Brotação e Enraizamento de Plântulas de Bambu em Função da Adição e Tempo de Imersão do FertyacilGZ® Eliza Rosário Gomes de Albuquerque1, Egídio Bezerra Neto2, José Benjamin Machado Coelho3, Germán Gutiérrez Cespede4 Introdução O bambu (Bambusa vulgaris Schrader ex Wendland) é uma poaceae de grande porte empregada para diversos fins, desde simples artesanato até a produção de papel de alta resistência e produção de energia. Ecologicamente é uma planta de grande eficiência no seqüestro de CO2 atmosférico, em virtude de sua elevada produtividade e velocidade de crescimento (Ribeiro, 2005). O colmo pode se apresentar com tons de cor variados: preto, vermelho, azul, violeta, tendo o verde e o amarelo como principais. Resistem a temperaturas abaixo de zero, principalmente os leptomorfos ou 'runners' e temperaturas tropicais, principalmente os paquimorfos ou 'clumpers'. Crescem como pequenas gramíneas ou chegam a extremos de 40 metros de altura (Shanmughavel, 1996). Dentre as espécies comerciais introduzidas no Brasil destaca-se a espécie Bambusa vulgaris, conhecida como bambu comum. Na região Nordeste do Brasil são encontrados dois plantios de grande porte nos estados do Maranhão, Paraíba e Pernambuco com sua produção destinada à fabricação de papel de alta resistência (Nunes, 2005). A maioria das espécies de bambu floresce uma única vez, ao final do seu ciclo de vida, desta forma a sua propagação é realizada vegetativamente, através do uso de estacas obtidas dos ramos (Ribeiro, 2008). A estaquia é o processo de propagação vegetal, no qual, pequenas porções de caules, folhas ou raízes regeneram a parte da planta que está faltando, formando um novo indivíduo (Lopes e Barbosa, 2002). A regeneração de raízes em estacas é variável de acordo com a espécie, a idade e tipo da planta, localização, nutrição e estádio fisiológico de crescimento dos ramos, época do ano, condições ambientais como luz, água, temperatura, condições edáficas, umidade, bem como os tratamentos aplicados à estaca (Higashi et al., 2000; Carvalho, 2002; Fanti e Peres, 2003). Ono e Rodrigues (1996) consideram que as estacas confeccionadas a partir de caules são mais vantajosas pela fácil obtenção e disponibilidade de material e de acordo com Tofanelli et al. (2002) o tipo de estaca é um dos principais fatores que influenciam na capacidade de formação de raízes. Em algumas espécies, o índice de pega geralmente é baixo, e o emprego de enraizadores pode beneficiar em muito o seu processo de multiplicação. A liberação de compostos químicos naturalmente no ambiente, ou aplicados pelo homem podem influenciar no enraizamento (Ferreira e Borghetti, 2004). Pelo exposto o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do enraizador Fertiactyl-GZ® no índice de brotamento e enraizamento de plântulas de bambu obtidas por micropropagação. Material e métodos O experimento foi conduzido na casa de vegetação do Departamento de Química Agrícola da UFRPE em garrafas ‘pet’ com capacidade para um litro contendo pó de coco como substrato. Constou de um arranjo fatorial 2x2 mais testemunha, com 10 repetições totalizando 50 parcelas, distribuídas inteiramente ao acaso. Os tratamentos foram a imersão das raízes das plântulas em água em solução de Fertiactyl-GZ® (enraizador) nas concentrações de 1% ou 0,01 %, e nos intervalos de tempo de um ou 30 minutos de imersão. As mudas obtidas por micropropagação foram medidas e pesadas, antes do transplantio. Foram irrigadas inicialmente com água da torneira diariamente e após o terceiro dia iniciou-se a irrigação com 10 mL de solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950) adaptada para bambu. A coleta do experimento