PB ESCALAPB 2% 5% 10% 15% Produto: JT - BR - 14 - 07/11/05 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 85% 90% 95% 98% 100% COR 14A - %HermesFileInfo:14-A:20051107: Proof Cidade caderno A 14 jornal da tarde segunda-feira, 7 de novembro de 2005 Os cupins estão devorando meia Cidade Estudos recentes do IPT mostram que 45 dos 96 distritos de São Paulo repousam sobre aldeias de cupins-subterrâneos. Segundo os especialistas, a revoada desse tipo de inseto já começou e deve se intensificar no verão. E não adianta recorrer a produtos químicos ou sprays: eles só pioram o problema O trabalho deles é silencioso e o resultado, altamente devastador. Quando nos damos conta de sua indesejada presença, é sempre tarde demais. A revoada dos cupins já começou e deve se intensificar no verão. “Estamos na época da reprodução”, afirma a ecóloga do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Ligia Ferrari Torella di Romagnano. Conhecidos como siriris ou aleluias, eles saem das tocas para buscar a luz e o acasalamento. Se forem bem-sucedidos, formarão novos núcleos. “O problema é que nessas revoadas nupciais há várias espécies, inclusive a Coptotermes gestroi – subterrânea e mais voraz.” Originário do sudoeste asiático, o cupim-subterrâneo ou cupim-desolo se alimenta da madeira, do concreto, do isopor e até do azulejo. No Brasil, ele não encontra predadores. Especialistas ressaltam que sprays ou produtos químicos só pioram o problema, pois ajudam a espalhar a praga. Durante a revoada, deve-se apagar a luz ou fechar as janelas. Diagnósticos recentes elaborados pelo IPT demonstraram que 45 dos 96 distritos da Capital repousam sobre aldeias de cupins-subterrâneos. Evelson de Freitas/AE - 11/05/05 Os insetos não poupam nem o couro dos calçados Sebastião Moreira/AE - 20/05/04 MARC TAWIL 20 espécies em São Paulo “Eu era vereador na Câmara Municipal e, um dia, ao abrir a porta do meu gabinete, ela saiu na minha mão. A Casa estava infestada de cupins e demoramos 15 anos para erradicar o problema”, diz o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Walter Feldman. A Prefeitura não tem planos de combate à praga, mas a Secretaria do Verde e Meio Ambiente deve pedir, nos próximos dias, um estudo ao Instituto de Biologia para saber como proceder ante os diferentes tipos do inseto. “Um dos primeiros sinais da ocorrência de ataque de cupins no interior da edificação é a presença Vigas do Edifício Ramos de Azevedo, no Centro, foram atacadas por cupins no ano passado: trabalho silencioso e devastador de resíduos (provenientes do ataque de cupins-de-madeira-seca ou do ataque de brocas de madeira) junto à peça atacada ou a ocorrência de orifícios ou fendas na superfície da madeira. O sinal típico da ocorrência de cupins-subterrâneos é a construção de túneis de terra, em que eles envolvem a peça de madeira que vai ser atacada”, explica o biólogo Gonzalo Antonio Carballeira Lopez, pesquisador respon- sável pelo Laboratório de Entomologia, Agrupamento e Preservação de Madeiras do IPT. O especialista diz que é possível evitar o ataque, desde que se acompanhe as várias etapas da construção do imóvel. “Posteriormente, a melhor prevenção passa a ser a análise periódica de todos os ambientes do imóvel, principalmente aqueles junto ao solo e do madeiramento junto à alvenaria.” Em São Paulo, há 20 espécies de cupins; apenas três são pragas. “É um problema bastante sério. Todo mundo já sofreu a ação dos cupins ou conhece alguém que teve a casa atacada pelo inseto. Infelizmente, não existe uma política pública eficaz e quem tem sua casa ou empresa nessa situação tem de resolver o problema sozinho”, diz a ecóloga do IPT Ligia Ferrari Torella di Romagnano. Um estudo encomendado pela Prefeitura ao instituto no início do ano indicou que 832 árvores (de um universo de 7.050) das regiões de Vila Prudente, Vila Mariana, Pirituba, Pinheiros e Campo Limpo estavam condenadas à queda por causa dos cupins. Outro estudo demonstrou que 76,6% das casas e 17% das árvores do Pacaembu, na Zona Oeste, foram ou estão sendo atacadas por cupins-subterrâneos. Evelson de