi feita segundo método de investigação fenomenológica, que se justifica pela necessidade de chegar à experiência tal como é vivida e de aproximar dos significados e sentidos atribuídos pelos profissionais. Resultados: Pôde ser observado que os participantes sentem-se realizados profissionalmente por atuar no contexto de oncologia pediátrica, apesar do contato freqüente com a dor e a perda de pacientes. Revelam sentir dificuldades em alguns momentos, entre elas: rotina de trabalho prolongada que os impedem de realizar o cuidado como gostariam, estrutura e dinâmica da instituição que dificultam uma atuação conjunta e convergente entre os profissionais; contato constante com o sofrimento, dor e morte de pacientes. Para tanto, lançam mão de recursos defensivos para enfrentar essas situações, entre eles: compreensão e expressão dos sentimentos; respeito aos limites pessoais; contato e troca entre os membros da equipe; psicoterapia; espiritualidade; lazer. conclusão: Frente aos resultados encontrados, é importante pensar em estratégias para cuidar do profissional que cuida, já que preservação da saúde mental dos mesmos é essencial para que eles tenham condições de prestar uma assistência de qualidade. É necessário que a instituição hospitalar e os próprios profissionais de saúde se envolvam nesse projeto, para que os profissionais encontrem espaços de cuidado, seja através de psicoterapia individual, psicoterapia grupal, ginástica laboral ou outros meios que permitam expressão de sentimentos, reflexão, troca e relaxamento. Palavras-chave: Psicologia Hospitalar; Oncologia Pediárica; Equipe Multiprofissional. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 131 P37 ReSSiGniFicAndO e ReAPRendendO O PROceSSO dA vidA dePOiS dA AidS Rosélia Bezerra Paparelli Secretaria do Estado da Saúde/Centro de Controle de Doenças Pós Graduação em Ciências/Área Infectologia introdução: A convivência entre indivíduos ditos normais, num mundo excludente e competitivo por si só já é algo difícil; pesquisas mostram o quanto esta convivência pode tornar-se mais complicada quando, aliado a ela, temos um quadro de uma doença infecto-contagiosa incurável, como é o caso da AIDS, que requer do indivíduo infectado restrições na vida física, afetiva e social, exigências no autocuidado e comprometimento na adesão ao tratamento. Entre as restrições a que estão sujeitos, o viver com AIDS envolve discriminação, exclusão, estigma, abandono, medo, potencializados pela falta de recursos afetivo emocionais, sociais e financeiros e pela perda dos laços sociais e afetivos. Objetivo: Descrever e refletir sobre um trabalho desenvolvido na disciplina de Psicologia Comunitária Institucional por estagiários da graduação do Curso Psicologia de uma universidade particular da zona leste de São Paulo no qual foram Identificadas necessidades do grupo, propondo-se discussões e reflexões na busca de soluções para as dificuldades decorrentes da trajetória de convivência com a Aids. Metodologia: Utilizando-se da técnica de Grupo Operativo buscou-se a compreensão e análise dos fenômenos observados num grupo, formado por homens adultos, com idade aproximada de 25 a 55 anos, abrigados numa casa de apoio a pacientes com AIDS. O trabalho realizado teve como tarefa a discussão das dificuldades e entraves inseridos no contexto da reabilitação social e da saúde, a partir das fases cruciais de convivência com a doença – diagnóstico, tratamento, início e a manutenção/adesão das terapêuticas antirretrovirais. Utilizando-se o enfoque da Psicologia Social Comunitária foram realizados 12 encontros semanais, com duração de 2 horas semanais; foram utilizadas técnicas grupais, psicodramáticas, vivências e dinâmicas a partir de instrumentos do cotidiano – conversas informais, poemas, perguntas disparadoras, temáticas emergentes. Resultados: Os resultados mostraram a importância do trabalho grupal para minimizar o isolamento favorecendo a inclusão e a interação entre os conviventes, favorecendo o resgate do autocuidado, a adesão às terapêuticas antirretrovirais e a estabilização dos aspectos individuais de caráter afetivo emocional, potencializados pela identificação intergrupal. Entre as temáticas discutidas destacam-se a suscetibilidade às doenças oportunistas; o preconceito social e familiar; o estigma de doença; o tratamento como um elemento restritivo; a esperança na cura; a consciência da inexistência de um tratamento que efetive a cura; o temor pelo estado terminal da doença; o medo da morte. conclusão: Por meio das atividades realizadas foi possível identificar algumas demandas explícitas, assim como se acentuou a necessidade de facilitar ao grupo a emergência das demandas implícitas e latentes. As mudanças observadas na dinâmica do grupo e ressignificação individual foram possíveis pela identificação das necessidades reveladas e traduzidas pelos participantes que puderam expressar dores, sofrimentos, expectativas e angústias, promovendo-se um espaço de debate, crítica e reflexão de questões comuns gerando uma melhor qualidade nas relações intrasubjetiva e intersubjetivas do grupo. Palavras chave: autocuidado, adesão antirretrovirais, HIV/AIDS, psicologia-comunitária, grupos de reflexão. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 132 P38 PLAnTãO PSicOLÓGicO e PSicAnáLiSe APROxiMAÇõeS, diáLOGOS e POSSiBiLidAdeS Rosélia Bezerra Paparelli Universidade Camilo Castelo Branco/UNICASTELO introdução: Um serviço de Psicologia nem sempre representa um serviço de assistência cujo alcance seja representativo de sua função na sociedade, seja pelo desconhecimento da população, pela especificidade desta modalidade de atendimento, pelo preconceito que envolve as práticas psicológicas atreladas ao modelo biomédico, ou ainda em decorrência das dificuldades de acesso às populações quando estas necessitam destes serviços. Neste sentido, serviços de Plantão Psicológico vêm sendo desenvolvidos em várias instituições como uma forma de atendimento que faculte a quem precisa uma ajuda que corresponda às necessidades de seus solicitantes, e, assim, cumpre por seu enquadre e características, importante papel nas várias comunidades/instituições de inserção. A psicanálise desde sua invenção no final do século XIX mostrou-se uma relevante à compreensão dos conflitos humanos, o próprio Freud desenvolveu tratamentos de curta duração nos primórdios da Psicanálise e só após 1920 os processos terapêuticos tornam-se mais longos, em decorrência da introdução do conceito de compulsão a repetição. A vivência em plantão psicológico, em qualquer abordagem teórica, é um trabalho que requer de seu executante, assim como em outras atividades profissionais do psicólogo, a tomada de uma posição pessoal, ética, política, social, profissional. A postura profissional a ser desenvolvida num trabalho de Plantão Psicológico pressupõe uma predisposição ao acolhimento, a abertura ao inesperado, a renúncia à onipotência, bastante sustentados pela psicoterapia de orientação psicanalítica de tempo e objetivos limitados, que minimiza seus objetivos, a ambição terapêutica do profissional em detrimento de tomar o outro que nos procura como alguém com possibilidades de ser ouvido e compreendido. Objetivo: Descrever o funcionamento de um serviço de Plantão Psicológico desenvolvido em uma Clínica-Escola e refletir teoricamente sobre aplicação da abordagem Psicanalítica em serviços de Plantão Psicológico, tomando-os como serviços de atenção primária em saúde mental. Metodologia: Atendimentos em plantão e desenvolvimento de processo psicoterapêutico de tempo e objetivos limitados em até 10 sessões. Resultados: Os dados empíricos oriundos da experiência em campo fornecem a anuência dos aspectos teóricos que sustentam esta prática, que pela redefinição de questões técnicas viabilizam sua aplicação nas situações do cotidiano e facultam uma atuação prática voltada às necessidades sociais, na qual a psicanálise possa se inserir de maneira bastante distinta do que entendemos como sua principal forma de atuação. Com isso ampliamos sua abrangência e papel social, como decorrência de seu alcance na compreensão e diminuição do sofrimento humano, possibilitando um serviço de excelência compatível às necessidades de atendimento em saúde mental das populações e situando o trabalho em Plantão Psicológico numa importante estratégia de atenção primária na saúde. conclusão: Estar em Plantão Psicológico significa estar preparado para receber a demanda não conhecida, não controlada, às vezes inusitada, e deste pedido, orientado por um corpo teórico que instrumentaliza uma técnica, acolher a demanda e proceder sua compreensão. Assim, destacamos a necessidade de denunciar as obstruções e o fechamento à inserção da Psicanálise nos serviços de Plantão Psicológico, seja dos psicanalistas, seja daqueles que acreditam numa única abordagem para sustentar os serviços de Plantão Psicológico. Palavras chave: Plantão Psicológico, Psicanálise, atenção primária, objetivos terapêuticos, psicoterapia breve. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 133 P39 A enTReviSTA MOTivAciOnAL cOMO FeRRAMenTA PSicOLÓGicA nO PROceSSO de enFRenTAMenTO dA dOenÇA cRônicA France Matos de Oliveira, Maria Aparecida Mello Pontifícia Universidade Católica de São Paulo introdução: As doenças crônicas caracterizam-se por uma condição permanente, incurável, e duradoura, que exige uma série de adaptações nos hábitos de vida dos pacientes por ela acometidos. Essas adaptações visam promover a reestruturação da qualidade de vida, administrando as perdas e limitações impostas pela doença e também implicam em sua série de mudanças comportamentais em direção a uma boa adesão aos tratamentos. As condições crônicas aumentaram em ritmo alarmante em todo o mundo e, devido à transição demográfica, tendem a ser a principal causa de morte da população. Objetivo: O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre o paciente com doença crônica, buscando a compreensão das inter-relações entre doença crônica e enfrentamento dos pacientes; e construir um roteiro de entrevista motivacional que auxilie o psicólogo no planejamento de suas intervenções junto ao paciente crônico. Método: Foi construído um roteiro de entrevista motivacional com 60 questões subdivididas em sete categorias (identificação, compreensão acerca do processo de saúde e doença, diagnóstico e tratamento, relação estabelecida com a doença, rede de apoio social, adesão ao tratamento, motivação para a mudança). Resultados: Denotamos a importância da sistematização dos trabalhos do psicólogo da saúde e o potencial da entrevista motivacional como ferramenta de ação desse profissional na construção de um roteiro que colabore com o enfrentamento eficaz do paciente crônico e possibilite pesquisas de campo futuras. O roteiro de entrevista motivacional fornece diretrizes para uma melhor compreensão da queixa clínica e das dificuldades de adesão, compreensão e relação com a doença e auxilia o psicólogo da saúde no planejamento de suas intervenções. conclusões: De acordo com o crescimento das condições crônicas e as exigências impostas por essas doenças é de extrema importância que os psicólogos da saúde compreendam a relação do paciente com seu processo de adoecimento, motivação para a mudança e busca de qualidade de vida. Acreditamos que é importante que o psicólogo da saúde e hospitalar tenha uma compreensão do processo de enfrentamento do paciente e das implicações biopsicossociais da doença crônica para que possa auxiliá-lo na adesão ao tratamento, na prevenção e no controle dos quadros. Palavras-chave: entrevista motivacional, enfrentamento, doença crônica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 134 P40 PROGRAMA de APOiO AO FAMiLiAR e SiTUAÇãO de MORTe: ReLATO de exPeRiÊnciA de UM HOSPiTAL MUniciPAL France Matos de Oliveira, Rosângela Vieira Maia Lobato Hospital Municipal Irmã Dulce – Praia Grande/SP introdução: O impacto da notícia de uma doença sem prognóstico atinge toda a unidade familiar, uma vez que o núcleo social primário do paciente sofrerá as implicações da doença e as vicissitudes do tratamento. A família merece um cuidado especial desde o instante da comunicação do diagnóstico e, em muitas circunstâncias, suas necessidades psicológicas excedem até mesmo as do paciente. Dependendo da intensidade das reações emocionais desencadeadas, a ansiedade familiar torna-se um dos aspectos de mais difícil manejo para a equipe de saúde. A compreensão e o acolhimento dessas reações são importantes durante o período de hospitalização e fundamentais no momento do óbito. A Instituição de saúde deve preocupar-se não apenas com a qualidade dos procedimentos e técnicas empregadas, mas também com as questões de fim de vida, ligadas ao bem morrer e a bioética. Objetivo: O objetivo desse estudo foi organizar os fluxogramas de morte de um hospital municipal e fornecer assistência psicossocial aos familiares de pacientes em pré e pós-óbito, enfocando questões emocionais, éticas, sociais e legais. Método: Foram realizados fluxogramas específicos para cada situação de morte, integrados os serviços de apoio (Serviço Social, Psicologia, Internação, Recepção e Ala Clínica) e treinados sobre morte e habilidades de comunicação os funcionários da Internação. Além disso, foram confeccionados encaminhamentos específicos com informações e documentos necessários para os trâmites burocráticos, especialmente nos casos de Serviço de Verificação de Óbito e Instituto Médico Legal, introduziu-se a visita ao Necrotério monitorada pela Psicologia e flexibilizou-se as visitas no pré-óbito. Também foi solicitada uma sala específica para o acolhimento dessas famílias e a liberação de uma ligação telefônica. Resultados: O programa encontra-se em análise, no momento já possui autorização da Diretoria Clínica e Técnica e funciona parcialmente, aguardando a liberação final da Diretoria Administrativa e Superintendência. Os resultados atuais são satisfatórios, pois as famílias são acompanhadas desde a notícia do óbito ou pré-óbito até o preenchimento da declaração de óbito. As famílias sentem-se amparadas e respeitadas durante o momento e podem vivenciar a morte do familiar de modo ativo e aproximado. conclusões: Acreditamos que seja extremamente necessário um trabalho com foco na qualidade de morte e humanização desse atendimento nos diversos segmentos de um hospital. Palavras-chave: morte, família, humanização. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 135 P41 deSeMPenHO cOGniTivO eM PAcienTeS cOM dOenÇA de PARKinSOn SUBMeTidOS A PALidOTOMiA e A TALAMOTOMiA Alessandra Shenandoa Heluani, Alexandre Aluizio Costa Machado, Sérgio Listik, Alexandre Walter de Campos, Márcia Rosana Matuk, Laís Nascimento Mendes, José Oswaldo de Oliveira Jr, Arthur Cukiert Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital de Transplantes Euriclydes de Jesus Zerbini introdução: Nas primeiras descrições da Doença de Parkinson (DP) não se relatava prejuízo à cognição dos pacientes, sendo comunicado 60 anos mais tarde com os estudos de Charcot. Objetivo: Comparar funcionamento cognitivo de paciente submetidos a cirurgia estereotáxica. Método: Foram estudados 09 pacientes em pré e pós-operatórios (02 submetidos a Palidotomia Direita, 03 a Palidotomia Esquerda e 04 a Talamotomia Esquerda). Realizou-se análise por média de desempenho em cada grupo. Efetuou-se entrevista semi-estruturada com o paciente e cuidador para coleta de dados sócio-demográficos e clínicos, teste de rastreio - Mini Exame do Estado Mental (MEEM), avaliação de humor, avaliação neuropsicológica e PDQ-39- Parkinson’s Disease Quality of Life Questionnaire. Casos psiquiátricos graves e/ou que atendiam os critérios de diagnóstico de demência segundo estudos vigentes, foram excluídos. Resultados: Os pacientes submetidos a Palidotomia demonstraram melhora na memória de curto prazo verbal, memória episódica verbal, memória episódica visual (imediata e reconhecimento), fluência categórica, atenção seletiva, dividida e praxia. Entretanto, houve desempenho pior em flexibilidade cognitiva, velocidade de processamento e discretamente na nomeação. Nos pacientes submetidos a Talamotomia houve melhora na Memória episódica (similar aos de Palidotomia) e flexibilidade cognitiva. Porém, houve pior desempenho na memória de curto prazo verbal, memória episódica tardia visual, fluência verbal nominal e categórica, atenção seletiva, dividida, praxia visuoconstrutiva e velocidade de processamento de informações. conclusões: Os dois grupos apresentaram melhora para novas aprendizagens verbais e visuais, entretanto nas demais funções não houve similaridade. Sendo assim faz-se necessário amostra mais significativa para compreender melhor o perfil cognitivo de ambas as intervenções. Palavras-chave: Doença Parkinson; cirurgia estereotáxica; funções cognitivas Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 136 P42 cOncePÇõeS de USUáRiOS SOBRe O TRABALHO dO AGenTe cOMUniTáRiO de SAÚde: A PeRSPecTivA dA inTeGRALidAde Viviane Milan Pupin Andrade, Cármen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo introdução: O Agente Comunitário da Saúde (ACS) teve sua inserção expandida nacionalmente após seu trabalho tornar-se alternativa viável no combate à fome e à mortalidade infantil em regiões carentes. Atualmente sua profissão foi reconhecida e compõe a equipe mínima da Saúde da Família – que consiste numa estratégia de reestruturação e reorganização do nível de atenção primária. O ACS tem como especificidades o fato de atuar na mesma comunidade em que vive e não ter como exigência para o ingresso na profissão a conclusão prévia de curso técnico na área da saúde. Objetivo: Esse estudo tem como objetivo analisar as concepções que os usuários da Estratégia Saúde da Família tem a respeito do trabalho do ACS. Fundamenta-se no princípio do Sistema Único de Saúde da integralidade, que visa a construção da relação profissional-usuário pautada pela não fragmentação e pelo reducionismo e busca um olhar ampliado para as diversas necessidades dos usuários. Método: Foram realizadas entrevistas abertas com dezoito usuários e foram feitas observações participantes do trabalho do ACS, especialmente a realização das visitas domiciliares. Resultados: Através dos princípios da Análise de Conteúdo foram levantados os seguintes temas a respeito do trabalho do ACS: “Levar e trazer”, “Suprir carências”, “Vigiar” e “Oferecer uma atenção especial”. O trabalho do ACS foi descrito, pelos usuários, como centrado na busca de informações e entrega de encaminhamentos e medicamentos, constituindo-se num trabalho que permite vigiar o cumprimento, por parte dos usuários, das prescrições médicas e suprir determinadas carências por procedimentos biomédicos. Por outro lado, o trabalho do ACS também é descrito pelos usuários em seu aspecto relacional, ou seja, é apresentado como sendo “especial” pela presença constante do ACS nas adversidades vividas pelos usuários, demonstrando-se interessado e preocupado com o usuário, suprindo, assim, carências emocionais do mesmo. Ressalta-se, ainda, que o trabalho do ACS na comunidade é descrito como restrito às realizações das visitas domiciliares e o trabalho do ACS no Núcleo de Saúde da Família centra-se na realização de atividades burocráticas/escriturárias e no passar informações dos usuários aos demais profissionais. conclusões: A análise preliminar permite inferir que o trabalho do ACS tem potencial, na ótica dos usuários, para contemplar a integralidade da atenção em saúde apesar de, muitas vezes, ser capturado pela lógica biomédica. Palavras-chave: Agentes Comunitários de Saúde; Integralidade; Psicologia da Saúde. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 137 P43 eSTReSSe eM cUidAdOReS PRiMáRiOS de cRiAnÇAS cOM TRAnSTORnO dO déFiciT de ATenÇãO/HiPeRATividAde Ana Maria Del Bianco Faria, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) é uma das desordens neuropsicobiológicas mais frequentemente diagnosticadas na infância. Caracteriza-se como um distúrbio heterogêneo, com etiologia multifatorial, dependendo de fatores genéticos e adversidades biológicas e psicossociais. O efeito, na dinâmica familiar, da presença de uma criança com tal transtorno vem sendo associado ao estresse e a um aumento da probabilidade de perturbações na família e em especial no cuidador primário. Objetivo: Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo avaliar as manifestações de estresse em cuidadores primários de crianças com hipótese diagnóstica de TDAH. Método: Participaram do estudo 40 cuidadores de crianças com idades entre 6 e 12 anos, divididos em dois grupos, a saber: Grupo 1) 20 cuidadores primários de crianças diagnosticadas com TDAH, em tratamento no serviço público de saúde, sem uso de medicação; Grupo 2) 20 cuidadores primários de crianças, sem histórico da doença ou atendimento psicológico, psiquiátrico e/ ou neurológico. A seleção dos participantes foi realizada através da hipótese diagnóstica médica registrada no prontuário da criança e da utilização do Questionário de Capacidade e Dificuldades (SDQ). Para a coleta de dados os instrumentos utilizados foram: Inventário de Sintoma de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) e roteiro complementar sócio-demográfico. O instrumento foi codificado de acordo com suas proposições técnicas e procedeu-se tratamento estatístico não paramétrico, adotando-se valores de p≤ 0,05. Resultados: Os resultados apontam manifestações de estresse em 95% dos cuidadores do G1, com predominância na fase de quase exaustão (52,64%), seguida pela fase de resistência (42,10%) e sintomatologia principalmente de ordem psicológica (78,94%). No G2 30,0% dos cuidadores apresentaram indicadores de presença de estresse, sendo que destes 20,0% encontram-se na fase de resistência, 10,0% na fase de quase exaustão e com sintomatologia predominantemente de ordem psicológica (20,0%). Destaca-se que o percentual de cuidadores com indicadores de manifestação de estresse no Grupo 1 é significativamente maior do que o encontrado no Grupo 2 (p=0,001). conclusões: Os dados apontam altos níveis de estresse nos cuidadores de crianças diagnosticadas com TDAH, o que dificulta a acolhida às necessidades da criança criando um ciclo que se retroalimenta com impactos negativos na qualidade de vida da família. Ressalta-se a necessidade de subsidiar o planejamento e estruturação de serviços de atendimento, que desenvolvam ações de atenção e cuidado integral a essa população, pois tão importante quanto o tratamento da criança, deve ser a atenção aos elementos psicossociais que perpassam sua vida. Palavras-chave: estresse, cuidadores, transtorno no déficit de atenção e hiperatividade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 138 P44 cRiAnÇAS cOM TRAnSTORnO dO déFiciT de ATenÇãO/ HiPeRATividAde e O cOnvÍviO cOM SeUS cUidAdOReS PRiMáRiOS Ana Maria Del Bianco Faria, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) manifesta-se, essencialmente, por níveis clinicamente significativos de desatenção, hiperatividade e impulsividade e afeta diversas áreas do funcionamento adaptativo. Estudos apontam para a possibilidade do caráter desestabilizador do comportamento da criança sobre o ambiente. Os pais e/ou cuidadores sentem-se desgastados pela necessidade de monitorar frequentemente a criança ou o adolescente. Objetivo: Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo caracterizar as vivências emocionais no convívio com a criança diagnosticada com TDAH, bem como as percepções de necessidades dos cuidadores nesse convívio e cuidado à criança. Método: Participaram do estudo 20 cuidadores primários de crianças, com idade entre 6 e 12 anos, em tratamento neurológico em serviço público de atenção secundária em uma cidade do interior paulista. A seleção dos participantes foi realizada através da hipótese diagnóstica médica registrada no prontuário da criança e da utilização do Questionário de Capacidade e Dificuldades (SDQ). Foi efetuada uma entrevista semi-estruturada, elaborada pela pesquisadora, composta de questões abertas, que abordam a vivência emocional dos cuidadores no convício com a criança. As entrevistas foram áudio-gravadas e transcritas integralmente. Para a análise foram utilizados os preceitos da análise de conteúdo, sendo os conteúdos caracterizados e apresentados segundo suas freqüências. Resultados: Os participantes relataram que no dia a dia o convívio com as crianças é difícil, sendo o contato com o comportamento da criança estressante, gera preocupações tanto com as conseqüências do comportamento impulsivo, quanto em relação ao futuro da criança, é cansativo e ainda provoca no cuidador vontade de manter-se longe da criança. Os cuidadores identificaram a necessidade de maior acompanhamento para as crianças principalmente acompanhamentos profissionais e conversas, orientações para si mesmos, atividades esportivas (oferecidas pelos bairros), um maior convívio para as crianças com pessoas importantes afetivamente, como pais e irmãos e melhores condições de infra-estrutura que as ajude no dia a dia e proporcione melhores qualidades de vida. conclusões: A análise aponta para dificuldades dos cuidadores no convívio com crianças diagnosticadas com TDAH. Avalia-se como importante um olhar para as necessidades referidas pelos cuidadores almejando uma atenção integral aos mesmos, uma vez que as alterações da rotina e o tempo despendido no cuidado podem acarretar reflexos em seu bem-estar e na sua qualidade de vida, além de dificultar a acolhida à criança Palavras-chave: cuidadores, transtorno no déficit de atenção e hiperatividade, sobrecarga. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 139 P45 eSTiLO PARenTAL e PRáTicAS edUcATivAS: PAnORAMA GeRAL Cynthia Cassoni, Regina Helena Lima Caldana Departamento de Psicologia e Educação, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto – SP introdução: Práticas educativas parentais são as estratégias utilizadas pelos pais para socializar, controlar ou desenvolver valores e atitudes em seu filho e o seu conjunto é denominado estilo parental. As mudanças nas relações entre pais e filhos decorrentes das transformações pelas quais a família vem passando têm levado a um crescente questionamento sobre o papel dos pais na educação de seus filhos. Também no universo acadêmico é grande o número de trabalhos voltados a esclarecer qual a melhor maneira de educar os filhos e quais seriam as conseqüências das práticas adotadas sobre as crianças. Existe, porém, um paradoxo: paralelamente à grande gama de trabalhos acadêmicos referentes a estilo parental e práticas educativas, é igualmente expressiva a desorientação dos pais. Objetivo: Este trabalho é parte de um projeto mais amplo cujo objetivo é a sistematização do conhecimento produzido de modo a configurar um panorama sobre o conhecimento produzido sobre o tema na área de Psicologia. Metodologia: realizou-se uma busca dos artigos nos principais bancos de dados (SciELO, Science Direct, PsycINFO e web of Science) com os descritores, “parenting style” e “parenting practices” (estilo parental e práticas educativas) pertencentes ao ano de 2009. Os dados foram tabulados e foi traçado um panorama descritivo global sobre o assunto. Resultados: Através deste procedimento foram recuperados 563 registros, mais de 90% do banco de dados da Science Direct. Os países que mais publicaram foram: Estados Unidos com 55%, Canadá (7,6%), Reino Unido (6,5%), Austrália (5,6%) e Holanda (4,7%). Destes trabalhos, 28,9% artigos focalizaram práticas adotadas em instituições que não a familiar e 45,8% incluíam as práticas parentais de forma secundária, em função de objetos de estudo específicos. Apenas 25% focalizavam diretamente o estudo das práticas e estilos parentais em termos de seus efeitos e do que os influencia. Nesse conjunto, diferentes faixas etárias estavam em questão: adolescentes em 43%, crianças entre 2 e 12 anos em 34%, bebês com até 2 anos em 7%, e 16% inespecíficos. Conclusões: O grande volume de trabalho no contexto norte americano é compreensível, entre outros, na perspectiva da continuidade do grande interesse despertado na linha criada por Baumrind (1966), que impulsionou o estudo dos estilos parentais ao integrar tanto os aspectos comportamentais quanto os afetivos envolvidos na criação dos filhos, e posteriormente desenvolvida por Maccoby e Martin (1983) que propuseram um modelo teórico de estilos parentais trazendo novamente à cena a idéia de duas dimensões fundamentais nas práticas educativas dos pais. O grande volume de trabalhos que incluem as práticas e estilos parentais como aspecto atrelado ao objeto principal de estudo é expressivo do interesse que a temática desperta no meio científico. E, finalmente, no que diz respeito à faixa etária focalizada, destaca-se o interesse com que a adolescência é focalizada, coincidindo com dificuldades encontradas pelos pais para lidarem com os filhos nesta etapa da vida. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 140 P46 UM OLHAR PSicOLÓGicO SOBRe AS diScUSSõeS de cASOS cLÍnicOS de PAcienTeS vivendO cOM Hiv/AidS Mayra Moreira Xavier, Patricia Ribeiro Martins, Luiza Azem Camargo, Daniela Aparecida Cardoso da Silva Serviço de Extensão e Atendimento ao Paciente HIV/Aids da Divisão de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: Em meio a complexidade e diversidade dos problemas trazidos pela epidemia do HIV/Aids, a assistência integral à saúde dos pacientes, visando melhora na qualidade de vida, representa uma importante resposta por parte dos serviços de saúde. Surge então, a necessidade da construção de um campo de saber mais integrado e interdisciplinar, que se desenvolve a partir da procura ativa de diálogo entre as diversas áreas do conhecimento das ciências humanas, exatas e biológicas. Este diálogo, muitas vezes, não é feito sem conflito, pois implica em um esforço para relacionar, comparar e integrar o conhecimento. Os inúmeros desafios e obstáculos vividos cotidianamente em intervenções realizadas na prática clínica mostraram uma necessidade de maior articulação entre os profissionais de saúde da instituição, que se debruçavam sobre o tratamento de um mesmo paciente. Diante dessa demanda a equipe de Saúde Mental do SEAPHCFMUSP formalizou um espaço de reuniões interdisciplinares com o intuito de estabelecer uma visão mais integral do sujeito a ser cuidado e não realizar um trabalho fragmentado, centrado em diferentes especialidades, mas sim considerando as especificidades. Nesse espaço, que acontece mensalmente, com duas horas de duração, estão presentes os membros da equipe de Saúde Mental (psicólogas, assistentes sociais, psiquiatra) e o médico assistente do paciente. O critério para a escolha do caso clínico a ser construído é a urgência em diferentes intervenções ou a angústia do profissional na condução do caso. Sempre solicita-se o consentimento do paciente para a discussão do caso em equipe. Objetivo: Relatar a experiência do psicólogo, enquanto membro da discussão de caso. Método: Relato de experiência de atividade assistencial no SEAP-HCFMUSP. Resultados: As múltiplas facetas da vida do paciente vivendo com HIV/Aids: doenças oportunistas, comorbidades, escape virológico no sistema nervoso central, efeitos colaterais da medicação, efeitos da lipodistrofia, a comunicação do diagnóstico ao parceiro e familiares, abandono familiar, orientação sexual, situação financeira, dificuldade de vínculo com profissional orientam a construção do caso, para que seja elaborada uma forma de conduzir o tratamento do indivíduo, um projeto, em conjunto, pelos diversos profissionais em um momento de integração interprofissional prévio à intervenção. São discutidas intervenções clínicas específicas que dêem suporte ao paciente para que ele cuide de seu próprio tratamento, que inclui três dimensões do sofrimento: psíquica, social e física. Existe uma troca de experiência entre os profissionais que facilita o entendimento de questões interdisciplinares implicadas na assistência de pessoas vivendo com o HIV. conclusões: O modo como se articulam os diferentes trabalhos em uma equipe de saúde é fundamental, e determina possibilidades e limites de respostas frente as necessidade de saúde das pessoas com HIV/AIDS. Palavras chave: discussões de caso; HIV/Aids; saúde; saúde mental Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 141 P48 “dá PRA ATendeR”: BARReiRAS ROMPidAS nO ATendiMenTO AO AdOLeScenTe Lia Pinheiro, Roberto Ramos De Morais, Aparecida Ruiz, Francisco Saraiva, Patricia Santamaria Kypriotis, Uberlando Alves Ferreira, Vânia Maria Oliveira Mello, Albertina Duarte Takiuti Programa Saúde do Adolescente Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Casa do Adolescente de Pinheiros CSI Vitor Homem de Mello - São Paulo - Brasil Universidade Paulista introdução: o acolhimento é imprescindível na atenção e na gestão em saúde, em especial na população adolescente. Objetivo: relato da experiência do desafio de mudança nas práticas de saúde, com a implantação do programa “DÁ PRA ATENDER?” na Casa do Adolescente. Método: DÁ PRA ATENDER?” foi a forma encontrada para as demandas psicológicas do adolescente, do acompanhante e da equipe no momento em que a escuta psicológica se fizer necessária e beneficia a população que necessita de ajuda psicológica e nem sempre conta com ela no momento da emergência dessa necessidade. Como relata uma acompanhante: “... quando podia imaginar que no Brasil, aqui em São Paulo eu ia conseguir que minha família fosse assistida em três semanas.” Resultados: No período de março de 2005 a junho de 2010, foram realizados 2793 atendimentos (865 sexo masculino e 1443 sexo feminino) e acompanhantes (485). conclusões: Através dos atendimentos realizados constatou-se que diante das incertezas a única certeza é que “DÁ PRA ATENDER. O cliente precisa saber quando e onde o profissional vai estar à disposição e este precisa estar ciente da possibilidade desse atendimento ser único, ou ter seis atendimentos e/ou retornos e responder a demanda de quem o procura naquele momento: acolher o cliente e não apenas seus sintomas.”DÁ PRA ATENDER?” é oportunidade especial de crescimento pessoal, funciona como um serviço de referência e desenvolvimento profissional e, tem a escuta psicológica como uma das características no rompimento de barreiras sociais, econômicas e políticas, visando a adoção de novas práticas de saúde pública no serviço comprometido, aqui e agora, com o bem estar humano. Palavras-chave: adolescentes, necessidade, escuta psicológica, crescimento. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 142 P49 PeRFiL cLÍnicO-cOMPORTAMenTAL dOS AdOLeScenTeS e jOvenS LGBT PARTiciPAnTeS dA PARAdA dO ORGULHO GAY dA cidAde de SãO PAULO 2008, 2009 e 2010 Rodolfo Pessoa De Melo Hermida, Alzira Ciampolini Leal, Aureny Cristina Rochael, Márcia Aparecida Godoy, Paola Fávero, Édison Alves Pereira, Albertina Duarte Takiuti Programa Saúde do Adolescente Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Casa do Adolescente de Pinheiros CSI Vitor Homem de Mello - São Paulo - Brasil introdução: A população adolescente e jovem LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) está especialmente vulnerável a transmissão DST/HIV/AIDS, negligência e violência doméstica, bullying no ambiente escolar, depressão e suicídio, uso de drogas lícitas e ilícitas, violência sexual, homicídio por ódio e homofobia, sofrimento psíquico relacionado ao assédio moral no ambiente de trabalho. Há necessidade em conhecer o comportamento desses indivíduos para melhor adequar os serviços de saúde. Objetivo: Descrever o perfil clínico–epidemiológico dos adolescentes e jovens LGBT participantes da Parada do Orgulho Gay da cidade de São Paulo. Método: Foi realizado estudo transversal, prospectivo, com questionário semi-estruturado e por amostragem de conveniência, com adolescentes e jovens LGBT, entre dez e 24 anos, 11 meses e 29 dias de idade, participantes da “Parada do Orgulho Gay” realizada todo mês de julho nos anos de 2008, 2009 e 2010. Resultados: Dos 352 entrevistados, 63.50% são adolescentes e 36.50% jovens, 65.50% pertenciam ao sexo biológico masculino e 35.50% femininos. Quanto a identidade sexual, dos 65,50% do sexo masculino; 63,04% sentem-se homens, 7,97% sentem-se mulheres, 26,09% ambos sexos e 2,9% indecisos. Dos 35,50% do sexo feminino, 73,98% sentem-se mulheres, 5,48% sentem-se homens, 16,44% ambos os sexos e 4,10% indecisos. Em relação à conduta sexual, 64.93% são homossexuais e 35.07% são bissexuais. Quanto a assumirem sua sexualidade: 27.50% assumiram entre 10 e 14 anos, 56.50% entre 15 e 19 anos e 4.20% após os 20 anos. Assumiram aos seus pais: 70.60% primeiro para a mãe e 29.40% para o pai. Freqüência do uso de condom: assiduamente, 48.50% e descontinuamente 51,50%. Quanto ao número de parceiros sexuais até o momento: masculino, 41.93% já tiveram mais que 10 parceiros e feminino, 35%. Vão preventivamente ao medico: 55.40% e, somente quando se sentem mal, 44,60%. Fazem exames preventivamente: 54% e, somente quando sentem necessidade, 46%. No momento da consulta, quanto ao preconceito: 59.90% sentiram-se bem tratados e 40,10% não muito bem, ou mal, ou péssimo. conclusão: A grande maioria dos entrevistados assumiu sua sexualidade entre 10 e 20 anos, preferencialmente para a mãe, pouco menos da metade usa o condom assiduamente, não vai ao médico preventivamente, nem faz exames preventivos, não se sente bem durante o atendimento e já tiveram em torno de 10 parceiros sexuais até o momento da entrevista. Tais resultados demonstram como os serviços de saúde e seus profissionais estão despreparados e desorganizados para atrair e acolher tais adolescentes e jovens para longitudinalidade do cuidado que esta fase de vida merece e as políticas públicas de saúde exigem. O perfil da sexualidade orienta sensibilizações e capacitações futuras; dá importância ao acolhimento da família nos serviços; enfatiza os assuntos e temas a serem discutidos com a família, seus filhos e comunidade; norteia estratégias de políticas de saúde pública e discute o preconceito dos profissionais envolvidos como fator impeditivo do cumprimento efetivo do cuidado preconizado pelo SUS. Palavras-chave: sexualidade lgbt, perfil comportamental, adolescência, juventude. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 143 P50 OFicinA dOS SenTiMenTOS: Há 5 AnOS cOnSTRUindO UM eSPAÇO PROTeTOR Lélia De Sousa Fernandes, Arlindo Frederico Jr, Chaffi Abduch, Caio Fábio Schlechta Portella, Bruna Rei Freitas, Albertina Duarte Takiuti Programa Saúde do Adolescente Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Casa do Adolescente de Pinheiros CSI Vitor Homem de Mello - São Paulo - Brasil Universidade Paulista Objetivo: Aproveitando a tendência grupal da adolescência, através de atividades grupais, facilitar a comunicação e a reflexão dos adolescentes sobre seus sentimentos, construindo um espaço protetor. Material e Método: Durante o período de 02/03/2004 a 04/03/2009 foram realizados 190 grupos abertos com 15 adolescentes em média. Os grupos aconteceram todas as terças feiras, as 15:00 hs, com duração 1 hs, coordenados por 2 médicos e com o rodízio dos outros integrantes da equipe multiprofissional. Técnicas utilizadas: dinâmicas grupais verbais e corporais, jogos lúdicos, reflexões sobre um tema escolhido, perguntas anônimas, dramatizações, vivências, danças de roda, notícias mídia Resultados: Participaram 2850 adolescentes. 1967 (69%) feminino e 883 (31%) masculino, idade média 15 anos. Alguns temas que foram discutidos: Mãe na adolescência/ Pai na adolescência, Amor/ Paixão /Ficar / Namorar/ Ciúmes/ Fidelidade, Primeira vez, Coisas de homem / coisas de mulher, Insegurança,Timidez, Relacionamentos difíceis; Resolução de conflitos, Raiva / controle das emoções, Informação x Prevenção, Dependência e independência, Plano de futuro. Constatou-se que atividades grupais envolvendo uma produção coletiva, onde os adolescentes tenham igualdade de oportunidade para expressarem-se, facilita a comunicação e a reflexão sobre os seus sentimentos. “ Me ajudou bastante eu era muito deprimida e vendo os problemas das outras meninas me ajudou...; o que eu aprendi na escola não é igual eu aprendo aqui...; Eu sou casada, se fosse por ele eu já teria um monte de filhos mas aqui consigo segurar a barra...; Sociabilização...; É diferente, conversa, debate assunto, tira dúvida...; Compartilha, divide a dor, consegue falar em público...; Ajudou a lidar com a morte da minha mãe...; Estou conseguindo enfrentar meus maiores medos e inseguranças com a ajuda daqui...; Pra mim é valido conhecer a história de outras pessoas...; Me sinto mais segura, é mais calor humano...; Aqui a gente é vista como pessoa...; Eu era muito travada... ; Vim buscar informação e aqui me abriu os mundos...; Aqui é uma coisa que você leva pro resto da vida. Eu sou muito feliz porque morar onde eu moro, na sociedade que eu vivo, ter 20 anos e não ter filho eu me sinto privilegiada...; Ajuda a refletir sobre as mudanças da nossa vida...; Me ajuda em situações do dia-a-dia...; Aprendi a ter paciência com o grupo conclusão: A atividade grupal destinada à escuta dos sentimentos torna-se espaço protetor pois, orienta, acolhe inquietações, identifica vulnerabilidades e facilita o atendimento integral. Palavras-chave: adolescência, grupos, equipe multiprofissional, sentimentos Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 144 P51 diSqUe AdOLeScenTe: O ATendiMenTO à diSTAnciA dAS deMAndAS e vULneRABiLidAde dO AdOLeScenTe Joana Maria Shikanai Kerr, Monica Regina Moreira Paoletti, Chaim Ashkenazi, Juliana Montalto, Ione Julien, Albertina Duarte Takiuti Programa Saúde do Adolescente Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Casa do Adolescente de Pinheiros CSI Vitor Homem de Mello - São Paulo - Brasil Universidade Paulista Objetivo: levantamento das demandas de adolescentes, recebidas através de ligações telefônicas nos ano de 2008, 2009 e 2010. Método: dados coletados das ligações sigilosas ao Disque Adolescente da Casa do Adolescente de Pinheiros de janeiro de 2008 a dezembro de 2010, de segunda à sexta feira, das 11 às 14 horas, pela equipe multiprofissional. Resultados: O total de telefonemas atendidos foi 1751 (803 dúvidas; 948 informações diversas). Dúvidas de adolescentes 446 (62,3%), e de mães/pais e responsáveis 82 (10,2%). Com idade de 10 a 14 anos foram 43 (9,6%); de 15 a 17anos 196 (43,9%); de 18 a 20anos 207 (46,4%). Foram do gênero feminino 365 (81,8%), masculino 81 (18,1%). Os telefonemas foram oriundos de São Paulo/Capital 271 (60,7%), São Paulo/Interior 125 (28,0%), de outros estados do Brasil 50 (11,2%). As dúvidas mais freqüentes foram relativas à: Anticoncepção 193 (43,2%) com pedidos de informação sobre ACO 98 (50,7%), Preservativo masculino 31 (16%), Injetável 5 (2,5%), Pílula do dia seguinte 39 (20,2%). Dúvidas Psicológicas: 90 (20,1%). Sexualidade: 86 (19,2%) com predomínio de dúvidas sobre primeira relação 55 (63,9%) seguidas de dúvidas sobre orgasmo/libido 16(18,6%), sexo oral e anal 10 (11,6%). DST/AIDS/HPV: 18 (4%). Ginecológicas/Obstétricas 101 (22,6%). Urológicas:24 (5,3%), sendo questões orgânicas 9 (37,5%), insatisfação tamanho/aspecto pênis 13 (54,1%). Em 2009 surgiram 6 queixas de insatisfação quanto ao atendimento médico e falta de atenção/orientação do médico no momento da consulta. conclusão: Evidenciou-se número significativo de telefonemas dos adolescentes com idade abaixo de 18 anos, do gênero feminino, e oriundos de São Paulo/ Capital. As demandas mais freqüentes foram relativas à anticoncepção, 1ª relação sexual, aspectos ginecológicos. No gênero masculino predominam as queixas relativas ao tamanho do pênis. Surgem queixas referentes ao atendimento/ atenção médica. O Disque Adolescente se configura como canal acolhedor, inclusivo e sigiloso de atendimento à distância; de prevenção e identificação da vulnerabilidade do adolescente, dando continência no momento do conflito e estimulando a iniciativa e criatividade do adolescente na tomada de decisões relativas à sua proteção. Palavras chave: adolescente, atendimento à distância, vulnerabilidade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 145 P52 dRUG USe AMOnG BRAziLiAn UniveRSiTY STUdenTS: cOMPARiSOn TO BRAziLiAn GeneRAL POPULATiOn And AMeRicAn UniveRSiTY STUdenTS Frederico Eckschmidt, Arthur Guerra de Andrade, Lúcio Garcia de Oliveira Center for Information on Alcohol and Health – CISA Department of Psychiatry, School of Medicine, University of São Paulo Department of Psychiatry, School of Medicine of ABC introduction: worldwide, the use of alcohol, tobacco and the use of at least one illicit drug, including controlled medications, is a relevant issue in public health, and represents a burden for individuals, families and society. In Brazil, young people aged between 18-24 years present the highest rates of drug use and risky behaviors. Among them, the college students deserve special attention. Aim: to compare the drug use among Brazilian college students, young people from the general Brazilian population and American college students. Methods: the data for this study was derived from the “First National Survey on the Use of Alcohol, Tobacco and Other Drugs among College Students in the 27 Brazilian State Capitals” and compared to the general Brazilian population of the same age and sex. Methods: To compare the drug use among Brazilian university students with those from U.S. and also with the general U.S. population, a survey was conducted on the “National Survey on Drug Use and Health” database, through Survey Documentation and Analysis - SDA 3.4, available at the website of “Substance Abuse & Mental Health Data Archive” - SAMHDA (www.icpsr.umich.edu/icpsrweb/SAMHDA/). The comparisons were made through the measurement of lifetime drug use and the prevalence of alcohol, tobacco and/or nicotine dependence. The comparisons were made through confidence intervals (CI’s). Results: the lifetime drug use by Brazilian college students is greater than that of youth among the general population, however, the opposite was observed regarding the prevalence of alcohol and tobacco dependence. In the U.S., the distribution of drug use among these social segments is more balanced. Comparing only college students, lifetime drug use and alcohol dependence is grater among American students, though the use of inhalants seems to be specific to the Brazilian reality. conclusions: this study pointed out, in an unprecedented manner in Brazil, the difference of drug use among Brazilian college students, their peers of the same age and gender from the general population and, finally, in relation to U.S. college students. Increased drug use among college students may reflect changes that follow the transition from teenage life to adulthood. Socioeconomic, cultural and gender factors may explain the difference in drug use among Brazilian and American college students. Knowing the particularities of drug use among college students is of paramount importance for the early detection of consumption and development of strategies to reduce or control this behavior. descriptors: Cross-Cultural Comparison; Psychotropic Substances; Epidemiology Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 146 P53 áLcOOL e BeBidAS eneRGéTicAS enTRe UniveRSiTáRiOS: UMA cOMBinAÇãO de RiScO Frederico Eckschmidt, Arthur Guerra de Andrade, Lucio Garcia de Oliveira Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina do ABC introdução: O consumo nocivo de álcool está causalmente relacionado a 60 tipos de doenças e lesões, e está associado ao desenvolvimento de outras 200. Ameaça particularmente grave para os homens, o álcool é o principal fator de risco para óbito no sexo masculino entre as idades de 15 a 59 anos, principalmente devido a lesões, violência e doenças cardiovasculares. No Brasil, os jovens de 18 a 24 anos consomem bebidas alcoólicas com maior frequência e em maiores quantidades do que a população geral, despontando com a maior prevalência de abuso e dependência no país (20%). Entre eles, cerca de 60% dos universitários brasileiros fizeram uso de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias. O fato de raramente identificarem-se como usuários problemáticos, banalizando esse uso, têm exposto esse segmento social a consideráveis riscos de saúde e de vida. Um problema crescente para essa população é o uso de bebidas energéticas associadas ao consumo de álcool. Esse uso combinado, devido a altas taxas de cafeína presente nessas bebidas, pode aumentar a taxa de lesões relacionadas ao consumo de álcool, além de servir como porta de entrada para outras drogas. Método: os dados para o desenvolvimento deste estudo são derivados do “I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras”. O perfil sócio-demográfico, o uso de drogas e os aspectos da saúde mental da amostra foram adquiridos através de um questionário individualizado, auto-respondido, anônimo, com 98 questões fechadas que incluía perguntas sobre o estilo de vida, atitudes, comportamentos e transtornos psiquiátricos. Todas as estimativas foram ponderadas por pesos de amostragem e as médias e desvios-padrão (DP) das estimativas, assim como os testes estatísticos, foram realizadas através do software R2.12.024. Para comparações intergrupais foi utilizado o teste do quiquadrado de Pearson (χ2). As hipóteses nulas foram rejeitadas ao nível de p <0,05. Finalmente, um modelo de regressão logística multivariado foi construído e o odds-ratio (OR) foi calculado para cada variável independente. A fim de obter um modelo multivariado final, foi realizada uma eliminação por backward stepwise. Apenas variáveis estatisticamente significativas ao nível de 0,05 foram mantidas no modelo final. Resultados: os estudantes que utilizaram bebidas energéticas juntamente com bebidas alcoólicas têm mais riscos para desenvolver transtornos relacionados ao consumo de álcool, utilizam mais drogas ilícitas, são predominantemente homens, solteiros, possuem entre 18 e 24 anos, moram na região sudeste do país e estudam em universidades particulares no período noturno. Eles dirigem mais sob efeito de álcool, bebem mais no padrão binge, pegam mais carona com motoristas alcoolizados, se envolvem mais em acidentes de transito e recebem mais multas ou advertências comparados ao grupo que utiliza apenas bebidas alcoólicas. conclusões: este estudo aponta, pela primeira vez no Brasil, o perfil dos estudantes universitários que fazem abuso de álcool juntamente com o consumo de bebidas energéticas. Saber as particularidades dessa população e seu padrão de consumo é de extrema importância para o desenvolvimento de estratégias para a redução ou controle desse comportamento. Palavras-chave: Bebidas energéticas; Abuso de Álcool; Alcoolismo; prevenção e controle Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 147 P54 eSTReSSe e USO de dROGAS POR MOTORiSTAS de cAMinHãO eM ROdOviA dO eSTAdO de SãO PAULO Daniele Mayumi Sinagawa, Lúcio Garcia de Oliveira, Mauricio Yonamine, Lígia Góes Endo, Rafael Menck de Almeida, Keziah Cristina Barbosa Gruber de Oliveira, Wagner Schmitz, Vilma Leyton Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo - SP Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas - GREA da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo - SP Departamento de Polícia Rodoviária Federal Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, São Paulo - SP introdução: A atividade de dirigir caminhões pode provocar distúrbios físicos (como dores musculares, de cabeça entre outras) e psíquicos (como o estresse). Além disso, os motoristas fazem uso de drogas, entre elas, substâncias estimulantes para suportar a fadiga e diminuir o sono e conseguirem cumprir extensas jornadas de trabalho, o que afeta não só o seu desempenho, como também a vida social. Para que políticas públicas preventivas que visam à melhoria da qualidade de vida destes trabalhadores, e à redução de acidentes de trânsito sejam implantadas, são necessários dados a respeito deste tema. Objetivo: Avaliar a prevalência do estresse e do uso de drogas (anfetamínicos, cocaína e canabinóides) entre motoristas de caminhão. Método: Foram aleatoriamente abordados por policiais rodoviários federais 202 motoristas que trafegavam na Rodovia BR-116, Município de Itapecerica da Serra (SP), para participarem da uma ação preventiva do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, denominada Comandos de Saúde. Estes motoristas foram informados do objetivo deste estudo e 185 aceitaram participar (17 recusas), assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, foram questionados sobre sintomas de estresse, assim como sua jornada de trabalho e forneceram amostras de urina para análise toxicológica. Resultados: Das 185 amostras coletadas, 17,3% foram positivas para alguma das substâncias estudadas (10,3% anfetamina, 5,4% cocaína e 1,6% cannabis). Quanto ao estresse, 10,3% (n=19) dos motoristas declararam ter estresse como problema de saúde. conclusão: Houve uma prevalência alta de motoristas que haviam utilizado drogas e poucos declararam que sofrem estresse. Considerando que os motoristas participantes do estudo não eram suspeitos de estarem sob influência de drogas, os resultados deste estudo são preocupantes. Aprovação CAPPesq-HCFMUSP nº 0093/09 (LIM-40-HCFMUSP/DPRF). Palavras-chave: Caminhoneiros, acidentes de trânsito, estresse, drogas. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 148 P55 POLYdRUG USe AMOnG BRAziLiAn cOLLeGe STUdenTS: A nATiOnWide SURveY Lucio Garcia de Oliveira, Denis Guilherme Alberghin, Arthur Guerra de Andrade Department of Psychiatry, School of Medicine, University of São Paulo - FMUSP Institute of Mathematics and Statistics, University of São Paulo - FMUSP Department of Psychiatry, School of Medicine of ABC - FMABC introduction: Polydrug use is a general term that has been employed to describe a wide variety of substance use behaviors. Concurrent polydrug use (CPU) and Simultaneous Polydrug Use (SPU) are two types of polydrug use that refer to the use of two or more substances within a given time period (such as a month or a year) or in combination, respectively. Polydrug use affects health as it enhances the incidence of neuropsychiatric disorders, psychological problems and cognitive impairments. In Brazil, there are no data about the prevalence of polydrug use. Aims: the main objective of this study was to present detailed epidemiologic information on the prevalence of co-occurring alcohol and drug use (CPU and SPU), its correlates and reasons among college students that reported the use of at least one alcoholic drink. Method: The target population was 12 711 college students regularly enrolled in the 2009 school year in attendance-based undergraduate courses from one-hundred public and private Brazilian Higher Education Institutions – HEIs. Drug use was measured in terms of three time parameters, preceding the interview: in lifetime, in the last 12 months, and in the last 30 days. Results: Almost 26% of the college students reported not using any drugs during the past year (NU), 70.1% declared have been using at least alcohol (AU) and 28.5% have been using at least one illicit drug (DU). Almost 26% of them reported having used both alcohol and at least one drug in the past year (CPU) while 7.1% of the college students reported to have used alcohol and other drugs simultaneously. Marijuana, amphetamines, inhalants, tranquilizers and hallucinogens were the five drugs mostly used concurrently with alcohol while marijuana, ecstasy and cocaine powder were the drugs most often associated to alcoholic beverages simultaneously (SPU). Among college students, certain demographic subgroups may be particularly at risk to engage in polydrug use as being male and aged 18-24 y.o. and 25-34 y.o. conclusions: the current study provides some valuable information to health authorities, policymakers and treatment planners, allowing them to refine prevention and intervention efforts, pointing out the need to investigate polydrug use in details. It has been observed that alcohol and other drug policies are addressed separately, what might be reevaluated. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 149 P56 dO BRAziLiAn UniveRSiTY STUdenTS WHO TAKe PART in SOMe FORM OF ReLiGiOn USe dRUGS LeSS? Fernanda Carolina Gomes da Silva, Arthur Guerra de Andrade, Lucio Garcia de Oliveira Department of Psychiatry, School of Medicine, University of São Paulo - FMUSP Department of Psychiatry, School of Medicine of ABC - FMABC introduction: Religious involvement has been shown to be a protective factor against drug use. In Brazil, regional studies have already addressed this issue among college students, however a lack of a similar study using a nationwide sample was felt. Objective: To investigate the role of religious involvement on drug use in a nationwide sample of college students. Methods: A sample of 12,711 college students was selected by sampling by strata and clusters. The participants were asked to answer a structured, anonymous, and self-completed research instrument. Afterwards, participants were divided into two groups according to their religious involvement, i.e., those involved in some religion (group A: attendant; N=5,345; 42.4%) and those who did not (group NA: non-attendant; N=7,250; 57.6%). Descriptive and inferential analyses were carried out in the library survey of R. A logistic regression model (backward elimination) was also carried out. The level of significance adopted was α=0.05. Results: Fifteen percent of the college students reported not having any religion. Catholicism and Evangelicalism were the most frequently reported religion among the college students from group A. The Evangelical students were the most observant. The use of alcohol, tobacco and at least one illicit drug was greater among NA students, as well as the risk to develop dependence for alcohol, tobacco and marijuana. Inter-group comparisons pointed out to some differences about academic behaviors. while college students from group A had more normative behaviors, such as carrying out voluntary work or attending the library, NA students engaged in behaviors that could be potentially risky for their health. conclusion: In conclusion, religious involvement was pointed out as a protective factor against drug use, maybe through the adoption of normative values and behaviors for a healthy life. Although consistent to other studies, further researches are needed to identify the mechanisms whereby this protection is conceived. (Aprovação CAPPesq-HCFMUSP nº 0378/08). Keywords: religion; epidemiology; alcohol; street drugs; substance-related disorders Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 150 P57 MeTHYPHenidATe USe AMOnG BRAziLiAn cOLLeGe STUdenTS: A nATiOnWide SURveY Eduardo Luis de Rocha Cesar, Fernanda Carolina Gomes da Silva, Arthur Guerra de Andrade, Lucio Garcia de Oliveira Departament of psychiatry, School of Medicine, University of São Paulo – FMUSP introduction: methylphenidate choloridrate (MPH; Concerta®, Ritalin®) is one of the most widely-precribed stimulants in the world. In response to the increased use of MPH to trear the Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), its prescripition and production rates have risen substantially in the last two decades worldwide. This rise in prescription of MPH has caused some public health problems especially due to the potential for abuse of these drugs, a problem among young adults in general, and among college students in particular. Aim: estimate the medical use of MPH and correlates among Brazilian college students as part of a nationwide survey aimed to describe drug use by this target population. Methods: the target population was 12 711 college students regularly enrolled in the 2009 school year in attendance-based undergraduate courses from one-hundred public and private Brazilian Higher Education Institutions – HEIs. Students were categorized as MPH users (MPHU) and non-users (MPHNU) according to the answers provided in a structured questionnaire. This use was assessed through the question “Have you ever taken methylphenidate by medical prescription?” Other drug use was measured in terms of three time parameters, preceding the interview: in lifetime, in the last 12, and in the last 30 days. Results: the use of alcohol, drugs and psychoactive medications were often observed among M`H users. Living in Mid-west and South; in fraternities; using psychoactive medications with medical purposes and developing a harmful use alcohol were predictive factors for MPH use. conclusions: drug use and alcohol-related disorders are common among MPH users. Independently of the legal nature of the substance whose use is carried with MPH, substances that are consumed simultaneously or close together in time may interfere each other in terms of their pharmacokinetic and pharmacodynamic mechanisms, increasing the toxity of MPH, predisposing the user health to risks of revelance. These data may help policymarkers to elaborate more restrictive laws for the pharmacovigilance of MPH use. Also, it is necessary to improve the diagnosis of ADHD cases, a detailed medical, psychosocial, neuropsychological and educational evaluation should be carried out by a multidisciplinary team in order to avoid the recreational use of MPH. Keywords: methylphenidate; alcohol; street drugs; alcohol-related disorder; substance-related disorder; students; Attention Deficit Disorder with Hyperactivity Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 151 P58 SOBRecARGA de FAMiLiAReS de USUáRiOS de SeRviÇO de SAÚde MenTAL Ana Flávia de Oliveira Santos, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo introdução: A reforma da assistência em saúde mental pôs em questão o reconhecimento da família como agente de cuidado, possuídora de uma função importante na reinserção social do usuário. Tendo em vista seu papel de cuidador e as dificuldades enfrentadas, familiares de indivíduo em sofrimento mental encontram-se submetidos à sobrecarga. Objetivo: O presente trabalho objetivou avaliar a sobrecarga de familiares cuidadores de usuários de serviço de saúde mental. Método: Participaram 54 familiares cuidadores de usuários em tratamento em serviço de saúde mental há pelo um ano e que residiam juntos. Aplicaram-se os instrumentos: Escala de Sobrecarga dos Familiares de Pacientes Psiquiátricos (FBIS-Br) e um roteiro complementar para levantamento dos dados sócio-demográficos dos participantes. Os resultados foram tratados por meio de estatística não-paramétrica. Resultados: Os cuidadores apresentaram moderada sobrecarga objetiva, principalmente relativa à assistência na vida cotidiana ao usuário, bem como de moderada a elevada sobrecarga subjetiva, referentes à preocupação com o usuário, supervisão aos comportamentos problemáticos e percepção de mudanças permanentes na vida dada sua condição de cuidador. Foi encontrada maior sobrecarga objetiva entre cuidadores de usuários com diagnóstico de esquizofrenia em comparação a familiares de usuários com outro diagnóstico (p=0,01 – Teste de Kruskal-wallis). Correlação positiva foi encontrada entre sobrecarga objetiva devido à assistência na vida cotidiana e tempo de tratamento do usuário (p=0,03 – Teste de correlação de Spearman). conclusões: A vivência de sobrecarga sugere que os familiares apresentam dificuldades no cuidado informal em saúde mental. Os dados apontam para a necessidade de cuidado a esses familiares através de programas que visem à criação de espaços de reflexão, ações intersetoriais e inserção e apropriação do cotidiano familiar, que contribuam para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento do cuidador de usuário em sofrimento mental. Palavras-chave: saúde mental, sobrecarga, cuidadores Financiamento: Fapesp Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 152 P59 SAÚde MenTAL de cUidAdOReS de PeSSOA eM SOFRiMenTO MenTAL Ana Flávia de Oliveira Santos, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo introdução: No contexto da reforma da assistência em saúde mental, a família vem sendo considerada como parceira no cuidado ao usuário. Dado seu importante papel na sua reinserção social, avaliar os estressores que podem comprometer a qualidade de vida do cuidador torna-se fundamental. Objetivo: O presente trabalho objetivou avaliar a auto-percepção do estresse entre familiares cuidadores de indivíduo em sofrimento mental. Método: A amostra foi constituída por 54 familiares cuidadores de usuário em tratamento em serviço de saúde mental há pelo um ano, que residiam juntos. Aplicou-se um roteiro para identificação: a) dos dados sócio-demográficos dos participantes e b) da auto-percepção do estresse. Os resultados foram tratados por meio de estatística descritiva e análise do conteúdo segundo freqüência de respostas. Resultados: Dos participantes, 81,5% se perceberam sob algum grau de estresse, sendo que, do total, 46,3% avaliaram-se como estressados ou muito estressados. Dentre os que se perceberam sob algum grau de estresse, aspectos da convivência com indivíduo em sofrimento mental foram avaliados como mais frequentemente contribuindo para essa percepção, principalmente no que se relaciona aos comportamentos problemáticos apresentados pelo usuário, às limitações impostas à vida do cuidador e às dificuldades em momentos de crise. Aspectos ligados à sobrecarga também foram citados, especialmente relativos a uma situação financeira familiar difícil e à demanda de outros familiares por cuidados. Problemas de saúde pessoal também foram referidos. conclusões: A experiência de cuidador de usuário de serviço de saúde mental é significada como estressante. Os familiares necessitam de apoio, orientação e desenvolvimento de estratégias de auxílio em ambiente doméstico. Os serviços substitutivos precisam avançar na proposta da integralidade da assistência e da intersetorialidade das ações, visando maior suporte no cuidado em saúde mental. Palavras-chave: cuidadores, saúde mental, auto-percepção Financiamento: Fapesp Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 153 P60 A cOnSTRUÇãO de MATeRiAiS de eSTiMULAÇãO cOGniTivA Marcel Paulino da Silva Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) – MS introdução: O Sistema Nervoso Central (SNC) pode ser acometido por inúmeras patologias, resultando em uma grande diversidade de quadros topográficos, com sintomas diversos e graus de severidade, resultantes de patologias diversas, como doenças neurovasculares, doenças degenerativas e traumatismos cranianos. Com o dano neurológico manifestando-se por inúmeras incapacidades, de ordem de física, sensorial, nas funções psíquicas superiores, emocionais e sociais. Cabendo ao psicólogo estimular a recuperação ou readaptação das disfunções cognitivas apresentadas, visando à melhora das atividades funcionais dos pacientes com lesões do SNC. Objetivo: A presente proposta tem o objetivo de construir novos materiais de estimulação cognitiva e readaptar brinquedos usados em atividades lúdicas e psicopedagógicas para serem utilizados durante as sessões de reabilitação cognitiva. Método: O procedimento consistiu na preparação de materiais, desde sua confecção, métodos de utilização, verificação de sua eficácia e a elaboração de um manual para a utilização e fabricação dos materiais de reabilitação cognitiva. Para verificação de sua utilidade e necessidade de adaptações, foram apresentados durante sessões em um grupo de pacientes com patologias neurológicas, de ambos os sexos, atendidos nas Clínicas-Escola da UCDB durante o segundo semestre de 2010, todos com déficit sensório-motor e graus diversos de disfunções cognitivas. Resultados: Na avaliação preliminar observamos durante as sessões diversas dificuldades de manuseio de alguns instrumentos, devido a tamanho e proporção das peças, e da necessidade de criação de estratégias compensatórias no caso do uso de apenas uma das mãos. Utilizando-se desta análise o planejamento para a criação dos novos modelos e a readaptação de antigos materiais, priorizará a facilidade de manuseio para que os pacientes tenham qualidade na reabilitação cognitiva, onde cada instrumento/brinquedo deve apresentar graus de dificuldade, mantendo-se com foco do processo cognitivo os níveis de atenção, observação, percepção, memória, coordenação sensório-motora e raciocínio lógico para a resolução de problemas. As atividades de monitoramento destas funções deveram que ser realizadas semanalmente para que o reforço cognitivo seja positivo, assim como a padronização da utilização dos objetos pelo terapeuta, e avaliadas no decorrer do primeiro semestre de 2011. conclusão: Além do baixo custo de produção possibilitar a confecção de novos materiais ou a reciclagem de materiais já existentes, a sistematização de seu uso e a descrição de sua empregabilidade nas diferentes funções cognitivas ajudará os profissionais da saúde, em especial o psicólogo, a trabalhar na reabilitação cognitiva de pacientes neurológicos de forma mais efetiva e com qualidade. Palavras-chave: estimulação, cognitivo, reabilitação, neuropsicológica, materiais pedagógicos Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 154 P61 cOncePÇõeS SOBRe O cUidAdO eM SAÚde: A cOMPReenSãO dA inTeGRALidAde nA PeRSPecTivA de PORTAdOReS Hiv/AidS Marília Belfiore Palácio, Marco Antonio de Castro Figueiredo, Lícia Barcelos de Souza Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo introdução: O manejo do cuidado em saúde, pelas pessoas que vivem com HIV/Aids é permeada por significados e sentidos atribuídos às suas experiências individuais no contexto coletivo, que são elementos estruturantes da perspectiva de quem adoece e enfrenta os desafios de uma doença estigmatizante. Assim, a compreensão sobre o que acreditam ser cuidado e saúde também constitui a base do processo de apropriação da rede de serviços e das perspectivas de integralidade da atenção em saúde. Objetivo: Inserido na abordagem qualitativa, o estudo teve como objetivo compreender como o portador HIV/Aids maneja seu cuidado em saúde, a partir de sua interação na rede de serviços e concepções acerca do cuidado. Método: Foram realizadas entrevistas abertas, individuais, com 05 usuários da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (UETDI-HC), sendo 03 mulheres e 02 homens, com tempo de tratamento que variou entre 1 ano e 2 meses e 13 anos e que conheciam a ESF. As entrevistas foram analisadas segundo Análise Temática de Conteúdo, proposta por Bardin. Resultados: A primeira Categoria, Cuidado em Saúde, reuniu Unidades Temáticas sobre aspectos específicos do adoecimento e da convivência com HIV/Aids. A Abertura do Diagnóstico se mostrou como uma decisão importante e que envolve os portadores e os profissionais de saúde em uma relação ambivalente, marcada pelo medo do Preconceito e ao mesmo tempo como Condição para o Cuidado. Aspectos relacionados ao manejo de informações sobre os pacientes pelos profissionais de saúde e a Bioética apontaram a necessidade de compreensão, por parte dos usuários, quanto à decisão de revelar seu diagnóstico. Ainda foram identificados conteúdos que fizeram referência à importância da formação de Vínculo para a promoção do auto-cuidado. As Concepções sobre Cuidado e Saúde revelaram que nas relações construídas com profissionais, serviços e no processo de adoecimento ainda perseveram as crenças naturalizadas pelo modelo biomédico. conclusões: Foi possível inferir com o estudo que a escolha da abertura do diagnóstico à equipe é vivenciada de maneira ambivalente pelo paciente HIV, determinada pelo medo da discriminação e pela necessidade de se construir uma identidade de portador HIV, enquanto uma garantia de um cuidado integral. Além disso, a formação do vínculo revelou-se primordial para o acompanhamento longitudinal, independente do nível de atenção, já que pode ser decisivo no processo de apropriação das condições de saúde, que envolvem a compreensão do diagnóstico, aceitação da doença e adesão ao tratamento entre outros. Dessa forma, o processo de adoecimento do paciente HIV, apesar de ter questões específicas, também se mostrou semelhante à vivência de outras doenças crônicas. Palavras-chave: cuidado, integralidade, HIV/AIDS Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 155 P62 inveSTiGAÇãO SOBRe AS cOncePÇõeS de PROFiSSiOnAiS de SAÚde A ReSPeiTO dA AidS PediáTRicA Vivian Salles Alvarez, Luciana Nogueira Fioroni Universidade Federal de São Carlos introdução: O presente estudo trata dos aspectos psicossociais envolvidos na transmissão do HIV de mãe para filho, a partir da investigação e discussão das representações sociais de profissionais de saúde a respeito da Aids pediátrica, em um serviço especializado no interior do estado de São Paulo. O avanço dos medicamentos anti-retrovirais possibilitou o aumento da expectativa e da qualidade de vida, constituindo a realidade que é possível ser observada hoje: crianças que supostamente morreriam de Aids na infância chegaram à adolescência. Assim, os profissionais da saúde enfrentam novos desafios, iniciando com a revelação do diagnóstico de soropositividade, os segredos que essa revelação implica para a criança e sua família, os cuidados especiais ao longo do desenvolvimento da criança; a construção de estratégias de suporte das equipes de saúde, bem como sua preparação para desenvolverem o cuidado adequado. Objetivo: A investigação das Representações Sociais da Aids pediátrica em profissionais da saúde tem como foco entender a tradução que esse grupo social faz da doença, do impacto da revelação diagnóstico na condução do tratamento e o seu real entendimento sobre as questões médicas envolvidas Método: Este estudo definiu-se enquanto pesquisa social qualitativa, e fez uso da teoria das representações sociais. O trabalho de campo constituiu em uma entrevista semi-estruturada realizada de forma individual com os participantes. Posteriormente, essas entrevistas foram gravadas e transcritas, e uma leitura flutuante delas fez com que fossem localizados temas-chaves que possibilitaram a construção de núcleos de sentido. Definidos estes, foram criados esquemas que possibilitassem a visualização das representações sociais presentes nos discursos dos participantes da pesquisa. Para a análise desses conteúdos foi utilizada a técnica da análise temática. Dessa forma, as respostas dissertativas das entrevistas transformaram-se em eixos-temáticos por meio de analise transversal. Resultado: A análise de conteúdo dos eixos-temáticos revelou que a maioria dos profissionais tinha uma visão muito enviesada da doença. Se por um lado as mães que transmitiam a doença para os filhos eram vistas como mulheres promíscuas, sem perspectiva de vida, envolvidas com drogas e por isso pessoas consideradas merecedoras de sua condição; os filhos são vistos como vítimas do destino que por não poderem se defender dessa mãe ‘imoral’ e por não serem responsáveis pela sua condição de portador do vírus são perdoados a priori. Além disso, observouse uma diversidade muito grande e até uma ambivalência vivida pelos próprios profissionais. Acreditamos que isso é o resultado da mistura de alguns aspectos construídos socialmente sobe o que seja a Aids, sobre o que seja trabalhar com Aids e sobre o que seja trabalhar com crianças que na rotina de trabalho misturam-se aos aspectos emocionais que envolvem esses temas. conclusões: Os resultados deste estudo apontam necessidade de orientação profissional envolvendo não apenas a aquisição do conhecimento técnico-científico sobre a Aids, mas a reflexão dos profissionais a respeito dos próprios comportamentos em relação ao vírus e aos portadores. Os comportamentos discriminatórios desvelados nesse trabalho remetem ao sentimento de insegurança e de medo de ser contaminado. Palavras-chave: Representações Sociais, Aids Pediátrica Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 156 P63 AMPLiAndO O OLHAR SOBRe O idOSO FRáGiL Rodrigo Jorge Salles, João Batista Ribeiro, Vilma Valéria Dias Couto Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM introdução: O projeto “assistência domiciliar ao idoso frágil” é um projeto de extensão desenvolvido pela equipe da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS) da área de concentração da saúde do idoso. De acordo com literatura médica, a fragilidade é uma síndrome de diminuição da resistência e reservas do sistema, estando relacionada a múltiplos fatores. A definição operacional de idoso frágil ainda é alvo de discussões entre os pesquisadores da área da gerontologia, existindo divergências quanto aos critérios que caracterizam a fragilidade. Neste projeto, o diagnóstico de síndrome da fragilidade é feito pela equipe com base na presença de três ou mais dos seguintes critérios: perda de peso não intencional; auto-relato de fadiga; diminuição da força de preensão palmar; baixo nível de atividade física e lentidão da marcha. Apesar da compreensão da fragilidade sustentar relação com múltiplos fatores, verifica-se na prática que os critérios adotados para fragilidade enfatizam sobretudo alterações fisiológicos. Objetivo: Apresentar o projeto de assistência domiciliar ao idoso frágil, discutindo as implicações do diagnóstico de síndrome da fragilidade feito exclusivamente com base em critérios fisiológicos. Método: O projeto é realizado, semanalmente, em um bairro da cidade de Uberaba-MG. A equipe da RIMS é composta por uma enfermeira, um fisioterapeuta, uma assistente social, uma terapeuta ocupacional e um psicólogo que são supervisionados pelo grupo de tutores desta residência. O psicólogo, em conjunto com a sua equipe, realiza atendimentos domiciliares com a finalidade de avaliar se as condições clínicas do idoso indicam fragilidade. O diagnóstico é realizado a partir da aplicação dos seguintes instrumentos: perfil da atividade humana (PAH), auto-relato de fadiga medido através de duas questões da Center for Epidemiological Studies – Depression (CES –D), avaliação da força de preensão palmar medida pelo aparelho dinamômetro, lentidão avaliada pelo tempo gasto para percorrer uma distância de 4,6 metros e auto-relato de perda de peso não intencional maior ou igual a 4,5 kg. Após reconhecimento de fragilidade, é traçado um projeto de assistência que envolve ações coletivas e específicas. No trabalho do psicólogo, se destaca os atendimentos individuais aos pacientes frágeis e as orientações aos familiares. Resultados: A experiência mostra que os critérios adotados não conseguem contemplar as diversas esferas presentes no processo de saúde-doença do sujeito, já que os idosos atendidos demonstram outras demandas de aspectos psicossociais que não apenas as relacionadas a questões orgânicas. Neste contexto o psicólogo lança mão de importante contribuição ampliando o olhar e o cuidado sobre a pessoa idosa ao considerar os aspectos subjetivos presente na condição de fragilidade e adoecimento. Dentre outras contribuições da psicologia neste projeto, destaca-se também a oferta de atendimento psicológico em domicílio já que o idoso fragilizado apresenta limitações físicas e dificuldade de acesso aos serviços de saúde. conclusões: A experiência neste projeto aponta a necessidade de ampliar o olhar investigativo sobre a condição de fragilidade no idoso numa perspectiva biopsicossocial e multidisciplinar em saúde. Também aponta a necessidade de práticas grupais junto à comunidade visando à educação em saúde e a prevenção, podendo assim fornecer uma assistência integral. Palavras-chave: Idoso, Fragilidade, Residência Multiprofissional, Psicologia da Saúde. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 157 P64 idOSOS inSTiTUciOnALizAdOS: déFiciT cOGniTivO e SUA ReLAÇãO cOM A MeMÓRiA AUTOBiOGRáFicA Silvana Lavechia, Glaucia Rosana Guerra Benute, Valmari Cristina Aranha, Glória Siqueira Fabri, Rafael Pereira Costa, Nadir da Silva Meireles, Mara Cristina Souza de Lucia, Wilson Jacob Filho Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: O número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos tem crescido rapidamente. Se, por um lado, o aumento da expectativa de vida é o resultado de políticas e incentivos na área da saúde e do progresso tecnológico, por outro lado, acarreta enormes desafios. Para citar apenas um deles, temos a questão da moradia compartilhada. Conforme nos mostram alguns estudos, a procura para institucionalizar idosos, principalmente os que se encontram em situação de demência senil, é de 2 a 10 vezes maior do que para idosos em outras situações e com outras demandas. Isso se dá especialmente devido ao progressivo grau de dependência, sendo que a família encontra na instituição a alternativa para os cuidados que a pessoa idosa necessita. Objetivo: Avaliar o déficit cognitivo e sua relação com a memória autobiográfica em 30 idosos institucionalizados. Método: A presente pesquisa foi realizada em 03 instituições de longa permanência para idosos na cidade de Santo André, sendo 02 de caráter particular e 01 de caráter filantrópico. Foi realizada uma entrevista semi-dirigida, aplicação e avaliação do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e Teste de Memória Autobiográfica (TMA). Resultados: Dos 30 idosos sujeitos da pesquisa, com idade que variaram de 63 a 92 anos, 60% pontuaram até 20 no MEEM, sendo que 20% pontuaram de 20 a 30 e 20% pontuaram até 30, que é o escore máximo do teste. No TMA 38% responderam as questões e apresentaram a memória categórica (com respostas genéricas e sem especificação de tempo), 32% a memória estendida (com duração superior a 1 dia, com localização do tempo) e 30% a memória específica (com duração máxima de 1 dia). conclusão: A evocação da memória autobiográfica em pessoas que apresentam déficit cognitivo traz distorções, principalmente quando a qualidade da rememoração está confabulada, no que diz respeito a falhas nas vias cerebrais frontotemporais, responsáveis pela facilitação do acesso a informações remotas. Embora a formação da memória seja um processo complexo, resultado das interações bioquímicas, que envolvem diferentes áreas do cérebro, um acontecimento só é possível de ser lembrado se for modulado pela emoção. Assim, mesmo que haja um comprometimento cognitivo, a emoção que acompanha um fato vivido torna possível o resgate da memória. Desta forma, um trabalho de resgate de memória, como acervo pessoal de fatos vividos ao longo da vida, viabiliza a reorganização e ressignificação das trajetórias individuais, proporcionando um ressignificado de vida. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 158 P65 A ReLevânciA dA inTeRvenÇãO ALiAdA à Rede SOciAL nA PSicOLOGiA HOSPiTALAR: eSTUdO de cASO nUM HOSPiTAL PÚBLicO de cURiTiBA-PR Tania Madureira Dallalana, Maria Geny Ribas Batista Hospital de Clínicas/ Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil introdução: A rede social tem um papel fundamental na saúde geral das pessoas e suas famílias. Objetivo: O presente artigo tem como objetivo relatar a intervenção psicoterapêutica, realizada com uma ampliação do foco do problema que estava localizado em apenas um indivíduo, para uma rede social de assistência. Métodos: Participou desta intervenção uma paciente do sexo feminino, natural de Curitiba, solteira, 51 anos, vendedora, internada na enfermaria feminina do Pronto Atendimento Adulto de um hospital da rede pública da cidade de Curitiba-PR. O diagnóstico inicial era câncer mama e a internação se deu devido a uma metástase hepática. Foram realizadas 4 (quatro) entrevistas com ela, sendo que uma delas o filho estava presente. Utilizou-se, como instrumento a entrevista aberta, sendo a primeira uma investigação da história de vida da paciente, tendo como objetivo o levantamento de possibilidades de intervenções e orientações, tendo duração média de uma hora cada uma. A paciente alegou estar bastante preocupada com o filho de 10 (dez) anos, que não tinha de quem receber os devidos cuidados, enquanto ela estivesse internada e/ou em tratamento. O relato da paciente em relação ao filho era: “somos só eu e ele contra todos, sempre foi assim e tem dado certo. Não tenho ninguém com quem posso contar para criá-lo [...] Ele precisa de mim” (Sic). Ouvindo isso, a intervenção psicoterapêutica consistiu em conhecer e ampliar o sistema de proteção ao filho, por meio da ativação da rede social, que funciona como fonte de apoio. Segundo AUN et. al. (2010) isso é possível quando se estabelece um mapa de rede, que foca menos o indivíduo e abrange a comunidade, relações de trabalho/escola, família e parentes. Após termos construído um ambiente terapêutico com perguntas reflexivas com temáticas de cuidado, família, futuro, presente, morte e esperança. A paciente opta por escrever uma carta, onde ela designa quem serão as pessoas responsáveis pelo filho e com quem ele deve ficar caso ela ficasse internada por um longo período de tempo, ou ainda, caso viesse a falecer. Tal carta foi enviada, pela psicóloga residente, ao advogado da paciente, com o objetivo de proteger, judicialmente, todas as partes envolvidas, onde o mesmo assegurou que a sua vontade seria atendida. Resultados: O trabalho tornou-se necessário para fornecer novas possibilidades de cuidado em determinadas situações, potencializando, valorizando e mobilizando recursos de redes. conclusão: Esta ação terapêutica demonstra o quão importante se torna o efeito de fortalecimento de rede, reforçando a construção da autonomia em diversos contextos. Após 18 dias de internação e a consciência de saber que o filho estaria com as pessoas por ela nominadas, a paciente faleceu. Palavras-chaves: rede social, psicologia hospitalar. Referência: AUN, J.C.; VASCONCELLOS, M.J.E.de.; COELHO, S.V. Atendimento sistêmico de famílias e redes sociais: Desenvolvendo práticas com a metodologia de atendimento sistêmico. vol. 3. Belo Horizonte: Ophicina de Arte & Prosa, 2010. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 159 P66 O SOFRiMenTO dO SUjeiTO cOnTeMPORâneO nO AdOeciMenTO deRMATOLÓGicO José Ricardo Lopes Garcia Instituto de Psicologia, USP-SP, Instituto Lauro de Souza Lima – Bauru-SP introdução: Este trabalho versa sobre uma reflexão acerca de algumas questões atuais que envolvem o sujeito contemporâneo a partir de uma compreensão histórica e psicanalítica, enfatizando a experiência corpórea, de sua relação com a pele e com o adoecimento. Objetivo: Nosso propósito foi o de investigar as implicações contemporâneas na constituição da subjetividade diante do processo de adoecimento dermatológico. Método: Utilizamos o método clínico-qualitativo de pesquisa apoiado na teoria psicanalítica para a análise dos dados. Foram analisados os discursos de três pacientes, em tratamento dermatológico ambulatorial de um hospital, em que utilizamos a entrevista semidirigida para a apreensão do discurso do paciente e, posteriormente, foram realizadas a análise do conteúdo temático e latente com o objetivo de compreender o significado simbólico apresentado pelo sujeito doente diante do adoecimento. Resultados e conclusões: Chama-nos a atenção, em especial, a experiência cotidiana do sujeito na sua convivência com a doença. O narcisismo, enquanto conceito psicanalítico, apresentou um recurso fundamental para compreender o sofrimento do sujeito diante das demandas psíquicas versadas sob a perspectiva do ideal de eu. A pele, entendida enquanto limite e continência do eu, mostra uma importante interface entre o eu e o outro. Com a falência dos ideais sociais, passa a existir um primado dos ideais narcísicos e da corpolatria. Os modelos de beleza produzidos na cultura são tomados como ideais e determinam padrões estéticos que são incorporados pelo sujeito. Consequentemente, a doença e, em especial, no nosso estudo, a dermatose traz um sofrimento ampliado ao paciente dermatológico por esse distar do ideal de beleza e sedução contemporâneo, fazendo com que ele passe a conviver com o sentimento de diferente e de excluído. O adoecimento, enquanto característica própria da condição humana, é vivido como interdição das demandas por satisfação, e se ocupa do papel de frustrar o sujeito no seu projeto de felicidade e busca da perfeição narcísica. Palavras-chave: Psicanálise, contemporaneidade, narcisismo, ideal de eu, adoecimento dermatológico. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 160 P67 SUBjeTividAde e vivenciA AFeTivO-SexUAL: UM eSTUdO de cASO cOM PAcienTe deRMATOLÓGicO Daniela A. Alves de Carvalho, José Ricardo Lopes Garcia Instituto Lauro de Souza Lima introdução: A rotina de atendimentos a pacientes de um ambulatório de dermatologia evidenciou características peculiares na experiência de sua subjetividade, e em especial a afetividade e a sexualidade. As dermatoses provocam, dentre seus sintomas, um mal estar para o sujeito, manifesto em seu sofrimento e em diversas representações sobre a estética e os estigmas associados às doenças da pele, que se acentuam diante das expectativas de um ideal de sujeito respondente a exigentes padrões de beleza. Objetivo: Compreender as características da subjetividade observada em pacientes com doença dermatológica na construção das relações interpessoais e de suas experiências afetivo-sexual. Método: Foi feito um estudo de caso de um sujeito adulto, do sexo masculino, com diagnóstico de hanseníase, e presença de seqüelas da doença. Neste estudo foram realizadas diversas entrevistas apoiadas num roteiro semidirigido, atentando-se para a história de vida e aspectos relevantes de suas experiências relacionais e afetivo-sexuais. As entrevistas foram transcritas para a realização de análise do discurso, sustentado pelo referencial psicanalítico. Resultados e conclusões: Observamos nos relatos do paciente a presença de dificuldades em suas experiências afetivo-sexuais implicadas em atitudes castradoras na interação com o objeto, reações defensivas como o isolamento do afeto, e a sublimação do desejo com a catexia voltada para práticas ocupacionais e religiosas. As dificuldades são manifestas na relação com familiares e parceiros, bem como na convivência comunitária, com atitudes de limitações no contato e exposição do corpo diante do outro, e consequente restrição em sua erotização e na manifestação de sentimentos de interação. As alterações estético-narcísicas e do esquema corporal acentuaram a restrição de sua participação efetiva em seu contexto relacional, fato que contribuiu na emersão dos conflitos psíquicos norteadores de suas dificuldades afetivo-sexuais. Palavras-chave: Psicanálise, dermatológico, subjetividade, vivencia afetivo-sexual. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 161 P68 inveSTiGAndO AS cOMPReenSõeS de AdOeciMenTO enTRe USUáRiOS de PSicOTRÓPicOS nA ATenÇãO BáSicA eM SAÚde Gabriela Pinheiro Soares, Ana Kalliny de Sousa Severo, Larissa Melo da Silva Universidade Potiguar introdução: Apesar da evolução do modelo de atendimento à saúde no Brasil, principalmente com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que garantiu o acesso de todos os cidadãos aos serviços de saúde, percebe-se, no cotidiano desses serviços, uma dificuldade em aproximar as práticas de saúde da realidade vivenciada pelos usuários. As práticas dos serviços de saúde, baseadas no modelo biomédico, continuam a perpetuar tecnologias de saber-poder sobre o corpo doente, desconsiderando o sujeito que significa o corpo e vivencia diferentemente o processo de adoecimento. Objetivo: O trabalho objetiva compreender as concepções de adoecimento na perspectiva dos usuários de uma Unidade de Saúde da Família em Parnamirim/RN. Método: Para coleta de dados utilizamos observação participante de visitas domiciliares realizadas por Agentes Comunitários de Saúde e entrevistas semi-estruturadas com 36 usuários de psicotrópicos, analisadas a partir da análise discursiva. Resultados: Os resultados apontam para uma dificuldade dos usuários em definir o que seja saúde e doença mental. As concepções de saúde mental estão associadas à cabeça/sistema nervoso (“não ter problema na cabeça”, “poder controlar os nervos”), a razão/racionalidade (“ter noção das coisas”, “entender, pensar, não fazer coisas erradas”), bem como aquelas relacionadas com a ausência de doença (“não ter doença”, “não ter problema, tranqüilidade”). Com relação à doença mental, as categorias mais comuns foram aquelas associadas à mente/ sistema nervoso (“fraqueza nos nervos”, “ter problema na mente”, “cabeça fraca”), as relacionadas ao processo de estigmatização associado à doença mental (“ser doido”, “desequilíbrio”), as referentes aos afetos subjetivos (tristeza, ansiedade, agitação) e as sensações corporalmente vividas (dores/ agonia na cabeça). As causas mais comuns a que os usuários atribuíram seu problema de saúde mental são aquelas relativas a problemas familiares (violência familiar, uso de álcool e drogas), doenças orgânicas (diabetes, trombose) e perda de emprego ou de familiares. Com relação às dificuldades em lidar com a demanda de saúde mental, as respostas mais recorrentes referem-se à solidão, vergonha, impossibilidade de trabalhar e/ou realizar atividades domésticas. A estratégia de cuidado mais comum à referida Unidade ainda baseia-se na renovação medicamentosa, todavia alguns usuários conseguem criam estratégias cotidianas para lidar com o seu “problema nervoso” (cantar, ir à igreja e fazer tarefas domésticas) conclusões: O trabalho tem como desafio propor uma nova forma de perceber o usuário com problema de saúde mental, compreendendo-o não mais sob o viés organicista, contudo reconhecendo estar o usuário inserido numa determinada conjuntura social, política e econômica algumas vezes opressiva e causadora de sofrimentos. É um convite para que os profissionais da atenção básica possam desenvolver um olhar humanizado e uma escuta atenta às demandas expressas nos discursos dos usuários, evitando que suas experiências subjetivas sejam ameaçadas pelas tecnologias de saber-poder, medicalizantes, que retiram do sofrimento seu significado singular, transformando-o em um problema meramente técnico. Palavras-chave: Corpo, Estratégia de Saúde da Família, Usuários de Psicotrópicos. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 162 P69 dOenÇA de ALzHeiMeR: UM eSTUdO de cASO SOB A ÓTicA dA PSicOLOGiA dO deSenvOLviMenTO Bruna Santos, Bruna Cipriano, Daiane Cruz Ferreira, Jucineide Della Valentina de Oliveira, Larissa Silva Cabral, Laryssa Frinhani Viturini Marchiori, Poliana Sfalsin Zatta Faculdade Pitágoras campus Linhares/ES introdução: As problemáticas apresentadas no contexto social concomitante ao impacto ocasionado pelo considerável aumento da expectativa de vida demanda repensar as práticas de intervenção na saúde dos idosos, englobando aspectos sociais, psicológicos e biológicos. Diante desse cenário, doenças crônico-degenerativas, como a doença de Alzheimer, atingem cada vez mais a população idosa do país. Tal patologia compromete a integridade física, mental e social, devido ao fato de ser uma doença degenerativa e progressiva. É caracterizada por distúrbios de memória, diminuição da fluência verbal, desorientação geográfica, depressão, visível incapacidade de realização de tarefas rotineiras e caseiras, entre outros pontos que privam de maneira drástica o sujeito até a morte. Com o avanço da enfermidade, o idoso depende de cuidados ininterruptos, demandando extensa carga-horária de esforços físicos, emocionais e financeiros do cuidador e dos familiares. Objetivo: A partir desse contexto, foram analisadas as mudanças fisiológicas e comportamentais de uma idosa portadora de Alzheimer, além das possíveis transformações na relação familiar, alterações na rotina e no meio social. Método: Foi realizado um estudo de caso com uma idosa portadora da doença de Alzheimer, sua cuidadora e um filho, todos residentes no município de Linhares/ES. O instrumento utilizado foi uma entrevista estruturada de caráter qualitativo, aplicada individualmente em cada um dos participantes, visando compreender a realidade da doente, da cuidadora e da família nas diversas situações de vida, suas angústias, seus sentimentos e como as relações familiares se deram após a descoberta da doença. Resultados: A partir do estudo realizado, identificou-se que antes do surgimento da doença a idosa desfrutava de uma vida social ativa, e com a sua manifestação as relações interpessoais no convívio familiar foram restringidas. O fato de depender constantemente de sua cuidadora a priva de realizar atividades corriqueiras que anteriormente faziam parte de sua rotina. No que se refere à cuidadora, percebe-se uma significativa realização pessoal ao cuidar da portadora de Alzheimer, visto que sua função é considerada um privilégio e uma missão de vida que deve ser cumprida com êxito. A família, por sua vez, encara o processo inicial de descoberta do Alzheimer com estresse e tensão. Inicialmente apresenta-se confusa com as mudanças nos hábitos e comportamentos da idosa, evidenciados pelo esquecimento, alterações nos traços de personalidade e em atitudes incomuns bizarras. conclusões: Após a análise dos resultados foi possível constatar que com o avanço da doença os idosos são mais propensos a se afastar da vida social; para alguns membros da família/cuidador há um acréscimo e/ou desistência das atividades rotineiras e de lazer; além disso, cada ente da família acolhe a doença do idoso de forma peculiar, enquanto alguns agem com naturalidade, outros tendem à recusa. Palavras-chave: Alzheimer; relações familiares; cuidadores. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 163 P70 GRUPO de qUALidAde de vidA: PROjeTO de inTeRvenÇãO inTeRdiSciPLinAR nA SáUde dO idOSO Denise Regina Piva, Letícia Gomes Ferraz Taboada, Isabel Alonso Leite, Mário Amore Cecchini, Roberta de Siqueira Meloso, Christine Brumini, Diego Miguel, Silvio Lopes Alabarse, Amábile Guiotto Bezerra Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo introdução: O serviço de Psicologia do CRI-Norte de São Paulo atua nas diferentes demandas clínicas de atenção ao idoso, tendo sido o Grupo de Qualidade de Vida recentemente desenvolvido para atender pacientes com sintomatologia depressiva e/ou ansiosa leve, ou seja, sem alterações estruturais da personalidade e que tenham sua funcionalidade preservada. Com o aumento da expectativa de vida, observa-se hoje que o tema “qualidade de vida” é assunto fundamental na gerontologia, contemplando fatores como: lazer, motivação e auto-cuidado. O grupo conta com a participação das áreas de Educação Física, Fisioterapia, Nutrição e Centro de Convivência. Objetivo: Apresentar o Grupo de Qualidade de Vida e a importância do mesmo no cuidado integrado ao paciente idoso. Método: Foram realizadas 8 sessões nos moldes da psicoterapia breve psicodinâmica sob o referencial de D.W.Winnicott. Os atendimentos das demais especialidades aconteceram ao final de cada sessão psicoterapêutica. A partir do tratamento psicoterápico em integração com as demais atividades, abordou-se assuntos do cotidiano e acessando conteúdos subjetivos trouxe à tona questões que possam ter corroborado para o aparecimento de sintomas ansiosos e/ou depressivos com impacto na qualidade de vida. Com a abordagem grupal, a troca de experiências proporcionou a ampliação dos horizontes pessoais tornando possível a abertura para (re)construir sentido para a vida. Um conceito fundamental de winnicott, o espaço potencial, ajudou a compreender a importância do tratamento em grupo. winnicott (1968) denominou espaço potencial, um espaço criado entre cada paciente e também entre paciente e terapeuta que leva ao encontro que possibilita a experimentação. A Nutrição realizou orientação nutricional com palestra sobre os dez passos da alimentação saudável, preconizada pelo Ministério da Saúde, atendendo os idosos em ambulatório se necessário. O Educador Físico e Fisioterapeuta, ofereceram aos usuários conhecimento sobre hábitos saudáveis, qualidade de vida e autonomia funcional, envolvendo: a importância do exercício físico como forma de vida saudável, prevenção de riscos cardiovasculares, articulares e metabólicos. Foi estimulada a sociabilização e a importância de manter-se fisicamente ativo, inclusive após a finalização do grupo. O Centro de Convivência orientou sobre a importância da participação nas oficinas terapêuticas e realizou uma sessão de cinema com discussão junto a Psicologia. Resultados: Foi observado que qualitativamente houve melhora dos sintomas depressivos e ansiosos, tendo sido verificada diminuição das queixas relacionadas a sintomas físicos como dor, fadiga e esquecimento. Pacientes adquiriram hábitos de engajamento social, auto-cuidado, bem como, enfrentamento de conflitos cotidianos. conclusão: O bem estar físico, mental, psicológico e social foram as diretrizes para a construção deste projeto. A importância do trabalho integrado da equipe de saúde sob a mediação principal da Psicologia, tornaram possível ao paciente experienciar diversas intervenções sob uma perspectiva reflexiva que permitiu a elaboração de questões subjetivas variadas a partir do acesso as facetas fundamentais do humano como a lidar com a corporeidade, o contato com a cultura e o contato com o outro. Palavras-chave: Qualidade de vida, idoso, interdisciplinar, auto-cuidado. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 164 P71 ReFLexõeS cLÍnicAS SOBRe A ABORdAGeM MULTidiSciPLinAR AO idOSO cOM dOR cRônicA dO cRi – zn de SP Denise Regina Piva Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo introdução: O presente trabalho pretende discorrer sobre o Grupo Multidisciplinar de Dor Crônica realizado no ambulatório de Psicologia do Centro de Referência do Idoso da zona Norte de São Paulo, levantando questões pertinentes ao aspecto emocional e corporal de pacientes idosos com diagnóstico de dor crônica. Objetivo: Através do grupo tem-se como objetivo promover um espaço terapêutico no qual se propõe tratar dos aspectos específicos relacionados à dor e aos cuidados para o idoso. Assim, o grupo visa atender de forma interventiva a melhor maneira para tratar de alterações psíquicas e corporais que o paciente apresenta, levando em consideração o processo de envelhecimento. O combate à dor, no entanto, encontra um obstáculo que é o modo como é sentida pelo paciente, tornando a experiência dolorosa algo pessoal e intransferível nesse sentido busca-se através do grupo que os pacientes possam no contato com o outro refletir sobre a própria dor e assim resignificá-la, dessa forma é possível à integração do corpo as partes doloridas. Método: Baseia-se em atendimento psicoterapêutico grupal com sessões semanais, totalizando doze sessões, tendo uma hora de duração cada. Como critério para formação do grupo, os pacientes estarão sendo acompanhados pelo Serviço de Fisioterapia através do ambulatório de dor crônica. Quanto à fundamentação teórica, baseei-me em concepções psicanalíticas, tais como desenvolvidas por D.w winnicott (1971) com referência especial a relação entre psique-soma. Resultados: A partir das intervenções são apresentadas reflexões clínicas, tais como: como lidar com pacientes idosos que apresentem tal sintomatologia? Como orientar estes pacientes no manejo da própria dor? Como trabalhar o manejo clínico junto à equipe multidisciplinar? Os resultados obtidos são apresentados sob a forma de superação de limitações físicas (corporais) e aumento da percepção de aspectos emocionais e psíquicos. conclusão: Diante desses dados, poderíamos dizer que a Psicologia muito tem a contribuir para o tratamento e o estudo da dor junto à equipe multiprofissional contribuindo para o estabelecimento de uma rede favorável de cuidados, dando lugar às necessidades subjetivas dos pacientes que frente a um trabalho integrado, puderam ir para além da dor, iniciando a aproximação efetiva entre mente (psique) e corpo (soma). Palavras-chave: Dor Crônica, Psique-Soma, Paciente idoso. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 165 P72 dO qUe OS idOSOS Se qUeixAM? AMOSTRA dO SeTOR de PSicOLOGiA dO cenTRO de ReFeRÊnciA dO idOSO dA zOnA nORTe-SP Denise Regina Piva, Roberta de Siqueira Meloso, Letícia Gomes Ferraz Taboada, Isabel Alonso Leite, Mário Amore Cecchini Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo introdução: O presente trabalho tem como intuito apresentar os resultados de um estudo realizado no Serviço de Psicologia do CRI Norte, cujo foco foi detectar as queixas apresentadas pelos pacientes atendidos. O setor de Psicologia realiza atendimentos aos idosos nas demandas de Psicoterapia breve (em grupo e individual), Triagem e Avaliação Neuropsicológica. A instituição é uma parceria do governo do Estado de São Paulo e da Associação Congregação de Santa Catarina, que juntas, administram desde 2005 esta instituição, reconhecida como modelo de atendimento médico ambulatorial e multiprofissional com enfoque gerontológico, caracterizando-se como modelo de atenção secundária conforme proposto pelo SUS. Objetivo: Verificar as queixas dos pacientes que procuram o atendimento da Psicologia com vistas a detectar o perfil das mesmas e possíveis transformações ao longo do tempo. Método: Foram avaliados 1052 sujeitos entre idade de 60 e 98 anos entre os anos de 2007 e 2010. Foram analisadas as fichas destes pacientes em arquivo sigiloso do Serviço de Psicologia, nas quais constam dados sobre as queixas. Os dados foram inseridos em uma tabela comparativa entre os perfis de 2007, 2008, 2009 e 2010 e dividida em queixas como: “Alterações Cognitivas”, “Ansiedade”, “Conflitos Familiares/Interpessoais”, “Depressão”, “Medos” e “Queixas Psicossomáticas”. Resultados: Obtiveram-se os seguintes resultados (em porcentagem): Período Aletrações cognitivas Ansiedade Conflitos Familiares/ interpessoais depressão Medos queixas Psicossomáticas 2007 28 11 9 42 3 7 2008 28 14 9 40 4 5 2009 23 10 10 44 2 10 2010 32 10 9 41 2 10 Nota-se que as queixas apresentadas pelos pacientes atendidos no serviço de psicologia do CRI Norte mantiveram uma proporção razoavelmente estável ao longo do período referido. As queixas de Depressão estiveram presentes em aproximadamente 40% dos casos; Alterações Cognitivas em aproximadamente 30%; Ansiedade, Queixas Psicossomáticas e Conflitos Familiares/Interpessoais na casa dos 10%; e Medo em aproximadamente 3% dos casos. conclusão: Verificou-se que as queixas de depressão apresentam importante freqüência por parte dos pacientes atendidos. Tal dado evidencia a necessidade de viabilizar atendimentos individuais e grupais no que se refere à espaços para que se compartilhe de vivências emocionais e que estas possam ser reposicionadas. Verificou-se quantidade expressiva de queixas cognitivas, o que evidencia a necessidade e a importância do instrumento de Avaliação Neuropsicológica em um Serviço de Psicologia voltado ao público idoso. A partir disto, inaugura-se também um desafio para o Serviço, uma vez que tal instrumento ainda é pouco difundido entre os profissionais da Psicologia e, por outro lado, cada vez mais ganha importância enquanto norteador do trabalho com o público idoso. A presença de uma equipe multiprofissional a qual auxilia na construção de um raciocínio sobre as novas demandas de atendimento também se insere como outro instrumento. Desta forma, o Serviço de Psicologia do CRI Norte atualmente identifica o estabelecimento de novas demandas as quais modificam o paradigma de trabalho e atendimento ao público idoso, tendo em vista a prevalência das referidas queixas levantadas na pesquisa. Palavras-chave: Perfil; Queixa; Idoso; Serviço de Psicologia CRI-ZN SP. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 166 P73 viSiTA à UTi: AcOLHeR AnTeS, dURAnTe e dePOiS O FAMiLiAR/viSiTAnTe FRenTe à POSSiBiLidAde de UM HORáRiO ÚnicO de viSiTAÇãO Felipe de Souza Areco, Luciane Cerdan Del Lama, Juliana Vendruscolo Sociedade Portuguesa de Beneficência Hospital Imaculada Conceição – Ribeirão Preto - SP UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto e UNIP Universidade Paulista introdução: Trata-se de um estudo preliminar sobre a implantação do novo horário de visitação na Unidade de Terapia Intensiva da Sociedade Portuguesa de Beneficência – Hospital Imaculada Conceição e sobre o modo como o familiar/visitante lida com esse novo horário. Objetivo: Obter uma melhor organização na recepção para a entrada na UTI podendo assim evitar possíveis congestionamentos antes da passagem do médico responsável pela Unidade naquele plantão. Com isso a qualidade do atendimento ao paciente que recebe visitas e a qualidade para o familiar/visitante que vê o paciente hospitalizado acaba sendo mais adequado e acolhedor. Método: Foi instituído um novo projeto de melhorias no Hospital e a partir do mês de março de 2010 para um melhor desenvolvimento, o papel do Serviço de Psicologia tem tido um maior destaque junto às famílias/visitantes. Resultados: Estes aguardam a liberação para a entrada à UTI, após o Psicólogo do Serviço de Psicologia confirmar nas portarias de entrada os pacientes. A seguir recebem orientações, como: os crachás de identificação com o número do leito devem estar visíveis para identificação; ao entrar e ao sair devem lavar as mãos para a prevenção de bactérias a eles e aos próprios pacientes; celulares devem ser mantidos desligados ou no silencioso para não tocarem dentro da UTI; é mencionado sobre o tom de voz dentro da Unidade e que por respeito a todos os pacientes as conversas devem ser em tom de voz moderado; são orientados que a visitação é feita por até duas pessoas, podendo haver o revezamento onde os mesmos se organizam para até o término do horário de visita possam todos visitarem o paciente; recebem a orientação que o médico em que se encontra no local de plantão passará leito a leito, ainda, ao trocarem de visitante este deve passar o crachá de identificação para o próximo. conclusões: Vale ressaltar que a família ao visitar o paciente não está visitando “o paciente” e sim o familiar seja qual for o parentesco. E que este é um aliado da equipe e que ajuda, alivia e acima de tudo humaniza-o. Mesmo sendo visível que na grande parte dos hospitais não há uma política voltada para o relacionamento humanizado entre família, paciente e equipe, percebo que isso vem acontecendo diariamente, é a mistura do útil com o agradável para o paciente, mesmo aquele que está inconsciente. Ainda sim merece acolhimento, respeito e acima de tudo o familiar deve conversar com ele para que possa não só o paciente, mas também aquele que está ali usando da fala, esboçar aquilo que durante anos não pôde ou não teve oportunidade de dizer e agora está ali ilimitado a falar o que se quer e se pode. A família e o visitante têm o poder do enlace consangüíneo ou ainda do convívio, e o profissional Psicólogo tem o poder da palavra e do olhar, estes que devem ser usados para o conforto e o acolhimento. Agora. Palavras-chave: UTI, Acolhimento Psicológico, Famílias Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 167 P74 O qUe PenSAM OS PROFiSSiOnAiS de SAÚde e A POPULAÇãO SOBRe O SUS, O cUidAR e A ReLAÇãO de cUidAR? Vivian Maria Calderan, Zélia Zilda Lourenço de Camargo Bittencourt Universidade Estadual de Campinas introdução: Refletir a prática profissional no campo da saúde sugere um amplo olhar sobre a construção de conhecimento desta área, aliada a uma perspectiva histórica do contexto espaçotemporal vivenciado pelo ser humano. No Brasil, a reforma sanitária consagrada na Constituição de 1988 foi um grande esforço de mudança na esfera das políticas públicas no campo da saúde, cujas idéias encontram-se inscritas no Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: O estudo buscou conhecer as percepções dos profissionais de saúde e dos pais ou responsáveis de crianças atendidas em uma instituição de saúde pública, sobre o Sistema Único de Saúde, o cuidar em saúde e a relação do cuidar entre profissional e população. Ao observar estas interações na prática em saúde, refletir suas representações juntamente com as diretrizes do SUS. Método: O estudo contou com trinta sujeitos sendo quinze profissionais da área da saúde e quinze pais e/ou responsáveis por crianças em atendimento em uma instituição pública de saúde, designada clínica de especialidades sob gestão municipal, de uma cidade de médio porte do interior do estado de São Paulo. A pesquisa teve orientação metodológica qualitativa com a realização de trinta entrevistas individuais semi-estruturadas, que foram gravadas com autorização dos sujeitos. Para análise dos dados, realizou-se leituras flutuantes sobre o material transcrito, que posteriormente foram agrupados em categorias e submetidas à análise de conteúdo a partir da identificação dos fenômenos expressos. Resultados: Os dados sugerem que nos relatos dos profissionais de saúde as percepções do SUS e do cuidar em saúde encontram-se atreladas à própria prática profissional, sintetizando as ações em saúde em práticas clínicas de cada especialidade. Os pais e responsáveis entrevistados têm suas percepções através das experiências vividas cotidianamente junto ao SUS, ao cuidar em saúde e da relação com os profissionais. Tanto para os pais e responsáveis quanto para os profissionais, o SUS ainda é percebido como um modelo de saúde voltado para população de baixa renda. A relação entre o profissional e a população é vista pelos dois grupos entrevistados como parte constituinte do cuidar em saúde, de mútua interação entre os envolvidos e o seu contexto, e que apresenta algumas barreiras para o seu estabelecimento. conclusões: As percepções ampliam discussões quanto a promoção, prevenção e novos horizontes na construção de conhecimento em saúde; há as afinidades das falas dos entrevistados, embora sob perspectivas e lugares diferentes, e tais percepções relacionam o cuidar à promoção da saúde, dentro das mais diversas ações no campo da saúde, assim como o olhar a um cuidarem saúde imerso dentro de uma relação, sendo esta interação influente nas práticas de atenção a saúde. Palavras chaves: cuidar, relação profissional de saúde e população, Sistema Único de Saúde. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 168 P75 FAMiLiAReS de USUáRiOS de SeRviÇO de SAÚde MenTAL: PeRcePÇãO dA SOBRecARGA Maria Claudia Rodrigues; Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo introdução: As transformações ocorridas no campo da saúde mental estimularam o desenvolvimento de um dispositivo substitutivo de organização de cuidado em saúde caracterizado pelo modelo de intervenção psicossocial, evidenciando a necessidade de inclusão da família do paciente psiquiátrico ao tratamento. Objetivo: Neste contexto, o presente estudo teve por objetivo investigar a percepção de sobrecarga em familiares/cuidadores de usuários de um serviço substitutivo de saúde mental. Método: Participaram do estudo 20 familiares de usuários de um serviço substitutivo de saúde mental de internação parcial da cidade de Ribeirão Preto. Para coleta de dados utilizou-se de entrevista semi estruturada, sendo a mesma áudio gravado e transcrita na íntegra. Para a análise dos dados foram utilizados os princípios da Análise de Conteúdo. Resultados: Após leituras exaustivas do material coletado foi efetuada a categorização das respostas. O tema “sobrecarga” foi subdividido em “Cotidiana” e “Emocional”, envolvendo a percepção atual dos participantes quanto à sobrecarga gerada pela situação de sofrimento mental de seu familiar. Quanto à percepção de sobrecarga “Cotidiana”, os participantes relataram as consequências negativas, observáveis e concretas no seu dia-a-dia, resultantes da presença do doente na família, tais como: não poder sair de casa ou trabalhar, ser hiper vigilante aos cuidados básicos de higiene pessoal e alimentação do familiar e, principalmente, administração de remédios. Quanto à percepção de sobrecarga “Emocional”, os participantes relataram suas reações emocionais atribuídas à presença do doente mental na família, tais como: impaciência, intolerância aos comportamentos do familiar, reações impulsivas e não funcionais, tristeza e sentimento de desesperança. conclusões: A análise aponta que a avaliação da percepção de sobrecarga dos familiares/cuidadores colabora para a compreensão dos fatores que impactam a qualidade de vida dos mesmos podendo favorecer uma maior instrumentalização das equipes para a construção da parceria serviço-família no cuidado ao usuário, conforme proposto pelo modelo de atenção psicossocial. Palavras chave: Sobrecarga; saúde mental; família; serviço de saúde Apoio Financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 169 P76 GRUPO AcOLHeR: UMA exPeRiÊnciA de eScUTA PSicOLÓGicA nA SALA de eSPeRA de UMA UnidAde de TeRAPiA inTenSivA (UTi) OncOLÓGicA Mariana Paschoal Martins Hospital de Câncer de Barretos introdução: Em situações de adoecimento, o suporte familiar é de fundamental importância no auxílio ao paciente. A inclusão dos familiares no tratamento e o reconhecimento de suas necessidades viabilizam intervenções psicoterápicas efetivas, sejam elas informativas, de apoio psicológico ou psicodinâmicas. As intervenções familiares que promovem o encorajamento da expressão dos afetos demonstram benefício na diminuição da ansiedade e na qualidade da relação com a equipe. Em ambiente de UTI, a informação, a segurança e a ansiedade são apontadas como fatores que interferem na organização familiar e na maneira de enfrentar a situação. Esses fatores tendem a prejudicar a comunicação entre a família e a equipe e, conseqüentemente, o restabelecimento do paciente, devendo ser acompanhado cuidadosamente pelo psicólogo. Pensando-se nisto, a psicóloga da UTI do Hospital de Câncer de Barretos iniciou um grupo de sala de espera para os acompanhantes: o Grupo Acolher. Objetivo: Acolhimento aos acompanhantes dos pacientes internados na UTI, proporcionando troca de experiências e informações, além de ser um espaço para a expressão de sentimentos e estímulo à participação ativa da família no processo saúde/doença. Método: O grupo é realizado semanalmente, sob a coordenação da psicóloga, sendo esclarecido aos acompanhantes a rotina diária da UTI, mantendo-os informados sobre a situação atual que estão vivenciando. Em alguns encontros membros da equipe multidisciplinar são convidados para a participação no grupo, assim como profissionais da Ouvidoria do Hospital, com o objetivo de esclarecimento de dúvidas dos participantes. Resultados: Todas essas estratégias favorecem a redução de angústia e ansiedade dos acompanhantes, pois proporciona um espaço de escuta para eles. Além do mais, a troca de vivências entre os acompanhantes os faz compreender que muitas pessoas compartilham de sentimentos e dificuldades semelhantes, fazendo diminuir o nível de estresse, o que tem reflexo direto no cuidado ao paciente e no relacionamento com toda a equipe. conclusões: O alcance do trabalho do psicólogo será resultado de uma análise de suas possibilidades de atuação, que consiste na habilidade de utilizar um conhecimento amplo, em diferentes saberes, e de sua capacidade em ser ágil, flexível e tolerante a situações de elevado grau de ansiedade e de angústia. Essas características integram-se à avaliação criteriosa das condições clínicas do paciente, do contexto familiar e social em que ele se insere, bem como da relação estabelecida entre paciente, família e a equipe. Atender às necessidades dos familiares é uma das responsabilidades da equipe da UTI. A avaliação cuidadosa destas necessidades fornece subsídios importantes para a melhoria da compreensão, da satisfação e da capacidade para participar nas decisões relacionadas ao cuidado de alguém, que na maioria das vezes não poderá decidir por si próprio. Palavras-chave: Psicologia; Grupo de sala de espera, Unidade de Terapia Intensiva Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 170 P77 ORienTAÇãO e APOiO dURAnTe A inTeRnAÇãO PSiqUiáTRicA: O FOcO dA PSicOLOGiA nO cUidAdOR Vanessa Monteiro Bizzo Hospital Municipal Irmã Dulce. Praia Grande. S.P. introdução: Tendo em vista a Humanização nos serviços prestados aos portadores de transtornos mentais, vimos necessidade de criar num Hospital Público da Baixada Santista um protocolo de atendimento em Psicologia para atuação em Psiquiatria. O serviço de Psiquiatria deste Hospital segue o modelo de atenção atual, cuja política assistencial do Ministério da Saúde preconiza a diminuição da oferta de leitos hospitalares e a criação de serviços substitutivos de atenção à saúde mental. Com a finalidade de prestar apoio, acolhimento e oferecer informações e orientações os familiares e cuidadores dos pacientes internados na ala psiquiátrica são recebidos com um tratamento diferencial pela equipe multidisciplinar desde dezembro de 2010. O protocolo de atendimento em Psicologia envolve a interlocução e participação efetiva dos Serviços Social, Enfermagem e Medicina. Objetivo: organizar um protocolo de atendimento para atenção diferencial aos familiares e cuidadores de pacientes internados em ala psiquiátrica de um Hospital Geral. Este protocolo de atendimento tem a finalidade de sistematizar o trabalho dos psicólogos a fim de favorecer o espaço de informação e orientação aos familiares e cuidadores, e, por conseguinte, facilitar a curta duração da internação e a reintegração do paciente no seio familiar. Método: São realizadas três intervenções obrigatórias e uma opcional, se o profissional verificar a demanda. O acompanhamento psicológico é realizado com os cuidadores e familiares dado os seguintes passos: entrevista com roteiro definido; reunião de orientação sobre normas e funcionamentos da instituição; reuniões de preparação para alta do paciente e encaminhamentos necessários; e visitas monitoradas com a finalidade de aproximar o acompanhante de seu familiar (por exemplo, familiares e pacientes fazendo uma refeição juntos). Resultados: em dois meses se aplicação do protocolo pudemos notar através de follow up dos cuidadores que o paciente teve em casa uma maior adesão ao tratamento com as dicas recebidas no Hospital; não houve demora do atendimento na rede; familiares conseguiram manter um vínculo mais adequado com os pacientes; cuidadores puderam organizar formas de administrar melhor os cuidados ambulatoriais; pacientes permaneceram menos tempo internados, sem reinternações de curto prazo, como existia antes; melhora do grau de comunicação entre pacientes e cuidadores. conclusões: a aplicação do protocolo de atendimento colaborou na organização do serviço de atendimento ao paciente portador de sofrimento mental e tanto o cuidador quanto o paciente puderam se organizar e compreender o período de internação e preparar-se para a alta hospitalar; além do mais, a diminuição do tempo de permanência do paciente internado fez com que pudesse ser priorizado o tratamento em nível primário de atenção, tal como preconiza o Ministério da Saúde. Palavras-chave:psiquiatria;protocolo de atendimento; hospital geral. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 171 P78 cOnSTRUindO UM ATendiMenTO inTeGRAL A PARTiR dAS exPeRiÊnciAS dAS MULHeReS cOM SÍndROMe dOS OváRiOS POLicÍSTicOS Simone da Nóbrega Tomaz Moreira, George Dantas de Azevedo Universidade Federal do Rio Grande do Norte introdução: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino-ginecológico que se caracteriza, principalmente, por anovulação crônica e hiperandrogenismo, afetando entre 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Os seus principais sintomas incluem irregularidade menstrual, hirsutismo, infertilidade, acne, alopecia androgenética, obesidade e acantose nigricans. Eles se apresentam de forma bastante heterogênea, havendo diferenças marcantes na sua prevalência e intensidade entre diferentes grupos de mulheres com SOP. Sabe-se que esses sintomas podem provocar comprometimentos psicológicos e sociais, incluindo distresse psicológico, depressão, ansiedade e insatisfação sexual, além de sentimentos de inadequação ao papel feminino, podendo também interferir nas relações familiares/sociais e no desempenho profissional das mulheres com SOP, comprometendo sua qualidade de vida. Objetivos: Diante disso, este trabalho se propõe a avaliar a qualidade de vida das mulheres que apresentam a síndrome dos ovários policísticos (SOP), como também compreender a experiência vivida por essas mulheres diante dos sintomas que apresentam. Percurso metodológico: este estudo foi realizado em dois momentos distintos e compreendeu duas abordagens metodológicas: quantitativa e qualitativa. O estudo quantitativo incluiu um total de 213 mulheres, sendo 109 apresentando SOP (grupo caso: 26,85 ± 5,4 anos) e 104 saudáveis (grupo controle: 23,89 ± 6,7 anos), tendo sido utilizado o SF-36, instrumento genérico que avalia a qualidade de vida relacionada à saúde. A análise estatística compreendeu a utilização dos testes t de student e qui-quadrado, além dos testes de correlação de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Em relação à abordagem qualitativa, participaram do estudo 30 mulheres que apresentavam SOP, escolhidas propositalmente, a partir dos sintomas que apresentavam. Essas mulheres participaram de entrevista em profundidade, mediante uso de roteiro semi-estruturado. Os dados qualitativos foram analisados por meio da técnica análise de conteúdo temática categorial. Resultados: as mulheres pertencentes ao grupo SOP apresentaram comprometimento na sua qualidade de vida quando comparadas ao grupo de mulheres saudáveis (capacidade funcional 76,5±20,5 e 84,6±15,9, respectivamente; aspectos físicos 56,4±43,3 e 72,6±33,3; estado geral de saúde 55,2±21,0 e 62,5±17,2; vitalidade 49,6±21,3 e 55,3±21,3; aspectos sociais 55,3±32,4 e 66,2±26,7; aspectos emocionais 34,2±39,7 e 52,9±38,2; saúde mental 50,6±22,8 e 59,2±20,2). Em relação aos dados qualitativos, a análise temática categorial aponta que as mulheres expressaram sentimentos de “anormalidade” ou diferente das outras mulheres, tristeza, medo e ansiedade, os quais estiveram associados aos principais sintomas da SOP: hirsutismo, irregularidade menstrual, infertilidade e obesidade. Esses sintomas promoveram ainda repercussões na vida social das mulheres, como comprometimentos na esfera profissional e no relacionamento conjugal e também isolamento social. conclusões: a síndrome dos ovários policísticos compromete a qualidades de vida das mulheres que a apresentam, levando-as a se sentirem diferentes das outras mulheres. Devido a isso, a mulher com SOP não necessita apenas de tratamento médico para as repercussões reprodutivas, estéticas e metabólicas, mas de atendimento com equipe multidisciplinar, pois a SOP não é apenas uma condição física, mas também um problema psicossocial, podendo afetar vários aspectos da vida da mulher. Palavras chave: síndrome dos ovários policísticos; qualidade de vida; aspecto psicossocial, equipe interdisciplinar, psicologia da saúde Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 172 P79 AUTOcOnceiTO e cOMPORTAMenTO eM idOSOS cOM dOenÇAS cARdiOvAScULAReS eM TRATAMenTO AMBULATORiAL nUM HOSPiTAL de SãO PAULO Soraia Maria dos Santos Pereira, Valmari Cristina Aranha, Cláudia Fernandes Laham, Alessandra Santiago, Wilson Jacob Filho, Maria Lívia Tourinho Moretto e Mara Cristina Souza de Lucia Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: o autoconceito, a ideia que alguém formula sobre si mesmo e a partir da qual avalia suas características e potencialidades, é um constructo multidimensional e dinâmico que se modifica conforme o momento de vida. No envelhecimento, tal constructo interfere na percepção e capacidade de adaptação do indivíduo às transformações deflagradas nessa etapa do ciclo vital, como é o caso da emergência de doenças como as cardiovasculares. Objetivo: investigar a influência do autoconceito no posicionamento frente à doença e na qualidade de vida de idosos com problemas cardiovasculares. Método: Realizou-se um estudo exploratório com 15 idosos, sendo aplicados os instrumentos: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Entrevista semi-dirigida (composta por questões que investigavam a vida antes e depois do diagnóstico cardiovascular e de cujas respostas criou-se as seguintes categorias: I-Sujeitos cujas vidas não foram afetadas pelo diagnóstico; II-Sujeitos cujas vidas foram afetadas negativamente, mas se adaptaram e III-Sujeitos cujas vidas foram afetadas negativamente, mas não se adaptaram), Geriatric Depression Scale (GDS) e Escala de qualidade de vida (SF36). Do SF 36 foram analisados somente os domínios Aspectos Sociais, Vitalidade e Estado Geral de Saúde e do GDS apenas 7 questões que refletiam a auto-concepção do sujeito, sendo atribuído o valor 0 às respostas que denotavam auto-conceito positivo e 1 às sugestivas de auto-percepção negativa. Os dados foram analisados quali e quantitativamente, sendo compilados pelo exame de frequência e interpretados pela análise de conteúdo. Resultados: A amostra foi composta predominantemente por mulheres (13/15) e o diagnóstico cardiovascular principal foi hipertensão arterial sistêmica (13/15). A Categoria I (2/15) teve a pontuação média 2 nas questões do GDS e 61 em Estado Geral de Saúde, 61 em Vitalidade e 68,75 em Aspectos Sociais. Já categoria II (8/15) obteve 2,6 de média nas questões e 49; 52,5 e 53,12, respectivamente, nos domínios. Finalmente, a categoria III (5/15) alcançou 6,2 de pontuação média nos itens do GDS e 27 em Estado Geral de Saúde, 37 em Vitalidade e 37,5 em Aspectos Sociais. Assim, os sujeitos com auto-percepção negativa mostraram-se desadaptados à doença e com baixo rendimento nos aspectos avaliados do SF36, enquanto aqueles com auto-percepção positiva apresentaram-se adaptados e com melhor desenvoltura nos aspectos supracitados. conclusão: recomenda-se ao profissional da Psicologia a criação de estratégias terapêuticas preventivas para o fortalecimento da auto-estima e auto-imagem do idoso para que lhe seja possível um melhor enfrentamento das doenças crônicas que emergem no envelhecimento. Palavras-chave: Autoconceito; idoso; doença cardiovascular; qualidade de vida. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 173 P80 O cânceR GASTROinTeSTinAL: SiGniFicAdOS e iMPLicAÇõeS nA AdeSãO AO TRATAMenTO Marisa Pedrosa de Almeida, Glaucia Rosana Guerra Benute, Michele Gutierrez Ignácio, Mara Cristina Souza de Lucia CEPSIC / Divisão de Psicologia – ICHCFMUSP Neste estudo buscou-se identificar os fatores auto-referidos implicados na adesão às consultas entre pacientes com câncer gastrointestinal, e dentre esses, em que medida a ansiedade e a depressão em comorbidade com a doença, as crenças e os significados associados ao adoecimento, concorrem no fenômeno (adesão). Também em que medida o conhecimento sobre o diagnóstico da doença, sobre o câncer e os tratamentos disponibilizados, influenciam na re(significação) daqueles primeiros significados da doença e nos recursos de enfrentamento dela, e por fim, no fortalecimento de atitudes facilitadoras da adesão ao tratamento. Para tanto, foram entrevistados inicialmente 40 pacientes com câncer, presentes e/ou faltosos nas consultas agendadas no ambulatório cirúrgico III de hospital universitário, sito à cidade São Paulo/SP, e entre esses, foram identificados 19 pacientes com câncer gastrointestinal, sendo 12 presentes para a consulta e 07 ausentes na mesma, os quais constituíram a amostra do estudo. Os resultados obtidos evidenciaram que a ansiedade e a depressão em co-morbidade com o câncer gastrointestinal esteve ausente na maioria da amostra, e quando manifestadas, apresentavam-se em níveis leve ou moderado. Foi esclarecedor observar os significados identificados nas unidades de discurso no que toca o entendimento da complexidade das relações associadas ao processo do adoecimento e no câncer gastrointestinal. Palavras chaves: câncer gastrointestinal, ansiedade e depressão e adesão às consultas, crenças e significados, recursos de enfrentamento. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 174 P81 cOncePÇõeS e PRáTicAS dOS PROFiSSiOnAiS AceRcA dOS cUidAdOS eM SAÚde MenTAL nA ATenÇãO BáSicA Ana Izabel Oliveira Lima, Ana Kalliny de Sousa Severo, Nathaly da Luz Andrade, Larissa Melo da Silva, Gabriela Pinheiro Soares Universidade Potiguar introdução: As discussões que envolvem a produção de cuidados em saúde mental são temas cada vez mais instigantes na agenda dos que estão implicados com a questão do compromisso em relação à saúde coletiva no Brasil. Nesse sentido, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) constitui-se primordial para o atendimento a pessoa acometida por transtorno mental, possibilitando uma maior proximidade com o contexto de vida do usuário e de sua família. Objetivos: No que concerne aos objetivos deste trabalho, deseja-se analisar o cuidado que as Equipes de Saúde da Família estabelecem diante das demandas de saúde mental. Método: A pesquisa foi realizada em uma das Unidades de Saúde da Família do município de Parnamirim/RN. As estratégias metodológicas utilizadas foram a pesquisa bibliográfica e entrevista semi-estruturada com os técnicos das três Equipes da Unidade. Foram entrevistados 18 técnicos (66,7%) dos 27 profissionais das equipes. Como perspectiva teórico-metodológica adotou-se a Análise Institucional. Resultados: Os técnicos apresentam dificuldades em identificar os casos de saúde mental; os casos de saúde mental são compreendidos como ligadas aos códigos diagnósticos (agressividade, depressão pós-parto, esquizofrenia), sendo tal compreensão diretamente relacionada a seu cotidiano de trabalho; os casos são, em grande parte, encaminhados para serviços especializados (Centros de Atenção Psicossocial, Centros Clínicos e Hospitais Psiquiátricos) por atribuir-se a responsabilidade da saúde mental ao psicólogo e/ou ao psiquiatra; as equipes mantêm como estratégias de cuidado a renovação da medicação e o diálogo como uma estratégia de acolhimento, entretanto, elas vislumbram a importância de desenvolver cuidados grupais e o acolhimento da família. Conclusões: A análise dos dados indica a necessidade de investir em formações permanentes para as Equipes de Saúde da Família, discutindo a importância dos cuidados em saúde mental na atenção básica através dos cuidados territoriais, sobrepondo assim a lógica dos especialismos. Diante do fato de os profissionais da Estratégia Saúde da Família ainda não se sentirem familiarizados com o universo do sofrimento psíquico, demandando algum tipo de proposta que abarque essas angústias, acreditamos que o investimento no Apoio Matricial seria de extrema importância, potencializando o saber e a prática dos profissionais da atenção básica na resolutividade dos problemas que antes consideravam difíceis. Palavras-chave: Estratégia de Saúde da Família, Saúde Mental, Trabalho em saúde. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 175 P82 cRiAnÇAS eM eSTAdO de inTeRnAÇãO: dAndO vOz SOBRe O PROceSSO de SAÚde/dOenÇA Jéssyka Andreata Bolonine, Laiani Pianna, Renato Luchi Marassati, Roberta Scaramussa da Silva Faculdade Pitágoras – Unidade Linhares introdução: A situação de crianças em processo de internação hospitalar nos leva a refletir sobre os modos de enfrentamento construídos pelas mesmas para lidar com as injunções decorrentes do adoecimento fisiológico. De acordo com Georges Canguilhem saúde é a capacidade, a atitude de lidar autonomamente com as adversidades impostas pelo organismo ou pelo meio. Para esse autor, saúde não é ausência de danos, mas a capacidade de criar normas novas para lidar com esses danos. Objetivo: Considerando esse conceito de saúde, tivemos como objetivo principal, conhecer a percepção de crianças internadas acerca de seu processo de saúde e doença. Método: A pesquisa foi realizada com seis crianças com no mínimo 03 dias de internação, sendo estas indicadas por profissionais de saúde do Hospital Geral de Linhares-ES. A pesquisa teve caráter descritivo e qualitativo e utilizamos como recurso, atividades lúdicas aplicadas individualmente, abordando questões a respeito da percepção sobre o processo de saúde e doença. Para análise dos resultados os dados foram organizados por classes temáticas: Conhecimento sobre o local de internação; Motivos da internação; Sentimentos em relação ao Hospital; percepções sobre o profissional de saúde. Resultado: Os resultados obtidos indicaram que metade das crianças não sabia expressar onde estavam – o hospital. Pesquisadores apontam que tal fato poderia resultar, entre outras coisas, numa dificuldade de aceitação em receber os procedimentos necessários para sua recuperação visto que isso poderia gerar um certo grau de estresse. Em relação ao sentimento pelo hospital a maior parte das entrevistadas relatou gostar do hospital embora não gostem de alguns procedimentos que os submetem a dor, como por exemplo, a injeção, contudo destacaram o brincar como sendo o que mais gostam no local. Sobre os motivos da internação destacaram os sintomas de sua doença (dor, febre) ou a doença propriamente dita. No que se refere a representação das crianças sobre os profissionais de saúde identificamos que as mesmas não sabiam especificar as categorias profissionais (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, técnicos, psicólogos), todos eram para elas classificados como “doutores”. conclusão: Acreditamos que a criança internada seja capaz de enfrentar as adversidades impostas pelo meio hospitalar e pela própria doença, contudo referências na área apontam que medidas humanizadas, um olhar para além da doença e profissionais preparados para lidar com as singularidades dessa fase do desenvolvimento favorecem o processo de produção de saúde. Palavras-chave: crianças; saúde; doença. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 176 P83 viSãO dAS ReLAÇõeS SOciAiS eM PORTAdOReS dO vÍRUS Hiv Anne Michaela Gomes de Almeida, Laiani Pianna, Renato Luchi Marassati, Roberta Donatílio Cardia, Tamires dos Reis Faculdade Pitágoras – Unidade Linhares introdução: Pesquisas apontam que a incidência da contaminação de AIDS está relativamente alta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, entre 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de AIDS no Brasil, correspondendo a 0,6% da população. Conseqüentemente aumenta-se o convívio com os portadores do HIV. Objetivo: Sob essa perspectiva, esse estudo objetivou conhecer o cotidiano dos indivíduos que vivem com o vírus, acerca de suas relações sociais. Método: Para realização desse mapeamento, realizou-se uma pesquisa qualitativa com 6 participantes residentes no norte do estado do ES. A pesquisa de cunho qualitativo ocorreu por meio de entrevista individual contendo roteiro semi-estruturado. Os participantes foram separados em dois grupos, três residentes de Instituição voltada para portadores do vírus HIV e três residentes em domicílios próprios ou com suas famílias. Para análise dos resultados os dados foram organizados por classes temáticas e ponderados de acordo com a literatura da área. Resultados: Os resultados obtidos revelaram uma resistência a aceitação a portabilidade do vírus, com baixa busca de apoio da família no momento inicial. Isso se mostra com mais evidência nos vínculos empregatícios, onde o preconceito, acompanhados por estereótipos foram relatados. Após período de adaptação com o vírus nenhum dos entrevistados relatou privação de seus relacionamentos sociais e hábitos, mas passaram a ter uma série de cuidados especiais, para o não contagio de seus colegas. Quanto ao aspecto mais subjetivo, do que é “estar soropositivo” as respostas foram diversificadas, provavelmente pelas diferentes experiências vividas acerca da doença, da aceitação pessoal e social. conclusão: Dessa forma, conclui-se que a saúde ou doença desses sujeitos em suas relações está diretamente relacionado ao modo que cada um significou o vírus, atravessados por sua história singular, e ao mesmo tempo o contexto sócio-histórico que está inserido. De maneira geral os participantes residentes em domicílios próprios ou com família, tendem um convívio social mais intenso, com rotina mais semelhante as que viviam antes de adquirirem o vírus. Palavras-chave: HIV; social; cotidiano. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 177 P84 cRiAnÇAS e AdOLeScenTeS vÍTiMAS de exPLORAÇãO SexUAL: UMA AnáLiSe qUALiTATivA Anne Michaela Gomes de Almeida,Cristiane Fogos Vieira, Isadora Ardiçon, Jéssyka Andreata Bolonine, Thaissa Lima Maciel Faculdade Pitágoras Linhares introdução: o presente trabalho é marcado pela discussão sobre a violência sexual em crianças e adolescentes. Esse sério problema social, que devido ao impacto negativo acarreta ao desenvolvimento infantil, tem sido considerado um grave problema de saúde pública, social e especificamente na última década como um problema de grande relevância política. Essa forma de violência pode deixar marcas profundas no desenvolvimento da criança e do adolescente, porém, apesar da seriedade, ainda há muito que se avançar. Objetivos: sob esse viés, a pesquisa objetivou caracterizar a violência sexual em crianças e adolescentes, visando conhecer e compreender o perfil dos abusadores e abusados. Método: para atender essa expectativa optou-se pela utilização da análise documental/qualitativa do PAEFI que é o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos, em uma cidade do norte do estado do ES. A pesquisa foi realizada em duas fases: na primeira foram analisados prontuários, contendo anamneses e fichas de atendimento individual, visando caracterizar o perfil das crianças e do abusador; na segunda etapa foi realizada entrevista com roteiro semi-estruturado com a psicóloga do serviço. Resultados: com os dados analisados, foi possível conhecer a atuação do psicólogo e identificar as situações de abuso e exploração sexual vivenciadas pelas crianças e adolescentes que são atendidas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos. conclusões: portanto, percebe-se o quanto ainda é possível e é preciso investigar acerca do assunto, e que também é primordial que os profissionais de Psicologia devam estar por dentro destas questões, pois tudo isso é relevante para que os mesmos desempenhem um trabalho mais especifico na área, sendo facilitadores e promovendo saúde neste processo que é tão desgastante para a criança e o adolescente. Palavras-chave: crianças, adolescentes, abuso sexual, exploração sexual. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 178 P85 cOnHecendO O (deS)cOnHecidO: AS cOncePcõeS de AcOMPAnHAnTeS de cRiAnÇAS inTeRnAdAS SOBRe SAÚde Cristiane Fogos Vieira, Isadora Ardiçon, Thaissa Lima Maciel, Roberta Scaramussa Faculdade Pitágoras Linhares introdução: No que diz respeito ao tema saúde são produzidos, no Brasil, inúmeros estudos nos quais predominam a visão Biomédica de saúde como sinônimo de ausência de doença. Porém, para fins deste estudo, o conceito de saúde está para além de sua redução a procedimentos de cura e eliminação de sintomas. Para Georges Canguilhem saúde é a capacidade do sujeito de construir normas novas em situações de adversidade. Objetivos: o presente trabalho desenvolvido na disciplina de Psicologia da Saúde do Curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras-Linhares teve por objetivo investigar as concepções de saúde de acompanhantes de crianças internadas em um hospital público do norte do Espírito Santo. Método: Participaram desta pesquisa 6 acompanhantes selecionados a partir de um critério principal: os acompanhantes deveriam estar acompanhando a criança desde o momento em que a mesma foi internada, sendo a internação de no mínimo três dias. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas na íntegra e posteriormente analisadas com base na Análise de Conteúdo. Resultados: como resultado do trabalho de pesquisa, verificou-se que o conceito de saúde dos acompanhantes consiste em sua maioria, como sinônimo de bem-estar pleno e ausência de doença, verificamos ainda o desconhecimento sobre as contribuições do profissional psicólogo como profissional promotor de saúde. Nota-se nas percepções a reprodução do modelo biomédico ao definirem saúde como ausência de doença ou estado de cura do organismo, tal representação se reflete também na manutenção da figura do médico e do enfermeiro como profissionais da cura e do tratamento. conclusões: os resultados encontrados apontam para a necessidade de repensar as práticas (re)produzidas no contexto hospitalar no que se refere as concepções de saúde a medida em que tais práticas formatam as representações dos usuários que já trazem a visão estereotipada da saúde como ausência de doença e o médico como figura central deste campo. Faz-se necessário produzir novos modos de pensar o espaço e atenção hospitalar mais comprometidos com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde construindo então, um conceito de saúde efetivamente ampliado. Palavras-chave: saúde, hospital, percepções. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 179 P86 cOMPROMeTiMenTO cOGniTivO dO idOSO cOM SÍndROMe MeTABÓLicA Nadia Shigaeff, Alessandro Ferrari Jacinto, Fábio Gazelato Franco, Gabriela Chiochetta, Sandra Aparecida Pereira, Miriam Ikeda, Maysa Seabra Cendoroglo, Vanessa de Albuquerque Cítero Universidade Federal de São Paulo; Hospital Israelita Albert Einstein introdução: A síndrome metabólica (SM) tem sido relacionada a prejuízos cognitivos em idosos, principalmente na presença de hiperglicemia. Os estudos científicos apresentam uma avaliação cognitiva reduzida, usando testes de rastreio ou avaliando apenas os domínios de memória e atenção. Outras funções cognitivas e os demais fatores que compõem a SM são pouco estudados. Objetivo: Descrever as funções cognitivas perceptivas, de memória e aprendizagem, de linguagem, de pensamento e executiva em idosos com SM, correlacionando as funções com os diversos fatores que compõem a SM. Método: Estudo transversal com 13 idosos (≥65 anos) com SM, de um ambulatório de geriatria. Os pacientes foram submetidos à avaliação geriátrica global e a uma bateria de testes neuropsicológicos: Teste do Desenho do Relógio (TDR), Boston Naming Test (BNT), Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT), wisconsin Card Sorting Test (wCST), FAS, Trail Making Test (TMT-parte A e B) e os subtestes Cubos (C) e Dígitos (D) (ordem direta e inversa) da bateria wAIS-III. Realizada análise das medidas de tendência central das variáveis continuas e aplicado o teste de correlação de Spearman entre os escores neuropsicológicos e as medidas-chaves da SM (pressão arterial, circunferência abdominal, glicemia de jejum, triglicérides e HDL). Resultados: Os pacientes eram na maioria do sexo feminino (92,3%), com mediana etária de 72 anos e de escore 26 no Mini Exame do Estado Mental (escolaridade entre 1 e 8 anos). Com relação à SM, os idosos apresentavam as medianas de pressão arterial média de 117 mmHg, da circunferência abdominal de 104 cm, da glicemia de jejum de 118 mg/dl, de HDL de 49 mg% e de triglicérides de 129 mg/dl. Na avaliação neuropsicológica obtiveram a mediana em percentis de: 24% em C; 31% no BNT; 18% no TDR; 63% em D; 0,1% na parte A do TMT e 0,5% na parte B; 31% no FAS. No wCST obtiveram 27% nas repostas perseverativas, 30% em erros perseverativos,16% em respostas de nível conceitual, assim como em número de categorias completadas e fracasso em manter contexto. No RAVLT apresentaram 50% no total da lista A, 46% no total da lista B, 16% na retenção da lista A, 27% na evocação tardia da lista A e 10% e 46%, respectivamente, no reconhecimento da lista A e B. Houve correlação (p≤0,05) da circunferência abdominal com TDR (r= 0,62) e com RAVLT total lista A (r= -0,77); da pressão arterial média com D (r= -0,81), da glicemia de jejum com RAVLT reconhecimento da lista B (r= -0,89), e dos triglicérides com RAVLT reconhecimento da lista B (r= -0,57). conclusões: Este estudo preliminar com 13 idosos portadores de SM evidenciou que há comprometimento cognitivo leve a moderado nas funções de memória episódica e operacional, atenção e função executiva, em relação ao padrão de resposta de idosos saudáveis da mesma idade. Apenas testes que avaliam a memória apresentaram correlação estatisticamente significante com glicemia de jejum e triglicérides, sugerindo que quanto menores forem essas medidas clínicas, melhores são os desempenhos na aprendizagem e evocação da lista A e no reconhecimento da lista B. Palavras-chave: Síndrome Metabólica; Avaliação Neuropsicológica; Comprometimento Cognitivo; Idoso. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 180 P87 AvALiAÇãO de UM GRUPO de PROMOÇãO de SAÚde nA eSTRATéGiA SAÚde dA FAMÍLiA Ellen Tahan-Santos, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo introdução: A Estratégia Saúde da Família (ESF) constitui-se num importante veículo para a organização da atenção primária à saúde. Tal estratégia trabalha com uma concepção ampliada de saúde o que demanda novas tecnologias do “fazer” em saúde. Nesse sentido, os grupos de promoção de saúde na comunidade podem ser uma ferramenta que auxilia o desenvolvimento da autonomia e das condições de saúde dos participantes, além de contribuir para potencializar as capacidades dos indivíduos, gerar mudanças de comportamento e facilitar a formação de relações sociais. Objetivo: Avaliar a experiência de usuários da ESF em um grupo de promoção de saúde na comunidade. Método: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, que utilizou o método de Análise de Conteúdo Temática para a análise qualitativa do material. Foram realizadas seis entrevistas abertas com os participantes do grupo. As entrevistas foram áudio-gravadas e transcritas na íntegra. O grupo avaliado teve início em fevereiro de 2003 numa Unidade de Saúde da Família da cidade de Ribeirão Preto-SP. É um grupo aberto, realizado uma vez por semana, durante duas horas e coordenado por agentes comunitárias de saúde, técnicas de enfermagem e estagiários de psicologia. O grupo visa promover saúde através da integração entre os participantes, fortalecer o vínculo com a equipe e a formação de uma rede de ajuda mútua. Para tanto, são desenvolvidas atividades lúdicas, discussões de temas e passeios. Resultados: Através da análise das entrevistas foram construídas duas categorias temáticas: Concepções do Grupo e Percepções de Mudanças. A análise do corpus aponta que o Grupo é percebido pelos participantes como um espaço de divertimento, facilitador de relacionamentos sociais e de lazer. Os integrantes referem que a participação no mesmo trouxe mudanças valoradas positivamente, principalmente no que diz respeito aos vínculos, aos aspectos psicossociais e à qualidade de vida. Além disso, o Grupo pôde auxiliar na formação de uma rede de apoio mútuo e numa maior interação entre equipe de saúde-usuário. conclusão: A construção e o desenvolvimento de grupos de promoção de saúde têm possibilitado colocar em prática as novas propostas do SUS com foco na promoção da saúde. A participação em tais grupos pode ser uma tecnologia importante para responder a determinadas necessidades dos usuários, com impacto na qualidade de vida e mudanças no processo saúde-doença. Palavras-chaves: Saúde da Família; Promoção de saúde; Grupos. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 181 P88 SATiSFAÇãO de USUáRiOS eM ReLAÇãO à eSTRATéGiA SAÚde dA FAMÍLiA: diMenSõeS eSTRUTURAL, ORGAnizAciOnAL e ReLAciOnAL Ellen Tahan-Santos, Carmen Lúcia Cardoso Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo introdução: A Estratégia Saúde da Família (ESF) constitui-se como uma tentativa de efetivação das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre as quais está o incentivo à participação popular. O campo da avaliação em saúde expandiu-se consideravelmente nas últimas décadas e as pesquisas de satisfação de usuários ganharam destaque. A avaliação da satisfação de usuários com os serviços de saúde pode contribuir para qualificar, aprimorar serviços e melhorar formas de atuação em saúde. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo investigar a satisfação de usuários em relação à ESF, considerando-se as dimensões estrutural, organizacional e relacional. Método: Foram entrevistados 16 usuários de uma Unidade de Saúde da Família (USF). As entrevistas foram áudio-gravadas e transcritas na íntegra. Para análise do material utilizou-se a abordagem qualitativa em pesquisa, através da Análise de Conteúdo Temática. Foram construídas as categorias: a) relacionamento entre equipe de saúde-usuário e médico-usuário; b) recursos disponíveis; c) acesso da população aos serviços. Resultados: Os resultados apontam para satisfação dos usuários em relação a dimensão relacional, ou seja, no que se refere ao relacionamento equipe de saúde-usuário e médico-usuário, os entrevistados avaliam positivamente a forma como são recepcionados, atendidos e cuidados por esta equipe, além de apontarem para a efetiva formação de vínculo com os profissionais da Unidade. Em relação à dimensão estrutural os usuários avaliam negativamente os recursos físicos que a Unidade disponibiliza para o atendimento da população e apontam para a necessidade de ampliação dos recursos humanos. Na dimensão organizacional os usuários apontam insatisfação no que se refere à disponibilidade do horário de funcionamento e ao acesso a outros serviços de saúde. No entanto, referem satisfação quanto ao tempo de espera na recepção, quanto ao agendamento de consultas e quanto à localização geográfica da Unidade. Conclui-se que os usuários estão satisfeitos com aspectos das dimensões relacional e parcialmente satisfeitos com a dimensão organizacional. Porém demonstram insatisfação com a dimensão estrutural. conclusão: Destaca-se a relevância da avaliação do usuário para a construção de um serviço que responda as necessidades do mesmo e a efetiva implementação da participação popular na organização de serviços de saúde. Palavras-chaves: Saúde da Família. Avaliação de serviços de saúde. Satisfação do usuário. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 182 P89 A iMPLAnTAÇãO dO SeRviÇO de PSicOLOGiA nO HOSPiTAL GeRAL Luciane Cerdan Del Lama Sociedade Portuguesa de Beneficência Hospital Imaculada Conceição – Ribeirão Preto – SP introdução: A implantação e a padronização dos atendimentos psicológicos no contexto hospitalar, mais do que favorecer a integração multidisciplinar e prover de dados pertinentes que auxiliem a equipe no trato com o paciente, levam a uma melhoria contínua no atendimento prestado a este, sendo também relevante e profícuo à instituição na elaboração das estatísticas atinentes a procedimentos e demandas. Tal proposta se subdivide em duas principais linhas de atuação: o desenvolvimento de procedimentos e o desenvolvimento de instrumentos. Objetivo: Tal protocolo de avaliação foi desenvolvido por não constar um protocolo de avaliação da Psicologia para seguir conforme os atendimentos solicitados e assim, anexar aos prontuários, e o intuito seria de modo a orientar triagem e registros de atendimentos no Hospital, visto que existe uma alta rotatividade de leitos e atendimentos solicitados. Método: Etapa 1 - Triagem Psicológica Hospitalar: Caracteriza-se pela visita a todos os leitos. Nesta primeira etapa, realiza-se uma breve avaliação e a triagem de pacientes com eventuais transtornos mentais, de comportamento ou ajustamento. Trata-se de uma avaliação objetiva e exploratória, porém não exaustiva. Etapa 2 - Avaliação Psicológica Hospitalar: Caracteriza-se por uma ampliação e maior especificação da etapa da triagem. Nesta, serão avaliados mais pormenorizadamente os pacientes que apresentaram tal necessidade na etapa da triagem seguindo o protocolo de avaliação. Cabe relevar que o uso do protocolo de avaliação aqui sugerido não dispensa o uso de instrumentos validados e padronizados de avaliação psicológica. Etapa 3 – Acompanhamento Psicológico Hospitalar: Após avaliação e sendo identificada a necessidade de acompanhamento/atendimento, o paciente recebe atenção sistemática e focal, caracterizado por visitas regulares da equipe de psicologia hospitalar. É importante considerar que os dados levantados nas etapas anteriores (etapas 1 e 2) são de substancial importância ao delineamento de intervenções focais e objetivas. Sob a designação “desenvolvimento de instrumentos” refere-se ao desenvolvimento e constante aperfeiçoamento de protocolos de avaliação e atendimento. Os instrumentos caracterizam-se por um roteiro de exame psicológico, abordando funções psicológicas básicas, tais como cognição: (atenção, percepção, memória, consciência, pensamento), emoção (estados afetivos) e relacionamentos interpessoais (rede de reforço psicossocial, relacionamento familiar e com a equipe de saúde), dados pertinentes ao quadro clínico e ao processo de hospitalização. Informações sigilosas, que eventualmente os pacientes possam vir a relatar, não são registradas ao protocolo sugerido, de modo a respeitar o sigilo e manter uma postura ética frente às demandas do paciente. Resultados: Esperou-se com a implantação desta proposta o delineamento da identidade do Serviço de Psicologia dentro da Instituição Hospitalar e, desta forma, respaldar a atuação profissional, incentivando a atuação multidisciplinar e promovendo maior qualidade na prestação de serviços. conclusões: A guisa de finalização destas considerações acredita-se que esta proposta de trabalho cumpra com o objetivo supracitado, ou seja, contribua não só à atuação prática, mas também à delimitação da identidade da psicologia hospitalar, atendendo também a uma característica precípua ao atendimento neste contexto: uma intervenção focal, objetiva e, sobretudo, resolutiva. Palavras-chave: Triagem, Avaliação, Acompanhamento, Roteiro de Avaliação Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 183 P90 A eScUTA PSicOLÓGicA: eU AdOeci, MAS POSSO cOnTinUAR A viveR - O PSicOTeRAPeUTA deSveLAndO nOvAS POSSiBiLidAdeS cOM O PAcienTe nA UTi Felipe de Souza Areco, Luciane Cerdan Del Lama, Juliana Vendruscolo Sociedade Portuguesa de Beneficência Hospital Imaculada Conceição – Ribeirão Preto - SP UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto e UNIP Universidade Paulista introdução: Para Simonetti (2004) a Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento de aspectos psicológicos atrelados ao adoecimento. Ele define um aspecto psicológico como as manifestações subjetivas da doença, que são as crenças, os sonhos, os conflitos, as lembranças e os pensamentos. Ou seja, parafraseando o próprio autor, a doença não fala o doente sim. Objetivo: Ajudar o paciente, dentro de uma UTI, a resgatar questões de sua vida diária, noções de tempo e espaço, entender, na medida do possível, seu processo de adoecimento, pois o paciente encontra-se num local fechado. Método: foram realizados atendimentos diários com enfoque teórico na abordagem Fenomenológico-Existencial, totalizaram trinta e oito atendimentos com Tatiana (nome fictício), 49 anos, com entrada diretamente na UTI, permanecendo hospitalizada cinqüenta dias devido à Insuficiência Respiratória Aguda. Resultados: os atendimentos foram realizados ao lado do leito, dentro da Unidade de Terapia Intensiva, algumas vezes ocorreram através da escrita, pois a paciente estava traqueostomizada e apenas gesticulava. Tatiana participou ativamente dos atendimentos psicológicos, que foram pautados em uma relação verbal, pelo psicoterapeuta e escrita, com a paciente. Foi possível entender a paciente no contexto hospitalar, na medida em que a mesma permitia e a se permitia seus gostos, seus costumes, e até mesmo sua vaidade puderam ser trabalhadas, e isso aparecia devido a abertura de novas ideias durante a hospitalização. A todo instante era necessário mostrá-la o quanto ela estava frágil, mas pontuar que era possível voltar a ser forte e então foi significante todo o processo terapêutico conhecê-la, sondá-la nas suas maiores particularidades para que então ela se apropriasse de seu processo de adoecimento. conclusões: Foi possível observar, em determinados momentos, que poucas pessoas sinalizavam à Tatiana compreendê-la em sua fragilidade, considerando o quanto isso é natural no ser humano. Contudo ela conseguia expressar seu sofrimento e desejo de superação de vida, o que a implicava no processo psicoterapêutico. Olhar-se e ser olhada independente de sua hospitalização, fez com que a paciente fosse além de suas limitações psíquicas, passando a entender que tudo o que ela fazia fora do hospital, moderadamente podia ser feito em sua hospitalização. O importante, é que o profissional consiga compreender com o paciente suas limitações para que este possa também transcendê-las, de algum modo, e ao seu modo. Só foi possível desvelar com a paciente novas possibilidades, pois sua doença não falava, mas ela sim. Dessa maneira o paciente absorvido em seu sofrimento se responsabiliza pela sua própria existência. Palavras chave: adoecimento, fenomenologia, UTI. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 184 P91 ReABiLiTAÇãO cOGniTivA e APOiO PSicOSSOciAL: UMA PAcienTe PÓS-AcidenTe vAScULAR ceReBRAL - ReLATO de exPeRiÊnciA Cristiane Lang Cabral Gomes, Serginaldo José dos Santos Universidade Católica Dom Bosco introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais patologias neurológicas, resultando em grande diversidade de quadros topográficos, com sintomas diversos e graus de severidade, sejam de ordem física, sensorial, psíquica e emocional. Sua recuperação muitas vezes é fragmentada nas diferentes áreas da reabilitação e com isso muitas vezes a globalidade do indivíduo fica reduzida a subáreas de atenção, focadas no motor, nas atividades da vida diária (AVD), ou nas disfunções cognitivas, emocionais e psíquicas. Objetivo: Avaliar o atendimento a uma paciente com AVC, dentro de uma perspectiva de clínica compartilhada. Metodologia: Triagem, observação e acompanhamento da paciente de maio de 2009 à agosto de 2010, junto ao atendimento de reabilitação na área de fisioterapia, e quando necessário, atendimento individual e orientação à família, e acompanhamento em consultas psiquiátricas. A paciente apresentava sequelas neuropsicomotoras decorrentes de um segundo episódio de AVC, em regiões periventriculares e córtex fronto-parietal à direita, causando hemiparesia hipotônica grave à esquerda, dificultando atividades simples como sedestação e bipedestação, heminegligência e total dependência de cuidados nas AVD. Associado a confusão mental, labilidade e depressão. Durante as sessões eram realizados exercícios de estimulação cognitiva, incentivando a atenção e a percepção aos estímulos sensório-motores, além de memória de curto prazo, controle de comportamentos sexuais exacerbados e relações interpessoais. Resultados: O trabalho compartilhado permitiu melhora no quadro de heminegligência, aprimorando a utilização do hemicorpo acometido, o permanecer sentado e ficar de pé, com retorno do uso em atividades automáticas. Houve redução do quadro depressivo, observado pela melhora do humor e pela maior colaboração durante as atividades funcionais. conclusão: o acompanhamento compartilhado na área de reabilitação possibilita a inserção maior do psicólogo, contribuindo em sua recuperação não apenas motora, resultando na melhora de sua qualidade de vida e no estado psíquico e afetivo do paciente. Palavras-chave: acidente vascular cerebral; reabilitação neuropsicológica; estimulação cognitiva Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 185 P92 O cUidAdOR e A diFÍciL TAReFA de cUidAR de Si MeSMO: GRUPO de APOiO A cUidAdOReS de cRiAnÇAS cOM deFiciÊnciAS Serginaldo José dos Santos, Cristiane Lang Cabral Gomes Universidade Católica Dom Bosco - UCDB introdução: A família é o primeiro grupo social do indivíduo, essencial no sentido individual e coletivo, por ser uma das principais instituições humanas responsáveis pela educação e pela sensibilização de funções e de papéis sociais. A compreensão dos diferentes estágios do desenvolvimento da família, assim como dos impactos de uma doença no seu interior, possibilita a formulação de estratégias para torná-la atuante e participante dos cuidados. Para isso, os profissionais envolvidos no processo de reabilitação, dentre eles o psicólogo, devem compreender como o cuidado por longos períodos afeta a vida das famílias, e do importante papel de sua atuação preventiva, a fim de minimizar possíveis sobrecargas que tornariam outros familiares vulneráveis ao próprio adoecimento. Objetivo: Compreender o cotidiano e os relatos de enfrentamento de cuidadores de crianças com deficiência em atendimento de reabilitação. Metodologia: formaram-se grupos de psicoterapia de apoio para 27 cuidadores, com encontros semanais entre fevereiro de 2008 a maio de 2009. As sessões foram analisadas a fim de se aprender os significados e a composição dos discursos pela técnica da análise de conteúdo, descrita por Bardin. Resultados: Os resultados mostraram três momentos, divididos pelo cotidiano do cuidar e a simbiose com a criança e sua patologia, passando pela busca de identificação dissociada à da criança cuidada, e, por último, o retomar de suas necessidades e as mudanças a serem conquistadas. conclusão: conclui-se que o grupo de apoio ao cuidador é um instrumento não só de adaptação face ao adoecimento crônico e aos processos de reabilitação, mas também possibilitando momentos de re-significação como pessoa e de todas as suas necessidades. Palavras-chave: cuidador; terapia de grupo; crianças com deficiência. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 186 P93 O diAGnÓSTicO MédicO e O ATendiMenTO PSicAnALÍTicO eM UM HOSPiTAL de nÍveL TeRciáRiO Esther Maynart P. Mikowski introdução: Historicamente, o médico foi concebido como detentor do saber sobre o indivíduo adoecido. Numa instituição como na qual este trabalho ocorreu, Instituto da Criança do HCFMUSP, é o médico quem encaminha o paciente para o atendimento psicanalítico, seja por decisão própria ou a pedido da família. Tal paciente ali está por portar, frequentemente, uma patologia complexa que requer um atendimento especializado que um hospital de nível terciário, segundo a classificação do Sistema Único de Saúde, pode oferecer. Contudo, o que possibilita a análise, mesmo na instituição, é a transferência e a implicação do sujeito. Objetivos: refletir sobre a concepção histórica do diagnóstico no meio médico e sua função em uma instituição hospitalar; relacionar o diagnóstico médico com o atendimento psicanalítico em Instituição Pediátrica; percorrer o conceito de “entrevistas preliminares” para definir as primeiras entrevistas no Hospital: suas possibilidades e limites. Método: Trata-se de um trabalho teórico-clínico que parte de uma revisão bibliográfica para discutir uma questão central e seus desdobramentos. É um recorte da monografia de conclusão do Aprimoramento em Psicologia Hospitalar em Instituição Pediátrica do referido hospital. Sua temática foi suscitada a partir da prática da profissional e as inquietudes de se pensar a psicanálise em instituição. Resultados/discussão: neste hospital, o diagnóstico médico não é central apenas por se enquadrar no nível terciário, mas também pela história do hospital e pela forma de inserção do discurso médico. Por conta disso, na chegada ao atendimento psicanalítico é comum que o paciente traga o seu diagnóstico médico como prioritário. No entanto, é preciso que haja uma demanda de análise. Então, as entrevistas preliminares teriam esta função: perceber se para além do encaminhamento médico, há um sujeito implicado, o que viabiliza o atendimento psicanalítico. conclusão: o diagnóstico médico tem um lugar no atendimento psicanalítico em uma instituição como esta, mas é o discurso do sujeito que irá conferir que lugar é este. Portanto, foi possível pensar o modo como o paciente, e sua família, muitas vezes usa este diagnóstico e através da análise seria possível uma mudança de posição subjetiva, especialmente quando o discurso do médico, entidade mesma que concebe o diagnóstico, desapropria-o das queixas apresentadas pelo paciente. Palavras-chave: hospital de nível terciário; diagnóstico médico; psicanálise Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 187 P94 MAPeAndO O cUidAdO FAMiLiAR à PeSSOA eM SOFRiMenTO PSÍqUicO e AS RedeS de APOiO SOciAL nA ATenÇãO BáSicA Ana Kalliny de Sousa Severo, Larissa Melo da Silva, Mariana Luiza de Andrade Cabral Silva, Gabriela Pinheiro Soares Universidade Potiguar introdução: A Reforma Psiquiátrica tem como objetivo principal melhorar o atendimento e as práticas de cuidado a pessoas em sofrimento psíquico grave, criando serviços substitutivos para desconstruir o modelo manicomial. O campo da saúde mental, no que se refere a relação do louco com a família, passou por diversas transformações de acordo com as mudanças históricas e sociais vivenciadas pela sociedade. Atualmente são inúmeras as discussões em torno disso, e uma delas aponta para a necessidade do trabalho com a família da pessoa em sofrimento psíquico grave nos vários contextos, pelo fato de perceberem o quanto é importante o apoio e cuidado da família a pessoa em sofrimento psíquico, como também por perceber que a família fica sobrecarregada (afetivo, financeiro, médico e etc.) em relação ao cuidado. Enfatizamos, desse modo, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) que toma a família como unidade de cuidados em saúde, intervindo no seu contexto, atuando no contexto da saúde mental co mo um suporte à família da pessoa com transtorno mental. Objetivo: No que concerne aos objetivos deste trabalho, almeja-se investigar as relações que constituem as redes de apoio social a familiares de pessoas em sofrimento psíquico grave atendidas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no município de Parnamirim/RN. Para isso mapeamos quais os dispositivos que constituem as redes de apoio social que auxiliam aos familiares no cuidado em saúde mental, e como se dá este auxílio. Método: Como perspectiva teórico-metodológica adotamos a Análise Institucional. As estratégias metodológicas foram a pesquisa bibliográfica, a entrevista semi-estruturada com familiares cuidadores de pessoas em sofrimento psíquico grave, e observação participante das visitas domiciliares feitas pelos Agentes Comunitários de Saúde a essas famílias. Foram entrevistadas 36 famílias escolhidas por indicação dos agentes comunitários de saúde da referida UBS. Resultados: No que concerne ao familiar cuidador, a maioria é do sexo feminino , afirmam sentir dificuldades no cuidado, principalmente no que diz respeito a higiene pessoal, administração da medicação e no momento da crise. No que concerne as redes de apoio social, foram identificados as igrejas, vizinhos e a própria unidade básica de saúde, principalmente no que diz respeito às visitas e acolhimento do agente comunitário de saúde como suporte a esse familiar cuidador. conclusões: Apontamos a necessidade de dar suporte à família, especialmente ao cuidador da pessoa em sofrimento psíquico grave, utilizando os recursos da própria comunidade e as redes de apoio social, sendo estes potencializados pelas Equipes de Saúde da Família. Palavras-chave: Família, Redes de Apoio Social, Cuidado em saúde mental, Estratégia de Saúde da Família. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 188 P95 UMA exPeRiÊnciA nA PRevenÇãO dO “BURnOUT” enTRe PROFiSSiOnAiS de SAÚde Lúcia Helena C. S. Cunha, Eugenio Paes Campos, Carla de Carvalho Macedo, Regina Cevolo Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano/UNIFESO introdução: Apresentamos a experiência que vem sendo realizada através do programa institucional intitulado “Quem cuida dos cuidadores” no Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Otaviano, a partir da literatura mundial sobre esta síndrome. O termo burnout foi criado em 1974 pelo médico Herbert Freudenberger, que descreveu o que seria efeito do sentimento de fracasso e exaustão causado pelo excessivo desgaste de energia e recursos, especialmente entre profissionais das áreas de saúde, serviços sociais e educação. A definição atual mais aceita considera o fenômeno como uma reação à tensão emocional crônica por lidar excessivamente com pessoas; sendo caracterizado pela ocorrência de três aspectos: a exaustão emocional, a baixa realização no trabalho e o distanciamento emocional ou despersonalização. As conseqüências organizacionais envolvem aumento da rotatividade de pessoal, absenteísmo, problemas na qualidade e produtividade e até a incapacitação do trabalhador. Objetivo: O objetivo do programa é criar entre os funcionários espaços de fala e reflexão sobre as situações geradoras de mal estar, permitindo ao programa produzir uma série de relatórios entregues á gestão hospitalar com um diagnóstico dos aspectos gerais e específicos que geram estresse capaz de levar à síndrome de burnout. Método: O programa oferece aos interessados a oportunidade em participar de grupos de reflexão através de encontros grupais semanais, no horário de trabalho, durante cerca de uma hora. Também vem sendo realizado um acompanhamento às atividades médicas em uma das clínicas do hospital. Atividades de integração e lazer são realizadas entre os participantes do programa quando possível, como, por exemplo, em encontros rápidos dentro do ambiente hospitalar para um café da manhã, ou em encontros mais prolongados fora do ambiente hospitalar em dias previamente agendados. Alguns ciclos de estudos e de debates foram criados com chefias intermediárias sobre temas como estresse ou liderança. Resultados: O programa alcançou até o momento cerca de 100 funcionários, em sua maioria enfermeiros e equipes de suporte funcional do hospital. Entrevistas realizadas com 33 funcionários do hospital, sendo 17 participantes e 16 não participantes do programa, indicam que 94.11% dos participantes do primeiro grupo reconhecem um impacto positivo do programa sobre si, e 82.35% o verificam sobre seus colegas, considerando os objetivos do programa como tendo sido alcançados. No segundo grupo, 75% deles gostariam de participar do programa, dentre 81.25% dos não participantes que já ouviram falar da experiência. O programa atuou, em 2010, nos setores de terapia intensiva, central de material esterilizado, nutrição, higienização e faturamento, além de acompanhar grupalmente todos as chefias setoriais de enfermagem. conclusões: A experiência obtida revela a importância de se oferecer planejadamente um espaço de escuta a profissionais de saúde que trabalham num hospital, como forma de prevenção à síndrome de burnout, prevalente nesta população. Palavras-chave: Burnout; saúde do trabalhador;grupos de reflexão. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 189 P96 UMA POSSÍveL eSTRATéGiA nA PRevenÇãO de BURnOUT enTRe MédicOS de UM HOSPiTAL UniveRSiTáRiO Lúcia Helena C. dos Santos Cunha Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano/UNIFESO introdução: Trabalhar em uma instituição de saúde voltada para o atendimento da população brasileira assistida pelo SUS obriga médicos, enfermeiros, gestores hospitalares, e demais níveis hierárquicos existentes num hospital, a enfrentar uma assustadora precariedade das condições materiais e financeiras necessárias à realização de seu trabalho. Um altíssimo nível de estresse se tornou visível no comportamento desses sujeitos, num tempo inicial de pesquisa exploratória sobre as características do sofrimento psíquico de profissionais de saúde na área hospitalar. Nesse contexto, a rotina do serviço médico sobrecarregada de responsabilidades e obrigações, associada à ausência de um tempo destinado a conversas informais e encontros da equipe de trabalho, impede que o profissional encontre uma estratégia adequada para lidar com seu estresse. Tais condições favorecem o surgimento da síndrome de burnout, indicada pela baixa assiduidade ao trabalho, baixo nível de satisfação profissional, irritabilidade e excesso de fadiga, entre outras manifestações no comportamento funcional. Objetivo: Observar a rotina profissional da equipe do setor de clínica médica de um hospital universitário, incentivando a realização de maior número de reuniões formais e informais entre a equipe, no intuito de estimular a expressão subjetiva dos profissionais. Tal estratégia visa compensar a exclusão da consideração pela subjetividade promovida pela ciência médica, apontada entre outros, pelo psicanalista Jean Clavreuil; resgatando a possibilidade de uma equipe enfrentar o estresse profissional pelo fortalecimento dos vínculos afetivos existentes na equipe de trabalho. Metodologia: A psicóloga estabeleceu um calendário de visitas ao setor, divulgando sua proposta de criação de novos espaços de encontro entre a equipe, sempre que possível, solicitando a realização de reuniões de serviço constantemente adiadas, estimulando a marcação de reuniões sociais fora da rotina de trabalho, eventualmente promovendo rápidos lanches de integração como quebra da rotina, agendando comemorações de aniversários e datas festivas e convidando para reuniões extraordinárias sempre que alguma situação grupal evidenciava necessidade de elaborar coletivamente perdas ou conflitos interpessoais. Resultados: O depoimento oral de profissionais da equipe, e a avaliação anual feita junto ao médico responsável pela coordenação do setor indicaram um maior entrosamento entre os profissionais da equipe, aumento da assiduidade ao serviço, diminuição das intenções de abandono do setor, maior disposição em lutar por melhorias das condições de trabalho, maior participação nas reuniões de serviço, e manifestações explícitas de interesse em manter os lanches de integração pela equipe. Os profissionais afirmaram, durante reunião de final de ano, maior satisfação com seu trabalho, embora alguns tenham trazido queixas salariais. conclusão: A melhora no clima organizacional evidenciado em depoimentos orais durante reunião de final de ano indicou que a estratégia utilizada alcançou bons resultados na prevenção do “burnout” da equipe profissional deste setor médico. Palavras-chave: síndrome de burnout, subjetividade, saúde do trabalhador. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 190 P97 PSicOLOGiA e OncOLOGiA: O MAnejO dA AnGÚSTiA PARA cOM O PAcienTe dAdO cOMO “TeRMinAL” Keli Virginia Ebert CEOM – Serviço de Oncologia Clínica do Hospital de Câncer de Mato Grosso introdução: Este trabalho visa relatar aspectos sobre o paciente com câncer frente à morte, pois é diante desta situação que um paciente oncológico vive e presentifica situações “inesperadas” de perda. É neste momento, no qual o sujeito se vê obrigado a ceder a algo, que muitas vezes a angústia aponta. A hipótese adotada é a de que seja necessária e possível a oferta de um trabalho analítico, mesmo estando diante de um paciente tido como “terminal” perante todos que o assistem. Objetivo: Discutir e levantar questões em torno deste difícil momento traumático, na qual o sujeito é destituído de seu lugar de ancoramento do significante, e necessita, diante do desamparo, encontrar novos meios para falar deste momento, tendo em vista que as referências simbólicas, que antes lhe sustentavam, não lhe sustentam mais. Método: Venho articular estas situações, enfrentadas por um “doente terminal”, com a teoria psicanalítica, pois a psicanálise parte do pressuposto de que o ser humano é um ser incompleto, portanto, fadado à falta. Porém, fazer com que o discurso sobre a falta possa a vir circular, num ambiente como o hospital de câncer, é um trabalho que inicialmente se coloca na contramão do discurso, não só do paciente que vive este momento de dor, como da própria instituição, que tenta calar um sofrimento que vai para além do sintoma físico. conclusão: Este trabalho visa abrir algumas questões que se levantaram diante do drama vivido por estes pacientes terminais em tratamento quimioterápico paliativo. Menciono drama, pois é esta a cena que constato em diversos momentos trabalhando dentro de um hospital dedicado ao tratamento de patologias oncológicas. É aí que vemos o ser humano com toda a sua fragilidade exposta diante dos procedimentos invasivos que o tratamento exige, como também diante das próprias consequências de uma doença terminal. Drama que faz com que o paciente se cale ou “seja” calado diante da sua dor, não encontrando, muitas vezes, palavras para significá-la. E será somente através de uma fala e uma escuta que algo poderá ser produzido, para então retirar o sujeito de seu estado de impotência, tornando-o desta forma, sujeito ativo e, portanto, responsável pelo seu “bem-estar”. Palavras-chave: paciente terminal, angústia, oferta analítica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 191 P98 AUTO-iMAGeM e SexUALidAde eM MULHeReS cOM cAnceR de MAMA Ana Carolina Lagos Prates, Daniela Sacramento Zanini, Márcia de Faria Veloso Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás O câncer de mama representa uma das maiores causas de morte em mulheres em todo o mundo. Cerca de 75% dos casos de câncer de mama diagnosticado no Brasil, são de mulheres com a doença em estágio clínico avançado, ou seja, aqueles que já possuem um nódulo mamário palpável. A mama é altamente valorizada não só pela pessoa que possui, mas também pela sociedade que por vezes transforma para uma composição de uma. Por outro lado a sexualidade pode-se dizer que é estritamente humana. Porém, esse aspecto da natureza humana infelizmente não é valorizado e assistido pelos profissionais da saúde. O presente estudo tem por objetivo avaliar a auto-imagem no pós cirúrgico e funcionamento sexual em mulheres portadoras do câncer de mama. Podendo assim, orientá-las a aceitar o seu novo corpo e ajudá-las a viverem com satisfação. O estudo foi do tipo descritivo e de corte transversal foi realizado no período de março a dezembro 2009. A aplicação dos questionários foi feito no Ambulatório de Mastologia HC/UFG. Participaram 61 mulheres em tratamento de câncer de mama, com idade entre 30 a 80 anos. Utilizando-se dois instrumentos: Escala de Investimento Corporal (BIS) e Índice de Funcionamento Sexual Feminino (FSFI). Os resultados apresentaram relação inversamente significativo entre sentimento e atitude face a investimento corporal (BIS) e satisfação sexual (FSFI) (r= -0,26), cuidado com o corpo e excitação (r=-0,26). A escala de Investimento Corporal (BIS) mostrou-se relacionado a três escalas do FSFI que são: desejo (r= 0,32), excitação (r=-0,35) e orgasmo (r= 0,31). O BIS total relacionou negativamente com o total do FSFI (r= -0,27). Na comparação de media entre o BIS total e FSFI total e variável sócio-demografico mostraram que aquelas que não sofriam de cardiopatias pontuaram significativamente mais em IFSF (F = 9,981 e p = 0,003), as pacientes que fizeram reconstrução de mama imediata pontuaram significativamente mais alto em FSFI (F= 5, 493, p= 0.023). Os dados mostram que a sexualidade destas mulheres vão deixando de funcionar durante o tratamento, mais especificamente, após de serem submetidas à cirurgia. Porém o investimento da imagem corporal mostrou-se alto. Palavras chave: Câncer de mama; imagem corporal; sexualidade. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 192 P99 nÍveL de SATiSFAÇãO nO ReLAciOnAMenTO SexUAL de MULHeReS cOM cânceR de MAMA Márcia de Faria Veloso, Lucila de Sousa Piva, Elayne Cristina Costa Ferraz, Ruffo de Freitas Júnior Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás – HC/UFG introdução: Todos os tratamentos utilizados para o câncer de mama impactam negativamente no funcionamento sexual, gerando, por vezes, complicações psicopatológicas reativas ou não. Embora haja redução de alguns sintomas emocionais com o término dos procedimentos terapêuticos mais agressivos, estima-se que 20% a 40% dessa população desenvolvam problema sexual e na imagem corporal, os quais podem persistir após a conclusão do tratamento. Objetivo: Quantificar a satisfação no relacionamento sexual da mulher com câncer de mama comparativamente às sem esta patologia e avaliar a influência do tratamento. Métodos: Estudo descritivo, exploratório e de corte transversal realizado de abril a junho de 2008, com amostra de um Grupo Experimental A: Mulheres com câncer de mama, inscritas no Programa de Mastologia do HC/UFG, após um ano do início do tratamento; e de Grupo Controle B: Mulheres sem a patologia, do Ambulatório Geral do HC/ UFG. Todas participantes foram voluntárias, submetidas ao Termo de Consentimento Livre Esclarecido e sexualmente ativas. Dois questionários foram empregados: sócio–demográfico e de Satisfação com o Relacionamento Sexual (QSRS), desenvolvido Cappelleri et AL. (2002) e Althof et AL. (2003), distribuídos por duas dimensões ou domínios (satisfação com o funcionamento sexual e confiança, subdivida em auto-estima e relacionamento em geral). O resultado do teste ocorre pela soma de todos os itens; onde cada nota componente é normalizada de 0 a 100 pela equação: nota normalizada = 100 x (nota bruta – nota mínima possível) / variação possível. Notas altas expressam respostas mais favoráveis e elevada satisfação. Na análise estatística dos dados obtidos, utilizou-se o Programa SPSS – Statistical Package for Social, 15.0 (2003). Comparou-se média e o desvio padrão amostrais para as variáveis contínuas e proporção para as variáveis categóricas. A comparação das médias foi realizada pelo teste T Student, sendo significante quando p ≤ 0,05. Resultados: No Grupo A, 43% apresentou nível mais elevado de satisfação sexual, acima de 0,75, subindo para 72% no Grupo B, havendo diferença significativa (p=0,001). Nos escores dos domínios da satisfação sexual (relacionamento sexual, auto-estima, relacionamento geral, confiança e na freqüência sexual anual) e freqüência sexual, o Grupo A mostrou níveis inferior aos do Grupo B e maior variabilidade (menor homogeneidade. As participantes submetidas à quimioterapia neo-adjuvante apresentaram escores de relacionamento sexual (componente de satisfação sexual) menores em relação às que não se submeteram (p=0,075), situação mais significante. Em relação ao nível de satisfação sexual no procedimento mastectomia, houve diferença significativa com relação à confiança (p=0,04). Na análise do efeito da reconstrução imediata, o escore de relacionamento sexual foi significativamente maior nas participantes que realizaram tal procedimento (p=0,05). Na satisfação sexual em relação ao agrupamento de quadrantectomia, houve tendência de melhora no domínio confiança (p=0,078). O nível de satisfação sexual das mulheres submetidas à quimioterapia adjuvante apresentou significativo rebaixamento da auto-estima (p=0,03). Referente ao nível de satisfação sexual nas mulheres menopausadas, apresentou médias menores àquelas na menacme. A antecedência de depressão resultou em efeito significativo quanto à confiança das participantes com patologia (p<0,02). conclusão: É expressiva a redução do nível de satisfação sexual no Grupo A e a influência do tratamento sobre esse nível e, portanto, uma maior necessidade de atenção da equipe de saúde quanto a intervenções que reduzam essas dificuldades. Palavras-chave: Sexualidade, satisfação sexual, câncer de mama. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 193 P100 dOR FÍSicA e PSicOGÊnicA nAS diveRSAS FASeS dO TRATAMenTO dO cânceR de MAMA Agreice Kamila José Borges Rodrigues, Márcia de Faria Veloso, Elaine Miranda, Ruffo de Freitas Júnior Serviço de Psicologia do Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás introdução: Para definir essas sensações desagradáveis que são associadas a lesões reais, potenciais ou descritas, a dor pode ser classificada, quanto a sua origem, em orgânica ou psicogênica e quanto a sua permanência, em aguda ou crônica. A dor física - (sensória) refere-se às propriedades mecânicas, térmicas e espaciais da dor nos tecido lesados. Dor psicogênica (afetiva) descreve a dimensão emocional nos aspectos de tensão, medo e angústia que leva a pessoa a adotar comportamento que objetiva afastar, reduzir ou eliminar a causa da mesma. Objetivo: verificar a prevalência de dor física e psicogênica em mulheres com câncer de mama e comparar as fase de tratamento com os tipos de dor. Métodos: Este estudo é do tipo exploratório/ descritivo de corte transversal, realizado de março a novembro de 2007. As participantes estavam inscritas no Programa de Mastologia do HC/UFG, e o seu recrutamento foi aleatório realizado mediante a aceitação voluntária, após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os instrumentos utilizados foram o questionário sócio-demográfico e o questionário de dor de McGill (1996) formado por 78 descritores, organizados em quatro grupos e 20 subgrupos que descrevem os componentes: Sensorial- motor; Afetiva- emocional; Cognitivo- avaliativa e mista, que avaliam a dor qualitativamente e na sua magnitude. A análise do Índice Qualitativo da Dor foi obtida por meio da somatória dos valores de intensidade dos descritores escolhidos; e o Índice Quantitativo, pela somatória das palavras escolhidas. Para análise estatística utilizou-se o programa SPSS Statistical Package for Social Sciences, 15.0 (2003). Verificando a média e desvio padrão para as variáveis contínuas, bem como a porcentagem para as variáveis categóricas. A comparação das médias foi realizada pela análise de variância, pelo teste t-Student considerando como significante p< 0,05. Resultados: Os dados mostraram que não houve diferença significativa para os tipos de dor e as fases: cirurgia, radioterapia, hormonioterapia e recidiva, usando o nível de significância tradicional de 0,05. Enquanto que, foram encontradas diferenças significativas para as fases: quimioterapia (P=0,028<0,05) prevalecendo o tipo de dor afetiva e metástase (P=0,051), com uma tendência do mesmo tipo de dor. Em relação aos descritores que definem os tipos de dor, o de maior prevalência foi a do tipo afetiva, com os descritores, “cansativa e enjoada” 46 (71,9%), seguida pela dor sensorial com o descritor “pontada” 40(62,5%) Dentre os antecedentes patológicos de saúde, somente a Diabetes implicou em diferença significativa em relação a dois tipos de dor, afetiva (P= 0,034) e avaliativa (P= 0,023) ao nível de 5%. conclusão: os resultados obtidos são relevantes para psicologia, na medida em que permite o mapeamento da dor psicogênica durante o tratamento do câncer de mama, sua intensidade e magnitude, assim como o da dor física. Permite também concluir que todo processo de tratamento do câncer de mama é doloroso, em algumas fases sem privilégio específico de um tipo de dor. Palavras-chave: Dor física, dor psicogênica, câncer de mama. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 194 P101 AnáLiSe dAS SOLiciTAÇõeS de inTeRcOnSULTA PSicOLÓGicA eM UM HOSPiTAL UniveRSiTáRiO dA BAHiA Vasconcellos, Sheyna; Fernandez, Maria Fernanda; Paz, Luciana; Dantas, Maíra; Mendes, Larissa Universidade Federal da Bahia Complexo Hospitalar Professor Edgard Santos introdução: As reações ao adoecimento e hospitalização podem percorrer muitos caminhos, desde o enfrentamento positivo, adesão ao tratamento, eventos depressivos e ansiosos até a negação total da doença. Muitos estudos foram empreendidos e apontaram para as conseqüências negativas da negligência dos fatores emocionais envolvidos no processo de adoecimento. A Interconsulta psicológica foi instaurada para favorecer uma assistência mais global do paciente, tratando os aspectos psíquicos e promovendo um diálogo entre as diversas especialidades, facilitando o manejo do paciente. Objetivo: Investigar o perfil das solicitações de interconsulta psicológica enviadas ao Serviço de Psicologia do HC-UFBA recebidos no período de agosto de 2008 a agosto de 2009. Método: Estudo retrospectivo de 130 pedidos de interconsulta psicológica recebidos no período de agosto de 2008 a agosto de 2009. Foram investigados os motivos referidos pelos solicitantes da interconsulta e as unidades de maior freqüência desses pedidos. Resultados: Foram analisados 130 pedidos de interconsulta após a categorização dos motivos e suas respectivas freqüências e as maiores demandas de solicitação foram: eventos depressivos e ansiedade (78%) questões referentes à hospitalização, processo de adoecimento e diagnóstico (34%), não adesão ao tratamento médico (18%), alterações do comportamento (12%). As Unidades mais solicitantes foram as Enfermarias de Clínica Médica. conclusão: Este estudo confirma os dados da literatura na qual depressão e ansiedade são eventos psicológicos mais freqüentes no processo de hospitalização (SCHMITT apud GOMES, 2005). As solicitações referentes a hospitalização e não adesão são freqüentes em função das dificuldades da equipe em lidar com esses aspectos. As unidades que mais solicitaram também estão entre aquelas onde os pacientes ainda não possuem diagnóstico firmado o que gera ansiedade no paciente, na família e equipe justificando a grande demanda de solicitação de interconsulta nestas áreas. Palavras-chave: Interconsulta Psicológica, eventos depressivos e ansiedade, hospitalização e não adesão terapêutica Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 195 P102 ATendiMenTO PSicOLÓGicO eM AMBULATÓRiO de ciRURGiA BARiáTRicA Diana Barbosa dos Santos Universidade Federal do Ceará introdução: O presente trabalho se deu a partir de nossa inserção no ambulatório de cirurgia bariátrica da Universidade Federal do Ceará, trabalhando numa equipe multiprofissional para atender sobretudo, pacientes candidatos à cirurgia de redução de estômago. Um acompanhamento psicológico também é feito com esses pacientes após a cirurgia. O objetivo desse trabalho, é apresentar a nossa experiência de inserção nessa equipe considerando-se a possibilidade de levar a cabo um trabalho de atenção psicológica para pacientes que se apresentam com um quadro de obesidade.em graus variados. Leva-se em conta que estes ao chegarem para o atendimento psicológico raramente compreedem a necessidade do mesmo. Deste modo, seu engajamento no tratamento pode vir a ser enormemente comprometido. Para tanto, apresenta-se o setor e suas peculiaridades, a clientela, os membros da equipe e o modo como estruturamos o serviço para atender os pacientes desde sua entrada no programa, até a sua alta hospitalar. A dinâmica desses atendimentos se dá em três momentos, a saber: O pré-operatório, atendimento em enfermaria e o pós-operatório através de acompanhamento psicológico. O método que utilizamos nesse trabalho foi constituído basicamente de entrevistas com questionários de perguntas abertas e semidirigidas. Como resultados e conclusões ressaltamos a viabilidade do atendimento psicológico a esses pacientes. Enfatizamos os limites desafiadores que o psicólogo enfrenta no manejo do tratamento para que os pacientes se desloquem de um posição inicialmente passiva para uma postura de responsabilidade frente ao seu desejo de fazer a cirurgia de modo que ele possa se engajar efetivamente nesse tipo de tratamento que requer do paciente uma reorganização na sua qualidade de vida e na sua relação com o seu corpo. Palavras-chave: cirurgia bariátrica, obesidade, atenção psicológica. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 196 P103 ReABiLiTAÇãO neUROPSicOLÓGicA e APOiO PSicOSSOciAL A PAcienTeS cOM TRAUMATiSMO cRAniOenceFáLicO Evelyn Gaspar Balbino, Maria de Lourdes Alves de Paula Maçães, Marta Vieira Vilela, Serginaldo José dos Santos Universidade Católica Dom Bosco introdução: O traumatismo cranioencefálico é uma das principais patologias neurológicas geradoras de mortalidade e responsável pela produção de incapacidades físicas e mentais que ocasionam grande impacto na qualidade de vida, em especial por incidir em adultos jovens do sexo masculino. Seus sintomas dependem das áreas encefálicas atingidas, com disfunções nas habilidades cognitivas e/ou do funcionamento motor, distúrbios comportamentais e emocionais, ocasionando, desse modo, mudanças bruscas no âmbito pessoal, familiar e social. Objetivo: Verificar os efeitos da reabilitação neuropsicológica e do apoio psicossocial na recuperação de funções cognitivas superiores e funcionalidade geral de pacientes com traumatismo cranioencefálico. Metodologia: Na pesquisa, de caráter quali-quantitativo, foram acompanhados quatro pacientes do sexo masculino, idade média de 25,75± 2,75 (DP), atendidos no período de agosto de 2009 a julho de 2010, por meio de atendimento psicoterápico de grupo, realizado semanalmente com duração de uma hora, estruturado com base na Terapia Cognitivo-Comportamental para melhora da auto-estima e estimulação das relações interpessoais associado com técnicas de Reabilitação Neuropsicológica e o uso de jogos de estimulação das disfunções cognitivas, em especial para as áreas da linguagem, do raciocínio abstrato, memória e atenção. Além da observação empírica, da análise do discurso dos sujeitos, foi aplicada a Escala de Inteligência wechsler para Adultos (wAISIII) no início do atendimento e ao final do ciclo, comparando-se os resultados dos dois momentos. Resultados: Comparando-se os dados quantitativos, após a soma dos escores ponderados, observamos melhora do QI Total médio do grupo de 92,83±12,49% para 97,75±7,62% (média/ DP), com aumento maior no QI de Execução de 92±15,5% para 103,25±8,87% (média/DP) e Índices de Compressão Verbal de 88,66±11,05% para 95,75±4,62% (média/DP), Organização Perceptual de 95,83±14,24% para 112±8% (média/DP) e Velocidade Processual de 83±15,53% para 88,75±3,25% (média/DP). Nos resultados qualitativos, decorrentes da melhora na eficácia das funções cognitivas foram: a) O processamento emocional e os progressos no processo de reabilitação física; b) O uso de estratégias compensatórias maximizando a autonomia conquistada e independência funcional, perdida em virtude da superproteção familiar; c) Necessidade de reformulação de estratégias para os relacionamentos interpessoais afetivos e formação de novos vínculos extrafamiliares. conclusão: A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental em grupo associada aos processos da reabilitação cognitiva mostrou-se eficaz na melhora nos níveis cognitivos e nos processos de aprendizado interpessoal, onde a identificação do grupo possibilitou maior ativação motivacional e redução do isolamento. Entretanto, constatou-se a necessidade de continuidade do processo terapêutico para comprovarmos a funcionalidade e eficiência dos treinos cognitivos na reabilitação neuropsicológica de forma quantitativa. Palavras-chave: traumatismo cranioencefálico; reabilitação neuropsicológica; terapia cognitivocomportamental. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 197 P104 viSõeS PLURAiS SOBRe A exiSTÊnciA, O AdOeceR e O MORReR: UM eSTUdO A PARTiR dOS OLHAReS de diFeRenTeS ReLiGiõeS Carolline Mara Veloso Rangel, Érika Arantes de Oliveira Cardoso, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo introdução: Em momentos de comprometimento da saúde, no processo do adoecimento ou na iminência da morte, a religiosidade destaca-se como importante estratégia de enfrentamento. Esta possibilita uma forma de compreender a doença, abordar as questões relacionadas ao início e término da vida, e refletir o processo da terminalidade. As maiores religiões praticadas no Brasil dispõem de diferentes crenças e práticas, deste modo propondo sentidos próprios para o adoecer e o morrer. De acordo com o Censo 2000, as religiões mais praticadas no Brasil são: Católica, Evangélica, Espírita, Testemunhas de Jeová, Budista, Umbanda e Candomblé. Objetivo: O presente trabalho objetivou entrevistar sete líderes religiosos de cada uma dessas religiões, visando conhecer através destes representantes como cada religião propõe seus sentidos acerca da existência, doença e morte. Método: Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FFCLRP-USP, e a assinatura de um termo de consentimento pelos participantes, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com sete líderes das religiões mais praticadas no Brasil, abordando questões relacionadas à existência, saúde, doença, morte e religião. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas literalmente. A análise realizada foi qualitativa, pela análise de conteúdo temática. Realizou-se primeiramente uma análise individual das entrevistas, e, posteriormente uma análise horizontal das categorias. Resultados: Os resultados obtidos apontam uma importante diferenciação pelos líderes entre espiritualidade, religiosidade e fé. Os líderes consideram essencial o cultivo da religiosidade para o desenvolvimento da espiritualidade, sendo as práticas religiosas associadas à fé da pessoa mais importantes do que a própria religião eleita pelo indivíduo. A eutanásia não é aceita por nenhuma das religiões, por defenderem um processo natural da vida. Todas as religiões acreditam que o cultivo da religiosidade pode ajudar na prevenção da doença. A cura para a maioria é atribuída pela associação entre a medicina e religião. A maioria dos líderes acredita em um pós-morte, destacando a importância da fé. O sentido da morte é visto fundamentalmente como evolução e aprendizado, e a religião escolhida seria essencial para alcançar um bem-estar, um modo mais significativo de viver a vida, propondo luz para questões relacionadas à vida e a morte, e orientando o indivíduo a viver bem para que possa então morrer bem. Este encontro consigo, alcançado através da religiosidade, proporcionaria um novo olhar para sua história de vida diante da terminalidade. conclusões: Embora as sete religiões mais praticadas no Brasil possuam particularidades no que diz respeito às suas crenças e costumes, o presente trabalho possibilitou refletir através dos relatos dos participantes, que as religiões apresentam uma convergência nos discursos no que diz respeito aos temas investigados. As religiões defendem uma valoração da vida, compreendendo a doença e morte como um aprendizado. Todas acreditam existir uma oposição entre bem e mal, incentivando o indivíduo a responsabilizar-se por seus atos. A religião, independente da escolha individual da pessoa, é vista por todos os participantes como fundamental para o enfrentamento das situações adversas da vida, tais como frente à doença ou diante da possibilidade da morte. Palavras-chave: religiosidade, enfrentamento, morte, adoecimento, terminalidade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 198 P105 ATendiMenTO PSicOLÓGicO e APOiO eSPiRiTUAL diAnTe dA TeRMinALidAde: eSTUdO de UM cASO eM UMA UnidAde de TRAnSPLAnTe de MedULA ÓSSeA Carolline Mara Veloso Rangel, Érika Arantes de Oliveira Cardoso, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo introdução: Nos dias atuais, grande parte das mortes acontecem em hospitais, ambiente em que pode ocorrer um desligamento afastado dos familiares ou de sua rede social. É importante neste momento que o indivíduo utilize estratégias de enfrentamento para poder pensar a terminalidade e refletir sobre seu momento. Uma dessas importantes estratégias é a religiosidade. Em alguns hospitais, existem diversos tipos de apoio para o paciente terminal, incluindo o atendimento psicológico e o apoio espiritual, que pode consistir em levar um líder religioso até o paciente que se encontra no momento do fim. Objetivo: O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência de Fernando, 51 anos, paciente internado em uma Unidade de Transplante de Medula Óssea de um hospital geral de uma cidade do interior de São Paulo e o papel do atendimento psicológico e do apoio religioso. Método: Os atendimentos individuais foram realizados durante o momento de internação do paciente. Consistiram em sessões de psicoterapia breve, com enfoque psicodinâmico. A família também foi assistida pela equipe de psicologia da Unidade de Transplante de Medula Óssea. Resultados: Fernando foi acompanhado pela psicologia durante sua internação no hospital. Após algumas complicações no tratamento, o paciente piorou e inclusive os atendimentos psicológicos não foram mais possíveis dado a gravidade de seu quadro clínico e impossibilidade do paciente de comunicar-se de qualquer forma, já que permanecia apenas dormindo, com grande quantidade de medicação. No momento em que as possibilidades terapêuticas foram esgotadas, optou-se pelo início dos cuidados paliativos do paciente. Neste momento, a psicologia esteve junto ao paciente e seus familiares, realizando o apoio psicológico. No primeiro contato com a família após os cuidados terapêuticos terem se tornado inviáveis, a irmã de Fernando solicitou apoio religioso. A psicóloga do serviço realizou contato com um padre, já que a religião do paciente era católica. Este padre e capelão hospitalar foi até a unidade dar suporte à família e também ao paciente, que se encontrava em um momento final de sua história de vida. A psicóloga acompanhou todo este apoio, e foi possível para a família entrar em contato com suas crenças, ressaltar a importância da religiosidade na vida deste paciente, e puderam vivenciar um momento de despedida. Toda a família mostrou-se muito sensibilizada com a presença do líder religioso, foram feitas orações pelo paciente e foi possível perceber uma grande fé desta família, importante para o enfrentamento desta fase. Após este apoio religioso, foram realizados atendimentos psicológicos com cada um dos familiares de Fernando. No dia seguinte, Fernando foi a óbito. Os familiares agradeceram e ressaltaram como foi importante no momento do fim o apoio psicológico e também o religioso. conclusões: Esta experiência ressalta a importância de considerar a singularidade de cada paciente, sendo que respeitar as crenças individuais de cada torna-se fundamental. Propõe ainda, um diálogo entre psicologia e religiosidade, ou seja, entre o apoio psicológico e suas interfaces, que neste caso, se deu com um sistema de crenças, sendo este intercâmbio entre áreas de grande benefício para o paciente e seus familiares. Palavras-chave: terminalidade,Transplante de Medula Óssea, morte, religiosidade Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 199 P106 OLHAR de UMA cRiAnÇA SOBRe A dOenÇA e MORTe eM UMA UnidAde de TRAnSPLAnTe de MedULA ÓSSeA: ReLATO de exPeRiÊnciA Carolline Mara Veloso Rangel, Érika Arantes de Oliveira Cardoso, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo introdução: O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um procedimento de alto risco, que gera fantasias, ansiedade e medo ao paciente. De acordo com Andrykowski (1994), o TMO submete o paciente a estressores físicos e psicológicos. Objetivo: O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência do atendimento de uma criança internada na Unidade de Transplante de Medula Óssea de um hospital geral em uma cidade do interior de São Paulo, e seu modo de olhar a doença e a morte. Método: André (nome fictício), oito anos, é portador do diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda, e foi acompanhado pelo Serviço de Psicologia da Unidade durante o período de internação para o transplante. O paciente foi acompanhado três vezes por semana em seu período de internação, em sessões de psicoterapia breve, com enfoque psicodinâmico. Para facilitar o contato com a criança, foram utilizadas atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras, desta forma buscando aproximar-se de seu mundo e permitir um maior acesso. Resultados: Durante as sessões, o paciente apresentou um ganho de confiança na terapeuta. Em uma sessão, o paciente pintava uma tela deixada pela terapeuta ocupacional, também parte da equipe multidisciplinar da unidade, quando a psicóloga chegou. Ele falava sobre figuras e cores que apreciava. Através da imagem de borboletas negras, André diz que sua avó lhe ensinou que quando estas aparecem alguém irá morrer. Porém ele explica para a psicóloga que não acredita, pois as pessoas morrem de duas coisas: “Envelhecimento e acidentes” (de automóveis). Podese notar, de acordo com a fantasia da criança, que ela não se incluía nos grupos, revelando que para a criança, a morte não estaria próxima. Sobre a doença, André diz: “Ué, tem que aceitar a Leucemia! Poderia ter sido muito pior. Ter acontecido algo muito mais grave. Como um câncer, por exemplo!” Neste momento, foi possível perceber que através do nome “leucemia”, um tipo de câncer do sangue, a criança se protegeu, dissociando este nome de algo que representaria um medo maior para ela. Esta defesa da qual o paciente se utilizou foi importante para que tornasse possível enfrentar o momento da internação, como também o próprio tratamento e todas as perdas que este processo possivelmente pode acarretar. conclusões: Tal experiência contribuiu muito para que fosse possível perceber como é sutil e particular na infância, a visão de uma criança sobre a doença e morte, e a importância da delicadeza do profissional para tratar de tal temática, sem deixar de ser honesto com o paciente, mas ao mesmo tempo respeitando a singularidade do momento que vive, e especialmente seu modo de perceber a doença, morte e significar a vida. Palavras-chave: Transplante de medula óssea, doença, morte, criança, leucemia Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 200 P107 POSSiBiLidAdeS de ATUAÇãO de UM SeRviÇO de PSicOLOGiA de UM HeMOcenTRO FRenTe à deMAndA dOS PAcienTeS POR ATendiMenTO PSicOLÓGicO Carolline Mara Veloso Rangel, Érika Arantes de Oliveira Cardoso, Manoel Antônio dos Santos Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo introdução: O Hemocentro de Ribeirão Preto é um centro de referência em atendimento de pacientes com doenças crônicas do sangue, tais como hemofilia, anemia, talassemia e trombofilia. Neste contexto, o serviço de Psicologia atua acompanhando os pacientes em várias etapas de seu tratamento, desde o momento em que chegam à instituição, no momento da descoberta do diagnóstico, no trabalho junto aos pacientes refletindo a importância da adesão ao tratamento e na oferta de apoio psicológico ao longo de todo o tratamento de saúde, possibilitando melhor enfrentamento da doença. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi pesquisar o impacto psicológico sofrido pelo paciente em decorrência da doença, as repercussões psicológicas do tratamento, a necessidade de apoio psicológico e as demandas apresentadas por eles, buscando encontrar as necessidades destes pacientes e desta forma poder ofertar um atendimento que atingisse essas demandas ainda não contempladas. Método: Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas que englobavam diversos aspectos de vida destes pacientes, tais como dados pessoais, dificuldades da doença, repercussões do tratamento em suas vidas e apoio psicológico prévio. Resultados: No período de outubro de 2010 a dezembro de 2010 foram realizadas 34 entrevistas, nas quais em 20 delas, ou 59% dos casos, os pacientes responderam que gostariam de ser acompanhados pela psicologia e apresentaram demanda por atendimento psicológico. Destes, 75% acreditam que o bem- estar psíquico poderia contribuir para seu bem físico, enquanto 25% acreditam que não acham que há relação entre tais dimensões. conclusões: Tais dados revelam a grande demanda por apoio psicológico por parte dos pacientes, ainda que o estudo tenha limites como por exemplo a amostra pequena. Foi possível através das entrevistas compreender que este apoio é demandado pelo paciente necessitar modificar sua rotina, aprender a conviver com a cronicidade de uma doença, compreender as limitações que agora possui, e lidar com este novo momento que lhe é apresentado a partir do diagnóstico. O apoio psicológico tem papel fundamental nesta fase, sendo possível trabalhar junto ao paciente as novas questões trazidas por este quadro. Deste modo, os dados confirmam a importância de um Serviço de Psicologia atuando junto à equipe multidisciplinar, visando oferecer ao paciente recursos para trabalhar suas questões psicológicas decorrentes do impacto do diagnóstico e de todo o tratamento de uma doença crônica. Os resultados possibilitaram também pensar em novas formas de atuação que visassem contemplar esta demanda crescente por atendimento psicológico. Desta forma, foi pensada uma nova estratégia de atuação, que consiste na apresentação do Serviço de Psicologia através de um grupo informativo, que contemplaria suas dúvidas, esclareceria pontos e informaria sobre o funcionamento do serviço. Após este momento, os pacientes que continuassem com o interesse no apoio, seriam avaliados e encaminhados para atendimento individual semanal ou grupos terapêuticos, e seriam assistidos pela Psicologia, possibilitando um acompanhamento mais próximo dessas pessoas ao longo do tratamento. Palavras-chave: doença crônica, apoio psicológico, enfrentamento Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 201 P108 AnSiedAde e dePReSSãO eM PAcienTeS cOM inSUFiciÊnciA RenAL cRônicA Nietsnie de Souza Duarte, Maria Fernanda de Oliveira Carvalho, Brenda Luanna Fernandes Cortês Dantas, Izabel Hazin, Samantha Maranhão Universidade Federal do Rio Grande do Norte Laboratório de Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia – LAPEN/UFRN Hospital Universitário Onofre Lopes - UFRN introdução: De acordo com senso realizado em 2009 pela Associação Brasileira de Nefrologia, existem atualmente 77.589 pessoas realizando tratamento dialítico no país. No entanto, acreditase que o número real de pacientes com problemas renais graves seja superior ao mencionado, uma vez que este levantamento contou com a participação de menos de 50% dos centros de diálise do país. A Doença Renal Crônica (DRC) é classificada em estádios em função do nível de funcionamento dos rins. Os pacientes encaminhados para tratamento com transplante renal já atingiram o estádio mais avançado da doença. Comumente, tais pacientes encontram-se submetidos à hemodiálise ou diálise peritoneal. Dentre a sintomatologia clínica de pacientes com insuficiência renal grave está a uremia, a qual acarreta conseqüências particularmente para o trato gastrointestinal, nervoso e pulmonar, destacando-se aqui em especial as alterações do sono, disfunção sexual, depressão e ansiedade. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi a investigação dos níveis de ansiedade e depressão em pacientes portadores de DRC, candidatos em potencial a transplante de rim. Considerou-se ainda a influência das variáveis sócio-demográficas sexo (feminino e masculino) e faixa etária sobre os níveis de ansiedade e depressão. Método: Participaram do estudo 132 pacientes, sendo 64 homens e 68 mulheres, que freqüentaram o ambulatório de Transplante Renal do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) entre junho de 2008 e novembro de 2010. Foram utilizados os Inventários Beck de Ansiedade (BAI) e Depressão (BDI). A avaliação de ambos é feita pelo sujeito tomando por base uma classificação com quatro níveis crescentes de gravidade. Os escores obtidos são classificados em quatro níveis, a saber, mínimo, leve, moderado e grave. Resultados: Da totalidade dos pacientes investigados, 47 apresentaram níveis de ansiedade acima do esperado e 51 níveis de depressão acima da classificação mínima. Foram verificados contrastes estatisticamente significativos (p<0,01) entre os escores de ansiedade em função da variável sexo. As mulheres apresentaram nível de ansiedade médio (75,01) significativamente superior ao dos homens (57,46). Salienta-se ainda que a análise descritiva inferencial dos escores obtidos pela totalidade dos participantes aponta para aumento dos níveis de ansiedade e depressão em função da faixa etária. Nesse sentido, mulheres e homens mais velhos apresentam maiores níveis de ansiedade e depressão quando comparados aos mais jovens. conclusões: A hemodiálise acarreta impactos relevantes em diferentes áreas da vida do paciente que se submete a este tipo de tratamento. Dentre as conseqüências oriundas do adoecimento e do tratamento para as doenças renais crônicas, destacam-se os elevados níveis de ansiedade e depressão. Estes podem se desenvolver gradualmente em função da percepção altamente negativa dos efeitos da doença sobre o funcionamento e a qualidade de vida, comprometendo a adesão do paciente ao tratamento e elevando consequentemente os índices de mortalidade nessa população. Nesse sentido, a investigação dos níveis de ansiedade e depressão junto a esses pacientes possibilita a ampliação do conhecimento acerca de subgrupos vulneráveis, possibilitando que tais níveis funcionem como preditores para fatores de risco de mortalidade nessa população, e finalmente conduzindo ações preventivas. Palavras-chave: doença renal crônica, depressão, ansiedade. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 202 P109 inTeRvenÇãO eM GRUPO PSicO-SÓciO-edUcATivO cOM MULHeReS eM TRATAMenTO de qUiMiOTeRAPiA POR cânceR de MAMA Patrícia Rigoni Dantas, Márcia de Faria Veloso, Ruffo de Freitas Júnior, Eleniete Nunes de Oliveira, Isabela Márcia Freitas Montes, Dayanne Alves Pinheiro Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas/UFG introdução: O diagnóstico de câncer de mama tem, geralmente, um efeito devastador na vida da pessoa, seja pelo temor às mutilações e desfigurações que os tratamentos podem provocar, seja pelo medo da morte ou pelas muitas perdas, nas esferas emocional, social e material, que quase sempre ocorrem. Realizado anteriormente ao atendimento médico, grupo psico-sócioeducativo busca ampliar um dos objetivos da equipe de saúde que é a humanização do atendimento, um maior fortalecimento dos vínculos da equipe com o paciente e entre pacientes, possibilitando compartilharem experiências comuns à patologia. Tem caráter terapêutico, educativo e informativo, facilitando o escoamento da angústia implicada no adoecer e no tratamento. São abordados temas pertinentes à condição das pacientes, sendo possível desmistificar estigmas e preconceitos em relação ao câncer de mama. Quando necessário, encaminha à psicoterapia ou a outros procedimentos da equipe multidisciplinar, além da Associação de Portadoras de Câncer de Mama – APCAM. Objetivo: O objetivo do trabalho e retratar a representação do grupo psico-sócio-educativo para as mulheres com câncer de mama que fazem quimioterapia, desenvolvido pelas acadêmicas de Psicologia do Projeto de Extensão Universitária Liga da Mama, juntamente com a Equipe de Psicologia do Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás – Campus Goiânia (HC/UFG). Método: São realizadas reuniões as quartas-feiras, das 08:00 às 10:00 horas, na sala da Psicologia no Ambulatório do Programa de Mastologia HC/UFG. Têm estrutura semi-aberta e semi- dirigida. A presença delas no grupo se alterna em freqüência de 21 e 21 dias – tempo de retorno para consulta com o médico oncologista e marcação do novo ciclo de quimioterapia. Durante seis meses de tratamento as mulheres passam em média por 12 encontros grupais. Elas são abordadas na sala de espera e convidadas a participarem do grupo enquanto aguardam a consulta médica. No grupo, o apoio emocional e orientações diversas são oferecidos, além de serem utilizadas técnicas grupais e discussões sobre diversos temas pertinentes. Resultado: Com resultado, observa-se que, há afirmações que a convivência em grupo composto por pessoas com problemas semelhantes é fundamental para amenizar o sofrimento psicoemocional. O apoio psicológico às mulheres que têm câncer de mama, no contexto de grupo, tem grandes benefícios em termos de qualidade de vida, repercutindo-se, quer no seu bem-estar físico, quer psicossocial. É importante destacar que as intervenções realizadas no grupo psico-sócio-educativo têm como objetivo abordar a pessoa em sua totalidade (aspectos físicos, psicológicos e sociais). Palavras-chave: grupo psico-sócio-educativo, quimioterapia, câncer de mama Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 203 P110 inTeRvenÇõeS ReALizAdAS POR AcAdÊMicAS de PSicOLOGiA dA LiGA dA MAMA: ReLATO de exPeRiÊnciA Patrícia Rigoni Dantas, Márcia de Faria Veloso, Ruffo de Freitas Júnior,Isabela Márcia Freitas Montes, Dayanne Alves Pinheiro,Raquel Oliveira dos Santos, Lucas Vitorino Eliam, Lahis Ribeiro Leão, Leonardo Ribeiro Soares Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas UFG introdução: O Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG) foi criado em 1993 com o intuito de atender à demanda de usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente conta com uma equipe multidisciplinar composta por uma coordenação de pesquisa e extensão, assistentes sociais, enfermeiras, técnicas de enfermagem, psicólogas, mastologistas, oncologistas, patologistas, fisioterapeutas e nutricionistas, o que possibilita cerca de 8.000 atendimentos por ano. A Liga da Mama é um projeto de extensão universitária cuja proposta é associar atividades relacionadas ao câncer de mama no meio acadêmico. É composta atualmente por cerca de 60 membros dos cursos de medicina, psicologia, enfermagem e fisioterapia. Como projeto de extensão, desenvolve atividades vinculadas ao corpo de docentes e profissionais do Programa de Mastologia, nos setores de Ensino, Pesquisa e Extensão. A participação de alunos de graduação nas diversas atividades da Liga contribui para despertar o interesse pela problemática do câncer de mama, em âmbitos assistencial, ambulatorial e hospitalar. Objetivo: Relatar as atividades desenvolvidas pelas acadêmicas de psicologia no projeto de extensão universitária Liga da Mama no âmbito do Programa de Mastologia do HC/UFG. Metodologia: As acadêmicas de psicologia da Liga da Mama, juntamente com a Equipe de Psicologia do Programa de Mastologia, trabalham nos cenários da atenção primária, secundária, terciária e quaternária de saúde, tais como, ações comunitárias de prevenção do câncer de mama; grupos de sala de espera; grupos psicossociais com pacientes em quimioterapia; atendimentos pré, peri e pós-cirúrgico das pacientes; psicoterapia individual; apoio psicológico nos casos de diagnóstico, internação, demandas emocionais da paciente e de seus familiares; visitas domiciliares às pacientes de perda de seguimento ou que necessitem de apoio psicológico; cuidados paliativos. O Programa atende à população portadora de patologias mamárias, especialmente câncer de mama. Atualmente são aproximadamente 560 mulheres atendidas no local (VELOSO, 2010). Durante as ações comunitárias (prevenção e rastreamento) em Goiânia e interior de Goiás, os acadêmicos da Liga da Mama entram em contato com aproximadamente 2.000 pessoas, anualmente. Resultados: Entre agosto de 2009 e agosto de 2010, foram realizados 2.072 atendimentos psicológicos, com média mensal de 173 atendimentos. Vale ressaltar que 100% das pacientes com diagnóstico de câncer de mama, submetidas à quimioterapia ou em pós-operatório, recebem acompanhamento psicológico. conclusão: A proposta de atenção às portadoras do câncer de mama deve considerar as dimensões e propriedades psicossociais do ser feminino, tornando indispensáveis o trabalho em equipe multidisciplinar e a assistência integral à saúde. Desta forma, as acadêmicas de psicologia da Liga da Mama se inserem no contexto vivenciado pela Equipe de Psicologia do Programa de Mastologia, desenvolvendo atitudes e conceitos que serão posteriormente modelados no sentido de oferecer às mulheres com câncer de mama o suporte psicológico adequado. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 204 P111 AvALiAÇãO dO deSenvOLviMenTO cOGniTivO de cRiAnÇAS PReMATURAS de MUiTO BAixO PeSO nA idAde PRé-eScOLAR PRecedenTeS dO MéTOdO cAnGURU Claudia Maria Ribeiro Martins Gonçalves, Viviane Neves Anaia Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo O Método Canguru (MC)¹ foi implantado no Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo (HMUSBC) em 2000. O Ambulatório de Seguimento – Projeto Ver Crescer iniciou em 2004, com a finalidade de acompanhar as crianças que participaram do MC e tiveram peso de nascimento menor ou igual 1500g e menor que 33 semanas de idade gestacional , até a idade de sete anos por equipe multiprofissional. O objetivo deste trabalho é avaliar e identificar o desenvolvimento cognitivo na idade pré-escolar de recém-nascidos de muito baixo peso, que participaram do MC no HMUSBC e foram acompanhados no Ambulatório de Seguimento. Para tal realizou-se a avaliação de 44 crianças pela Escala de Maturidade Mental Columbia, teste validado pelo Conselho Federal de Psicologia, e se propõe a testar a capacidade de raciocínio geral na idade pré-escolar. Em nossa amostra, as crianças foram recém-nascidos de baixo peso, sendo 25% de extremo baixo peso. A prevalência de aleitamento materno foi de 6 meses, sendo a máxima de 48 meses. Tivemos como resultado 65,9% com inteligência dentro da média para a idade, 27,3% médio superior, 2,3% médio inferior e 4,5% inteligência superior. Resultado semelhante foi encontrado em outra amostra de prematuros do Espírito Santo, porém as crianças tinham idade gestacional e peso maiores do que o de nossa amostra². Esse resultado é considerado normal para a população em geral³. Acreditamos que o MC, no qual a mãe permanece mais presente com a criança desde a UTI neonatal até sua alta hospitalar, a promoção do aleitamento materno, que fortalece o vínculo mãe-filho e fornece nutrientes essenciais para o desenvolvimento neuronal, o seguimento com equipe multiprofissional com intervenção precoce de alterações no desenvolvimento possa facilitar bons resultados na faixa etária pré-escolar. Nesta amostra de prematuros não observamos alterações significantes para a Escala de Maturidade Mental Colúmbia. Palavras chaves: Prematuridade, Avaliação Cognitiva, Amamentação, Método Canguru Bibliografia: 1) BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Políticas de Saúde. Área Técnica da Saúde da Criança. Brasília. Atenção Humanizada ao recém nascido de baixo peso: Método Mãe Canguru 2001.Brasília,2001; 2) Oliveira CGT. Indicadores cognitivos, lingüísticos, comportamentais e acadêmicos de pré-escolares prematuros e nascidos a termo. Tese de Mestrado. Universidade Federal do Espírito Santo. Agosto 2008; 3) Burgemeister BB, Blum LH, Lorge I. Escala de Maturidade Mental Colúmbia. Manual para Aplicação e Interpretação. 2001. Editora Casa do Psicólogo Livraria e editora. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 205 P112 PeRFiL neUROPSicOLÓGicO e ASPecTOS PSicOdinâMicOS nO PRé e PÓS-TRATAMenTO nA AnORexiA neRvOSA eM HOMenS: UM ReLATO de cASO Ana Luiza Ribeiro Pereira Dias, Cristiana Castanho de Almeida Rocca Serviço de Psicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) introdução: A literatura sobre os transtornos alimentares em homens é escassa e marcada mais por controvérsias e dúvidas do que por fortes evidências. Trata-se de um campo em desenvolvimento, no qual há ainda muito a se compreender. Até a década de 60, com raras exceções, os homens ficaram teoricamente excluídos do diagnóstico de transtorno alimentar devido ao baixo número de casos que os eliminava de qualquer estatística, à compreensão psicanalítica de que a anorexia seria um sintoma de um suposto medo de fecundação oral e além, da falsa crença de que a anorexia era um distúrbio exclusivo do gênero feminino (Andersen, 1992; 1997). Com a finalidade de acrescentar dados à literatura, será apresentado um relato de caso nos quais dados neuropsicológicos e de características de personalidade são colocados em perspectiva. Objetivo: Avaliar aspectos neuropsicológicos e psicodinâmicos em dois momentos: durante a internação do paciente e após seis meses de tratamento ambulatorial e terapia ocupacional. Metodologia: Foi escolhido um estudo de caso de um adolescente de 17 anos com diagnóstico de anorexia nervosa do subtipo purgativo, o qual foi discutido em dois momentos: durante a internação do paciente e após seis meses de tratamento ambulatorial e terapia ocupacional O paciente apresentava ideação suicida, com várias tentativas prévias e importantes conflitos emocionais. Foi encaminhado para psicoterapia individual, familiar e terapia ocupacional, tendo apenas aderido à terapia ocupacional. Os instrumentos utilizados neste estudo foram entrevistas psicológicas, testes neuropsicológicos e projetivos. Resultados: Houve uma melhora na maioria das funções avaliadas como: atenção, memória, esfera verbal, capacidade de seqüenciação vísuo-espacial e de análise, síntese e planejamento. No entanto, persistiram prejuízos em flexibilidade cognitiva e lentificação motora e cognitiva. Em relação à dinâmica, apresentou questões relacionadas à falta de elaboração dos conflitos psíquicos vivenciados na internalização das imagos parentais o que compromete a consolidação da identidade pessoal. conclusão: É necessário desenvolvimento de pesquisas nas quais se estabeleça a interação entre perfil neuropsicológico e aspectos psicodinâmicos que favoreçam, mesmo em serviços de saúde terciários, intervenções individuais e familiares para tratamento a longo prazo. Palavra-chave: anorexia nervosa, aspectos psicodinâmicos, neuropsicologia. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 206 P113 GRUPOS de diScUSSãO: UMA PROPOSTA FORMATivO-TeRAPÊUTicA PARA A PSicOLOGiA nO cAMPO dA SAÚde dO TRABALHAdOR Amanda Letícia Pereira Moura, Halanderson Raymisson da Silva Pereira, Janaína Maria Sampaio de Almeida, Simone Araújo da Silva, Luís Alberto Lourenço de Matos Universidade Federal de Rondônia – UNIR introdução: Este trabalho apresenta os resultados da proposta de atuação da Psicologia no campo da saúde do trabalhador, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivo: com o intuito de compreender, analisar e intervir nas relações entre o trabalho e o processo saúde-doença das servidoras dos setores Núcleo de Enfermagem e Serviço de Atendimento Médico (SAME) da Policlínica Oswaldo Cruz – instituição de saúde localizada em Porto Velho – Rondônia – em parceria com o Comitê de Humanização da instituição e com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST/RO). Método: Metodologicamente, trata-se de uma prática extensionista qualitativa e exploratória que prioriza a formação de grupos de discussão, considerando os aspectos psicológicos e subjetivos envolvidos no processo saúde-doença e nas relações de trabalho. Tais grupos possuem caráter formativo-terapêutico, uma vez que o trabalho em grupo atua como um instrumento para que as profissionais possam se situar psicologicamente frente às condições de trabalho, possibilitando a compreensão do sofrimento psíquico dentro de um espaço que se propõe terapêutico. Resultados: A partir da investigação prévia e dos encontros realizados com as servidoras, os resultados permitem afirmar que há divergências no tocante ao perfil sócio-econômico das servidoras dos dois setores bem como aspectos conflitivos nas relações de trabalho. Somado a isto, as principais queixas referem-se às dificuldades nas relações interpessoais e a escassa comunicação no ambiente de trabalho, as quais, por sua vez, influenciam sobremaneira os modos de atuação profissional bem como suas vivências subjetivas enquanto profissionais da área de saúde. conclusões: Nessa perspectiva, ressalta-se a necessidade e a importância da continuidade dos grupos enquanto instrumentos que valorizam a subjetividade no trabalho, pois ao refletir sobre os problemas e estratégias, aborda os modos de lidar construídos pelas trabalhadoras bem como propicia modificações nas relações do trabalhador com o contexto de trabalho. Palavras-chave: Psicologia; Saúde do Trabalhador; Processo saúde-doença Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 207 P114 RePReSenTAÇõeS SOciAiS e SAÚde dO TRABALHAdOR: PROdUÇãO de diScURSOS e diMenSõeS dO PROceSSO SAÚde-dOenÇA Simone Araújo da Silva Universidade Federal de Rondônia - UNIR introdução: O presente trabalho surgiu no contexto de produção de discursos acerca das dimensões do processo saúde-doença, oriundas da experiência de extensão universitária desenvolvida no Programa Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde. Objetivo: Sendo a temática do projeto referente ao levantamento epidemiológico em Saúde do Trabalhador e os principais agravos sofridos pelos usuários do Programa de Saúde da Família – PSF, tornou-se necessário discutir a teoria das Representações Sociais com o intuito de contribuir para a compreensão do processo saúde-doença, considerando a emergência dos discursos dos usuários e dos profissionais de saúde, integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS). Método: A partir de uma abordagem quanti-qualitativa, foram aplicados questionários sócioeconômicos e nórdico de sintomas osteo-musculares em uma amostra de 401 usuários vinculados à equipe de PSF do período da manhã, da Unidade Básica de Saúde Pedacinho de Chão, instituição localizada em Porto Velho – RO. Os dados coletados foram analisados à luz dos pressupostos teóricos da Psicologia Social, abrangendo a temática das Representações Sociais, por meio da análise de conteúdo. Resultados: Durante a aplicação dos mesmos e da vivência na UBS foram levantadas hipóteses sobre possíveis discrepâncias existentes entre o que é dito pelo usuário e a nossa percepção sobre os fatos e fenômenos. Considera-se que as dimensões do processo saúde-doença tornam-se discrepantes na medida em que a dualidade presente no senso comum entre a dimensão física e dimensão psíquica, esta tida como algo imaterial, não palpável se apresenta menos predominante nas queixas relatadas pelos usuários. conclusões: Nesse sentido, faz-se necessária a análise de estudos e pesquisas que considerem a situação concreta das condições e organização do trabalho confrontada com o discurso dos trabalhadores, uma vez que tal premissa poderá oferecer subsídios para a construção de um panorama consistente com a maior aproximação da realidade. Palavras-chave:Representações Sociais, Processo saúde-doença, Saúde do trabalhador Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 208 P115 A vivÊnciA dO AcOLHiMenTO nA ROTinA de TRABALHO de PROFiSSiOnAiS de SAÚde PÚBLicA nãO GRAdUAdOS Roberta Scaramussa da Silva, Adriana Cremasco, Renata Rocha Faculdade Pitágoras Linhares Secretaria Estadual de Saúde do ES introdução: A melhoria do acesso aos serviços de saúde é uma meta estabelecida desde a Constituição de 1988 e para garantia desse direito, os serviços de saúde devem estar preparados em estrutura e recursos humanos. A Política Nacional de Humanização (PNH) foi instituída pelo Ministério da Saúde em 2003 com a finalidade de efetivar os princípios do SUS e tornar possível que as relações entre trabalhadores, gestor e usuário possam contribuir para a organização de serviços de saúde adaptados à realidade local. O acolhimento é uma das diretrizes apontadas pela PNH e pode ser compreendido como um modo de operar os processos de trabalho de saúde de forma a atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários. Objetivo: Deste modo o presente estudo teve como objetivo identificar as percepções dos profissionais técnicos de uma Unidade Básica de Saúde do Município de São Mateus sobre Humanização e acolhimento nas práticas de saúde. Metodologia: Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e qualitativa na qual participaram os profissionais técnicos de uma Unidade de Saúde Municipal composto por 1 Vigia, 3 Auxiliares de Serviços Gerais, 2 técnicos de enfermagem, 1 auxiliar de farmácia e 3 recepcionistas. Todos responderam a um questionário com questões abertas e fechadas sobre o tema Humanização/ acolhimento em sua prática profissional. Resultados: Os resultados apontaram que a concepção predominante de “acolher” por parte dos entrevistados está relacionada a “tratar bem”, “sorrir”, “atender educadamente”, “ter paciência”. Foi possível perceber que a noção de acolhimento não é percebida como parte da Política Nacional de Humanização instituída pelo SUS mas conceito reproduzido a partir do senso comum. De modo geral, os entrevistados não conseguiram fazer correlação entre as políticas de saúde e o cotidiano de serviços na Unidade Básica. No que se refere a gestão dos processos de trabalho concordaram que a Unidade tem uma boa gestão e o relacionamento grupal é satisfatório, contudo as respostas apontam pouca ou nenhuma participação dos mesmos nas decisões sobre a rotina da Unidade. Sobre sua própria valorização como profissional os elogios predominaram como principal forma de reconhecimento a eles dispensados e serem chamados pelo nome também foi mencionado como significativo. conclusão: Os dados acima descritos apontam a necessidade de construção de estratégias efetivas de sensibilização dos funcionários para a implementação da PNH nesta Unidade Básica. Fica evidenciado nos discursos que a mera transmissão de informações não é suficiente para a mudança de práticas no cotidiano de trabalho na área da saúde. Palavras-chave: Política Nacional de Humanização, Acolhimento, profissionais Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 209 P116 cOMPULSãO ALiMenTAR PeRiÓdicA eM MULHeReS APÓS ciRURGiA BARiáTRicA Ana Luiza Sobral Oliveira, Sue Ellen Ferreira Modesto, Niraldo de Oliveira Santos, Marlene Monteiro da Silva, Dr. Marco Aurélio Santo, Dra. Mara Cristina Souza de Lucia Centro de Estudos em Psicologia da Saúde (CEPSIC) e Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: A obesidade mórbida se constitui numa grave condição clínica e quando o tratamento convencional se torna difícil, a cirurgia bariátrica é apresentada como o método indicado. Objetivo: Avaliar a compulsão alimentar periódica em pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica. Método: Foram incluídas 17 pacientes do sexo feminino, que realizaram cirurgia bariátrica no período de 2001 a 2009, com IMC atual menor que 39. Antecedido por uma entrevista com o intuito de obter informações sócio-demográficas e a respeito da condição da obesidade e a busca pela cirurgia bariátrica, incluindo os principais fatores psíquicos envolvidos no pré e após a cirurgia, o QEwP-R foi o instrumento utilizado para a avaliação da compulsão alimentar. Resultados: Ao verificar o menor peso após a cirurgia e o peso atual, foi possível observar que 13 pacientes ganharam peso após uma média de três anos de cirurgia. Outro fator importante observado foi de que sete (40,9%) mulheres responderam que comem grandes quantidades de comida com a sensação de comer descontroladamente mesmo após a cirurgia com uma freqüência que varia de uma vez por semana a quase todos os dias. Nove (52,9%) relataram que cometeram excessos alimentares e que se aborreceram por causa disso por acreditarem que estão comendo além do que lhe é recomendado. Quando indagadas sobre a sensação de não conseguir parar de comer, 11 (64,7%) afirmaram se aborrecerem com esse comportamento. Duas (11,7%) pacientes apresentam episódios de comer noturno e aproximadamente 53% das pacientes afirmaram que já tiveram episódios de ficar engasgada com a comida, atribuindo ao nervosismo, à ansiedade e ao fato de não terem mastigado corretamente o alimento ingerido. Todos esses dados observados através da entrevista foram auto-relatados. Em relação ao diagnóstico de compulsão alimentar avaliado por meio do QEwP-R, obteve-se um resultado de que 17,6% das participantes apresentavam o diagnóstico de compulsão alimentar periódica. conclusão: Identificamos aspectos que apontam sintomas compulsivos e impulsivos nas pacientes deste estudo, apesar de, através do QEwP-R, não terem sido diagnosticadas com compulsão alimentar periódica. Isso demonstra que por tratar-se de um campo novo, torna-se difícil dispor de instrumentos específicos para mensurar as complicações psiquiátricas após a cirurgia bariátrica e admitir que se come muito após a cirurgia parece delicado na medida em que pode evidenciar certo fracasso do candidato operado. Palavras-chave: obesidade mórbida; cirurgia bariátrica; compulsão. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 210 P117 A RecAÍdA nA PeRcePÇãO dO dePendenTe qUÍMicO Paulo César Veiga, Maghayber Dondoni, Andrieli Gomes, Roberta Scaramussa Faculdade Pitágoras – Campus Linhares introdução: Em função das graves conseqüências psicossociais advindas do abuso de álcool e outras drogas, é crescente a preocupação dos profissionais de saúde com a eficácia dos tratamentos propostos. A literatura investigada aponta que entre as maiores dificuldades e motivos de abandono de tratamento encontram-se: a motivação para modificar ou interromper o uso dessas substâncias e as recaídas freqüentes. A recaída é considerada um estado de crise, um conjunto de sintomas da doença, manifestados pelo abuso de substâncias após um período de abstinência. Objetivo: Identificar as percepções desses dependentes químicos sobre a recaída do uso de drogas e verificar os fatores de risco que levavam os mesmos a tornarem-se reincidentes. Método: Este trabalho consiste numa pesquisa descritiva com uma abordagem qualitativa e quantitativa que nos possibilitou identificar alguns fatores considerados de risco à recaída segundo a percepção dos entrevistados. Foram realizadas entrevistas de roteiro semi-estruturado a 10 internos de um centro de reabilitação, do sexo masculino com idades entre 15 e 60 anos. Resultados: Os dados apontaram que todos os usuários que faziam uso de crack tiveram ao menos, uma recaída. Também foi possível observar que as amizades e as visitas a local de utilização de drogas, como as “bocas de fumo” são as circunstâncias que proporcionam uma maior freqüência na ocorrência da reutilização da droga. A grande maioria dos entrevistados apontou o apoio familiar e a espiritualidade como fundamentais para enfrentarem a recaída. conclusão: Assim percebemos com esta pesquisa que coloca a “recaída” em análise é fundamental para a construção de estratégias efetivas para o tratamento de sujeitos em situação de dependência química. Palavras chaves: Recaída, Dependência Química, Comunidade Terapêutica, Percepção Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 211 P118 HUMAnizAÇãO dOS USUáRiOS dAS UnidAdeS de SAÚde: LiMiTeS e POSSiBiLidAdeS dA inTeRvenÇãO MULTiPROFiSSiOnAL Leide Jaiane Santana Borges, Mirelle Souza Góes Faculdade Social da Bahia A presente pesquisa foi elaborada com o intuito de construir uma visão crítica a cerca do processo de reducionismo das pessoas que utilizam o sistema público de saúde, estas deixam de “existir” quando o diagnóstico de uma doença crônica é confirmado. Haja vista que o deslocamento do olhar de muitos profissionais da área de saúde está voltado unicamente para a doença, limitando o indivíduo e impossibilitando que a descoberta, bem como o tratamento de outras possíveis doenças sejam identificadas sem ligação ao primeiro diagnóstico, ou seja, a singularidade do usuário é deixada de lado e este passa a ser visto como à doença que o assola. Surge daí um problema prático para as pessoas que necessitam de atendimento amplo e diferenciado, a exemplo dos portadores de hidrocefalia, esclerose múltipla, lúpus, esquizofrenia, entre outras doenças que possuem manifestações clínicas dúbias e/ou estereotipadas. O paciente que adquire ou nasce com esse tipo de doença, ao buscar atendimento para o tratamento de outras doenças, tem sua sintomatologia atribuída única e exclusivamente à patologia previamente diagnosticada. Vale ressaltar que o sujeito não se resume a uma lesão, e acontecimentos deste tipo denunciam a prática de muitos profissionais, que banalizam o atendimento diferencial desviando o foco para os sintomas. Deste modo faremos uma revisão bibliográfica a fim de identificar os principais déficits no atendimento multiprofissional do sistema de saúde, para compreender de que forma o psicólogo pode atuar na humanização deste atendimento possibilitando um olhar qualificado a cerca do serviço oferecido. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que seguirá pela identificação de textos em catálogos de editoras, bibliotecas, bancos de teses e periódicos. Portanto, como tema central do trabalho, tem-se a necessidade de responder ao seguinte questionamento: como os psicólogos podem atuar otimizando a dinâmica do tratamento diferencial, viabilizando uma mudança de posicionamento dos profissionais que não conseguem enxergar o indivíduo em meio à doença? Esta é uma tarefa árdua que para ser realizada necessita de profissionais comprometidos e éticos que busquem um trabalho conjunto, desvinculando-se do modo psicanalítico, compreendendo que o paciente não pertence exclusivamente ao espaço terapêutico, ou seja, este é atendido por uma rede da qual o psicólogo pertence, logo, este assume papel fundamental na equipe multiprofissional, inviabilizando um posicionando dogmatizado, quebrando os paradigmas interdisciplinares e avançando na construção de uma prática profissional voltada para as pessoas a fim de proporcionar melhorias na sua qualidade de vida. Palavras-chave: Humanização; diagnóstico diferencial; reducionismo das pessoas; Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 212 P119 RiScO de SUicÍdiO eM GeSTAnTeS de ALTO RiScO: UM eSTUdO exPLORATÓRiO Vanessa Marques Ferreira Jorge, Gláucia Rosana Guerra Benute, Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Renério Fráguas, Mara Cristina Souza de Lucia, Marcelo Zugaib Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo introdução: O suicídio é fenômeno complexo e universal que atinge todas as classes sociais, envolvendo elementos biológicos, genéticos, sociais, psicológicos, culturais e ambientais relacionado à vida pessoal e coletiva. É compreendido como o ato humano de cessar a própria vida. Em gestantes, a freqüência do comportamento suicida, que compreende da ideação até a tentativa ou suicídio consumado, pode atingir até um quarto desta população. Objetivo: Identificar o risco para comportamento suicida em gestantes de alto risco num hospital público de São Paulo. Método: Foram convidadas a participar deste estudo 268 gestantes de alto risco em acompanhamento pré-natal especializado. O projeto de pesquisa bem como o termo de consentimento livre e esclarecido foram previamente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da instituição. Os critérios de inclusão adotados foram: gestações únicas, membranas integras, ausência de anormalidades fetais congênitas ou cromossômicas, e gestação de alto risco, isto é, complicada por intercorrência clínica. Os critérios de exclusão foram malformação ou anomalia fetal diagnosticada após o nascimento. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas conduzidas com as gestantes enquanto aguardavam pela consulta no ambulatório de pré-natal. Resultados: A média de idade foi de 29 anos (SD=0,507) e 30 semanas gestacionais (SD=0,556). Constatou-se risco específico para suicídio em 5% do total da amostra. Destas, 85% têm relacionamento estável (casada ou amasiada), em 50% dos casos a gestação foi planejada, 71% têm religião e não exerce atividade profissional. Quando correlacionados os dados de estado civil, planejamento da gestação, idade, escolaridade, atividade profissional, risco de prematuridade e religião com risco para suicídio, constatou-se que ter uma religião apresentou significância estatística (p=0, 012). Não foram encontradas associações positivas para nenhum dos outros itens selecionados, quando comparados com o risco para suicídio. Ao correlacionar o risco de suicídio com os demais sintomas característicos de depressão maior, observou-se significância estatística na amostra no que diz respeito a todos, sendo, insônia ou hipersonia (p= 0, 003), fadiga ou perda de energia (p= 0, 001), diminuição ou aumento do apetite (p= 0, 005), menor interesse nas atividades diárias (p= 0, 000), humor deprimido (p= 0, 000), sentimento de inutilidade ou culpa (p= 0, 000), diminuição da concentração (p= 0, 002), agitação ou retardo psicomotor (p= 0, 002). conclusão: Observou-se que a religião pode ser um fator protetor em relação ao comportamento suicida. Além de propiciar uma rede social de apoio da qual as mulheres necessitam no período gravídico, apóiam as crenças na vida após a morte e em um Deus amoroso, propiciando objetivos à vida e auto-estima e fornecendo modelos de enfrentamento de crises. Os resultados sugerem a importância da prevenção e diagnóstico precoce do risco para suicídio neste grupo de gestantes, pois dar cabo de si próprio significa chegar ao fim de si mesmo, encontrar o fim ou limite de que se é, a fim de chegar ao que não somos – ainda. O suicídio é uma tentativa de mudar de uma esfera para outra à força, por meio da morte, encontrando soluções para o que parece impossível. Palavras-chave: gravidez; suicídio; depressão Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 213 P120 cORReLAÇãO enTRe O SUBTeSTe cÓdiGOS dO BeTA-iii e dO WAiS-iii Gisele Aparecida da Silva Alves,Sílvia Verônica Pacanaro, Irene A. de Sá Leme, Ivan Sant´Ana Rabelo, Rodolfo Augusto Matteo Ambiel Departamento de Pesquisa e Produção de Testes da Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda. São Paulo – SP introdução: A neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento humano e que atualmente, baseia-se na investigação das funções corticais superiores, como, por exemplo, a atenção, a memória, a linguagem, entre outras. A neuropsicologia entende a participação do cérebro como um todo no qual as áreas são interdependentes e inter-relacionadas e dessa maneira, sabe-se que, a partir do conhecimento do desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro, pode-se compreender alterações cerebrais, como no caso de disfunções cognitivas e do comportamento resultantes de lesões, doenças ou desenvolvimento anormal do cérebro. Diante desta complexidade, no processo de avaliação psicológica ou neuropsicológica é relevante a avaliação da organização espacial, visual, rapidez de resposta e velocidade de processamento. Objetivo: Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo investigar a correlação entre o subteste Códigos do Beta III com o do wAIS-III. Os dois instrumentos têm o mesmo princípio de resposta, qual seja, de reproduzir números relativos a símbolos dispostos no início da folha de resposta em um tempo predeterminado. Método: Participaram da pesquisa 41 estudantes do curso de psicologia de uma universidade pública do estado do Rio de Janeiro. Do total, 70,7% eram mulheres e 29,3% eram homens. As idades variaram entre 19 e 29 anos, com média de 21,44 anos (DP=2,2). Resultados: Os resultados destacaram que as médias foram maiores para o subteste Códigos do wAIS-III. Também foi realizada a análise de Correlação de Pearson considerando os escores totais das duas provas e foram observadas para os dois subtestes correlação positiva e significativa, com magnitude alta. Esse resultado configura-se como uma evidência de validade convergente para o subteste Códigos do Beta-III, uma vez que os dois testes relacionam-se à velocidade de processamento. conclusões: Os resultados sugerem que o teste é capaz de captar diferenças no desempenho de diferentes grupos, considerando diferentes variáveis, por isso, espera-se ampliar os estudos com amostras de outros estados do país, a fim de se avaliar se apresentam diferenças regionais para elaboração de normas. Palavras-chave: teste de inteligência, CNH, trânsito. Financiador do projeto: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 214 P121 TeSTe de MeMÓRiA viSUAL de ROSTOS eM dePendenTeS qUÍMicOS Irene A. de Sá Leme, Sílvia Verônica Pacanaro, Gisele Aparecida da Silva Alves, Ivan Sant´Ana Rabelo, Rodolfo Augusto Matteo Ambiel Departamento de Pesquisa e Produção de Testes da Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda. São Paulo – SP A Neuropsicologia é uma subárea das Neurociências, exercida por psicólogos, que busca a compreensão da relação entre os danos cerebrais e os efeitos na cognição e comportamento dos indivíduos. É interessante analisar estas informações em dependentes químicos, que tem o compromisso de descrever as alterações cognitivas, comportamentais e emocionais, bem como a qualidade do funcionamento mental, realizar a análise de potenciais, prever o curso da recuperação e estimar o funcionamento pré-mórbido dos usuários. Um dos aspectos avaliados é a memória visual que é responsável pela recepção e interpretação dos sinais do meio ambiente e do reconhecimento de características visuais para o processamento de informações mais relevantes, que levam a uma efetiva memorização das características. O presente trabalho tem como objetivo estudar a relação entre o Teste de Memória Visual de Rostos (MVR) em dependentes químicos, que é destinado a avaliar a memória de médio prazo por meio de rostos de pessoas e as informações associadas a estas (nomes e sobrenomes, profissão, localização, entre outros). Por ser o MVR um instrumento que avalia a memória a médio prazo, é recomendado a utilização de distratores entre a apresentação dos estímulos e a evocação das informações obtidas por meio dos itens pictóricos (rostos) e verbais (informações associadas aos rostos). Foi realizado um estudo comparando o desempenho no MVR de um grupo de dependentes químicos em tratamento e um grupo controle. Os grupos eram semelhantes quanto a idade, sexo e número de participantes. Assim, cada grupo foi composto por 20 participantes com idade variando de 19 a 44 anos (M=27,20; DP=7,15), sendo 15 (75%) do sexo masculino. Para verificar se existiam diferenças no desempenho no MVR entre os dois grupos, utilizou-se do Teste t de Student e os resultados indicaram que o grupo de dependentes químicos apresentou desempenho significativamente menor comparado ao grupo controle. Esse resultado representou evidência de validade de critério para o MVR, haja vista que se esperava um desempenho menor do grupo de dependentes químicos. Palavras-chave: avaliação neuropsicológica, dependentes químicos, memória visual de rostos Financiador do projeto: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda. Anais do VI Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e II Congresso Internacional de Neuropsicologia e Neurociências · 215