foi encerrado aos 52 dias após o plantio (DAP), avaliando-se inicialmente o número de brotos por planta e em seguida a biomassa fresca da planta inteira. Em seguida as plantas foram levadas a uma estufa com circulação de ar regulada a 65 °C até peso constante, e posteriormente determinado à biomassa seca. Os dados foram tratados estatisticamente calculando as médias, desvio padrão e análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (SILVA, 2006). ________________ 1. Eliza Rosário G. de Albuquerque é estudante de mestrado em Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE– Tel: (81)3320.6000. E-mail: [email protected] 2. Egídio Bezerra Neto é Professor Associado do Departamento de Química –Área de Química Agrícola da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP52171-900. 3. José Benjamin Machado Coelho é estudante de doutorado em Agronomia/ Ciência do Solo da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP52171-900. E-mail: [email protected] 4. Germán Gutiérrez Céspede é Eng.Florestal (AGRIMEX). Resultados Com base nas médias e desvio padrão, pode se perceber que houve efeito significativo do enraizador sobre a brotação e biomassa de bambu de acordo com os diferentes tratamentos. A biomassa fresca da parte aérea das plantas (figura1) testemunha (to) foi 9,7291±2,6496g/planta, enquanto que as plantas tratadas com 1% de GZ em um minuto de imersão na solução de Fertiactyl e água(t1) produziram 10,4751±1,7953 g/planta, das com 0,01 % de GZ em um minuto de imersão(t2) produziram 8,2908±1,3299, com 1% de GZ em 30 minutos de imersão(t3) produziram 8,0042±2,3879e com 0,01 % de GZ em 30 minutos de imersão(t4) produziram 7,4359±2,2722. As plantas testemunha apresentaram 3,274928571±1,776014376g/planta de biomassa seca de raízes e as plantas tratadas com 1% de GZ em um minuto de imersão na solução do hormônio(t1) produziram 4,146685714±1,55108545g/planta. Aparentemente as testemunhas produziram maior número de brotos (5,8±1,86445447) do que os demais tratamentos t1 (4,28571429±1,70433621), t2 (3,71428571±0,75592895), t3(5,0±1,41421356), t4(3,71428571±0,95118973) com referência a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey não houve diferença significativa observada. Referências [1]. CARVALHO, R. I. N. Fisiologia de produção de espécies frutíferas. In: WACHOWCZ, C. M.; CARVALHO. R. I. N. Fisiologia vegetal, produção e pós-colheita. Curitiba: Editora Champagnat, 2002. [2]. FANTI, S. C.; PERES, S. C. J. G. A. Influência do sombreamento artificial e da adubação química na produção de mudas de Adenanthera pavonina L. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 13, n. 1, p. 49-56, 2003. [3]. FERREIRA, A. 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Biomassa fresca parte aérea de plântulas de bambu cultivado em vasos por 52 dias, em função de tratamentos com enraizador. 14 Média Peso (g) 12 10 8 6 4 2 0 T0 T1 T2 T3 T4 Tratam entos Figura 2. Biomassa seca das raízes de plântulas de bambu cultivado em vasos por 52 dias, em função de tratamentos com enraizador. 7 6 Média Peso (g) 5 4 3 2 1 0 T0 T1 T2 T3 T4 Tratam entos Figura 3. Biomassa fresca parte aérea, biomassa seca das raízes, e numero de brotações de plântulas de bambu submetidos a diferentes dosagens de enraizador GZ e a diferentesd tempos de imersão. BIOMASSA FRESCA PARTE AÉREA BIOMASSA SECA RAIZ NÚMERO DE BROTAÇÕES TRATAMENTO T0 T1 T2 T3 T4 CV (%) 9.72917 A 10.47510 A 8.29080 A 8.00421 A 7.43592 A 24.34323 3.27493 A 4.14669 A 3.65631 A 3.51966 A 3.72371 A 41.78663 5.85714 A 4.28571 A 3.71429 A 5.00000 A 3.71429 A 31.10294 Médias seguidas de letras idênticas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade