Comunidade de Investigação

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Michelle Silvestre Cabral
Luciana Alves Pinto
OFICINA I: CONSTITUIÇÃO DA NOÇÃO DE
GRUPO/CÍRCULO/COMUNIDADE DE INVESTIGAÇÃO
FILOSÓFICA
Toledo / Paraná
Agosto – 2011
Objetivos:

Constituir, com as crianças, a noção de grupo/círculo/comunidade de
investigação filosófica (grupo que dialoga cooperativamente);

Produzir conhecimento em conjunto, a partir de diálogos cooperativos;

Desenvolver nas crianças o pensamento reflexivo, crítico, criativo e cuidadoso.

Estimular o hábito de apresentar razões para os argumentos através de
questionamentos bem orientados pelo professor;

Incorporar nos estudantes a importância da pergunta, da escuta cuidadosa e da
participação atenta de todos os membros do grupo;

Estabelecer, em conjunto, regras básicas e suficientes para o bom andamento das
atividades.
Procedimentos metodológicos:

Leitura, em conjunto, de obras da literatura nacional que tratem do tema
proposto;

Realização de dinâmicas que promovam a compreensão de noções como grupo,
equipe, união, cooperação, colaboração, segurança, etc.

Desenvolvimento de diálogos reflexivos que proporcionem o aprimoramento do
pensamento crítico, criativo e ético;
Dispositivos:
 Narrativas de vivências pessoais como meio de criar e estreitar os vínculos entre
os membros do grupo e as professoras;
 Técnicas de produção e trabalho cooperativo;
 Dinâmicas lúdicas1 que proporcionem a sensibilização e a aproximação dos
1
As dinâmicas foram inspiradas nas valiosas sugestões feitas por Jackson e Oho (1998b) no artigo
“Preparando-se para filosofar”. Como toda apropriação, o processo implicou, necessariamente,
reelaborações, reformulações, re-adaptações, transformações, etc.
estudantes aos temas propostos.
Produção:
 Confecção coletiva de um pompom que se converte em símbolo da união do
grupo e representante das vivências e histórias de cada um narradas durante sua
confecção;
 Produção de textos curtos que apresentem a compreensão que cada estudante
internalizou a partir dos diálogos e reflexões sobre os conceitos apresentados;
 Elaboração de desenhos representando o círculo/grupo de filosofia.
 Instituição e registro de regras que servirão de orientação e regulação das
atividades.
Materiais:
 Novelo de barbante;
 Bola de pano;
 Folhas sulfite;
 Estojo: Lápis de cor, lápis preto, borracha;
 Canetas hidrográficas;
 Textos de literatura selecionados;
 Fichas;
 Cartolina;
 Papelão;
 Novelos de lã diversas cores.
Relatos sobre as atividades
Dinâmica 1 – Fazer um círculo com barbante
(Realizada dia 19/09/2011)
Materiais:
Novelo de barbante.
Procedimentos:

Sentar com as crianças no chão, formando um círculo.

Passar o novelo de barbante em torno do círculo. Pedir que cada um, ao
recebê-lo, diga seu nome e algo acerca de si mesmo. O professor pode
começar: “Meu nome é... e gosto de...”.

Pedir que elas, após terem passado o novelo, segurem um pedaço do
barbante.

Depois que algumas crianças tiverem feito isso, pare para perguntar se
alguém pode repetir o que a última acaba de dizer. Lembrar-lhes de levantar
a mão antes de responder. O professor pede que a última criança que falou
indique uma que tenha levantado a mão. Quando o aluno repetir o que a
criança havia dito, pergunte a ela se está certo. O objetivo é dar ênfase no
desenvolvimento da escuta atenta, por isso, pode ser apropriado, insistir para
as crianças repitirem a resposta literalmente.

Quando o novelo tiver dado a volta completa, perguntar às crianças se sabem
o que acabam de fazer. Se disserem que fizeram um círculo, discutir o
significado do círculo. Pode acontecer de elas levantarem palavras como
trabalho em equipe ou cooperação.

Pedir a algumas crianças que soltem o barbante e perguntar: “Ainda temos
um círculo?” As crianças deverão captar a idéia de que cada uma delas tem
um papel importante na formação do círculo.

Demonstrar o que acontece quando puxamos o barbante: Elas verão que isso
lhes causa desconforto. Pode-se fazer analogia com alguém que tenta tomar
conta, dominar o grupo: este tipo de comportamento infringe o espaço
pessoal do outro.

Ao recolher o barbante, pedir às crianças que façam um túnel com seus
dedos, através do qual possam passar o barbante. Dizer a elas que se nesse
círculo houver uma boa equipe de trabalho, poderão enrolar o novelo
rapidamente.
Dinâmica 2 – Dar a palavra uns aos outros
(Realizada dia 19/09/2011)
Para começar, explicar sobre o significado da bola de pano que será o de
auxiliar no processo de desenvolvimento de:

dar a palavra uns aos outros;

falar apenas quando estiver de posse da bola;

respeitar o colega que está com a bola, ouvindo-o;
Esclarecer que, para garantir a segurança física de cada indivíduo ao atirar a
bola, será necessário:

atirar a bola sem levantar as mãos;

rolar a bola em direção ao colega escolhido;

chamar primeiro, pelo nome, a pessoa a quem será atirada a bola.
Materiais:
Bola de pano.
Procedimentos:

Sentar com as crianças no chão, formando um círculo.

Propor a dinâmica de passar a bola um para o outro. O objetivo é de passar a
bola ao maior número de colegas diferentes possível no espaço de um
minuto.

Enquanto as diversas crianças recebem a bola, o professor acompanha o
tempo e conta, parando quando se completa um minuto.

Se não foi possível passar a bola a todas as crianças do círculo, perguntarlhes se acham que se sairão melhor tentando novamente.

Lembrar, mais uma vez, sobre a necessidade de se garantir a segurança física
de todos ao receberem a bola.
Dinâmica 3 – Investigação inicial: O que é um lugar seguro?
(Realizada dia 26/09/2011)
É fundamental, ao se tentar constituir uma comunidade/grupo de investigação,
garantir a segurança em todos os sentidos: segurança física, segurança emocional ou
psicológica e segurança intelectual. O objetivo desta atividade é fazer com que as
crianças se tornem conscientes disso.
Materiais:

Bola de pano;

Folhas sulfite;

Estojo.
Procedimentos:

Sentar com as crianças no chão, formando um círculo.

Perguntar à elas: “O que é um lugar seguro?” Incentivar e reforçar os
processos de dar a palavra e desenvolver habilidades de escuta, garantindo o
uso da bola de pano, sempre pedindo que alguém repita o que foi dito.

Em geral, as crianças respondem a tal pergunta indicando um lugar que
consideram seguro. Se a ideia de segurança emocional não surgir, perguntar
às crianças o que aconteceria se contassem algo importante (pessoal) e seu s
colegas rissem. Por acaso se sentiriam seguros para continuar falando.

Deixar que as crianças relatem acontecimentos e fatos em que não se
sentiram seguros emocionalmente (por terem sido vítimas de deboche,
caçoadas, etc.), proporcionando a compreensão do que seja este tipo de
segurança.

Após estas discussões, perguntar às crianças: Nosso círculo (turma)
representa para elas um lugar seguro? Diante das respostas, positivas ou
negativas, peça razões para tais argumentos.

Pedir as crianças que registrem suas respostas em uma folha de sulfite e
façam um desenho que represente o que elas entenderam por segurança na
aula de hoje. Se, nesse momento, continuarem a enfatizar a segurança física
em detrimento da emocional, será necessário incluir em outras atividades
novas oportunidades para reforçar os outros sentidos de segurança, para
desenvolver a consideração e o respeito para com os colegas do grupo.
Dinâmica 4 – Aprofundar e desenvolver o significado, as diferenças e a
complementariedade entre as noções de segurança física, emocional e cognitiva
(Realizada dia 03/10/2011)
Materiais:

Texto (trechos/recortes da história U de união, de Angelini);
 Folhas de sulfite (para registro das crianças e do professor);

Canetão, Estojo;

Fichas (com os nomes dos tipos de segurança);

Cartolina (para registro, ao final da atividade, dos tipos/conceitos de segurança
necessárias à constituição do grupo/círculo de filosofia).
Procedimentos:
 Sentar com as crianças no chão, formando um círculo.
 Apresentar as crianças fichas contendo as principais noções que apareçam na
investigação anterior (aula de 26/09). Pedir que elas ajudem a organizá-las de
acordo com o tipo: lugar seguro ou atitude/comportamento que produz sensação
de segurança.

O professor distribui as cópias do texto (U de união) para todos os alunos e
explica que a leitura será feita em conjunto (cada um lê um trecho/ parágrafo);

Pedir aos alunos que destaquem com lápis azul claro, no texto, as palavras que
indicam atitudes/comportamentos que podem nos causar sensação de segurança
e com lápis amarelo aqueles que causam o contrário;
 A seguir, propor algumas perguntas que auxiliem na reflexão sobre as noções
presentes no texto que podem propiciar uma melhor compreensão da noção de
segurança:
o O que determina a sensação de segurança: o lugar onde estamos ou as
atitudes que tomamos?
o A presença do respeito (entre o grupo, colegas) pode nos causar
sentimento de segurança?
o Que tipo de segurança o respeito pode nos trazer?
o Quais atitudes podemos tomar para nos sentirmos mais seguros?

Após a discussão, a professora devolve aos alunos a atividade que realizaram no
último encontro e pede que eles pensem se acreditam que poderiam
acrescentar/complementar algo ao que haviam feito. Conversar com eles sobre
isso, pedir razões para suas afirmações. Pedir às crianças que reformulem o que
escreveram na última aula, tentando responder à pergunta: “O que precisa existir
em nosso círculo para que todos se sintam seguros?”

Apresentar às crianças um cartaz/painel contendo as principais noções que
surgiram na discussão e a proposta de alguns princípios que podem auxiliar o
desenvolvimento do sentimento de segurança nos membros do grupo/ círculo de
filosofia. Propor uma discussão sobre estes.
A comunidade de investigação deve ser um lugar seguro, que se enquadra
nas seguintes características:
1. Existe respeito entre as pessoas.
2. As pessoas são amáveis. Brigas, sarcasmo e insultos não podem acontecer.
3. Existem risos de alegria e diversão e não risadas de deboche e sarro.
4. Existem poucas regras, mas justas e todos devem respeitá-las.
5. Qualquer pergunta é bem recebida, desde que sobre o tema.
6. Escutar é tão importante quanto falar/aguardar a sua vez.
7. As pessoas escutam umas às outras, se importam umas com as outras e
demonstram isso.
 Após a discussão, caso todos concordem, o cartaz/painel pode ser anexado na
sala, em local visível, durante os encontros.
Dinâmica 5 – A filosofia circula: Telefone sem fio
(Realizada dia 10/10/2011)
Dinâmica 6 – Confecção de um pompom
(Realizada dia 10/10/2011)
Materiais:

Um pedaço de papelão (30x10cm);

Novelos de lã de diversas cores;

