Principais Comorbidades Associadas a DQ

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PRINCIPAIS COMORBIDADES
ASSOCIADAS À
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Para agir, é preciso ao menos localizar.
(George Canguelhem)
Alana Sieves
Normal x Psicopatológico
Onde termina a saúde e começa a doença?
Normal
•Normalidade como ausência de doença.
•Normalidade estatística. O normal é aquilo que se
observa com mais frequência.
•Normalidade como bem-estar. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) definiu em 1946, a saúde
como o complemento entre o bem-estar físico,
mental e social e não somente como ausência de
doença.
•Normalidade como processo. Este conceito
considera
os
aspectos
dinâmicos
do
desenvolvimento psicossocial, das desestruturações
e das reestruturações ao longo do tempo.
•Normalidade subjetiva. Aqui o que vale é a
percepção subjetiva do sujeito sobre seu próprio
estado de saúde.
•Normalidade como liberdade. Alguns autores
existencialistas tratam que saúde esta vinculado a
possibilidade de transitar sob graus de liberdade
sobre o mundo; a doença é a fossilização destas
possibilidades existenciais.
•Normalidade operacional. Aqui, a priori, define-se o
que é normal e patológico e opera-se de acordo com
estas definições.
Patológico
Do grego = Páthos = Doença
•Pode ser genética, intrínseca,
adquirida.
ou
Doença é um conjunto de sinais e
sintomas específicos que afetam um ser
vivo, alterando o seu estado normal de
saúde.
Pode ser causada por fatores exógenos
(externos, do ambiente) ou endógenos
(internos, do próprio organismo).
Existem muitos conceitos de normalidade, e consequentemente vários
de psicopatologia.
Se eu lhes questionar: O que não é normal é patológico??
Esta é uma questão com várias respostas. O limite entre o normal e o
patológico é impreciso. O normal não é rígido, ele se adapta e se de
maneira distinta. transforma de acordo com as condições individuais.
Dois corpos podem estar submetidos as mesmas influências e reagirem
a estas de forma diferente.
É para além do corpo que se deve olhar para se julgar o normal e o
patológico (Canguilhem, 2010).
O que adoece não são apenas partes do corpo ou a sua totalidade. Há
um adoecimento, um mal-estar, que se estende para além dos limites do
corpo, que está na sociedade.
“Todo mundo é um gênio. Mas se você julgar um peixe pela sua habilidade de
subir em árvores, ele viverá o resto de sua vida acreditando que é um idiota”.
Albert Einstein
COMORBIDADE PSIQUIÁTRICA
DEFINIÇÃO
Ocorrência concomitante de dois ou mais transtornos psiquiátricos.
Detecção de dois ou mais transtornos a partir dos critérios diagnósticos CID-10 / DSM-IV
ETIOLOGIA
Na maioria dos casos, as causas não são totalmente compreendida.
COMORBIDADE PSIQUIÁTRICA
A partir da década de 80 vem se dando maior atenção ao estudo das
manifestações de transtornos mentais e de comportamento,
decorrentes do uso de SPA e de outros transtornos psiquiátricos em
coexistência (ROSS et al. 1998).
O abuso de substâncias é o transtorno coexistente mais frequente
entre portadores de transtornos mentais.
A comorbidade pode se manifestar das seguintes maneiras.
1. O consumo de substâncias (ainda que uma única vez) pode levar a sintomas
ou transtornos psiquiátricos. (Alterações Cognitivas)
2. A síndrome de abstinência pode levar a sintomas psiquiátricos.
3. O consumo de substâncias pode exacerbar um transtorno
psiquiátrico pré-existente.
4. Sintomas psiquiátricos ou psicológicos podem desencadear o uso
indevido de substâncias.
5. Transtornos psiquiátricos primários podem levar ao uso indevido
de substâncias.
COMORBIDADE PSIQUIÁTRICA
DIAGNÓSTICO
Contra
Prejuízos cognitivos
• Alterações
cognitivas
causadas pelo consumo de
SPA, as vezes crônicas.
•Prejuízos cognitivos podem
dificultar
a
avaliação
diagnóstica e o tratamento.
•Sua presença pode dificultar a
motivação para a mudança, seu
planejamento e concretização.
• Frequentemente confundidos
com ‘resistência’, ‘negação’ ou
mau comportamento.
A Favor
•Conhecer os Critérios
•Diferenciar SER de ESTAR
•Investigar histórico familiar
•Investigar histórico pessoal
•Observação
•Exames laboratoriais
•Diferenciar sinal/sintomas
episódio/transtorno
PRINCIPAIS COMORBIDADES
ASSOCIADAS À
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Transtornos de humor
Transtornos de ansiedade
Transtornos de personalidade
Transtornos psicóticos
TRANSTORNOS DO HUMOR
Sintomas centrais são alteração do humor ou afeto.
Transtorno Depressivo
Humor deprimido e perda do interesse ou prazer
Perda ou aumento do apetite
Insônia ou hipersonia
Agitação ou retardo psicomotor
Fadiga ou perda da energia
Sentimentos de menos-valia e culpa
Indecisão e baixa concentração
Pensamentos de morte ou ideação suicida
Prevalência de 30% na população geral
Maior causa de incapacitação laborativa
Prevalência de 30 a 50% entre alcoolistas
Episódio Depressivo: A pessoa pode apresentar apenas um Episódio Depressivo durante
sua vida. Trata-se de uma ocorrência geralmente relacionado a alguma vivência traumática
ou a alguma condição médica geral, como por exemplo, alterações da tiróide, estresse póscirúrgico, etc. Costuma durar aprox. até 6 meses. Entretanto caso o Episódio Depressivo se
repita, caracterizará o Transtorno Depressivo Recorrente.
Transtorno Depressivo Decorrente: Se caracteriza pela ocorrência repetida de Episódios
Depressivos. Os Episódios Depressivos aparecem periodicamente, por exemplo, a cada
ano, a cada dois anos... Eles podem ser desencadeados por alguma vivência traumática
mas, via de regra, surgem sem uma causa vivencial aparente.
Distimia: é uma depressão crônica, com sintomatologia não grave o suficiente para ser
classificado como Episódio Depressivo ou Transtorno Depressivo Recorrente. A
característica essencial do Transtorno Distímico é um humor cronicamente deprimido que
ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias e por, pelo menos, 2 anos. Na Distimia as
pessoas se auto-definem como tristes ou "na fossa", e geralmente são definidas pelos outros
como mau humoradas, amargas, irônicas e implicantes.
Transtorno Depressivo Maior: A pessoa tem um histórico de vida emocional com vários
momentos onde apresentou sintomas depressivos, muitos deles sem motivo vivencial
aparente ou, quando há algum motivo, o quadro é desproporcional, tanto em intensidade
quanto em duração. Essas pessoas são deprimidas, ou seja, têm um perfil afetivo propenso
à depressão, têm com freqüência antecedentes familiares de depressão.
Transtorno Afetivo Bipolar
• Humor elevado (eufórico e contagiante), expansivo ou irritável:
Auto-estima inflada ou grandiosidade
Necessidade diminuída de sono
Falando muito e sem conseguir parar
Não há concatenação lógica no discurso
Distraibilidade
Aumento das atividades ou agitação psicomotora
Libido exacerbada
Envolvimento excessivo em atividades agradáveis, sem medir
possíveis consequências.
Episódios Depressivos coexistentes com Episódios de Euforia
=Transtorno Afetivo Bipolar
• Prevalência para a vida toda do diagnóstico de dependência de álcool entre bipolares: 45 a 75%,
na população geral: 5 a 13,5%.
• O uso das substâncias desencadeia episódios maníacos e durante esses episódios a freqüência
do uso é maior.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Padrão de preocupação e ansiedade frequente e constante em
relação a diversas atividades e eventos.
Maior prevalência entre os transtornos psiquiátricos (25%).
vídeo
Transtorno de
Ansiedade Generalizada
Tensão motora (Tremores, inquietação e cefaléias)
Hiperatividade autonômica (Falta de ar, sudorese
excessiva, palpitações e sintomas gastrointestinais)
Vigilância cognitiva (Irritabilidade do paciente e facilidade
com que este se sobressalta)
5% da população geral, 20 a 45% entre os dependentes
químicos – uso de substâncias psicoativas possivelmente
para ´relaxar`.
Tratamento com fármacos com possível potencial de abuso
Transtorno de Estresse Pós-Traumático
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Exposição a um evento traumático no qual os seguintes quesitos estiveram presentes (a. a pessoa vivenciou, testemunhou ou
foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados, ou uma ameaça à
integridade física, própria ou de outros; b. a resposta da pessoa envolveu intenso medo, impotência ou horror).
O
evento
traumático
é
persistentemente
revivido
em
uma
(ou
mais)
das
seguintes
maneiras:
a. recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas do evento, incluindo imagens, pensamentos ou percepções. b. sonhos aflitivos
e
recorrentes
com
o
evento.
c. agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente (inclui um sentimento de revivência da
experiência, ilusões, alucinações e episódios de flashbacks dissociativos, inclusive aqueles que ocorrem ao despertar ou
quando
intoxicado).
d. sofrimento psicológico intenso quando da exposição a indícios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum
aspecto
do
evento
traumático;
e. reatividade fisiológica na exposição a indícios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento
traumático.
Esquiva persistente de estímulos associados com o trauma e entorpecimento da responsividade geral (não presente antes do
trauma), indicados por três (ou mais) dos seguintes quesitos: a. esforços no sentido de evitar pensamentos, sentimentos ou
conversas
associadas
com
o
trauma;
b. esforços no sentido de evitar atividades, locais ou pessoas que ativem recordações do trauma; c. incapacidade de recordar
algum
aspecto
importante
do
trauma;
d.
redução
acentuada
do
interesse
ou
da
participação
em
atividades
significativas;
e.
sensação
de
distanciamento
ou
afastamento
em
relação
a
outras
pessoas;
f.
faixa
de
afeto
restrita
(por
ex.,
incapacidade
de
ter
sentimentos
de
carinho);
g. sentimento de um futuro abreviado (por ex., não espera ter uma carreira profissional, casamento, filhos ou um período
normal de vida).
Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada (não presentes antes do trauma), indicados por dois (ou mais) dos
seguintes
quesitos:
a. dificuldade em conciliar ou manter o sono b. irritabilidade ou surtos de raiva c. dificuldade em concentrar-se d. hipervigilância
e. resposta de sobressalto exagerada.
A duração da perturbação (sintomas dos Critérios B, C e D) é superior a 1 mês.
A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras
áreas
importantes
da
vida
do
indivíduo.
Prevalência de 1 a 3% na população geral, 5 vezes mais em homens e 1,4
vezes mais em mulheres usuárias de álcool e drogas.
Transtorno de Pânico
Sensação de intenso desconforto e temor, de
desenvolvimento rápido (pico em 10 minutos):
Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado, sudorese,
tremores ou abalos, falta de ar, dor torácica, náusea,
sensação de desmaio, sensação iminente de morte ou
de que vai enlouquecer, formigamentos ou calafrios.
1,5% na população geral, 2,5 vezes maior chance de que o
indivíduo com transtorno do pânico torne-se dependente
químico.
Fobia Específica e
Fobia Social
Surgimento de severa ansiedade, quando o paciente é
exposto a uma situação ou objeto específico ou quando
prevê esta exposição.
Uso de álcool e benzodiazepínicos,
para alívio de sintomas e melhor desempenho.
Transtorno Obssessivo-Compulsivo
Pensamentos obsessivos que produzem intensa
ansiedade, levando a rituais compulsivos para alívio dos
sintomas ansiosos.
Pacientes com TOC: 12% alcoolistas
Uso de cocaína e maconha:
chance 5,6 maior de desenvolver TOC.
TRANSTORNOS DE
PERSONALIDADE
Padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se
desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo;
é invasivo e inflexível; tem seu início na adolescência ou começo
da vida adulta; é estável ao longo do tempo e provoca sofrimento
ou prejuízo.
Transtorno de Personalidade AntiSocial
Padrão invasivo de desrespeito e violação dos
direitos dos outros;
fracasso em conformar-se às normas sociais e
legais, cometendo crimes e contravenções;
propenso a enganar e ludibriar outros para obter
vantagens;
impulsividade, irritabilidade e agressividade;
desrespeito irresponsável pela própria segurança e
de outros;
dificuldade para manter atividades laborativas;
ausência de remorso
Transtorno de Personalidade
Borderline
• Padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos
interpessoais, auto-imagem e afetos e acentuada
impulsividade;
Esforços frenéticos para evitar o abandono
Relacionamentos instáveis e intensos, alternando
extremos de idealização e desvalorização
Impulsividade
Comportamento, gestos ou ameaças suicidas
recorrentes ou comportamento auto-mutilante
Instabilidade afetiva
Sentimentos crônicos de vazio
Raiva inadequada, intensa e de difícil controle
TRANSTORNOS PSICÓTICOS
Estado psíquico que apresenta certa
"perda de contato com a realidade”.
Esquizofrenia
Delírios;
Alucinações;
Discurso e comportamento desorganizados;
Embotamento afetivo;
Retraimento social;
Empobrecimento da linguagem e do pensamento (alogia);
Diminuição da fluência verbal;
Diminuição da vontade (avolia) ;
Autonegligência;
Lentificação psicomotora.
Comorbidades mais freqüentes no uso de:
ÁLCOOL – Transtornos de Ansiedade, Transtornos
Depressivos, Transtornos Bipolor, Transtornos Alimentares e
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade(TDAH).
MACONHA – Transtornos Depressivos, Transtornos
Psicóticos, Transtornos de Conduta em Adolescentes.
COCAÍNA – Transtornos Bipolares, Transtornos
Depressivos e TDAH.
OPIÓIDES – Transtornos de Personalidade e Transtornos
Depressivos.
ANFETAMINAS – Transtornos Bipolares, Transtornos
Alimentares, Transtornos Depressivos e TDAH.
NICOTINA Ansiedade.
Transtornos Depressivos e Transtorno de
REPERCUSSÕES DA COMORBIDADE
• Precocidade na manifestação
• Sintomas mais graves
• Resposta terapêutica menor
• Recaídas mais rápidas ou mais freqüentes
• Maior grau de incapacitação
• Interferência com a farmacoterapia
• Maiores dificuldades de adesão ao tratamento
• Exclusão de certos serviços
Obrigada Pela
Atenção!
Alana Sieves
E-mail: [email protected]
Referências Bibliográficas
• DIAS, J.C. Avaliação e Diagnóstico, [email protected]
• CRUZ, C. Dependência Química e Comorbidades Psiquiátricas
• STADLER, A. Comorbidade Psiquiátrica no Uso de SPA
• ZALESKI, M. Comorbidades Psiquiátricas em Dependência Química
• ZALESKI, M. et. al. Diretrizes da ABEAD para o Diagnóstico e Tratamento de
Comorbidades Psiquiátricas e Dependência de Álcool e Outras Substâncias
• FRANCO, R.F. Psiquiatria: Diagnóstico e Tratamento
• DALGALARRONDO, Paulo. (2008). Psicopatologia e semiologia dos
transtornos mentais. 2ª.ed. - Porto Alegre: Artmed
•CANGUILHEM, Georges. (2010). O Normal e o Patológico. 6ª.ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária.
•AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.: DSM – IV- TR. Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 2004
•Ballone, GJ - Depressão: Tipos, in. PsiqWeb, Internet, disponível em
http://www.psiqweb.med.br/, revisto em em 2010.
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