Freitas/AE - 11/05/05 Evelson de Freitas/AE - 11/05/05 Descupinizar imóvel pode levar 10 dias De tão pequenos, os cupins são quase invisíveis Descupinizar uma casa ou um grande apartamento pode levar até dez dias. “Vai depender muito do tamanho do imóvel e das suas características construtivas. Estimamos que uma casa de 150 m² a 200 m² pode ser tratada em um a dois dias”, diz o físico Antonio Marco França Oliveira, diretor da Tecnomad, empresa que realiza de 200 a 300 descupinizações por mês em São Paulo. Para exterminar os nichos do cupim-subterrâneo ou cupim-de-solo é necessário agir de forma estratégica, explica Oliveira. “Boa parte do trabalho é feita preventivamente, uma vez que não adianta focar o tratamento somente onde os insetos estão atacando. Fazemos uma barreira no solo para proteger o imóvel e depois tratamos as regiões de interface entre a alvenaria e as madeiras (estruturais ou armários embutidos). Tratamos ainda os conduítes de eletricidade e a telefonia (por facilitarem a movimentação dos insetos no imóvel). Por fim, tratamos a madeira para deixá-los sem opção de alimento”, explica. Os cupins-de-solo fazem ninhos que chegam a ter milhares de insetos e que, muitas vezes, podem estar longe do local que estão atacando. Isso dificulta o controle. Os cupins-de-madeira-seca são mais fáceis de controlar porque as colônias são pequenas e estão instaladas em uma peça de madeira. Se for feito o tratamento na peça, o problema está resolvido. Contratar uma empresa qualquer para fazer o serviço só piora a situação, afirma Oliveria. “Você estará colocando em sua casa pessoas que irão usar produtos químicos tóxicos que, se não forem manuseados por profissionais, poderão envenenar ou até matar pessoas de sua família”, adverte Oliveira. “Controlar cupins não é um trabalho para desinsetizadora, e sim para empresas especializadas. O prejuízo será maior para que contratar, pois terá de fazer o trabalho duas vezes.” O IPT recomenda evitar o manuseio de produtos químicos sem a devida orientação ou conhecimento do problema. Imóveis antigos costumam abrigar mais focos. No ano passado, os cupins vitimaram o telhado do Edifício Ramos de Azevedo, dos anos 20, onde funciona o arquivo Histórico Municipal, no Centro. Ninhos de cupins construídos nos vãos de tijolo Quando o morador percebe a ação dos cupins, quase sempre é tarde, pois eles já fizeram muitos estragos no interior da casa O QUE FAZER Previna-se contra os devoradores de casas* Contra cupins e brocas a prevenção é sempre melhor do que o tratamento curativo. Ao construir ou reformar é importante adquirir material de usinas de preservação de madeira, como vigas para telhados. Trate móveis, janelas e portas Ter a casa invadida por uma revoada de siriris não significa que sua residência foi contaminada. Mas faça uma limpeza pente-fino e aspire todos os cantos. É o lugar preferido dos cupins O IPT recomenda que se evite o manuseio de produtos preservativos de madeira para eliminar os cupins Buraquinhos no batente da porta ou no móvel pode ser indício de cupimde- madeira-seca ou broca. Pó de madeira ou bolinha são os sinais mais comuns Procure uma empresa especializada para fazer uma visita e diagnóstico do móvel ou imóvel doente Na primavera e verão as revoadas dos siriris ou aleluias indicam o acasalamento e reprodução do cupim Se há contaminação é preciso diagnosticar e tratar o problema o quanto antes É preciso descobrir se o inseto é um cupim-de-solo, de madeira seca ou broca Os cupins-de-solo podem invadir tomadas, conduítes e prejudicar a fiação elétrica e do telefone. Montinhos de terra podem ser resquício de uma colônia Limpe os móveis e lugares sob suspeita. O observe e se a sujeira persistir procure um serviço especializado Os técnicos devem checar todo o imóvel. Exija que a empresa faça um laudo e diagnóstico do caso e indique tratamento *Consulta: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) www.ipt.br Associação Paulista de Pragas Urbanas (Aprag) www.aprag.org.br Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM) www.abpm.com.br ARTEJT/HUGO CARNEVALLI