Um barbante comprido para amarrar.
Procedimentos:
 Corte pedaços da lã e faça pequenas bolas com fios de diferentes cores.
 Sentar com as crianças no chão, formando um círculo.
 Peça para que as crianças escolham uma cor. Explique que irão confeccionar
algo importante, mas que será uma surpresa.
 Demonstre à eles como devem proceder: Pegue o papelão, dobre pela metade e
comece a enrolar seu pedaço de lã transversalmente. Enquanto enrola, conte
alguma coisa a respeito de você. Ao terminar de enrolar todo o fio, passe o
papelão para a criança que esta ao seu lado, lhe peça para enrolar o seu fio em
volta do papelão e contar algo sobre si mesmo. Faça o mesmo com todas as
crianças. Quando todas as crianças tiverem enrolado seu pedaço de lã,
acrescente alguns fios extras na hipótese de que outras crianças entrem na turma.
 Amarre e corte as pontas para dar enchimento. O pompom está pronto. Ressalte
a necessidade de que as crianças cuidem muito bem do pompom, o qual será
símbolo da união do grupo e representante das vivências e histórias de cada um
narradas durante sua confecção. A idéia de comunidade simbolizada no pompom
ajuda a criar, com o tempo, a unidade, o respeito e a segurança necessários numa
comunidade reflexiva de investigadores.
Avaliação
A avaliação é tão importante quanto a investigação em si, pois auxilia o
processo de verificação dos resultados, reestruturação de procedimentos, percepção das
mobilizações, afecções ocorridas/provocadas pelas atividades. Portanto, ao final de cada
aula será realizada uma avaliação em conjunto que, conforme o desenvolvimento das
atividades, poderá ser reestruturada e modificada de modo a abarcar uma maior
complexidade em sua realização.
Critérios
No início, as crianças podem usar os polegares para indicar o valor que atribuem
ao trabalho: para cima muito bom, horizontal mais ou menos e para baixo ruim.
Como funcionamos como comunidade:

Vocês escutaram direito? (Quando os outros falavam você escutava?)

E como escutou a comunidade? (Quando você falava, os outros escutavam?)

Você participou? (Teve oportunidade de falar? E se não falou, estava pensando
no tema que se discutia?)

Foi um lugar seguro para você?
Referências
ANGELINI, Paulo Ricardo Kralik. U de União. Ilustrações de Sérgio de Jesus Cântara e
Miriam R. da Costa. Erechim: Edelbra, 2009. (Coleção ABC do Mundo)
HEUSER, Ester Maria Dreher. Lipman: filosofia como diálogo investigativo. 2002.
Dissertação (Mestrado em Educação nas ciências) – Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí.
JACKSON, Tom; OHO, Linda E. Preparando-se para filosofar. In: KOHAN, Walter
Omar; WAKSMAN, Vera (orgs). Filosofia para crianças: na prática escolar. Vol.
2. Petrópolis: Vozes, 1998b.
KOHAN, Walter Omar; KENNEDY, David (orgs). Filosofia e infância: possibilidades
de um encontro. Vol 3. Petrópolis: Vozes, 1999b.
______Filosofia para crianças. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
______; WUENSCH, Ana Míriam (orgs). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira
de Matthew Lipman. Vol 1. Petrópolis: Vozes, 1998a.
______; WAKSMAN, Vera (orgs). Filosofia para crianças: na prática escolar. Vol. 2.
Petrópolis: Vozes, 1998b.
LIPMAN, Matthew. Como nasceu Filosofia para Crianças. In: KOHAN, Walter Omar;
WUENSCH, Ana Míriam (orgs). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de
Matthew Lipman. Vol 1. Petrópolis: Vozes, 1998a.
______. O estilo filosófico das crianças. In: KOHAN, Walter Omar; KENNEDY, David
(orgs). Filosofia e infância: possibilidades de um encontro. Vol 3. Petrópolis:
Vozes, 1999b.
______; SHARP, Ann. A comunidade de investigação e o raciocínio crítico. Tradução
de Ana Luiza F. Falcone e Sylvia J. H. Mandel. São Paulo: CBFC, 1996.
SHARP, Ann M. Prólogo. In: KOHAN, Walter Omar; WUENSCH, Ana Míriam (orgs).
Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de Matthew Lipman. Vol 1.
Petrópolis: Vozes, 1998a.
TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia para crianças e adolescentes. Petrópolis:
Vozes, 1999.
_________________________
Michelle Silvestre Cabral
Bolsista (Nome e Assinatura)
____________________
Luciana Alves Pinto
Bolsista (Nome e Assinatura)
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Visto, de acordo
Ester Maria Dreher Heuser
Coordenadora do Núcleo UNIOESTE
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